Informativo Diocesanos

Informativo Diocesano
08/01/2023

SECRETARIADO DIOCESANO DE PASTORAL
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Fone/Fax: (54) 3522-3611
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Ano 27 – nº. 1.383 – 1º de janeiro de 2023

Dom Adimir ressalta vida e ministério do Papa Emérito Bento 16: 
Na manhã do dia 31 passado, ao saber do falecimento do Papa Emérito Bento 16, Dom Adimir Antonio Mazali, em nome da Diocese de Erexim e de seus padres e diáconos permanentes, emitiu nota manifestando profundo pesar pelo ocorrido. Expressou agradecimento a Deus “pelo dom de sua vida e serviço à Igreja, como notável teólogo, guardião da reta fé católica e dos valores evangélicos. Como Pastor conduziu a Igreja com zelo, orientando seu pontificado pela Encíclica Deus Caritas est – Deus é Amor, sendo o lema de seu Papado: Cooperatores Veritatis – Cooperadores da Verdade (3Jo 8)”. Convidou os diocesanos a “se unirem em oração pelo descanso eterno daquele que como sucessor de Pedro, governou a Igreja de 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013”, data em que formalizou sua renúncia ao pontificado em razão de sua avançada idade. Lembrando a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz, no dia seguinte, exortou a elevar preces a Deus em favor de toda a Igreja e da Fraternidade Universal.

CNBB publica nota destacando perfil de Bento 16 como pastor e teólogo que procurou conciliar fé e razão, a justiça e a caridade:
A Presidência da CNBB divulgou nota de pesar e de esperança na manhã do último dia do ano passado em vista do falecimento do Papa Emérito Bento XVI, destacando seu legado e as suas contribuições para a Igreja. A nota ressalta seu amor pela Igreja e sua preocupação pelos rumos do mundo. Pela encíclica “Deus é Amor”, de 2005, a primeira das três que escreveu, conclamou o mundo a contemplar Jesus Cristo e reconhecer o amor como o grande critério a julgar todas as relações, gerando solidariedade, caridade e fraternidade. Em 2007, recordou que este amor é fonte de esperança, “graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente, o qual, embora custoso, pode ser vivido e aceito, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho”. Falando sobre o desenvolvimento humano integral, em 2009, lembrou-nos que este só efetivamente acontece quando construído na caridade e na verdade. Por isso, destacou que “defender a verdade, propô-la com humildade e convicção e testemunhá-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade”. Bento XVI foi um pastor e teólogo. Na vida buscou conciliar fé e razão, justiça e caridade, temas recorrentes do seu magistério. Com a renúncia, trilhou o caminho da humildade e na emeritude ensinou a como nos preparar para o encontro definitivo com o Senhor.
Papa Francisco deseja que Bento XVI, "fiel amigo do Esposo, tenha alegria perfeita escutando para sempre sua voz”: Na manhã de quinta-feira, 5, Papa Francisco presidiu a missa de corpo presente do Papa Emérito Bento 16 na Praça São Pedro, concelebrada por 120 cardeais, 400 bispos e quase 4 mil padres, com a participação de cerca de 50 mil fiéis. Entre os participantes, inúmeras autoridades e chefes de Estado. Quando o caixão de madeira, simples, que estava no interior da Basílica, foi posicionado diante do altar na Praça, sobre o qual foi colocado o Evangelho aberto, seu secretário particular, Dom Georg Gänswein, o beijou com reverência. Na homilia, o Papa comentou de modo especial a passagem do Evangelho de São Lucas (23,46): “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Entre outras considerações disse: “São as últimas palavras que o Senhor pronunciou na cruz; quase poderíamos dizer, o seu último suspiro, capaz de confirmar aquilo que caracterizou toda a sua vida: uma entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e bênção.” As diversas referências de Francisco foram tiradas de textos do Papa emérito: a Encíclica “Deus caritas est” (Deus é amor), a homilia na Missa Crismal de 2006 e a missa do início do seu pontificado. Por elas, traçou o perfil do seu pastoreio, que se deixou lapidar pela vontade do Pai, carregando aos ombros todas as consequências e dificuldades do Evangelho até ao ponto de ver as suas mãos chagadas por amor. Até ao ponto de fazer palpitar no próprio coração os mesmos sentimentos de Cristo Jesus de dedicação agradecida, orante e sustentada pela consolação do Espírito. Francisco destacou três dedicações do Papa Emérito: Dedicação agradecida feita de serviço ao Senhor e ao seu Povo que nasce da certeza de se ter recebido um dom totalmente gratuito; Dedicação orante, que se forma e aperfeiçoa silenciosamente por entre as encruzilhadas e contradições que o pastor deve enfrentar e o esperançado convite a apascentar o rebanho; Dedicação sustentada pela consolação do Espírito, que sempre o precede na missão e transparece na paixão de comunicar a beleza e a alegria do Evangelho. Francisco enfatizou: “Também nós, firmemente unidos às últimas palavras do Senhor e ao testemunho que marcou a sua vida, queremos, como comunidade eclesial, seguir as suas pegadas e confiar o nosso irmão às mãos do Pai: que estas mãos misericordiosas encontrem a sua lâmpada acesa com o azeite do Evangelho, que ele difundiu e testemunhou durante a sua vida.” Ressaltou ainda que o povo fiel de Deus acompanhava e confiava a vida de quem foi seu pastor. E o fazia com o perfume da gratidão e o unguento da esperança, com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que o Papa emérito soube dispensar ao longo dos anos. Concluiu proclamando: “Queremos dizer juntos: ‘Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito’. Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!”

Crianças em situação de emergência por causa das guerras:
No último ano, mais de 149 milhões de crianças sofreram de forma particular as consequências das guerras e crises climáticas e econômicas. 26 milhões a mais do que no ano retrasado. Segundo a organização não governamental de defesa dos direitos da criança no mundo “Salve as Crianças”, fundada em 1919, os países com mais crianças atingidas são: Afeganistão, a República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, e Iêmen. Atualmente o número de conflitos no mundo inteiro é o maior desde o final da Segunda Guerra Mundial e todos têm um impacto devastador na vida das crianças. Durante uma guerra, as crianças ficam muito mais ameaçadas de morte por causa de ferimentos causados por explosão do que os adultos. As crianças que vivem em áreas de conflito também estão expostas às contínuas violações dos direitos humanos. Em muitas áreas, pela falta de controle real sobre as violações contra crianças, resultam em impunidade frequente para os autores. Os desastres relacionados ao clima contribuíram para aumentar a fome e a desnutrição entre as crianças em todo o mundo. Para agravar a situação, as Organizações humanitárias em todo o mundo enfrentam dificuldades para chegar aos que necessitam de ajuda. Falta financiamento, o acesso às áreas afetadas é dificultado pelo contexto restritivo e pelas limitações impostas pelas normas antiterroristas e pelas sanções. A Organização Salve as Crianças pede aos governos ação imediata e que intensifiquem a diplomacia para acabar com estas crises, facilitando ao mesmo tempo a assistência humanitária para os que mais precisam.
Documento da CNBB apresenta critérios e considerações para a instituição ministerial de catequistas: no dia 10 de maio de 2021, o Papa Francisco instituiu o ministério de catequista cabendo às Conferências Episcopais a indicação dos critérios e o itinerário formativo para o mesmo. A CNBB, durante sua 59ª Assembleia Geral, em agosto, aprovou documento de número 112, que oferece considerações e critérios para a instituição ministerial de catequistas na Igreja no Brasil; critérios para discernimento dos catequistas que serão instituídos; itinerários formativos e considerações sobre a estabilidade do ministério. O documento tem caráter experimental. Ele propõe uma formação imediata para aqueles que já atuam como catequistas, como também uma formação mais prolongada para os que desejam ser catequistas. A Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB espera que ele venha a ser, para a Igreja, mais um motivo de unidade e de comunhão, na diversidade de dons e ministérios que se colocam a serviço da comunidade eclesial para o seu amadurecimento e crescimento. A Livraria Diocesana já encomendou o documento conforme reserva feita pelos padres e em breve o terá à disposição.  
Consequências da pandemia Convid-19 segundo o Papa: Na mensagem para o 56º Dia Mundial da Paz, celebrado dia primeiro deste ano, Papa Francisco diz: A Covid-19 precipitou-nos no coração da noite, desestabilizando a nossa vida quotidiana, transtornando os nossos planos e hábitos, subvertendo a aparente tranquilidade mesmo das sociedades mais privilegiadas, gerando desorientação e sofrimento, causando a morte de tantos irmãos e irmãs nossos. Registra que o campo da saúde mobilizou-se para aliviar a dor de inúmeras pessoas e procurar remediá-la; as autoridades políticas precisaram tomar medidas notáveis em termos de organização e gestão da emergência. A pandemia provocou efeitos de longa duração e atingiu pontos sensíveis da ordem social e econômica, pondo a descoberto contradições e desigualdades. Ameaçou a segurança laboral de muitos e agravou a solidão sempre mais generalizada nas nossas sociedades, especialmente a solidão dos mais frágeis e pobres. Muitos ficaram sem trabalho. Ela transtornou inclusive as áreas mais pacíficas do nosso mundo, fazendo emergir inumeráveis fragilidades. O Papa observa que a partir da dolorosa provação da Covid é hora de pararmos um pouco para nos interrogar, aprender, crescer e deixar transformar, como indivíduos e como comunidade. Hoje somos chamados a questionar-nos: O que é que aprendemos com esta situação de pandemia? Quais são os novos caminhos que deveremos empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, estar melhor preparados, ousar a novidade? Que sinais de vida e esperança podemos individuar para avançar e procurar tornar melhor o nosso mundo? Veremos no próximo informativo.
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Informações da semana
Do dia 05/01/2023
Bispos brasileiros falam do legado do Papa Bento XVI
Escrito por Beatriz Nery
A praça de São Pedro, no Vaticano, ficou quase totalmente ocupada nesta manhã (5). Um público de cerca de 130 mil, entre fieis, representantes de governos, jornalistas e turistas, acompanharam o funeral de Bento XVI. 
A cerimônia fúnebre começou pontualmente às 5h30 no horário de Brasília. O papa Francisco, que presidiu o funeral, chegou de cadeira de rodas. Nas primeiras palavras no funeral de Bento XVI, o pontífice pediu que seu antecessor "seja bem recebido por Deus". Ontem, em sua audiência semanal no Vaticano, o Papa Francisco já havia prestado sua homenagem ao pontífice emérito. Francisco chamou seu antecessor de "grande mestre da catequese".
O Vaticano informou que mais de 60 mil fiéis se despediram do papa emérito Bento XVI na Basílica de São Pedro ontem, totalizando 195 mil pessoas desde que o velório foi aberto na última segunda-feira (2).
Bispos falam do legado de Bento XVI à Rádio Aparecida
De origem alemã, Bento XVI, tinha como característica a humildade, era discreto, conservador, e exímio teólogo, deixando para a catequese da igreja uma contribuição tamanha, tendo a oração como um pilar fundamental e sempre trazendo a fé como a maior força do ser humano, assim recordou o Bispo da diocese de Taubaté, Dom Wilson Luis Angotti, que foi nomeado bispo pelo Papa Bento.
O Arcebispo de Belo Horizonte, Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, citou a proximidade de Papa Bento com seu predecessor São João Paulo II e recordou os momentos em que esteve junto com ele.
Papa Bento XVI veio ao Brasil para participar da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. O nomeado Cardeal por Bento XVI, arcebispo emérito de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, relembrou da passagem de Bento pela Capital Mariana da fé, e também um de seus grandes feitos pelo povo do Brasil, a canonização de Frei Galvão, como o primeiro Santo Brasileiro. Dom Damasceno ainda se lembrou de duas falas marcantes do Santo Padre, durante a Conferência de Aparecida.
Com quase oito anos de pontificado, foi em 11 de fevereiro de 2013 que algo inesperado aconteceu, Bento XVI anunciou que sua renúncia aconteceria no dia 28 daquele mês. O Arcebispo de Lages em Santa Catarina, falou sobre o ato de coragem e humildade de Bento XVI ao renunciar.
O Secretário Geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado faz um convite a todos nós cristãos, para que participemos de alguma celebração, para que façamos uma oração por intenção de Papa Bento VXI que retorna a casa do Pai.
Papa Bento XVI estará sempre vivo em nossa memória e em nosso coração como o Papa do amor, assim como destaca o Arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner.
Fonte: A12.com
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Dom Salm: “3º Ano Vocacional não é uma campanha, mas evangelização com o espírito da Iniciação a Vida Cristã” 
A Igreja do Brasil está vivendo seu terceiro Ano Vocacional. Em entrevista concedida ao padre Luiz Miguel Modino, assessor de comunicação do regional Norte 1 da CNBB, o bispo de Novo Hamburgo (RS) e presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom João Francisco Salm, faz uma reflexão sobre o tema vocação e sua particular importância na vida de todos os batizados.   
O 3º Ano Vocacional, de acordo com dom Salm, não é uma campanha para captar pessoas para os seminários e congregações religiosas, mas um tempo intenso de evangelização com o espírito da Iniciação a Vida Cristã (IVC), segundo a inspiração catecumenal que introduz a pessoa na relação com Deus, com a pessoa de Jesus e na comunidade que também é missionária.
Íntegra da entrevista concedida ao padre Luiz Modino:
Por que um Ano Vocacional no Brasil? 
Havia um desejo de se fazer um trabalho mais intenso no campo da Pastoral Vocacional, mas existiram também algumas coincidências, como, por exemplo, já faz 40 anos desde o 1º Ano Vocacional e 20 desde o 2º. Há uma necessidade de se fazer um bom trabalho vocacional dentro de uma visão de quem evangeliza realmente. Não é uma campanha, usando uma expressão popular, de catar gente para seminário e convento, mas uma evangelização que tivesse o espírito da Iniciação à Vida Cristã (IVC), segundo a inspiração catecumenal que introduz a pessoa na relação com Deus, com a pessoa de Jesus e na comunidade que também é missionária. 
Quando se começou a trabalhar o Ano Vocacional, depois da aprovação pela CNBB, foram pedidas sugestões de comissões da CNBB e de outros grupos de Igreja, e veio muito desejo de um trabalho que levasse em conta o tempo que nós vivemos, o Concílio II, a Conferência de Aparecida, o magistério do Papa Francisco, a Igreja Sinodal, a Igreja em saída. É aquela compreensão de Igreja de um momento muito atual que precisaria ser trabalhada de um ponto de vista vocacional. 
No Congresso Vocacional de 2019, em Aparecida, dom Walmor dizia uma frase que se tornou meio lapidar:  sem consciência vocacional a Igreja não terá o vigor missionário que ela precisa ter. Num tempo em que se fala tanto da necessidade de uma Igreja missionária, de uma Igreja em saída, se não houver consciência vocacional não se tem vigor para isso. Consciência do que é a vocação, dessa relação com Deus, que toma a iniciativa, Ele responde, a gente se compromete com Ele numa resposta de amor a Deus, que a gente vai descobrindo que nos ama. E a partir daí fazer da vida uma ação generosa e gratuita em favor dos outros, em favor da vida. As motivações são muitas, mas estão ligadas a esse contexto para ter um Ano Vocacional. 
O senhor insiste muito numa animação vocacional que contempla todas as vocações, falando de não buscar/catar gente para seminário e convento. Poderíamos dizer que no subconsciente da Igreja a vocação ainda é vista como esse “catar gente” para o seminário e o convento? 
Sim, está muito, muito presente. Por isso esse é um ponto em que nós insistimos muito nas nossas reuniões de preparação do Ano Vocacional, que realmente abordássemos o tema vocação em seu sentido mais amplo possível, a vocação enquanto resposta a uma iniciativa de Deus. Eu gosto de lembrar isso para mim e digo que só o fato de a gente existir, mesmo sem ter consciência disso, a gente é uma resposta a uma iniciativa de Deus, que está antes de tudo. 
É bonita aquela passagem de São Paulo que diz que desde antes do mundo ser criado e fundado, Deus nos escolheu para sermos santos. A iniciativa de Deus em nos criar e o fato de virmos à existência, já é uma resposta. Quando a gente toma consciência aos poucos, pela fé, de quem é Deus e do seu amor, a gente responde com amor. Essa iniciativa de Deus em busca de diálogo com o ser humano vai se completando e, na medida em que a gente responde a Ele amando, se traduz também em ações concretas, em dar a vida, em ir a campo, à luta, ser missionário, engajar-se nas várias atividades que se apresentam. Nisto se completa aquilo que é o diálogo vocacional. 
Na verdade, vocação é uma tensão dialética entre Deus que toma a iniciativa e a gente que vai respondendo. Disse o Documento Final do Sínodo sobre a Juventude que é o entrelaçamento da iniciativa de Deus e da liberdade humana. Tem um teólogo oriental que diz que ter fé é saber ser amado e responder ao amor amando. Então vocação é descobrir-se chamado, amado, e ir respondendo também. No casal, quando um descobre que é amado pelo outro começa a responder também com amor, e aí se estabelece uma comunhão entre eles. É muito parecido na nossa relação com Deus. 
Como isso vai se concretizando no processo vocacional e como pode ser aprofundado durante o Ano Vocacional? 
Esse é um processo, uma catequese, uma evangelização que tem que ser feita. Quando nós dizíamos na preparação que nós queríamos abordar a vocação em um sentido amplo, não é para não falar das vocações específicas, muito pelo contrário, é para entender melhor a identidade de cada vocação. É muito mais interessante saber o que são as notas da escala musical sabendo da escala musical para poder entender o tom de cada nota do que simplesmente falar de cada uma. Essa vocação fundamental que é a resposta à existência, a resposta ao amor de Deus, vai se explicitando, vai se particularizando, se individualizando e se personalizando em cada pessoa. 
Da minha parte começo entender que eu não sou único, existem outros que também respondem, cada um do seu jeito. O Papa dizia que toda a vida é vocação, a existência é vocação, cada um é único, não se repete, mas existem semelhanças. A gente fala das vocações leigas, tem muitas formas dos leigos responderem ao amor de Deus concretamente, na sua vida pessoal, na família, junto aos vizinhos, na comunidade, na sociedade, na política, sendo fermento, sal e luz.  
Existe também a Vida Consagrada, com uma variedade tão grande de formas, mas fundamentalmente são pessoas que descobriram que o amor de Deus basta e passam a doar-se totalmente. Por isso, os votos não são restrição de algumas liberdades, direito de se autodeterminar, direito de possuir alguma coisa, direito de ter afetos humanos, é dizer que eu acredito tanto no amor de Deus por mim que eu abro mão de tudo e me faço inteiramente como doação para os outros. E os ministros ordenados, que devem ter esse espírito também. 
Cada vocação, ela tem que ser valorizada, identificada, por cada pessoa. Eu só me entendo, me descubro na minha identidade diante de outras identidades. Quanto mais eu entendo das outras vocações, mais eu vou entender a minha. A identidade de cada vocação, ela fica mais clara quando a gente tem clareza da própria, quanto visibiliza as outras mais entende a própria vocação. É um trabalho a ser feito de começar de novo a entender que a vocação, ela não surge mais dentro de uma cristandade, um ambiente favorável em que se apresentam todas as coisas bonitas de cada vocação e aí vai surgindo. Se não houver na base cada vocação, encontro com Jesus, a coisa não acontece. 
Bento XVI disse em Aparecida que tudo começa a partir da experiência de um encontro, que é um ato de fé diante de alguém que impacta à gente, e a partir daí as coisas começam a se deduzir. Se não houver essa experiência pessoal, tudo fica ligado a gostos, a fazer coisas que o padre faz, que a irmã faz, que se fazem no casamento. E a vocação é mais fundamental, bem antes disso, e vai dar um colorido a todas essas coisas que a gente começa a fazer em função daquela vocação específica que a gente abraça. 
Nessa universalidade das vocações, nessa vocação vista a partir de um todo, poderíamos dizer que está nos conduzindo a uma Igreja sinodal. Como entender a vocação em vista da sinodalidade? 
Não dá para ser cristão sem viver a comunhão, a unidade. A sinodalidade é comunhão, é união, a qualquer preço, e isso por um compromisso com Deus, uma disciplina. É uma espiritualidade, um modo de pensar, de ser, de agir, que não elimina o debate, uma dialética. Mas isso sempre num caminho que não promove divisão. Hoje temos muitas pessoas que discordam e até se apresentam com bastante eloquência e acabam convencendo, mas acabam dividindo, e aí tem um tentáculo de algo que não é bom.  
As vocações precisam ser entendidas antes de tudo como uma relação pessoal com Deus, que se revelou em Jesus Cristo e tem a força do Espírito Santo, e que nos pede que vivamos juntos como Igreja, como povo, como assembleia daqueles que Deus convocou. Convocados por Deus todos participamos de uma mesma Igreja e aqui nós nos ajudamos, nós podemos até divergir no modo de pensar, mas enquanto vivência do Evangelho, exercício do amor, da fraternidade, isso deve estar acima de qualquer preço. 
A sinodalidade ela é muito grande. Quando o Papa veio com a proposta desse tema do Sínodo surgiram muitas reflexões sobre isso. Ele foi iluminando muito bem o que ele entendia por isso. Exercício da escuta não é coisa simples, não é só ouvir para matar a curiosidade em relação ao que o outro pensa, é, muito mais, um exercício, como ele dizia, de ouvir tanto o outro a ponto, de ouvir o que Deus tem a dizer. Ou procurar ouvir a Deus com tanta sinceridade que realmente começa a compreender o que se passa com o outro.  
É uma coisa grande, mas exige da gente humildade, fé, coragem, lucidez, uma espiritualidade saudável, verdadeira, uma abertura para o mundo, para a vida. Vocação numa Igreja sinodal é antes de tudo comunhão, não é para eu ter o meu lugar só, e eu ter os meus direitos, é uma doação dentro de uma comunidade de vida. Pode ser uma pequena comunidade a partir da família, comunidade religiosa, mas também comunidade de fé, de Igreja, junto com os irmãos e irmãs na fé. 
O tema do Ano Vocacional é “Vocação, Graça e Missão”. Existe o perigo de ver a vocação como uma graça pessoal que recebemos de Deus e deixar de lado também um chamado a assumir uma missão na Igreja? 
Em relação a tudo, também em relação às coisas da fé, existe sempre o risco de uma compreensão limitada, reducionista ou individualista das coisas, esse é um risco que todos corremos. Quando se diz que a vocação é graça, não dá para vê-la fora de algo que tem a ver com uma iniciativa de Deus para todos nós, tudo é graça, tudo é iniciativa de Deus em relação a nós, dele recebemos tudo. Chegar ao ponto de poder entender que é um dom, mas não é um dom porque eu sou um privilegiado, porque eu sou alguém colocado para ser alguém com méritos pessoais. 
Quando se entende que é dom, que é graça, é para si, mas é para a Igreja também, para todos, como os carismas. Os carismas são um dom para a própria pessoa, mas são na pessoa um dom para os demais, tudo na pessoa é um dom para os demais. A gente não pode viver fechado sobre si mesmo. Essa auto referencialidade que o Papa fala não é a nossa identidade, não é da nossa natureza humana e cristã, dentro daquilo que é o projeto de Deus respeito à pessoa humana, somos a imagem e semelhança de Deus, que é comunidade, que um é para o outro, se fechar sobre si não dá. 
Há um risco de achar que vocação é uma coisa que eu senti dentro de mim e pronto. Porque existe esse risco também, existe a necessidade do discernimento da vocação, tem que ter um acompanhamento vocacional, uma boa direção espiritual, a pessoa se instruir, a comunidade vai ajudando a pessoa a sentir-se confirmada naquilo, a Igreja, as pessoas que acompanham em nome da Igreja, dão seu parecer também. Mas o risco de se sentir alguém especial, um profeta, sempre existe. Quando mais vaidade humana, maior o risco. Tem que ser com muita oração, com retiros, com trabalho concreto de abrir-se aos outros, à necessidade dos outros, ir discernindo, é um caminho, um processo, descobrir realmente o que Deus quer da gente. 
Em relação ao lema “Corações ardentes, pés a caminho”. O que quer ser transmitido com esse chamado? 
O lema tem algo de especial quando se fala da vocação como encontro com Jesus. Esse “corações ardentes” aparece muito na experiência dos discípulos de Emaús. Os discípulos de Emaús diziam: “não ardia o nosso coração quando ele nos falava?” Essa experiência na oração, na fé, também com uma espiritualidade autêntica, leva ao encontro com Ele. E nesse encontro é que as pessoas começam a sentir dentro de si algo que estimula a se pôr a caminho. Ela parte em missão, para o trabalho junto aos outros e dá a vida pelos outros. 
A partir disso que a pessoa vai tendo um outro olhar para superar aquilo que o Papa chama de indiferença. Quando a pessoa se torna mais sensível, a partir desse encontro com Jesus, a gente começa a ver com outros olhos, a gente se compadece mais facilmente. Como dizia São Paulo: “ai de mim se não evangelizar”. Eu estou vendo agora, eu preciso fazer alguma coisa.  
O tema “Corações ardentes, pés a caminho”, mostra muito o dinamismo que há dentro da vocação. Vocação só é uma palavra, um conceito, mas vocação enquanto pessoa que está em diálogo com Deus tem um dinamismo muito grande, há uma dialética de algo que desperta um sonho, que faz perceber uma realidade, que se dá conta da iniciativa de Deus, da fé, mas ao mesmo tempo sente que há uma necessidade de responder a tudo isso, com suas limitações e qualidades. Esse lema é muito feliz, ele ajuda a tudo isso, e serve para todas as vocações, cada pessoa em sua realidade concreta, isso é importante. 
O grande objetivo geral deste Ano Vocacional é promover uma cultura vocacional nas comunidades eclesiais. Como concretizar isso? 
Cultura é uma palavra que nem sempre é tão popular, apesar de significar tudo o que é do povo, o que é da nossa vida, o modo de pensar, de ser, de agir, de se relacionar, como se vive na comunidade a fé, nas nossas catequeses, os movimentos, as pastorais, que haja ali um clima favorável a esse encontro com Deus, a essa compreensão de olhar o mundo ao redor, de responder aos desafios que existem, olhar o pobre, o necessitado, olhar esses ambientes de pessoas de onde sobe um clamor que Deus ouve e aqui Ele responde enviando pessoas que se sensibilizam e se põe a caminho. 
Isso é muito bonito quando se começa a compreender que não é que Deus pega alguém pelo cangote, pelo colarinho, e puxa para cá e para lá. Deus nos predispõe com sua graça, uma predisposição que Ele cria dentro da gente. Se a gente começa a perceber que Deus nos fez capazes de amar, capazes de dar a vida, e Ele nos deu inteligência de verdade, age através desses dons que nos concedeu, para a gente poder usar a própria liberdade e a gente ir tomando iniciativas, dando respostas a partir da vontade da gente. 
A vocação não é um fatalismo, não é uma coisa predeterminada, que está escrito nas estrelas, que é um escrito de teatro, porque o diálogo vocacional respeita sempre a liberdade humana. Essa compreensão de vocação assim vai ajudando a gente a sentir-se mais digno, mais corresponsável com Deus e colaboradores com Ele.  
Ele opera nossa vida, mas nós também operamos a nossa parte. Ele sabe que tudo depende dele, mas Ele nos deu inteligência de verdade para se colocar à disposição. Jesus diz: “se tu queres, e a gente também tem que querer”. Essa temática vocacional é muito bonita, biblicamente, antropologicamente e de fé profunda. A mim me ajuda muito em minha vida pessoal compreender assim essas coisas, cada vez mais, pois a gente sabe tão pouco. Mas isso me ajuda demais quando começo a pensar esse lado da fé vivida assim, nessa relação com Deus, que me ajuda a ver o mundo ao meu redor e me dá forças de inspiração para me colocar a caminho. 
O que o senhor espera que o Ano Vocacional aporte à Igreja do Brasil? 
Eu espero que de fato essa compreensão bonita, grande, ampla de vocação e das vocações específicas, isso se torne cada vez mais claro para todos, na família, na comunidade, nas pastorais, nos movimentos, na catequese, em todos os espaços onde se formam e se forjam cristãos. Que isso se torne uma coisa cada vez mais clara, consciente de que a minha vida é uma resposta à uma iniciativa de Deus. Quanto mais se fizer essa explicação, e não só a explicação, pois o fato de entender não resolve ainda, seja feito dentro de um olhar mistagógico, que realmente leve ao encontro com Deus.  
Que a pessoa faça seu ato de fé, e que nesse ato de fé ela consiga dar sua resposta generosa e uma forma concreta de amar, já que a vocação de todos nós é amar, um amor que se concretiza em cada vida particular, em cada pessoa. Quanto mais a pessoa vai amadurecendo e vai fazendo da sua vida uma oferta aos outros, mais ela consegue ser uma presença luminosa no meio dos outros, o fermento que Jesus nos pede. Nós vamos dar grandes passos em relação a isso, os tempos de hoje exigem isso para ter uma identidade cristã e católica, e acho que vamos dar muitos passos. 
Tenho notado que há muitos grupos animados nas dioceses, nas paróquias, nas congregações. Houve uma acolhida muito grande dessa proposta do Ano Vocacional e o pessoal está correspondendo bastante. É um momento de graça realmente, os frutos só Deus sabe, mas eles vão aparecer.  
Fonte: CNBB
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De que forma São Bento inspirou o Papa Bento XVI?
Não somente no nome, mas também através de sua espiritualidade, o Padroeiro da Europa guiou o pontificado e a vida de Joseph Ratzinger
Escrito por Alberto Andrade
O alemão Joseph Ratzinger, falecido aos 95 anos, foi eleito o 265º Papa em 19 de abril de 2005, sendo o sucessor de João Paulo II e antecessor de Francisco. Ao escolher o nome Bento XVI, o Cardeal homenageou o Papa Bento XV, que tentou ser um conciliador durante a Primeira Guerra Mundial, mas principalmente por ser um grande devoto de São Bento, no qual o próprio Santo Padre disse ter sido o padroeiro do seu pontificado.
Nascido em Núrcia, na Itália, São Bento é tido como o fundador do monasticismo ocidental (renúncia dos objetivos comuns dos homens em prol da prática religiosa) e um dos padroeiros da Europa.
Leia Mais“Bento, fiel amigo do Esposo”, diz Francisco na Missa Exequial do Papa eméritoPapa Francisco sobre Bento XVI: “grande mestre de catequese”Outra razão para a escolha do nome de Bento, foi renovar a identidade católica do povo europeu: 
“Para criar uma unidade nova e duradoura, são sem dúvida importantes instrumentos políticos, económicos e jurídicos, mas é preciso também suscitar uma renovação ética e espiritual que se inspire nas raízes cristãs do continente, porque de outra forma não se pode reconstruir a Europa”, disse em audiência geral, em abril de 2008.
A espiritualidade do fundador da Ordem Beneditina - que sempre teve como prioridades a oração, o trabalho, o recolhimento, a caridade fraterna e a obediência - guiou todo o pontificado de Bento XVI, até mesmo no momento da sua renúncia, em fevereiro de 2013.
Para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta falou que a missão de Bento XVI esteve sempre comunhão com o Santo de Núrcia:
“Como São Bento, está em um tempo de ‘mudança de época’ e, ao mesmo momento, com catequeses e vivências profundas numa vida de oração e pregação, fortalecer a fé do nosso povo”, disse.
O ministério beneditino também esteve presente no brasão do papa emérito:
O campo principal do brasão, vermelho, apresenta dois lados que constituem uma “capa”, de ouro. A “capa” é o símbolo da religião, que indica um ideal inspirado na espiritualidade monástica e, mais tipicamente, naquela beneditina.
Algumas ordens e congregações costumam usar a capa em seus brasões.
Dom Orani destaca que também a data da renúncia de Bento XVI tem um sentido especial. Embora o anúncio tenha sido feito no dia 11, a declaração foi assinada no dia 10 de fevereiro, dia de Santa Escolástica, irmã de São Bento.
E até mesmo o seu destino após a renúncia seguiu os passos de São Bento, quando desejou se recolher e viver seus últimos anos de vida no convento Mater Ecclesiae, a poucos metros da Casa Santa Marta, onde vive o Papa Francisco.
Segundo Dom Orani, com essa decisão, o Santo Padre vivenciou um pouco do que apresenta a regra de São Bento.
“O Patriarca São Bento e toda a tradição monástica ensinam que após uma vida de provações e de lutas, bem adestrados nas fileiras fraternas, o monge pode assumir a vida mais reclusa”, afirmou o arcebispo, enfatizando que, nesse sentido, Bento XVI foi coerente com o que é sua espiritualidade.
Fonte: A12.com 
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O adeus a Bento XVI: "Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito"
"Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!", com estas palavras, Francisco encerrou a homilia das exéquias do Papa emérito, diante de milhares de fiéis.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
A cidade de Roma amanheceu encoberta por uma forte neblina, que impedia até mesmo de ver a cúpula da Basílica Vaticana, diante da qual milhares de fiéis se reuniram para o funeral do Papa emérito Bento XVI.
As imagens remetem a abril de 2005, quando o mundo se despediu de São João Paulo II: o caixão de madeira, simples, posicionado diante do altar, sobre o qual foi apoiado o Evangelho aberto. Ao ser depositado no chão, recebeu um beijo do seu então secretário particular Dom Georg Gänswein. Estima-se que cerca de 50 mil pessoas participaram do funeral, entre as quais inúmeras autoridades e chefes de Estado. Celebraram com o Pontífice, além do cardeal-decano Giovanni Battista Re no altar, mais de 120 cardeais,  400 bispos e quase quatro mil sacerdotes.
O funeral seguiu o protocolo de um Papa reinante, com algumas modificações. Na homilia, o Papa comentou a leitura extraída de Lucas 23, 46, de modo especial a seguinte frase: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito».
 “São as últimas palavras que o Senhor pronunciou na cruz; quase poderíamos dizer, o seu último suspiro, capaz de confirmar aquilo que caracterizou toda a sua vida: uma entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e bênção.”
Francisco nomeou Bento uma única vez, no final, mas as referências são extraídas de textos do Papa emérito: a Encíclica “Deus caritas est”, a homilia na Missa Crismal de 2006 e a missa do início do seu pontificado.
Citações que traçam o perfil do seu pastoreio, que se deixou cinzelar pela vontade do Pai, carregando aos ombros todas as consequências e dificuldades do Evangelho até ao ponto de ver as suas mãos chagadas por amor. Até ao ponto de fazer palpitar no próprio coração os mesmos sentimentos de Cristo Jesus de dedicação agradecida, orante e sustentada pela consolação do Espírito.
Foram essas três “dedicações” explanadas por Francisco.
Dedicação agradecida feita de serviço ao Senhor e ao seu Povo que nasce da certeza de se ter recebido um dom totalmente gratuito. Dedicação orante, que se plasma e aperfeiçoa silenciosamente por entre as encruzilhadas e contradições que o pastor deve enfrentar e o esperançado convite a apascentar o rebanho. Como o Mestre, carrega sobre os ombros a canseira da intercessão e o desgaste da unção pelo seu povo, especialmente onde a bondade é contrastada e os irmãos veem ameaçada a sua dignidade. Dedicação sustentada pela consolação do Espírito, que sempre o precede na missão e transparece na paixão de comunicar a beleza e a alegria do Evangelho.
“Também nós, firmemente unidos às últimas palavras do Senhor e ao testemunho que marcou a sua vida, queremos, como comunidade eclesial, seguir as suas pegadas e confiar o nosso irmão às mãos do Pai: que estas mãos misericordiosas encontrem a sua lâmpada acesa com o azeite do Evangelho, que ele difundiu e testemunhou durante a sua vida.”
Simplicidade marcou o funeral de Bento XVI 
Para Francisco, Bento XVI cultivou a consciência do pastor que não pode carregar sozinho aquilo que, na realidade, nunca poderia sustentar sozinho e, por isso, soube abandonar-se à oração e ao cuidado do povo que lhe está confiado.
É o Povo fiel de Deus que, congregado, acompanha e confia a vida de quem foi seu pastor. E o faz com o perfume da gratidão e o unguento da esperança, com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que o Papa emérito soube dispensar ao longo dos anos.
“Queremos dizer juntos: «Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito». Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!”
Fonte: Vatican News
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Bento XVI deixou um patrimônio sobre as verdades de fé 
O caixão com os restos mortais do Papa emérito foi fechado na noite de quarta-feira com alguns sinais da dignidade pontifícia e o 'rogito', texto que recorda brevemente a história da vida e do ministério de Joseph Ratzinger.
Os últimos atos cumpridos na discrição após a infinita homenagem pública. Na noite de quarta-feira, depois de estar no centro da peregrinação ininterrupta de mais de 200.000 pessoas à Basílica do Vaticano durante três dias, o corpo de Bento XVI foi encerrado em um caixão de cipreste, no qual foram colocados o pálio, moedas e medalhas do pontificado e o 'Rogito', um texto guardado num cilindro de metal que recorda os traços marcantes da vida e do ministério do Papa emérito, desde o seu nascimento até aos seus últimos dias. O texto do 'Rogito' foi lido pelo mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, monsenhor Diego Ravelli. Após o funeral presidido pelo Papa Francisco, o caixão de cipreste será colocado em um revestimento de zinco e depois em um caixão de madeira para ser finalmente tumulado nas Grutas do Vaticano.
Segue abaixo a íntegra do 'Rogito':
À luz de Cristo ressuscitado dos mortos, no dia 31 de dezembro do ano do Senhor 2022, às 9h34 da manhã, quando terminava o ano e estávamos prontos para cantar o Te Deum pelos múltiplos benefícios concedidos pelo Senhor, o o amado Pastor emérito da Igreja, Bento XVI, passou deste mundo ao Pai. Toda a Igreja junto com o Santo Padre Francisco em oração acompanharam seu trânsito.
Bento XVI foi o 265° Papa. Sua memória permanece no coração da Igreja e de toda a humanidade.
Joseph Aloisius Ratzinger, eleito Papa em 19 de abril de 2005, nasceu em Marktl am Inn, no território da Diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927. Seu pai era comissário de polícia e vinha de uma família de agricultores na Baixa Baviera, cujas condições econômicas eram bastante modestas. A mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago Chiem, e antes de se casar trabalhou como cozinheira em vários hotéis.
Passou a infância e a adolescência em Traunstein, pequena cidade perto da fronteira com a Áustria, a cerca de trinta quilômetros de Salzburgo, onde recebeu sua formação cristã, humana e cultural.
O tempo de sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para a dura experiência dos problemas associados ao regime nazista, conhecendo o clima de forte hostilidade para com a Igreja Católica na Alemanha. Nessa situação complexa, ele descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo.
De 1946 a 1951 estudou na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising e na Universidade de Munique. Em 29 de junho de 1951 foi ordenado sacerdote, iniciando no ano seguinte a atividade docente na mesma Escola de Freising. Posteriormente, foi docente em Bonn, Münster, Tübingen e Regensburg.
Em 1962 tornou-se perito oficial do Concílio Vaticano II, como assistente do Cardeal Joseph Frings. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI o nomeou arcebispo de München e Freising e recebeu a ordenação episcopal em 28 de maio do mesmo ano. Como lema episcopal escolheu "Cooperatores Veritatis".
O Papa Montini o criou e o proclamou Cardeal, atribuindo a ele o título de Santa Maria Consolatrice al Tiburtino, no Consistório de 27 de junho de 1977.
Em 25 de novembro de 1981, João Paulo II o nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; e em 15 de fevereiro do ano seguinte renunciou ao governo pastoral da Arquidiocese de München und Freising.
Em 6 de novembro de 1998 foi nomeado Vice-Decano do Colégio dos Cardeais e em 30 de novembro de 2002 tornou-se Decano, tomando posse do Título da Igreja Suburbicariana de Ostia.
Na sexta-feira, 8 de abril de 2005, presidiu a Santa Missa fúnebre de João Paulo II na Praça de São Pedro.
Ele foi eleito Papa pelos Cardeais reunidos no Conclave em 19 de abril de 2005 e assumiu o nome de Bento XVI. Da sacada central da Basílica apresentou-se como “humilde trabalhador na vinha do Senhor”. No domingo, 24 de abril de 2005, iniciou solenemente o seu ministério petrino.
Bento XVI colocou no centro de seu pontificado o tema de Deus e da fé, na procura contínua da face do Senhor Jesus Cristo e ajudando todos a conhecê-lo, em particular mediante a publicação da obra Jesus de Nazaré, em três volumes. Dotado de vasto e profundo conhecimento bíblico e teológico, teve a extraordinária capacidade de elaborar sínteses iluminadoras sobre os principais temas doutrinários e espirituais, bem como sobre as questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea.
Ele promoveu com sucesso o diálogo com anglicanos, com os judeus e com os representantes de outras religiões; assim como retomou os contatos com os padres da Comunidade São Pio X.
Na manhã de 11 de fevereiro de 2013, durante um Consistório convocado para decisões ordinárias sobre três canonizações, após o voto dos Cardeais, o Papa leu a seguinte declaração em latim: «Bene conscius sum hoc munus secundum suam essentiam spiritualem non solum agendo et loquendo exerceri debere, sed non minus patiendo et orando. Attamen in mundo nostri temporis rapidis mutationibus subiecto et quaestionibus magni ponderis pro vita fidei perturbato ad navem Sancti Petri gubernandam et ad annuntiandum Evangelium etiam vigor quidam corporis et animae necessarius est, qui ultimis mensibus in me modo tali minuitur, ut incapacitatem meam ad ministerium mihi commissum bene administrandum agnoscere debeam. Quapropter bene conscius ponderis huius actus plena libertate declaro me ministerio Episcopi Romae, Successoris Sancti Petri, mihi per manus Cardinalium die 19 aprilis MMV commisso renuntiare ita ut a die 28 februarii MMXIII, hora 20, sedes Romae, sedes Sancti Petri vacet et Conclave ad eligendum novum Summum Pontificem ab his quibus competit convocandum esse».
Na última Audiência Geral do pontificado, em 27 de fevereiro de 2013, ao agradecer todos e cada um também pelo respeito e compreensão com que sua decisão foi acolhida, garantiu: «Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que tenho procurado viver até agora todos os dias e que gostaria de viver sempre».
Após uma breve permanência na residência de Castel Gandolfo, viveu os últimos anos de sua vida no Vaticano, no mosteiro Mater Ecclesiae, dedicando-se à oração e à meditação.
O magistério doutrinal de Bento XVI está sintetizado nas três Encíclicas Deus caritas est (25 de dezembro de 2005), Spe salvi (30 de novembro de 2007) e Caritas in veritate (29 de junho de 2009). Entregou à Igreja quatro Exortações Apostólicas, numerosas Constituições Apostólicas, Cartas Apostólicas, bem como as Catequeses propostas nas Audiências Gerais e as alocuções, inclusive as pronunciadas durante as vinte e quatro viagens apostólicas que realizou pelo mundo.
Diante do relativismo crescente e do ateísmo prático sempre mais difundido, em 2010, com o motu proprio Ubicumque et sempre, instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para o qual em janeiro de 2013 transferiu as responsabilidades no campo da catequese.
Lutou firmemente contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis, chamando continuamente a Igreja à conversão, à oração, à penitência e à purificação.
Como teólogo de reconhecida autoridade, deixou um rico patrimônio de estudos e pesquisas sobre as verdades fundamentais da fé.
CORPUS
BENEDICTI XVI P.M.
VIXIT A. XCV   M. VIII   D. XV ECCLESIÆ UNIVERSÆ PRÆFUIT A. VII   M. X   D. IX
A D. XIX   M. APR.   A. MMV   AD D. XXVIII   M. FEB.   A. MMXIII DECESSIT DIE XXXI M. DECEMBRIS ANNO DOMINI MMXXII
Semper in Christo vivas, Pater Sancte!
Fonte: Vatican Nerws
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“Resplandecer a luz de Cristo, não a sua”
No coração do magistério de Ratzinger há o rosto de uma Igreja que não busca poder, sucesso e grandes números. E a chave da "nova evangelização"
Andrea Tornielli
Bento XVI morreu emérito e foi sepultado como pontífice. Um oceano de orações acompanhou o rito fúnebre presidido pelo Papa Francisco no adro da Basílica de São Pedro. Orações de gratidão elevadas de todo o mundo, na certeza de que Joseph Ratzinger pode finalmente desfrutar da face daquele Senhor que amou e seguiu ao longo de sua vida, e a quem se dirigiu com suas últimas palavras antes de entrar em agonia: “Senhor, eu te amo!”.
Há um traço distintivo que une Bento XVI ao seu sucessor e podemos encontrá-lo nas palavras que, até a sua primeira mensagem Urbi et orbi, na manhã do dia seguinte à eleição, o Papa Ratzinger disse: "Ao empreender o seu ministério o novo Papa sabe que a sua tarefa é fazer resplandecer aos olhos dos homens e das mulheres de hoje a luz de Cristo: não a sua, mas a verdadeira luz do próprio Cristo." Não a própria luz, o próprio protagonismo, as próprias ideias, os próprios gostos, mas a luz de Cristo. Porque, como disse Bento XVI, "a Igreja não é a Igreja nossa, mas a sua Igreja, a Igreja de Deus. O servo deve prestar contas de como administrou o bem que lhe foi confiado. Não prendamos os homens a nós, não busquemos poder, prestígio, estima para nós mesmos”. É interessante notar como já como cardeal, durante anos, Ratzinger advertiu a Igreja sobre uma patologia que a afligiu e ainda a aflige: a da confiança nas estruturas, na organização. Aquela de querer "contar" no cenário do mundo para ser "relevante".
Em maio de 2010, em Fátima, Bento XVI disse aos bispos portugueses: “Quando no sentir de muitos a fé católica deixa de ser património comum da sociedade e, frequentemente, se vê como uma semente insidiada e ofuscada por «divindades» e senhores deste mundo, muito dificilmente aquela poderá tocar os corações graças a simples discursos ou apelos morais e menos ainda a genéricos apelos aos valores cristãos." Porque “a mera enunciação da mensagem não chega ao mais fundo do coração da pessoa, não toca a sua liberdade, não muda a vida. Aquilo que fascina é sobretudo o encontro com pessoas crentes que, pela sua fé, atraem para a graça de Cristo dando testemunho d’Ele.” Não são os discursos, os grandes raciocínios ou vibrantes referências a valores morais que tocam o coração das mulheres e homens de hoje. Não servem as estratégias de marketing religioso e proselitista para a missão. A Igreja de hoje também não pode pensar em viver na nostalgia da relevância e do poder que teve no passado. Muito pelo contrário: tanto Bento XVI como o seu sucessor Francisco pregaram e testemunharam a importância de voltar ao essencial, a uma Igreja rica apenas da luz que recebe gratuitamente do seu Senhor.
E precisamente este retorno ao essencial é a chave para a missão. Joseph Ratzinger o havia dito quando ainda era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, durante uma catequese em dezembro de 2000, citada nestes dias pelo diretor da Fides Gianni Valente. Ratzinger partiu da parábola evangélica do Reino de Deus, comparado por Jesus ao grão de mostarda, que "é a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, é maior que as outras plantas do jardim e se torna uma árvore" . Explicou que para falar da “nova evangelização” nas sociedades secularizadas é necessário evitar “a tentação da impaciência, a tentação de buscar imediatamente grandes sucessos, de buscar grandes números”. Porque este "não é o método de Deus". A nova evangelização, acrescentou, «não pode significar: atrair imediatamente as grandes massas que se distanciaram da Igreja com métodos novos e mais refinados». A própria história da Igreja, observava ainda o cardeal Ratzinger, ensina que "as grandes coisas sempre começam com o pequeno grão e os movimentos de massa são sempre efêmeros". Porque Deus “não conta com os grandes números; o poder exterior não é o sinal de sua presença. Grande parte das parábolas de Jesus indica esta estrutura do agir divino e responde assim às preocupações dos discípulos, que esperavam muito mais sucessos e sinais do Messias - sucessos do tipo oferecido por Satanás ao Senhor". Os cristãos, recordava ainda o futuro Bento XVI, “eram pequenas comunidades dispersas pelo mundo, insignificantes segundo os critérios mundanos. Na realidade, foram o germe que penetrava na massa por dentro e levava dentro de si o futuro do mundo”. Portanto, não se trata de "ampliar os espaços" da Igreja no mundo: "Não buscamos escuta para nós mesmos, não queremos aumentar o poder e a extensão de nossas instituições, mas queremos servir ao bem das pessoas e da humanidade dando espaço Àquele que é a Vida. Esta expropriação de si mesmo, oferecendo-o a Cristo pela salvação dos homens, é a condição fundamental de um verdadeiro compromisso com o Evangelho”.
É esta consciência que acompanhou por sua longa existência o cristão, o teólogo, o bispo e o Papa Bento XVI. Uma consciência que ecoa numa citação que o seu sucessor - a quem sempre garantiu "reverência e obediência" - quis incluir na homilia do funeral. É extraída da "Regra Pastoral" de São Gregório Magno: «No meio das tempestades da minha vida, conforta-me a confiança de que tu manter-me-ás à superfície sobre a tábua das tuas orações e, se o peso das minhas culpas me abater e humilhar, emprestar-me-ás a ajuda dos teus méritos para me elevar». “É a consciência do Pastor – comentou o Papa Francisco – aquilo que, na realidade, nunca poderia sustentar sozinho e, por isso, sabe abandonar-se à oração e ao cuidado do povo que lhe está confiado. Porque sem Ele, sem o Senhor, nada podemos fazer
Fonte: Vatican News
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Funeral de Bento XVI, o "obrigado" dos fiéis e dos jornalistas ao Papa emérito
Cerca de 50 mil pessoas participaram do funeral do Papa Emérito e cerca de 1.600 trabalhadores da mídia de todos os continentes estiveram nesta manhã na Praça de São Pedro. Em suas matérias emerge a consciência da historicidade deste dia.
Gianmarco Murroni e Gabriele Rogani – Vatican News
Já às 6h30 da manhã havia filas de espera ao lado da Porta Sant'Anna, com os fiéis sendo submetidos aos habituais controles de rito nas laterais da Via della Conciliazione, antes de serem autorizados a entrar na praça principal. Centenas, depois milhares de pessoas se dirigiram à Praça de São Pedro para participar dos funerais de Bento XVI. Homens e mulheres de todo o mundo, muitas famílias presentes para prestar suas homenagens à memória do Papa emérito. O silêncio, misturado com a emoção, caracterizou as horas que antecederam a celebração do funeral. Tristeza, mas também esperança e acima de tudo gratidão pelo dom de Bento XVI.
Um guia para muitos fiéis
O Papa emérito iluminou a vida de tantas pessoas, dizem muitos dos testemunhos recolhidos pela Rádio Vaticano - Vatican News no final da cerimônia. Para a maioria dos fiéis presentes, Bento XVI sempre representou e sempre será um exemplo de humildade, doutrina e retidão. Este - dizem - é seu legado teológico e espiritual. Um guia fundamental, capaz de mostrar grande humanidade tanto para os crentes quanto para os não-crentes. Há aqueles entre os religiosos que enfatizam como Ratzinger foi decisivo no início de sua vocação.
A cobertura da imprensa
Não apenas os fiéis de todo o mundo estavam reunidos na Praça de São Pedro, mas também muitos jornalistas de jornais e televisões de vários idiomas. Cerca de 1600 acreditados para documentar e relatar o funeral de Bento XVI, 200 emissoras coligadas, a partir da Rádio Vaticano - Vatican News, cuja cobertura midiática também foi possível graças às rádios parceiras e ao Ebu.
Nos nossos microfones, repórteres e operadores da mídia relataram seus sentimentos, mas também como os meios de comunicação se prepararam para a cobertura do evento. "Foi uma situação muito especial: o Papa emérito era alemão, falamos com muitos turistas e pessoas da Igreja da Alemanha. Foi muito especial, apesar de o próprio evento ter sido um momento triste", disse um jornalista da Áustria24 Tv.
Para Andrea Gagliarducci, analista vaticano da EWTN, foi "um dia emocionante: é a primeira vez que assistimos ao funeral de um Papa emérito, não sei quando isso vai acontecer novamente". É um momento muito emocionante". James Hill, fotógrafo do New York Times, relata de ter estado aqui no Vaticano há quase dezoito anos para o funeral de João Paulo II e retorna agora para o funeral do Papa emérito. "Cada vez é uma ocasião única assistir a estas cerimônias. Estou feliz por estar aqui para documentar o evento, é um dia histórico". Também do exterior, desta vez do Brasil, vem Michele Oliveira, jornalista brasileira da Folha de São Paulo: "Estar aqui é uma honra". Há três anos eu acompanhei o Sínodo Amazônico, voltar para esta ocasião é especial. Cheguei antes das 7 da manhã para fazer os controles, mas tudo correu bem". - Fonte: Vatican News
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Comunidade Judaica: Ratzinger, um interlocutor com grande capacidade de escuta
A Presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Noemi Di Segni, recorda a visita do Papa Emérito à Sinagoga em 2010 e suas três importantes peregrinações em nome do diálogo com o mundo judaico
Francesca Sabatinelli – Vatican News
Bento XVI foi "um interlocutor que escolheu agir em um tipo de escuta muito elevada, alta em conteúdo e reflexão religiosa, procurando compreender os pontos comuns teológicos, e também considerando as fontes judaicas como fontes de inspiração para o caminho da Igreja". São palavras de Noemi di Segni, presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, ao recordar Joseph Ratzinger, que nunca encontrou diretamente, mas estava presente na visita que o Papa Emérito fez à sinagoga em Roma, um evento histórico, em 17 de janeiro de 2010, o segundo Pontífice da história a entrar no templo, depois de João Paulo II em 1986. "Acompanhei com muita atenção os discursos feitos naquela ocasião", afirma a Presidente Di Segni "e tive a oportunidade de rele-los, para recordar também a nós mesmos que tipo de explicitações foram feitas".
Os três momentos simbólicos do diálogo com os judeus
De Bento XVI como interlocutor "do mais alto nível, firme na fé e nas convicções, mas disposto a escutar respeitosamente", falou o rabino chefe de Roma, Riccardo Di Segni que estava ao lado de Ratzinger na Sinagoga, em 2010. Para o Rabino, Bento "deixou uma marca importante para a Igreja e para o mundo inteiro, apesar do temor no mundo judeu de que sua eleição pudesse levar a um abrandamento do diálogo fortemente desejado por seu predecessor João Paulo II". Em vez disso, o diálogo continuou, como salienta a Presidente, "um diálogo é formado por muitos momentos, muitas declarações e também muitos comportamentos silenciosos", e foi reafirmado por três momentos importantes do pontificado de Bento, três lugares de peregrinação. "Auschwitz, Jerusalém, o Muro das Lamentações, a Sinagoga". "Estes três lugares", explicou Di Segni, "são lugares muito significativos e importantes da identidade judaica através dos quais o momento do diálogo estabelecido é marcado. O percurso da Igreja, do Concílio Vaticano até a Nostra Aetate - e como isto se traduz depois na relação com o judaísmo - é um percurso muito importante, feito de diferentes explicitações de termos, de indicações, de tons que começam do alto e devem chegar embaixo e na direção da periferia. E o desafio é precisamente este, fazer com que se torne cotidiano e não apenas afirmações escritas e formalizadas nas esferas mais altas do Vaticano".
O desafio de ouvir
“A doutrina do Concílio Vaticano II", disse Ratzinger durante sua visita à sinagoga, "tornou-se para os católicos um ponto firme ao qual fazem referência constante nas atitudes e nas relações com o povo judeu, marcando uma nova e significativa etapa. O acontecimento conciliar deu um impulso decisivo no compromisso de se percorrer irrevogavelmente um caminho de diálogo, fraternidade e amizade, caminho este que se tem aprofundado e desenvolvido ao longo destes quarenta anos através de passos e gestos importantes e significativos". Portanto o dia 17 de janeiro marcou um momento fundamental, a sua homenagem aos judeus romanos deportados, sua saudação aos sobreviventes dos campos de concentração, fez com que o mundo judeu falasse de "novo respeito e fraternidade mais próxima", como disse a historiadora Anna Foa. Sabe-se muito bem, conclui Noemi Di Segni, que a dialética entre católicos e judeus foi "importante e cansativa. Saber restaurar um significado de convivência, de escuta, é um sinal muito importante. Nem sempre é fácil por parte do mundo judeu entender o modo de raciocinar do teólogo católico - são duas linguagens diferentes, especialmente para os que vêm do mundo do estudo e da religião - e isto também é um desafio, o de saber compreender no outro o tipo de escuta que está sendo feita". Fonte: Vatican News
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"Um grande teólogo de profunda humanidade": assim bispos africanos recordam Bento XVI 
Também os bispos de vários países africanos recordam traços marcantes do Papa emérito Bento XVI, falecido na manhã do último sábado.
A Igreja Católica em diversas partes da África recorda Bento XVI com Missas e sufrágios.
Os bispos de Uganda, que afirmam terem tido uma relação estreita com o Papa Bento XVI, recordam-se dele como um estudioso e doutor da Igreja que ajudou muitos deles durante seu mandato como Papa. Descrevem-no como "um eminente teólogo e defensor da doutrina católica".
O arcebispo de Gulu, Dom John Baptist Odama, descreveu o Papa Bento XVI como um estudioso e um teólogo que amava a ciência. O arcebispo Sabino Ochan Odoki, bispo de Arua, nomeado pelo falecido Pontífice, recordou que "tinha certeza de que Joseph Ratzinger seria o próximo Papa e na época eu era reitor do seminário. Eu disse que precisávamos de um mestre forte e o Papa Bento XVI assim o foi".
Dom Sanctus Lino Wanok, bispo de Lira, também ele nomeado pelo Papa Bento XVI, considera que o mundo perdeu um gigante não só da Igreja Católica, mas de toda a humanidade.
No Sudão do Sul, Dom Stephen Ameyu Martin Mulla, arcebispo de Juba, presidiu uma Missa de sufrágio na Catedral de Santa Teresa de Kator, na presença de membros da Igreja, diplomatas e altos funcionários do governo. O Papa emérito Bento XVI foi descrito como "defensor da verdade, especialmente em um mundo cheio de relativismo que menospreza solenemente a verdade de Deus". “Agradecemos ao Senhor pela vida do Santo Padre Bento XIV. O Papa Bento foi um humilde servidor, uma luz que ama ternamente o seu Senhor. Ele escolheu como lema de seu pontificado: "Deus é amor". O Papa Bento deve ser lembrado como um defensor da doutrina da Igreja”, defendeu o arcebispo.
Já os bispos da República Democrática do Congo (RDC) recordam o Papa Bento XVI como um "digno servidor da Igreja, sentinela da ortodoxia da nossa fé, grande pastor e grande homem".
Para Dom Marcel Utembi Tapa, arcebispo de Kisangani e presidente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO), “o Papa Bento XVI foi uma grande figura da Igreja do nosso tempo”.
Dom Pierre-Célestin Tshitoko, bispo de Luebo, recorda o seu carácter humano, sublinhando que o Papa Bento XVI o impressionou com o seu acolhimento fraterno e a sua simplicidade durante a sua primeira visita ad limina. 
Fonte: Vatican News
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Angola - Homenagens e memórias da visita de Bento XVI 
Homenagens, celebrações eucarísticas e memorias da visita de Bento XVI a Angola marcaram o dia no último adeus ao Papa emérito.
Anastácio Sasembele - Luanda 
Em sintonia com Roma através dos meios tecnológicos de informação e comunicação, fiéis católicos e não só acompanharam com fé e oração os principais momentos que marcaram a missa fúnebre do Papa Emérito Bento XVI, nesta quinta – feira (5/1).
O cónego Apolónio Graciano foi o responsável pelo acompanhamento do “Papa Móvel” usado por Bento XVI por altura da sua visita apostólica a Angola, em Março de 2009.
O sacerdote recorda este momento como um dos factos mais importantes da sua vida, e fala da profunda ligação que Bento XVI teve com a África, especialmente com Angola.
“Joseph Aloisius Ratzinger é para os angolanos um pai que está a partir e que vai interceder por todos junto de Deus”, acrescenta o sacerdote.
Outra memória vem do jovem Miguel Buila, músico de estilo gospel. Em 2009 durante a visita de Bento XVI a Angola, o jovem teve o privilégio de cantar para o Papa Bento XVI durante o encontro com os jovens no estádio dos Coqueiros em Luanda. Buila recorda este momento com muita emoção.
E a vice-presidente da República de Angola, Esperança da Costa, deslocou – se na quarta-feira (4/1), a Nunciatura Apostólica em Luanda (Angola) e prestou homenagem ao Papa emérito Bento XVI.
No livro de condolências, a número dois do aparelho governativo do estado angolano, enalteceu as qualidades do Papa emérito, classificando-o como “humanista e defensor da fé, guardião e homem de amor”.
14 Anos depois da visita apostólica a Angola, o bispo da diocese de Caxito questiona se os angolanos levaram em consideração os apelos de Bento XVI.
D. Maurício Camuto disse que é preciso conservar e por em pratica os valores da paz, o desenvolvimento humano, a justiça social e a concórdia, conselhos deixados pelo Papa Bento XVI aos angolanos, em Março de 2009.  
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: sua Carta aos católicos chineses uma obra-prima de lucidez
O bispo emérito de Hong Kong Joseph Zen – criado cardeal pelo Papa Ratzinger - estava presente no funeral em Roma graças a uma devolução temporária de seu passaporte. Análise do padre Gianni Criveller, missionário PIME e sinólogo sobre a importância deste documento do magistério de Bento XVI: "A Carta de 2007 foi uma obra-prima de lucidez, equilíbrio e delicadeza sobre a Igreja na China".
O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, bispo emérito de Hong Kong, também estava presente no funeral de Bento XVI, nesta manhã (05) no Vaticano. O cardeal de 90 anos - condenado há algumas semanas ao pagamento de uma multa em um julgamento no qual foi invocada a Lei de Segurança Nacional draconiana - teve seu passaporte devolvido pelo juiz por quatro dias para que pudesse viajar para Roma. Ele foi criado cardeal pelo próprio Bento XVI em 2006. E o idoso cardeal chinês recordou sua figura em um post publicado em italiano em seu blog nas últimas horas, expressando grande gratidão a Bento XVI por "defender a verdade contra a ditadura do relativismo", mas também por sua Carta aos católicos chineses de 2007 e seus esforços para melhorar a situação da Igreja na China. "Ele não podia aceitar um compromisso qualquer", escreve Zen. "Ainda estou convencido de que todo esforço para melhorar a situação da Igreja na China deve ser feito na linha da Carta de 2007.
A análise do missionário sinólogo padre Criveller
Sobre a importância deste documento do magistério de Bento XVI e o quanto significaram para a China os oito anos de seu pontificado, publicamos abaixo a análise do Padre Gianni Criveller, missionário PIME e sinólogo. Bento XVI - seguindo as pegadas de João Paulo II – colocou a melhoria das relações com a China e o apoio aos católicos chineses entre os objetivos importantes de seu pontificado:
Como cardeal Joseph Ratzinger já tinha feito uma importante viagem a Hong Kong em março de 1993, para se encontrar 25 bispos das comissões doutrinais das Conferências Episcopais Asiáticas. Na ocasião ele fez um discurso fundamental sobre a inculturação, propondo o termo interculturalidade para descrever a complexa relação entre o Evangelho e as culturas. Naquela viagem, cardeal Ratzinger também visitou Macau. O então sacerdote John Tong, hoje cardeal, também o acompanhou ao Pico de Hong Kong, o ponto montanhoso que oferece uma vista espetacular da cidade.
Os dois cardeais chineses nomeados por Bento
Quando se tornou Papa Bento XVI, nomeou dois cardeais, bispos de Hong Kong. Em 2006, foi nomeado cardeal o salesiano Joseph Zen "a consciência de Hong Kong", com quem o Papa Bento XVI tinha uma forte e significativa relação pessoal. O Papa também lhe confiou as meditações da Sexta-feira Santa na Via-Sacra de 2008. Na época o cardeal Zen escreveu: "Neste convite, reconheci o desejo do Santo Padre de mostrar sua preocupação pessoal com o grande continente asiático. E em particular, para incluir neste solene ato de piedade cristã os fiéis da China, que têm uma profunda devoção à Via-Sacra. O Papa queria que eu levasse ao Coliseu a voz desses nossos irmãos e irmãs ". Em 2012, foi a vez do bispo John Tong de ser criado um cardeal. E com a força desta escolha do Papa Ratzinger, o novo cardeal Tong - agora com 83 anos de idade - foi o primeiro cardeal chinês a participar de um conclave em 2013.
Matteo Ricci
Bento XVI também foi um profundo conhecedor de Matteo Ricci. Ele apoiou sua causa de beatificação, delineando com competência as qualidades missionárias de Ricci: "É justamente enquanto leva o Evangelho", afirmou em 29 de maio de 2010 por ocasião do quarto centenário de sua morte, "que Ricci encontra em seus interlocutores a exigência de um confronto mais amplo, para que o encontro motivado pela fé se torne também um diálogo entre culturas; um diálogo desinteressado, livre dos objetivos do poder econômico ou político, vivido em amizade".
A histórica Carta aos católicos chineses
Bento XVI foi o autor da histórica Carta dirigida aos católicos na China, publicada em 30 de junho de 2007. É uma Carta eclesial, endereçada diretamente aos católicos, e não às autoridades governamentais. Não é uma carta política, mesmo que tenha implicações políticas. No texto, o Papa expressa sua esperança no diálogo entre as autoridades da República Popular da China e a Santa Sé: a Igreja ensina os fiéis a serem bons cidadãos em seu país e pede às autoridades que não dificultem assuntos que dizem respeito à fé e à disciplina da Igreja. Bento XVI pede às autoridades que reconheçam os bispos clandestinos. No entanto, ele admite que "quase sempre" os bispos oficiais são obrigados a "adotar atitudes, fazer gestos e assumir compromissos que são contrários aos ditames de sua consciência". Os bispos deveriam ou não aceitar o reconhecimento por parte das autoridades civis? O Papa deixa ao critério de cada bispo a determinação do caminho a seguir em suas específicas situações.
Unidade entre as comunidades
A Carta aos católicos chineses é uma carta escrita por um homem de Igreja, que descreve como é a Igreja. Ela tem um fundamento e uma estrutura que vale para sempre e em toda parte, sem os quais a Igreja não é mais ela mesma. Os fiéis da China têm o direito de fazer parte dela plenamente. O Papa pede unidade entre as comunidades abertas e as clandestinas para uma Igreja fiel, livre, capaz de testemunhar a verdade, de acolhida e de perdão. "Verdade e amor", são temas do programa de seu pontificado, são os dois pilares sobre os quais o Papa escreve sua longa e articulada Carta. Bento declara amor e respeito pelo povo chinês, sua história e cultura. Não pede privilégios às autoridades, mas liberdade. O Papa recorda que a liberdade religiosa faz parte dos direitos humanos incluídos nas Convenções Internacionais assinadas pela China.
Perseguições
Meditando sobre as páginas do Apocalipse, Bento XVI compartilha a perplexidade dos cristãos pelo silêncio de Deus diante das perseguições. Bento convida os católicos a não se fecharem em si mesmos: se a Igreja rejeita a interferência do poder político, ela não busca a clandestinidade, mas o testemunho público, o bem comum, a unidade dos crentes, a comunhão visível com a Igreja universal e com o sucessor de Pedro. A Igreja na China, apesar de suas dificuldades, tem a mesma missão de toda a comunidade eclesial: a evangelização. Na Carta, o Papa aboliu algumas faculdades extraordinárias concedidas à Igreja clandestina durante as décadas da perseguição: a possibilidade, em caso de necessidade, de ordenar bispos mesmo sem um mandato papal. Por fim, ele decretou que 24 de maio, a festa de Maria Auxiliadora e o santuário mariano nacional de Sheshan (Xangai) se torne o Dia de Oração pela Igreja na China. Essa data se tornou um evento vivido com muita participação das comunidades chinesas, especialmente as da diáspora.
Obra-prima de lucidez
Bento teve muita coragem, entrando em um campo complexo e cheio de armadilhas. Os especialistas, por mais que estivessem informados sobre os assuntos da China, ofereceram ao Papa opiniões discordantes, em certas circunstâncias, assim como os próprios católicos da China discordavam entre si. O Papa manifestou o seu pensamento, criando o que alguns julgam ser uma pequena obra-prima de lucidez, equilíbrio e delicadeza. Os católicos, das comunidades abertas e das clandestinas, apreciaram muito a Carta que lhes foi destinada. Os católicos, incluindo os de Taiwan, Hong Kong e Macau, apreciaram o esforço do Papa para compreender a situação, para simpatizar, para oferecer linhas claras e sustentáveis, sem condenar ou aceitar que a liberdade da Igreja seja pisoteada.
Situação atual
Quinze anos se passaram e nos perguntamos se a Carta deu os frutos desejados. Seu sucessor, o Papa Francisco, em 2018 assinou um Acordo pastoral provisório com as autoridades civis, renovado em 2020 e 2022, precisamente sobre a delicada questão da nomeação dos bispos. Segundo algumas fontes, o Acordo estava na reta final já em 2009, mas o Papa Bento XVI parou o bloqueou da assinatura, e ainda não está claro o porquê. O que é certo é que a Carta de Bento XVI permanece uma etapa fundamental na história da Igreja chinesa. Ela contém a semente para a realização da unidade e da liberdade da Igreja. Algo mais foi alcançado no caminho da unidade, mas a liberdade religiosa ainda não existe. Apesar do Acordo de 2018, ainda há muitos passos a serem dados.
Fonte: Vatican News
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A Eucaristia como sacramento da caridade em Bento XVI
"O Papa Bento XVI foi um Papa que viveu a Eucaristia como dom de Jesus e como responsabilidade humana. Ele viveu a unidade com o Senhor e com a Igreja. A Eucaristia visa a vida humana e um dia a eterna. É preciso que a Eucaristia seja dada em todas as comunidades e onde não tenha uma presença constante do sacerdote tenha a celebração da palavra com a Eucaristia. A Eucaristia une o fiel ao Senhor e à comunidade para viver o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo".
Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)
A morte do Papa emérito, a sua páscoa, passagem desta vida para a outra, à eternidade, colocaram a importância da pessoa de Bento XVI, as suas declarações em nível social, eclesial, doutrinal, sacramental. O Papa Francisco disse na catequese de quarta-feira, dia 04 de janeiro que o Bento XVI foi um grande mestre de catequese. O seu pensamento foi eclesial, levando as pessoas ao encontro com Jesus, o Crucificado e o Ressuscitado, o Vivente e o Senhor[1]. Bento XVI foi um grande Papa que soube unir a fé e a razão, dialogou com as outras igrejas, religiões, e ele conduziu as questões internas difíceis com sabedoria e amor, sendo um grande pastor na vida eclesial e no mundo.
É muito importante lembrar as suas exortações, e escritos ligados ao evangelho de Jesus Cristo e à tradição da Igreja. Em outubro do ano de 2005 ocorreu a décima primeira assembléia geral ordinária do Sínodo dos bispos que aprofundou o tema da Eucaristia, como conseqüência do ano da eucaristia em clarividência dada ainda por João Paulo II tendo como base, o Congresso Eucarístico Internacional em Guadalajara, México, no mês de outubro de 2004 e em Outubro de 2005 terminou com a décima primeira assembléia sinodal[2]. Bento XVI conduziu o Sínodo dos bispos.
Sacramento da caridade
 Com a exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, Sacramento da Caridade, queria o papa Bento, em unidade com a Assembleia dos Bispos, que todos tivessem em conta o mistério eucarístico, a ação litúrgica e o culto espiritual derivantes da eucaristia enquanto sacramento da caridade[3]. A Eucaristia dá o sentido de ágape, de Deus, de amor divino que vem a nós de uma forma corporal, para que assim a sua ação continue em nós e através de nossa vida, de seguidores e seguidoras do Senhor[4].
Mistério da fé
Na época o Papa Bento reforçou um dado fundamental na qual nós manifestamos a fé na eucaristia, que após a consagração o sacerdote proclama o mistério da fé, pois se trata da conversão substancial do pão e do vinho em corpo e sangue de Jesus Cristo, um dado que ultrapassa a compreensão humana. Assim a fé da Igreja é a fé eucarística, concedida pela mesa da Eucaristia. O papa dizia que quanto mais viva for a fé na Eucaristia dada pelo povo de Deus, tanto mais será a sua participação na vida eclesial em vista da missão que Cristo confiou aos discípulos para testemunhá-lo aos outros e ao mundo. Qualquer reforma na vida eclesial sempre esteve ligada à fé na presença eucarística do Senhor no meio do povo de Deus[5].
Jesus dá-se a si mesmo
Bento XVI colocou um item fundamental que a eucaristia não dá “alguma coisa”, mas é Jesus que se dá a si mesmo pela entrega do seu corpo e do seu sangue. Ele dá a totalidade da própria vida, profundamente ligada à fonte originária do seu amor divino e humano, ele sendo o Filho eterno que o Pai entregou para a humanidade. Na afirmação que Jesus disse aos seus discípulos de que ele era o pão descido dos céus e quem comer dele viverá eternamente (Jo 6,51) manifesta-se o Senhor como o pão da vida que o Pai eterno dá aos seres humanos[6]. Jesus é o pão divino, como dom gratuito para a salvação das pessoas, do mundo; a Igreja celebra e adora este dom, com fidelidade e obediência.
Jesus é o Cordeiro imolado
A Eucaristia tem presente Jesus como o verdadeiro Cordeiro imolado para a vida de todas as pessoas. Pela sua morte de cruz (Fl 2,8) cumpriu-se a nova e eterna aliança. Em Jesus na cruz a liberdade de Deus e a liberdade humana juntaram-se de uma forma eterna. O pecado ficou expiado para sempre pelo Filho de Deus (Hb 7,27). No mistério pascal foi realizada a libertação humana do mal, do pecado e da morte. Nas missas as pessoas se aproximam do altar para receber o Senhor como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1,29), e também por ser a expressão de São João Batista ao ver Jesus chegando nele. Jesus é o Cordeiro verdadeiro que se ofereceu a si mesmo em sacrifício, realizando desta forma a nova e eterna aliança[7].
A última Ceia
Jesus instituiu a eucaristia na última ceia, para ficar eternamente com o seu povo. Se a antiga ceia constituiu o memorial do acontecimento libertador da escravidão do Egito, havendo a imolação de cordeiros (Ex 12,1-28.43-51), na nova Aliança, instituída por Jesus na Eucaristia ele torna-se pelo sacrifício da cruz e a vitória da ressurreição como o verdadeiro Cordeiro imolado, em unidade com o desígnio do Pai (1 Pd 1,18-20). A morte de Jesus tornou-se ato supremo de amor e libertação da humanidade do mal[8].
Fazer em memória do Senhor
Ainda segundo Bento XVI o “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19; 1 Cor 11,25) solicita de todos os ministros ordenados a correspondência ao dom de Jesus, representado de uma forma sacramental e é ao mesmo tempo a esperança de que a Igreja acolha o dom do Senhor no pão e no vinho consagrados que estando sob a guia do Espírito Santo, é percebida na forma litúrgica do sacramento. O memorial do seu dom não é uma simples repetição da última Ceia, mas sim na eucaristia, pela novidade radical do culto cristão[9].
A presença do Espírito Santo na Eucaristia
Bento XVI afirmou que com o pão e o vinho, Jesus ofereceu a todas as pessoas os elementos essenciais do culto divino. A Igreja é chamada a celebrar o banquete da Eucaristia de uma forma cotidiana em memória do Senhor, tornando-se presente em todas as culturas. A Igreja é guiada pelo Espírito Santo para celebrar o mistério da Eucaristia junto às pessoas e às comunidades eclesiais. O Espírito Santo esteve presente em plenitude na vida inteira do Verbo encarnado, impelindo-o à missão de anunciar a boa nova aos pobres, curar os doentes(Lc 4, 18), e esta palavra exorta também aos discípulos e discípulas a fazerem a mesma atitude, para que o Senhor continua presente, ativo na sua Igreja, a partir da eucaristia[10].
A Eucaristia na unidade com a Igreja
O Papa dizia que a Eucaristia liga as pessoas com Cristo Jesus e com a Igreja. Na cruz, o Senhor gerou a Igreja como sua esposa e o seu corpo. Ele lembrava São João Paulo II que a Igreja vive da eucaristia existindo um influxo causal da Eucaristia na vida eclesial e nas suas origens[11]. Em cada Celebração Eucarística existe o primado do dom de Jesus Cristo, a sua presença na Eucaristia, revelando o seu amor para com toda a humanidade[12].
A eucaristia, constituição da Igreja
A Eucaristia é parte constitutiva do ser e do agir da Igreja. A unidade da comunhão eclesial dá-se nas comunidades cristãs e renova-se na ação eucarística. Assim a unidade do corpo eucarístico é a unidade na Igreja que é também una e indivisível em Jesus Cristo. Na celebração da Eucaristia, a pessoa encontra-se na sua Igreja, a do Senhor Jesus Cristo. O Papa insistia na importância do diálogo e amor entre todos os membros das comunidades locais, com outras Igrejas cristãs e com as pessoas de outras religiões, porque pela Eucaristia estabelece-se a unidade verdadeira em Cristo Jesus[13].
O Papa Bento XVI foi um Papa que viveu a Eucaristia como dom de Jesus e como responsabilidade humana. Ele viveu a unidade com o Senhor e com a Igreja. A Eucaristia visa a vida humana e um dia a eterna. É preciso que a Eucaristia seja dada em todas as comunidades e onde não tenha uma presença constante do sacerdote tenha a celebração da palavra com a Eucaristia. A Eucaristia une o fiel ao Senhor e à comunidade para viver o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.
[1] Cfr. Na Audiência Geral, a homenagem de Francisco a Bento XVI, "mestre de catequese" - Vatican News.
[2] Cfr. Bento XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 4. São Paulo, Paulinas, 2007, pgs. 6-7.
[3] Cfr. Idem, pg. 9.
[4] Cfr. N. 14 AAS 98 (2006), 229, In: Idem, pg. 9.
[5] Cfr. Bento XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 6, pgs. 11-12.
[6] Cfr. Idem, n. 07, pgs, 12-13.
[7] Cfr. Idem, pgs. 15-16.
[8] Cfr. Idem, pgs. 16-17.
[9] Cfr. Bento XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, n. 11, In: Idem, 17-18.
[10] Cfr. Idem, n. 12, pg. 19-20.
[11] Cfr. João Paulo II. Carta Enc. Ecclesia de Eucharistia (17 de abril de 2003), 1; AAS 95 (2003), pg. 433, 447. In: Idem, n. 14, pg. 22.
[12] Cfr. Ibidem, pg. 23.
[13] Cfr. Idem, n. 15, pgs. 25-26.
Fonte: Vatican News
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Campanha 2023 dos Cantores da Estrela em prol das crianças da Indonésia
Desde a sua criação em 1959, a campanha da Epifania cresceu e se tornou a maior campanha de caridade do mundo por crianças para crianças. Projetos para crianças na África, América Latina, Ásia, Oceania e Europa Oriental são apoiados. A Aktion Dreikönigssingen usa os fundos para apoiar projetos em todo o mundo nas áreas de educação, saúde, cuidado pastoral, nutrição e integração social.
"Apoiar as crianças, proteger as crianças - na Indonésia e no mundo" é o lema com o qual os Cantores da Estrela - no âmbito de sua 65ª campanha de sensibilização -, chamam a atenção para as crianças em todo o mundo que sofrem violência.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano um bilhão de crianças e adolescentes são expostos à violência física, sexual ou psicológica. A campanha da Epifania 2023 conscientiza as crianças da Infância Missionária alemã de que seus semelhantes de todo o mundo têm o direito de serem protegidos, tanto no país símbolo deste ano, a Indonésia, como na Alemanha e no resto do mundo, destacando que  é tarefa dos adultos garantir esse direito das crianças.
"Não vejo a hora de os cantores trazerem novamente, pessoalmente, a bênção às portas das pessoas no início do ano. A visita de porta, a bênção, a coleta de doações, o canto - é uma campanha maravilhosa que vive de encontros. Quando os cantores aparecem na porta das casas, a Igreja chega às casas das pessoas com uma boa nova", diz o padre Dirk Bingener, presidente da Infância Missionária alemã, ao falar sobre a campanha.
No final do ano que acaba de terminar, os cantores iniciaram sua 65ª campanha indo de casa em casa. Depois de dois invernos em meio à pandemia, as meninas e os meninos envolvidos podem novamente aplicar pessoalmente sua mensagem de bênção nas portas das casas em toda a Alemanha e coletar doações para crianças carentes em todo o mundo.
Vestindo as roupas dos Magos, com a estrela e suas canções, todos os anos, nos dias anteriores à Epifania, os "Cantores da Estrela" batem nas portas das casas alemãs. As crianças das paróquias católicas da Alemanha que fazem parte da Infância Missionária levam a bênção às famílias de casa em casa, recolhendo donativos para os seus coetâneos que sofrem.
Desde a sua criação em 1959, a campanha da Epifania cresceu e se tornou a maior campanha de caridade do mundo por crianças para crianças. Projetos para crianças na África, América Latina, Ásia, Oceania e Europa Oriental são apoiados. A Aktion Dreikönigssingen usa os fundos para apoiar projetos em todo o mundo nas áreas de educação, saúde, cuidado pastoral, nutrição e integração social.
Uma delegação de Cantores das Estrelas de vários países participou no domingo, 1º de janeiro de 2023, da celebração do Dia Mundial da Paz presidida pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro no Vaticano. Antes da celebração, eles entregaram ao Santo Padre um bracelete da amizade azul e amarelo da Ucrânia. Crianças ucranianas de um projeto apoiado pela Infância Missionária Alemã o enviaram aos Cantores das Estrelas como agradecimento por seu apoio e como um sinal de esperança de paz no país devastado pela guerra. É a décima oitava vez desde 2001 que os cantores participam de uma celebração de Ano Novo no Vaticano.
Fonte: Vatican News
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Kirill: trégua na Ucrânia para celebrar com segurança o Natal ortodoxo
O patriarca de Moscou e de todas as Rússias pede um cessar-fogo na Ucrânia para que os fiéis ortodoxos possam celebrar a vigília de Natal e o dia da Natividade de Cristo que, para as Igrejas Orientais, caem nos dias 6 e 7 de janeiro.
Giancarlo La Vella – Vatican News
Na Ucrânia calem-se as armas do meio-dia do dia 6 de janeiro à meia-noite do dia 7 de janeiro. Este é o forte apelo feito às autoridades de Kiev e Moscou por Kirill, patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias. O apelo ao cessar-fogo, publicado no site da Igreja ortodoxa Russa, visa garantir que os fiéis ortodoxos possam passar as festividades de Natal em segurança e paz, participando dos cultos da Vigília e do Natal. O desejo de Kirill, que corresponde ao de grande parte da comunidade internacional, é dirigido às partes envolvidas no conflito. A Rússia e a Ucrânia são ambos países com uma esmagadora maioria ortodoxa, e em ambos os países os conflitos ligados à guerra se estenderam às relações entre as Igrejas russa e ucraniana.
A Turquia também pede uma trégua
O fato de que negociações e conversações de paz só podem ocorrer se os exércitos pararem suas atividades de guerra é uma proposta também lançada pelo presidente turco, Erdogan. Em um telefonema ao seu homólogo russo Putin, o chefe de Estado pediu à Rússia um cessar-fogo unilateral. Somente então, disse Erdogan, será possível que as partes se sentem à mesa de negociações para encontrar uma solução justa para a guerra em curso. Foi o que a presidência turca referiu sobre o contato telefônico entre os dois chefes de Estado.
Relações bilaterais entre Ancara e Moscou
No telefonema entre os dois líderes, afirma o comunicado da presidência, foram também discutidos temas como energia, relações bilaterais e Síria. Em particular, Erdogan disse que havia reforçado as infraestruturas para a criação de um centro de gás natural na Turquia e que completaria seu projeto sobre o assunto o mais rápido possível. De acordo com a agência de notícias Tass, Erdogan também pediu medidas específicas para livrar o norte da Síria do que ele chamou de terroristas curdos.
Fonte: Vatican News
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Schevchuk: Senhor, encha a terra ucraniana com a alegria celestial do Natal
"Ao cantar nos textos litúrgicos que Cristo nasceu dentro de uma gruta, numa manjedoura, professamos a fé de que a sua vinda é a manifestação de indescritível rebaixamento, mortificação e, ao mesmo tempo, que a finalidade principal da sua vinda é a nossa salvação. Não importa em que profundo recesso de desespero ou alienação nos encontremos, o Senhor vem ao coração da terra, pois Ele então descerá ao Hades, o lugar das trevas, o lugar de espera dos mortos, e levará todas as pessoas à luz."
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é quarta-feira, 4 de janeiro de 2023, e na Ucrânia já é o 315º dia da agressão militar em grande escala que o ocupante russo trouxe à nossa pacífica terra.
Também o dia de ontem e a noite passada foram sangrentos e difíceis para nosso povo, nosso exército, para nossos irmãos e irmãs na área do front. O inimigo está bombardeando continuamente nossas fronteiras no norte de nossa pátria: nas regiões de Chernihiv, Sumy e Kharkiv. Um "arco de fogo" está queimando nas regiões de Donetsk e Luhansk, onde estão acontecendo batalhas extremamente pesadas e de alta intensidade. E como sempre, o lugar do maior confronto e confronto é a heróica Bakhmut, já conhecida em todo o mundo, e nossa igualmente heróica cidade de Avdiyivka.
Também na noite de ontem, o inimigo lançou um ataque de foguete contra a heróica cidade de Zaporizhzhya. Alguns elementos da infraestrutura foram danificados, houve um incêndio e temos novamente pessoas feridas. Além disso, durante a noite, com artilharia pesada, o inimigo desferiu um duro golpe em nossa martirizada Nikopol, na região de Dnipropetrovsk. Em nossa região de Kherson, o rio Dnipro se transformou em uma linha de frente, e o inimigo está bombardeando incessantemente a margem direita do rio, ou seja, a própria cidade de Kherson e nossas outras cidades e povoados recentemente libertados. Nossa cidade de Beryslav sofreu danos onde o inimigo bombardeou o mercado local.
Mas, não obstante tragédias, essa dor, apesar dos danos e da destruição, a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!
Passo a passo nos aproximamos do Natal. Entramos neste mistério da Natividade de Cristo lendo vários símbolos, vários sinais que a nossa divina liturgia nos dá como forma mistagógica de nos introduzir nas profundezas do mistério.
Já refletimos sobre palavras como “hoje”, “este dia”. Porque «Hoje a Virgem vem dar à luz na manjedoura o Verbo eterno», canta a Igreja. Já refletimos sobre o simbolismo espiritual e teológico da luz , sobre o significado da luz na Natividade de Cristo. Hoje, porém, quero refletir com vocês sobre um detalhe muito importante, às vezes esquecido, sobre a realidade deste evento da Natividade de Cristo. Para muitos cristãos, o Natal está associado a uma atmosfera muito calorosa, até mesmo romântica, em uma aconchegante festa em família. Porém, não se deve esquecer que há um outro lado desta celebração. 
A vinda ao mundo do filho de Deus e sua encarnação é, por assim dizer, um ato muito ousado de Deus, em certo sentido, até mesmo perigoso. O filho de Deus nascido se rebaixa voluntariamente para ser solidário com o homem. O apóstolo Paulo fala muito eloquentemente disso em sua carta aos Filipenses, onde escreve: "ele" , - isto é Cristo - "“sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens, tornando-se obediente até a morte, a morte de cruz”.
Para os Santos Padres esta humilhação de Deus começa já no Natal do filho de Deus.A humilhação, esta kenosis de Deus que é a plenitude do ser, é muito mais profunda, torna-se pobre, como se estivesse vazia. Deus se rebaixa ao ser homem. Deus se faz tão pobre que nasce numa manjedoura, numa gruta, enriquecendo-nos de sua divindade. E nós, empobrecidos pelo pecado e pelo afastamento de Deus, agora nos tornamos ricos graças ao seu dom generoso.
Deus se faz humilde, Deus se abaixa, Deus se faz pobre para glorificar, elevar, enriquecer o homem. Daí vem aquele elemento do Natal que é a troca de presentes, a troca de presentes entre as pessoas, e o próprio Natal é a troca de presentes entre Deus e o homem.
A palavra "presépio", que muitas vezes ouviremos em nossas canções, nossas canções de Natal, para a maioria de nós hoje significa uma ação teatral programada para o nascimento de Cristo. Mas o significado literal da palavra presépio é o abrigo, celeiro ou caverna onde Cristo nasceu.
Um dos elementos desta humilhação de Deus diante do homem é precisamente o fato de que - para nascer - o Filho de Deus não encontrou lugar entre os homens. José e Maria bateram em vários albergues, em várias portas e não houve lugar para a Virgem que daria à luz o Filho de Deus. É aqui, na gruta, neste lugar de alienação, de escuridão e de esquecimento que Cristo preenche inteiramente. Se olharmos hoje para o ícone da Natividade de Cristo, veremos uma mancha preta no centro. Veremos uma gruta escura, uma manjedoura onde vem a luz divina do Natal de Cristo: naquele coração da terra Deus vem nascer. Se olharmos para a caverna com atenção, podemos traçar o paralelo com o abismo representado no ícone da descida ao inferno. O nascimento de Jesus está ligado, por um fio misterioso, à sua paixão e ressurreição gloriosa.
Ao cantar nos textos litúrgicos que Cristo nasceu dentro de uma gruta, numa manjedoura, professamos a fé de que a sua vinda é a manifestação de indescritível rebaixamento, mortificação e, ao mesmo tempo, que a finalidade principal da sua vinda é a nossa salvação. Não importa em que profundo recesso de desespero ou alienação nos encontremos, o Senhor vem ao coração da terra, pois Ele então descerá ao Hades, o lugar das trevas, o lugar de espera dos mortos, e levará todas as pessoas à luz.
O segundo rebaixamento que Cristo sofre, segundo a narrativa bíblica e os textos litúrgicos, é sua submissão à ordem de César para se registrar em sua cidade. Sabemos pela história do rei Davi, que o rei Davi queria fazer um censo da população de Israel e então percebeu que estava, de certa forma, invadindo a jurisdição de Deus porque só Deus pode saber tudo sobre as pessoas, sua família: Deus , que dá a vida, pode fazer o recenseamento dessa vida. David então se arrependeu. E hoje o Filho de Deus, esse descendente de Davi, aquele que satisfaz as expectativas de Davi, se humilha e cumpre a ordem de César: vai ser registrado segundo o censo convocado pelo governo romano, ocupante estrangeiro. Deus, que governa sua criação, registrou-se como escravo de César e assim nos liberta da escravidão do pecado. O verdadeiro mestre se torna escravo para nos libertar, escravos, e nos libertar. Este é o aspecto libertador do Natal.
E o terceiro detalhe que vale a pena prestar atenção hoje é que essa restrição de Cristo, esse estar envolto em faixas na manjedoura é o sinal de que Cristo veio para quebrar os laços do pecado em que estávamos enredados. Cristo assume voluntariamente sobre si as consequências do pecado original. Estando livre do pecado, ele leva o que o pecado trouxe ao homem. Entre no coração da terra para nos libertar das profundezas do inferno. Ele é registrado como escravo de César para que, como filho de Deus, possa nos tornar filhos e filhas livres do Pai Celestial. Ele envolve-se em panos para afrouxar os laços da nossa escravidão ao pecado e nos libertar já no seu glorioso e luminoso Natal.
Senhor, abençoe a Ucrânia! Jesus Cristo, tu que vieste libertar o homem das amarras do pecado, da escravidão do opressor moderno, das trevas da alienação, vinde a nós e abençoai-nos, livrai-nos do pecado, libertai-nos, dai-nos a vossa luz celestial , dando esperança a quem caiu no desespero, dando força a quem perdeu a esperança. Venha até nós hoje, em nossa caverna ucraniana, no coração de nossa terra ucraniana, e encha-a com a alegria celestial do Natal.
Deus, abençoe nosso exército ucraniano! Liberte os prisioneiros e reféns, liberte nossos padres Ivan e Bohdan que estão em cativeiro, no cativeiro do ocupante russo. Deus, abençoe a terra ucraniana com Sua paz celestial!
Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade, agora e para todo e sempre, amém!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
04.01.2023
Fonte: Vatican News
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Bento «magno» e uma onda de gratidão
Peregrinos deixaram Praça de São Pedro em clima de celebração pela vida do Papa emérito
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
As cerca de 50 mil pessoas que participaram hoje no funeral de Bento XVI (1927-2022) deixaram a Praça de São Pedro com várias manifestações de homenagem e gratidão ao Papa emérito.
Um grupo de peregrinos da Alemanha mostrava um cartaz em que se lia “Obrigado, Papa Bento XVI”, sendo ainda visíveis várias bandeiras germânicas e trajes típicos da Baviera, numa celebração dos conterrâneos de Joseph Ratzinger.
A Avenida da Conciliação, que liga o Vaticano à cidade de Roma, chegou a ser tomada, durante alguns minutos, por uma banda, que ofereceu música a quantos celebravam a vida do Papa alemão, após a celebração presidida pelo seu sucessor, Francisco.
Sob fortes medidas de segurança, os peregrinos enfrentaram o frio e o nevoeiro desde as primeiras horas da manhã, para assegurar o melhor lugar possível num espaço limitado, tanto pela colocação de cadeiras para milhares de concelebrantes como pela presença, nesta época do calendário litúrgico, do presépio monumental e da árvore de Natal.
A multidão (50 mil pessoas, segundo estimativas da Gendarmaria do Vaticano) despediu-se com gritos de “Benedetto” e “Santo Subito” (Santo já), mensagem visível também numa faixa, na Praça de São Pedro.
Após a cerimónia “simples”, como tinha anunciado o Vaticano, em resposta aos pedidos do próprio Bento XVI, um grupo de italianos estendeu um cartaz com a mensagem “Papa Benedetto Magno” (Papa Bento, o grande), título de honra atribuído até hoje a três pontífices (São Leão, São Gregório e São Nicolau), que viveram entre o século V e o século IX.
Nicásio, da Sicília, teve a ideia de criar a faixa, com dois amigos italianos, e refere à Agência ECCLESIA a convicção de que “Bento XVI é grande, tanto do ponto de vista teológico, tendo escrito sobre diversos temas, com enorme alcance, como do ponto de vista humano, de enorme espiritualidade e humildade, como mostrou com o ato heroico da renúncia”.
“Estamos felizes por ver que esta opinião é partilhada por muitos fiéis”, acrescenta, considerando que o falecido Papa será, no futuro, “mais valorizado do que foi até agora”.
Bento XVI foi sepultado, por seu desejo expresso, na Cripta da Basílica de São Pedro, no túmulo que recebeu São João Paulo II, antes de o Papa polaco ser transferido para uma capela perto da ‘Pietà’ de Michelangelo, após a sua canonização.
O caixão em cedro foi selado com os selos da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo de São Pedro, antes de ser colocado numa urna em zinco e num terceiro caixão, em madeira.
Cerca de 200 mil pessoas passaram pela Basílica de São Pedro, entre segunda e quarta-feira, para homenagear o Papa emérito.
Fonte: agência Ecclesia
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Arcebispo Gänswein revela como foram os últimos dias de Bento XVI
I.Media para Aleteia 
"Graças a Deus, a agonia não durou muito", disse o secretário de Bento XVI sobre os últimos instantes do Papa Emérito antes de partir para a eternidade.
Colaborador de Joseph Ratzinger desde 1996 e seu secretário particular de 2003 a 2022, o arcebispo Georg Gänswein foi um dos mais próximos do Papa Emérito em seus últimos dias. Em entrevista ao Vatican News em 4 de janeiro de 2023, ele contou como foi a última semana do Papa Bento XVI.
O secretário explicou que foi à Alemanha em 26 de dezembro para visitar sua família. Na manhã seguinte, uma das leigas consagradas do Mosteiro Mater Ecclesiae telefonou-lhe para lhe dizer que Bento XVI havia passado uma noite muito ruim e que o Dr. Patrizio Polisca, cardiologista italiano que cuidava do pontífice emérito, havia chegado.
O arcebispo Gänswein decidiu voltar para Roma. Ele chegou ao Mosteiro Mater Ecclesiae à 1h do dia 28 de dezembro. “Fui imediatamente para a cama dele e fiquei com medo, pois ele estava respirando muito forte”, revelou o secretário.
Pela manhã, ele ligou para o Papa Francisco para avisá-lo da situação do Papa Emérito. Este foi o dia em que o Papa alertou o mundo, durante a audiência de quarta-feira, que Bento XVI estava muito doente. 
Logo após a audiência, Francisco foi abençoar seu antecessor. O resto do dia foi “difícil”, disse o arcebispo Gänswein, mas na manhã seguinte, “contra todas as probabilidades”, a saúde do pontífice emérito melhorou, sem que o médico pudesse explicar.
No entanto, a situação voltou a piorar e o arcebispo Gänswein decidiu dar a Bento XVI a Unção dos Enfermos. Em seguida, uma Missa foi celebrada em seu quarto enquanto ele estava na cama. Bento XVI comungou, recebendo apenas o sangue de Cristo com uma colher litúrgica porque não conseguia comer “há dois dias”.
A última noite do Papa alemão, de 30 a 31 de dezembro, “correu muito bem”, explicou seu secretário. Foi nesta noite que o Pontífice Emérito disse “Senhor, eu te amo” em italiano a um enfermeiro, entre 2h50 e 3h10.
Então chegou a manhã e “em três horas” ele estava muito debilitado, diz o arcebispo Gänswein. “Graças a Deus, a agonia não durou tanto, uns bons três quartos de hora”, antes de passar para a eternidade, às 9h34.
Na entrevista, o arcebispo alemão também falou sobre sua relação pessoal com Bento XVI, dizendo que ele viveu uma verdadeira “Via Crucis” ao seu lado nos últimos dias. Mas Gänswein diz que se lembra, acima de tudo, de sua “alegria” e está feliz que os “profundos tesouros” que Bento XVI deixa como legado serão descobertos por muitos.
Fonte: Aleteia
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Cardeal Zen vai ao funeral de Bento XVI com autorização da Justiça chinesa
O cardeal Joseph Zen compareceu hoje (5) ao funeral do papa emérito Bento XVI. A Justiça de Hong Kong liberou o passaporte dele por cinco dias para permitir que ele viajasse a Roma.
O cardeal de 90 anos chegou à praça de São Pedro andando com o auxílio de uma bengala para concelebrar a missa fúnebre.
O bispo emérito de Hong Kong, que foi preso sob a lei de segurança nacional da cidade no ano passado, recebeu permissão de uma corte local para viajar à Itália para comparecer ao funeral do falecido papa que o nomeou cardeal.
Um juiz decidiu na terça (3) que o cardeal chinês teria permissão para deixar Hong Kong por cinco dias com seu passaporte anteriormente confiscado devolvido a ele de forma temporária.
O cardeal escreveu em seu blog que Bento XVI foi “um grande defensor da verdade” que realizou ações “extraordinárias” para apoiar a Igreja na China, apesar de muitas contrariedades.
“Como membro da Igreja na China, sou imensamente grato ao papa Bento por ter feito coisas que não fez por outras Igrejas”, escreve Zen.
O cardeal de Hong Kong recorda, particularmente, a carta à China de Bento XVI de 2007, que Zen chama de “uma obra-prima de equilíbrio entre a lucidez da doutrina eclesiológica católica e a compreensão humilde em relação à autoridade civil”.
Zen também critica “erros” na tradução oficial chinesa da carta de Bento XVI, que ele disse acreditar conter “citações tendenciosas contra o sentido óbvio da carta”
“Outra coisa extraordinária que ele fez pela Igreja na China foi a constituição de uma poderosa Comissão para cuidar dos assuntos da Igreja na China; infelizmente, sob o novo presidente da referida Comissão, ela foi feita para desaparecer silenciosamente, sem sequer uma palavra de despedida respeitosa”, acrescenta o cardeal.
Bento XVI nomeou Zen cardeal em 2006 e escolheu-o para escrever as meditações para a Via Sacra papal no Coliseu em 2008, um ano antes da aposentadoria de Zen como bispo de Hong Kong.
Zen sublinha que vê Bento XVI como um papa que “muitas vezes foi incompreendido e às vezes não seguido”, mas disse que é “precisamente nesses casos, que parecem falhas, que pude admirar sua grande fortaleza e magnanimidade diante das contrariedades.”
“Apesar de seus grandes esforços, o papa Bento XVI não conseguiu melhorar a situação da Igreja na China. Ele não podia aceitar um compromisso qualquer”, disse o cardeal chinês.
O cardeal, nascido em Xangai, acrescenta que está “convencido de que todo esforço para melhorar a situação da Igreja na China [no futuro] deverá ser feito de acordo com a Carta de 2007”.
“Ao nos lembrarmos do grande pontífice, lembremos que agora o temos como um poderoso intercessor no Céu. Com sua intercessão, rezamos para que todos, a Igreja em Roma, a Igreja na China e as autoridades chinesas sejam movidas pela graça de Deus para trazer a verdadeira paz para a Igreja e nossa pátria”, diz Zen.
Fonte: Vatican News
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Papa emérito morreu em seu tempo litúrgico favorito, diz secretário de Bento XVI
 Bento XV I “morreu na oitava de Natal, seu tempo litúrgico preferido, no dia de um de seus antecessores, São Silvestre, Papa sob o Imperador Constantino”, disse o secretário pessoal de Bento XVI, arcebispo Georg Gänswein, em entrevista ao Vatican News ontem (4).
A oitava do Natal é celebrada na Igreja de 25 de dezembro a 1º de janeiro, dia em que é celebrada a Solenidade de Maria Mãe de Deus.
O arcebispo disse também que Bento XVI foi “eleito na data em que se comemora a memória de um papa alemão, são Leão IX, da Alsácia; e morreu no dia de um papa romano, são Silvestre”.
Assim que ocorreu a morte do papa, o arcebispo alemão disse aos presentes que ligaria imediatamente para o papa Francisco, para que ele fosse “o primeiro a saber. Liguei para ele e ele disse: 'Estou indo agora!'”
“Quando chegou, eu o acompanhei até o quarto onde ele morreu e disse a todos: ‘Fiquem’. O papa saudou, eu lhe ofereci uma cadeira, ele se sentou ao lado da cama e rezou. Deu a bênção e depois se despediu. Isto aconteceu no dia 31 de dezembro de 2022”, contou o secretário de Bento XVI.
Os últimos momentos de Bento XVI
Dom Gänswein contou que não ouviu as últimas palavras de Bento XVI: “Senhor, eu te amo!”, mas uma enfermeira lhe contou, que as ouviu por volta das 3h de 31 de dezembro.
“Normalmente, rezávamos as laudes ao lado de sua cama: também naquela manhã, eu disse ao Santo Padre: "Vamos fazer como ontem: eu rezo em voz alta e o senhor se une espiritualmente". Com efeito, ele não tinha mais condições de rezar em voz alta, estava realmente fatigado. Naquele momento ele apenas abriu um pouco os olhos - tinha entendido a pergunta - e acenou com a cabeça sim. Então, eu comecei”, contou o arcebispo.
“Por volta das 8 horas, ele começou a respirar cada vez com mais dificuldade. Havia dois médicos no quarto, o dr. Polisca e um reanimador, e me disseram: "Tememos que esteja chegando o momento dele enfrentar a sua última luta terrena”. Chamei as consagradas “Memores” e também a irmã Brígida, disse-lhes para virem porque ele estava em agonia. Naquele momento, ele estava lúcido”, continuou Gänswein.
“Eu havia preparado com antecedência as orações de acompanhamento para o moribundo, e rezamos por cerca de 15 minutos, todos juntos, enquanto Bento XVI respirava cada vez com mais dificuldade, víamos que ele quase não conseguia respirar bem. Então olhei para um dos médicos e perguntei: "Mas, ele está em agonia?” Ele me respondeu: “Sim, já começou, mas não sabemos quanto tempo dura”, contou dom Gänswein.
Gänswein disse finalmente que as orações continuaram “às 9h34 da manhã ele deu seu último suspiro. Então continuamos as orações não mais pelos moribundos, mas pelos mortos. E concluímos cantando Alma Redemptoris Mater”.
Fonte: ACIDigital
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Bento XVI foi sepultado com este texto
O papa emérito Bento XVI foi sepultado hoje (5) nas grutas vaticanas, logo depois da missa fúnebre celebrada pelo papa Francisco na praça de São Pedro.
A sala de imprensa da Santa Sé divulgou o “Rogito pelo trânsito de Sua Santidade Bento XVI, papa emérito” que é “um texto escrito que descreve o pontificado e que é colocado em um cilindro de metal”.
O cilindro com o Rogito foi colocado na noite de ontem (4) no caixão de Bento XVI antes de ser fechado.
Abaixo, a íntegra do 'Rogito':
À luz de Cristo ressuscitado dos mortos, no dia 31 de dezembro do ano do Senhor 2022, às 9h34 da manhã, quando terminava o ano e estávamos prontos para cantar o Te Deum pelos múltiplos benefícios concedidos pelo Senhor, o o amado Pastor emérito da Igreja, Bento XVI, passou deste mundo ao Pai. Toda a Igreja junto com o Santo Padre Francisco em oração acompanharam seu trânsito.
Bento XVI foi o 265° Papa. Sua memória permanece no coração da Igreja e de toda a humanidade.
Joseph Aloisius Ratzinger, eleito Papa em 19 de abril de 2005, nasceu em Marktl am Inn, no território da Diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927. Seu pai era comissário de polícia e vinha de uma família de agricultores na Baixa Baviera, cujas condições econômicas eram bastante modestas. A mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago Chiem, e antes de se casar trabalhou como cozinheira em vários hotéis.
Passou a infância e a adolescência em Traunstein, pequena cidade perto da fronteira com a Áustria, a cerca de trinta quilômetros de Salzburgo, onde recebeu sua formação cristã, humana e cultural.
O tempo de sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para a dura experiência dos problemas associados ao regime nazista, conhecendo o clima de forte hostilidade para com a Igreja Católica na Alemanha. Nessa situação complexa, ele descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo.
De 1946 a 1951 estudou na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising e na Universidade de Munique. Em 29 de junho de 1951 foi ordenado sacerdote, iniciando no ano seguinte a atividade docente na mesma Escola de Freising. Posteriormente, foi docente em Bonn, Münster, Tübingen e Regensburg.
Em 1962 tornou-se perito oficial do Concílio Vaticano II, como assistente do Cardeal Joseph Frings. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI o nomeou arcebispo de München e Freising e recebeu a ordenação episcopal em 28 de maio do mesmo ano. Como lema episcopal escolheu "Cooperatores Veritatis".
O Papa Montini o criou e o proclamou Cardeal, atribuindo a ele o título de Santa Maria Consolatrice al Tiburtino, no Consistório de 27 de junho de 1977.
Em 25 de novembro de 1981, João Paulo II o nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; e em 15 de fevereiro do ano seguinte renunciou ao governo pastoral da Arquidiocese de München und Freising.
Em 6 de novembro de 1998 foi nomeado Vice-Decano do Colégio dos Cardeais e em 30 de novembro de 2002 tornou-se Decano, tomando posse do Título da Igreja Suburbicariana de Ostia.
Na sexta-feira, 8 de abril de 2005, presidiu a Santa Missa fúnebre de João Paulo II na Praça de São Pedro.
Ele foi eleito Papa pelos Cardeais reunidos no Conclave em 19 de abril de 2005 e assumiu o nome de Bento XVI. Da sacada central da Basílica apresentou-se como “humilde trabalhador na vinha do Senhor”. No domingo, 24 de abril de 2005, iniciou solenemente o seu ministério petrino.
Bento XVI colocou no centro de seu pontificado o tema de Deus e da fé, na procura contínua da face do Senhor Jesus Cristo e ajudando todos a conhecê-lo, em particular mediante a publicação da obra Jesus de Nazaré, em três volumes. Dotado de vasto e profundo conhecimento bíblico e teológico, teve a extraordinária capacidade de elaborar sínteses iluminadoras sobre os principais temas doutrinários e espirituais, bem como sobre as questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea.
Ele promoveu com sucesso o diálogo com anglicanos, com os judeus e com os representantes de outras religiões; assim como retomou os contatos com os padres da Comunidade São Pio X.
Na manhã de 11 de fevereiro de 2013, durante um Consistório convocado para decisões ordinárias sobre três canonizações, após o voto dos Cardeais, o Papa leu a seguinte declaração em latim: «Bene conscius sum hoc munus secundum suam essentiam spiritualem non solum agendo et loquendo exerceri debere, sed non minus patiendo et orando. Attamen in mundo nostri temporis rapidis mutationibus subiecto et quaestionibus magni ponderis pro vita fidei perturbato ad navem Sancti Petri gubernandam et ad annuntiandum Evangelium etiam vigor quidam corporis et animae necessarius est, qui ultimis mensibus in me modo tali minuitur, ut incapacitatem meam ad ministerium mihi commissum bene administrandum agnoscere debeam. Quapropter bene conscius ponderis huius actus plena libertate declaro me ministerio Episcopi Romae, Successoris Sancti Petri, mihi per manus Cardinalium die 19 aprilis MMV commisso renuntiare ita ut a die 28 februarii MMXIII, hora 20, sedes Romae, sedes Sancti Petri vacet et Conclave ad eligendum novum Summum Pontificem ab his quibus competit convocandum esse».
Na última Audiência Geral do pontificado, em 27 de fevereiro de 2013, ao agradecer todos e cada um também pelo respeito e compreensão com que sua decisão foi acolhida, garantiu: «Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que tenho procurado viver até agora todos os dias e que gostaria de viver sempre».
Após uma breve permanência na residência de Castel Gandolfo, viveu os últimos anos de sua vida no Vaticano, no mosteiro Mater Ecclesiae, dedicando-se à oração e à meditação.
O magistério doutrinal de Bento XVI está sintetizado nas três Encíclicas Deus caritas est (25 de dezembro de 2005), Spe salvi (30 de novembro de 2007) e Caritas in veritate (29 de junho de 2009). Entregou à Igreja quatro Exortações Apostólicas, numerosas Constituições Apostólicas, Cartas Apostólicas, bem como as Catequeses propostas nas Audiências Gerais e as alocuções, inclusive as pronunciadas durante as vinte e quatro viagens apostólicas que realizou pelo mundo.
Diante do relativismo crescente e do ateísmo prático sempre mais difundido, em 2010, com o motu proprio Ubicumque et sempre, instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para o qual em janeiro de 2013 transferiu as responsabilidades no campo da catequese.
Lutou firmemente contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis, chamando continuamente a Igreja à conversão, à oração, à penitência e à purificação.
Como teólogo de reconhecida autoridade, deixou um rico patrimônio de estudos e pesquisas sobre as verdades fundamentais da fé.
CORPUS
BENEDICTI XVI P.M.
VIXIT A. XCV   M. VIII   D. XV
ECCLESIÆ UNIVERSÆ PRÆFUIT A. VII   M. X   D. IX
A D. XIX   M. APR.   A. MMV   AD D. XXVIII   M. FEB.   A. MMXIII
DECESSIT DIE XXXI M. DECEMBRIS ANNO DOMINI MMXXII
Semper in Christo vivas, Pater Sancte!
Celebrationum tumulationisque testes fuerunt
Fonte: ACIDigital
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Agradecemos sinceramente a Deus por ter nos dado o papa Bento XVI, escreve o papa Francisco
 O papa Francisco escreveu o prólogo do livro “Deus é sempre novo” que reúne pensamentos espirituais de Bento XVI e será publicado em 14 de janeiro pela Libreria Editrice Vaticana.
No prólogo, o papa Francisco escreveu que Bento XVI fazia “teologia de joelhos e sob a orientação do Espírito Santo "buscava uma compenetração cada vez maior do mistério de Jesus que o fascinara desde sua juventude".
Francisco escreveu que “a forma como Bento XVI foi capaz de fazer interagir coração e razão, pensamento e afetos, racionalidade e emoção é um modelo fecundo sobre como poder contar a todos a força clamorosa do Evangelho".
Para o papa, a capacidade de Bento “de mostrar a profundidade da fé cristã sempre nova” brilha no livro.
“A profundidade do pensamento de Joseph Ratzinger – continuou o papa Francisco –, que se fundamentava na Sagrada Escritura e nos Padres da Igreja, ainda hoje nos é útil”.
Segundo o papa, o livro “aborda uma série de tópicos espirituais e são um incentivo para que permaneçamos abertos ao horizonte da eternidade que o cristianismo tem em seu DNA”.
“O pensamento e o magistério de Bento XVI são e continuarão sendo sempre fecundos ao longo do tempo, porque souberam se concentrar nas referências fundamentais da nossa vida cristã antes de tudo a pessoa e a palavra de Jesus Cristo, e depois as virtudes teologais, ou seja, a esperança, a fé e a caridade.
Por isso, continuou o papa, “toda a Igreja lhe será sempre grata. Para sempre”, disse.
Francisco recordou que “Bento sempre considerou a beleza como uma estrada privilegiada para abrir homens e mulheres ao transcendente e assim poder encontrar Deus, que para ele era a mais alta tarefa e a missão mais urgente da Igreja”.
"Agradecemos sinceramente a Deus por ter nos dado o Papa Bento XVI", disse o papa Francisco.
“Com a sua palavra e o seu testemunho nos ensinou que através da reflexão, do pensamento, do estudo, da escuta, do diálogo e sobretudo da oração é possível servir a Igreja e fazer o bem a toda a humanidade”, escreve o papa no prólogo .
Por fim, lembrou que a busca pelo “diálogo com a cultura do próprio tempo sempre foi um desejo ardente de Joseph Ratzinger”.
Fonte: ACIDigital
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Secretário de Bento XVI conta detalhes inéditos da renúncia do papa
 O ex-secretário do papa Bento XVI, arcebispo Georg Gänswein, contou como foi a sua reação quando soube da renúncia do papa.
“O papa Bento XVI me falou sobre isso quando estávamos em Castel Gandolfo, no final de setembro de 2012, ou seja, alguns meses antes (da renúncia)”, disse dom Gänswein em declarações à Associated Press (AP). Castel Gandolfo é a residência de verão dos papas e fica 18 quilômetros a sudeste de Roma.
“Minha reação imediata foi dizer a ele: 'Santo Padre, isso não é possível, é impossível'”, acrescentou Gänswein.
“Eu disse isso a ele, assim como falo com você agora. Eu disse a ele: 'Santo Padre, isso não é possível, temos que pensar em reduzir as coisas que devem ser vistas, e assim pouco a pouco, mas sair, renunciar, é impossível'”, continuou o arcebispo.
Bento XVI “deixou-me falar por um tempo e depois me disse: ‘Você pode imaginar que pensei muito sobre isso, refleti, rezei, lutei. E agora estou lhe comunicando que tomei essa decisão, que não está em discussão, não é uma questio disputanda (um assunto a ser debatido), mas que está decidida. Estou lhe contando agora e você não pode contar a ninguém'", disse o secretário de Bento XVI.
Dom Gänswein também contou que Bento XVI “uma vez me disse que ‘durante anos agi como João Paulo II quando ele ficou doente. Não posso e não quero copiar, porque não sou eu. Eu devo conduzir a minha própria vida, com minhas opções, com minhas forças e não me comparar com algo que não dá certo no final' e foi assim que ele tomou essa decisão".
“Esta decisão requer não só coragem, muita e muita coragem, mas também humildade, muita e muita humildade, caso contrário não teria sido possível e não será possível”, disse Gänswein.
O secretário disse ainda que "qualquer um que acredite que possa haver um papado pacífico errou de profissão, isso não é possível".
Ao responder sobre os escândalos morais e econômicos da Igreja, o secretário de Bento XVI disse que "a palavra escândalo é certamente um pouco forte, mas é verdade que durante o pontificado houve muitos problemas, como diz, internos com os Vatileaks, e com o IOR (o Banco do Vaticano)”.
“Não foi a primeira nem a última vez durante o papado de Bento XVI, mas é óbvio, como diz o papa Francisco, o diabo não dorme, certamente sempre tentará bater onde mais dói”.
A renúncia de Bento XVI
Bento XVI anunciou sua renúncia ao pontificado em 11 de fevereiro de 2013, decisão que entrou em vigor em 28 de fevereiro, 17 dias depois.
Em entrevista concedida em 2016 ao jornal italiano La Repubblica, Bento XVI disse que tomou a decisão de renunciar depois da viagem que fez ao México e a Cuba em 2012, com a convicção de que devido a sua condição física não poderia comparecer à Jornada Mundial da Juventude do Rio em 2013.
"Ficou claro, deste modo, que não estava na capacidade de participar da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro no verão (europeu) de 2013, já que se opunha claramente o problema do fuso horário "
"A partir de então, devia decidir em um tempo relativamente breve a data da minha aposentadoria", disse.
Fonte: ACIDigital
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Do dia 04/01/2023
Bento XVI: Milhares de pessoas participam no funeral, presidido pelo Papa Francisco
Celebração, que seguiu o rito das exéquias de um pontífice, tem vários momentos simbólicos
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 05 jan 2022 (Ecclesia) – Milhares de pessoas acorreram à Praça de São Pedro, no Vaticano, para participar no funeral do Papa emérito Bento XVI, presidido pelo seu sucessor, Francisco, a partir das 09h30 locais (08h30 em Lisboa).
Sob fortes medidas de segurança, os peregrinos enfrentaram o frio e o nevoeiro desde as primeiras horas da manhã, para assegurar o melhor lugar possível num espaço limitado, tanto pela colocação de cadeiras para milhares de concelebrantes como pela presença, nesta época do calendário litúrgico, do presépio monumental e da árvore de Natal.
O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice (Santa Sé) divulgou o esquema do funeral de Bento XVI, falecido no último sábado, aos 95 anos de idade.
A “Missa exequial pelo Sumo Pontífice Emérito Bento XVI”, presidida por Francisco, seguiu no essencial o modelo das exéquias de um Papa em funções.
Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, apontou alguns “elementos originais”, entre eles a referência a um “Papa emérito”, e outros que não são incluídos, porque dizem respeito à morte de um pontífice em exercício, como, por exemplo, as súplicas da Diocese de Roma e das Igrejas Orientais, no momento da sepultura.
Após as 19h00 de quarta-feira, quando a porta da Basílica de São Pedro encerrou portas aos peregrinos e visitantes que se despediram do Papa emérito, o caixão, em madeira de cedro, foi fechado num rito privado.
O mestre das Celebrações Litúrgicas, monsenhor Diego Ravelli, leu o ‘rogito’ – elegia em latim, relatando os principais atos da vida do falecido Papa -, e, em seguida, estendeu-se o véu de seda branca sobre o rosto do defunto, que foi aspergido com água benta.
Junto ao corpo de Bento XVI foi colocado um saco com as moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado, os pálios (insígnia litúrgica que é símbolo de autoridade nas arquidioceses metropolitas, como a de Munique e de Roma, servidas por Joseph Ratzinger) e o tubo com o ‘rogito’, depois de selado com o selo do Departamento das Celebrações Litúrgicas.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé explicou que, pelo contrário, a férula papal (o corresponde ao báculo, que é encimado por uma cruz) não é colocada no caixão, sendo o seu uso associado a um Papa reinante.
    Cerca de 45 minutos antes do início do funeral, o corpo foi transportado da Basílica de São Pedro para a Praça, onde é recitado o Rosário (mistérios dolorosos).
O momento da chegada do caixão foi assinalado pela multidão com várias salvas de palmas.
A última Missa exequial de uma Papa foi celebrada a 8 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, sob a presidência do então cardeal Joseph Ratzinger, decano do Colégio Cardinalício, que seria eleito como Papa, assumindo o nome de Bento XVI.
A celebração conta com leituras bíblicas diferentes das do funeral do santo polaco, sendo a passagem do Evangelho tirada do capítulo 23 de São Lucas.
“Um dos malfeitores suspenso na cruz blasfemava contra Ele, dizendo: «Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!». Mas o outro, em resposta, repreendendo-o severamente, afirmou: «Nem a Deus temes, tu que estás sujeito à mesma pena?». Para nós é justo, pois recebemos o que as nossas ações mereciam, mas este nada fez de errado». E dizia: «Jesus, recorda-te de mim quando fores para o teu reino». Ele disse-lhe: «Amen te digo: hoje estarás comigo no paraíso»”. (LC 23, 39-46)
O Papa Francisco proferiu a homilia da Eucaristia e o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, vai celebrar no altar, como tem acontecido em várias celebrações dos últimos meses, devido às limitações físicas do atual pontífice.
Após a homilia, os presentes rezaram por Bento XVI, para que “o eterno Pastor o acolha no seu reino de luz e de paz”, numa oração em alemão.
Outra das intenções da oração universal foi ser lida em português: “Pelos irmãos e irmãs atribulados pela pobreza e a indigência em todas as suas formas, que a caridade de Deus nos abra à compaixão e ao acolhimento dos últimos e dos pobres”.
Após a Comunhão, decorreu o rito da ‘Ultima Commendatio’ (última encomendação) e da Valedictio (adeus), e o Papa aspergiu a urna com água benta, antes da sepultura, em cerimónia privada.
Bento XVI foi sepultado, por seu desejo expresso, na Cripta da Basílica de São Pedro, no túmulo que recebeu São João Paulo II, antes de o Papa polaco ser transferido para uma capela perto da ‘Pietà’ de Michelangelo, após a sua canonização.
O caixão em cedro foi selado com os selos da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo de São Pedro, antes de ser colocado numa urna em zinco e num terceiro caixão, em madeira.
A cerimónia demorou cerca de duas horas e foi concelebrada por um número estimado de 125 cardeais e 400 bispos, incluindo representantes portugueses – os cardeais D. Manuel Clemente, D. António Marto e D. José Tolentino Mendonça, bem como os bispos D. José Ornelas (presidente da CEP), D. Carlos Azevedo (delegado do Comité Pontifício das Ciências Históricas) e D. Américo Aguiar (presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023) e vários clérigos ao serviço da Santa Sé – e cerca de 4 mil sacerdotes.
A Missa Exequial pelo Sumo Pontífice Emérito Bento XVI foié uma capela papal, termo que se aplica às celebrações litúrgicas mais solenes sob a presidência ou com a assistência do Papa, na Basílica de São Pedro.
O livrete da celebração apresentava, na sua página inicial, o quadro “A deposição” de Jesus (1603-1604), de Caravaggio, conservado nos Museus do Vaticano.
Fonte: Agência Ecclesia
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Abertas as inscrições ao encontro “Catequese Renovada – 40 anos” de 1º a 3 de setembro, no Santuário de Aparecida
A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu nesta quarta-feira, 4 de janeiro, as inscrições para o encontro “Catequese Renovada – 40 anos” que acontecerá de 1º a 3 de setembro de 2023, em Aparecida (SP), no Santuário Nacional de Aparecida.
 O encontro tem o objetivo de revisitar o documento “Catequese renovada: orientações e conteúdo” aprovado na 21ª Assembleia Geral da CNBB, em abril de 1983 e reimpulsionar sua recepção na Igreja no Brasil. De acordo com a assessora da Comissão, Maria Aparecida Venâncio, trata-se do documento mais importante para a Igreja do Brasil em termos de catequese, até a publicação do novo Diretório Nacional de Catequese (DNC). O documento, que impulsionou a renovação da catequese nestes últimos 40 anos, CR permanece como uma grande referência para a catequese no Brasil.
Para garantir a inscrição, com R$ 250,00 até dia 2 de abril e R$ 280,00 até 10 de agosto deste ano, é necessário entrar no hot site do evento (link) e preencher, se cadastrar na página de serviços da CNBB e preencher o formulário. A inscrição inclui a participação nas atividades, os lanches entre as atividades do dia e o kit do evento (que será entregue no primeiro dia no credenciamento).
Fonte: CNBB
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Edições CNBB publica versão em português do Documento “Por uma Igreja sinodal em saída para as periferias”
Um ano depois da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que se realizou na Cidade do México, em 2021, a presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) apresentou o documento “Por uma Igreja sinodal em saída para as periferias”, cujas reflexões e propostas pastorais foram lançadas na sede do Dicastério para a Comunicação, no Vaticano, em outubro de 2022.
Agora, em janeiro de 2023, a Edições CNBB publicou a versão em português do Documento já o colocando disponível para venda em seu site e lojas físicas.
    O texto oferece uma contribuição significativa para a reflexão e o caminho das comunidades em nosso continente, com a certeza de que “somos todos discípulos missionários em saída”.
O Documento compartilha com os diferentes membros do povo de Deus as grandes linhas pastorais discernidas na Assembleia Eclesial para orientar a ação evangelizadora futura. A autoridade do texto é dada por três instâncias interrelacionadas.
Por um lado, a nível eclesial, tem o valor e o poder de toda a Assembleia. No nível institucional, tem a autoridade de ser um texto que reúne as conclusões de uma Assembleia convocada e realizada pelo Celam, cuja presidência decidiu como elaborá-lo. No nível teológico tem o apoio e a fundamentação da Equipe de Reflexão Teológica, que trabalhou durante meio ano estudando e assimilando a documentação e as intervenções, aprofundando e sistematizando seu conteúdo, ordenando e projetando suas propostas evangelizadoras.
Conteúdo
A terceira parte, intitulada “Superabundância criativa em nossos caminhos para percorrer”, tem um caráter marcadamente pastoral. Seu objetivo é apresentar novos caminhos evangelizadores, além de formular e elaborar as orientações pastorais que emergiram do discernimento comunitário da Assembleia Eclesial.
Fonte: CNBB
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Papa Francisco nomeia dom Juarez de Souza da Silva para a arquidiocese de Teresina (PI)
O Papa Francisco, acolhendo o pedido de renúncia apresentado por dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, nomeou, nesta quarta-feira, 4 de janeiro, dom Juarez de Souza da Silva, até então bispo de Parnaíba (PI), como o oitavo arcebispo de Teresina (PI).
Trajetória de dom Juarez de Souza
Dom Juarez Sousa da Silva nasceu no interior do município de Barras, hoje município de Cabeceiras do Piauí (PI), no dia 30 de junho de 1961. É o primogênito dos sete filhos do casal Anísio Marques da Silva e Maria José Sousa da Silva.
Cursou o ensino fundamental nas escolas Olímpio e Gervásio Costa, em sua cidade natal, e o ensino médio, no Curso Técnico Tradutor e Intérprete no seminário da Assunção, em Jacarezinho (PR), fez bacharelado em Filosofia e Teologia no seminário Maior Sagrado Coração de Jesus, em Teresina (PI), é graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), mestre em História Eclesiástica pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma – Itália.
Foi ordenado diácono no dia 10 de julho de 1993, na catedral de Santo Antonio, em Campo Maior (PI); Presbítero, em 19 de março de 1994, na matriz Nossa Senhora da Conceição, em Barras (PI); Sagrou-se bispo, em 17 de maio de 2008, na catedral Nossa Senhora da Vitória, em Oeiras (PI), onde seu exerceu seu ministério episcopal, até ser transferido para a diocese de Parnaíba, como bispo coadjutor.
No dia 6 de janeiro de 2016, a nunciatura apostólica no Brasil, fez conhecer que o Papa Francisco nomeou dom Juarez Sousa da Silva como bispo coadjutor da diocese de Parnaíba (PI), transferindo-o da sede episcopal de Oeiras (PI).
Ao ser nomeado coadjutor, dom Juarez passaria a ser o próximo bispo diocesano de Parnaíba, fato ocorrido no dia 24 de agosto do mesmo ano, por ocasião da acolhida da renúncia de dom Alfredo Schaffler. O  bispo assumiu como seu lema episcopal: Ut vitam habeant, “Para que tenham vida” (Jo 10,10), que expressa a finalidade de sua missão.
Exerceu as seguintes funções anteriores ao episcopado: administrador da paróquia de São José, em Alto (PI), de 1994 a 1996; vice-reitor e administrador do seminário maior Sagrado Coração de Jesus, de 1996 a 1998; Diretor do Instituto Católico de Estudos Superiores do Piauí (ICESPI), de 2002 a 2008; Professor de História da Igreja e Patrística, de 1998 e de 2002 a 2007.
Foi membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bispo referencial da Comissão Nacional de Presbíteros, no período de 2016 a 2019. Atualmente, além de bispo diocesano de Parnaíba, dom Juarez é presidente do regional Nordeste 4 da CNBB e bispo referencial da Catequese no regional.
Trajetória de dom Jacinto Furtado
Natural de Bacabal, no Maranhão, Jacinto Furtado de Brito Sobrinho está à frente da Igreja de Teresina desde 2012, após ser indicado pelo Papa Bento XVI para ocupar a vaga do cardeal Sérgio da Rocha, à época transferido para Brasília.
Foi ordenado padre em 1972 e possui formação em Psicopedagogia. Como bispo, nomeado pelo Papa João Paulo II, em 1998, atuou no município de Crateús, no Ceará. Dom Jacinto é o sétimo arcebispo metropolitano de Teresina.
Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho nasceu em Bacabal (MA) no dia 16 de junho de 1947. Realizou seus primeiros anos de estudos no Grupo Escolar Osvaldo Aranha (1ª a 4ª séries) e no Colégio Nossa Senhora dos Anjos (5ª a 8ª séries), em Bacabal. Fez estudos secundários no seminário Santo Antônio, em Campina Grande. Estudou Filosofia no seminário provincial de Fortaleza e no seminário regional do Nordeste, em Recife. Cursou Teologia no seminário regional do Nordeste, em Recife. Possui formação em psicopedagogia.
Jacinto Brito foi ordenado padre no dia 15 de janeiro de 1972, em Bacabal. Foi pároco na paróquia de São Benedito em Pedreiras, no período de 1972 a 1994. Foi membro do Conselho Pastoral Diocesano (1972-1980); membro da Comissão Nacional do Clero (1980-1983); membro do Colégio de Consultores da Diocese (1984-1994); Vigário geral da diocese (1990-1995). Foi reitor do Seminário Interdiocesano de Santo Antônio, em São Luís (1995-1998), onde também ensinou a disciplina prática sacramental.
Foi nomeado bispo de Crateús pelo Papa João Paulo II, em 18 de fevereiro de 1998. Recebeu a ordenação episcopal no dia 24 de maio de 1998, em Crateús, das mãos de dom Antônio Batista Fragoso, de dom Paulo Eduardo Andrade Ponte e de dom Pascásio Rettler. No dia 22 de fevereiro de 2012, o Papa Bento XVI o nomeou arcebispo de Teresina. Como 2º bispo diocesano de Crateús, sucedeu a dom Antônio Batista Fragoso. É o 7º arcebispo de Teresina, sucedendo a dom Sérgio da Rocha.
Saudação e agradecimento 
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota de saudação ao novo arcebispo de Teresina (PI), dom Juarez de Souza da Silva, e um agradecimento ao dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, agora emérito.
Saudação a dom Juarez de Souza da Silva
Estimado dom Juarez, 
Recebemos com muita alegria a notícia de sua nomeação, feita pelo Papa Francisco, como arcebispo de Teresina (PI). Estamos certos de que sua vocação e espírito missionário serão essenciais ao longo desse novo momento de seu ministério. 
No tempo em que celebramos as exéquias do Papa Emérito Bento XVI, destacamos um trecho da sua mensagem por ocasião do Dia Mundial das Missões, em 2011, para animá-lo neste novo momento de seu ministério:
“A missão universal envolve todos, tudo e sempre. O Evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas é um dom a partilhar, uma boa notícia a comunicar. E este dom-empenho está confiado não só a algumas pessoas, mas a todos os batizados”.
Assim como lembra-nos Jesus – se perseverarmos – nada temos a temer, até das vicissitudes tristes e difíceis da vida, nem sequer do mal que vemos à nossa volta, pois continuamos enraizados no bem.
Que Nossa Senhora Aparecida, serva perseverante na oração (cf. At 1, 12), o fortaleça na sua missão. 
Em Cristo,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler - Arcebispo de Porto Alegre (RS), Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva - Arcebispo de Cuiabá (MT), Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado - Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), Secretário-geral da CNBB
Agradecimento a dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho
Estimado dom Jacinto,
A presidência da CNBB tomou conhecimento, nesta quarta-feira, 4 de janeiro, da decisão do Papa Francisco em acolher o seu pedido de renúncia, de acordo com o cânon 401§1º do Código de Direito Canônico.
Gostaríamos de lhe expressar imensa gratidão por sua vida e serviço junto às igrejas particulares de Crateús (CE) e Teresina (PI) e por seu dedicado empenho na vida missionária, em especial na região Nordeste.
Que a graça de Deus lhe permita continuar, na emeritude, sendo presença solidária e amorosa no meio do povo de Deus e, especialmente, dos que mais precisam.
Com preces,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler - Arcebispo de Porto Alegre (RS), Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva - Arcebispo de Cuiabá (MT), Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado - Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), Secretário-geral da CNBB
Fonte: CNBB
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Na Audiência Geral, a homenagem de Francisco a Bento XVI, "mestre de catequese"
Na primeira Audiência Geral de 2023, o Papa encerrou o ciclo sobre o discernimento, mas antes de sua catequese falou de Bento XVI: "O seu pensamento perspicaz e gentil não foi autorreferencial, mas eclesial, pois sempre quis acompanhar-nos ao encontro com Jesus".
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Uma homenagem ao “grande mestre de catequese”: antes de se dirigir aos fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI para a Audiência Geral, o Papa Francisco voltou seu pensamento ao Papa emérito:
“Antes de começar esta catequese, gostaria que nos uníssemos a quantos, aqui ao lado, prestam homenagem a Bento XVI e dirigir o meu pensamento a ele, que foi um grande mestre de catequese. O seu pensamento perspicaz e gentil não foi autorreferencial, mas eclesial, pois sempre quis acompanhar-nos ao encontro com Jesus. Jesus, o Crucificado Ressuscitado, o Vivente e o Senhor, foi a meta para a qual o Papa Bento nos conduziu, levando-nos pela mão. Que ele nos ajude a redescobrir em Cristo a alegria de acreditar e a esperança de viver.”
Na primeira catequese do ano de 2023, Francisco encerrou o ciclo sobre o discernimento completando o discurso sobre as ajudas que podem e devem sustentá-lo. Uma delas é o acompanhamento espiritual, importante sobretudo para o conhecimento de si que é uma condição indispensável para boas escolhas. “Olhar-se no espelho sozinho nem sempre ajuda, porque alguém pode fantasiar a imagem. Ao invés, olhar-se no espelho com a ajuda de outra pessoa, se verdadeira, isto ajuda.”
Em primeiro lugar, é importante dar-se a conhecer, sem ter medo de compartilhar os aspectos mais frágeis. O orientador não deve decidir por nós, mas nos acompanhar no caminho da vida. “A fragilidade é, na realidade, a nossa verdadeira riqueza”, disse Francisco, que devemos aprender a respeitar e a aceitar; é o que nos torna humanos.
Se for dócil ao Espírito Santo, o acompanhamento espiritual ajuda a desmascarar equívocos até graves na consideração de nós mesmos e na relação com o Senhor.
Narrar diante de outra pessoa o que vivemos ou o que procuramos, em primeiro lugar, ajuda a fazer clareza em nós próprios, trazendo à luz os numerosos pensamentos que habitam em nós.
A pessoa que acompanha não se substitui ao Senhor, não faz o trabalho no lugar da pessoa acompanhada, mas caminha ao seu lado, encoraja-a a ler o que se move no seu coração, o lugar por excelência onde o Senhor fala.
Sempre acompanhado, jamais só
O Papa diz preferir o termo “acompanhador espiritual” e não “diretor espiritual” e a propósito de não caminhar só, repetiu um dito africano, que diz “Se quiser chegar depressa, vá sozinho. Se quiser chegar seguro, vá com os outros”.
“Vá acompanhado, com o seu povo. É importante. Na vida espiritual, é melhor fazer-se acompanhar por alguém que conheça nossas coisas e nos ajude. E isto é o acompanhamento espiritual.”
Outro aspecto importante do acompanhamento espiritual é estar inserido numa comunidade, ou seja, o aspecto da filiação e da fraternidade espiritual, pois “não vamos ao encontro do Senhor sozinhos”. “Não estamos sós, somos gente de um povo, de uma nação, de uma cidade que caminha, de uma igreja, de uma paróquia, deste grupo... uma comunidade em caminho.”
Nossa Senhora, mestra de discernimento
Francisco propôs como “mestra de discernimento” a Virgem Maria, que “fala pouco, ouve muito e conserva no coração”. E contou algo “curioso” que ouviu de uma senhora “muito simples”, que não tinha estudado teologia.
Ela perguntou a Francisco se ele conhecia o gesto que faz Nossa Senhora. Ao não entender, ela respondeu apontando. Nossa Senhora aponta sempre para Jesus. “Isto é belo: Nossa Senhora não toma nada para si, aponta para Jesus.”
O discernimento é uma arte
“Caros irmãos e irmãs, o discernimento é uma arte, uma arte que se pode aprender e que tem as suas próprias regras. Se for bem aprendido, ele permite viver a experiência espiritual de forma cada vez mais bonita e ordenada. O discernimento é sobretudo um dom de Deus, que deve ser sempre pedido, sem jamais presumir ser perito e autossuficiente.”
O Papa conclui com uma exortação repetida várias vezes no Evangelho: Não tenha medo! “Se confiarmos na Sua palavra, desempenharemos bem o jogo da vida, e poderemos ajudar outros.”
Fonte: Vatican News
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Dom Georg: Bento XVI viveu amando o Senhor até o fim
Entrevista nos estúdios do Vatican News com o secretário do Papa emérito que faleceu dia 31 de dezembro: a comovedora recordação das suas últimas horas e dos muitos anos passados a seu lado.
Silvia Kritzenberger – Vatican News
Cansado, emocionado, mas ao mesmo tempo em paz. O arcebispo Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular, primeiro do cardeal Joseph Ratzinger e depois do Papa Bento XVI, veio aos estúdios da Rádio Vaticano - Vatican News na manhã desta quarta-feira (04). Em uma entrevista narra os últimos momentos da vida terrena do homem que de 2005 a 2013 serviu à Igreja como Bispo de Roma e depois fez uma escolha histórica com sua demissão do papado há quase dez anos.
Milhares de fiéis prestaram homenagem aos restos mortais do Papa Emérito. O senhor passou grande parte da sua vida ao seu lado, como vive este momento?
Humanamente, muito sofredor. Me faz mal, sofro muito... Espiritualmente, muito bem. Eu sei que o Papa Bento agora se encontra aonde queria ir.
Com qual espírito Bento XVI viveu estes últimos dias? Quais foram suas últimas palavras?
Eu não ouvi suas últimas palavras com meus próprios ouvidos, mas na noite anterior à sua morte, um dos enfermeiros da noite as ouviu. Por volta das três horas ele disse: "Senhor, eu te amo". O enfermeiro me disse isso pela manhã logo que entrei no quarto, estas foram as suas últimas palavras realmente compreensíveis. Normalmente, rezávamos as laudes ao lado de sua cama: também naquela manhã, eu disse ao Santo Padre: "Vamos fazer como ontem: eu rezo em voz alta e o senhor se une espiritualmente". Com efeito, ele não tinha mais condições de rezar em voz alta, estava realmente fatigado. Naquele momento ele apenas abriu um pouco os olhos - tinha entendido a pergunta - e acenou com a cabeça sim. Então, eu comecei. Por volta das 8 horas, ele começou a respirar cada vez com mais dificuldade. Havia dois médicos no quarto - o dr. Polisca e um reanimador - e me disseram: "Tememos que esteja chegando o momento dele enfrentar a sua última luta terrena”. Chamei as consagradas “Memores” e também a irmã Brígida, disse-lhes para virem porque ele estava em agonia. Naquele momento, ele estava lúcido. Eu havia preparado com antecedência as orações de acompanhamento para o moribundo, e rezamos por cerca de 15 minutos, todos juntos, enquanto Bento XVI respirava cada vez com mais dificuldade, víamos que ele quase não conseguia respirar bem. Então olhei para um dos médicos e perguntei: "Mas, ele está em agonia?” Ele me respondeu: “Sim, já começou, mas não sabemos quanto tempo dura”.
E o que aconteceu depois?
Estávamos lá, todos rezavam em silêncio, e às 9h34 da manhã ele deu seu último suspiro. Então continuamos as orações não mais pelos moribundos, mas pelos mortos. E concluímos cantando "Alma Redemptoris Mater". Faleceu na oitava de Natal, seu tempo litúrgico preferido, no dia de um de seus antecessores - São Silvestre, Papa sob o Imperador Constantino. Ele foi eleito na data em que se comemora a memória de um Papa alemão, São Leão IX, da Alsácia; e morreu no dia de um Papa romano, São Silvestre. Eu disse a todos: “Vou ligar para o Papa Francisco, é o primeiro que deve saber”. Eu o chamei, e ele disse: "Estou indo agora!". Quando chegou, eu o acompanhei até o quarto onde ele morreu e disse a todos: "Fiquem". O Papa saudou, eu lhe ofereci uma cadeira, ele se sentou ao lado da cama e rezou. Deu a bênção e depois se despediu. Isto aconteceu no dia 31 de dezembro de 2022.
Quais palavras de seu testamento espiritual lhe tocaram mais?
O testamento como tal me tocou muito. Devo dizer que é difícil escolher algumas palavras. Mas este testamento foi escrito em 29 de agosto de 2006: a festa litúrgica do martírio de São João Batista. Está escrito à mão, com letras pequenas, mas legível, no segundo ano de seu pontificado. Em alemão se diz "O-Ton Benedikt", que significa "este é de fato Bento". Se eu tivesse um texto como tal, sem conhecer o autor, eu o teria reconhecido. Dentro está o espírito de Bento. Lendo-o ou meditando sobre ele, percebe-se que é seu. Ele está todo dentro destas duas páginas.
Em síntese é um agradecimento a Deus e à família ...
Sim. É um agradecimento, mas é também um encorajamento aos fiéis, a não se deixarem enganar por nenhuma hipótese, seja no campo teológico ou filosófico ou em qualquer outro. No final, é a Igreja que comunica, é a Igreja, o Corpo de Cristo que vive, que comunica a fé a todos e para todos. Às vezes, mesmo na teologia, se há teorias muito iluminadas, ou teorias que parecem ser assim, pode ser que depois de um ou dois anos elas já tenham passado. É a fé da Igreja Católica, é isto que verdadeiramente nos leva à libertação e nos coloca em contato com o Senhor.
Qual é a mensagem mais forte de seu pontificado?
Sua força está no lema que escolheu quando se tornou arcebispo de Munique, citando a terceira carta de João: 'cooperatores veritatis', ou seja, 'cooperadores da verdade', o que significa que a verdade não é algo pensado, mas é uma pessoa: é o Filho de Deus. Deus se encarnou em Jesus Cristo, em Jesus de Nazaré, e esta é a sua mensagem: não seguir uma teoria sobre a verdade, mas seguir o Senhor. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Esta é a sua mensagem. Uma mensagem que não é um fardo: ao contrário, é uma ajuda para carregar todos os fardos de cada dia, e isto dá alegria. Os problemas existem, mas quanto mais forte é a fé, a fé deve ter a última palavra.
O mundo jamais esquecerá o 11 de fevereiro de 2013, o anúncio da renúncia. Há aqueles que continuam a dizer que não foi uma escolha livre ou até mesmo que ele de alguma forma quisesse permanecer Papa. O que o senhor acha?
Esta mesma pergunta, eu mesmo lhe fiz em diferentes situações dizendo: "Santo Padre, estão procurando uma dietrologia sobre o anúncio de 11 de fevereiro depois do consistório. Buscam, buscam, buscam...". Bento respondeu: 'Aqueles que não acreditam que o que eu disse é o verdadeiro motivo da renúncia não acreditarão em mim mesmo que eu diga agora 'Acredite, é assim! Esta é e continua sendo a única razão e não devemos esquecê-la. Ele tinha me pré-anunciado esta decisão: "Eu devo fazê-lo". Eu estava entre os primeiros que tentaram dissuadi-lo. E ele me respondeu com clareza: 'Olhe, não estou pedindo sua opinião, mas estou comunicando minha decisão'. Rezada, sofrida, tomada coram Deo". Há aqueles que não acreditam ou fazem teorias, dizendo que "deixaria uma parte mas manteria outra parte", etc.: todos aqueles que dizem isso apenas fazem teorias sobre uma palavra ou outra e no final não confiam em Bento, no que ele disse. Isto é realmente uma afronta contra ele. É claro que cada um tem sua própria vontade, sua própria liberdade, e pode dizer coisas que fazem sentido ou que fazem menos sentido. Mas a verdade nua e crua é esta: ele não tinha mais forças para liderar a Igreja, como ele disse em latim naquele dia. Eu perguntei: "Santo Padre, por que em latim"? Ele respondeu: "Esta é a língua da Igreja". Aqueles que pensam que podem ou devem encontrar algum outro motivo estão errados. Ele comunicou o verdadeiro motivo. Amém.
Qual aspecto o impressionou mais ao estar perto de Bento durante o longo período como emérito?
São quase dez anos. Bento - já como cardeal, já como professor - tinha um grande dom. Muitos dizem humildade: sim, isto é verdade, mas também - isto talvez não fosse tão aparente - uma capacidade de aceitar quando as pessoas discordavam do que ele dizia. Como professor, isto é normal: há o confronto, o discurso, a "luta" entre os diversos argumentos. Neste contexto, usam-se também palavras fortes, mas sem nunca machucar e, se possível, sem fazer polêmica. Outra coisa é quando se é bispo e depois Papa: prega e escreve não como uma pessoa privada, mas como alguém que recebeu o mandato de pregar e ser o pastor de um rebanho. O Papa é a primeira testemunha do Evangelho, da verdade do Senhor. E ali vimos que suas palavras, as palavras do Sucessor de Pedro, não foram aceitas. Mas isto nos diz que a liderança da Igreja não se faz apenas comandando, decidindo, mas também sofrendo, e esta parte do sofrimento não foi pouca. Quando ele se tornou emérito, certamente toda a responsabilidade e todo o pontificado tinham terminado para ele. 
Ele pensou que viveria tanto tempo depois de sua renúncia?
Há cerca de três meses eu lhe disse: "Santo Padre, estamos nos aproximando do meu décimo aniversário de episcopado: Epifania 2013, Epifania 2023. Devemos festejar. Mas isso também significa dez anos desde sua renúncia. Algumas pessoas me dizem: 'Mas ele renunciou dizendo que não tem mais forças e depois ainda vive por dez anos? E ele respondeu: "Devo dizer que sou o primeiro a ficar surpreso de que o Senhor me deu mais tempo". Eu pensei um ano, no máximo, e Ele me deu dez! E 95 é uma boa idade, mas os anos e a velhice também têm seu peso, mesmo para um Papa emérito".  Dizia ainda: "Aceitei e tentei fazer o que havia prometido: rezar, estar presente e sobretudo acompanhar meu sucessor com a oração". E isto é muito bonito. Também recomendo a alguns que têm problemas com isso que releiam o que Bento XVI disse, agradecendo ao Papa Francisco na Sala Clementina no 65º aniversário de sua ordenação sacerdotal. Enfim, eu disse uma vez em tom de brincadeira, de uma maneira não muito elegante: 'Santo Padre, o senhor fez as contas sem o anfitrião'... Ele respondeu: 'Eu não fiz nenhuma conta: eu aceitei o que o Senhor me deu'. Ele me deu isto, devo agradecer a Ele. Esta é a minha convicção. Outros podem ter outras ideias, teorias ou convicções, mas esta é a minha".
Qual foi a maior lição para sua vida e o que mais sentirá falta de Joseph Ratzinger?
O maior ensinamento é que a fé escrita, a fé falada e proclamada não é apenas algo que ele disse e pregou, mas algo que ele viveu. Ou seja, o exemplo para mim é que a fé aprendida, ensinada e proclamada tornou-se a fé vivida. E isto para mim - mesmo neste momento em que estou sofrendo, não sozinho - é um grande alívio espiritual.
Em seu testamento Bento escreveu: "Se nesta hora tardia de minha vida eu olho para trás aos decênios que vivi, antes de mais nada vejo quantas razões eu tenho que agradecer". Ele era um homem feliz e realizado?
Ele era um homem profundamente convicto de que no amor do Senhor nunca se erra, mesmo que humanamente se cometam muitos erros. E esta convicção lhe deu paz e - pode-se dizer - esta humildade e também esta clareza. Ele costumava dizer: "A fé deve ser uma fé simples, não simplista, mas simples". Porque todas as grandes teorias, todas as grandes teologias se baseiam no fundamento da fé. E isto é e continua sendo o único alimento para si mesmo e também para os outros".
Obrigado por ter estado conosco.
Sou eu quem lhes agradeço por este convite: vim com alegria e sei bem que o Papa Bento XVI se sentia muito apoiado e também - se posso dizê-lo - amado, amado pelo que vocês fizeram, e também cercado pelo afeto de vocês. 
Fonte: Vatican News
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Bento XVI e a transmissão da fé na era digital
Não somente um excelente teólogo. Joseph Ratzinger foi também um grande comunicador capaz de usar diferentes linguagens e modalidades e de enfrentar o desafio das redes sociais com coragem e criatividade. Das homilias aos tuítes, Bento XVI colocou no centro de sua comunicação o tema da fé em Jesus Cristo. E como Papa emérito comunicou pelo silêncio e pelo oração, diversas mas não menos eficazes formas de expressão. 
Alessandro Gisotti
Quanto ao ter sido um grande teólogo, o reconhecimento é unânime. Mas Joseph Ratzinger foi também um comunicador notável, com uma caracterítica própria, cujo legado sem dúvida ultrapassará o limite temporal da existência terrena.
O fato de Bento XVI não ser um comunicador para as massas - embora tenha atraído a atenção de milhões de jovens nas JMJs - em nada diminui seu estilo de comunicação. Antes de tudo, como teólogo demonstrou que mesmo temas de alto nível intelectual podem ser explicados aos simples e estar ao alcance de um público amplo e não apenas de especialistas. O sucesso de sua Introdução ao Cristianismo, que ainda hoje - mais de 50 anos após sua publicação - um best-seller mundial de publicações religiosas, demonstra a capacidade inata de Ratzinger de dar razão da fé em Jesus Cristo e de fazê-lo com argumentos claros e com uma linguagem fascinante e convincente.
O mesmo se pode dizer da trilogia sobre Jesus de Nazaré, obra na qual Joseph Ratzinger se pôs inteiramente, conseguindo completá-la antes de sua renúncia, não obstante os esforços do governo da Igreja universal. Pode-se dizer, portanto, que Bento XVI foi uma grande testemunha da fé - e de sua razão, como emerge no seu testamento espiritual - também pela maneira como soube comunicá-la. Em particular, por meio de seus escritos, de seus discursos (alguns memoráveis, como muitos recordaram nos últimos dias) e de suas homilias, definidas como "sublimes" pelo padre Federico Lombardi, pela sábia harmonia entre teologia, conhecimento das Escrituras e espiritualidade.
Ao Papa alemão, no entanto, não faltaram gestos e coragem para “arriscar” no vasto campo da comunicação. Bento XVI foi o primeiro Papa a se encontrar com vítimas de abuso sexual por parte do clero. Um ato de grande significado comunicativo no qual Ratzinger colocou a escuta no centro. Uma escuta - como vimos nos encontros durante as viagens internacionais - longe dos holofotes e marcada pela disponibilidade e empatia, condições essenciais para iniciar aquele processo de conversão do coração que Francisco leva em frente hoje com convicção e que foi a base da Cúpula sobre a proteção de menores de fevereiro de 2019.
Embora não tenham faltado críticas por parte de alguns meios de comunicação por algumas de suas decisões, Bento XVI sempre manteve uma atitude positiva em relação ao mundo dos operadores de informação e comunicação. Da conversa com o jornalista alemão Peter Seewald nasceu Luz do Mundo, um livro que percorre todas as questões mais delicadas do seu Pontificado, até tocar no tema da renúncia.
Bento XVI é também o primeiro Papa a enviar mensagens de texto (aos jovens da JMJ de Sydney), a conversar com os astronautas da Estação Espacial Internacional, a responder perguntas na TV por ocasião da Sexta-feira Santa (a de 2011 ), enquanto no Natal do ano seguinte assinou um editorial no Financial Times centrado no compromisso dos cristãos no mundo de hoje.
Sobretudo, Bento XVI é o primeiro Papa que se depara com o advento das Redes Sociais que remodelam profundamente o contexto da comunicação global precisamente nos anos de seu Pontificado. Cinco das suas oito mensagens para as Jornadas das Comunicações Sociais são dedicadas a este inédito areópago digital. Juntos constituem uma espécie de compêndio do Magistério da Igreja sobre esta nova realidade que mudou não só a nossa forma de comunicar, mas também a de nos relacionarmos. Bento XVI capta imediatamente o sentido da revolução das redes sociais, que não são tanto um meio a ser utilizado, mas um ambiente a ser habitado. Cunha, portanto, o termo "continente digital" para redes sociais. Um continente, como os geográficos, que requer o empenho dos fiéis - em particular dos leigos, em linha com Inter Mirifica - para evangelizar este novo território de missão. O Papa também entende que a distinção entre virtual e real deve ser superada, pois o que é compartilhado e comentado nas novas plataformas tem consequências concretas na vida das pessoas.
Bento XVI encoraja os cristãos a serem testemunhas digitais mais que influenciadores, para transformar as redes sociais em "portas de verdade e de fé". E não se limita a fazê-lo com palavras. Em 12 de dezembro de 2012, pela primeira vez, um Papa publicou um tweet através da conta @Pontifex, criada alguns dias antes. Trata-se de um gesto que alguns comparam à criação da Rádio Vaticano por Pio XI.
Nem todos aprovam, temendo a exposição do Papa a críticas e ofensas, mas Bento XVI está convencido de uma escolha que vai na direção da nova evangelização. Mais uma vez um Papa sabe aproveitar o potencial das inovações tecnológicas para chegar a pessoas que, de outra forma, ficariam excluídas do anúncio do Evangelho. Poucas semanas depois de abrir a conta, Bento XVI renunciou ao ministério petrino, mas @Pontifex foi "reativado" por Francisco que hoje - através de seus tweets em 9 idiomas - conta com mais de 50 milhões de seguidores todos os dias. Portanto, se nos quase 8 anos de seu pontificado, Bento XVI comunicou usando as mais diversas linguagens com criatividade e coragem, nos quase 10 anos como Papa emérito sua comunicação assumiu uma forma diferente, invisível, mas não por isto menos eficaz: a forma do silêncio e da oração.
Fonte: Vatican News
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Bertone: adeus a Bento XVI, o homem, o pontífice
O cardeal secretário de estado emérito recorda sua longa amizade com Joseph Ratzinger, o jovem teólogo alemão que conheceu na época do Concílio Vaticano II. Uma relação que se manteve intacta ao longo do tempo, da qual o cardeal relata os momentos mais importantes, que falam da grande humildade e ternura de Bento por ele.
Comecei a ouvir falar de Joseph Ratzinger na época do Concílio Vaticano II, quando ele se tornou referência como o jovem teólogo alemão, uma das mentes mais inteligentes no cenário teológico pré-conciliar. Embora não fosse membro nem especialista oficial, ele foi um dos mais ativos conselheiros dos padres do Concílio e também foi abordado fora do círculo alemão. Yves Congar se referiu a ele da seguinte forma: "Felizmente havia o Ratzinger. Ele é racional, modesto, desinteressado, de boa ajuda" (Diário do Concílio 1964-66, p. 296).
Como estudante, eu frequentemente entrava na sala do Concílio para ouvir os discursos enquanto terminava meus estudos de doutorado e por acaso o conheci, mas sem ter uma proximidade com ele. Comecei a vê-lo mais vezes após minha nomeação como consultor da Congregação para a Doutrina da Fé da qual Ratzinger, até então cardeal, era prefeito. A compreensão mútua e a estima foram imediatas e, devo dizer, generosas por parte do grande teólogo e prefeito. Ele me chamou frequentemente ao seu escritório para lidar com problemas específicos que estavam sendo estudados pelo Dicastério. Mas foi após minha nomeação como secretário, em 1995, que as relações se intensificaram, também porque morávamos no mesmo prédio na Piazza della Città Leonina. A confiança passou de problemas de trabalho compartilhado para o convívio de sentar-se juntos à mesa, com as irmãs que cuidavam da casa ou também alguns membros da família.
A simplicidade e familiaridade que se desenvolveu entre nós floresceu em uma verdadeira amizade que se manteve verdadeira e fiel ao longo do tempo, especialmente nos tempos difíceis que se seguiram. Era uma amizade discreta, que não escapava do bom humor ou de algum comentário sagaz, que era uma das características da alma de Joseph Ratzinger. Aqueles que o julgaram estereotipicamente como um homem austero, inflexível, um “panzerkardinal”, etc., evidentemente não perceberam toda sua ternura em compreender o outro, das razões do outro, mesmo em confrontos e conversas que aconteceram sobre importantes questões doutrinárias. Às vezes, relendo as atas de correspondência entre a Congregação para a Doutrina da Fé e bispos ou teólogos, se ele encontrasse alguma expressão dura, ele a corrigia e recomendava 'suavizar' as expressões para não ofender os interlocutores e respeitar e honrar sua tarefa, sendo, com toda a honestidade, fiel ao ministério específico de transmitir o depósito da fé. Fidelidade que lhe custou críticas e ofensas acaloradas de alguns, mas também o apreço e a gratidão de muitos, mesmo fora do círculo católico.
O prefeito Joseph Ratzinger disse muitas vezes que sua tarefa era proteger a fé dos pequenos, dos humildes que não têm as ferramentas culturais adequadas para enfrentar as armadilhas do mundo cada vez mais descristianizado e secularizado. Esta ternura para com as pessoas permeava toda a rede de seus relacionamentos. Muitas vezes, nas quintas-feiras de manhã, ele ia tomar café da manhã com a recepcionista idosa do Palácio do Santo Ofício, ansiosa por companhia.  
Quando se tornou Papa, ele continuou a interessar-se por sua saúde e necessidades, até mesmo intercedendo por sua hospedagem em um lar de idosos. A estima pelo prefeito, o cardeal Ratzinger, foi unânime entre os superiores e funcionários do Dicastério que ele dirigiu, pela sabedoria de suas intervenções, mas também pela gentileza e atenção que ele tinha para com todos.
Após sua eleição, a associação laical de consagradas (Memores Domini) disponibilizou membros para os cuidados do apartamento papal no Palácio Apostólico e para muitas outras tarefas. A respeito da ternura, basta lembrar a emoção real que ele sentiu e expressou quando Manuela, uma delas, morreu em um acidente de carro em Roma. Em seu funeral, o Papa Bento XVI fez uma homilia cheia de afeto e, reconhecendo seus dons e carisma, disse: "Neste momento de tristeza, estamos consolados. E a liturgia, renovada depois do Concílio, ousa nos ensinar a cantar "Aleluia" mesmo na Missa dos Mortos. Como isso é ousado! Sentimos acima de tudo a dor da perda, sentimos acima de tudo a ausência, o passado, mas a liturgia sabe que estamos no mesmo Corpo de Cristo e vivemos da memória de Deus, que é nossa memória. Neste entrelaçamento de sua memória e de nossa memória que estamos juntos, estamos vivendo". Estas palavras proféticas nos inspiram profundamente hoje enquanto nos separamos do Papa Emérito Bento XVI e nos incutem esperança.
Mesmo para com seu assessor Paolo Gabriele ele demonstrou a misericórdia de seu coração, após o triste e confuso caso conhecido como "Vatileaks": o julgamento e a punição naquele caso eram necessários, mas pensando que poderia ter sido uma fraqueza, embora culpado, ele estava preocupado com sua família e seu trabalho e recomendou que ele procurasse alojamento e emprego fora do Vaticano. Na complexidade e no drama não raro dos anos de seu ministério (primeiro como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e depois como Sumo Pontífice), que ele realizou com a lucidez de uma fé profunda e de uma vasta cultura, Joseph Ratzinger também se distinguiu por sua simplicidade humilde de vida e seu frequente convite à alegria; alegria que ele mencionou com frequência em seus discursos ou homilias, com aquele sotaque típico do bávaro que fala italiano, e que ele extraiu das coisas simples do cotidiano: a beleza da natureza, os gestos de afeto de crianças ou pessoas que conheceu na rua quando caminhava em Borgo Pio e ainda não era Papa, a vida com sua irmã Maria Ratzinger que ajudava a arrumar a cozinha...
O Natal era uma ocasião para despertar nele a maravilha da infância no presépio. No meu apartamento, uma freira costumava montar uma série de presépios de várias partes do mundo. Convidavamos o Papa a caminhar entre as várias cenas artisticamente reproduzidas e ele se deleitava com a variedade de personagens e animais que rodeiam o Menino Jesus e a Sagrada Família, e cantava louvores de Natal conosco. A proximidade de nossos dois apartamentos (o apartamento papal na terceira loggia e o do Secretário de Estado na primeira loggia do Palácio Apostólico) facilitou nossas reuniões, favorecidas pelos cuidados atentos do secretário pessoal do Papa, Monsenhor Georg Gänswein, com quem a troca de informações e opiniões foi normal.
Uma simplicidade interior, diria eu, ontológica, a do Papa Bento xvi, que ele expressou no silêncio da oração pessoal e que ele manteve mesmo quando aceitou usar as sumptuosas vestes pontifícias para as celebrações mais solenes. Este foi um traço da cultura da beleza que ele infundiu na oração litúrgica. Joseph Ratzinger nos deu uma vasta produção teológica como professor da fé católica, começando com a famosa Introdução ao Cristianismo (1968) e mais tarde, no final, com a trilogia sobre Jesus de Nazaré, mas como Papa, em seu ainda breve pontificado, ele nos ofereceu três encíclicas de grande valor, ainda não totalmente reconhecidas.
Uma breve menção a cada um deles pode nos dar uma visão da modernidade do Papa Bento XVI e da capacidade de perspectiva que ele tinha ao interpretar as necessidades da época. No Natal de 2005, ele publicou a encíclica Deus caritas est. Surpreendeu o mundo que um Papa comparasse e harmonizasse 'agape' e 'eros', duas realidades constitutivas da identidade humana. Ele afirma que "o homem se torna verdadeiramente ele mesmo, quando o corpo e a alma se encontram em unidade íntima; o desafio do eros pode ser dito como verdadeiramente superado, quando esta unificação é bem sucedida". Se o homem aspira a ser apenas espírito e quer rejeitar a carne como uma herança meramente animalista, então espírito e corpo perdem sua dignidade. E se, por outro lado, ele renuncia ao espírito e assim considera a matéria, o corpo, como uma realidade exclusiva, ele também perde sua grandeza [...] mas não é só espírito ou corpo que ama: é o homem, a pessoa, que ama como uma criatura unitária, da qual corpo e alma fazem parte. Somente quando ambos realmente se fundem em unidade, o homem se torna plenamente ele mesmo. Somente assim o amor - eros - pode amadurecer até sua verdadeira grandeza" (n.5). Naturalmente, além da visão antropológica, o Papa apresenta as consequências práticas do exercício da virtude da caridade.
A segunda encíclica Spe salvi é de novembro de 2007. Ainda hoje, no clima dos tempos em que vivemos, onde a esperança parece desaparecer diante dos acontecimentos mas é tão frequentemente invocada, a leitura desta encíclica é um forte apelo a uma séria autocrítica também dirigida aos cristãos: "Encontramo-nos mais uma vez diante da pergunta: o que podemos esperar? [...] A autocrítica da era moderna também deve ser acompanhada por uma autocrítica do cristianismo moderno, que deve aprender a entender-se a si mesmo a partir de suas próprias raízes. Apenas algumas dicas podem ser tentadas aqui. Antes de mais nada, é preciso se perguntar: o que realmente significa "progresso"; o que promete e o que não promete? [...] Sem dúvida, oferece novas possibilidades para o bem, mas também abre possibilidades abismais para o mal - possibilidades que antes não existiam. Todos nós nos tornamos testemunhas de como o progresso nas mãos erradas pode e se tornou, de fato, um progresso terrível no mal. Se o progresso técnico não é acompanhado pelo progresso na formação ética do homem, no crescimento do homem interior, então não é progresso, mas uma ameaça para o homem e para o mundo" (No. 22). A encíclica afirma que "um primeiro lugar essencial para aprender a esperança é a oração" (no. 32), mas também que "toda ação humana séria e reta é esperança em ação". [...] por nosso compromisso, fazemos uma contribuição para que o mundo se torne um pouco mais brilhante e humano e para que as portas do futuro se abram" (no. 35).
Finalmente, a encíclica Caritas in veritate de junho de 2009, que complementou as outras encíclicas sociais analisando a devastadora crise econômica que havia investido todo o planeta com os mecanismos perversos de sua prosperidade ilusória, mostrando que o aperto da crise era sobretudo de natureza ética e que era necessário virar-se contra a maré para um novo paradigma que contemplasse novas regras econômicas. Para mim pessoalmente, esta encíclica exigiu um esforço especial de discussão com especialistas nos campos sócio-econômico, financeiro e político, a fim de fundamentar os fundamentos antropológicos das reflexões papais. Aos que questionaram se não teria sido necessário desenvolver um capítulo mais ancorado nas verdades da fé, elevando assim o nível teológico da encíclica, Bento xvi respondeu que a Doutrina Social da Igreja se refere às realidades empíricas da ordem econômica, social e política e se refere a estas realidades não de forma descritiva, mas de forma normativa, para indicar como se deve agir nestas áreas para criar justiça, o que por sua vez pressupõe correspondência à verdade sobre o homem e o bem comum.
Minhas reuniões como Secretário de Estado com o Pontífice eram normalmente semanais (às segundas-feiras). Antes de abordar os tópicos da agenda anotados nas fichas de audiência, trocávamos as notícias mais familiares, a história das minhas viagens, e às vezes ele me pedia os resultados dos jogos de futebol, conhecendo minha paixão pelo esporte. Mas quando se tratava do exame dos problemas eclesiais da lista (os casos eram particularmente onerosos também devido ao despertar do problema submerso da pedofilia no clero, dos pedidos particulares dos bispos dos vários continentes e das consequências das profundas mudanças da época que já apareciam em sua complexidade), minha atenção era total para captar exatamente seu pensamento e suas diretrizes, as quais eu tinha então que comunicar com absoluta fidelidade aos que tinham autoridade e fazer com que fossem executadas. Somente uma vez vivi dolorosamente uma discordância, quando ele me confiou na primavera de 2012 sua decisão, amadurecida durante um longo período de tempo em oração, de renunciar ao papado. Em vão, tentei dissuadi-lo e explicar o desgosto que traria à comunidade eclesial e além dela. O tempo que se seguiu foi cheio de preocupação e angústia para mim (tentei fazer com que ele adiasse o anúncio o máximo possível), mas ao mesmo tempo a paz com a qual, como Papa, ele continuou a governar a Igreja, e sua convicção interior de que estava fazendo a vontade de Deus, me permitiu olhar para frente com confiança para as tarefas.
Neste evento, o Pontífice se revelou como um homem de Deus, mais do que nunca. Com linearidade evangélica, ele explicou ao mundo inteiro, que queria saber o verdadeiro significado de sua renúncia: "O Senhor me chama para "subir a montanha", para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, pelo contrário, se Deus me pede que o faça é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e amor com que tentei até agora, mas de uma forma mais adequada à minha idade e força" (Angelus de 24 de fevereiro de 2013). O Papa emérito, portanto, a partir de então, estreitamente unido a seu sucessor, o Papa Francisco, através do ministério e do vínculo da oração. Um homem de Deus que ecoou a Mensagem que ele mesmo propôs para a Quaresma naquele memorável 2013, no qual afirmou que "a existência cristã consiste em subir continuamente a montanha do encontro com Deus, e depois descer de novo trazendo o amor e a força que a acompanham".
Tive o privilégio de ver de perto esta disposição de sua alma, durante as visitas que lhe fiz às vezes em sua residência no Mosteiro Mater Ecclesiae. Eram sempre momentos intensos onde ele não perdia, na medida do possível, a troca de informações e reflexões que revelavam constantemente sua ampla visão da Igreja, cuja jornada ele acompanhava com amor.
Fonte: Vatican News
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1802, o último funeral de um Papa celebrado pelo seu sucessor
A cerimônia do funeral de Bento XVI na Praça de São Pedro tem como precedente mais recente o que aconteceu com Pio VI, que morreu no exílio em Valence, em 1799, como prisioneiro de Napoleão. Três anos depois, quando seus restos mortais foram trazidos de volta a Roma, foi realizado um funeral solene celebrado por Pio VII
ANDREA TORNIELLI
Um Papa que celebra o funeral de seu predecessor: o que está para acontecer nas próximas horas na Praça São Pedro com Francisco presidindo o funeral de Bento XVI foi apresentado, compreensivelmente, como algo sem precedentes na história da Igreja nos tempos modernos. Certamente sem precedentes foi a renúncia do Papa Ratzinger, motivada por razões de idade e falta de força física e mental para sustentar as responsabilidades e o peso dos compromissos associados ao pontificado. Mas um Pontífice reinante que abençoa o corpo de seu predecessor antes do enterro é um fato que tem um precedente bastante recente quando comparado com os dois mil anos de história da Igreja.
Aconteceu em fevereiro de 1802, com o solene funeral de Pio VI, celebrado na Basílica de São Pedro por seu sucessor Pio VII. Pio VI, que nasceu com o nome de Giannangelo Braschi (Cesena 1717 - Valence 1799), foi eleito pontífice em 1775, depois de um longo reinado faleceu no exílio na França, prisioneiro de Napoleão. O funeral foi realizado em Valence, imediatamente após sua morte, enquanto os "novendiali" (os nove dias de missas de sufrágio antes do início da votação no conclave) foram realizados em Veneza, na cidade onde os cardeais se reuniram para eleger o sucessor.
Pio VII, eleito em 14 de março de 1800, mandou vir os restos mortais de seu predecessor de volta a Roma. A exumação foi feita em dezembro de 1801 e os restos mortais saíram de Valence para Marselha e de lá de navio para Gênova. Ao desembarcar na Itália, o corpo do Pontífice exilado começou uma triunfante peregrinação, com solenes exéquias celebradas em cada etapa da viagem. Em 17 de fevereiro de 1802, aconteceu “a magnífica entrada triunfal em Roma”, com os cardeais aguardando os restos mortais na Ponte Milvio. A solene cerimônia fúnebre foi celebrada na Basílica de São Pedro com a presença do Papa Pio VII.
Porém os restos de Pio VI não tiveram paz: o coração e o "precórdio" (antigo nome para os órgãos e formações anatômicas da cavidade torácica que circunda o coração, considerados a sede dos afetos, dos sentimentos e da sensibilidade) de Pio VI foram levados de volta a Valence, a pedido explícito do governo de Paris, em uma longa viagem de retorno através de várias paradas na França em 1802. Mas em 1811 o coração foi novamente devolvido a Roma.
Fonte: Vatican News
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Papa: a teologia de Bento XVI, paixão e riquezas impregnadas de Evangelho
Francisco escreveu o prefácio de um livro da Libreria Editrice Vaticana "Deus é sempre novo", que reúne pensamentos espirituais do Papa Emérito: "A sua argumentação da fé era realizada com a devoção do homem que se entregou inteiramente a Deus"
PAPA FRANCISCO
Fico feliz que o leitor possa ter em mãos este texto de pensamentos espirituais do falecido Papa Bento XVI. O título já expressa um dos aspectos mais característicos do magistério e da própria visão da fé do meu predecessor: sim, Deus é sempre novo porque Ele é fonte e razão da beleza, da graça e da verdade. Deus nunca é repetitivo, Deus nos surpreende, Deus traz novidade. O frescor espiritual que transparece destas páginas o confirma com intensidade.
Bento XVI fazia teologia de joelhos. A sua argumentação da fé era realizada com a devoção do homem que se entregou inteiramente a Deus e que, sob a guia do Espírito Santo, buscava uma compenetração cada vez maior do mistério de Jesus que o fascinara desde sua juventude.
A coletânea de pensamentos espirituais apresentada nestas páginas mostra a capacidade criativa de Bento XVI para investigar os vários aspectos do cristianismo com uma fecundidade de imagens, de linguagem e de perspectiva que se tornam um estímulo contínuo para cultivar o precioso dom de acolher a Deus na própria vida. A forma como Bento XVI foi capaz de fazer interagir coração e razão, pensamento e afetos, racionalidade e emoção é um modelo fecundo sobre como poder contar a todos a força clamorosa do Evangelho.
O leitor verá isso confirmado nestas páginas, que representam - também graças à competência do Editor, a quem vai os nossos sinceros agradecimentos - uma espécie de “síntese espiritual” dos escritos de Bento XVI: aqui brilha a sua capacidade de mostrar a profundidade da fé cristã sempre nova. É suficiente um pequeno florilégio. "Deus é um evento de amor", uma expressão que por si só faz plena justiça a uma teologia que é sempre harmoniosa entre razão e afeto. "E que mais nos poderia salvar senão o amor", perguntou aos jovens na vigília de oração em Colônia, em 2005, meditação adequadamente recordada aqui, colocando uma pergunta que evoca Fëdor Dostoevskij. E quando fala da Igreja, sua paixão eclesial o fez pronunciar palavras impregnadas de pertença e afeto: "Não somos um centro de produção, não somos uma empresa voltada para o lucro, somos Igreja". 
A profundidade do pensamento de Joseph Ratzinger, que se fundamentava na Sagrada Escritura e nos Padres da Igreja, ainda hoje nos é útil. Estas páginas abordam uma série de tópicos espirituais e são um incentivo para que permaneçamos abertos ao horizonte da eternidade que o cristianismo tem em seu DNA. O pensamento e o magistério de Bento XVI são e continuarão sendo sempre fecundos ao longo do tempo, porque souberam se concentrar nas referências fundamentais da nossa vida cristã: antes de tudo a pessoa e a palavra de Jesus Cristo, e depois as virtudes teologais, ou seja, a esperança, a fé e a caridade. E por isso, toda a Igreja lhe será sempre grata. Para sempre.
Em Bento XVI, a devoção incessante e o magistério iluminado se uniram em uma aliança harmoniosa. Quantas vezes falou da beleza com palavras comovedoras! Bento sempre considerou a beleza como uma estrada privilegiada para abrir homens e mulheres ao transcendente e assim poder encontrar Deus, que para ele era a mais alta tarefa e a missão mais urgente da Igreja. Em particular, para ele, a música era uma arte próxima com a qual elevar o espírito e a interioridade. Mas isto não desviava sua atenção, como verdadeiro homem de fé, das grandes e espinhosas questões de nosso tempo, observadas e analisadas com um juízo consciente e um corajoso espírito crítico. Da escuta das Escrituras, lidas na tradição sempre viva da Igreja, ele foi capaz, desde jovem, de extrair aquela sabedoria útil e indispensável para estabelecer um diálogo de confronto com a cultura de seu tempo, como estas páginas confirmam. 
Agradecemos a Deus por ter nos dado o Papa Bento XVI: com a sua palavra e o seu testemunho nos ensinou que através da reflexão, do pensamento, do estudo, da escuta, do diálogo e sobretudo da oração é possível servir a Igreja e fazer o bem a toda a humanidade; nos ofereceu instrumentos intelectuais vivos para que cada crente possa dar razão da própria esperança, recorrendo a um modo de pensar e de comunicar que possa ser compreendido por seus contemporâneos. Seu objetivo era constante: dialogar com todos a fim de buscar juntos os caminhos através dos quais encontrar Deus. 
Esta busca do diálogo com a cultura do próprio tempo sempre foi um desejo ardente de Joseph Ratzinger: ele, como teólogo primeiro e como pastor depois, nunca se limitou a uma cultura meramente intelectualista, desencarnada da história dos homens e do mundo. Com o seu exemplo de intelectual rico de amor e de entusiasmo (que etimologicamente significa estar em Deus) mostrou-nos que buscar a verdade é possível, e que se deixar possuir por ela é o que há de mais alto que o espírito humano possa alcançar. Neste caminho todas as dimensões do ser humano, a razão e a fé, a inteligência e a espiritualidade, têm seu próprio papel e especificidade.
A plenitude da nossa existência, nos recordou com a palavra e o exemplo Bento XVI, encontra-se apenas no encontro pessoal com Jesus Cristo, o Vivente, o Logos encarnado, a revelação plena e definitiva de Deus, que n’Ele se manifesta como Amor até o fim.
Este é meu desejo para o leitor: que possa encontrar nestas páginas percorridas pela voz apaixonada e gentil de um mestre de fé e de esperança a graça de um novo e vivificante encontro com Jesus.
Fonte: Vatican News
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Dom Odilo: “zelo apostólico é o maior legado de Bento XVI”
Na manhã desta terça-feira (03), o segundo dia de exibição pública do corpo do Papa emérito Bento XVI, o cardeal dom Odilo Scherer conversou com a Rádio Vaticano – Vatican News. O arcebispo de São Paulo partilhou fatos relevantes da vida e do apostolado de Joseph Ratzinger.
Luiz Felipe Bolis – Vatican News
Ao saber da notícia do falecimento de Bento XVI, dom Odilo Pedro Scherer prontamente pegou um dos primeiros voos de 2023 partindo de São Paulo com destino a Roma/Itália. O cardeal se uniu aos corações de milhares de outros fiéis com o desejo de prestarem as últimas homenagens aquele que, antes do Papa Francisco, pôde guiar a Igreja pela fé em um memorável pontificado. Dom Odilo registra no livro da vida uma série de encontros com Joseph Ratzinger.
Na manhã desta terça-feira dom Odilo atravessou as portas da Rádio Vaticano na Piazza Pia, e concedeu uma entrevista aos jornalistas do programa brasileiro, direcionando palavras de mérito a Bento XVI e falando ao povo brasileiro.
 “É um momento de pesar pelo falecimento de Bento XVI, e ao mesmo tempo um momento expressivo. A Igreja, mais uma vez, se reúne em torno do Papa emérito, e em torno da homenagem a Bento XVI com as Exéquias na quinta-feira, dia 05, presididas por Francisco”, comenta dom Odilo.
Pelo segundo dia consecutivo, continuam homenagens de peregrinos e fiéis de todo o mundo, que desde as primeiras horas desta terça-feira se colocaram em fila para entrar na Basílica de São Pedro, onde se encontram os restos mortais de Bento XVI, que faleceu na manhã do último sábado, 31 de dezembro de 2022. Crianças, jovens, adultos e pessoas idosas, leigos e religiosos, que homenageiam os restos do Papa Emérito até quarta-feira à noite. Na quinta-feira de manhã (05), as Exéquias são presididas pelo Papa Francisco.
Legado
Nos estúdios da Rádio Vaticano, o arcebispo de São Paulo sublinha: “de fato, é difícil falar em poucas palavras qual é o legado do Papa Bento XVI, mas eu tentei algumas vezes pensar: qual seria o legado de Bento XVI? Ele é um Papa teólogo, sim, vai ficar para a posteridade. Eu tenho certeza que os escritos teológicos do Papa Bento XVI, interpretando a fé católica e o que é cristão, vão ficar como referência para o futuro como um grande teólogo, antes e depois de ser Papa, com a sua maneira agradável e profunda de expressar as verdades da fé. Os escritos encantavam aqueles que liam e encantam hoje aqueles que tocam com as mãos os seus pensamentos. Isso vai ficar, mas o maior legado de Bento XVI, sem dúvida, é o seu zelo apostólico, o seu zelo pela Igreja, o seu zelo pela fé do povo. Isso não dá pra quantificar, como a gente gostaria, mas a sua dedicação em manter o povo na verdadeira fé, manter o povo unido na Igreja e uma verdadeira atitude de diálogo e, ao mesmo tempo, de uma forte identidade católica vai ficar como legado para o futuro”.
O Papa da humildade
“Aquilo que fez sofrer muito Bento XVI foram os problemas que estouraram, digamos assim, em suas mãos, enquanto ele foi Pontífice. Mas ele enfrentou, com coragem, lucidez e decisão, os problemas morais no meio do Clero, para falar muito claro, e por outro lado, também problemas administrativos na Santa Sé. Bento XVI quis clareza, quis transparência e quis também correção desses males, tanto que quando ele se tornou Papa teve que tomar medidas muito drásticas em relação a casos de pedofilia. Creio que tudo isso vai ficar como legado de atitudes que nem sempre foram compreendidas no momento em que o Papa Bento XVI as tomou, tanto que elas caíram no colo dele. Esses problemas também o atingiram a ponto de esgotar as suas forças, e dele dizer: ‘eu não consigo mais, escolham outro Papa’. Mas essas atitudes ficarão como referência, e o tempo irá julgar com olhos diferentes de hoje, que muito em cima da realidade não conseguimos julgar adequadamente”, frisou dom Odilo Pedro Scherer.
O arcebispo acrescentou ainda: “eu tinha acabado de chegar a Roma no dia 11 de fevereiro de 2013, quando o Papa anunciou a sua renúncia e, claro, todo mundo foi tomado de surpresa, e as reações foram as mais diversas possíveis. Interiormente, eu imediatamente admirei a atitude de Bento XVI, - continua dom Odilo -, como um gesto de grande coragem, lucidez e depois um gesto também de desapego do Papa a essa função que pode concentrar muitas vaidades. Um cargo, o de Papa, é único, e coloca sempre no topo, na visibilidade. Bento renunciou a isso tudo, e claro, renunciou ao poder, à visibilidade, ao direito e ao poder de tomar decisões na Igreja em última instância, renunciou a tudo. Então a renúncia de Bento XVI, pelo menos eu avalio assim, foi um ato de grande lucidez, coragem e generosidade. E mais uma coisa: certamente ajudou a Igreja a amadurecer mais para se compreender melhor: ‘a Igreja não é do Papa, a Igreja não é do bispo, a Igreja não é de um líder, a Igreja é de Jesus Cristo, e o Espírito Santo a conduz’. E foi isso que Bento XVI disse naqueles dias, logo depois da renúncia, quando ele recebeu manifestações de todo tipo: ‘e agora, como fica a Igreja?’. E, em certa ocasião, ele disse: ‘fiquem tranquilos, a Igreja não é do Papa, a Igreja é de Jesus Cristo. O Espírito Santo vai providenciar. A Igreja não vai ficar sem pastor’. Ele ajudou a perceber melhor aquilo que, de fato, anima a Igreja. Os homens que têm cargos, que têm responsabilidades, devem fazer o melhor que podem com toda a honestidade e retidão, mas em última análise, quem conduz a Igreja é o Espírito Santo”.
Bento XVI visita o Brasil
Após tomar posse como arcebispo de São Paulo, em 29 de abril de 2007, dom Odilo Scherer teve a honra de ser o anfitrião do Papa em visita ao Brasil em 09 de maio do mesmo ano, dez dias após a posse do seu novo cargo eclesiástico. Ele recorda: “eu estava ainda como secretário-geral da CNBB até o dia 09 de maio. Foi, pra mim, naturalmente um momento muito especial, e também o fato de ficar muito próximo ao Papa naqueles três dias em que ele esteve hospedado em São Paulo no mosteiro de São Bento, convivendo praticamente o dia todo, na saída para os compromissos, mas também depois em um momento mais íntimo das refeições, da celebração em casa”.
As lembranças de Ratzinger revelam particularidades especiais para o arcebispo: “Bento XVI aparecia como uma pessoa muito próxima, atenta. Não era distante nem queria estar distante. À noite, o Papa sentava-se com os monges da casa e a conversa corria muito familiarmente, até mesmo depois da janta, sobre todos os assuntos, e todo mundo fazendo perguntas e o Papa respondendo de maneira muito serena, tranquila e próxima em relação às várias questões”.
O Papa emérito em Aparecida
Por fim, dom Odilo Scherer recordou-se: “depois acompanhamos o Papa até Aparecida, onde ele fez a abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. E ali, vários outros momentos interessantes: a visita à Fazenda da Esperança, perto de Aparecida, onde estão pessoas que viveram a realidade dura das drogas e do mundo fora da lei. Também, estava lá frei Hans. Eles se conheciam desde a região da Baviera/Alemanha. Frei Hans convidou o Papa, e o Papa foi para o meio desses jovens e pessoas com toda a coragem e responsabilidade, deixando as autoridades e seguranças de cabelo em pé sobre o que poderia acontecer. Mas o papa não teve problemas em ir para o meio dessas pessoas, em ouvi-las e conversar com elas. E é claro que a abertura da Conferência, primeiro a homilia memorável do Papa e depois a conferência, marcaram fortemente o evento, resultando no Documento de Aparecida, - e lá estava Bergoglio -, como membro da V Conferência e como membro da Comissão, aliás coordenador da comissão de redação do texto, que depois viria a ser escolhido como sucessor de Bento XVI”, frisou o cardeal, pontuando que estará presente nas Exéquias de Bento XVI, na manhã do próximo dia 05 de janeiro. 
Fonte: Vatican News
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Filipinas: os fiéis rezam e recordam Bento XVI, "Papa da caridade"
Estão sendo celebradas missas em sufrágio e vigílias de oração em várias dioceses do país nestes dias reunindo milhares de fiéis, e assim também em concomitância com as exéquias que serão realizadas na Praça de São Pedro no dia 5 de janeiro. Os batizados no país lembram que Bento XVI, apesar de não poder visitar as Filipinas durante seu Pontificado, sempre teve em seu coração o exemplo de fé dos católicos no arquipélago do sudeste asiático
Como em muitas outras nações asiáticas, os católicos nas Filipinas estão orando por Bento XVI, que faleceu na manhã de 31 de dezembro aos 95 anos. "Agradeço a todos vocês que o acompanharam em oração e ofereceram intenções especiais nas missas por sua passagem para a vida eterna. Nós o recordaremos com carinho, sobretudo entre nós bispos que ele nomeou para o ministério episcopal. O Papa Francisco é conhecido como ‘Papa da Misericórdia e da Alegria’, o Papa Bento XVI será lembrado como ‘Papa da Caridade’. Ele começou seu episcopado com uma encíclica profundamente teológica intitulada Deus caritas est”.
Foi o que escreveu o presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, dom Pablo Virgilio David, pedindo a todos os fiéis que se detivessem em oração, agradecessem e rezassem por seu descanso eterno. O bispo observou que Bento XVI "passou os últimos anos de sua vida como Papa emérito na solidão e contemplação, sustentando espiritualmente a Igreja universal e o Papa Francisco com suas orações".
Em Manila, o cardeal José Advincula, arcebispo da cidade, dirigiu uma oração especial de ação de graças pelo falecido Papa emérito Bento XVI na noite de 31 de dezembro, antes da Missa de Ano Novo na Catedral da capital filipina. A Catedral de Manila também preparou especialmente a Capela de Cristo Rei, que abriga um retrato de Bento XVI, para que os fiéis possam passar por lá e oferecer orações pelo Papa emérito.
Missas em sufrágio e vigílias de oração
Foram sendo celebradas missas em sufrágio e vigílias de oração em várias dioceses nestes dias reunindo milhares de fiéis, e assim também em concomitância com as exéquias que serão realizadas na Praça São Pedro no dia 5 de janeiro.
Os batizados no país lembram que Bento XVI, apesar de não poder visitar as Filipinas durante seu Pontificado, sempre teve em seu coração o exemplo de fé dos católicos no arquipélago do sudeste asiático.
No texto-entrevista com o jornalista e escritor alemão Peter Seewald, intitulado "Últimas conversas" e publicado em 2016, Bento XVI reconhece e menciona o importante papel que os fiéis filipinos podem desempenhar para "trazer um novo dinamismo à Igreja" e despertar o Ocidente de seu "cansaço" e "esquecimento da fé".
A canonização do leigo filipino São Pedro Calungsod
Os batizados filipinos também recordam com alegria o evento da celebração da canonização do leigo filipino São Pedro Calungsod, catequista e mártir, quando milhares de peregrinos filipinos se reuniram com o Papa na Praça São Pedro em 21 de outubro de 2012.
"Que o exemplo e o testemunho corajoso de Pedro Calungsod inspire o querido povo das Filipinas a proclamar o Reino de Deus com força e conquistar almas para Deus", disse então Bento XVI em sua homilia durante a missa de canonização.
Além disso, como recorda a Igreja local, foi Bento XVI quem elevou os arcebispos filipinos Gaudencio Rosales e Luis Antonio Tagle ao Colégio cardinalício. O legado que os filipinos têm em seus corações é o de "ser uma Igreja viva" que, "fundada em Deus, humaniza a sociedade e redescobre o verdadeiro destino solidário da humanidade", como disse Bento XVI aos bispos filipinos em visita ad Limina a Roma em 2011.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI, o Papa Verde: proteger a criação requer uma nova visão cultural
Mais do que qualquer um de seus predecessores, o pontífice alemão falou várias vezes sobre o meio ambiente e a ecologia ao ponto de ser chamado de “Papa Verde”. Padre Mariano Pappalardo, da Fraternidade Monástica da Transfiguração, que segue as regras de São Bento, nos fala sobre este aspecto do Emérito
Maria Milvia Morciano – Vatican News
Nas primeiras páginas da encíclica Laudato si', o Papa Francisco se detém para falar sobre a relação de seus antecessores com a criação. Em particular, ele oferece uma síntese do pensamento de Bento XVI que incessantemente durante seus anos de pontificado falou sobre as questões ambientais. Algumas vezes, foram breves alusões, outras, aprofundamentos mais extensos, como na encíclica Caritas in veritate. Falamos sobre isso com o Padre Mariano Pappalardo, diretor do Serviço de Evangelização e Catequese da diocese de Rieti e pároco da igreja de San Francesco al Terminillo, onde fundou a Fraternidade Monástica da Transfiguração, que segue a regra de São Bento. "Podemos dizer que o Papa Emérito traçou importantes pontos ao longo dos quais a reflexão do debate ecológico tem sido canalizado. Os pontos-chave são particularmente três", afirmou.
A relação entre natureza e cultura
Segundo o Padre Pappalardo, o primeiro é "a conexão radical entre natureza e cultura, uma vez que a relação que o homem tem com a natureza tem uma raiz cultural. Portanto, para conseguir mudar a relação com a natureza, é necessário mudar, segundo Bento, o nosso sistema cultural". Enquanto continuarmos entrincheirados, fechados dentro dos nossos sistemas culturais tradicionais, dificilmente conseguiremos renovar nossa relação com a natureza.
Capacidade de compreender
Um segundo aspecto apontado por Bento é a importância de desenvolver a capacidade de compreender, ou seja, no sentido literal de "manter coesão", para poder entender, avaliar, julgar e escolher. Na Caritas in veritate Bento escreve que o livro da natureza é um "livro invisível" que inclui o meio ambiente, a vida, a família, a sexualidade, ou seja, inclui todos os aspectos. Sua visão é inclusiva e abrangente. Os erros, por outro lado, provêm de uma visão estreita, que Bento nos convida a superar através de uma visão aberta e harmoniosa, nunca conflitante.
Gerar visão
O terceiro ponto é saber libertar-se de visões parciais a fim de gerar visão. O grande risco do homem de hoje, argumenta Bento, é o de ser homem sem visão. Se não tivermos uma visão do mundo, da história, da Igreja, de Deus, da espiritualidade, e seguirmos por trilhas breves, por atalhos, se não formos capazes de olhar além, de saber prever e olhar além do visível, de antecipar o tempo e, portanto, de saber planejar de forma mais ampla, privamo-nos de alcançar algo grande, algo satisfatório.
Fonte: Vatican News
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Schevchuk: até 2 de janeiro, 452 crianças ucranianas mortas, 876 com ferimentos de diversos graus
São as crianças que mais sofrem porque são as mais vulneráveis durante esta guerra. Esses números estão aumentando a cada dia. Além disso, são apenas dados oficiais que são registrados pelos órgãos estaduais, mas, aparentemente, o número real é muito maior. "Sabemos que a guerra é uma situação em que a primeira e mais importante vítima é a verdade, como nos diz o Papa Francisco. Assim, preparemo-nos para o nascimento entre nós da luz da verdade, à acolhida do nosso Salvador recém-nascido".
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é terça-feira, 3 de janeiro de 2023, e na Ucrânia já é o 314º dia da grande e pesada guerra em vasta escala que o ocupante russo trouxe para nossa pacífica terra.
Também o dia de ontem e a noite passada foram muito inquietantes e difíceis para o nosso país. Nossas cidades e povoados no leste de nossa pátria estão queimando novamente. Nossas tropas, nossos militares estão tentando de todas as formas proteger nossa pátria nas regiões de Luhansk e Donetsk, que se tornaram epicentros do conflito militar.
Parece que o inimigo mudou de tática e está tentando aterrorizar cada vez mais a população civil. Todos os ataques de drones de combate e ataques de foguetes começam principalmente à noite, precisamente para que pessoas pacíficas não consigam dormir em paz. Se você não dorme à noite, e de manhã tem que ir trabalhar, cuidar dos filhos, é óbvio que aí o cansaço aumenta. Este é um dos tipos de ataque psicológico à Ucrânia. Além disso, ao destruir metodicamente a infraestrutura vital de nossas cidades, o inimigo nos priva de meios de subsistência vitais durante a estação fria.
Mas são as crianças que mais sofrem porque são as mais vulneráveis durante esta guerra. Temos novos dados muito tristes, divulgados ontem: até 2 de janeiro de 2023, 1.328 crianças ucranianas foram feridas, 452 morreram e 876 sofreram ferimentos de vários graus. Então, esse número, esse valor, infelizmente, está aumentando a cada dia. Além disso, são apenas dados oficiais que são registrados pelos órgãos estaduais, mas, aparentemente, o número real é muito maior.
Mas apesar dos ataques, do terror, da destruição de nossa infraestrutura, dos abusos da população civil, hoje podemos mais uma vez dizer a nós mesmos e ao mundo: a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!
Também nos preparamos para a celebração do Natal, e hoje é o segundo dia da pré-celebração litúrgica desta grande festa cristã. Ontem pensamos no significado da importante palavra "hoje", "este dia": "Hoje a Virgem vem dar à luz em Belém", é cantada em nossos hinos na noite de Natal.
Mas hoje quero refletir com vocês sobre outro tema muito importante, um tema que nos revela o significado do Natal e nos ajuda a nos preparar para ele. É sobre o tema da luz. Sabemos que na cultura de todos os tempos e nações, as pessoas compreenderam naturalmente a importância da luz para a vida, em particular, para a vida humana. A Bíblia e toda a tradição cristã parecem inspirar-se no simbolismo da luz. Portanto, para a festa da Natividade de Cristo, o tema da luz é extremamente importante do ponto de vista histórico, mas também do ponto de vista teológico.
Sabemos que a Igreja primitiva celebrava o evento da Natividade de Cristo como evento da aparição visível de Deus ao homem. O Deus invisível, às vezes distante, desconhecido para muitas pessoas, torna-se visível, aparece para uma pessoa no corpo humano e assim ilumina uma pessoa.
Na Igreja primitiva, a festa do Natal e a festa da Epifania, festa do Batismo de Jesus, eram celebradas juntas no mesmo dia. Só mais tarde eles foram separados como dois feriados diferentes. Portanto, hoje ouvimos que às vezes o formato de nossas celebrações da festa do Natal e da Epifania é muito semelhante.
O momento de iluminação de uma pessoa, quando ela pôde conhecer o verdadeiro Deus, para os primeiros cristãos era o momento do batismo. A Festa da Luz estava associada ao batismo dos membros da Igreja preparados com antecedência. Por isso, durante a liturgia do Natal e da Epifania, em vez do hino “Deus Santo”, cantaremos “Vós que fostes batizados em Cristo, revesti-vos de Cristo”. É o momento de iluminação de uma pessoa no mistério da Natividade de Cristo, e nossos hinos chamarão nosso Salvador recém-nascido de "O Esplendor do Pai". Aquele que é a luz da luz, o sol que nunca se põe, o sol da justiça, o iluminador, virá a nós no corpo humano. Cantando letras de Natal, de novo e de novo nos envolveremos na luz que simboliza e traz a bênção e a alegria de Deus.
Mas há outro significado de luz que a festa de Natal nos revela de forma muito profunda. O principal hino da festa - troparion - diz que a luz é um símbolo da verdade, um símbolo do verdadeiro conhecimento de Deus. De fato, o troparion natalino diz: quem aprendeu com as estrelas, quem serviu às estrelas, aprendeu, justamente, com elas ,destas estrelas, a te adorar, Cristo, o sol da verdade. As pessoas que sempre fixaram os olhos nas estrelas veem a estrela que as conduz ao único sol da verdade: Cristo. Este é o significado da estrela que conduziu os Magos a Belém.
O tema da luz atua aqui como um elo que une diferentes culturas, diferentes religiões. Através do corpo celeste Deus fala aos Magos que não conheciam as profecias sobre o Messias e eram representantes de uma civilização completamente diferente. É por isso que o símbolo da poinsétia é um atributo tão importante na celebração da Natividade do Senhor. A estrela é colocada no topo da árvore de Natal, e os cantores de música andam com ela de casa em casa. Falando em linguagem moderna e técnica, o astro é um navegador no caminho do conhecimento, da iluminação, da esperança e da liberdade. Portanto, a festa de Natal é uma oportunidade para esclarecer as pessoas e dar a conhecer a verdade, a verdade sobre Deus, o homem e o universo. Portanto, o encontro com o Cristo recém-nascido é um encontro com a verdade encarnada que ilumina e santifica todo homem que vem ao mundo.
Nas atuais circunstâncias de guerra, quando experimentamos a ausência de luz, sentimos que quando ela falta, nossa vida se torna completamente diferente, mesmo que estejamos falando de luz física. É muito importante que uma pessoa conheça a verdade para viver correta e apropriadamente. Sabemos que a guerra é uma situação em que a primeira e mais importante vítima é a verdade, como nos diz o Papa Francisco. Assim, preparemo-nos para o nascimento entre nós da luz da verdade, à acolhida do nosso Salvador recém-nascido.
Deus abençoe a Ucrânia! Deus, ilumina-a com a Tua luz da verdade. Deus, sabemos que a estrela já se dirige para Belém e os sábios do Oriente já a seguem. Deus, guia-nos a esta luz celestial e deixa-nos ver, deixa-nos conhecer-te, o sol da verdade. Senhor, venha até nós, abençoe nossas meninas e meninos no front, ilumine a escuridão da dor, choro e desespero da Ucrânia. Deus, abençoe nossa Pátria com Sua paz celestial justa, brilhante, verdadeira!
Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade, agora e para todo e sempre, amém!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
03.01.2023
Fonte: Vatican News
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Sacerdote assassinado em Burkina Faso
Em 2022, segundo a fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre, 42 sacerdotes e 9 religiosas foram sequestrados no continente africano, onde o país de maior alarme entre assassinatos e sequestros é a Nigéria.
Mais um sacerdote católico assassinado no continente africano. Trata-se do Pe. Jacques Yaro Zerbo, morto na segunda-feira, 2 de janeiro, por homens armados não identificados.
Segundo um comunicado enviado à Agência Fides assinado por Dom Prosper Boaventura KY, bispo de Dédougou, o sacerdote de 67 anos foi assassinado na localidade de Soro, na região de Boucle du Mouhoun, no noroeste de Burkina Faso.
Pe. Jacques Yaro Zerbo nasceu em 28 de dezembro de 1956 em Kolongo, atual Mali, tendo sido ordenado sacerdote a 19 de Julho de 1986 em Dédougou.
Grupos terroristas próximos ao "Estado Islâmico" e à Al Qaeda têm aumentado suas atividades no Sahel desde 2015. Inicialmente, atacaram delegacias de polícia no norte, na fronteira com o Mali, e depois no leste. Mais tarde, houve vários ataques a igrejas. Devido à violência e à falta de acesso à alimentação, cerca de dois milhões de pessoas fugiram de seu próprio país.
A região de Boucle du Mouhoun (noroeste), em particular, é uma das regiões mais atingidas pelo terrorismo em Burkina Faso. Nesta região, pelo menos 28 civis foram mortos na noite entre sexta-feira, 30 de dezembro e sábado, 31 de dezembro, em "retaliação" após um ataque "terrorista" na cidade de Nouna, capital da Província de Kossi.
Fonte: Vatican News
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Especial: Bento XVI (1927-2022)
O percurso de vida do Papa emérito, falecido aos 95 anos de idade
O Papa emérito Bento XVI faleceu dia 31, aos 95 anos de idade, anunciou o Vaticano.
“Com pesar, informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 09h34, no Mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”, refere uma nota do porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, enviada aos jornalistas.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé adiantou que o corpo do Papa emérito vai estar na Basílica de São Pedro, a partir da manhã de segunda-feira, “para a saudação dos fiéis”.
Em conferência de imprensa, Matteo Bruni, acrescentou que o funeral de Bento XVI vai ser celebrado na próxima quinta-feira, às 09h30 locais (08h30 em Lisboa), na Praça São Pedro, sob a presidência do Papa Francisco.
O estado de saúde do Papa emérito tinha vindo a agravar-se nos últimos dias e, na quarta-feira, Francisco pediu orações pelo seu antecessor, referindo que este se encontrava “muito doente”; nesse mesmo dia, Bento XVI recebeu a unção dos doentes, informou o porta-voz do Vaticano.
Bento XVI, eleito em abril de 2005 para suceder a João Paulo II, tinha renunciado ao pontificado em fevereiro de 2013, mantendo uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano, sem aparições públicas desde a viagem à Alemanha, para visitar o seu irmão mais velho, monsenhor Georg Ratzinger, em junho de 2020 – o sacerdote viria a falecer a 1 de julho.
Joseph Aloisius Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria.
Nos últimos meses da II Guerra Mundial (1939-1945), foi arrolado nos serviços auxiliares antiaéreos pelo regime nazi.
Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.
De 1962 a 1965, participou no Concílio Vaticano II como ‘perito’, após ter chegado a Roma como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colónia.
Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Frisinga; a 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal e escolheu como lema episcopal ‘Colaborador da verdade’.
O mesmo Paulo VI criou-o cardeal, no consistório de 27 de junho de 1977.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guaiaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro; mo mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
O Papa polaco nomeou o cardeal Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981.
No dia 19 de abril de 2005, o cardeal Joseph Ratzinger foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciaria a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.
“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”.
Bento XVI realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo uma visita a Portugal, entre 11 e 14 de maio de 2010, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.
No total, as visitas apostólicas tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceânia (1); a estas somam-se 30 deslocações em solo italiano.
O falecido papa assinou três encíclicas e presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia, Sidney e Madrid), para além de ter convocado cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.
As encíclicas, textos mais importantes do pontificado, começaram a ser publicadas em 2006, com a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), um texto breve que apresenta uma “fórmula sintética da existência cristã”: Deus é amor e os cristãos acreditam nesse amor, fazendo dele a “opção fundamental” da sua vida.
O texto é estruturado em duas partes: a primeira, mais teórica, unifica os conceitos de ‘eros’ (amor entre homem e mulher) e ‘agape’ (a caridade, o amor que se doa ao outro); na segunda, centra-se na ação caritativa da Igreja, que apresenta como mais do que uma mera forma de “assistência social”, mas como uma parte essencial da sua natureza.
‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) é o título da segunda encíclica de Bento XVI, de 2007, dedicada ao tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança.
“O homem tem necessidade de Deus, de contrário fica privado de esperança”, pode ler-se num texto que cita, entre outros, Platão, Lutero, Kant, Bacon, Dostoievski, Engels e Marx – ao criticar o “materialismo” marxista.
Depois de negar que Jesus tenha trazido uma mensagem “socio-revolucionária”, Bento XVI abordou a questão da evolução para afirmar que “a vida não é um simples produto das leis e da casualidade da matéria, mas em tudo e, contemporaneamente, acima de tudo há uma vontade pessoal, há um Espírito que em Jesus se revelou como amor”.
A terceira encíclica, ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade), publicada em 2009, propõe uma nova ordem internacional, para governar a globalização e superar as sucessivas crises, apontando como prioridade a “reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitetura económica e financeira internacional”.
Bento XVI propôs “uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia e dos seus fins, bem como uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento”.
Em 2012, Joseph Ratzinger encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo.
A 18 de abril, Bento XVI tornou-se o terceiro Papa a discursar na sede da ONU, depois de Paulo VI, em 1965, e João Paulo II, em 1979 e 1995.
A promoção dos direitos humanos continua a ser a estratégia mais eficaz para eliminar a desigualdade entre os países e os grupos sociais, como também para construir um maior sentimento de segurança”, afirmou, numa intervenção longamente aplaudida, em Nova Iorque.
Entre os temas centrais do pontificado estiveram as críticas ao relativismo e ao secularismo da sociedade ocidental, a preocupação com as questões bioéticas – aborto, eutanásia, investigação em embriões – e da família, para além da crise financeira e das questões ecológicas.
Face à crise provocada pelos casos abusos sexuais cometidos por membros do clero ou em instituições católicas de vários países, Bento XVI encontrou-se com vítimas em várias viagens, demitiu bispos e reformou a legislação da Igreja, neste campo.
A 8 de fevereiro de 2022, o Papa emérito divulgou uma carta, após acusações de má gestão de casos de abusos sexuais, enquanto arcebispo de Munique, pedindo perdão a todas as vítimas destas situações.
Neste pontificado foram canonizados 44 santos em 10 cerimónias, incluindo o português Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, a 26 de abril de 2009; Portugal passou a contar também com duas novas beatas: Rita Amada de Jesus (beatificada a 28 de maio de 2006, em Viseu) e a Madre Maria Clara (21 de maio de 2011, Lisboa).
Nos 2872 dias do seu pontificado, Bento XVI escreveu 17 cartas apostólicas sob forma de motu proprio,116 constituições apostólicas e 144 cartas apostólicas, além de outras cartas e mensagens, discursos e homilias.
A 28 de junho de 2016 fez-se história no Vaticano com o regresso do Papa emérito Bento XVI ao palácio apostólico, para uma homenagem por ocasião do seu 65.º aniversário de ordenação sacerdotal.
Já o Papa Francisco, que visitou regularmente o seu antecessor, afirmou num texto de homenagem ao seu predecessor que a Igreja Católica tem uma “grande dívida” para com Bento XVI.
A 29 de junho de 2021, Francisco assinalou o 70.º aniversário de sacerdócio de Bento XVI, agradecendo pelo seu testemunho de vida e de oração pela Igreja.
“Obrigado, Bento, querido pai e irmão, obrigado pelo teu testemunho credível, obrigado pelo teu olhar continuamente dirigido para o horizonte de Deus. Obrigado”, disse, no Vaticano.
Fonte: Agência Ecclesia
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Bento XVI transmite «um legado de futuro», afirma D. José Tolentino Mendonça
Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação disse à Agência ECCLESIA que a herança espiritual do Papa emérito passa por colocar o anúncio de Deus no «centro de vida», a valorização do «estatuto da fé» e a «reabilitação da tríade bondade, verdade e beleza»
O cardeal Tolentino Mendonça disse à Agência ECCLESIA que o “legado espiritual” do Papa Francisco traz o “anúncio de Deus para o centro da vida”, valoriza o “estatuto da fé” e  reabilita a “tríade bondade, verdade e beleza”.
Num depoimento enviado à Agência ECCLESIA, o prefeito da Congregação para a Cultura e Educação afirma que o Papa emérito Bento XVI, falecido no último dia de 2022, indica como “caminhos concretos para a busca e para a experiência de Deus” a “reabilitação da tríade bondade, verdade e beleza”.
“O ensinamento que transmitiu sobre a beleza abriu espaço para tantos diálogos e iniciativas com o campo das artes, restabelecendo uma aliança que a modernidade deixara em suspenso. Do ponto de vista eclesial e cultural transmite-nos  um legado de futuro”, afirma D. José Tolentino Mendonça.
O cardeal português refere-se ao “extraordinário magistério do Papa Bento XVI” onde “não faltam traços de grande alcance espiritual e civilizacional”, afirmando que, no dia do seu funeral, “é impossível conter o sentimento de gratidão por todos eles”.
“Temos de estar gratos pelo dom da sua vida, da sua inteligência e da sua fé”, afirmou.
D. José Tolentino Mendonça afirma que “é natural que cada um, contemplando a figura do Papa Bento, destaque certos aspetos que sente como representativos”, elegendo três que “parecem constituir traços essenciais do legado espiritual” que deixa à Igreja e à humanidade.
“O primeiro é sem dúvida trazer o anúncio de Deus para o centro da vida. A questão de Deus não pode ser deixada para trás como coisa menor ou até suscetível de ser cancelada. É a questão por excelência quando se pensa que sentido tem ou pode ter o destino humano”, afirma.
D. José Tolentino Mendonça afirma que, para o Papa emérito Bento XVI, o anúncio de Deus é “urgente no mundo contemporâneo”.
“Não um anúncio de Deus qualquer, mas o anúncio de Deus amor, aquele Deus que Jesus de Nazaré revelou na história. Recordo a esse propósito o impacto, a surpresa e a emoção que despertou a sua encíclica “Deus caritas est”. Como mestre da fé o Papa Bento era de limpidez e profundidade iluminantes”, acrescenta D. José Tolentino Mendonça.
Para além da valorização da bondade, verdade e beleza, o cardeal madeirense afirma também que outro legado do Papa Bento “tem a ver com o estatuto da fé”.
 “O Papa Ratzinger ajudou a ver que a fé não deve ser menorizada como se fosse uma coisa pouco credível, se não mesmo irracional. Ele insistiu sim na credibilidade racional do ato de crer ao mesmo tempo que explicava que não podemos reduzir a razão a um racionalismo estreito sem mais, onde só prevalece o empírico”, afirma.
D. José Tolentino Mendonça sublinha que “Bento XVI não tinha dúvidas que o cristianismo provém de Jerusalém, mas tem de passar por Atenas”.
Em 2010, José Tolentino Mendonça, na altura diretor do Secretariado Nacional da Cultura, na Conferência Episcopal Portuguesa, liderou a organização do encontro do Papa Bento XVI com o mundo da cultura, no Centro Cultural de Belém.
“Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”, disse na ocasião o Papa Bento XVI aos representantes do mundo da cultura de Portugal.
Bento XVI faleceu no dia 31 de dezembro de 2022, com 95 anos de idade e 10 anos após ter renunciado ao pontificado; o seu funeral vai ser presidido pelo Papa Francisco, no Vaticano.
Fonte: Agência Ecclesia
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Do dia 03/01/2023
Em Manaus a I Experiência Missionária Vocacional Nacional
A Igreja de Manaus acolhe de 5 a 17 de janeiro de 2023 A “Experiência de encontro e de enriquecimento eclesial”.
Padre Modino – CELAM
A Igreja de Manaus acolhe de 5 a 17 de janeiro de 2023 a I Experiência Vocacional Missionária Nacional, que contará com a participação de quase 300 pessoas dos 19 regionais em que se divide a Igreja do Brasil entre seminaristas, formadores, bispos, religiosas e jovens vinculados à Juventude Missionária. Uma iniciativa que envolve diversos organismos da Igreja (Pontifícias Obras Missionárias, Pontifícia União Missionária, Juventude Missionária, Conselhos Missionários de Seminaristas, Organização dos Seminários do Brasil) e se insere dentro da dinâmica do III Ano Vocacional.
“A experiência missionária, ela foi pensada a partir de uma organização dos conselhos missionários de seminaristas do Brasil e espera ser uma animação missionária com esse novo estilo de uma pastoral que tenha como eixo central a missão para todos esses que serão os futuros presbíteros da Igreja no Brasil, e ao mesmo tempo quer ser uma integração da realidade missionária da Igreja que está no Brasil”, segundo o diácono Mateus Marques, que faz parte da Equipe de Coordenação.
Uma experiência que segue a reflexão do IV Congresso Missionário Nacional de Seminaristas, “onde se abordou a questão da missão, se abordou a questão particular da missão ad gentes, mas se abordou a questão do paradigma da missão relacionado com o processo de formação presbiteral”, lembra o Padre Zenildo Lima. Segundo o Reitor do Seminário São José de Manaus, onde se formam os futuros presbíteros das 9 igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “naquela ocasião, sobretudo a partir dos próprios formandos, havia uma disponibilidade, senão uma interpelação, para que esse dinamismo missionário não fosse simplesmente um acréscimo, mas fosse um referencial norteador para a formação presbiteral”.
Se busca essas iniciativas de caráter missionário que “de fato constituam oportunidades para que o formando assimile que a sua identidade, mesmo enquanto presbítero diocesano, mesmo enquanto incardinado em um Igreja local, seja de um homem servidor da Igreja, servidor da missão, que tenha como horizonte o Reino de Deus”, destaca o Padre Zenildo. Lembrando a Conferência de Aparecida, ele destaca que “a missão se torna paradigma para a formação presbiteral”.
Uma experiência que acontece na região amazônica, e que deve nos levar a refletir sobre o fato que “desde o Sínodo da Amazônia em 2019, aliás todo o processo de construção do Sínodo, os olhos se voltam para nós, não somente como um espaço, um ambiente e uma realidade de muitos apelos missionários”, coloca o reitor do Seminário São José. Nesse ponto, ele insiste em que “é bom reconhecer também que aqui existe uma eclesialidad, uma identidade eclesial bastante aproximada daquela perspectiva da Evangelii Gaudium”.
Por isso, “escolher a Amazônia para esta experiência não se dá somente por causa das necessidades evangelizadoras desse lugar, mas senão também a partir da riqueza desta identidade eclesial, eclesiológica, que pode ser compartilhada com outras perspectivas que os formandos têm a partir das experiências de suas Igrejas locais”, segundo o Padre Zenildo. Ele ressalta que os participantes da experiência missionária, “eles vêm para cá para essa experiência de missão, que é sempre um anúncio, mas também vêm para cá para uma experiência de encontro e de enriquecimento eclesial”.
Uma dimensão que também é destacada pelo Diácono Mateus, que afirma que “existe um espírito da Igreja na Amazônia que está muito atrelado a esse estilo da sinodalidade do encontro e da partilha que eu penso que é uma experiência vivida pelas comunidades”. Nessa perspectiva, ele destaca que “os seminaristas aqui encontrarão esse jeito de ser, essa eclesiologia muito própria da região, que pressupõe a partilha, o diálogo e a escuta nas comunidades”. Por isso, ele insiste em que “pode ser que alguém venha com a ideia e com interesse de querer vir entregar alguma coisa, mas eu penso que eles serão encontrados pela realidade da Igreja na Amazônia”.
A experiência missionária acontecerá nas comunidades das áreas missionárias, um claro exemplo de sinodalidade, de ministerialidade, de uma Igreja com rosto laical e feminino. Nesse sentido, o reitor do Seminário São José insiste em que “a formação presbiteral tem que se reconstruir na chave da sinodalidade, uma formação que tenha a participação de outros sujeitos”. Segundo ele, “pensar na formação presbiteral sinodal é pensar em formar presbíteros como homens de diálogo e como homens de uma ministerialidade que se insere no corpo ministerial da Igreja, não em pequenos monarcas, mas em ministros que participam do serviço da Igreja, que também é desenvolvido a partir de outros ministérios, como aqueles dos cristãos leigos e leigas”.
Isso fez com que “a escolha dos lugares aqui, primeiro foi para tentar dar uma aproximação da nossa realidade ribeirinha e de periferia, mas também para um encontro com essas comunidades eclesiais que têm outro dinamismo, e dentre esse dinamismo a questão do protagonismo do laicato. Para que o presbítero seja formado como homem cujo ministério vai ser um ministério de articulação do corpo ministerial da Igreja”, destaca o Padre Zenildo Lima. Ele lembra o que foi refletido na Assembleia Eclesial de América Latina e o Caribe, “a superação dessa chaga do clericalismo que vem avançando na Igreja”. É por isso que “experiências assim, deste contato, deste encontro e desta acolhida da riqueza ministerial da Igreja é uma ferramenta muito importante”, ressaltou.
Uma experiência que pode abrir essa perspectiva de que “aqueles que hoje são seminaristas possam colaborar na missão da Igreja da Amazônia no futuro”, segundo o Diácono Mateus. Ele afirma que “pode ser um indicativo de um jeito de ser Igreja também nas suas realidades. Mais do que uma forma de atrair para cá os missionários, mas também de exportar o modo como a Igreja se organiza, o modo como a Igreja está presente na região amazônica, ali nos seus espaços”. Ele diz que “é verdade que tem muitos até angustiados por não saber nada da região, muito preocupados com o que vão encontrar aqui, mas eu penso que nessa dinâmica da presença deles aqui para um futuro, eu acho que o jeito da Igreja na Amazônia vai estar um pouquinho mais presente na Igreja no Brasil como um todo”, conclui o membro da Equipe de Coordenação.
Fonte: Vatican News
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A homenagem de milhares de fiéis ao Papa emérito Bento XVI
Pelo segundo dia consecutivo continuam as homenagens de fiéis e peregrinos de todas as partes do mundo que desde as primeiras horas desta terça-feira se colocaram em fila para poder entrar na Basílica Vaticana onde se encontram os restos mortais do Papa Emérito Bento XVI, que faleceu na manhã do último sábado, 31 de dezembro de 2022. Na fila três gerações: crianças, adultos, pessoas idosas. Leigos e religiosos. Será possível homenagear os restos do Papa Emérito até quarta-feira à noite.
Silvonei José – Vatican News
Pouco depois das 5 da manhã desta terça-feira os primeiros fiéis chegaram à Via di Porta Angelica, a poucos passos da Praça São Pedro, para se alinharem para entrar na Basílica de São Pedro e poder homenagear o Papa emérito Bento XVI. Tantos jovens presentes e para muitos deles, foi o primeiro Papa.
O corpo de Bento XVI em exposição em São Pedro
Após um rito particular, os restos mortais do Papa Emérito foram transferidos na manhã de ontem, segunda-feira, do Mosteiro Mater Ecclesiae, para a Basílica de São Pedro, junto ao Altar da Confissão. O corpo do Papa emérito permanecerá no interior da Basílica por três dias, até o funeral no dia 5 de janeiro, na Praça São Pedro. Após a primeira entrada do presidente italiano Mattarella no dia de ontem cerca de 65.000 pessoas prestaram sua última homenagem a Joseph Ratzinger, que será enterrado nas Grutas do Vaticano, no local onde se encontrava o túmulo de João Paulo II. Até ao meio-dia desta terça seriam no total 100.000 os fiéis que passaram pela Basílica de São Pedro.
Imediatamente após o presidente italiano Mattarella, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, chegou a São Pedro, assim como Alfredo Mantovano, Subsecretário da Presidência do Conselho, e o Ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida.
O rito presidido por Gambetti
Na pequena capela, no Mosteiro Mater Ecclesiae onde o corpo de Bento descansou todo o dia de domingo ao lado de um grande crucifixo, de um presépio e de uma árvore de Natal, estava o fiel secretário dom Gänswein, e as Memores Domini que ajudaram Ratzinger diariamente ao longo dos anos. Presentes também os antigos ajudantes de câmara e um pequeno grupo da Mater Ecclesiae que recitaram uma breve oração. Os restos mortais do Papa Emérito foram então transportados para a Basílica em procissão através da Porta de Oração. Um percurso de apenas alguns metros por uma estrada de curvas e árvores que durante todo o dia de domingo, começando com as primeiras visitas privadas de bispos e cardeais, foi ocupada por centenas de pessoas que não queriam esperar pela abertura nesta segunda-feira da Basílica e foram cumprimentar o Papa Emérito. Um fluxo que durou até o final da tarde de domingo.
65 mil pessoas em São Pedro
Muitos retornaram à Praça de São Pedro nesta segunda-feira, esperando em fila dupla desde as primeiras horas da manhã. Estimativas iniciais falaram de 40 mil pessoas que foram prestar suas últimas homenagens ao Pontífice Emérito após cinco horas da abertura, tornando-se 65 mil no final do dia. Um grande afluxo é esperado também hoje e  amanhã nos dias da exposição do corpo de Bento XVI. No dia 5 de janeiro, quinta-feira, dia do funeral presidido pelo Papa Francisco, são esperadas aproximadamente 50-60 mil pessoas.
A Rádio Vaticano - Vatican News transmite, ao vivo, como comentários em português a Santa Missa a partir das 5h30 da manhã, hora de Brasília.
"O Dicastério para a Comunicação, com o apoio dos Cavaleiros de Colombo, coloca à disposição dos meios de comunicação estruturas e links de áudio-vídeo para garantir a transmissão em mundo-visão da Missa fúnebre de Bento XVI, presidida pelo Papa Francisco".
Fonte: Vatican News
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A ligação entre Ratzinger e Santo Agostinho: "Guia para minha vida como teólogo e pastor"
O Papa Emérito conheceu o grande padre da Igreja durante seus primeiros estudos filosóficos e teológicos e ficou fascinado por ele. Sua tese em teologia foi dedicada a ele e se inspirou em Agostinho para escrever sua primeira Encíclica “Deus caritas est”. Bento XVI escolheu um símbolo "agostiniano" no brasão papal e, na capela da Mater Ecclesiae, onde repousava o corpo, encontra-se uma estátua do bispo de Hipona.
Tiziana Campisi – Vatican News
Bento XVI e Santo Agostinho. O pensamento e a teologia do 264º sucessor de Pedro estão impregnados nos ensinamentos e escritos do grande Padre da Igreja, mas já como estudante Joseph Ratzinger sentia afinidades com a personalidade do bispo de Hipona. Nutria uma devoção especial e gratidão para com aquela figura à qual ele se sentia muito apegado pelo papel que havia desempenhado em sua vida de teólogo, de sacerdote e de pastor. Repetiu isso várias vezes durante seu pontificado: na última de suas cinco catequeses dedicadas ao Santo - entre janeiro e fevereiro de 2008 -, no ciclo das audiências gerais sobre os Padres da Igreja, diante do túmulo de Santo Agostinho em Pavia em abril do mesmo ano, e antes disso aos estudantes do Seminário Maior Romano em 17 de fevereiro de 2007. No período de seus primeiros estudos filosóficos e teológicos, na segunda metade dos anos 40, foi particularmente atraído pela figura de Santo Agostinho e pelo seu perturbador caminho interior empreendido para crer e compreender e, ao mesmo tempo, para compreender e crer, em suma, para poder dialogar fé e razão. Diálogo que Ratzinger levou adiante e desenvolveu ao longo de toda a sua vida.
O fascínio da história humana do Bispo de Hipona
“Fascinava-me sobretudo a grande humanidade de Santo Agostinho", explicou Bento XVI aos seminaristas, "que não teve a possibilidade simplesmente de se identificar com a Igreja porque era catecúmeno desde o início, mas teve que lutar espiritualmente para encontrar pouco a pouco o acesso à Palavra de Deus, à vida com Deus, chegando ao grande ‘sim’ à sua Igreja". E é, em particular, a história pessoal do filósofo de Tagaste que impressionou Ratzinger, "este caminho tão humano, no qual também hoje podemos ver como se começa a entrar em contacto com Deus, como todas as resistências da nossa natureza devam ser tomadas a sério e depois devam também ser canalizadas para chegar ao grande sim ao Senhor. Desta forma, fui conquistado pela sua teologia muito pessoal, desenvolvida sobretudo na pregação".
A tese “agostiniana” em teologia
Voltando no tempo, no percurso de estudioso, teólogo e pastor de Ratzinger e na sua vida pessoal, a figura do bispo de Hipona está sempre presente. Em 1953, o promissor Joseph sacerdote e já brilhante acadêmico se formou em Teologia na Universidade de Munique com uma dissertação sobre a relação entre o Povo de Deus e o Corpo de Cristo em Agostinho - 'Povo e Casa de Deus na Doutrina da Igreja de Santo Agostinho' - com base no que o Doutor da Igreja escreve na 'Exposição sobre o Salmo 149'. A tese foi publicada e no prefácio da edição italiana de 1978 Ratzinger delineou o resultado central de sua pesquisa, especificando que "a releitura cristológica do Antigo Testamento e a vida sacramental centrada na Eucaristia são os dois principais elementos da visão agostiniana da Igreja".
O desejo de uma vida contemplativa
Mas há outro aspecto da vida de Santo Agostinho que Bento XVI quis destacar durante sua visita ao Seminário Maior Romano, por ocasião da festa de Nossa Senhora da Confiança: ele desejava viver, inicialmente, "uma vida meramente contemplativa, escrever outros livros de filosofia... mas o Senhor não quis, fez dele um sacerdote e um bispo e, assim, o resto da sua vida, da sua obra, desenvolveu-se substancialmente no diálogo com um povo muito simples. Ele teve que encontrar sempre pessoalmente, por um lado, o significado da Escritura e, por outro, ter em consideração a capacidade do povo, do seu contexto vital, e alcançar um cristianismo realista e ao mesmo tempo muito profundo". Era a mesma coisa que Ratzinger desejava: retirar-se da vida pública para se dedicar à meditação e ao estudo. Como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé desde 1981, solicitou várias vezes sua demissão, que João Paulo II não concedeu.
Sua primeira Encíclica: Deus caritas est
Eleito Papa em 16 de abril de 2005, alguns meses depois, no dia de Natal, Bento XVI entregou à Igreja sua primeira carta encíclica, Deus caritas est, dedicada ao amor cristão. Foi inspirado mais uma vez por Santo Agostinho. Seu desejo de "falar do amor com que Deus nos cumula e que deve ser comunicado aos outros por nós" e o expressa em um tratado dividido em duas grandes partes que estão "profundamente ligadas" entre elas. A primeira com um caráter mais especulativo, com o qual ele quis especificar, no início de seu Pontificado, "alguns dados essenciais sobre o amor que Deus, de forma misteriosa e gratuita, oferece ao homem, juntamente com a ligação intrínseca desse Amor com a realidade do amor humano"; a segunda parte com "um caráter mais concreto", que trata do "exercício eclesial do mandamento do amor pelo próximo". No parágrafo anterior à conclusão, apresenta uma síntese do conceito de amor, a única luz "que sempre ilumina novamente um mundo escuro e nos dá a coragem de viver e de agir". "O amor é possível, e nós somos capazes de praticá-lo porque fomos criados à imagem de Deus. Viver o amor e assim deixar a luz de Deus entrar no mundo, isto é o que eu gostaria de convidar com esta Encíclica".
Peregrino no túmulo de Santo Agostinho
Em 22 de abril de 2007, em visita a Pavia, Bento XVI deixou ainda mais claro o quanto se sentia próximo de Santo Agostinho. Com viva emoção, na Basílica de São Pedro em Ciel d'Oro, onde são guardados os restos mortais do "Doutor da Graça", ele revelou que era seu desejo venerá-los: "Para expressar tanto a homenagem de toda a Igreja Católica a um dos seus ‘padres’ maiores, como a minha pessoal devoção e reconhecimento àquele que grande parte teve na minha vida de teólogo e de pastor, mas diria antes ainda de homem e de sacerdote". E diante do túmulo do Bispo de Hipona, visivelmente emocionado, o Papa Ratzinger também quis "entregar idealmente à Igreja e ao mundo", sua primeira Encíclica, "amplamente devedora ao pensamento de Santo Agostinho, que foi um apaixonado do Amor de Deus, e o cantou, meditou, pregou em todos os seus escritos, e acima de tudo testemunhou no seu ministério pastoral". Afirmando também que “que a humanidade contemporânea tem necessidade desta mensagem essencial, encarnada em Jesus Cristo: Deus é amor” e que “tudo deve partir daqui e tudo aqui deve conduzir: cada ação pastoral, cada desenvolvimento teológico”, e que “todos os carismas perdem o sentido e o valor sem o amor, graças ao qual, ao contrário, todos concorrem para edificar o Corpo místico de Cristo”. Acrescentando que mensagem “que ainda hoje Santo Agostinho repete a toda a Igreja” e que “o Amor é a alma da vida da Igreja e da sua ação pastoral”.
Um símbolo "agostiniano" no brasão papal
E não se deve esquecer que para seu brasão papal Bento XVI escolheu, entre outros símbolos, uma concha, que também tem um significado agostiniano. De fato, recorda uma lenda que tem Agostinho como protagonista. A história conta que Agostinho notou uma criança em uma praia que estava continuamente tirando água do mar com uma concha e depois despejando-a em um buraco cavado na areia, e pediu explicação. O menino respondeu que queria colocar toda a água do mar naquele buraco. "Agostinho compreendeu a referência a seu inútil esforço em tentar fazer entrar o infinito de Deus na limitada mente humana", lê-se na página do site Vatican.va dedicada ao brasão de Bento XVI. A lenda tem um evidente simbolismo espiritual, para nos convidar a conhecer Deus, ainda que na humildade das inadequadas capacidades humanas, nutrindo-nos na inesgotabilidade do ensinamento teológico".  
O brasão papal de Bento XVI
A estátua de Santo Agostinho no Mosteiro Mater Ecclesiae
Impressiona que na capela do Mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins do Vaticano, onde foi colocado o corpo de Bento XVI para permitir um último adeus a seus amigos mais próximos, cardeais, prelados, leigos, amigos, antigos colaboradores, estudantes, famílias, religiosos e religiosas, tenha também uma estátua de Santo Agostinho. Encontra-se em frente ao altar. É uma antiga estátua de madeira que mostra sinais de tempo; o bispo de Hipona é representado com as vestes de prelado. Não há dúvida que se trate do grande padre da Igreja; ao seu lado está uma criança segurando uma concha. Ele é o protagonista da lenda agostiniana que Bento XVI quis recordar em seu brasão precisamente com uma concha, que também está presente no brasão do antigo Mosteiro de Schotten, em Regensburg, ao qual Joseph Ratzinger se sentia espiritualmente muito ligado, e é também o símbolo do peregrino. Justamente onde se concluiu a peregrinação terrena de Bento XVI, Santo Agostinho parece dar testemunho o quanto Joseph Ratzinger deu ao mundo.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: Gänswein, disse-lhe que não renunciasse, ele respondeu que tinha decidido
A entrevista será transmitida no dia das exéquias de Bento XVI, quinta-feira, 5 de janeiro. Um relato da decisão que mudou para sempre a história do Pontificado através da voz do homem que esteve ao lado de Joseph Ratzinger por 19 anos, durante seu Pontificado e após sua renúncia, até sua morte. O arcebispo Georg Gänswein - há 38 anos a serviço da Igreja - é o prefeito da Casa Pontifícia e foi o secretário pessoal de Joseph Ratzinger desde 2005
"Minha reação imediata (quando soube de sua decisão) foi dizer-lhe: 'Santo Padre é impossível, isto não é possível (...) é preciso e pode-se pensar em reduzir os compromissos. Mas deixar, renunciar é impossível...'. Ele me deixou falar. E depois disse: "Considere que eu pensei, refleti, rezei, lutei. E esta é uma decisão que tomei, que quero comunicar-lhe, não é uma tese a ser discutida, não é uma quaestio disputanda. Está decidido. E eu lhe digo, agora não deve contar a ninguém".
Assim disse dom Georg Gänswein, secretário pessoal de Bento XVI na entrevista exclusiva concedida (em 15 de dezembro, no Vaticano), antes da morte do Papa emérito ao jornalista Ezio Mauro para "La Scelta" (A Escolha), o novo programa de aprofundamento da Televisão italiana Rai.
Uma decisão que mudou a história do Pontificado
A entrevista será transmitida no dia das exéquias de Bento XVI, quinta-feira 5 de janeiro, à noite no canal Rai3. Um relato da decisão que mudou para sempre a história do Pontificado através da voz do homem que esteve ao lado de Joseph Ratzinger por 19 anos, durante seu Pontificado e após sua renúncia, até sua morte.
Através das palavras do arcebispo Georg - há 38 anos a serviço da Igreja, prefeito da Casa Pontifícia, secretário de Joseph Ratzinger desde 2005 -, Ezio Mauro repercorre a história do Papa Bento XVI, da sua eleição aos escândalos, até o momento mais corajoso e controverso da história do Pontificado, a decisão de renunciar ao papado.
O relato é enriquecido pelos testemunhos de Alberto Melloni, historiador do cristianismo, que nesta edição do referido programa televisivo analisa os efeitos do escândalo Vatileaks sobre o Pontificado de Ratzinger, de Agostino Paravicini Bagliani, historiador da Igreja e especialista nas tradições cristãs e no mundo papal desde a época de São Pedro até hoje, e da jornalista Giovanna Chirri, que na época da renúncia de Ratzinger trabalhava para a agência Ansa e foi a primeira a entender a declaração de Bento XVI, dando a notícia ao mundo.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: o Papa que permanece vivo no coração dos fiéis
Milhares de fiéis prestam as últimas homenagens ao corpo de Bento XVI, exibido na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Na Praça São Pedro, seis brasileiros e uma angolana comentam a vida do Papa emérito.
Luiz Felipe Bolis – Vatican News
A praça São Pedro acolhe centenas de fiéis para um último adeus ao Papa emérito Bento XVI. A praça é a porta de entrada para as muitas homenagens que se estendem até a Basílica de São Pedro, para a gratidão em torno do corpo do homem de 95 anos e para um tanto de lágrimas que escapam livres das memórias da alma.
O coração de Roma e o coração da Igreja agasalham, no conforto de Deus, as almas, os sentimentos e os silêncios nas temperaturas de inverno. No meio da multidão e das múltiplas faces e línguas nos passos da “Via della Conciliazione”, todos os caminhos convergem em uma mesma fé una, católica, apostólica e romana, na contemplação da caminhada terrena de Joseph Ratzinger. 
Pelos óculos da fé se vê além de um Vaticano repleto de pessoas. Se enxerga uma Igreja viva e atenta aos sinais da morte de um dos mais importantes nomes para a fé católica na atualidade, que relatou em seu testamento espiritual: "Vi e vejo como do emaranhado das hipóteses tenha emergido e emerja novamente a razoabilidade da fé. Jesus Cristo é realmente o caminho, a verdade e a vida — e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é realmente o Seu corpo”. Quinze anos depois, após terem sido escritas naquele 29 de agosto de 2006, as palavras de Bento XVI traduzem uma verdadeira aula de teologia, a lembrança da família, as recordações da Alemanha e da Itália e o mais puro agradecimento a Deus.
“Senhor, eu te amo!”. A última declaração de amor de Bento XVI ao Pai dos Céus foi pronunciada com um fio de voz, mas suficientemente compreensível para entender, em italiano, tamanha piedade a Deus. Era por volta das 3h da madrugada de 31 de dezembro de 2022, no Mosteiro “Mater Ecclesiae”, no Vaticano. Às 9h34 do mesmo dia, ele partiu para a Casa do Pai.
As ruas vaticanas registram os muitos passos daquele que é considerado um dos maiores teólogos dos tempos modernos, com uma vasta bibliografia. Por essas ruas onde ele encaminhou o seu apostolado como sacerdote, Papa da Igreja Católica, Bispo de Roma e Papa emérito, o seu corpo foi levado do Mosteiro “Mater Ecclesiae” até a Basílica de São Pedro, pouco depois das 7h da manhã desta segunda-feira (02).
A exibição pública do corpo ocorreu entre 9h da manhã e 19h no primeiro dia, reunindo cerca de 65 mil pessoas, segundo informações dos oficiais de segurança do Vaticano. O velório se estende para terça-feira (03) e quarta-feira (04) antes do funeral da manhã de quinta-feira (05). Na quinta-feira, dia 5, o funeral ocorre às 9h30 da manhã "solene, mas sóbrio", presidido pelo Papa Francisco. O Papa emérito Bento XVI será sepultado nas grutas vaticanas, no túmulo onde antes jazia o corpo de São João Paulo II.
Um jornalista expressa seus sentimentos por Bento XVI
Dos 70 anos de vida do paranaense Manoel Tavares, quase cinco décadas se passam diante de uma história construída com as pedras da Itália e do jornalismo. Acompanhar de perto a morte e o funeral de um papa não é novidade para ele, que esteve presente nas cerimônias de despedida ao Beato João Paulo I e a São João Paulo II.
Poucos sabem, mas naquele setembro de 1978 o senhor Manoel, ao lado de um sacerdote e de uma religiosa, foi uma das três primeiras pessoas a ver o corpo de João Paulo I após o falecimento do papa. Em 2005, no funeral de João Paulo II, Manoel exercia suas funções de jornalista na sede da Radio Vaticana, a poucos metros da exibição do corpo do “peregrino do amor”. Um “rio de pessoas”: essa é a expressão que nasce das lembranças felizes do paranaense, que pontua um fato inusitado daquele atípico dia de abril, lotado de visitantes: “a gente não podia nem colocar o pé para fora e sair do prédio da Radio”.
Missionárias de Santa Teresinha comentam vida do Papa emérito
Um mar de fiéis, veículos de comunicação e policiais ocupam os corredores que cercam a “Via della Conciliazione” já no primeiro dia de exibição pública do corpo do papa emérito. Em agosto de 2007, Bento XVI dizia em uma de suas catequeses papais que o ser humano é o “reflexo da beleza divina”, citando o teólogo Gregório de Nissa, do século IV. Isto é justamente o que se revela a céu aberto sobre os caminhos do Vaticano: a beleza inculturada da humanidade que serve a Deus nos rumos de infinitos estados de vida e vocações, sobre um mesmo propósito ao amor e à santidade.
A irmã Vânia Mesquita e a irmã Lucrécia Junqueira são religiosas missionárias de Santa Teresinha, e nos passos de seu fundador, o Servo de Deus Dom Eliseu Maria Coroli, elas têm como base o fundamento de que “educar não é somente instruir, mas preparar para a vida”. Sobre a alma brasileira de irmã Vânia, de 47 anos, e na alma angolana de irmã Lucrécia, de 33, o dia 02 de janeiro marca dois fortes motivos para celebrar: o funeral do papa que nasceu para a vida eterna e a data de nascimento de Santa Teresinha do Menino Jesus, datado de 1873, baluarte do instituto ao qual pertencem.
Joseph Ratzinger frutifica grandes ensinamentos para as religiosas. “Pra mim, é um grande teólogo de todos os tempos: as suas colocações, o seu gesto de falar com o povo, a sua humildade, a forma como ele escrevia, então isso deixa um grande legado na minha vida. Passando ali próximo ao corpo, eu fiquei muito emocionada com essa despedida”, comentam as alegres palavras da irmã Vânia.
Expressando felicidade, irmã Lucrécia sublinha: “ele foi esse pastor humilde que protegeu a Igreja, guiou a Igreja e que nos deu esse grande exemplo da humildade, na questão da sua renúncia, de reconhecer que, quando sentimos que nossas forças já não podem, então pedir essa graça a Deus de renunciar e de deixar que Deus continue guiando a Igreja através de uma outra pessoa, o seu sucessor Papa Francisco. Como diz São Paulo, Bento XVI combateu o bom combate, terminou a carreira e guardou a fé”, finaliza a religiosa com a citação de 2 Timóteo 4, 7.
Família, patrimônio principal da humanidade e tesouro de Ratzinger
Em junho de 2012, em discurso pronunciado em Milão/Itália pela ocasião do VII Encontro das Famílias, Joseph Ratzinger fez uma importante consideração da família como patrimônio principal da humanidade, assinalando que ela se vê animada pela fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado.
No mês de abril do mesmo ano, o Papa emérito havia afirmado, em celebração na Basílica de São Pedro, que as famílias são o primeiro ambiente no qual se “respira” o amor de Deus, que dá a força interior também em meio às dificuldades e às provações da vida, acrescentando ainda: “quem vive em família a experiência do amor de Deus, recebe um dom inestimável, que dá fruto em seu tempo”.
Nara Ferreira e a família vieram de Goiás para visitar a Cidade Eterna e respirar os ares da cultura italiana. Ao lado do esposo Sérgio, da filha Taynara, da neta Sofia e da irmã Maria de Lourdes, Nara, de 55 anos, reservou um momento em meio aos cinco dias de permanência em Roma para ver bem de perto o corpo do Papa que, por diversas vezes, tocou o seu coração com palavras de sabedoria.
“É uma emoção muito grande ter essa graça de poder participar desse momento aqui em Roma, no Vaticano, na Basílica de São Pedro, e como todos nós buscamos a santidade, todos os dias em nossas ações buscamos as virtudes de Bento”, compartilha Nara.
No coração da Igreja e centro do catolicismo, Taynara, de 30 anos, contempla os passos da sua caminhada católica sob os passos papais de Bento XVI, e diz: “o Bento XVI foi um dos pilares da minha conversão. Um papa fantástico, que pregou muito sobre a tradição católica e de como é importante vivenciarmos a nossa fé no dia a dia. Então, não tem emoção maior do que poder estar pertinho do corpo dele, fazer nossas orações e entregar o corpo dele a Cristo”.
Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus recordam Bento XVI
Uma sul-mato-grossense e uma paulista partilham o mesmo modelo de hábito, os mesmos votos ao instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus e um amor em comum pela vida de Joseph Ratzinger, o eterno Bento XVI. Irmã Marilza Barrios, de 44 anos, e a irmã Cláudia Adriana, de 49, acabam de sair da Praça São Pedro e, apenas pelo semblante, se nota uma emoção inenarrável pelo último cortejo ao Papa emérito de origem alemã.
“Sou fã do Papa Bento XVI, e depois, pra mim, é uma pessoa que representou um papa da fé, pelos escritos dele, pela fé dele, e ao mesmo tempo transmitiu muita humildade e simplicidade. Eu tive a grande honra de encontrar uma vez ele, cumprimentar ele, pegar na mão dele e ele perguntar meu nome. E hoje, estar aqui, ao mesmo tempo que é um funeral, uma visita, porque ele faleceu, mas é uma comoção, uma emoção e um agradecimento, por tudo que ele foi na nossa Igreja e também no mundo. É também um momento histórico estar aqui”, comenta irmã Marilza. Do Mato Grosso do Sul à Itália, os ensinamentos de Bento XVI iluminam os seus 19 anos de vida religiosa.
Em momentos de forte tempestade na Jornada Mundial da Juventude de Madrid, em 2011, irmã Marilza pôde ver de perto a firmeza de um papa que fez jus ao tema do evento: “Firmes na fé”, na qual ele manteve-se concentrado na presença de Jesus e ao lado de uma grande multidão de fiéis, especialmente em momentos de adoração. Outro fato marcante que o papa deixa para a irmã está impresso nos seus escritos, repletos de “profundidade teológica e ao mesmo tempo de fácil compreensão”, a exemplo da Carta encíclica “Deus é amor” (Deus caritas est).
As páginas da coletânea “Jesus de Nazaré”, uma das mais conhecidas obras de Joseph Ratzinger, clarearam o percurso da irmã Cláudia nos estudos de teologia, em um mergulho no “Jesus histórico” e no “Jesus humano”. Sendo uma Apóstola do Sagrado Coração de Jesus há 19 anos, o dia 02 de janeiro de 2023 sela uma nova experiência nos 25 anos da sua vida religiosa.
“A emoção foi muito grande, porque é um momento de oração e um momento histórico também pra quem está aqui. Nós, como estrangeiras em Roma, como não vir neste momento por tudo o que o Papa Bento XVI foi para a nossa Igreja!? A hora que chegamos na praça era frio, o vento, mas estávamos firmes porque gostaríamos de prestar a última homenagem ao papa 'Benedetto'”, sublinha a freira natural do estado de São Paulo.
O relógio da Basílica de São Pedro registra 11h15 e dos montes do último adeus ao Papa emérito Bento XVI, as irmãs agora se encaminham aos vales da rotina religiosa. Mas, antes, a irmã Cláudia pontua: “o Papa Bento XVI é uma figura muito marcante na minha história, na história da Igreja, na história do nosso instituto. Além de ser uma pessoa intelectual, inteligente, teólogo, o que me marcou na pessoa do Papa Bento XVI é a humildade. Como ele foi humilde! Isso eu trago pra minha vida hoje: como posso ser humilde também? Diante de uma Igreja, o Papa Bento XVI teve a coragem, teve a inspiração de Deus. Quantos desafios, quantas noites talvez sem dormir, mas rezando, pedindo as luzes do Espírito Santo pra que tomasse essa decisão! E eu peço ao Papa hoje que também me dê a graça de ser humilde na minha vida”. 
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: episcopados da América Central rezam pelo Papa emérito
As orações e mensagens de condolências dos episcopados dos países centro-americanos juntam-se às dos espiscopados do mundo inteiro nestas horas. Entre elas, a Conferência Episcopal do Panamá pede "orações em todo o país" pelo Papa emérito e anuncia que nas exéquias, na próxima quinta-feira, no Vaticano, estarão presentes em nome de todo o episcopado o cardeal José Luis Lacunza, bispo de David, e dom José Domingo Ulloa, arcebispo de Panamá
Também os episcopados da América Central fazem chegar suas mensagens de condolências e oração pela morte do Papa emérito Bento XVI, ocorrida no sábado, 31 de dezembro, no Vaticano.
El Salvador
Os bispos de El Salvador, liderados por dom José Luis Escobar, arcebispo de San Salvador e presidente do episcopado, "em unidade com o clero", compartilharam seus sentimentos de dor e gratidão "pela vida e herança de um Pontífice que nos ajudou a permanecer radicados na fé. Não podemos deixar de dar graças a Deus por um Papa que sempre nos edificou com seu exemplo de liberdade, humildade, amor à verdade e grande confiança em Deus".
Guatemala
A Conferência Episcopal da Guatemala, através de uma nota assinada por seu presidente, dom Gonzalo de Villa y Vásquez, arcebispo de Cidade da Guatemala, e seu secretário geral, dom Antonio Calderón, bispo de São Francisco de Asís, pediu aos fiéis que "elevem suas orações" pelo descanso eterno de Bento XVI. Ressalta-se que o Papa emérito era "um mestre da fé, um promotor da unidade dos cristãos e da liberdade religiosa".
Honduras
Os bispos de Honduras rezam pelo descanso eterno do Papa emérito. Na mensagem assinada pelo presidente do episcopado, dom Roberto Camilleri, bispo de Comayagua, ressalta-se que sua vida foi um "testemunho de uma fé firme e inabalável" como "simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor". Os bispos hondurenhos convidam todos os padres a oferecer missas nestes dias "por seu repouso eterno".
Panamá
A Conferência Episcopal do Panamá pede "orações em todo o país" pelo Papa emérito e anuncia que nas exéquias, na próxima quinta-feira, no Vaticano, estarão presentes em nome de todo o episcopado o cardeal José Luis Lacunza, bispo de David, e dom José Domingo Ulloa, arcebispo de Panamá.
Fonte: Vatican News
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O admirável Papa Bento XVI
Ao longo de sua vida e sobretudo ao exercer o cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger sempre quis lembrar que a fé da Igreja precede, gera, sustenta e alimenta a fé dos católicos.
Luís Eugênio Sanábio e Souza  - escritor –   Juiz de Fora -MG
“Eu creio para compreender e compreendo para melhor crer”.  Esta máxima de Santo Agostinho revela com exatidão a trajetória de vida do manso e inteligente  Joseph Aloisius Ratzinger.  Na minha juventude, eu amei o Papa São João Paulo II e observava o quanto ele admirava e defendia o então cardeal Ratzinger.  Este testemunho do papa polonês a favor de Ratzinger não era irrelevante.  São João Paulo II conhecia a inabalável fé e as qualidades intelectuais daquele que mais tarde seria seu sucessor na Cátedra de Pedro.  Ao longo de sua vida e sobretudo ao exercer o cargo de  Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger sempre quis lembrar que a fé da Igreja precede, gera, sustenta e alimenta a fé dos católicos e, consequentemente, o que deve crer o fiel é aquilo que a Igreja crê. As intervenções do Magistério da Igreja servem para garantir a unidade da Igreja na verdade de Cristo. Ajudam a “permanecer na verdade”, frente ao caráter arbitrário das opiniões mutáveis, e são a expressão da obediência à Palavra de Deus. Assim, Ratzinger considerava que mesmo quando pode parecer que limitem a liberdade dos teólogos, as intervenções do Magistério da Igreja “instauram, por meio da fidelidade à fé que foi transmitida, uma liberdade mais profunda, que não pode provir senão da unidade na verdade”  (Instrução Donum veritatis nº 35).   As posteriores posições heterodoxas de certos teólogos da libertação, inclusive no campo moral, mostraram claramente o quanto o cardeal Ratzinger foi sábio ao disciplinar estes teólogos, mostrando que a teologia não pode ser manipulada para fins ideológicos, políticos ou pessoais.  Ratzinger ensinou que os enunciados da fé não resultam de uma investigação puramente individual e de um livre exame da Palavra de Deus, mas constituem uma herança eclesial. Se alguém se separa dos Pastores que velam por manter viva a tradição apostólica, é a ligação com Cristo que se encontra irreparavelmente comprometida.
Um dos maiores e notáveis trabalhos do cardeal Ratzinger foi a sua decisiva contribuição na elaboração do Catecismo da Igreja Católica, iniciado em 1986 e definitivamente promulgado por São João Paulo II em 1997.  Com mais de 2800 parágrafos, este Catecismo é uma exposição dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica tanto sobre a fé como sobre a moral, à luz do conjunto da tradição da Igreja.  Ao combater o relativismo moral e religioso, Ratzinger explicou ao mundo sobre a unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja. Este foi o tema da admirável “Declaração Dominus Iesus”, publicada no ano 2000.
Sabemos que a providência divina e não os conchavos políticos levou Ratzinger ao papado e ele exerceu seu ministério petrino de maneira serena e corajosa num período marcado por problemas morais dentro e fora da Igreja.  Entre os principais documentos que publicou no exercício das funções de Sumo Pontífice, estão as encíclicas “Deus Caritas Est”, “Spe salvi” e “Caritas in Veritate”.  Consciente de suas fragilidades físicas, o Papa Bento XVI renunciou em conformidade com a lei canônica (cânon 332 § 2) e não movido por supostas pressões internas ou externas. “Senhor, eu te amo !”  Estas foram as últimas palavras pronunciadas pelo admirável Papa Bento XVI, algumas horas antes de morrer.  De Joseph Aloisius Ratzinger fica um exemplo de perfeita ortodoxia, de retidão, de fé, de desprendimento e de caridade. Em uma palavra podemos todos dizer que ele foi um grande homem !
Fonte: Vatican News
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A oração dos bispos e fiéis chineses por Bento XVI
Em particular, é recordada a Carta aos católicos chineses escrita por Bento XVI em 2007, documento reconhecido como uma "Magna Carta" destinada a orientar o caminho da Igreja na China".
Gratidão e alegria, entrelaçadas com uma emoção vibrante de consolação, orações e memória agradecida pelo Papa emérito Bento XVI, falecido no último dia de 2022. Estes são os sentimentos com os quais os católicos chineses participaram das celebrações litúrgicas do domingo, 1° Janeiro de 2023, Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus.
Na Arquidiocese de Pequim, todas as igrejas e lugares de oração foram reabertos em 1º de janeiro de 2023, após mais um período de fechamento devido às medidas de contenção da pandemia de Covid-19. Na catedral dedicada a São Salvador, 300 fiéis puderam participar de cada uma das 6 Missas celebradas.
No primeiro dia do ano novo, nas Santas Missas celebradas em toda a China, rezavam-se orações em sufrágio pela alma do Papa Bento. Algumas capelas e altares laterais foram reservadas para receber atos de devoção dos batizados ao Papa emérito. Os sites católicos, por meio de suas contas ativas em redes sociais como o WeChat, divulgam notícias de Roma no que se refere à celebração do seu funeral e à homenagem prestada pelo povo de Deus aos seus restos mortais, destacando em particular a solicitude apostólica com que o Papa Bento XVI apoiou e favoreceu o progresso da Igreja Católica na China. Recorda-se unanimemente que o Papa Ratzinger reabriu o diálogo com o governo chinês, e presta-se homenagem à Carta aos católicos chineses publicada por Bento XVI em 2007, documento reconhecido como uma "Magna Carta" destinada a orientar o caminho da Igreja na China.
Os bispos chineses expressaram à Agência Fides com palavras simples e diretas sua participação na emoção do povo de Deus pela partida do Papa emérito. “A notícia de sua morte - comenta o bispo de Lanzhou (província de Gansu), Dom Joseph Han Zhi-hai - causou uma mistura de tristeza, gratidão e sentimentos de consolação. Estávamos rezando por ele, seguindo o que também havia sido pedido pelo Papa Francisco. Depois veio a notícia de sua morte, que nos pegou de qualquer forma de surpresa. Estamos consolados, confiando no fato de que também ele, como escreve São Paulo Apóstolo de si mesmo, combateu o bom combate, terminou a carreira, guardou a fé. Agora ele receberá a coroa da vitória! O Papa Ratzinger - acrescenta o bispo de Lanzhou - deu uma grande contribuição à Igreja, especialmente à nossa Igreja na China. Por isso lhe agradecemos para sempre, em nome de toda a Igreja e de todo o coração. Tive a alegria de conhecê-lo em Roma em 2008. Foi um encontro inesquecível para mim, que vou guardar na memória como um tesouro para o resto da minha vida. Rezo para que sua alma vá imediatamente para o Reino de Deus, para o lugar que Jesus lhe preparou, e que descanse em Sua paz."
Também Dom Matthias Du Jiang, da Diocese de Ba Meng (interior da Mongólia), recorda que “o Papa Bento, Servo dos servos de Deus, foi fiel a Cristo durante toda a sua vida. Pelo sua profunda e vasta sabedoria e pela sua santidade é certamente um grande Doutor da Igreja do tempo contemporâneo. Guardaremos para sempre sua memória em nossos corações, cheios de gratidão”.
Breves palavras de sincero agradecimento ao Papa Bento XVI e seu amor e apoio à Igreja na China também vêm de Dom Antonio Li Hui, bispo coadjutor da Diocese de Pingliang (Província de Gansu). “Nós - afirma Dom Li Hui - ofereceremos Missas e orações por ele. Que o Senhor lhe conceda desfrutar de felicidade sem fim no Reino dos Céus."
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: Portugal recorda o Papa emérito
Reações ao falecimento de Bento XVI evocam a sua ligação a Fátima e a Portugal onde esteve em 2010 em viagem apostólica.
Rui Saraiva – Portugal
Desde o seu falecimento a 31 de dezembro, muitas têm sido as reações e declarações em Portugal sobre Bento XVI. Desde logo, a declaração da Conferência Episcopal Portuguesa que evoca o trabalho de “purificação e reforma da Igreja”.
Em comunicado, os bispos portugueses declaram que “Bento XVI fica para sempre na história da Igreja pela receção e aplicação das orientações do Concílio Vaticano II” e “pelo despertar para a purificação e reforma da Igreja em coerência com os princípios eclesiais”, sublinha a nota.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, realça em declarações à Agência Ecclesia a importância da resignação de Bento XVI em 2013, assinalando a “visão realista” do Papa emérito que revela a sua “solidez teológica” e “coerência na fé”.
O cardeal-patriarca de Lisboa evoca a figura “gigantesca” de enorme “clareza doutrinal”. D. Manuel Clemente, elogia a abertura ao diálogo de Bento XVI com pessoas de “dentro e fora da Igreja” e a atualidade da Encíclica “Deus Caritas Est”.
O presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, recorda que durante o seu pontificado, Bento XVI presidiu a três edições internacionais da Jornada Mundial da Juventude, em Colónia em 2005, Sidney em 2008 e Madrid em 2011.
“Temos de agradecer muito ao pontificado do Papa Bento XVI, naquilo que à juventude diz respeito”, refere D. Américo Aguiar em declarações à Agência Ecclesia.
Entretanto, o reitor do Santuário de Fátima recorda a “relação especial” de Bento XVI com Fátima. Numa declaração publicada no portal de informação do Santuário, o padre Carlos Cabecinhas recorda a visita do Papa Bento XVI a Fátima em 2010 e lembra o Comentário Teológico à Terceira Parte do Segredo.
“Podemos por um lado recordar o Comentário Teológico à Terceira Parte do Segredo, que é da sua autoria, mas recordamos sobretudo a visita a este Santuário no ano de 2010 uma peregrinação particularmente significativa e festiva”, sublinha o reitor do Santuário de Fátima.
O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que Bento XVI “permaneceu um símbolo de estabilidade e de defesa dos valores da Igreja Católica” tais como, “o Amor ao próximo, a Solidariedade e o apoio aos mais pobres e aos mais desprotegidos e a importância do Perdão e da Reconciliação”, refere uma nota da Presidência da República.
Por sua vez, o primeiro-ministro português, António Costa, na rede social Twitter, manifesta “votos de pesar a toda a comunidade católica pelo falecimento do Papa emérito”.
“Recordo a honra de o ter acolhido em Lisboa, quando era presidente da Câmara, e a bela celebração a que presidiu no renovado Terreiro do Paço. O seu trabalho e dedicação permanecerão um referencial para os fiéis em todo o mundo”, escreve António Costa, evocando a passagem de Bento XVI pela capital portuguesa, em 2010.
Bento XVI faleceu no dia 31 de dezembro de 2022 com 95 anos. Vivia no Vaticano no Mosteiro Mater Eclesiae desde a sua renúncia em 2013.
Fonte: Vatican News
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Ninguém aguenta a força do Iguaçu
"Ainda com os olhos cheios deste encanto da natureza, deste voltar à manhã da Criação como narra o livro do Génesis, regressamos a casa e, na linha do horizonte, já está o Capítulo do Grupo, que deve avaliar a missão realizada e programar os anos que aí vêm. É um evento de grande alcance que precisa de muita inspiração para que os Espiritanos sejam fiéis ao seu carisma missionário e constituam um valor acrescentado para a Igreja e o povo que vivem em terras paraguaias."
Comentário do Pe. Tony Neves - Lusofonias. Iguaçu e Caacupé
Olho, fascinado, as Cataratas do Iguaçu e as imagens do filme ‘A Missão’ (que vi logo em 1986) escorrem-me na memória. Estas quedas enormes de água, unem três países: o Paraguai, o Brasil e a Argentina, poucos dias depois desta se tornar campeã do mundo de futebol! Naquele longínquo séc. XVIII, os jesuítas deram um novo fôlego à evangelização dos povos indígenas que viviam nas áreas do Paraguai, com as famosas ‘Reduções’. Estas Missões apostavam num desenvolvimento integral que passava pelo anúncio do Evangelho, mas também pela educação, agricultura, saúde, música, artes e ofícios. O filme ‘A Missão’, com Robert de Niro e Jeremy Irons, Palma de Ouro de Cannes, começa aqui nesta cataratas e, com a música fantástica de Ennio Morricone, ganharia o prémio de melhor banda sonora e, com Chris Menges, venceria o Óscar da melhor fotografia. Pudera, com estas paisagens de sonho, nem outra coisa se esperava…
Aqui, ensopado pelos vapores de água, vi-me a subir estas cascatas com o Padre Jesuíta, pedra atrás pedra, sempre e tentar não cair para o abismo. E recordo aquele belo toque de flauta que abriu o coração dos índios e as portas ao anúncio do Evangelho e à construção da Missão de S. Carlos, que marcaria estas terras paraguaias, com o seu povo guarani que vivia na parte superior das cataratas.
Façamos marcha-atrás na agenda compactada dos últimos dias. Deixei Lima depois do Natal e regressei a San Lorenzo, com o Irmão Mariano Espinoza, o único paraguaio Espiritano a trabalhar no seu país natal. Os oito latino-americanos que se preparam, no Noviciado continental, para serem futuros Espiritanos, tiveram direito ao seu ‘passeio anual’ e a escolha recaíu sobre as cataratas. Para mim, foi providencial, pois há muitos anos que sonhava com esta oportunidade. E valeu bem a pena!
Saímos bem cedo do Bairro Reducto para enfrentar uma longa estrada, sempre ladeada de um verde que pacifica os olhos e impressiona. Desde há muitos anos que os governos têm uma evidente preocupação ecológica, bem clara na legislação relativa ao abate de árvores. Por mais original que pareça, encontramos estradas alcatroadas com grandes árvores no meio, pois foi preciso contorná-las, uma vez que não havia autorização de as cortar! Também impressiona o facto de haver muito território e pouca gente, ainda por cima a viver em povoamento disperso. Há imensas fazendas de gado, campos de soja a perder de vista – a versão menos ecológica deste país! - e há também muitos terrenos que são charcos e, por isso, nem dão para construir nem para cultivar.
A primeira etapa desta viagem de mais de 800 kms levou-nos a Caacupé, capital espiritual do país, como está dito na estrada. O povo venera a Nossa Senhora da Conceição que, segundo lenda que vem do início do séc. XVII, salvou um jovem índio das flechas de outros que o matariam se o vissem. Só que ele escondeu-se atrás de um arbusto de erva mate (utilizada nos chás quentes das manhãs) e invocou a Senhora da Conceição. Eles passaram sem o ver e, por isso, o jovem José fez do tronco deste arbusto uma estátua de Nossa Senhora, dando início a um Santuário que hoje reúne milhões de peregrinos por ano e é o pulmão espiritual do país. Ali rezei e visitei o novo museu que conta esta história.
Seguimos viagem até à fronteira com o Brasil, a Ciudad del Este, enorme (a 2ª maior do país!), bonita e a abarrotar de brasileiros que fazem dele o seu espaço de vida e de compras, dada a diferença de preços entre os dois países. Ali dormimos com o objectivo de nos fazermos à fronteira bem cedo, pois previa-se muito trânsito. Impressiona ver a fila de kms de camiões estacionados ao longo da estrada de acesso à ponte sobre o Rio Paraná, a fronteira. Entre o acordar às 6h30 e o olhar as primeiras cataratas do Iguaçu, passaram-se seis longas horas, de filas e esperas. Mas, quando os olhos puderam atravessar de mansinho a floresta nativa que se mantém virgem e está cheia de onças e outros animais selvagens, entramos no paraíso terrestre, ‘uma das sete maravilhas da natureza, património da humanidade’ – como está escrito em muitos muros e cartazes. Depois foi só abrir os olhos e contemplar, algo que parece quase impossível quando estamos acompanhados de milhares de pessoas que falam todas as línguas e têm rostos que mostram a nossa humanidade sem fronteiras.
Ainda com os olhos cheios deste encanto da natureza, deste voltar à manhã da Criação como narra o livro do Génesis, regressamos a casa e, na linha do horizonte, já está o Capítulo do Grupo, evento que acontece cada oito anos e deve avaliar a missão realizada e programar os anos que aí vêm. É um evento de grande alcance que precisa de muita inspiração para que os Espiritanos sejam fiéis ao seu carisma missionário e constituam um valor acrescentado para a Igreja e o povo que vivem em terras paraguaias.
Desejo um 2023 inspirado e pacífico.
Fonte: Vatican News
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Schevchuk: cada momento da nossa vida pode ser o momento do encontro
"Nossas vidas estão em constante mudança. Eles fluem, estão em ação à medida que crescemos, nos desenvolvemos, envelhecemos, mudamos nossos pontos de vista, nossa maneira de fazer as coisas, e o Senhor está sempre procurando novos caminhos, novas maneiras de vir até nós. Cabe a nós estarmos prontos para encontrar o Senhor nas diversas circunstâncias de nossas vidas."
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é segunda-feira, 2 de janeiro de 2023, e em nossa Pátria, na Ucrânia, já é o 313º dia de guerra em grande escala.
Este ano começou ruidosamente, com ataques persistentes de mísseis e drones russos em nossas cidades e vilarejos. Mas o epicentro desses ataques sempre foi nossa capital, nossa cidade de Kyiv. Lutas pesadas estão ocorrendo ao longo de toda a linha de frente. Nas regiões de Lugansk e Donetsk, o agora famoso "arco de fogo" queima. As cidades ucranianas Bakhmut e Avdiivka estão se defendendo bravamente. Nossas bravas Forças Armadas da Ucrânia não estão apenas retendo os ataques do inimigo, mas estão tentando, passo a passo, continuar o processo de libertação das nossas cidades epovoados, expulsando o ocupante e o agressor assassino da terra da Ucrânia.
Durante o último dia e especialmente na noite passada, a Ucrânia foi novamente atingida por mísseis e drones de ataque. No último dia e na noite anterior, cerca de 40 drones de ataque foram lançados da Rússia contra nossas cidades e centros habitados que dormiam pacificamente. Somente na cidade de Kyiv, 22 drones de ataque foram lançados durante a noite. Foi uma noite barulhenta. Em ação estava a defesa antiaérea. Há danos em infraestruturas críticas para o abastecimento de energia. Outra vez nossa capital ficou sem luz, sem eletricidade. Outra vez, civis morreram. Mais uma vez, a guerra pressionou a vida e a saúde de nossas meninas e meninos. Mas estamos vivos e esta manhã agradecemos ao Senhor Deus e às Forças Armadas da Ucrânia por podermos continuar a viver para Deus e nossa querida Pátria.
E hoje novamente queremos anunciar com alegria que a Ucrânia está de pé! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!
Mais uma vez, gostaria de convidar todos a se unirem ao movimento que nossa tradição bizantina nos oferece para abordar e viver com dignidade a celebração da Natividade de Cristo. Começa hoje o período pré-natalino: a preparação efetiva para este evento. Assim como outros feriados cristãos, o Natal não pode ser totalmente compreendido sem uma palavra importante. Esta palavra é: "hoje", "este dia". Mais precisamente, não podemos viver adequadamente o evento da Natividade do Senhor se não compreendermos o significado que a liturgia, que ouvimos em nossos hinos antes da festa do Natividade, atributos da palavra "hoje". A maioria dos textos litúrgicos ligará o evento glorioso do nascimento do Salvador ao momento presente. Hoje Cristo vem! Hoje Cristo nasceu! Hoje a Palavra se torna carne! Hoje nós cantamos e glorificamos a Ele.
A ideia teológica e espiritual desta vinda efetiva e real de Deus é tão importante hoje que sem ela é impossível compreender a própria vida litúrgica da Igreja e, em geral, toda a existência cristã como tal. E não estamos falando de um dia específico no calendário aqui. É o movimento de Deus em direção ao homem.
O Apocalipse de nos traz as palavras de Cristo: "Eu sou o Alfa e o Ômega; o princípio e o fim", diz o Senhor Deus, "Aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso!" já veio, mas para quem crê n'Ele é Ele que sempre vem, sempre chega. A liturgia da Igreja é antes de tudo uma experiência espiritual e orante que permeia a história e se desenvolve dinamicamente até o cumprimento final dos tempos. Portanto, a festa de Natal tem um significado espiritual importante, é que o Senhor vem sempre ao nosso encontro. Cada momento da nossa vida pode ser o momento do encontro. Por isso é muito importante a nossa abertura constante às visitas de Deus para não perder o momento quando o Senhor vier.
Nossas vidas estão em constante mudança. Eles fluem, estão em ação à medida que crescemos, nos desenvolvemos, envelhecemos, mudamos nossos pontos de vista, nossa maneira de fazer as coisas, e o Senhor está sempre procurando novos caminhos, novas maneiras de vir até nós. Cabe a nós estarmos prontos para encontrar o Senhor nas diversas circunstâncias de nossas vidas. Para encontrar Cristo, que está para nascer em Belém, é muito importante a nossa abertura, a nossa disponibilidade para o acolher quando nos visita, mesmo de uma forma talvez inesperada para nós. Hoje o Senhor vem nascer entre nós, na Belém judaica dos nossos corações, o Senhor vem à Ucrânia.
Deus, abençoe nosso martirizado povo ucraniano! Deus abençoe nossas meninas e meninos no front. Deus, Tu és Aquele que continua a vir até nós. Venha para aqueles que querem roubar o Natal. Venha para nossos prisioneiros de guerra, nossos irmãos e irmãs nos territórios ocupados. Deus, venha pelas portas fechadas dos corações humanos, pelas portas fechadas das prisões e câmaras de tortura. Deus, venha! Nasce hoje no corpo do povo ucraniano. Deus, Jesus Cristo, abençoe Teu povo, abençoe a Tua herança, abençoe nossa Pátria Ucrânia com Tua paz celestial!
Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade, agora e para todo e sempre, amém!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
02.01.2023
Fonte: Vatican News
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"O Deu vivo apostou em vós" - Bento XVI às mulheres em Angola
"Heroínas silenciosas", assim definiu Bento XVI as mulheres angolanas que, sobretudo nos anos de guerra no país, souberam cuidar firmemente da família e da educação dos filhos. Em sinal de apreço por essa postura, Bento XVI dedicou um momento especial aos diversos movimentos católicos femininos em Angola. Foi durante a sua visita ao país em 2009. Recordamos aqui os traços essenciais desse encontro, com palavras do Papa, de Dom José de Queirós Alves e de representantes desses movimentos.
Dulce Araújo - Vatican News
Esse encontro específico com as mulheres - inédito nas viagens papais - teve a forma de uma pára-liturgia. Foi realizado na Paróquia de Santo António, em Luanda, a 22 de março de 2009. A Igreja estava repleta de mulheres em representação dos principais movimentos apostólicos femininos de grande influência social em Angola, tais como a Legião de Maria, a PROMAICA e vários outros.
O Arcebispo do Huambo, então referência no seio da CEAST, Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, para esses movimentos, apresentou-os ao Papa e pôs em realce os sofrimentos das mulheres nesses anos de guerra, o seu heroísmo silencioso, mas também os fatores que ameaçam a vocação feminina a ser guardiã da vida do ser humano. 
O Papa Bento XVI convidou-as a viver e a postar na vida, porque Deus confiou nelas. Encorajou-as e a manter sempre vivo o seu papel na família, mesmo aspirando a uma maior emancipação na sociedade. O Pontífice reconheceu que muitas vezes a história regista essencialmente as conquistas masculinas, transcurando as das mulheres, e convidou o homem a ter em conta os direitos da mulher, pois que, tal como ele, também a mulher foi criada à imagem e semelhança de Deus. 
Falando de heroínas silenciosas, Francisco recordou duas figuras importantes em Angola: a angolana, Teresa Gomes, que se distinguiu na obra de evangelização em tempos de propaganda ideológica contrária, e Maria Bonino, médica pediatra italiana, falecida de Marburg em Uije.  
Já as representantes dos movimentos, seguras de que as palavras de Bento XVI seriam ouvidas, pediram-lhe ajuda para enfrentar os males que afligem as mulheres e para o reconhecimento da sua dignidade.
Esse encontro em que a oração dos fiéis foi orientada para o reconhecimento da dignidade e ações da mulher na Igreja e na sociedade, está amplamente resumido nesta peça que aqui propomos. 
Fonte: Vatican News
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Jovens focolarinos da África reuniram-se em Dar Es Salaam
Jovens africanos de Angola, África do Sul, Burundi, Etiópia, Quénia, República Democrática do Congo, Ruanda, Zâmbia e Uganda reuniram-se de 23 a 27 de Dezembro de 2022, no Centro Espiritual de Mbagala, em Dar Es Salaam, na Tanzânia, no seu primeiro Congresso do período pós-pandemia. O tema do encontro foi “Por detrás das máscaras”.
Dulce Araújo - Vatican News
Sheila Pires, da Rádio Veritas-Joanesburgo, falou deste Congresso do Movimento Focolar Gen 2 com Mónica Manuel, angolana, coordenadora do Movimento Focolar dos Jovens para a África oriental e meridional.
Mónica explicou a simbologia do tema escolhido e falou da organização do Movimento Focolar Gen 2 em África, das atividades que desenvolveram em 2022 e que querem continuar em 2023, da “Semana Mundo Unido” no mês de maio e que vê todos os membros do Movimento intensificar nos próprios países as atividades que desempenham ao longo do ano, da data provável do próximo encontro daqui a mais ou menos dois anos e do que significa organizar um encontro dessas dimensões. No Congresso deste ano - disse - participaram 176 jovens de 16 países, um grande desafio em termos de recursos e de organização.
Fonte: Vatican News
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Devoção de Bento XVI nos ensina como rezar bem o Terço
Papa emérito nos deixa um aprendizado de como pedir a intercessão de Nossa Senhora de uma maneira mais profunda e contemplativa
Escrito por Redação A12
 “A Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alain de la Roche que, depois do Santo Sacrifício da Missa, que é o primeiro e mais vivo memorial da Paixão de Jesus Cristo, não havia devoção mais excelente e meritória que o Rosário, que é como que um segundo memorial e representação da vida e da Paixão de Jesus Cristo”.
São Luís Maria Grignion de Montfort fala da força que o Rosário tem como um meio de salvação dos mais poderosos e eficazes, que nos foi oferecido pela Divina Providência. Da forma que aprendemos com nossos pais, na catequese ou mesmo na Igreja, rezar o Terço é algo simples. 
Desde a última segunda-feira (2), os fiéis de todo o mundo ao prestarem sua última homenagem na Basílica de São Pedro conseguem ver que o corpo do Papa Emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro, repousa com o Santo Rosário em mãos, que rezou até o fim de sua vida para sustentar a Igreja. 
Bento XVI sempre orientou que existe uma maneira correta de rezar o Rosário e assim, praticar de forma intensa e constante a devoção mariana.
Em maio de 2008, o Papa Emérito abriu e fechou o mês recitando o Rosário com extraordinária participação do povo. De seus discursos vieram reflexões e orientações sobre este exercício de oração pedindo a intercessão de Maria.
“O Rosário, quando é rezado de modo autêntico, não mecânico, nem superficial, mas profundo, de fato dá paz e reconciliação. Contém em si o poder restabelecedor do santíssimo Nome de Jesus, invocado com fé e com amor no centro de cada Ave-Maria”, disse Bento XVI.
O Santo Padre alemão destaca que é preciso contemplar e meditar cada mistério do Terço.
“Com Maria orienta-se o coração para o mistério de Jesus. Põe-se Cristo no centro da nossa vida, do nosso tempo, das nossas cidades, mediante a contemplação e a meditação dos seus santos mistérios de alegria, de luz, de sofrimento e de glória”.
Bento XVI concluiu dizendo que é necessário sempre centrar nossa oração do Rosário em Jesus a exemplo de Maria.
"No mundo atual, tão dispersivo, esta oração ajuda a colocar Cristo no centro, como fazia Nossa Senhora, que meditava interiormente tudo o que se dizia do seu Filho e o que Ele fazia e dizia".
Mergulhar nos mistérios de Deus através do Rosário
Quando esteve no Santuário Nacional de Aparecida, também em um mês de maio, em 2007, Bento XVI iniciou seu discurso após rezar o Santo Terço, que a Virgem Maria, estrela da evangelização, nos ensina que a partir do Rosário, ela nos guia para o caminho celeste. 
“Como os Apóstolos, juntamente com Maria, 'subiram para a sala de cima' e ali 'unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração' (At 1,13-14), assim também hoje nos reunimos aqui no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que é para nós nesta hora a sala de cima, onde Maria, Mãe do Senhor, se encontra no meio de nós. Hoje é Ela que orienta a nossa meditação; Ela nos ensina a rezar. É Ela que nos mostra o modo como abrir nossas mentes e os nossos corações ao poder do Espírito Santo, que vem para ser transmitido ao mundo inteiro”.
Fonte: A12.com
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O que Bento XVI pensava sobre a vida após a morte
Philippe de Saint-Germain - 
Em livro publicado em 2016, Bento XVI fala sobre a eternidade e responde ao jornalista que lhe pergunta: "Até mesmo um Papa Emérito tem medo da morte?"
OPapa Emérito Bento XVI ingressou na Casa do Pai no dia 31 de dezembro de 2022. Há muito tempo ele se preparava para a morte, como ele mesmo disse no livro “Bento XVI: Últimas Conversas”. A obra é um resumo das entrevistas concedidas entre 2012 e 2016 ao seu amigo Peter Seewald, um jornalista alemão. 
No primeiro capítulo, Peter Seewald pergunta ao Papa Emérito sobre sua vida monástica “no recinto de Pedro” e, em particular, sobre suas atividades diárias. Ele aborda notavelmente a paixão de Bento XVI por escrever e pregar. Então ele lhe pergunta: “Até mesmo um Papa Emérito tem medo da morte? Eis a resposta de Bento XVI: 
“Até certo ponto, sim. Primeiro, há o medo de ser um fardo para os outros devido a um longo período de incapacidade. Para mim isso seria muito triste. É algo que meu pai sempre temeu, mas foi poupado dessa provação. Então, embora eu acredite com confiança que Deus não me rejeitará, quanto mais nos aproximamos Dele, mais fortemente sentimos tudo o que não fizemos bem. De onde vem o peso da culpa que te oprime, mesmo que a confiança básica esteja sempre presente, obviamente.”
Quando Peter Seewald lhe pergunta o que dirá ao Senhor quando estiver face a face com Ele, Ratzinger responde: “Pedirei a ele que seja indulgente com minha miséria.”
Bento XVI e a questão da vida após a morte
A resposta de Bento XVI sobre a vida após a morte é, particularmente, instrutiva. Ele é um dos maiores teólogos dos séculos 20 e 21 e dedicou toda a sua vida a contemplar e explorar o mistério de Deus. À pergunta: “o que o senhor espera da vida eterna?”, o Papa Emérito distingue dois níveis:
“Antes de tudo, o nível mais teológico”, disse. Depois, ele cita as palavras de Santo Agostinho que são para ele “um grande conforto e um grande pensamento”.
Ao comentar o Salmo 104 (“Recorrei ao Senhor e ao seu poder, procurai continuamente sua face”), ele diz: “Este ‘continuamente’ vale para a eternidade. Deus é tão grande que nunca chegamos a conhecê-lo. É sempre novo. É um movimento perpétuo e infinito de novas descobertas e novas alegrias.” 
O que é a vida eterna para Bento XVI?
Em sua encíclica Spe salvi (2007), Bento XVI respondeu com precisão à pergunta, como um “teólogo de joelhos” diante das questões mais íntimas de todos, mas com profunda humanidade. Para ele, a vida eterna é um desejo de vida escapando da morte, sem saber bem “a que nos sentimos impelidos”:
“A única possibilidade que temos é procurar sair, com o pensamento, da temporalidade de que somos prisioneiros e, de alguma forma, conjecturar que a eternidade não seja uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo – o antes e o depois – já não existe. Podemos somente procurar pensar que este instante é a vida em sentido pleno, um incessante mergulhar na vastidão do ser, ao mesmo tempo que ficamos simplesmente inundados pela alegria.”
A dimensão humana
A abordagem familiar e amigável de Bento XVI sobre a vida após a morte também tem um significado teológico para Bento XVI , porque para ele a bem-aventurança eterna não pode deixar de ter um “caráter coletivo”. In Spe Salvi, ele retoma o ensinamento dos Padres da Igreja, atualizado pelo Padre de Lubac, para mostrar que “a salvação sempre foi considerada como uma realidade comunitária” (n. 14). No Céu, a redenção restaura a unidade, em uma vida feliz compartilhada entre todos. 
Devemos nos preparar para a morte?
Resta a questão crucial da própria morte. Como se preparar para a última passagem? Para Bento XVI, o caminho pessoal de preparação para a passagem da vida à morte e da morte à vida integra sempre a sua dimensão comunitária:
“Acho que temos de nos preparar, responde. Não quero dizer que existam atos precisos a serem realizados, mas que você deve viver dentro de si sabendo que terá que passar por um exame final diante de Deus. Que sairemos deste mundo e nos encontraremos diante Dele, e diante dos santos, diante dos amigos e dos que não são amigos. Que devemos aceitar a finitude desta vida, admitir que nos aproximamos do momento em que nos apresentaremos diante da face de Deus.” 
“Como o senhor faz isso?”, pergunta o jornalista. Bento XVI responde: “Simplesmente através da meditação. Pensando repetidamente que o fim não está longe. Tentando me preparar para isso e sobretudo me manter presente. O importante (…) é que eu viva na consciência de que toda a vida é a aproximação de um encontro.”
Fonte: Aleteia
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Bento XVI será enterrado sob a Basílica de São Pedro, no local da antiga tumba de João Paulo II
I.Media para Aleteia - 
O falecido Papa queria que o funeral fosse sóbrio e discreto
O Papa Emérito Bento XVI, falecido em 31 de dezembro de 2022, será enterrado sob a Basílica de São Pedro no local do antigo túmulo de João Paulo II, confirmou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, em 2 de janeiro de 2023. O local nas grutas do Vaticano, perto do túmulo do apóstolo Pedro, está vazio desde que os restos mortais do pontífice polonês foram transferidos para o nível superior da basílica em 2011.
A capela onde será enterrado o 265º Papa já era o lugar de descanso de seu antecessor por seis anos, que ali foi colocado após seu funeral (8 de abril de 2005). O túmulo está localizado no extremo norte da gruta do Vaticano, a cerca de 30 metros do túmulo de São Pedro. Também foi usado para João XXIII, antes de ser transferido para o altar de São Jerônimo, após sua beatificação em 2001. Os pontífices beatificados recebem um lugar de honra na própria basílica.
O futuro túmulo de Bento XVI está vazio desde 2011: os restos mortais de João Paulo II, declarado Beato, agora descansam sob o altar da Capela de São Sebastião, no corredor direito da nave da basílica. Esse tipo de mudança ocorre desde que o corpo do Beato Inocêncio XI (1611-1689) foi movido da Capela de São Sebastião para o altar da Transfiguração, à esquerda da nave, para a chegada de João Paulo II.
Bento XVI será portanto enterrado sob a Basílica do Vaticano, após um funeral que o Papa Francisco celebrará no dia 5 de janeiro. O falecido Papa queria que o funeral fosse sóbrio e discreto, e apenas dois países são oficialmente convidados: Alemanha e Itália.
Fonte: Aleteia
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Bento XVI leu Traditionis Custodes "com dor no coração", diz seu secretário
 O papa emérito bento XVI leu o motu proprio Traditionis Custodes, que restringe a celebração da missa tradicional, “com dor no coração”, disse dom Georg Gänswein, secretário pessoal de Bento XVI.
O papa Francisco publicou o motu proprio Traditionis custodes em 16 de julho de 2021. O texto restringe radicalmente a celebração da missa na forma anterior à reforma do Concílio Vaticano II.
Com o documento, Francisco revogou a autorização dada por Bento XVI em 2007 a qualquer sacerdote de celebrar a missa tradicional, ou missa tridentina.
“Isso foi muito duro para ele. Acho que o papa Bento XVI leu o novo motu proprio com dor no coração, porque sua intenção era ajudar aqueles que simplesmente encontraram um lar na missa antiga a encontrar a paz, a encontrar a paz litúrgica, a afastá-los também de Lefebvre," disse dom Gänswein em entrevista ao jornal católico alemão Die Tagespost. O arcebispo francês Marcel Lefebvre ordenou quatro bispos em 1988 sem a permissão do papa, o que acarreta excomunhão.
Na entrevista ao Die Tagespost, dom Gänswein disse que "se pensarmos em todos os séculos em que a antiga missa antiga foi fonte de vida espiritual e alimento para muitos, incluindo muitos santos, é impossível imaginar que já não tinha nada para oferecer", continuou o arcebispo alemão.
“E não esqueçamos os muitos jovens que nasceram depois do Vaticano II, que realmente não entendem todo o drama que envolveu o Concílio, e que esses jovens, conhecendo a nova missa, no entanto haviam encontrado um lar espiritual, um tesouro, na missa antiga também”, disse o secretário de Bento XVI.
“Retirar este tesouro das pessoas... bem, não posso dizer que eu esteja confortável com isso”, comentou.
Fonte: ACIDigital
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Líderes mundiais estarão no funeral de Bento XVI
Mercedes de la Torre
 A Santa Sé está fazendo os preparativos finais para um "funeral solene, mas sóbrio" para o papa Bento XVI, que será celebrado pelo papa Francisco na quinta-feira (5) na praça de São Pedro, disse o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni. "Seguindo os desejos do papa emérito, o funeral será celebrado sob o signo da simplicidade", disse Bruni.
Além das duas delegações oficiais agendadas para a cerimônia, uma da Itália e outra da Alemanha, estarão presentes representantes de outros países.
Até o momento, está confirmada a participação do presidente da República da Itália, Sergio Mattarella; o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier e o governador da Baviera, Markus Söder; da Espanha, a Rainha Sofia e o ministro Féliz Bolaños; os reis da Bélgica Felipe e Mathilde; o presidente da Polônia, Andrzej Duda; o presidente de Portugal, Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa e a presidente da Hungria, Katalin Novak.
Segundo a imprensa local, estará presente um representante da Igreja Ortodoxa Russa, o Metropolita Antonji, representando o patriarca Kirill.
Bento XVI morreu no sábado, 31 de dezembro, às 9h34 (5h34 no horário de Brasília). As últimas palavras que ele disse foram pronunciadas em italiano “Signore, ti amo!” (Senhor, eu te amo), contou o seu secretário pessoal, dom Georg Ganswein.
Após sua morte, os restos mortais de Bento XVI ficaram no mosteiro Mater Ecclesiae, local onde morava desde a renúncia em 2013. O pequeno mosteiro fica nos jardins vaticanos, em uma colina atrás da basílica de São Pedro.
No domingo (1º), a Santa Sé divulgou as primeiras imagens do corpo do papa emérito com um terço na mão e deitado na frente do altar da capela do mosteiro
Ontem (2) às 7h (3h no horário de Brasília) o corpo de Bento XVI foi levado do mosteiro Mater Ecclesiae para a basílica de São Pedro para iniciar o velório e permitir que milhares de peregrinos se despedissem.
O arcipreste da basílica, cardeal Mauro Gambetti, recebeu os restos mortais de Bento XVI com um ato litúrgico que durou cerca de 30 minutos.
A partir das 9h até às 19h fiéis de todo o mundo foram autorizados a entrar na basílica de São Pedro para visitar o corpo de Bento XVI.
Estima-se que pelo menos 65 mil pessoas foram visitar o papa emérito no primeiro dia de seu velório.
Os restos mortais de Bento XVI permanecerão expostos na basílica de São Pedro até amanhã (4). O horário de visitação de terça e quarta-feira é das 7h às 19h (hora de Roma).
Fonte: ACIDigital
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"Nada mais do que a verdade": Secretário de Bento XVI vai publicar memórias com o papa emérito
Dom Georg Gänswein vai publicar as memórias de tempo em que trabalhou como secretário particular do papa Bento XVI.
O anúncio foi feito pela editora italiana Piemme.
O título do livro é Nient'altro che la verità. La mia vita al fanco di Benedetto XVI (Nada mais do que a verdade. Minha vida com Bento XVI) e “vai mostrar, por fim, a verdadeira face de um dos maiores protagonistas das últimas décadas, que muitas vezes foi injustamente difamado pelas críticas”.
Segundo o editor, com esta publicação serão corrigidos alguns aspectos “mal entendidos” do pontificado.
O livro do ex-secretário de Bento XVI também apresentará “um testemunho pessoal sobre a grandeza de um homem gentil, um excelente estudioso, um cardeal e um papa que marcou a história de nosso tempo”.
"Hoje, após a morte do papa emérito, é hora de o atual prefeito da Casa Pontifícia dizer sua própria verdade sobre as calúnias flagrantes e as manobras obscuras que tentaram em vão ofuscar o magistério e as ações do pontífice alemão”, informou Piemme.
Dom Georg Gänswein é doutor em Direito Canônico. Ele trabalhava na Cúria Romana desde 1995 e na Congregação para a Doutrina da Fé, cujo prefeito era o cardeal Joseph Ratzinger desde 1996.
Em 2003, Ratzinger o nomeou seu secretário particular. Desde 2005, após o conclave, dom Gänswein foi o colaborador mais próximo do papa.
Mesmo depois de sua renúncia em 2013, o arcebispo alemão permaneceu ao lado do papa emérito Bento XVI, até sua morte no último sábado (31).
Oficialmente, dom Gänswein, ordenado bispo em 2013, continua como prefeito da Casa Pontifícia e, portanto, é responsável por todas as cerimônias não litúrgicas do papa, bem como pela organização da Casa Pontifícia.
O papa Francisco concedeu-lhe licença em 2020, sem justificar publicamente a decisão.
Fonte: ACIDigital
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Sinos das igrejas de Santos tocam em tributo a Pelé
 Em memória de Pelé, igrejas da diocese de Santos (SP) tocaram seus sinos ao meio-dia desta terçq-feira (3).
Os sinos da catedral de Nossa Senhora do Rosário e das igrejas São José Operário, Santo Antônio do Embaré, Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, Coração de Maria, capela do colégio São José, São Paulo Apóstolo, Nossa Senhora Aparecida, Carmelo de São José e da Virgem Mãe de Deus, Nossa Senhora do Carmo e santuário Santo Antônio do Valongo irão tocar simultaneamente em tributo a Edson Arantes do nascimento, o Pelé, o maior jogador de futebol da história, que morreu de câncer aos 82 anos no dia 29 de dezembro de 2022, em São Paulo (SP).  
A iniciativa é da diocese de Santos. Dom Tarcísio Scaramussa, bispo de Santos (SP) disse que a finalidade desta ação “é relembrar o ídolo mundial, mas também para destacar que, apesar da fama, Pelé se mantinha como uma pessoa simples”.
“Ele se destacou como um grande atleta, o maior jogador do mundo, e também pela sua simplicidade, coerência de valores e dignidade, pela solidariedade com as pessoas. Ele nunca deixou que a fama ou a riqueza transformasse estes valores. Ele merece todas as homenagens que estão sendo feitas”, enfatizou o bispo.
Fonte: ACIDigital
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Do dia 02/01/2023
Membros da presidência da CNBB recordam memórias e encontros com o Papa Emérito, Bento XVI
Nos anos 90, quando era estudante em Roma, atravessando a Praça de São Pedro em finais de tarde, indo em direção ao Metrô, o arcebispo de Porto Alegre (RS) e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, recorda que encontrou-se, algumas vezes, com o então cardeal Ratzinger vestido de forma muito simples, caminhando. “Saudava-o com a expressão típica da Baviera: ‘GrüssGott’. Ele, por sua vez muito gentilmente, respondia”, relembra.
Em 2010, foi o Papa Bento XVI quem nomeou o primeiro vice-presidente da CNBB como bispo-auxiliar em Porto Alegre. Dom Jaime define como memorável, no ano seguinte, a audiência que o grupo dos novos bispos de então tiveram com ele no Castel Gandolfo. “Assumiu o pontificado num contexto desafiador. Num gesto de grandeza humana e senso eclesial, soube se retirar quando sentiu as forças diminuírem”, disse.
O arcebispo de Porto Alegre fez uma especial menção ao grande teólogo que o Papa Emérito foi. “Era uma mente brilhante! Um dos grandes teólogos da história recente da Igreja, senão o maior! Ao mesmo tempo, uma personalidade tímida; um homem marcado por extrema simplicidade; testemunha de fé”, sintetizou.
Humilde servo na vinha do Senhor
“Humilde servo na vinha do Senhor”, a frase com a qual Bento XVI se autodefinia, traduziu bem, segundo o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, o seu jeito simples, marcado por uma espiritualidade cristã densa, autêntica, que irradiava de suas atitudes, gestos e palavras.
    “Tive o privilégio de estar com o Papa Bento XVI, em algumas oportunidades, quando estive em Roma em visita Ad Limina, nas reuniões do Dicastério da Doutrina da Fé – inclusive fui nomeado para o Dicastério durante o pontificado dele. Também tive a oportunidade de estar na sua presença quando de sua vinda ao Brasil, em Aparecida, na realização da 5ª Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, a Conferência de Aparecida, em 2007”, relembra.
Para o presidente da CNBB, Bento XVI sempre teve muitos dons e virtudes, mas era exemplarmente simples, zeloso, amoroso. “Um discípulo de Jesus que primava pela delicadeza. Na Conferência de Aparecida, a sua simplicidade na relação com cada pessoa ficou especialmente guardada no meu coração. Lembro-me, com gratidão, de suas palavras, dirigidas ao Povo de Deus: ‘A Igreja Católica é advogada da justiça e defensora dos pobres’. A vida do Papa Emérito, de acordo com dom Walmor, guarda muitas lições que precisamos aprender sempre, e exercitá-las cada vez mais. “Reverência eterna ao legado do Papa Bento XVI para a vida e a missão da Igreja. Uma grande herança”, disse.
O arcebispo de Cuiabá (MT) recorda-se que, em 1º de outubro de 2010, na visita Ad Limina, ele junto aos bispos de Manaus tiveram uma audiência com o então Papa Bento XVI. “Logo que o cumprimentei ele olhou para mim e disse: ‘olha como você é jovem!’ e deu um sorriso que marcou minha vida de bispo, eu tinha 40 dias no episcopado. Eu guardo comigo a memória de um homem simples, humano e, ao mesmo tempo, sábio e muito verdadeiro. É a primeira lembrança que guardo de Bento XVI nestes meus doze anos de episcopado”, disse. - Fonte: CNBB
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Cardeais brasileiros manifestam pesar pela morte do Papa emérito Bento XVI
Os cardeais brasileiros expressaram, com pesar, notas de condolências pela morte do Papa emérito Bento XVI, ocorrida na manhã do dia 31 de dezembro, aos 95 anos de idade. Todos agradeceram a Deus pela vida de Bento, sua contribuição para a missão e a história da Igreja. Pediram, ainda, para que nos próximos dias as Igrejas Particulares celebrem santas missas por seu sufrágio.
O cardeal Paulo Cezar Costa, da arquidiocese de Brasília, se uniu ao Papa Francisco e à Igreja Universal, determinando que em todas as paróquias da arquidiocese de Brasília, até o dia 5 de janeiro – quando acontecerá o funeral -, celebrem-se missas com o Povo de Deus em sufrágio pela alma do Papa Bento XVI, “pedindo ao Senhor que recompense com o prêmio dos justos aquele que foi um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor”.
Em nota publicada na manhã do sábado, 31 de dezembro, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, disse que Bento XVI foi um homem simples, humilde, sensível e até tímido, muito atencioso e fino no trato com as pessoas. “Foi um intelectual e teólogo de grande profundidade e seus escritos e homilias certamente serão uma referência para a Igreja também no futuro. Como poucos, ele compreendeu os problemas do nosso tempo e deu indicações essenciais para a vida e a missão da Igreja”, consta em um dos trechos.
    “Demos graças a Deus por Bento XVI e por sua contribuição para a vida e a missão da Igreja. Que o Senhor da vinha receba, agora, esse humilde e dedicado operário de sua messe e lhe dê a recompensa por suas fadigas em favor do reino de Deus. Descanse na paz de Deus, papa emérito Bento XVI!”, diz dom Odilo na conclusão da nota.
O arcebispo de Salvador, na Bahia, cardeal Sergio da Rocha, expressou imensa gratidão ao Papa emérito que se apresentou como “humilde operário da vinha do Senhor”, aos 19 de abril de 2005, logo após ser eleito Sucessor do Apóstolo Pedro, tendo vivido com humildade, sabedoria e fidelidade o seu ministério petrino até o gesto humilde e corajoso de sua renúncia no dia 11 de fevereiro de 2013.
    “Nós tivemos a graça de contar com a presença dele no Brasil, em 2007, por ocasião da Conferência de Aparecida e da canonização de Santo Antonio de Sant’Ana Galvão. Como Papa Emérito, se dispôs a “uma vida consagrada à oração”, segundo ele mesmo declarou, testemunhando sempre o seu amor à Igreja e a comunhão com o seu sucessor, o Papa Francisco”, diz um trecho da nota do cardeal Sergio.
Na ocasião, o cardeal convidou a todos os fiéis da arquidiocese de Salvador a rezarem para que Deus lhe conceda a recompensa eterna. “Peço que em todas as Igrejas da arquidiocese de São Salvador da Bahia, sejam feitas orações e celebradas missas pelo seu descanso eterno”.
O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, salientou que o Papa Bento XVI foi um fiel seguidor de Jesus. “Homem de Igreja! Eleito Papa aos 19 de abril de 2005, apresentou-se como simples humilde trabalhador na vinha do Senhor, sentindo-se consolado pelo fato do Senhor saber trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. Ao renunciar despediu-se, agradecido, como simples peregrino iniciando a etapa final de sua peregrinação nesta terra, que terminou no dia de hoje”.
    “As catequeses, os escritos permanecem como ensinamentos, como obra teológica e catequética de inspiração. Foi o Papa do amor! A Encíclica Deus caritas est, é um dos textos que acorda para a essência da vida humana, mas também da fé. Buscou apresentar os fundamentos da fé, especialmente ao retomar o mistério da encarnação e a fé como encontro. A sua afabilidade nos encontros permanece como sinal de sua personalidade, colegialidade e comunhão. Serviu à causa da paz, do ecumenismo, da dignidade da pessoa humana, na fidelidade ao Concílio Ecumênico Vaticano II”.
 Já o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, declarou que a notícia divulgada na manhã do último dia do ano de 2022 era para todos uma oportunidade de um grande exame de consciência no ano que termina e de se colocar disponível para o novo ano que se inicia, agora com o olhar retrospectivo de um grande homem de Deus que partiu e que serviu à Igreja como “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”. 
    “Ao me deslocar para Roma nestes dias para suas exéquias recordo com carinho dos vários encontros pessoais que tivemos com ele e, em especial, seu grande amor à Igreja e à Cristo que marcou sua vida e missão. Devem ressoar em nossos coraçõesas palavras do seu testamento espiritual: “Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Jesus Cristo é verdadeiramente o caminho, a verdade e a vida – e a Igreja, com todas as suas dificuldades, é verdadeiramente o Seu Corpo”. 
    Para mim são também profundas as palavras do ministério do Papa Bento XVI: “Cooperatores veritatis!”. Sempre busquemos ser, com Cristo, cooperadores da Verdade do Evangelho! Agora no céu, suplicamos, que o Papa Bento XVI junto de Deus interceda por todos nós que o amamos e continuamos reverenciando a sua obra, o seu pontificado, e o seu sorriso discreto e amável, uma das maiores obras teológicas e pastorais de todos os tempos. Descanse em paz! Deus lhe pague pelo seu testemunho de construtor de pontes, sem jamais renunciar a verdade da fé católica e apostólica”.
Fonte: CNBB
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Bento XVI na Basílica de São Pedro
Centenas de fiéis chegaram à Praça São Pedro no Vaticano quando ainda era madrugada nesta segunda-feira, 2 de janeiro, para prestar suas últimas homenagens ao Papa emérito Bento XVI. O corpo do Papa Ratzinger, que faleceu no último dia de 2022, 31 de dezembro, aos 95 anos de idade no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, foi trazido para a Basílica de São Pedro pouco depois das 7 da manhã desta segunda-feira e permanecerá em exposição até quarta-feira. Na quinta-feira, dia 5, o funeral às 9h30 da manhã “solene, mas sóbrio”, presidido pelo Papa Francisco.
O corpo do Papa emérito Bento XVI está no interior da Basílica enquanto milhares de pessoas fazem fila para prestar suas homenagens. As portas da Basílica de São Pedro foram abertas ao público pouco depois das 9 horas da manhã. A exibição pública do corpo de Bento XVI dura 10 horas nesta segunda-feira. Doze horas de exibição estão programadas para terça-feira e quarta-feira antes do funeral da manhã de quinta-feira. Os oficiais de segurança dizem que pelo menos 25.000 pessoas passarão diante do corpo de Bento XVI neste primeiro dia de visita.
O afeto dos fiéis ao Papa emérito
Amigos, ex-colaboradores, estudantes, famílias, religiosos e religiosas. É a procissão daqueles que quiseram prestar suas homenagens a Bento XVI. A nossa colega Antonella Palermo esteve presente e conversou com alguns dos fiéis.
“Eu o conhecia desde criança. Ele era como uma segunda família para mim”: disse uma mulher, mãe de dois filhos pequenos, junto com o seu marido. Uma família inteira, entre muitas, que nas últimas horas da tarde deste domingo visitou a câmara-ardente com o corpo de Bento XVI instalada na capela do mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano.
A doçura e a sua fé inabalável
Uma procissão de poucas pessoas, que gradualmente se tornou mais espessa, que em estrito silêncio prestaram homenagem ao Papa emérito que no último dia do ano subiu à Casa do Pai. Uma data muito impressa em uma das mulheres da Família Espiritual “A obra” que, com um sorriso e uma gentileza muito semelhante aos do Papa emérito, abraça e saúda continuamente conhecidos e amigos: “Seu maior legado permanece para mim sua doçura”, diz ela, superando a timidez e a discrição, “e sua fé inabalável”. O fato que tenha falecido no 31 de dezembro foi como uma coroação de uma vida inteira, porque depois se cantou o Te Deum”.
A câmara-ardente com o corpo de Bento XVI instalada na capela do mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano
Uma inteligência que expressava a simplicidade da fé
Monsenhor Georg Gänswein, secretário de Ratzinger, está na porta de entrada do Mosteiro. Ele aperta a mão, consola, acolhe palavras de emoção e condolências de antigos colaboradores, religiosos e religiosas, estudantes, pessoas ligadas às atividades do Papa emérito, mas também pessoas comuns, fora da esfera estritamente vaticana. Uma mulher idosa se esforça para entrar apoiada em duas muletas, é um avanço lento de um microcosmo internacional, que procede de forma composta, ajoelha-se, chora. “Lembro-me dele acima de tudo por sua inteligência distinta e fascinante porque, por trás da elaboração conceitual de seus discursos, no final, a simplicidade veio à tona. Aqui”, diz outro casal, “esta simplicidade de fé é o que sempre permaneceu em meu coração e ainda permanece dentro de mim”.
Ela apoiou a Igreja, a nave de Pedro
Dois escritores poloneses tinham vindo a Roma para completar um livro sobre Maria. E eles se encontravam ali, jamais teriam pensado: “Sua fé, sua perseverança”, dizem-nos. Da “doce firmeza” fala outra religiosa estrangeira. Enquanto isso, passam alguns prelados, funcionários do Vaticano, e entre eles há um membro da banda de gendarmaria mostrando uma foto do último espetáculo com a presença de Ratzinger. “Estávamos todos aqui juntos. Ele se alegrou”. Na capela do antigo mosteiro há uma estátua de Santo Agostinho, inspirador da teologia do Papa emérito. Fiel à tradição, mas não um tradicionalista”, recorda um jornalista, “tanto que Francisco não é sua antítese”. Só temos que expressar muita gratidão porque ambos apoiam a Igreja, a nave de Pedro”.
Fonte: CNBB
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Curiosidades contadas no livro “Bento XVI: últimas conversas"
Conheça curiosidades que o papa emérito contou no livro escrito pelo jornalista Peter Seewald
Escrito por Redação A12
O livro-entrevista, “Bento XVI: últimas conversas”, escrito pelo jornalista alemão Peter Seewald, destaca as etapas a vida do Papa Emérito, Bento XVI desde a infância na Alemanha até a renúncia ao papado em 2013.
Sendo o primeiro Papa a fazer um balanço de seu Pontificado, o livro conta, por exemplo, quais os motivos levaram Bento XVI a pedir renúncia.
De acordo com informações do Jornal "Corriere della Sera", único autorizado a publicar trechos do livro, Bento XVI falou da vida antes de ser papa, do pontificado, da eleição de Francisco e a preparação para a morte.
Confira curiosidades que o Papa Emérito conta no livro:
- Particularidades de Bento XVI
O livro revela curiosidades como o hábito de escrever somente a lápis e não com tinta. Na juventude ele era um amante da bicicleta, hábito que deixou quando se tornou bispo. Desde 1997 tinha um marca-passo e enxergava quase nada com o olho esquerdo.
Ao analisar seu pontificado Bento XVI falou do seu ponto fraco, mas não se considerava fracassado.
“O governo prático não é meu ponto forte e este é certamente um ponto fraco. Mas eu não consigo me ver como um fracasso”.
- Renúncia em latim
Bento XVI escreveu sua renúncia algumas semanas antes do anúncio oficial e o texto foi escrito em Latim. “Escrevi em Latim, porque uma coisa tão importante tem que ser em Latim”.
A renúncia de Bento XVI gerou comentários de que o então Papa estava sendo chantageado para renunciar, isso não aconteceu.
“Ninguém tentou me chantagear. Eu não teria ainda permitido [...]. Também não é verdade que fiquei desapontado ou algo assim. Na verdade, graças a Deus, eu estava no humor calmo das pessoas com mais dificuldade.”
- A eleição de Francisco 
Para Bento XVI a eleição de Francisco foi uma surpresa, mas um entusiasmo imediato. 
“Eu o conhecia , é claro, mas eu não pensei sobre ele. Neste sentido, foi uma grande surpresa. Mas , em seguida, a maneira como ele orou e falou aos corações das pessoas imediatamente acendeu o entusiasmo. Seu calor, sua atenção para outros são aspectos que eu não tinha conhecido. Por isso, foi uma surpresa [...]”
- Preparação para a morte
Próximo do 90 anos de idade o Papa Emérito afirmava que vivia em oração e se preparando para estar na presença de Deus. 
“Devemos nos preparar para a morte. Não no sentido de fazer certos atos, mas para viver preparando para passar o último exame diante de Deus. Para deixar este mundo e encontrar-se diante Dele e aos santos, aos amigos e inimigos. Digamos, aceitar a finitude da vida e começar uma viagem para chegar à presença de Deus. 
Eu tento fazer sempre a pensar que o fim se aproxima. Eu estou tentando me preparar para esse tempo e estão mantendo isso em mente. O importante é não imaginar, mas viver na certeza de que toda a vida tende a esta reunião”.
O livro de 240 páginas foi traduzido em seis línguas: alemão, francês, polonês, espanhol, inglês e italiano.
Fonte: A12,com
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A colaboração de Ratzinger no Concílio
"Joseph Ratzinger, como teólogo, contribuiu para dar forma e acompanhou o Concílio Vaticano II em todas as suas fases. A sua influência já se faz sentir na fase preparatória, antes da abertura oficial do concílio, a 11 de Outubro de 1962. Ele participou em medida relevante na gênese dos textos mais variados, primeiro ao lado do arcebispo de Colônia, cardeal Joseph Frings, e mais tarde como membro autônomo de diversas comissões."
Deus Caritas est, Spe Salvi e Caritas in Veritate. Além destas três Encíclicas, o Papa emérito Bento XVI, falecido na manhã do último sábado e considerado um dos maiores teólogos dos tempos modernos, também escreveu 4 Exortações Apostólicas pós-sinodais e 19 motu proprio, entre eles, o Summorum Pontificum sobre a liturgia.
Mas ainda nos anos 60, como teólogo, Joseph Ratzinger contribuiu para dar forma e acompanhar o Concílio Vaticano II em todas as suas fases. O cardeal Gerhard Ludwig Müller em suas "Reflexões sobre os escritos conciliares de Joseph Ratzinger", recorda que das atas conciliares resulta a sua colaboração em duas comissões: antes de tudo, era membro da subcomissão da comissão teológica que tinha a tarefa de elaborar os passos decisivos do esquema da De ecclesia. Ademais, contribuiu para as propostas de melhoramento do esquema De fontibus, e por isso diretamente na Constituição sobre a Revelação divina Dei Verbum."
Em segundo lugar, acrescenta o cardeal, "Ratzinger trabalhou eficazmente na redação do decreto Ad gentes, o qual relaciona de novo de modo forte a actividade missionária da Igreja com a missão do Filho no mundo, que tem na Igreja a sua continuação, tornando assim evidente que a missão pertence à própria natureza da Igreja."
Neste nosso espaço dedicado ao Concílio Vaticano II, padre Gerson Schmidt* nos propõe uma reflexão sobre a colaboração de Ratzinger no evento conciliar:
"BENTO XVI escreveu, em outubro passado, uma carta em inglês endereçada ao padre Dave Pivonka, presidente da Franciscan University of Steubenville, em Ohio (EUA), onde foi realizado o X Simpósio Internacional sobre a Eclesiologia de Joseph Ratzinger. Bento XVI recorda, nesta carta, a evolução do conceito de "Corpo de Cristo", cristalizado na Encíclica Mystici Corporis de Pio XII. O Concílio Vaticano II dedicou a imagem da Igreja como corpo de Cristo no número 07 do capítulo I da Constituição Dogmática Lumen Gentium, que trata sobre o mistério da Igreja e sua missão. O conceito da Igreja como Corpo de Cristo é oferecida pelo Papa Pio XII na Encíclica Mystici Corporis em 1943 e depois também na Mediator Dei, de 1947, que apresenta, dentro da Encíclica sobre a Liturgia, a Igreja como Corpo Místico de Cristo.
O Concílio Vaticano I não assumiu essas novas perspectivas teológicas da visão da Igreja como um corpo, um organismo místico e orgânico. Negligenciou esse pensamento da Igreja como Corpo de Cristo, segundo o que haviam pretendido exponentes da Escola Romana[1]. A maioria dos Padres Conciliares do Concílio Vaticano I não viam em tal expressão mais que uma metáfora, não uma definição da Igreja e uma nova perspectiva teológica e, consequentemente, pastoral. No Concilio Vaticano I seguirá dominando o carácter corporativo, sobretudo hierárquico da Igreja.  Será o Concílio Vaticano II que vai recuperar fortemente essa concepção da Igreja como corpo Místico de Cristo, já expressada e construída pelos teólogos da época, sobretudo pelo Papa Pio XII. Embora o Concílio eminentemente queira ser um concílio pastoral e de um agir pastoral, a Lumen Gentium é constituição que vai dar o norte, a doutrina, construindo a concepção da Igreja como um corpo, um corpo com diversos membros, não qualquer corpo, mas um Corpo Místico; mais: um Corpo Místico de Cristo, cabeça, onde todos os batizados são membros, enxertados, ligados a Cristo-cabeça.
O conceito figurado da Igreja como Corpo Místico de Cristo encontra-se nas epístolas de São Paulo, na 1ª Epístola aos Coríntios e na Epístola aos Romanos, bem como nas cartas aos efésios e na carta aos Colossenses. Nem no Antigo Testamento, nem no âmbito da tradição apostólica o apóstolo Paulo encontrou a imagem da Igreja como um organismo. É uma criação dele mesmo. Talvez a imagem da vinha como o Povo de Israel pudesse sugerir uma ligação entre os membros do povo de Deus. Mas foi o próprio Cristo que utilizou essa imagem bíblica da videira como um corpo orgânico, do qual nós somos os ramos, ele a videira; tal qual o corpo, onde somos os membros e ele a cabeça.
O Papa Bento XVI também cita sua dissertação sobre o Povo e Casa de Deus na doutrina agostiniana da Igreja, aprofundada no âmbito no Congresso Agostiniano em Paris em 1954. Ele recorda então a disputa sobre o significado de Civitas Dei (Cidade de Deus) que "parecia definitivamente resolvida" e a dissertação de Heinrich Scholz, que recebeu a aprovação da opinião pública "que atribuía à Igreja e à sua fé um belo lugar, mas também inócuo. "Qualquer um que ousasse destruir esse belo consenso só poderia ser considerado teimoso", escreve ele. E sublinha no texto que "o augustianismo medieval foi realmente um erro fatal, que hoje, felizmente, foi definitivamente superado", completou o Papa Bento na carta ao padre Dave Pivonka para o X Simpósio Internacional sobre a Eclesiologia de Joseph Ratzinger.
Joseph Ratzinger, como teólogo, contribuiu para dar forma e acompanhou o Concílio Vaticano II em todas as suas fases. A sua influência já se faz sentir na fase preparatória, antes da abertura oficial do concílio, a 11 de Outubro de 1962. Ele participou em medida relevante na gênese dos textos mais variados, primeiro ao lado do arcebispo de Colônia, cardeal Joseph Frings, e mais tarde como membro autônomo de diversas comissões."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] A. CHAVASSE, «L'ecclésiologie au Concile du Vatican, L'infaillibilité de l'Église», en M. NEDONCELLE, O.C, 233-234. - Fonte: Vatican News
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Ratzinger e a fé como caminho
Bento XVI testemunha e mestre de diálogo com todos
Se há um teólogo e um Papa que ao longo de sua vida refletiu e ensinou sobre a razoabilidade da fé, este foi Joseph Ratzinger. Não é por acaso que falou sobre isso também nas linhas finais de seu testamento espiritual, publicado no dia da sua morte: "Vi e vejo como do emaranhado das hipóteses tenha emergido e emerja novamente a razoabilidade da fé. Jesus Cristo é realmente o caminho, a verdade e a vida — e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é realmente o Seu corpo”.
Entretanto, este repetido relevo nunca significou - em Ratzinger - reduzir a fé a um 'sistema' filosófico, a uma arquitetura de ideias, a uma lista de normas morais, acabando por esquecer que a fé cristã é o encontro com uma Pessoa, como lemos no prólogo da encíclica Deus caritas est. Em uma entrevista escrita para a revista alemã Herder Korrespondenz, publicada em julho de 2021, o Papa Emérito observava: "O crente é uma pessoa que se questiona.... Neste sentido, o pensamento de uma 'fuga para a doutrina pura' me parece absolutamente irrealista. Uma doutrina que existisse apenas como uma espécie de reserva natural, separada do mundo cotidiano da fé e de suas exigências, representaria de alguma forma a renúncia da própria fé. A doutrina deve se desenvolver na fé e a partir da fé, não ao lado dela".
Já como cardeal, em 2001, Ratzinger havia pronunciado palavras muito claras para não cair neste reducionismo, que hoje vale a pena repropor mais uma vez: "A natureza da fé não é tal que a partir de um certo momento se possa dizer: eu a possuo, outros não... A fé continua sendo um caminho. Ao longo de nossas vidas, continua sendo um caminho e, portanto, a fé está sempre ameaçada e em perigo. Também é saudável que se livre desta forma, do risco de se transformar em ideologia manipulável. Do risco de nos enrijecer e nos tornar incapazes de compartilhar a reflexão e o sofrimento com nosso irmão que duvida e se questiona. A fé só pode amadurecer na medida em que consegue carregar e assumir, em cada etapa da existência, a angústia e a força da incredulidade e a atravesse por fim até o ponto de se tornar novamente viável em uma nova época".
A fé, como recordava o próprio Bento XVI e como Francisco gosta de repetir, só é transmitida por atração e não por proselitismo ou imposição. O crente não é aquele que "possui" algo que pode "administrar". O cristão não dispensa respostas pré-confeccionadas para explicar tudo a todos. O cristão só pode reverberar alguma centelha do dom que recebeu imerecidamente, e quando isso acontece é por pura graça. Portanto, é chamado a buscar Deus dialogando com todos, assumindo as dúvidas as feridas existenciais daqueles que não creem, acompanhando todos, sem nunca se considerar "superior". Joseph Ratzinger, também nisso, foi uma testemunha e um mestre. - Fonte: Vatican News
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Ratzinger: "Deus exclui toda violência"
Uma entrevista de 2001 com o então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Joseph Ratzinger. Deus, o mal, o perdão, as origens humildes, a "difícil tarefa" no ex-Santo Ofício. "Sinto-me um homem simples"
Era o dia 12 de novembro de 2001. Estávamos no Palácio da Congregação para a Doutrina da Fé para fazer uma entrevista com o então Prefeito, Cardeal Joseph Ratzinger. Olhos brilhantes, o habitual sorriso que conhecíamos, maneiras discretas e disponibilidade de falar sem muitos esquemas pré-estabelecidos. A ocasião foi o lançamento, dois meses antes, na Itália, do livro-entrevista "Deus e o Mundo. Ser cristão no novo milênio", escrito a partir de encontros com o jornalista Peter Seewald. Foi uma ampla conversa que tocou vários tópicos, incluindo uma referência às suas humildes origens na cidadezinha da Baviera, onde dizia que realmente se sentia em casa.
Sinto-me um homem simples
A recordação de seus pais, de uma bondade que também tinha contemplado o "não", o importante, dizia, é que provêm "não de um sentido de reivindicação, de poder", mas de "uma bondade última, do desejo de fazer o bem ao outro". Disse isto com sua proverbial gentileza - a mesma bondade sobre a qual o Papa Francisco insistiu tanto em sua homilia no Te Deum de sábado (31/12) - admitindo que não se sentia tanto como um cardeal na época, mas sim "um homem simples". Aos jovens ele aconselhava que tivessem confiança, confiança em uma Igreja que sobrevive, enquanto até mesmo regimes fortes "caíram".
Deus é amor que chega a morrer por nós
O livro-entrevista "Deus e o Mundo" foi publicado na Itália após os ataques terroristas às torres gêmeas em Nova York. Nossa conversa foi assim uma oportunidade de voltar a um tema crucial que ele gostaria de ter incluído melhor no texto e que tornou explícito em nossa entrevista. Tratava-se precisamente do "problema do abuso do nome de Deus, em nome de uma religião politizada e tão subserviente ao poder que se torna um fator de poder". O cardeal explicou então que, se olharmos para o rosto de Cristo, este é o rosto de um Deus que "sofre por nós e não usa a onipotência para regular as realidades do mundo com um golpe de poder, mas vai ao nosso coração e a um amor que chega a morrer por nós".
Deus exclui todos os tipos de violência
Se olharmos para Cristo, "temos uma visão de um Deus que exclui todos os tipos de violência", afirmava claramente. Palavras que hoje, no Dia Mundial da Paz, não podem deixar de ressoar com extrema atualidade. Premissas necessárias para outras palavras que se revelam tão proféticas, se olharmos para o conflito que está destruindo o coração da Europa nos últimos meses. O então Prefeito da Congregação da Fé, convidado a esclarecer os termos do conceito de "guerra justa", reiterava o conteúdo presente no Catecismo da Igreja Católica e acrescentava: "Penso que a tradição cristã sobre este ponto tenha elaborado respostas que devem ser atualizadas com base nas novas possibilidades de destruição, dos novos perigos".
O homem tem o desejo de um além que traga doçura
"Deus não, religião sim": um dos slogans mencionados no livro escrito com Seewald e no qual Ratzinger explicava que o homem, por um lado, tem um desejo natural de se encontrar com o infinito, com "um além que lhe traga doçura", por outro lado, facilmente cede a "uma espécie de mística anônima" que dá um pouco de alívio, mas não exige um compromisso pessoal. Sem uma resposta individual, enfatizava, se permanece no que ele definia uma ampliação do próprio eu, mas que é "uma coisa vazia", terminando o eu para permanecer “na prisão do eu".
Deus não é manipulável
Ratzinger apontou o risco de criar um Deus de acordo com as próprias necessidades e segundo a própria imagem: "Deus não é manipulável de acordo com minhas ideias ou desejos". Era algo que sentia que repetia com frequência, considerando o papel que desempenhava na época. Um papel - defender a verdade de Cristo em absoluta fidelidade às Escrituras, mas na encarnação do tempo presente - realizado ao longo de vinte anos (de 1981 a 2005) que ele considerava "uma tarefa difícil mesmo porque o conceito de autoridade quase não existe mais. Que uma autoridade possa decidir alguma coisa já parece incompatível com a liberdade de todos de fazer o que querem e sentem".
A Igreja é a base sobre a qual viver e morrer
"Busca-se uma simplificação da visão do mundo": Deus considerado como um mito, uma grande personalidade humana, um Deus cruel... O Cardeal Ratzinger percebeu o quanto a sua profissão fosse "uma tarefa incômoda", que poderia criar "reações negativas". Os que são encarregados de "defender a identidade da fé católica nestas correntes podem aparecer como opositores da liberdade de pensamento", observava, “uma opressão do pensamento livre”. No entanto, falava de muitos que exprimiam gratidão "porque a Igreja Católica continua sendo uma força que expressa a fé católica e dá uma base sobre a qual se pode viver e morrer. E isto", acrescentava, " para mim é consolador e satisfatório". Ver tantas pessoas gratas pela voz da Igreja que "sem violência" procura responder aos grandes desafios do nosso tempo. Aquela Igreja da qual, como Papa e depois como Papa Emérito, ele foi um humilde servo até o fim.  - Fonte: Vatican News
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Cardeal Krajewski: Bento discreto e gentil, atento aos seus colaboradores
O Esmoleiro Cardeal Konrad Krajewski recorda o Papa Emérito que serviu como mestre das celebrações litúrgicas durante os anos de seu magistério: “Um grande teólogo, de grande humanidade”
Era o dia 19 de abril de 2005, o mundo olhava para a Sacada das Bênçãos para conhecer o novo Papa. A fumaça branca da Capela Sistina anunciara a escolha dos cardeais que, na quarta votação, elegeram o sucessor de João Paulo II. As imagens mostram as portas se abrindo e o Cardeal Protodiácono Jorge Medina Estévez pronunciando o nome de Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI. Na Sacada, um dos cerimoniários dos papas segura firmemente a cruz em suas mãos. É o futuro cardeal Konrad Krajewski. “Foi um momento muito forte da minha vida – conta o Esmoleiro – eu estava no apartamento do Papa quando João Paulo II faleceu, um dos momentos mais difíceis e intensos”. Krajeswki recorda a preparação do Conclave, colocando-se à disposição dos cardeais, organizando o funeral do Pontífice, que o apreciava particularmente pelo empenho e dedicação na preparação da missa celebrada em Łódz, cidade natal do cardeal, durante a terceira viagem de João Paulo II à Polônia em 1987. Na época, Krajewski era um simples seminarista.
Junto com o Papa Bento na Sacada das Bênçãos
Com o coração provado pela perda do amado Papa, colocou-se à disposição de Dom Piero Marini, mestre das celebrações litúrgicas. “Quando o Cardeal Ratzinger foi escolhido, lá na Capela Sistina, Dom Marini me disse que eu deveria carregar a cruz da procissão diante do Santo Padre. 'Quando abrirem as cortinas - acrescentou - você sairá por primeiro e depois o Papa com o mestre'". Krajewski sorri pensando naquele momento, pois lembra da emoção de ver a Praça de São Pedro lotada pela multidão. “O Santo Padre então dirigiu a todos as palavras que conhecemos. Acompanhei os 8 anos de seu pontificado como mestre de cerimônias. Fiz muitas viagens, todas as celebrações em Roma, na Itália”.
Amável e simples
Existem vários aspectos da personalidade do Papa Emérito que ficaram marcados no Cardeal Krajewski. “O que me recordo – afirma – é da sua enorme gentileza, da sua simplicidade. Éramos jovens, eu tinha 17 anos menos do que ele, mas o Santo Padre nos tratava por ‘você’, era muito cordial. Ele se interessou pelo meu nome Konrad que é mais um nome alemão do que polonês, depois, quando minha mãe faleceu ele me perguntou como tinha acontecido, quantos anos ela tinha. Era muito, muito, muito simples, muito familiar, muito delicado”. Características que muitos, nestes dias de luto, têm confirmado. “Carrego comigo esta imagem de seu pontificado. Foi um grande teólogo, um professor, um estilo diferente de João Paulo II, mas tão cordial, tão aberto a todos nós, muito atento também a nós, seus simples mestres de cerimônias”. O Esmoleiro recorda o clima daqueles dias, a dor pelo Papa Wojtyla, "o coração partido", mas também um novo Pontífice que estava prestes a escrever outras páginas na história da Igreja. “Agora estou novamente de luto– conclui o cardeal – mas agradeço ao Senhor por este grande pontificado porque somos realmente afortunados por ter estes últimos Papas que são verdadeiramente santos, que nos guiam com clareza e sobretudo com a santidade de suas vidas. Rezo muito por Bento e pela Igreja”.
Fonte: Vatican News
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Cardeal Sako: Bento XVI um 'grande teólogo' e 'profeta' das relações com o Islã
À agência católica AsiaNews, o patriarca caldeu recorda o Pontífice emérito que faleceu na manhã deste sábado, 31 de dezembro. Um "homem de Deus" com um rosto "luminoso", que um dia será proclamado "doutor pelo que ele deixou". Um vínculo de "proximidade profunda" com o mundo muçulmano. Apoio ao Sínodo sobre o Oriente Médio em 2010
Um Pontífice "profético" em suas relações com o Islã, um "grande teólogo" com expressões "claras e compreensíveis" e um pastor "próximo do Iraque e do Oriente Médio". Esta é a recordação de Bento XVI confiada à AsiaNews pelo patriarca de Bagdá dos caldeus, cardeal Louis Raphael Sako, que precisamente sob o Pontificado do Papa emérito foi eleito primaz da Igreja caldeia, no final de janeiro de 2013, alguns dias antes da histórica renúncia ao Pontificado.
"Por Bento XVI - ressalta o cardeal - tenho grande estima. Ele é um homem de Deus, com um rosto luminoso. Talvez um dia, na história da Igreja, ele seja proclamado doutor, por tudo que deixou no campo da teologia. Hoje não temos um estudioso de seu peso".
O Papa Ratzinger, prossegue o cardeal Sako falando de Bagdá por telefone, "para nós cristãos do Oriente Médio foi um elemento de profunda proximidade e atenção. Entre as lembranças mais vivas - continua o purpurado - está a visita ad Limina (em 2010), quando como arcebispo de Kirkuk eu lhe propus fazer um Sínodo para o Oriente Médio".
Um homem muito humilde, um homem de Deus
"E ele aceitou imediatamente com entusiasmo, dizendo ‘é uma boa ideia e dou meu consentimento’. Ele também era um homem muito humilde, embora não seja conveniente dizer santo imediatamente, ele era realmente um santo por causa do que ele fazia" para a Igreja.
Em relação à ligação com o Iraque, o cardeal Sako a define como uma "proximidade profunda" e também nas relações humanas ele estava "muito atento: lembro que quando fui escolhido como patriarca fomos até ele para uma audiência. O Papa não pôde fazer longos discursos porque estava muito cansado, mas desejou-me felicidades. E olhando para minha irmã, me disse que também ele tinha uma irmã a quem era muito apegado e que infelizmente tinha morrido".
O próprio evento de sua renúncia, acrescenta o patriarca, logo após aquele encontro e que "impressionou o mundo inteiro" é uma "tomada de consciência" da limitação humana. "Quando a pessoa vê que não pode carregar esta responsabilidade - afirma -, se retira e dá o lugar a outro. Este é um exemplo forte, este é um homem de Deus".
Orações da Igreja iraquiana pelo Papa emérito
Por fim, a relação com o Islã e a controvérsia que se seguiu ao famoso discurso de Regensburg em 2006, que inflamou muitas praças na Europa e no Oriente Médio. "Os muçulmanos – ressalta o cardeal Sako - não o entenderam e se criou uma forte tensão. Eu era bispo de Kirkuk na época e sofri muito, também sofremos um atentado pesado, um carro-bomba que explodiu na frente de uma igreja e matou um coroinha caldeu".
"Só mais tarde entenderam que ele estava certo e, hoje, com o Papa Francisco, grandes progressos estão sendo feitos" tanto com o mundo sunita quanto com o Islã xiita, como emerge dos encontros com o imame de al-Azhar e ayatollah al-Sistani. "Esta proximidade - acrescenta - ajudou muito os cristãos do Oriente a continuar nossa vida e a fortalecer a coexistência pacífica".
Bento XVI, conclui o patriarca Sako, era "um homem de valor, de fé, de oração, com uma relação humana profunda e não superficial, fria e desapegada". Há dias a Igreja iraquiana tem rezado pelo Papa emérito, e as celebrações continuarão nas próximas horas em memória do Papa emérito com missas e orações.
Fonte: Vatican News
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Cardeal Gracias: "Ratzinger foi um grande apoio para as Igrejas da Ásia
A recordação do Papa emérito nas palavras do arcebispo de Mumbai, a quem Bento XVI criou cardeal. O arcebispo indiano Felix Machado, que no Vaticano trabalhou durante 15 anos no Pontifício Conselho para o Diálogo Interreligioso, relembra os delicados dias do discurso de Regensburg: "Não culpava nenhuma religião. Eu intervim para esclarecer o significado de suas palavras e ele me agradeceu. Ele sempre mostrou o caminho para um diálogo autêntico"
"A morte de Bento XVI é uma perda muito grande para a Igreja universal, mas também uma perda específica para as Igrejas asiáticas". Com essas palavras, de Mumbai, o cardeal Owslad Gracias, arcebispo da metrópole indiana e representante do continente no Conselho de Cardeais, comenta para AsiaNews a morte do Papa emérito aos 95 anos de idade.
"Bento XVI foi um grande apoio para a Igreja na Ásia e para a Igreja indiana em particular – continua o cardeal Gracias. Ele prestou atenção especial à Índia e sempre esteve muito próximo de mim. Foi ele quem me nomeou arcebispo e cardeal. Ele era um amigo pessoal: mesmo quando eu não estava bem, ele estava constantemente em contato comigo e me enviava mensagens que me asseguravam suas orações".
Como Paulo VI, levou a cumprimento o Concílio Vaticano II
"Como Paulo VI, Bento XVI levou a cumprimento o Concílio Vaticano II - acrescenta o arcebispo de Mumbai. Como cardeal e depois como Pontífice completou o que o Papa João Paulo II havia semeado e pensou a Igreja sobre a dedicação, sobre a evangelização, sobre o ecumenismo".
"A história julgará sua contribuição para o progresso da teologia de forma muito favorável. Seus livros sobre a vida de Cristo são muito esclarecedores. É impressionante a variedade de temas que ele abordou e a profundidade de sua compreensão das Escrituras. Seus livros sobre a liturgia também são valiosos".
"Eu o sinto quase como uma perda pessoal - comenta Gracias. Nos últimos tempos, eu não tinha conseguido vê-lo por causa de sua saúde, mas eu sempre continuei a lhe enviar mensagens. E fiquei emocionado quando na última Páscoa ele me respondeu dizendo que me enviaria seus livros. Ele era um homem muito gentil".
Testemunho de dom Felix Machado
Da Índia, também o secretário da Conferência episcopal do país asiático e ex-subsecretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Interreligioso, dom Felix Machado, compartilha suas recordações de Bento XVI com a agência católica AsiaNews.
"Quando fui chamado a Roma não estava muito entusiasmado, aceitei por obediência" - recorda dom Machado -, mas de dentro da Cúria Romana descobri que também havia pastores santos como o então cardeal Ratzinger. Passei muitas vezes por ele na Praça São Pedro a caminho do meu escritório: ele começou a perguntar por mim. Mais tarde, minha responsabilidade me colocou em contato mais próximo com o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé".
"Eu tinha ouvido falar dele através do cardeal Yves Marie Congar, que foi meu professor em Paris, e através de Raimon Panikkar, que foi meu moderador de doutorado. Quando comecei a ler seus livros, eu me apaixonei por sua teologia. A mídia fazia dele um 'cão de guarda' da ortodoxia, como se ele fiscalizasse o pensamento dos teólogos no mundo inteiro. Eu mesmo comecei a acreditar nisso, até que o conheci pessoalmente".
Discurso em Regensburg, na Alemanha
Do Pontificado do Papa Bento XVI, dom Machado tem uma lembrança pessoal do momento muito delicado que se seguiu ao discurso de Regensburg, com as polêmicas sobre a citação da relação entre religião e violência que provocou uma reação violenta em parte do mundo islâmico.
"Sua mensagem nada teve a ver com culpar alguma religião - lembra dom Machado. Todas as religiões foram culpadas, em um momento ou outro, de sucumbir à violência, e mais ainda em nome de Deus".
 
O significado das palavras do Papa alemão
Naqueles dias tensos, foi precisamente o prelado indiano que apareceu na televisão para esclarecer o significado das palavras do Papa. "No seu retorno da Alemanha - conta o prelado -, ele me agradeceu por esclarecer o ponto".
"Minha mensagem era simples: o Papa Bento XVI nunca foi contra o diálogo com as religiões. Como teólogo, ele adentrava nas nuances e ensinava a entrar em autêntico diálogo como a Igreja ensina, sobretudo no Concílio Vaticano II. Ele só corrigiu o que considerava um abuso do diálogo".
Último encontro
"Eu o encontrei pela última vez antes da pandemia, no mosteiro onde ele vivia - conclui dom Machado. Ele estava frágil. Caminhamos juntos no jardim, em frente ao mosteiro. Ele perguntou sobre meu ministério, me perguntou se eu continuava promovendo o diálogo com as outras religiões. Sempre me senti humilde diante de um homem de tão profundo amor a Deus, de tão aguçada inteligência e de uma vida tão humilde e simples".
Fonte: Vatican News
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No pontificado de Bento XVI a primeira beatificação realizada em Porto Alegre
“Porto Alegre será mais alegre” falou o Papa Bento XVI sobre a beatificação de Bárbara Maix.
Foi no pontificado do Papa Bento XVI que Porto Alegre (RS) viveu a inédita celebração de uma beatificação, uma das mais importantes cerimônias da Igreja Católica. Na ocasião, Madre Bárbara Maix, religiosa fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, foi elevada à honra dos altares. O Papa emérito faleceu no sábado, dia 31 de dezembro.
Um ano antes da beatificação, a Irmã Gentila Richetti, postuladora da causa de canonização, participou de encontro com o Papa. Ela pediu a bênção para a Congregação e comentou sobre a expectativa pelo evento. Bento XVI foi assertivo na previsão:
“Aos 30 de novembro de 2009, os  Bispos do Regional Sul 3 (Rio Grande do Sul) tiveram a Visita ad Limina com o Papa Bento XVI. A convite de Dom José Mário Ströeher, então Bispo de Rio Grande, pude cumprimentá-lo e, ainda que brevemente, falar-lhe da Causa de Beatificação e Canonização de Barbara Maix, Fundadora da Congregação. O Papa perguntou-me: “onde será a Beatificação?” Respondi: “Em Porto Alegre”. E ele repetiu: Porto Alegre, então será mais alegre!”. Disse-lhe que a então Diretora Geral, Irmã Marlise Hendges, pedia a Bênção para toda a Congregação. Ele repetiu: “Para toda a Congregação!”.
A beatificação de Madre Bárbara aconteceu no dia 06 de novembro de 2010, e reuniu milhares de fiéis no Gigantinho. Bento XVI foi representado pelo então Núncio Apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri. Com a ação, o Papa reconheceu o milagre atribuído à religiosa austríaca que viveu no Rio Grande do Sul e abriu caminho para a próxima etapa: a canonização.
Ao comentar a beatificação, Bento XVI afirmou, em 07 de novembro de 2010: “Ontem em Porto Alegre, no Brasil, teve lugar a cerimônia de beatificação da Serva de Deus Maria Bárbara da Santíssima Trindade, fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Que a fé profunda e a caridade ardente com que ela seguiu Cristo suscitem em muitos o desejo de entregar completamente a sua vida à maior glória de Deus e ao serviço generoso dos irmãos, de modo especial dos mais pobres e necessitados.”.
Bem-Aventurada Bárbara Maix
Bárbara Maix (1818-1853) nasceu em Viena, Áustria. Migrou para o Brasil em 1848 e faleceu em 1853, no Rio de Janeiro/RJ. Morou 14 anos em Porto Alegre/RS. Para ser conhecida como santa, é preciso que um novo milagre seja reconhecido pelo Vaticano, o que está em análise na Congregação para a Causa dos Santos. O presumido milagre atribuído à Bem-Aventurada ocorreu em Santa Lúcia do Piaí-Caxias do Sul e também é relativo a cura de queimadura grave.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI marcou a história da Igreja. Obrigado por estar conosco!
Bento XVI faleceu após uma longa doença, um sofrimento suportado como manda Cristo: no silêncio, na paciência, mas sobretudo na oração assídua e constante. O Papa mais longevo da história da Igreja.
Mons. André Sampaio, Vigário Episcopal para as Irmandades e Prior da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém – Rio de Janeiro
“Deus está morto! E nós o matamos!” – Catedral de Turim, 2 de maio de 2010. Somente um Papa da estatura espiritual e cultural de Bento XVI poderia permanecer de joelhos por cinco minutos diante do Sudário, o “ícone do Sábado Santo”, mal movendo os lábios em oração silenciosa, e depois citar as palavras de Nietzsche em A Gaia Ciência.
Agora que Joseph Ratzinger alcançou a meta e o cumprimento de toda a sua vida – as palavras do Salmo 27 colocadas como epígrafe ao seu Jesus de Nazaré: “A vossa face, Senhor, eu procuro. Não me escondais a vossa face” –, temos de voltar ao início, Marktl am Inn, aldeia da Alta Baviera onde nasceu a 16 de abril de 1927. O pai era gendarme, filho de camponeses; a mãe trabalhava como doméstica. Era um sábado santo. E ter vindo ao mundo naquele dia significou para Ratzinger “uma vocação, um programa de vida”. O grande teólogo que se tornou pontífice mediu-se face ao “abismo do silêncio” daquela “terra de ninguém” entre a crucificação na sexta-feira e a ressurreição no domingo, o tempo do “esconder-se de Deus”, o drama do nosso tempo, “o mundo que jaz em pedaços”.
Há aqueles que já nascem póstumos, escreveu Nietzsche. Ratzinger também estava “ultrapassado”: “se um Papa recebesse apenas aplausos, teria de se perguntar se estava a fazer alguma coisa errada”, e não teve medo de remar contra a maré: até a “renúncia” do pontificado, a mais inédita das reformas. A última “renúncia” de um Papa datava de 4 de julho de 1415, feita por Gregório XII, e, graças a Dante, todos sabem da “grande recusa” de Celestino V em 13 de dezembro de 1294. Mas o gesto de Bento XVI não teve precedente real em dois mil anos, porque foi feito “em total liberdade”, sem influências externas. Com todo o respeito aos teóricos da conspiração que falam sobre estratagemas, ele também repetiu em seu “O Último Testamento”, série de entrevistas com Peter Seewald: “Tais especulações são todas absurdas. Ninguém tentou me chantagear. Eu nem teria permitido isso”. O Papa Wojtyla agora estava morrendo e, em 25 de março de 2005, menos de um mês antes da eleição de 19 de abril, o cardeal Ratzinger havia denunciado a “sujeira na Igreja” nos textos escritos para a Via Crucis no Coliseu.
Na missa de abertura de seu pontificado, no dia 24 de abril, resumiu na Praça de São Pedro aos fiéis maravilhados: “Rezem por mim, para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos”. Bento XVI não fugiu, pelo contrário. O comentário imediato do padre Lombardi, em 11 de fevereiro de 2013, continua sendo o mais lúcido: “É um grande ato de governo da Igreja”. Naquele dia, às 11h41, diante dos atônitos cardeais, ressoam na Sala do Consistório as palavras inéditas “declaro me ministerio renuntiare”, a renúncia ao ministério petrino a partir das 20h do dia 28 de fevereiro. Bento XVI explica que “para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, são necessárias também as forças do corpo e da alma” que faltaram “nos últimos meses”. Nada é deixado ao acaso, o Papa lê a Declaratio na véspera das Cinzas, início do período penitencial. Durante a audiência quaresmal, coloca as cinzas sobre as cabeças dos cardeais enfileirados e fala das tentações diabólicas que se podem resumir na pretensão de “usar Deus”, “colocar-se no seu lugar” ou “usá-lo para os seus próprios interesses”, das “divisões eclesiais” que “desfiguram” o rosto da Igreja.
Sim , depois de ter ensinado nas faculdades teológicas mais prestigiosas da Alemanha, em 25 de março de 1977, São Paulo VI o nomeou arcebispo de Munique e Freising. Ratzinger recebeu a ordenação no dia 28 de maio seguinte e depois de apenas um mês, em 27 de junho, Montini impôs-lhe o barrete vermelho. São João Paulo II o quis em Roma e, em 25 de novembro de 1981, nomeou-o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O futuro Papa foi durante quase um quarto de século um dos principais colaboradores de Wojtyla. Em 30 de novembro de 2002, ele também se tornou cardeal decano e, nessa qualidade, liderou a Sé Vacante de 2005 após a morte do Papa polonês, a quem sucedeu assumindo o governo da Igreja Católica.
Um legado muito pesado, aquele recebido de seu “predecessor amado”, que para Ratzinger chegou quando acabava de completar 78 anos. Ele foi forçado a carregar muitas cruzes em seu pontificado: desde o escândalo da pedofilia do clero, até os diálogos muito difícies com os lefebvrianos, frustrados também pela negação do Holocausto de alguns deles, pelos desentendimentos com o mundo islâmico pela famosa citação por Manuel II Paleólogo sobre Maomé na palestra de Regensburg, até o escândalo Vatileaks 1 com a infidelidade de seu mordomo, Paolo Gabriele, que passou documentos confidenciais do Papa alemão à imprensa. Nada menos que 24 viagens ao exterior e 29 visitas pastorais à Itália. No entanto, o pontificado de Bento XVI não foi apenas crivado de espinhos, muitas vezes causados pela incapacidade de seus colaboradores mais próximos, mas também por um magistério muito denso condensado em oito anos. Da trilogia sobre Jesus de Nazaré, ao livro de entrevistas “Luz do Mundo”, o terceiro de quatro escritos com seu biógrafo Peter Seewald, às três encíclicas, Deus caritas est, Spe salvi e Caritas in veritate, sem contar a escrita em conjunto com Francisco, Lumen fidei.
Em 28 de abril de 2009, na cidade de Áquila devastada pelo terremoto, esperava-se apenas uma homenagem, mas Bento XVI semeou o pânico ao cruzar a porta sagrada da Basílica em ruínas de Collemaggio para colocar seu pálio sobre a sepultura de Celestino V. Depois da viagem a Cuba, de onde voltou exausto no final de março de 2012, já havia se decidido. Nesse ínterim, estourou o escândalo dos Vatileaks, a história do mordomo “corvo” Paolo Gabriele que roubou documentos confidenciais de seu escritório, e Ratzinger esperou até que tudo acabasse, para que o julgamento fosse concluído. Em 2015, o padre jesuíta Silvano Fausti, grande estudioso da Bíblia, amigo e confessor do cardeal Carlo Maria Martini, contou antes de morrer que o então arcebispo de Milão, no Conclave de 2005, fez convergir seus votos para Ratzinger, impedindo uma manobra que visava a derrubar tanto Martini como Ratzinger – os dois principais candidatos – em benefício de “um candidato da Cúria muito insidioso, mas que não conseguiu ser eleito”. Era uma questão de limpeza: “Martini tinha dito a Ratzinger: aceite-o, você que está na Cúria há trinta anos e é inteligente e honesto. Se conseguir reformar a Cúria, muito bem; se não, você vai embora”. A renúncia, após quase oito anos de pontificado, reconfigura a Cúria e prepara o terreno para o sucessor.
Como Papa Emérito, Bento XVI decidiu viver no Vaticano, no Mosteiro Mater Ecclesiae, porque “aquele que assume o ministério petrino não têm mais privacidade. Pertence sempre e totalmente a todos”. Ratzinger também permanece na história como aquele que, como cardeal, denunciou “quanta sujeira há na Igreja, e precisamente também entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer totalmente a Ele” e que ainda antes havia sublinhado que “os motivos para não estar mais na Igreja hoje seriam muitos e diferentes uns dos outros”, mas que, no final, “apesar de todas as suas fragilidades humanas, é a Igreja que nos dá Jesus Cristo e só graças a ela podemos recebê-lo como uma realidade viva e poderosa que me desafia e enriquece aqui e agora”.
Bento XVI também ficará na história pela convivência inédita no Vaticano com seu sucessor. Uma escolha que, se no início suscitou muitas perplexidades, viu os dois papas também participarem juntos de algumas celebrações públicas até Ratzinger ter forças físicas. Bento XVI, despojado de seu “guarda-roupa papal”, retribuiu o afeto sincero que Francisco sempre lhe demonstrou. Não se sabe quem Ratzinger imaginou como sucessor. No entanto, Bento XVI prometeu “reverência e obediência incondicional” a qualquer um que emergisse como Papa da Capela Sistina no último dia de seu pontificado.
Com Bergoglio, além da diversidade de personagens, modos de governo e estilos de vida, a centelha foi acesa desde o primeiro abraço em Castel Gandolfo, dez dias após o Habemus Papam. Que não havia amizade de fachada entre os dois é evidenciado pelos muitos encontros privados e pelas palavras inequívocas de ambos. “Sou grato – Ratzinger escreveu ao teólogo suíço Hans Küng – por poder estar ligado por uma grande identidade de pontos de vista e por uma amizade sincera com o Papa Francisco. Hoje vejo como minha única e última tarefa sustentar o seu pontificado na oração”. “Bento – disse Bergoglio – agora vive no Vaticano, e alguns me dizem: mas como isso pode ser feito? Dois papas no Vaticano! Mas ele não o sobrecarrega? Mas ele não faz a revolução contra você? Todas essas coisas que eles dizem, certo? Achei uma frase para dizer isso: é como ter um avô em casa, mas um avô sábio”.
Joseph Ratzinger, grande teólogo e cardeal, então Bispo de Roma com o nome de Bento XVI por sete anos, dez meses e nove dias (de 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013) e finalmente Papa Emérito, chegou à casa do Pai, após o período passado “no monte” orando pela Igreja (assim ele havia anunciado seu ministério inédito, após sua “renúncia”). Ele será lembrado (talvez acima de tudo) como aquele que fez o gesto revolucionário (e impensável até um minuto antes do sensacional anúncio em latim de 11 de fevereiro de 2013) de renúncia.
Obrigado, Papa Bento XVI, pelo que foi e continuará sendo do céu. Obrigado pelos seus maravilhosos colóquios quando estive na Pontifícia Academia Eclesiástica, escola diplomática da Santa Sé, onde pude beber das fontes do seu conhecimento e do seu amor à Eclesiologia e à Cristologia. Pelos seus magníficos escritos que nos deixam um legado de grande riqueza. Obrigado por me enviar em serviço para a Nunciatura Apostólica da Lituânia, Letônia e Estônia, e depois para a Colômbia. Obrigado pelas magníficas cerimônias e liturgias celebradas com zelo e amor. Aprendi o significado do versículo no Salmo 69, 9: “o zelo da vossa casa me devorou”. E assim aprendi a amar e a zelar pela liturgia. São tantos obrigados, principalmente por ter contribuído para me fazer o sacerdote que sou hoje.
Requiem aeternam dona ei, Domine, et lux perpetua luceat ei. Requiescat in pace. Amen.(Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e a luz perpétua o ilumine. Descanse em paz. Amém)
Fonte: Vatican News
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Monsenhor Mistò: Pelè demostra que há um futuro possível para todos
Sobre a morte do campeão brasileiro, o professor de Teologia - Escritura Sagrada na Universidade Livre Maria SS. Assunta em Roma enfatiza que, mesmo quando o ponto de partida é difícil porque marcado pela pobreza, é possível alcançar metas magníficas.
Amedeo Lomonaco – Vatican News
O exemplo de um personagem único como Pelé não se desvanece com sua morte. O eco mundial que recebeu a notícia de sua morte nos mostra que existe algo imperecível, particularmente para as pessoas que marcaram a realidade social. A destacá-lo, detendo-se na figura da estrela brasileira, é monsenhor Luigi Mistò, professor de Teologia - Escritura Sagrada na Libera Università Maria SS. Assunta (LUMSA) em Roma e presidente da FAS, o Fundo de Assistência de Saúde da Santa Sé.
Transformar sonhos em realidade
Pelé, explica monsenhor Mistò, é "provavelmente o maior jogador de futebol de todos os tempos" e é "um mito absoluto do futebol". Seus feitos extraordinários e gols memoráveis permanecem, incluindo o que ele marcou contra a Suécia na Copa do Mundo de 1958 e o que ele marcou com uma cabeçada contra a Itália em 1970 no México. "Acho que sua vida mostra isto: todos têm a chance" de realizar seus sonhos. Esta é uma grande mensagem, também para os jovens de hoje que, "devido à pandemia e à guerra em curso", correm o risco de ter seu futuro "roubado". Pelé mostra que "há um futuro possível para todos". Não importa o ponto de partida. E, de fato, quando esse ponto de partida é difícil - como foi a infância de Pelé marcada pela pobreza - pode haver um sonho que, se cultivado, se transforma em uma magnífica realidade.
Um exemplo para os jovens
Outra mensagem importante, particularmente para os jovens, é tornar as próprias habilidades disponíveis para os outros. Como Pelé fez, lembra monsenhor Mistò, nas posições institucionais que assumiu depois de se aposentar do mundo do futebol, e através de seu compromisso na esfera social como em suas batalhas, por exemplo, contra o racismo. Pelé também vinculou sua carreira a duas equipes: Santos e, em sua última fase, o Cosmos de Nova York. Isto mostra que se pode se comprometer com certos caminhos e superar desafios ao longo do caminho. Esta é também uma mensagem significativa: 'Quando se cultiva um sonho', conclui monsenhor Mistò, 'é preciso persegui-lo com tenacidade e paciência'. E é preciso perseguir este sonho, "mesmo com esforço e sacrifício".
Nesta terça-feira, dia 3 de janeiro, os funerais na cidade de Santos. - Fonte: Vatican News
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Bento XVI mantém o rosário nas mãos até o fim
Ary Waldir Ramos Díaz - 
O corpo do Papa Emérito Bento XVI jaz ao pé do baldaquino da Basílica de São Pedro, assim como o de São João Paulo II em 2005
Às 9h do horário italiano, nesta segunda-feira, 2 de janeiro de 2023, as portas da Basílica de São Pedro no Vaticano foram abertas aos fiéis e peregrinos que quiseram prestar a sua última homenagem ao Papa Emérito Bento XVI, falecido neste último sábado, 31 de dezembro.
Assim como no caso de São João Paulo II em 2005, o corpo do Papa Emérito jaz ao pé do baldaquino da basílica.
Ele está vestido com uma simples casula vermelha sobre uma alva branca bordada, além de uma mitra simples; não há estola. Não sendo ele o pontífice reinante, o corpo do Papa Emérito não traz o pálio nem outras vestes pontifícias. Os sinos da basílica não repicaram. Respira-se no templo um ar de simplicidade, recolhimento e silêncio.
O corpo de Bento repousa mantendo nas mãos o rosário com o qual rezou até o fim para sustentar a Igreja, conforme o Papa Francisco recordou nos primeiros dias do agravamento das suas condições de saúde.
“Senhor, eu te amo” foram as últimas palavras do pontífice falecido. Elas ressoam no silêncio da multidão e nos gestos piedosos das pessoas que o recordaram como fiel à Igreja até o fim.
O arcebispo dom Georg Gänswein, que era o secretário particular do Papa Emérito, velou o seu corpo até esta manhã, às 6h55, no mosteiro vaticano Mater Ecclesiae. A transferência dos restos mortais foi feita às 7h, com um breve rito oficiado às 7h15 pelo cardeal Gambetti, já na basílica.
Ao longo da Via della Conciliazione, que leva à Praça de São Pedro, a prefeitura de Roma instalou barreiras para direcionar o fluxo de fiéis durante os três dias em que será possível prestar homenagem ao Papa alemão.
Às 9 da manhã, a fila na praça já tinha várias centenas de metros. Até o início da tarde, segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé com base em números da gendarmaria vaticana, cerca de 40.000 pessoas já haviam comparecido para rezar diante do corpo de Bento XVI. - Fonte: Aleteia
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A emoção dos fiéis que vieram dizer adeus a Bento XVI diante de seus restos mortais
I.Media para Aleteia 
Uma multidão de católicos ligados à figura do papa emérito está presente
Romanos, alemães, americanos e pessoas de todas as partes do mundo começaram a vir neste 2 de janeiro de 2023, em virtude do falecimento de Bento XVI em 31 de dezembro, para prestar uma última homenagem ao pontífice falecido, cujos restos mortais estão expostos por três dias na Basílica de São Pedro. Estas dezenas de milhares de fiéis, formando filas desde a primeira manhã de exposição, expressam o quanto quiseram estar lá para este momento comovente e único.
Roma respira uma atmosfera diferente, enquanto são implantadas barreiras e forças de segurança na Via della Conciliazione. Uma multidão de católicos ligados à figura do papa está presente, embora muitos concordem que essa partida era esperada. «Ele tinha 95 anos, na Alemanha diz-se: é o ciclo normal, nascer, trabalhar, morrer», sublinha Franka, quinquagenária vindo de Frankfurt especialmente para prestar uma última homenagem ao Papa da sua pátria. «Nos últimos meses, vimos nas fotos que ele era realmente um homem idoso, é natural, ele mesmo disse que declinou e que esperava o seu encontro com Deus».
Franka voou sem hesitação, ansiosa para estar entre os primeiros a entrar na basílica. Sou uma ‘fã’ de Bento XVI, brinca ela. Acompanhei de perto todo o seu pontificado desde a sua eleição em 2005. Estive presente na sua passagem por Colónia, Viena, Berlim, Munique, Zagreb, Londres, Paris, e estive várias vezes em Roma. E eu estava presente em Castelgandolfo na última noite em que saudou a multidão, depois de se ter retirado (28 de fevereiro de 2013, ndlr)».
Para Franka, o papa emérito era «alguém especial». Ele foi papa oito anos, é uma pequena parte de sua vida, e em oito anos não se pode mudar muito, é curto. Além disso, Ratzinger era mais um grande professor do que um pastor – se pensarmos sobre isso, podemos entender como foi difícil para ele ser papa. Quando o vi, vi um homem que acreditava profundamente em Deus, e isto é o mais importante».
Às 9h, enquanto as portas da maior basílica do mundo abrem, os fiéis começam calmamente a avançar. «Há muitos jovens», surpreende-se um jovem adulto romano que veio com sua esposa, agradavelmente surpreendido pela multidão. «Ontem eu apostava que não haveria muita gente, porque este papa já se tinha retirado há quase 10 anos, mas eu estava enganado». A fila estende-se pela praça, frondosa e tranquila, enquanto agentes de manutenção limpam as calçadas para a celebração do funeral, em 5 de janeiro.
Repercussão
Três amigos italianos de vinte anos, Gianluca, Matteo e Alessandro, insistiam firmemente em «ver os restos mortais» do Papa defunto. Levantaram-se ao nascer do sol e viajaram 100 km de carro desde a província de Latina. Gianluca reconhece em Bento XVI uma figura importante a nível teológico, sobretudo porque procurou examinar a relação entre fé e ciência. Ele procurou levantar temas realmente interessantes no mundo de hoje, onde somos dominados pela ciência em todas as nossas ações. Ora, não se pode ver a fé numa mentalidade científica, que apresenta uma coisa e a sua demonstração imediata. O seu trabalho intelectual é verdadeiramente intrigante».
Ganhando pouco a pouco os degraus do átrio, as vozes não passam de sussurros, para se extinguirem atravessando o limiar, entre os batentes das grandes portas. Emoldurados por barreiras, os fiéis sobem silenciosamente a calçada central, preparando-se para o recolhimento e o espírito de oração.
No entanto, diante do altar onde repousa o corpo do pontífice alemão, vestido com vestes litúrgicas vermelhas, é impossível fazer uma devoção prolongada. Os peregrinos são gentilmente guiados pelos agentes de segurança em um fluxo contínuo. No stop… avanti, avanti… Repetem com autoridade os guardas. De ambos os lados do falecido pontífice, prelados rezam com as mãos unidas, de cabeça baixa.
Ao pé do corpo do «seu papa», Franka hesita alguns instantes, conduzida para a saída pelos vigilantes. Atrás dela, uma família de turistas americanos também mostra um certo desencanto de não poder deter-se um momento em oração. De qualquer forma, dezenas de pessoas ajoelham-se mais adiante, diante do grande presépio, murmurando a sua última oração de despedida. Antes de dar um passo mais devagar.
Irmã Denise, de Ouagadougou, Burkina Faso, que vive em Roma para estudos, está lá com duas religiosas africanas. «Soubemos da notícia da morte do Papa e dissemos a nós mesmos que valia a pena vir, prestar homenagem por tudo o que ele fez por nós, por toda a Igreja, e rezar pelo descanso da sua alma». «Vimos com os nossos olhos. É a primeira vez que vejo o corpo de um papa exposto. Para mim é muito misterioso». E conclui com um sorriso doce: «Sinto alegria; e depois no modo como está exposto, serenamente, a minha fé diz-me que já está no Céu, e é magnífico». - Fonte: Aleteia
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“O Brasil ocupa um lugar especial no coração do Papa”, disse Bento XVI em visita ao país
Bento XVI celebrou Missa na parte externa do Santuário de Aparecida em maio de 2007
Ricardo Sanches - 
Os discursos e os momentos mais importantes da viagem apostólica que marcou o papado de Bento XVI
Dia 9 de maio de 2007: uma data que ficou registrada de forma especial no papado de Bento XVI. Foi naquela tarde que ele chegou ao Brasil, especificamente, a São Paulo. Era a primeira jornada de Bento XVI para fora da Europa e sua primeira viagem apostólica à América Latina.
Nos cinco dias que passou no Brasil, Bento XVI se reuniu com os jovens, canonizou um santo, deu declarações contundentes e pôde sentir o apoio das multidões de católicos brasileiros que o acompanharam em cada compromisso público.
Em seu primeiro discurso no país, o pontífice declarou:
“O Brasil ocupa um lugar muito especial no coração do Papa não somente porque nasceu cristão e possui hoje o mais alto número de católicos, mas sobretudo porque é uma nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja”. 
Do aeroporto de Guarulhos, Bento XVI foi para o Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, onde ficou hospedado. Uma multidão o aguardava no local. E ele não decepcionou. De uma cabine de vidro instalada na fachada do mosteiro, o Pontífice saudou os fiéis:
“Esta acolhida tão calorosa comove o Papa! Obrigado, por terem querido aguardar-me.
Estes dias para todos vocês e para a Igreja estarão cheios de emoções e de alegrias.
É uma Igreja em festa! De todos os cantos do mundo estão rezando pelos frutos desta Viagem, a primeira Viagem Pastoral ao Brasil e à América Latina que a Providência me permite realizar como Sucessor de Pedro!”
O recado de Bento XVI aos jovens
Na quinta-feira, 10 de maio de 2007, o principal compromisso de Bento XVI, foi um encontro com cerca de 40 mil jovens no estádio do Pacaembu, em São Paulo.
O pontífice assistiu a apresentações artísticas e religiosas e ouviu jovens brasileiros e de outros países falarem um pouco da realidade que eles enfrentavam.
Em seu discurso, o Papa Bento afirmou:
“Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário: vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada.”
O Papa também fez um apelo aos jovens:
“Não desperdiceis vossa juventude. Não tenteis fugir dela. Vivei-a intensamente. Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade humana.”
Celebração na Catedral da Sé
No terceiro dia da visita, Bento XVI se encontrou com 400 bispos na Catedral da Sé, em São Paulo. No compromisso com os clérigos, abordou a questão da perda de fiéis para outras religiões:
“As pessoas mais vulneráveis ao proselitismo agressivo das seitas – que é motivo de justa preocupação – e incapazes de resistir às investidas do agnosticismo, do relativismo e do laicismo são geralmente os batizados não suficientemente evangelizados, facilmente influenciáveis porque possuem uma fé fragilizada e, por vezes, confusa, vacilante e ingênua, embora conservem uma religiosidade inata.”
O pontífice ainda recomendou aos bispos:
“Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo, através de uma pastoral da acolhida que os ajude a sentir a Igreja como lugar privilegiado do encontro com Deus e mediante um itinerário catequético permanente.”
No mesmo dia, Bento XVI celebrou uma missa para 1,2 milhão de pessoas no Campo de Marte, em SP, e canonizou Frei Galvão – o primeiro santo nascido no Brasil.
O Papa em Aparecida
A visita à comunidade terapêutica “Fazenda Esperança”, em Guaratinguetá, SP, esteve na agenda do quarto dia da jornada Bento XVI no Brasil. De lá, o Santo Padre foi para a cidade de Aparecida. No seu primeiro compromisso na “capital da fé”, rezou o terço e se encontrou com sacerdotes, seminaristas, diáconos, religiosos e religiosas. Bento falou sobre vocação, evangelização e, no final do encontro, rezou:
“Mãe nossa, protegei a família brasileira e latino-americana! Amparai, sob o vosso manto protetor, os filhos dessa Pátria querida que nos acolhe, Vós que sois a Advogada junto ao vosso Filho Jesus, dai ao Povo brasileiro paz constante e prosperidade completa, concedei aos nossos irmãos de toda a geografia latino-americana um verdadeiro ardor missionário irradiador de fé e de esperança, fazei que o vosso clamor de Fátima pela conversão dos pecadores, seja realidade, e transforme a vida da nossa sociedade. E vós que, do Santuário de Guadalupe, intercedeis pelo povo do continente da esperança, abençoai as suas terras e os seus lares. Amém”.
A Conferência de Aparecida
Ainda em Aparecida, Bento XVI celebrou uma Missa para mais de 150 mil pessoas na parte externa do Santuário Nacional. Depois, em 13 de maio, participou da abertura da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. Aliás, a Conferência de Aparecida foi um dos principais motivos da visita de Bento XVI ao Brasil.
No evento, o Papa alemão se referiu à América Latina como o “continente da esperança”, e condenou “formas de governo autoritárias”:
“Na América Latina e no Caribe, assim como em outras regiões, caminhou-se rumo à democracia, embora haja motivos de preocupação diante de formas de governo autoritárias ou sujeitas a certas ideologias que se julgavam ultrapassadas, e que não correspondem à visão cristã do homem e da sociedade, como nos ensina a Doutrina Social da Igreja.”
Ainda sobre o aspecto político-social da América Latina e do Caribe, o Pontífice afirmou:
“As estruturas justas têm que ser procuradas e elaboradas à luz dos valores fundamentais, com todo o empenho da razão política, econômica e social. São uma questão da recta ratio e não provêm de ideologias nem das suas promessas. Certamente há um tesouro de experiências políticas e de conhecimentos sobre os problemas sociais e econômicos, que evidenciam elementos fundamentais de um Estado justo e os caminhos que devem ser evitados.”
Bento XVI ainda declarou que o povo do continente tem direito à “vida plena”:
“Os povos latino-americanos e caribenhos têm direito a uma vida plena, própria dos filhos de Deus, com condições mais humanas: livres das ameaças da fome e de todas as formas de violência. Para estes povos, os seus Pastores têm que fomentar uma cultura da vida que permita, como dizia o meu Predecessor Paulo VI, “passar da miséria à posse do necessário, à aquisição da cultura, à cooperação no bem comum… até chegar ao reconhecimento, por parte do homem, dos valores supremos e de Deus, que é a origem e o termo deles” (cf. Populorum progressio, 21).”

Despedida
Sacerdotes, bispos e cardeais que acompanharam Bento XVI pelo Brasil foram unânimes em dizer que o Papa ficou demasiadamente feliz com as manifestações de carinho com que foi recebido no país. Em sua despedida, ele próprio afirmou:
“Na minha memória ficarão para sempre gravadas as manifestações de entusiasmo e de profunda piedade deste povo generoso da Terra da Santa Cruz que, junto à multidão de peregrinos provindos deste Continente da esperança, soube dar uma pujante demonstração de fé em Cristo e de amor pelo Sucessor de Pedro. Peço a Deus que ajude os responsáveis, seja no âmbito religioso que no civil a imprimir um passo decidido àquelas iniciativas, que todos esperam, pelo bem comum da grande Família Latino-Americana.”
Na galeria abaixo, você pode conferir um resumo da visita de Bento XVI ao Brasil através de imagens.
Bento VI voltaria ao Brasil em 2013 para participar da Jornada Mundial da Juventude, Mas renunciou antes.
Fonte: Aleteia
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Secretário de Bento XVI conta como foi sua vida de oração
 O ex-secretário do papa emérito Bento XVI, dom Georg Gänswein, contou como era a vida de oração do papa emérito.
Em entrevista ao escritório de Roma da EWTN, grupo de comunicação católico a que pertence ACI Digital, dom Gänswein disse que “os momentos de oração eram sagrados” para Bento XVI.
“O que eu experimentei com ele como cardeal, mas também como papa – afinal, vivia com ele, foi que sempre tínhamos horários fixos para a oração. Claro que havia exceções, por exemplo, quando viajávamos. Mas os momentos de oração eram sagrados para ele”, disse Gänswein.
Dom Gänswein referiu-se principalmente à santa missa, à leitura do breviário, à oração do terço e à meditação.
Ele também contou que Bento XVI dizia: “O mais importante é que Deus sempre seja o primeiro. Primeiro é preciso buscar o Reino de Deus, todo o demais se dará por acréscimo”. Para Gänswein, é “uma frase simples e que soa bem. Mas não é tão fácil cumpri-la”.
“Os momentos estavam marcados e minha tarefa era cumpri-los”, disse dom Georg Gänswein.
Falando sobre os livros "Jesus de Nazaré" de Bento XVI, o arcebispo alemão disse que "estes três volumes contém todo o seu ser pessoal como sacerdote, bispo, cardeal e papa". Reúnem "toda a sua pesquisa teológica, toda a sua vida de oração". São textos “escritos de forma que, graças a Deus, possam ser facilmente compreendidos; escritos com o maior rigor acadêmico, mas que também para os fiéis, serão seu testemunho pessoal mais alcançável e duradouro”.
“Essa era precisamente a intenção dele. Com esse livro, com essa forma de proclamar a fé, queria fortalecer as pessoas na fé, conduzi-las à fé e abrir as portas à fé”, concluiu dom Gänswein.
Fonte: ACIDigital
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São José foi o santo favorito de Bento XVI
O arcebispo Georg Gänswein, que foi secretário de Bento XVI, contou quem foi o santo favorito do papa emérito
"Seu santo favorito foi são José, mas logo se juntou a ele santo Agostinho e são Boaventura, simplesmente porque estudou a fundo essas duas grandes figuras da Igreja", disse o secretário de Bento XVI em entrevista a Andreas Thonhauser, responsável pelo escritório de Roma da EWTN, grupo de comunicação católica a que pertence a ACI Digital.
Bento XVI, cujo nome cristão era Joseph (José) Ratzinger, falou em diversas ocasiões sobre seu amor a são José.
Em 7 de novembro de 2010, Bento XVI celebrou a dedicação da Igreja da Sagrada Família, obra do arquiteto espanhol Antonio Gaudí, o chamado “arquiteto de Deus”.
“A alegria que sinto de poder presidir a esta cerimônia aumentou quando tomei conhecimento de que este templo, desde as suas origens, esteve vinculado à figura de são José”, disse Bento XVI naquele dia.
“Comoveu-me especialmente a segurança com que Gaudí, diante das inúmeras dificuldades que teve de enfrentar, exclamava cheio de confiança na Providência divina: ‘São José terminará o templo’”, continuou.
“Por isso, então, não deixa de ser significativo que seja dedicado por um papa, cujo nome de batismo é José”, disse o papa na ocasião.
As santas favoritas de Bento XVI
Gänswein também disse na entrevista à EWTN que “dava para ver como o conhecimento que adquiria fecundava a vida espiritual e intelectual de Bento XVI. E, para não falar só dos homens, entre as mulheres, a Virgem Maria ocupava sem dúvida o primeiro lugar”. “Depois, diria que santa Teresa d’Ávila, que, em seu poder e força intelectual e espiritual, deu um testemunho que o impactou. E depois, você não vai acreditar, também está a pequena Teresinha do Menino Jesus”, continuou o arcebispo
Entre as mais contemporâneas, “acho que podemos incluir também madre Teresa, por sua simplicidade e convicção. Na verdade, o que ela viveu foi algo mais do que uma lição de teologia, teologia fundamental ou o que quer que fosse”.
Bento XVI e dom Gänswein conheceram madre Teresa em 1978 em Friburgo, Alemanha, quando o papa emérito era arcebispo de Munique e Gänswein era seminarista.  Fonte: ACIDigital
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Dez testemunhos de católicos que se converteram graças a Bento XVI
 Depois da morte de Bento XVI no sábado (31), muitos católicos disseram que devem sua conversão ao papa emérito, que morreu aos 95 anos.
1.- De “ateu xiita” a católico
“Uma década depois da confusão em torno de Ratisbona, fui recebido em plena comunhão com a Igreja Romana, uma decisão amplamente inspirada pelos escritos de Bento XVI”, contou Sohrab Ahmari, fundador e editor do The American Conservative, num artigo publicado pelo jornal The New York Times.
No texto “O que o papa Bento me ensinou sobre a fé”, Ahmari disse que, embora o discurso que Bento XVI deu na Universidade de Ratisbona, Alemanha, em setembro de 2006, tenha inflamado “vastos setores do mundo muçulmano”, para ele, “ateu nascido de xiitas” (muçulmanos), aquela apresentação foi “uma fonte de compreensão sobre meus antepassados”.
No discurso de Ratisbona Fé, razão e universidade: Recordações e reflexões, Bento XVI cita um imperador bizantino, Manuel II Paleólogo, em um diálogo que teve com um persa culto sobre o cristianismo e o islamismo, para explicar que "a propagação da fé através da violência não tem sentido".
A citação do imperador do século XIV, lida por Bento XVI naquele dia, diz o seguinte: “Mostra-me também o que trouxe de novo Maomé, e encontrarás apenas coisas más e desumanas tais como a sua norma de propagar, através da espada, a fé que pregava”.
2.- Cristóbal Romero, jogador de xadrez mexicano e membro da Faculdade de Contabilidade e Administração da UNAM, escreveu um tuíte que diz que Bento XVI “foi muito importante na minha conversão. Em minha mente, sempre me lembrarei de seu pontificado".
3.- Ricardo A. Salas Dorado, casado e pai, agradeceu a Deus pelo ministério de Bento XVI, e disse no Twitter que é o “Papa da minha conversão”.
4.- Luz Stella Bojacá contou no Twitter que “Bento XVI foi vital no meu processo de conversão, quando entendi que só o amor de Deus poderia reunir tantos jovens com este nobre papa no meio da tempestade”.
5.- Ángel Heredia, estudante de teologia, comentou no Twitter que “Bento XVI foi uma pessoa que marcou minha vida, despertou em mim a busca das razões da minha fé, para descobrir que a fé pode ser razoável, valorizar o antigo e o novo”.
“É sem dúvida o papa quem marcou o meu caminho para a verdadeira conversão”, escreveu.
6.- Diógenes Henríquez escreveu no Twitter que “Bento XVI é o papa da minha conversão e amadurecimento na fé, peço a Deus por sua alma e encontro com Cristo”.
7.- O diácono casado Harrison Garlick, chanceler da diocese de Tulsa, EUA, lembrou no Twitter "como a mídia foi brutal com Bento XVI, mas quando eu estava me convertendo me deu confiança ter um papa odiado pela mundo”. "Minha própria conversão surgiu com esse custo e ele foi meu guia e meu exemplo".
8.- Barry Schoedel disse no Twitter que “Bento XVI foi fundamental para minha própria conversão ao catolicismo”.
9.- Matt Sisk, casado e pai, escreveu um tuíte dizendo que “o papa Bento foi muito influente na minha conversão à fé. Rezem pelo repouso de sua alma".
10.- Para George Pecer, “o papa Bento XVI foi tremendamente importante para me aproximar da minha conversão”.
“Uma das coisas mais preciosas que tenho é uma carta de um de seus secretários afirmando que Sua Santidade se lembrava de mim em suas orações. Espero poder retribuir o favor agora", disse.
Fonte: ACIDigital
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Do dia 1º/01/2023
CNBB publica nota e destaca Bento XVI como um pastor e teólogo que buscou conciliar fé e razão, a justiça e a caridade
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na manhã deste sábado, 31 de dezembro, uma “Nota de pesar e esperança” por ocasião do falecimento do Papa Emérito Bento XVI. Na nota, os membros da presidência da entidade destacam o legado e as contribuições de Bento XVI para a Igreja.
“Como teólogo, bispo e Papa, ele nos deixou um grande legado, onde se destacam o amor pela Igreja e a preocupação pelos rumos do mundo. Em seu pontificado, escreveu três encíclicas para as quais somos convidados a nos voltar com dedicação ainda maior, não apenas em razão de sua morte, mas acima de tudo pela mensagem que estas cartas nos trazem”, destacaram. Abaixo, a íntegra da nota.
Nota de pesar e esperança da CNBB
 “Eu sou a Ressurreição e a Vida!” (Jo. 11,25)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil agradece ao Bom Deus pela vida, o testemunho e os ensinamentos do Papa Bento XVI.
Como teólogo, bispo e Papa, ele nos deixou um grande legado, onde se destacam o amor pela Igreja e a preocupação pelos rumos do mundo. Em seu pontificado, escreveu três encíclicas para as quais somos convidados a nos voltar com dedicação ainda maior, não apenas em razão de sua morte, mas acima de tudo pela mensagem que estas cartas nos trazem.
No Natal de 2005, na encíclica Deus é Amor, conclamou o mundo a contemplar Jesus Cristo e reconhecer o amor como o grande critério a julgar todas as relações, gerando solidariedade, caridade e fraternidade.
Recordou-nos, em 2007, que este amor é fonte de esperança: “graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente, o qual, embora custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho”.
Falando sobre o desenvolvimento humano integral, em 2009, lembrou-nos que este só efetivamente acontece quando construído na caridade e na verdade. Por isso, destacou, que “defender a verdade, propô-la com humildade e convicção e testemunhá-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade”.
Bento XVI foi um pastor e teólogo. Na vida buscou conciliar fé e razão, justiça e caridade, temas recorrentes do seu magistério. Com a renúncia, trilhou o caminho da humildade e na emeritude ensinou a como nos preparar para o encontro definitivo com o Senhor.
Às portas de celebrarmos a Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria, e mais um dia de oração e compromisso pela paz, a CNBB pede que o Deus da Vida acolha o Papa Bento XVI em Sua paz e dê ao mundo a graça de incansavelmente trabalhar pela união, a paz e o bem comum.
Brasília-DF, 31 de dezembro de 2022
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler - Arcebispo de Porto Alegre (RS), Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva - Arcebispo de Cuiabá (MT), Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado - Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), Secretário-geral da CNBB - Fonte: CNBB
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Morre o Papa emérito Bento XVI: “A Igreja e o mundo se despedem de uma mente brilhante, de um servidor notável”
Por meio do diretor da Sala de Imprensa, Mateo Bruni, a Santa Sé comunicou neste sábado, 31 de janeiro, o falecimento  do Papa Emérito Bento XVI, aos 95 anos, às 9h30 (horário do Vaticano).
“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9,34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”, diz o comunicado.
De acordo com o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, a vida de Bento XVI transmite lições essenciais para a Igreja e o mundo.
“Homem de uma fé inabalável, profunda, que o sustentou em cada etapa de sua notável trajetória neste mundo. Sua mente brilhante, de lucidez destacada, o fez referência intelectual, com muitos artigos e livros publicados, contribuindo para o conhecimento mais aprofundado sobre os mistérios da fé. Líder, acolheu a nomeação para ser bispo e, depois, cardeal”, disse.
Dom Walmor recordou que o Papa Emérito esteve à frente do Dicastério para a Doutrina da Fé, por muitos anos, servindo como guardião zeloso do magistério da Igreja. Um tempo em que sempre esteve ao lado de São João Paulo II. Depois, eleito seu sucessor, venceu limites físicos impostos pela idade com notável vigor espiritual e intelectual, inspirando caminhos novos para a Igreja.
O presidente da CNBB recordou também dos encontros que teve com Bento XVI: “Tive a oportunidade de encontrá-lo em diferentes ocasiões. Nomeado por Bento XVI para auxiliar a Igreja no Dicastério para a Doutrina da Fé, agradeço a Deus pela preciosa oportunidade. Além dos momentos em Roma, estivemos juntos na Conferência de Aparecida, acontecimento marcante da Igreja na América Latina realizado em 2007. Guardo no coração o seu jeito simples, mesmo com tantos dons e virtudes”.
Outro destaque de dom Walmor foi quanto à renúncia do Papa Emérito. “A sua renúncia ao pontificado, que surpreende um mundo onde muitos se apegam a cargos e ao poder, foi uma lição. Recolhido em retiro, discreto, sempre expressou a sua unidade com o pontificado do Papa Francisco. A Igreja e o mundo se despedem de uma mente brilhante, de um servidor notável, líder inscrito na história, que testemunhou até o fim a simplicidade, fiel ao Evangelho. O próprio Bento XVI assim se definia: ‘Um simples operário da vinha do Senhor’. Gratidão a Deus pela vida do Papa Emérito Bento XVI”.
Fonte: CNBB
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Dom Antonio Luiz Catelan Ferreira recorda legados do Papa Bento XVI, falecido neste sábado 31 de dezembro
O bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro, dom Antonio Luiz Catelan Ferreira, destacou, em entrevista, os vários legados do Papa emérito Bento XVI, falecido aos 95 anos, neste sábado 31 de dezembro de 2022. Ele fala também da possibilidade que teve de encontra-lo várias vezes após a renúncia e da influência em seu ministério.
O teólogo Joseph Ratzinger
Antes do papado, o principal legado é o teológico, somado um legado de colaboração com o pontificado de São João Paulo II. A produção teológica de Joseph Ratzinger, a coleção de artigos, livros e conferências, soma 16 volumes em alemão de suas obras completas. No total, são 21 volumes, com média entre 700 e 800 páginas. “Só considerando o volume da publicação ele fica, de alguma maneira, associado aos grandes teólogos da história”, afirma o bispo.
E o conteúdo dessas publicações abrange vários aspectos da Teologia. Segundo dom Catelan, os grandes temas dele giram em torno de Santo Agostinho, São Boaventura e o Concílio Vaticano II, principalmente a eclesiologia. “Embora ele tenha sido professor mais de teologia fundamental, a eclesiologia é um grande destaque e, por fim, a grande obra dele, em três volumes, que é “Jesus de Nazaré“, no âmbito da Cristologia”.
    “Marcas muito importantes e deixam um legado teológico de grande envergadura. Ele é, dos teólogos do Século XX e do Século XXI, considerado entre os maiores. Ele se põe num nível de Santo Agostinho, Santo Tomás. Ele tem aspectos verdadeiramente inovadores na teologia dele”, afirma o bispo.
Colaboração na Santa Sé
A partir de 1981, foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a convite do Papa João Paulo II. Ali, segundo dom Antonio Catelan, o cardeal Ratzinger sempre tomou dois cuidados na condução da congregação. Um em utilizar o método que hoje é chamado de ‘método sinodal’, “que são coisas decidas em plenário, em reunião, textos que têm natureza coletiva”. E o outro era de que as publicações da Congregação para a Doutrina da Fé não exprimissem a teologia pessoal dele, mas exprimissem oficialmente a convicção do organismo, da Congregação.
    “Exemplo são as duas instruções que assinou sobre a Teologia da Libertação, ali não são artigos dele, são parte do magistério de São João Paulo II”, reforça o bispo.  
Continuidade como Papa
Eleito Papa em 19 de abril de 2005, para suceder a João Paulo II, teve como um dos legados a continuidade. Foi “uma Papa de reforma, na continuidade”, afirmou dom Catelan. “A continuidade com questões do pontificado de São João Paulo II é bem clara”, segundo o bispo, como, por exemplo, o tema da santidade e o combate à violência sexual contra menores, temática sobre a qual “Ratzinger se mostrava insatisfeito com a legislação vigente, colaborou para promover um início de modificação da legislação, ainda no pontificado de São João Paulo II e depois ele mesmo promoveu mudanças extremamente significativas”.
Mas o grande tema do pontificado de Bento XVI é o tema do encontro com Cristo, ressalta dom Catelan.
    “O número 1 da sua primeira encíclica, Deus Caritas est, que no início do tornar-se cristão, do ser cristão, não existe um conjunto de normas, de regras ou de princípios abstratos, teóricos. O que existe é um acontecimento, uma pessoa, Jesus Cristo. Inclusive Papa Francisco cita esse número muitas vezes. E no grande documento do magistério de Francisco que é Evangelii Gaudium ele não apenas cita, mas comenta”, destaca.
Inclusive, há uma continuidade desse tema no pontificado de Francisco. “O Querigma (anúncio de Jesus Cristo e convite ao encontro) está presente em todos os documentos de Francisco. Todas as questões sociais do pontificado de Francisco são enfocadas a partir desse tema. Nesse ponto, verdadeira continuidade entre magistério de Bento e de Francisco. Com sensibilidades diferentes, com estilos diferentes, histórias, trajetórias pessoais diferentes, mas a essência aqui, tanto do pontificado de Francisco quanto de Bento é o tema do encontro com Cristo e da partilha da alegria que esse encontro produz”, afirma dom Antonio.
Ainda como Papa, Bento XVI visitou o Brasil, em 2007, para participar da V Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho, em Aparecida (SP). Naquela ocasião, abordou também o tema do encontro com Cristo, que foi marcante no Documento ainda atual para a Igreja e cujo coordenador da equipe de redação foi o cardeal Bergoglio, hoje Papa Francisco.
    “O documento de Aparecida se baseia fundamentalmente no magistério de Bento XVI para essa temática”, observa dom Antônio Catelan.
Relação com o Papa Francisco
Perguntado sobre a relação com o Papa Francisco, de quem sempre recebeu um tratamento de carinho e respeito fraterno e até filial, dom Antonio Catelan lamenta a abordagem da figura de Bento XVI pela mídia.
    “Primeiramente, a respeito da imagem de Ratzinger, Bento XVI, na mídia Internacional, sempre foi mais uma caricatura do que uma imagem real da pessoa dele: uma imagem de uma pessoa intransigente, a imagem de uma pessoa fechada, de uma pessoa dura, de uma pessoa, às vezes até agressiva, chamavam-no de “cardeal tanque de guerra”. Sobretudo porque tem posições contrárias a uma agenda mais liberal. As posições dele a respeito do aborto, as posições dele a respeito do papel da religião explícita dentro de processos democráticos”, lembrou.
E continua:
    “E o filme “Os 2 papas” não fez, se não, cristalizar esse clichê. ‘Os 2 papas’, quem os conhece de perto, não correspondem às duas imagens que o filme apresenta. O filme é sobre os clichês, não é sobre as pessoas. Mas terminou, de um certo modo, muitas pessoas ficaram entusiasmadas com o filme e tomam aquelas duas imagens como, mas quem conhece Bento sabe, por exemplo, que ele não levanta a voz, que quando reuniões que ele dirigia se tornavam tensas, ele resenhava as várias posições que se chegou até aquele momento e encerrava a reunião dizendo ‘Agora, com base nisso, e as posições que aqui se manifestaram, nós vamos refletir, vamos nos reunir novamente em outra ocasião’, e então ele evitava que as situações degenerassem em conflito. […]Então, até não sei nem como qualificar, como é que pode uma pessoa tão doce no trato, tão afável no trato, terminar tendo a imagem pública caracterizada como alguém duro”.
Renúncia e o sustento à Igreja no silêncio
Para Catelan, a renúncia foi um gesto de muita grandeza. “Não é fácil uma pessoa renunciar uma função vitalícia. Não é algo simples, sobretudo depois de São João Paulo II que deu aos últimos anos do pontificado, onde ele estava muito reduzido na sua atuação pessoal, aquele significado espiritual, místico, de comunhão na Cruz com Cristo. Então, Bento, ao tomar essa decisão, ele sabia que seria comparado a São João Paulo II e que não seria simples de ser compreendido”.
    “Mas é exatamente um gesto de uma grande pessoa que sabe que havia necessidade de alguém com mais vigor do que ele dispunha naquele momento para enfrentar as tarefas que aquele Ministério implicava”, analisou.
E Bento XVI escolheu o silêncio. Dom Antonio Luiz Catelan lembra que poucas vezes ele veio a público depois da renúncia para abordar algum tema, mesmo tendo o Papa Francisco o deixado livre para que ele pudesse dar conferências e realizar suas atividades. “Mesmo em pontos em que, por exemplo, a opinião de ambos poderia ser um pouco diferente, eu nem saberia citar exemplos aqui […] em que a opinião de ambos seja tão diferente assim, mas nunca houve conflito pessoal entre eles de modo nenhum”, comenta.
    “Bento sempre foi respeitoso com o Ministério de Francisco, prestou sempre a devida obediência de um fiel ao Papa, e Papa Francisco sempre valorizou a posição orante de Bento XVI. E ainda nessa última fala, comentou que Bento ajuda a sustentar a igreja com sua oração. A oração de intercessão que é tão querida pelo Papa Francisco e que ele em várias ocasiões ele recomenda que pratiquemos a oração de intercessão. É um verdadeiro marco da dimensão contemplativa da Igreja, da dimensão orante da Igreja que Bento XVI, por quase 10 anos, de dimensão contemplativa, do exercício da sua função de Papa emérito, evidentemente”.
Proximidade e inspiração
Assessor da CNBB por vários anos e também com colaborações na cúria romana, dom Catelan tem proximidade com Bento XVI e nutre grande admiração pelo Papa emérito.
    “Nesse período do emeritato dele, eu tive a oportunidade de me encontrar por 12 vezes com ele. Algumas vezes, assim, para oração, para o Terço, ou logo após o Terço para um diálogo; tive possibilidade de concelebrar com ele a Santa missa. Então, eu conto isso como uma graça de Deus na minha vida, essa possibilidade que eu tive. Mas de conhecê-lo de perto e de ser conhecido por ele, porque quando eu chegava ali, se lembrava de mim e perguntava de coisas bem específicas daqui, então é uma grande graça”, conta.
O último encontro com Bento XVI foi em 2021: “foi em dezembro do ano passado, no dia de Nossa Senhora de Guadalupe, e ele lembrou disso, que era o dia de Nossa Senhora de Guadalupe. Eu já estava eleito bispo, não estava ainda ordenado e ele me presenteou com a Cruz peitoral dele, que eu uso em ocasiões mais solenes, com grande alegria”.
Sobre a contribuição para o ministério, ele destaca a teológica, da espiritualidade e para o ministério. Do ponto de vista teológico, a contribuição de Ratzinger para Catelan “é de primeira grandeza”.
    “É o autor mais inspirador para mim. Inclusive, na PUC do Rio, onde eu sou bispo auxiliar e continuo como professor na PUC-Rio, tem uma Cátedra que foi fundada em 2012, a Cátedra Joseph Ratzinger, que eu presido e desenvolvo atividades, pois eu secretario a sociedade Ratzinger do Brasil, que é presidida por dom Odilo [Scherer], e o vice-presidente é dom Jaime Spengler, o primeiro vice-presidente da CNBB”.
No campo da espiritualidade:
    “O estilo de Papa de Bento, o seu modo – também o modo de Papa Francisco – presidir a Eucaristia, com sumo respeito, presidindo a Santa Missa seguindo com fidelidade todas as rubricas, o modo de celebrar consciente de que se trata de um encontro com Cristo e de que quem preside está servindo a uma comunidade para que viva também esse encontro vivo com Cristo ali presente, está no meio de nós como nós dizemos aqui no Brasil, pelo menos três vezes durante cada missa. Então, tudo isso, no estilo de Bento XVI, é para mim, pessoalmente, uma referência”.
No ministério:
    “E para o meu Ministério presbiteral e agora episcopal também, eu peço sempre a Deus a graça de que, no centro do Ministério e explicitamente, esteja esse apelo ao encontro com Cristo e a transmissão da fé”.
Fonte: CNBB
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Morre Bento XVI, Papa emérito da Igreja Católica
Aos 95 anos, o Papa emérito deixou um legado de amor e serviço à Igreja
Escrito por Lais Silva
31 DEZ 2022 - 06H45 (Atualizada em 31 DEZ 2022 - 15H46) 
Neste sábado, 31 de dezembro de 2022, a Igreja Católica se despede de seu Papa Emérito, Bento XVI, que morreu às 9h34 no horário local (5h34 no horário de Brasília) no Mosteiro Mater Ecclesiae, situado nos Jardins do Vaticano.
O Papa Emérito estava aos cuidados das consagradas Memores Domini e por seu secretário pessoal, Dom Gerd Gänswein.
No início desta semana, o Papa Francisco já havia pedido orações por Bento XVI, falando sobre seu estado de saúde e pedindo para que Deus o consolasse e o sustentasse em seu testemunho de amor à Igreja até o fim.
Funeral e sepultamento
O corpo do Papa emérito, Bento XVI, estará na Basílica de São Pedro para que os fiéis possam prestar suas homenagens e rezar por seu encontro com Deus, a partir de segunda-feira, 2 de janeiro. Neste dia, a Basílica ficará aberta das 9h às 19h, já na terça e quarta-feira, das 7h às 19h.
O funeral acontece na Praça São Pedro, quinta-feira, 5 de janeiro de 2023, às 9h30, no horário local e 5h30 no horário de Brasília. A celebração será presidida pelo Papa Francisco e ao final da Eucaristia, terão lugar a Ultima Commendatio e a Valedictio. O caixão será levado até a Basílica de São Pedro, para a cripta vaticana para o sepultamento.
Trajetória de Bento XVI
Joseph Alouisius Ratzinger iniciou seu pontificado em 24 de abril de 2005, após a morte de São João Paulo II. Foram 8 anos de trabalho à frente da Igreja Católica no mundo. 
Bento XVI foi o 265º Papa da Igreja Católica e ficou conhecido como o Papa da coragem, já que, aos 85 anos de idade, renunciou sua posição por não ter mais forças para exercer o seu ministério. 
Joseph viveu o período nazista e foi a simplicidade, bondade e fé de sua família que o conduziu ao caminho para Cristo, ao testemunhar em seu intimo a verdadeira fé em Deus.
Aos 16 anos, estudava para ser padre e foi interrompido em sua vocação para servir ao seu país na infantaria alemã. Depois da guerra, retornou para Freising para continuar seus estudos no seminário.
Em 29 de junho de 1951 recebeu sua ordenação sacerdotal e em 1953 finalizou seu doutorado em teologia com a tese “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. 
Em 1977, foi nomeado como arcebispo de München e Freising, escolhendo como seu lema episcopal “Colaborador da verdade”.
“Escolhi este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade”, afirmou em seu discurso.
Em sua trajetória, foi também professor e vice reitor da Universidade de Ratisbona. Além de atuar em cargos de destaque na Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.
No mesmo ano de sua ordenação episcopal, foi também nomeado cardeal pelo Papa Paulo VI. No ano seguinte, em 1978, participou do Conclave que elegeu João Paulo I como Pontífice.
Tempos depois, após o falecimento de João Paulo I, participou também do Conclave que culminou na escolha de João Paulo II, como Papa da Igreja Católica.
Neste período foi nomeado para importantes funções e ocupou diversos cargos na Igreja, até ser escolhido como o novo Papa, após a morte de João Paulo II. 
Após 8 anos de importantes trabalhos à frente da Igreja Católica, Bento XVI renunciou em 2008, deixando um legado e uma mensagem para todos os cristãos. 
Em entrevista ao Portal A12, Dr. Rudy Albino de Assunção, professor dos cursos de Filosofia e de Teologia, e que há quase duas décadas se dedica ao pensamento de Bento XVI, falou sobre a mensagem que o Papa Emérito deixou:
“Para ser sintético: a mensagem central da renúncia é de que o que conta na Igreja não é o poder, o cargo, mas o serviço. E, acima de tudo, que a Igreja não é nossa, mas do Senhor. Ele governa a sua Igreja. Ele é o único insubstituível, se posso me expressar assim. Quem é humilde, desapegado e não vê a Igreja apenas como um organismo político, mas como “Povo de Deus em virtude do Corpo de Cristo” na comunhão do Espírito Santo, sabe dizer: “Não consigo mais. Não tenho mais forças físicas”. Para mim a renúncia de Bento XVI é a mais clara profissão de fé na providência divina”.
Fonte: A12.com
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A gratidão do Papa a Bento XVI: Só Deus conhece seus sacrifícios pelo bem da Igreja
"Com comoção, recordamos a sua pessoa tão nobre, tão amável. E no coração sentimos tanta gratidão: gratidão a Deus por tê-lo dado à Igreja e ao mundo; gratidão a ele, por todo o bem que fez e, sobretudo, por seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos de sua vida retirada. Só Deus conhece o valor e a força da sua intercessão, dos seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja", disse Francisco nas Vésperas na Basílica de São Pedro.
Gratidão: este foi o sentimento expresso pelo Papa Francisco ao recordar Bento XVI, que morreu esta manhã aos 95 anos.
Celebrando as Vésperas na Basílica Vaticana, o Pontífice começou a homilia meditando sobre a frase extraída da segunda leitura, da Carta de São Paulo aos Gálatas: “Nascido de uma mulher”.
“Ele não nasceu em uma mulher, mas de uma mulher. É essencialmente diferente: significa que Deus quis ser da mesma carne dela”, explicou o Papa. Assim, ela começou o lento caminho da gestação de uma humanidade livre do pecado e repleta de graça e de verdade, repleta de amor e de fidelidade.
Este caminho prossegue até hoje, com o qual Deus nos convida a segui-lo através de inúmeras virtudes humanas. Entre elas, Francisco quis destacar uma: a amabilidade ou gentileza. E eis que aflorou a lembrança do Papa emérito:
“E por falar em amabilidade, neste momento, o pensamento se volta espontaneamente para o querido Papa emérito Bento XVI, que nos deixou esta manhã. Com comoção recordamos a sua pessoa tão nobre, tão amável. E no coração sentimos tanta gratidão: gratidão a Deus por tê-lo dado à Igreja e ao mundo; gratidão a ele, por todo o bem que fez e, sobretudo, por seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos de sua vida retirada. Só Deus conhece o valor e a força da sua intercessão, dos seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja.”
Retomando o conceito da amabilidade, Francisco afirma que se trata de uma virtude indispensável para viver em paz, a ser recuperada e exercida a cada dia para ir contra a corrente e humanizar nossas sociedades. Um antídoto contra algumas patologias, como o individualismo consumista, a crueldade e a ansiedade.
Essas "doenças" do nosso dia a dia nos tornam agressivos e incapazes de pedir "licença", ou "desculpa", ou simplesmente dizer "obrigado".
Quando encontramos na rua ou em uma loja uma pessoa gentil, disse o Papa, ficamos maravilhados, parece-nos um pequeno milagre, porque infelizmente a amabilidade já não é muito comum. Mas ainda existem pessoas gentis.
Estes então são os votos do Pontífice:
“Queridos irmãos e irmãs, penso que resgatar a amabilidade como virtude pessoal e cívica pode ajudar muito a melhorar a vida nas famílias, nas comunidades e nas cidades. A experiência ensina que ela, ao se tornar um estilo de vida, pode criar uma convivência saudável, pode humanizar as relações sociais dissolvendo a agressividade e a indiferença.”
Por fim, uma recomendação a venerar a Mãe de Deus. Para a celebração das Vésperas, estava na Basílica a imagem de Nossa Senhora do Carmo de Avigliano, no sul da Itália:
“Não subestimemos o mistério da maternidade divina! Deixemo-nos maravilhar pela escolha de Deus, que poderia ter aparecido no mundo de mil maneiras mostrando o seu poder, e ao invés quis ser concebido livremente no seio de Maria. (...) Não passemos apressados, paremos para contemplar e meditar, porque aqui está um traço essencial do mistério da salvação. E procuremos aprender o “método” de Deus, o seu respeito infinito, por assim dizer a sua ‘bondade’, porque na maternidade divina da Virgem está o caminho para um mundo mais humano.”
Fonte: Vatican News
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Morre Bento XVI, "humilde trabalhador na vinha do Senhor"
Papa emérito morreu às 9h34 deste sábado, 31 de dezembro. O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco.
Comunicado do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni:
“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”
Desde quarta-feira passada, quando o Papa Francisco afirmou que seu predecessor estava muito doente, fiéis do mundo inteiro se uniram em oração pela saúde do Papa emérito. Bento XVI tinha 95 anos e vivia no Mosteiro Mater Ecclesiae desde sua renúncia ao ministério petrino, em 2013.
O corpo do Papa emérito estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira, 2 de janeiro. Neste dia, a Basílica ficará aberta das 09h às 19h. Terça e quarta das 07h às 19h.
O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais (05h30 no horário de Brasília) na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco. Ao final da celebração eucarística, terão lugar a Ultima Commendatio e a Valedictio. O féretro do Papa emérito será levado até à Basílica de São Pedro e, dali, à cripta vaticana para a sepultura.
Ainda de acordo com o diretor da Sala de Imprensa, Bento XVI recebeu a unção dos enfermos na quarta-feira, ao final da missa celebrada no Mosteiro e na presença das "Memores Domini", que há anos o assistem diariamente. 
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: o Papa que uniu fé e razão, esperança e caridade
Bento XVI, afirmou Papa Francisco, foi “um grande Papa” pelo “seu amor à Igreja e aos seres humanos”. Um amor que inspirou o Pontificado no qual o Pastor moderado e firme, por 8 anos, segurou – com coragem e sabedoria – o timão do Barco de Pedro, mesmo navegando em águas agitadas e com ventos contrários.
Na reportagem especial de Alessandro Gisotti, voltamos a reviver alguns dos momentos do Pontificado de Bento XVI, o Papa que, por amor à Igreja, renunciou ao Ministério Petrino.
27 de abril de 2014. Um milhão de olhares se dirige ao sagrado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em maior número são aqueles que assistem ao evento em cadeia internacional: Bento XVI, o Papa emérito, abraça Francisco, o Papa reinante.
O abraço fraterno acontece sob as tapeçarias dos dois Pontífices Santos, João XXIII e João Paulo II. O primeiro remete imediatamente ao Concílio Vaticano II, onde o jovem e brilhante teólogo Joseph Ratzinger participou como conselheiro do Cardeal Frings. O segundo refere-se, naturalmente, à especial amizade e à fecunda colaboração entre o Papa polonês e o cardeal alemão. Naquele momento, impensável até um ano antes, se encerra o sentido da vida e do ministério petrino de Papa Bento XVII.
O dia memorável dos “quatro Papas”
Dois Papas que celebram dois Papas santos: são as manchetes dos jornais em todo o mundo. Um evento quase inacreditável. Mas “inacreditável” já tinha sido o primeiro sentimento com o qual o mundo inteiro tinha escutado estas palavras, em 11 de fevereiro de 2013:
“Conscientia mea iterum atque iterum coram Deo explorata ad cognitionem certam perveni vires meas ingravescente aetate non iam aptas esse ad munus Petrinum aeque administrandum…” (11 de fevereiro de 2013)
A Renúncia pelo amor à Igreja
Um conhecido teólogo italiano afirma – com sinceridade – que “não estamos preparados para um Papa que se demite”. Reação que une crentes e não-crentes, e levanta um dilúvio de comentários e declarações quase como se se fosse obrigado a dizer alguma coisa para acalmar a inquietação gerada por um evento imprevisível. Ainda mais enunciado numa língua, o latim, que na era do hi tech parece um eco que soa da pré-história.
Quando, porém, se deposita o pó erguido pelo terremoto – que teve seu epicentro na Sala do Consistório do Palácio Apostólico – a figura do Pastor é que permanece em pé e que, para o bem do seu rebanho, não tem medo de escolher uma estrada nunca antes percorrida:
“Queridos irmãos e irmãs, como sabem, decidi… (aplausos)… Obrigado pela simpatia… (aplausos)… Decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou em 19 de abril de 2005. Fiz isso em plena liberdade para o bem da Igreja, depois de ter rezado por muito tempo e de ter examinado diante de Deus a minha consciência, bem consciente da gravidade desse ato, mas também consciente de já não estar em condições de prosseguir no ministério petrino com aquela força ele exige.” (Audiência Geral de 13 de fevereiro de 2013)
São passadas 48 horas do clamoroso anúncio quando Bento XVI pronuncia essas palavras e abre a porta do seu coração aos fiéis, reunidos na Sala Paulo VI, de maneira que possam aproximar-se aos seus sentimentos. Então se começa a compreender que a Renúncia do Papa não é nenhum “abandono”, mas, ao contrário, um ato supremo de amor a Cristo, inspirado pelo Espírito Santo.
Não deixo a Cruz, servirei à Igreja em oração
Depois de poucas horas da conclusão do seu ministério, em 27 de fevereiro, na sua última Audiência Geral, Bento XVI reitera che não está deixando a Cruz, “mas à serviço da oração” permanece, “por assim dizer, no recinto de São Pedro”. Naquele mesmo dia, o Papa encontra os purpurados que se preparam ao Conclave. Entre eles, está inclusive o Cardeal Bergoglio. Para todos o Pontífice tem palavras de afeto e incentivo:
“Que o Senhor lhes mostre aquilo que é da vontade dEle. E, entre os senhores, no Colégio dos cardeais, está também o futuro Papa, ao qual prometo, já de hoje, a minha reverência incondicional e obediência.” (Encontro com os cardeais em 28 de fevereiro de 2013)
Um humilde trabalhador na Vinha do Senhor
A humildade de Bento XVI comove, mas não surpreende, porque é bem essa a virtude que sempre o caracterizou, como o mundo já pôde apreciar das primeiras palavras pronunciadas depois da eleição como Sucessor de Pedro:
“Queridos irmãos e irmãs, depois do grande Papa João Paulo II... (aplausos)... os senhores cardeais me elegeram, um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, confio nas suas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiantes do seu apoio permanente, vamos em frente. O Senhor nos ajudará, e Maria, Sua Santíssima Mãe, está do nosso lado.” (19 de abril de 2005)
Um trabalhador humilde a quem a coragem não falta. “O pastor moderado e firme” enfrenta com excepcional determinação alguns escândalos que surgiram na Igreja, como a terrível ferida dos abusos sexuais em menores por parte de membros do clero. Bento XVI é o primeiro Pontífice que encontra as vítimas desse crime horrível: e faz sem clamor, longe dos refletores, em Malta, nos Estados Unidos, na Austrália e no Reino Unido.
Dispõe novas regras que assegurem uma “tolerância zero” àqueles que se mancham desse delito. E, no Ano Sacerdotal, há 150 anos da morte de Curato d’Ars, envoca uma nova transparência. As suas palavras têm a força de uma profecia:
“Devemos encontrar uma nova resolução na fé e no bem. Devemos ser capazes de penitência. Devemos nos esforçar para tentar tudo o que for possível, na preparação do sacerdócio, para que uma coisa semelhante não aconteça mais. Mas este também é o lugar para agradecer de coração todos aqueles que se comprometem em ajudar as vítimas e em dar, novamente a elas, a confiança na Igreja, na capacidade de acreditar na sua mensagem.” (20 de dezembro de 2010)
Pastor moderado e firme, comprometido com a transparência
Bento XVI expressa a mesma determinação no processo de renovação do Ior e da gestão das atividades econômicas no Vaticano. E isso, mesmo com os sofrimentos, inclusive pessoais, que deverá suportar por causa do escândalo “Vatileaks”. Mais uma vez, atinge a brandura do Papa que perdoa o assistente de quarto que lhe tinha roubado documentos privados. Um gesto que lembra o perdão de João Paulo II a Ali Agca.
Mesmo empenhado em reagir à crise e imprevistos, o Pontificado de Bento XVI será pró-ativo e inovativo em muitos aspectos, como demonstra também a instituição de um Ordinariado pessoal para os anglicanos que entram em plena comunhão com a Igreja Católica, depois da publicação da Constituição “Anglicanorum Coetibus”.
Nasce o “Pátio dos Gentios”, dialogar com os não-crentes
O Papa leva adiante o confronto com os não-crentes e acelera a nova evangelização para combater “a eclipse de Deus”. Convicto, como o seu amado Santo Agostinho que a opção cristã é “aquela mais racional”, Papa Bento lança a ideia de um “Pátio dos Gentios” (Cortile dei gentili), um espaço privilegiado de diálogo com os “distantes”:
“Ao diálogo com as religiões se deve acrescentar hoje, sobretudo, o diálogo com aqueles pelos quais a religião é uma coisa estranha, aos quais Deus não é conhecido e que, todavia, não gostariam de ficar simplesmente sem Deus, mas aproximá-lo ao menos como Desconhecido.” (21 de dezembro de 2009)
Peregrino no mundo, do Ground Zero à Mesquita Azul
O humilde trabalhador da vinha planta sementes inclusive no terreno do diálogo inter-religioso. Visita as sinagogas de Roma, Colônia e Nova Iorque, e convoca um novo Dia pela Paz em Assis, em outubro de 2011, aberta não somente aos homens de fé, mas também aos não-crentes.
Também com o mundo muçulmano, depois da incompreensão desencadeada por uma citação no discurso de Ratisbona, o diálogo se reforça graças inclusive à carta aberta de 38 “sábios muçulmanos” que se transformam em 138 e, depois, em 216, para encontrar um terreno comum de encontro. O que sintetiza esse diálogo renovado é a imagem de Bento XVI que, na Mesquita Azul, se recolhe em meditação ao lado do Imam de Istambul.
“Permanecendo alguns minutos em recolhimento naquele lugar de oração, me dirigi ao único Senhor do céu e da terra, Pai misericordioso da inteira humanidade. Possam todos os crentes se reconhecer como suas criaturas e dar testemunho de verdadeira fraternidade!” (Audiência Geral de 6 de dezembro de 2006)
O diálogo ecumênico merece um capítulo especial. Papa Bento recolhe frutos importantes: encontra várias vezes o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu I e abre uma nova fase de relações com o Patriarcado Ortodoxo de Moscou. Altamente simbólica foi a visita a Erfurt, no convento agostiniano de Martinho Lutero, e o encontro em Londres com Rowan Williams, da Comunidade Anglicana.
Enfim, todas as 24 viagens internacionais de Bento XVI deixam um sinal: daquele comovente no Líbano, onde encontra os jovens sírios refugiados, àquele histórico em Nova Iorque, onde reza no Ground Zero e fala às Nações Unidas. De Camarões ao Brasil, da Austrália a Cuba, o Papa visita nos seus 8 anos de Pontificado todos os 5 “continentes geográficos”.
Em Auschwitz, como filho da Alemanha
Difícil escolher um momento em tantos, mas claramente a visita de um Papa, “filho da Alemanha” ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, tem um valor extraordinário:
“Papa João Paulo II veio aqui como filho do povo polonês. Eu estou aqui hoje como filho do povo alemão e, justamente por isso, devo e posso dizer como ele: não podia não vir aqui. Tinha que vir. Era e é um dever perante a verdade e ao direito de tantos que sofreram, um dever diante de Deus, de estar aqui como sucessor de João Paulo II e como filho do povo alemão.” (29 de maio de 2006)
“Colaborador da Verdade”, como diz o seu lema episcopal, Papa Bento é também testemunha de Caridade. Os cristãos perseguidos em tantos lugares do mundo encontram nele um baluarte seguro. É o primeiro Pontífice a falar de “cristianofobia” e a denunciar as violações da liberdade religiosa, como acontece no Paquistão com a lei da blasfêmia.
Através do Cor Unum está na linha de frente para ajudar as populações atingidas pelas guerras e desastres naturais. Emocionantes as suas visitas aos pobres, aos idosos, aos doentes na Itália e no exterior, em especial, aos pequenos pacientes do Hospital Bambino Gesù, de Roma, e ao Hospital Caritas Baby, de Belém.
No Brasil, vai encontrar os jovens toxicodependentes da Fazenda da Esperança. Na Jordânia, nos Estados Unidos e na Espanha visita os portadores de deficiência dos centros de assistência. Gestos que enaltecem como, aos olhos de Deus, cada pessoa seja única e preciosa.
Um magistério global, das Encíclicas ao Twitter
De outro lado, justamente ao amor cristão dedica a sua primeira Encíclica Deus Caritas est (2006). Seguem, então, Spe Salvi, sobre a esperança, e Caritas in Veritate (2009), sobre o desenvolvimento humano integral. Essa chegou a ser lida pelos operadores de Wall Street: em meio à crise econômica mundial que começou nos Estados Unidos, oferece a reflexão original da Igreja para colocar a pessoa no centro das dinâmicas econômicas:
“Não devemos esquecer… como lembravo na Encíclica Caritas in veritate, que também no campo da economia e das finanças há intenção, transparência e busca de bons resultados compatíveis e que nunca devem ser dissociados.” (10 de dezembro de 2011)
Além das três Encíclicas, o Papa publica também 4 Exortações Apostólicas pós-sinodais e 19 motu proprio, entre eles, o Summorum Pontificum, sobre a liturgia e a histórica carta dirigida aos católicos chineses, de 2007.
Inovador é o seu livro-entrevista “Luz do mundo”, em que oferece a sua visão a 360° sobre os desafios da Igreja, e a trilogia sobre Jesus de Nazaré – um best seller mundial, no qual Joseph Ratzinger oferece a sua pesquisa de crente sobre a figura histórica de Jesus.
Mas o surpreendente é, sobretudo, a convicção com a qual o teólogo Bento se encaminha pelas estradas da comunicação, inexploradas por um Papa. Em ocasião da JMJ, envia um sms ao jovens do mundo inteiro, se conecta via satélite com os austronautas de uma estação espacial e assina um editorial para o Financial Times.
Sobretuto encoraja a mídia católica e vaticana a evangelizar o “continente digital”. E dá o bom exemplo abrindo, em 2012, a conta no Twitter, @Pontifex:
“Hoje somos chamados a descobrir, também na cultura digital, símbolos e metáforas significativas para as pessoas que possam ser de ajuda ao falar do Reino de Deus ao homem contemporâneo.” (28 de fevereiro de 2011 – Discurso ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais)
A Igreja se comprometa com as famílias feridas, na esteira do Concílio
E, ao homem contemporâneo, Bento XVI não deixa de lembrar da sacralidade da vida, da beleza do matrimônio natural entre um homem e uma mulher, da urgência da liberdade educativa. Aqueles valores que não mudam com o tempo e, por isso, “não são negociáveis”.
A família é um dos temas que mais importa ao Papa que vê com particular atenção os casais feridos, de quem viveu o drama de uma separação. Significativas também, considerando o caminho sinodal sucessivo a pedido de Francisco, as palavras que Bento XVI pronuncia no Encontro Mundial das Famílias em Milão, em 2012:
“Parece-me uma grande tarefa de uma paróquia, de uma comunidade católica, a de fazer realmente o possível para que eles se sintam amados, aceitados, que não estão ‘fora’, mesmo se não podem receber a absolvição e a Eucaristia; devem saber que, assim mesmo, vivem plenamente na Igreja.” (3 de junho de 2012)
Uma igreja que Bento XVI serviu por toda a sua vida, desde jovem e brilhante teólogo até como Sucessor de Pedro, tendo sempre como “bússola” o Concílio Vaticano II que – e são palavras suas – “permite à Igreja de proceder em mar aberto”. (AG/AC)
Fonte: Vatican News
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Bento XVI - eventos importantes do pontificado
Em 19 de abril de 2005, aos 78 anos, o cardeal Joseph Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé ,foi eleito 265º Papa da Igreja Católica depois de dois dias de Conclave, assumindo o nome de Bento XVI.
Com a morte do Papa emérito Bento XVI aos 95 anos, ocorrida neste sábado, 31 de dezembro de 2022, destacamos acontecimentos que marcaram o seu pontificado.
Um pontificado intenso para restituir “Deus ao centro”
Sete anos, dez meses e nove dias. Foi o tempo do pontificado de Bento XVI, iniciado em 19 de abril de 2005 e concluído em 28 de fevereiro de 2013, depois do anúncio supresa, dia 11 de fevereiro, da sua renúncia ao Ministério Petrino. Um pontificado bem mais breve do que seu predecessor São João Paulo II, o segundo mais longo da história, mas não menos intenso, durante o qual Papa Ratzinger fez, entre outras coisas, 24 viagens apostólicas ao exterior; participou de três Jornadas Mundiais da Juventude e a um Encontro Mundial das Famílias; escreveu três encíclicas, uma constituição apostólica, três exortações apostólicas; convocou quatro Sínodos (2 ordinários e 2 especiais); criou 84 cardeais; proclamou 45 santos e 855 beatos, entre os quais Papa Wojtyla.
O fio condutor deste pontificado foi a vontade de anunciar ao mundo o Evangelho do Amor de Cristo evocado pela sua primeira Encíclica “Deus caritas est”, para restituir “Deus ao centro” em um mundo que “a fé corre o risco de apagar-se” (Carta aos Bispos de todo o mundo, 10 de março de 2009), na consciência de que isto requer a purificação da Igreja e a conversão dos homens e das estruturas.
O Papa do diálogo entre fé e razão
Seguindo o caminho de seus predecessores – de João XXIII a João Paulo II – e as linhas “programáticas” indicadas na “Deus Caritas est”, Bento XVI foi um Papa que deu muita atenção ao diálogo inter-religioso e intercultural (um aspecto, muitas vezes pouco considerado do seu pontificado). Podemos citar o diálogo com o judaísmo e com as outras religiões, com os irmãos cristãos separados; com a ciência e o pensamento leigo; com os católicos separados da Igreja como a Fraternidade São Pio X. Diálogos marcados por muitas dificuldades, mal-entendidos e também inesperados bloqueios, mas que não desanimaram o Papa teólogo que prosseguiu com perseverança, partindo da relação entre fé e razão que, junto a da caridade e verdade, foram a marca do seu magistério. A ideia de fundo que se encontra em muitos de seus discursos e escritos era que “a razão nada perde abrindo-se aos conteúdos da fé”, enquanto que “a fé supõe a razão e aperfeiçoa-a”. Podemos pensar no famoso (e muito mal-entendido) discurso de Regensburg (2006), ou aos representantes do mundo da cultura no Collège dês Bernardins em Paris (2008), também ao histórico na Westminster Hall (2010) assim como também o histórico discurso ao Bundestag alemão (2011) só para citar alguns, aos quais deve-se acrescentar os seus documentos magisteriais sobre o assunto.
Um Papa no timão do barco na tempestade
O pontificado de Bento XVI coincidiu também com um momento particularmente difícil para a Igreja, marcado principalmente pelo escândalo da pedofilia e do caso Vatileaks. Crise que o pontífice alemão, que desde seus primeiros pronunciamentos denunciava a “sujeira” na Igreja (Via-Sacra 2005), soube enfrentar com lucidez e determinação, preparando o terreno às reformas que seriam levadas adiante pelo Papa Francisco. A luta sem fronteiras contra a pedofilia foi, com efeito, um dos aspectos que distinguiu o pontificado de Bento XVI, como confirma também o grande aumento dos sacerdotes suspensos nos anos de 2011 e 2012 (400), por envolvimento em casos de abuso, assim como o número de bispos afastados pela má gestão do problema. Números que foram os primeiros casos visíveis da reforma desejada pelo Pontífice através das Normas “De gravioribus delictis” para tornar mais eficaz a ação de contraste e prevenção. Também em relação aos escândalos financeiros que envolveram o Vaticano, deve-se a Bento XVI a introdução de medidas levadas adiante pelo Papa Francisco para tornar mais transparente a gestão financeira da Santa Sé. Começando pelo Motu Proprio de 30 de dezembro de 2010 sobre a “Prevenção e o contraste da lavagem de capitais provenientes de atividades criminosas e ao financiamento do terrorismo”.
Cronologia esquemática
2005
19 de abril de 2005
O cardeal Joseph Ratzinger, aos 78 anos, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé foi eleito 265º Papa da Igreja Católica depois de dois dias de conclave, assumindo o nome de Bento XVI. No dia anterior, durante a Messa pro eligendo pontefice, à qual presidiu na qualidade de Decano do Colégio cardinalício, o cardeal Ratzinger fez uma homilia que antecipava os pontos chave do seu futuro magistério. Começando com a célebre observação: “A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo…”. Derivas contra as quais pusera a mesma objeção que repetiria muitas vezes durante o seu pontificado: “Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar ‘aqui e além por qualquer vento de doutrina’, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.
13 de maio de 2005 Bento XVI encaminha a causa de beatificação de João Paulo II, sem esperar os cinco anos canônicos.
18-21 de agosto de 2005 1ª Viagem Apostólica: Alemanha, para a Jornada Mundial da Juventude de Colônia, convocada pelo seu predecessor. Entre as etapas significativas da viagem, a visita à Sinagoga de Colônia, em 19 de agosto.
29 de agosto de 2005 Bento XVI recebe em Castel Gandolfo, D. Bernard Fellay Superior Geral da Fraternidade São Pio X. Trata-se do primeiro encontro do novo pontífice com o expoente da comunidade tradicionalista fundada por D. Marcel Léfebvre, excomungado por João Paulo II em 1988.
2-23 de outubro de 2005 XI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema “A Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”.
2006
25 de janeiro de 2006 Bento XVI publica a sua primeira Carta Encíclica “Deus Caritas est” (“Deus é amor”).
19 de maio de 2006: Bento XVI condena Marcial Maciel Degollado a uma vida reservada de oração e penitência renunciado a todos os ministério públicos. O fundador dos Legionários de Cristo, acusado de pedofilia e de uma vida dupla com mulher e filhos, não foi submetido ao processo canônico somente por questão de idade.
25-28 de maio de 2006 A 2ª Viagem Apostólica: Polônia, foi uma ocasião para homenagear o seu grande predecessor. Entre os momentos mais comovedores a visita a ao Campo de Concentração Auschwitz-Birkenau, “o lugar da memória e do Holocausto”, onde pronuncia estas significativas frases: “Tomar a palavra neste lugar de horror, de acúmulo de crimes contra Deus e contra o homem sem igual na história, é quase impossível e é particularmente difícil e oprimente para um cristão, para um Papa que provém da Alemanha. Num lugar como este faltam as palavras, no fundo pode permanecer apenas um silêncio aterrorizado um silêncio que é um grito interior a Deus: Senhor, por que silenciaste? Por que toleraste tudo isto? É nesta atitude de silêncio que nos inclinamos profundamente no nosso coração face à numerosa multidão de quantos sofreram e foram condenados à morte; todavia, este silêncio torna-se depois pedido em voz alta de perdão e de reconciliação, um grito ao Deus vivo para que jamais permita uma coisa semelhante”.
8-9 de julho de 2006 3ª Viagem Apostólica: Espanha para o 5º Encontro Mundial das Famílias em Valência.
9-14 de setembro de 2006 4ª Viagem Apostólica: Alemanha. Bento XVI visita Marktl-am-Inn, sua cidade natal e a Universidade de Regensburg, onde pronuncia a célebre Lectio magistralis que causou duras reações no mundo muçulmanos por causa de uma citação do imperador bizantino Manuel II Paleologo, tirada de um seu escrito sobre a guerra santa. Os temas centrais abordados na lição são: a relação entre fé e a razão; a analogia na diferença entre Deus e o homem, o nexo entre religião e civilização; a cientificidade moderna, com o seu valor; a necessidade de ‘alargar o iluminismo’. Aquilo que interessa ao Papa alemão é afirmar que a conversão mediante a violência não é agir segundo a razão e é contrária à natureza de Deus.
28 de outubro de 2006
Bento XVI pronuncia um duro discurso aos bispos irlandeses em visita ad limina no Vaticano, no qual define os abusos sexuais contra menores dentro da Igreja como “crimes hediondos”.
28 de novembro-1º de dezembro: 5ª Viagem Apostólica: Turquia. O Papa encontra o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I e reza na Mesquita Azul de Instambul.
2007
16 de abril de 2007: Publicação do primeiro livro da série “Jesus de Nazaré”.
9-14 de maio de 2007: 6ª Viagem Apostólica: Brasil para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (CELAM) em Aparecida. O Papa canoniza Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (Frei Galvão), sacerdote e religioso franciscano, primeiro Santo nascido no Brasil.
30 de junho de 2007: Publicação da Carta aos Católicos Chineses, na qual Bento XVI convida as autoridades e Pequim a garantirem “uma autêntica liberdade religiosa” no país.
7 de julho de 2007: Publicação do Motu Proprio 'Summorum Pontificum' com as indicações jurídicas e litúrgicas para a celebração da chamada Missa Tridentina, ou seja, a Missa celebrada segundo o “Missal Romano de S. Pio V”.
7-9 de setembro de 2007: 7ª Viagem Apostólica: Áustria, onde Bento XVI coloca no itinerário também a visita ao Santuário Mariano de Mariazell.
30 de novembro de 2007: Bento XVI publica a sua segunda Carta Encíclica “Spe salvi”, dedicada à “esperança cristã”.
2008
15-21 de abril de 2008: 8ª Viagem Apostólica: Estados Unidos. Papa Bento XVI discursa na Assembleia Geral das Nações Unidas. Falaram também na mesma tribuna Paulo VI e João Paulo II, o Papa fala de temas muito caros a ele como o relativismo, a defesa da liberdade religiosa, os limites éticos da pesquisa científica, os deveres da ingerência, os limites da ação da ONU. A dignidade do homem, “criado à imagem de Deus” repete, deve estar no centro da ação da Comunidade internacional.
Em Washington, em 17 de abril encontra pela primeira vez as vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes. Durante a viagem fala sobre o tema. No mesmo dia 17, na Missa celebrada no National Stadium de Washington, comenta: “Nenhuma palavra minha poderia descrever a dor e o prejuízo causados pelo abuso sexual de menores. Protejam as crianças”. E também no dia 19 de abril, na homilia da Santa Missa junto à Catedral de São Patrício em Nova York, adverte: “O abuso sexual de menores por parte dos sacerdotes causou tanto sofrimento. Que este seja um tempo de purificação, seja um tempo de cura”. Durante o voo de ida, em 15 de abril, dissera com clareza: “Excluiremos rigorosamente os pedófilos do ministério sagrado: é absolutamente incompatível e quem é realmente culpado de ser pedófilo não pode ser sacerdote”, enquanto que no dia 16 de abril, no seu discurso aos bispos norte-americanos repete que “Entre os sinais contrários ao Evangelho da vida, há um que causa uma profunda vergonha: o abuso sexual de menores”.
12-21 de julho de 2008 9ª Viagem Apostólica: Austrália para a Jornada Mundial da Juventude em Sydney. Aqui também, em 21 de junho encontra um grupo de vítimas de abusos sexuais. Sobre os padre pedófilos, na coletiva de imprensa do voo de ida para a Austrália, o Papa adverte: “temos que refletir sobre o que foi insuficiente na nossa educação, no nosso ensinamento nas recentes décadas”, enquanto que na homilia na Catedral de Sydney repete: “Os abusos sexuais sobre os menores cometidos por alguns sacerdotes, são agravos que devem ser condenados de modo inequívoco. Lamento verdadeira e profundamente”.
12-15 de setembro de 2008: 10ª Viagem Apostólica: França. Papa Bento faz um importante discurso em Paris para os representantes do mundo da cultura e reitera que: “uma cultura meramente positivista que relegasse para o âmbito subjectivo, como não científica, a pergunta acerca de Deus, seria a capitulação da razão, a renúncia às suas possibilidades mais elevadas e, portanto, o descalabro do humanismo, cujas consequências não deixariam de ser graves”. Em Lourdes, preside a Missa com os bispos da França no 150º aniversário das aparições de Nossa Senhora.
5-26 de outubro de 2008 XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre “A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
2009
24 de janeiro de 2009: Remissão da excomunhão a quatro bispos da Fraternidade São Pio X consagrados pelo bispo cismático Marcel Lefebvre. Entre os quais o bispo negacionista britânico Richard Williamson. Em uma carta posterior publicada em 10 de março de 2009 aos bispos da Igreja Católica, Bento XVI “lamentava” pelo fato do caso Williamson ter se sobreposto à remissão da excomunhão”.
17-23 de março de 2009: 11ª Viagem Apostólica: Camarões e Angola. O objetivo principal da viagem é a entrega aos bispos africanos do “Instrumentum laboris” do segundo Sínodo Especial para a África programado para outubro de 2009. Uma frase pronunciada na coletiva de imprensa durante o voo para a África, sobre o uso do preservativo na luta contra a Aids (“O problema da Aids não se resolve com a distribuição dos preservativos, ao contrário, aumentam o problema”) provocaram grandes reações na mídia.
31 de março de 2009: Bento XVI ordena uma Inspeção Apostólica na Congregação dos Legionários de Cristo.
8-15 de maio de 2009: 12ª Viagem Apostólica: Jordânia, Israel e Territórios Palestinos. Para contribuir à paz e dar apoio aos cristãos da região. Dia 12 de maio o Pontífice reza diante do Muro Ocidental de Jerusalém.
16 de junho de 2009 Na Carta de proclamação do Ano Sacerdotal, Bento XVI escreve: “Infelizmente existem também situações, nunca suficientemente deploradas, em que é a própria Igreja a sofrer pela infidelidade de alguns dos seus ministros. Daí advém então para o mundo motivo de escândalo e de repulsa”.
7 de julho de 2009: Bento XVI publica sua terceira Encíclica, “Caritas in Veritate” dedicada ao desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade.
8 de julho de 2009: Publicação do Motu Proprio "Unitatem Ecclesiae" para encaminhar o diálogo doutrinal com a Fraternidade São Pio X.
26-28 de setembro de 2009: 13ª Viagem Apostólica: República Tcheca. Na sua chegada o Papa convida todos os cidadãos tchecos a redescobrir as tradições cristãs que plasmaram sua cultura e que foram ofuscadas pelo passado regime comunista e exorta “a comunidade cristã a continuar a fazer ouvir a sua voz enquanto a nação deve enfrentar os desafios do novo milênio”.
4-25 de outubro de 2009: II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos sobre o tema “A Igreja ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz”.
26 de outubro de 2009 Primeiro encontro da Comissão de Estudo, formada por especialistas da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei” e da Fraternidade Sacerdotal S. Pio X, com o objetivo de examinar as dificuldades doutrinais que ainda subsistem entre a Fraternidade e a Sé Apostólica.
14 de novembro de 2009 Publicação da Constituição Apostólica “Anglicanorum Coetibus”, sobre a instituição de Ordinariatos pessoais para anglicanos que entram na plena comunhão com a Igreja Católica.
19 de dezembro de 2009: Bento XVI proclama as “virtudes heroicas” do seu predecessor João Paulo II, passo decisivo antes da beatificação, e as de Pio XII.
2010
17 gennaio 2010 Visita de Bento XVI à Sinagoga de Roma. Trata-se da segunda visita de um pontífice no templo judaico da capital italiana depois da histórica visita de João Paulo II em 13 de abril de 1986, uma ocasião para reforçar a “proximidade e fraternidade espirituais” que unem a Igreja e os “irmãos mais velhos” dos cristãos depois de séculos de incompreensões e perseguições.
20 de março de 2010 Bento XVI envia uma Carta Pastoral a todos os católicos da Irlanda com a qual exprime profunda dor e tristeza pelos abusos cometidos por sacerdotes e religiosos e pelo modo como tais situações foram enfrentadas no passado. Além disso anuncia uma Inspeção Apostólica em algumas dioceses na Irlanda, assim como em seminários e institutos religiosos irlandeses, incluindo o de Roma. Cerca de dois meses mais tarde, em 31 de maio de 2010, a Santa Sé apresenta os detalhes da Inspeção confiada a nove inspetores apostólicos.
De março de 2010 – junho de 2010. Desencadeia-se uma violenta campanha midiática contra Bento XVI sobre a pedofilia. Entre os meios de comunicações os mais agressivos são o New York Times, Der Spiegel e a Associated Press. As insinuações totalmente infundadas, são de que estaria envolvido na cobertura de padres pedófilos quando era cardeal, antes de 2001, e na transferência de um sacerdote na Arquidiocese de Munique quando era arcebispo da mesma.
17-18 de abril de 2010: 14ª Viagem Apostólica: Malta, onde encontra novamente, em 18 de abril, algumas vítimas de abusos sexuais na Igreja. Durante a voo, a propósito de abusos, o Papa afirma: “Sei que Malta ama Cristo e ama a sua Igreja que é o seu Corpo e sabe que, mesmo se este Corpo está ferido pelos nossos pecados, contudo o Senhor ama esta Igreja e o seu Evangelho é a verdadeira força que purifica e cura”.
11-14 de maio de 2010 15ª Viagem Apostólica: Portugal, onde confia à Nossa Senhora de Fátima “as esperanças e o sofrimento” da humanidade e da Igreja. Durante o voo para Lisboa a propósito da chaga da pedofilia o Papa revela: “A maior perseguição à Igreja não vem dos inimigos externos, mas nasce do pecado na Igreja, e que a Igreja, portanto, tem uma profunda necessidade de re-aprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender por um lado o perdão, mas também a necessidade da justiça. O perdão não substitui a justiça”.
4-6 de junho de 2010 16ª Viagem Apostólica: Chipre para a entrega do Instrumentum laboris do Sínodo para o Oriente Médio.
11 de junho de 2010 Na homilia de encerramento do Ano Sacerdotal, Bento XVI afirma: “Também nós pedimos insistentemente perdão a Deus e às pessoas envolvidas, enquanto pretendemos e prometemos fazer todo o possível para que um tal abuso não possa mais suceder”.
9 de julho de 2010: Bento XVI nomeia D. Velasio De Paolis, Delegado Pontifício para os Legionários de Cristo, com o encargo de acompanhar a Congregação em um profundo processo de revisão da sua ordem depois dos “delitos” cometidos pelo fundador Marcial Maciel.
15 de julho de 2010  A Congregação para a Doutrina da Fé reforça as "Normae de gravioribus delictis", Normas aplicativas e processuais promulgadas em 2001 durante o pontificado de João Paulo II sobre os delitos particularmente graves cometidos por sacerdotes e expoentes da Igreja, entre os quais a pedofilia. A nova normativa apresenta novidades de relevo: a passagem do prazo de prescrição de dez para vinte anos (permanecendo sempre a possibilidade de derrogação também além do mesmo prazo); a equiparação com os menores das pessoas com uso limitado de razão, e a introdução de um novo caso: a pornografia infantil. Além disso os procedimentos são acelerados e simplificados e, nos casos mais graves, pode-se apresentar ao Santo Padre a renúncia do estado clerical. Confirma-se todavia que “Deve ser dada sempre continuidade às disposições da lei civil no que se refere à remetência de crimes às autoridades competentes".
16-19 de setembro de 2010: 17ª Viagem Apostólica: Escócia e Inglaterra. O Papa celebra a beatificação do cardeal inglês John Henry Newman (1801-1890), ex-anglicano convertido ao catolicismo no século XIX e, na Westminster Hall, a sala mais antiga do parlamento inglês, pronuncia um discurso muito aplaudido sobre a paridade e a complementaridade de fé e razão, sobre o papel da religião na vida pública e sobre a exigência de um fundamento da política nos princípios éticos racionais.
Na mesma viagem, em 18 de setembro, encontra um grupo de vítimas de abusos. No mesmo dia, durante a homilia na catedral do Preciosíssimo Sangue o Papa diz: “Juntamente convosco, reconheço também a vergonha e a humilhação que todos nós sofremos por causa daqueles pecados”, enquanto que a um grupo de profissionais e de voluntários repete: “É deplorável que, em um contraste tão marcante com a longa tradição da Igreja no cuidado aos jovens, eles tenham sofrido abusos e maus-tratos por obra de alguns sacerdotes e religiosos”.
12 de outubro de 2010 Bento XVI institui o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
18 de outubro de 2010 Em uma extraordinária Carta aos seminaristas na conclusão do Ano Sacerdotal o Papa escreve: “Recentemente, tivemos de constatar com grande mágoa que sacerdotes desfiguraram o seu ministério, abusando sexualmente de crianças e adolescentes. Em vez de levar as pessoas a uma humanidade madura e servir-lhes de exemplo, com os seus abusos provocaram devastações, pelas quais sentimos profunda pena e desgosto”.
10-24 de outubro de 2010 Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, sobre o tema “A Igreja Católica no Oriente Médio: comunhão e testemunho”. Como explica a introdução aos lineamenta, o Sínodo testemunha a atenção da Igreja universal para com as Igrejas no Oriente.
6-7 de novembro de 2010 18ª Viagem Apostólica: Espanha, com etapas em Santiago de Compostela e em Barcelona. Durante a visita, Bento XVI convida a Europa a “abrir-se cada vez mais a Deus”. Em Barcelona, visita a Basílica da Sagrada Família.
11 de novembro de 2010 Publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal “Verbum Domini” , fruto do Sínodo sobre a Palavra de Deus em 2008.
30 de dezembro de 2010: Bento XVI publica um Motu proprio para a prevenção e contraste das atividades ilegais em campo financeiro e monetário. A nova lei impõe a todos os órgãos da Santa Sé as normas internacionais sobre os crimes econômicos e institui a Autoridade para a Informação Financeira (AIF) para o contraste da lavagem de capitais provenientes de atividades criminosas e ao financiamento do terrorismo.
2011
13 de janeiro de 2011 Bento XVI nomeia D. Leopoldo Girelli, arcebispo titular de Carpi a representante pontifício não-residente para o Vietnã. Trata-se do primeiro passo na direção do estabelecimento das relações diplomáticas entre o Vaticano e Hanói, interrompidas em 1975 depois da ocupação de Saigon.
15 de janeiro de 2011 A Congregação para a Doutrina da Fé institui um Ordinariato Pessoal para os grupo de pastores e os fiéis provenientes da Comunhão Anglicana que querem “entrar na plena e visível comunhão com a Igreja Católica”, nos termos da Constituição Apostólica “Anglicanorum Coetibus” de 2009.
10 de março de 2011 Publicação do segundo volume do livro “Jesus de Nazaré”, sobre a morte e a ressurreição de Cristo.
25 de abril de 2011: no Regina Coeli o Papa saúda a Associação Meter e reza pelas crianças vítimas da violência, da exploração e da indiferença.
1º de maio de 2011 Bento XVI proclama João Paulo II beato a apenas seis anos da sua morte.
16 de maio de 2011 Foi publicada a Carta Circular da Congregação para a Doutrina da Fé para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos de abuso sexual contra menores por parte de clérigos.
6 de junho de 2011 Conclusão da primeira fase da Inspeção Apostólica na Irlanda sobre os casos de pedofilia.
4-5 de junho de 2011 19ª Viagem Apostólica: Croácia por ocasião do Dia Nacional das Famílias Católicas croatas em Zagreb com o lema “Juntos em Cristo” e oração junto ao túmulo do Beato Alojzije Viktor Stepinac  (1898-1960) em Krašić.
18 de julho de 2011 Estabelecimento das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a Malásia, país com a grande maioria de religião muçulmana.
18-21 de agosto de 2011 20ª Viagem Apostólica: Espanha por ocasião da XXVI Jornada Mundial da Juventude.
14 de setembro de 2011 No final de uma audiência entre a Congregação para a Doutrina da Fé e a direção da Fraternidade de São Pio X, a Santa Sé anuncia ter submetido à Fraternidade um “Preâmbulo doutrinal” para a aceitação do Concílio Vaticano II e do sucessivo magistério. A eventual aceitação deste preâmbulo seria uma premissa para o reconhecimento canônico da Fraternidade e para o exame teológico de algumas expressões ou formulações dos textos do Concílio Vaticano II e do magistério.
22-25 de setembro de 2011: 21ª Viagem Apostólica: Alemanha. Trata-se da sua terceira visita à sua terra natal como Pontífice. Em Berlim o Papa faz um histórico discurso ao Bundestag no qual, alerta novamente a uma “razão positivista, que se apresenta de modo exclusivista e não é capaz de perceber algo para além do que é funcional”. Em 23 de setembro em Erfurt encontra mais uma vez as vítimas de padres pedófilos e os representantes da Igreja Luterana. A propósito de pedofilia, durante sua viagem a Berlim no dia anterior ao falar com os jornalistas disse: “Distingamos, talvez, antes de tudo, a motivação específica daqueles que se sentem escandalizados por estes crimes, que se revelaram nestes últimos tempos. Posso compreender que, à luz de tais informações, sobretudo quando se trata de pessoas próximas, há quem diga: ‘Esta já não é a minha Igreja. A Igreja era para mim força de humanização e de moralização. Se representantes da Igreja fazem o contrário, já não posso viver com esta Igreja’”.
Em Friburgo o Papa pede: “uma Igreja aliviada dos elementos mundanos é capaz de comunicar aos homens precisamente no âmbito sócio-caritativo, –– tanto aos sofredores como àqueles que os ajudam –– a força vital particular da fé cristã”.
19 de outubro de 2011: O Delegado Pontifício cardeal De Paolis, apresenta as primeiras conclusões sobre os caminhos dos membros consagrados do Regnum Christi depois da Inspeção apostólica.
23 de outubro de 2011 Canonização de três beatos, subindo para 37 o número total dos santos proclamados por Bento XVI desde o início do seu pontificado. No final do pontificado serão 45.
27 de outubro de 2011  Após 25 anos de primeiro encontro pela paz convocado em Assis por João Paulo II, Bento XVI reúne na cidade de São Francisco os representantes das comunidades eclesiais e as maiores religiões do mundo.
18-20 de novembro de 2011 22ª Viagem Apostólica: Benin, por ocasião do 150º aniversário da evangelização da África ocidental e para entrega da Exortação Apostólica pós-sinodal “Africae Munus”.
21 de novembro de 2011: Carta do cardeal De Paolis com a qual o delegado pontifício para os Legionários de Cristo dá indicações sobre o caminho que os consagrados do Regnum Christi devem percorrer para modificar seu núcleo normativo.
26 de novembro de 2011 Ao receber os Bispos dos Estados Unidos em audiência, Bento XVI afirma: “Quis reconhecer pessoalmente os sofrimentos causados às vítimas e os esforços sinceros realizados para garantir a segurança das nossas crianças e para enfrentar de forma adequada e transparente as acusações de abusos, quando surgem. Espero que os esforços conscientes da Igreja a fim de abordar esta realidade possam ajudar a comunidade em geral a reconhecer as causas, a verdadeira dimensão e as consequências devastadoras dos abusos sexuais, e a responder com eficácia a este flagelo que atinge todos os níveis da sociedade. Devido à mesma razão, assim como a Igreja justamente se adapta aos padrões específicos sobre este aspecto, também todas as instituições, sem excepção, deveriam seguir as mesmas normas.
2012
18 de fevereiro de 2012 No seu 4º Consistório, Bento XVI cria 24 novos cardeais, levando a 84 os novos príncipes da Igreja nomeados sob o seu pontificado.
20 de março de 2012. A Santa Sé publica o documento conclusivo da Inspeção Apostólica, ordenada por Bento XVI na Carta aos Católicos Irlandeses depois dos escândalos de pedofilia no clero local.
23-28 de março de 2012: 23ª Viagem Apostólica: México e Cuba. Em Havana encontra Fidel Castro.
23 de maio de 2012: O mordomo do Papa, Paolo Gabriele, foi preso pela Gendarmaria vaticana com a acusação de roubo agravado de documentos reservados da Santa Sé no âmbito do escândalo Vatileaks, ou seja a fuga de informações relativas ao Papa e a alguns casos internos da Cidade do Vaticano.
24 de maio de 2012: Ettore Gotti Tedeschi pede demissão do cargo de presidente do Instituto para as Obras de Religiões (IOR), por não receber apoio do Conselho “leigo” de supervisão do IOR. Sua demissão faz parte do escândalo Vatileaks.
13 de junho de 2012: O Superior Geral da Fraternidade de São Pio X, Bernard Fellay foi recebido no Vaticano, na ocasião recebeu a avaliação da resposta ao “Preâmbulo doutrinal”, documento que a Santa Sé submeteu à Fraternidade, e que tinha sido entregue em abril. Nos meses seguintes, a perspectiva de volta da Comunidade cismática à plena comunhão com Roma será cada vez mais incerta.
17 de junho de 2012 Na mensagem vídeo por ocasião do encerramento do 50º Congresso Eucarístico Internacional em Dublin (Irlanda), Bento XVI afirma: “A gratidão e a alegria por uma história tão grande de fé e amor foram recentemente abaladas de maneira horrível pela revelação de pecados cometidos por sacerdotes e consagrados contra pessoas confiadas aos seus cuidados. Em vez de lhes mostrar o caminho para Cristo, para Deus, em vez de dar testemunho da sua bondade, abusaram delas e minaram a credibilidade da mensagem da Igreja. Como se pode explicar o facto de pessoas, que regularmente receberam o Corpo do Senhor e confessaram os seus pecados no sacramento da Penitência, terem incorrido em tais transgressões? Continua um mistério. Evidentemente, porém, o seu cristianismo já não era alimentado pelo encontro jubiloso com Jesus Cristo: tornara-se meramente uma questão de hábito”
18 de julho de 2012 Moneyval, o órgão do Conselho da Europa que avalia as normas contra a lavagem de dinheiro dos sistemas financeiros, publica o seu primeiro relatório sobre o Vaticano, no qual convida a Santa Sé a “reforçar o próprio regime de vigilância”. Todavia o sistema Vaticano resulta adequado, ou amplamente adequado em 9 das 16 recomendações centrais sobre aspectos como a reciclagem de dinheiro, as medidas de apreensão, as leis de proteção de dados pessoais, a documentação, a assistência legal recíproca, o tratamento penal ao financiamento do terrorismo, a cooperação internacional e outros. Dom Ettore Balestrero, chefe da delegação do Vaticano junto ao Moneyval, manifestou “satisfação pelos resultados alcançados, consciente de todo o trabalho que ainda deve ser feito”.
14-16 de setembro de 2012 24ª Viagem Apostólica: Líbano, na ocasião entrega a Exortação Apostólica Pós-Sinodal fruto do Sínodo para o Oriente Médio.
29 de setembro-6 de outubro de 2012 Processo a Paolo Gabriele. O mordomo infiel foi condenado pelo Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano a 18 meses de reclusão. Em 22 de dezembro, Bento XVI lhe concederá a graça. Um mês depois, em 5 de novembro de 2012, terá início um outro processo contra o técnico de informática Claudio Sciarpelletti, também ele envolvido no caso, e que será condenado a 4 meses de reclusão, reduzidos a 2 com pena suspensa por 5 anos.
7-28 de outubro de 2012 XIII Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
11 de outubro de 2012 No final da procissão de velas organizada no dia de abertura do Ano da Fé, Bento XVI, afirma: “Nestes cinquenta anos aprendemos e experimentamos que o pecado original existe e que se traduz, sempre de novo, em pecados pessoais, que podem também tornar-se estruturas de pecado. Vimos que no campo do Senhor há sempre o joio. Vimos que na rede de Pedro se encontram também peixes maus. Vimos que a fragilidade humana está presente também na Igreja, que a barca da Igreja continua a navegar inclusive com vento contrário, com tempestades que ameaçam a barca, e às vezes pensamos: ‘O Senhor dorme e esqueceu-nos’”.
21 de novembro de 2012  Publicação do livro “A infância de Jesus”, o último volume da trilogia sobre Jesus escrito por Joseph Ratzinger-Bento XVI.
2013
4 de janeiro de 2013 Segundo informações da Prefeitura Pontifícia, até esta data, mais de 20 milhões de pessoas participaram às audiências, celebrações litúrgicas e à oração do Angelus na presença de Bento XVI desde o início do seu pontificado.
16 de janeiro de 2013 Bento XVI publica o Motu Proprio “Fides per doctrinam” com o qual modifica a Constituição Apostólica “Pastor Bonus” e transfere a responsabilidade sobre a catequese da Congregação para o Clero ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
11 de fevereiro de 2013 Bento XVI anuncia durante o Consistório convocado no Vaticano a sua renúncia ao Ministério Petrino que será concluído em 28 de fevereiro.
Fonte: Vatican News
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A renúncia: o primeiro Papa emérito
“Quando um papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o cargo que lhe foi confiado então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever - de renunciar”: são palavras de Bento XVI no livro-entrevista “Luz do Mundo” de 2010. Em 2013, eis que chega aquele momento, e a Igreja e o mundo se encontram com o primeiro Papa emérito.
Pe. Bernd Hagenkord (in memoriam) – Cidade do Vaticano
Mas o Papa Bento foi realmente o primeiro? Logo depois do fatídico anúncio por parte de Bento XVI, em 11 de fevereiro de 2013, começou a desenfreada busca para verificar se na história já tinha acontecido alguma coisa do gênero. E logo foi encontrado o Papa da Idade Média Celestino V (Pietro Morrone, morto em 1296) que, pouco depois de cinco meses na Cátedra de Pedro, manifestou o desejo de voltar à sua vida de eremita para depois ser preso pelo seu sucessor e morrer em condições miseráveis.
De um ponto de vista histórico não é claro se Celestino V seja verdadeiramente um “precursor” de Bento XVI porque os estudiosos duvidam da “espontaneidade” do seu gesto. Além disso há papas e antipapas obrigados à renúncia como por exemplo Gregório XII que renunciou a pedido do Concílio de Constância, para ajudar a acabar com o Grande Cisma do Ocidente. Mas em 2013 foi somente Celestino a ser citado como exemplo.
Na “Divina Comédia”, Dante Aleghieri manifestou pouca simpatia por Celestino V e colocou o papa vil no Inferno, “colui / che fece per viltade il gran rifiuto (Inf., III, 59-60)”. Em alguns âmbitos eclesiásticos a decisão de Bento XVI recebeu uma consideração semelhante, e a expressão de que não se desce da cruz, começou a se espalhar em todo o mundo. Mas a grande maioria - católicos e não católicos – entenderam essa decisão e a respeitaram, também pela vida de silencioso retiro à que se dedicou. Foi deste modo que Bento XVI demonstrou a sua grandiosidade e por isso mesmo, apesar de todos os precursores, na realidade é o primeiro.
O Direito canônico 
O Direito canônico apresenta esta possibilidade. De fato, segundo o cân. 332 § 2 “Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie ao cargo, para a validade requer-se que a renúncia seja feita livremente, e devidamente manifestada, mas não que seja aceite por alguém”. E no Consistório de 11 de fevereiro foram respeitadas as duas condições.
Eis que o direito reflete a posição jurídica única do Pontífice: no cân. 331 afirma-se que o Papa tem “poder ordinário, supremo, pleno, imediato e Universal. Portanto para a Igreja ele é o supremo legislador.
Esta autoridade remonta ao Apóstolo Pedro, ao qual Jesus Cristo dirige as mesmas palavras que são legíveis, em letras garrafais, no círculo interno da cúpula de São Pedro: “Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16-18).
Mas como vive um Papa emérito e qual o seu papel na Igreja, se não consta no Direito Canônico. É um “Bispo de Roma emérito”, um “Papa emérito” ou volta a ser um cardeal? Continua a usar o nome como Pontífice ou volta a ser Joseph Ratzinger? Continua a usar as vestes brancas? São as perguntas que foram levantadas depois de 11 de fevereiro de 2013. Em uma entrevista ao jornal alemão FAZ - Frankfurter Allgemeine Zeitung – de dezembro de 2014, o Papa emérito admitiu que num primeiro momento tinha pensado em escolher o nome “padre Bento”, para criar um claro afastamento. Porém, depois prevaleceu a escolha do nome “Papa emérito Bento”; e continuou a usar vestes brancas.
Como amadureceu a decisão 
A renúncia não foi uma decisão impulsiva. No decorrer de muitas entrevistas com pessoas de sua confiança, pôde-se constatar, sucessivamente, que há muito tempo Papa Bento meditava sobre esta decisão, que amadureceu com o tempo. Já em 2010 no livro-entrevista ele falava da sua eleição ao Pontificado como de “uma guilhotina”. “Tinha certeza que este cargo não seria destinado a mim, mas que Deus, depois de tantos anos de fadiga, teria me concedido um pouco de paz e tranquilidade”: palavras suas em 2010 (Opera omnia, 13.2, p. 864).
No mesmo livro-entrevista ele disse também que considerava possível uma sua renúncia e na ocasião falou do direito e do dever da renúncia (p. 868). Alguns anos depois serviu-se deste direito – que talvez ele considerasse também um dever.
Com este gesto, Papa Bento mudou o ministério. Mesmo se talvez a possibilidade sempre tenha existido e se os papas que o precederam, como Paulo VI, por exemplo, ou João Paulo II, talvez tenham pensado nisso, mas Bento XVI viu claramente que se tratava de um “direito e, em algumas circunstâncias, também um dever”, e agiu deste modo quando, segundo sua avaliação, tinha chegado o momento.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI e os anos do pontificado
“Quem deseja fugir à incerteza da fé, há de experimentar a incerteza da descrença que, por sua vez, jamais conseguirá resolver sem sombra de dúvida a questão de se, por acaso, a fé não se cobre com a verdade”.
Com a sua demissão Bento XVI entrou para a história da Igreja, depois de somente oito anos de pontificado. O “Papa professor” da Baviera, que nunca desejou ser o sucessor do gigante polonês, conhecia seus próprios limites. Mas, no momento da eleição, pensou estoicamente: “um pequeno Papa ao lado de um grande, que possa dar sua própria contribuição”. Pois bem, Joseph Ratzinger via-se como um pequeno e diligente Papa.
O Papa e o “rosto manchado da Igreja” 
Infelizmente, o início do seu pontificado, foi marcado por crises e momentos dramáticos. Segundo os maldosos os oito anos de Bento foram quase como uma série de desventuras. Começando pelo discurso em Regensburg de 2006, com o qual incomodou o mundo muçulmano, à reabilitação do Bispo Richard Williamson, tradicionalista e negacionista do holocausto, até a gestão dos escândalos de abusos sexuais eclesiais. Para não falar do escândalo Vatileaks de 2012, que tornou público uma série de documentos reservados. O caso, no qual estava envolvido seu mordomo pessoal, um dos mais estreitos colaboradores, custou muita energia ao Papa.
A mídia e a opinião pública culparam o Papa em primeira pessoa, pelos erros cada vez mais graves, nas comunicações internas como nas externas à Santa Sé. Erros que Bento XVI admitiu sem hesitações. Ao mesmo tempo, a cúpula da Igreja, no decorrer desta crise mostrou-se – não sempre erroneamente - como um grupo intencionado exclusivamente em defender os próprios interesses. Também na sua última missa na Basílica de São Pedro (oportunamente na Quarta-feira de Cinzas com a presença dos membros da alta Cúria), o Papa demissionário lamentou-se como “o rosto da Igreja, às vezes, fica deturpado”. "Penso de modo particular nas culpas contra a unidade da Igreja, nas divisões no corpo eclesial”. Alertou para que se “viva numa comunhão eclesial mais intensa e palpável, superando individualismos e rivalidades”. Jesus denunciava a “hipocrisia religiosa”, “o comportamento que quer dar nas vistas. O verdadeiro discípulo… não procura servir-se a si mesmo ou ao público, mas ao seu Senhor”.
Sem dúvida Bento XVI não era um administrador extraordinário. Mesmo assim, quem acompanhou o seu pontificado em Roma, surpreendeu-se pela quantidade de desaprovações lançadas contra este sucessor de Pedro, mesmo de sua terra natal, a Alemanha.
Aliás, parecia que não quisesse nem mesmo tentar se defender: “A coragem não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir, e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes”, dissera em uma homilia na Basílica do Vaticano no início de janeiro de 2013. “O critério ao qual no submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a Sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho”.
Este ponto de vista esclarece que ele não se dedicava com trabalho escrupuloso exclusivamente aos melhoramentos concretos e às reformas na Cúria Romana. Bento XVI preocupava-se também com a transparência nas operações contra as suspeitas de reciclagem de dinheiro no Banco do Vaticano IOR, e teve um particular cuidado na nomeação de Bispos competentes, assim como sem ulterior demora demitiu Bispos não competentes como nenhum Papa tinha ousado fazer antes.
Também, a mensagem deste Papa passou quase imperceptível à opinião pública. Uma mensagem silenciosa. Deveria ter-se ouvido com atenção, tentado compreendê-la com profundidade: somente assim se poderia aprender alguma coisa sobre a alegria da Fé. E sobre o desejo de Deus.
“Nós sentimos o amor” 
“A Igreja vive, a Igreja é jovem”, disse Bento XVI, um dos Papas mais idosos a assumir o cargo de pontífice. “A fé é fácil”. “É belo ser cristãos”. “Quem tem esperança vive diversamente”. “Quem crê nunca está sozinho”. “Onde há Deus, há futuro”. “A âncora do coração chega até o trono de Deus”. “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação”. O fino pensador Ratzinger – já temido guardião da fé do Vaticano – quando quis, soube encontrar fórmulas atraentes para esclarecer o que é essencial na fé.
Sobre isso, ele se expressa muito bem na sua primeira Encíclica de 2005, Deus Caritas est. “Nós cremos no amor de Deus - deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida”, escreveu o Papa. “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. O amor é o centro da fé e da vida cristã, é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro. O amor cresce através do amor. É divino porque vem de Deus e nos une a Deus…”. O teólogo Wolfgang Beinert considera Deus Caritas est “um grande documento da Igreja, que deveria mudar se levasse a sério esta encíclica”.
Bento XVI: um homem de palavra, sem dúvida. Um erudito na tradição dos antigos Padres da Igreja. Combateu pela reconciliação dos pólos aparentemente opostos: fé e razão. Alta teologia e confiança filial em Deus. Nitidez e doçura. A adesão ao dogma e colóquios com os céticos e os descrentes. Luta contra o “relativismo” – e a demissão, que praticamente relativizaram o seu ofício.
Tinha uma personalidade complexa, e em parte provavelmente contraditória. Alemão na Itália, há mais de 30 anos membro da Cúria, e até o fim alheio a esta Cúria. Um homem que contemporaneamente exprimiu a vontade de que os cristãos sejam verdadeiramente o sal da terra (título de seu livro como Cardeal que entrou na classificação dos mais vendidos), e que a Igreja se “secularize” – frase de seu famoso discurso no Konzerthaus de Freiburg em 2011. Um homem que assumiu uma comunidade cristã pequena, por assim dizer ressequida, e que tomou a iniciativa de encaminhar o projeto de uma nova evangelização na Europa, herdado do seu predecessor. Não era e não é fácil encontrar uma definição para Joseph Ratzinger.
Amava a liturgia e reabilitou a forma da celebração da Missa, em voga desde antes do Concílio Vaticano II. Ainda assim, no decorrer de uma das suas últimas aparições como Papa, esclareceu o ponto principal sobre as carências da chamada, de maneira errônea por muitos, “Missa antiga”: a “riqueza e a profundidade da liturgia”, foram praticamente confinados “no Missal Romano dos sacerdotes”, enquanto as pessoas comuns rezam com seus próprios livros de oração “a ponto de se tornarem quase duas liturgias paralelas”. A ação litúrgica mostrou nos anos anteriores ao Concílio “que na realidade a liturgia dos altares e a liturgia do povo deveriam ser uma única liturgia, uma coparticipação ativa”.
Diálogos sem favores 
Desde o início Bento tinha visto os limites e os obstáculos ao diálogo com o Islã de modo mais concreto do que João Paulo II, e o seu discurso em Regensburg, intencionalmente ou não, foi um claro pedido aos muçulmanos, depois de 11 de setembro, do porquê fazem uso da violência. Ainda assim foi justamente este Papa que encaminhou um novo diálogo com os pensadores islâmicos, um verdadeiro e próprio Fórum católico-muçulmano. E tem mais: ele comoveu os muçulmanos de todo o mundo, quando no final de 2006, por alguns momentos, recolheu-se em oração na Mesquita Blu de Istambul. Também foi o primeiro Papa a ser recebido em audiência privada pelo rei saudita Abdullah, o “guardião dos lugares santos da Meca e da Medina”. Em consequência disso, em 2012 Abdullah instituiu em Viena um centro para o diálogo inter-religioso: para estudiosos islâmicos poderem discutir sobre liberdade religiosa. Portanto nenhum balanço negativo no confronto entre Bento XVI e o Islã. De modo muito claro e honesto levou o diálogo a questões delicadas. A longo prazo isto foi um bem até mesmo para o diálogo religioso. Entre católicos e muçulmanos houve um “acordo imediato” em “questões de vida real”, disse o estudioso islâmico Mouhanad Khorchide.
E a relação de Bento XVI com o judaísmo? A partir do debate sobre a controversa “oração da Sexta-feira Santa”, o diálogo com o judeus foi disturbado apenas pela mídia. Contrariando a opinião da sua Secretaria de Estado, este Papa quis fazer uma visita ao ex-campo de concentração de Auschwitz, durante a sua viagem à Polônia em 2006: tinha consciência da própria responsabilidade especial de Papa vindo da Alemanha. Bento via os judeus como os Escolhidos, nunca como o povo de Deus rejeitado. Era amigo dos rabinos, visitou as sinagogas de Colônia, Roma e Nova Yok. No mundo, muitos o consideravam um Papa “imóvel”: todavia fez grandes passos em relação aos cristãos ortodoxos, e era amigo do Patriarca Ecumênico Bartolomeu, que fez com que rezasse diante dos Bispos na Capela Sistina.
Quanto as relações com os protestantes e reformados, alguns dos quais, como a ex-bispo Margot Käßmann, simplesmente não esperavam “nada” deste Papa. Na época que era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, com a declaração Dominus Iesus Ratzinger tinha conseguido a simpatia de muitos deles. Esta declaração não reconhecia os protestantes dentro da igreja no sentido católico (inicialmente ele tinha primeiro confirmado a posição protestante, mas os protestantes, na realidade, tinham uma visão diferente da Igreja). Mas queria aplicar-lhes a etiqueta de “comunidade eclesial”. Portanto, desde o início, as Igrejas da Reforma tinham um comportamento tímido com Bento XVI, mesmo sendo ele, sem dúvida, o Papa “mais evangélico” de todos os que já ocuparam o trono de Pedro. Em toda a sua vida de professor, Bispo e Papa ele se inspirou em Agostinho, referia-se à Bíblia como regra de fé e sempre recordava que o homem depende totalmente do amor e da graça de Deus. Por isso, provavelmente não é um caso que ao colaborar estreitamente com a Federação Luterana Mundial tenham chegado à Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação. O fato de que esta declaração posteriormente tenha sido rejeitada por muitos teólogos evangélicos deve ter sido duro golpe para Ratzinger. Para muitos há uma conexão entre a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação de 1999 e a Dominus Iesus de 2000.
Em 2011 houve um encontro simbólico com os cristãos evangélicos, nas pegadas de Lutero, no mosteiro agostiniano de Erfurt. No encontro, o Papa da Alemanha disse (talvez muito abertamente) que não trazia consigo um “dom ecumênico” e que desconfiava de dissimulações e cálculos. Isso deixou seus interlocutores decepcionados. Sobre este ponto muitos eram evasivos e Bento XVI, ao contrário, insistente. Reconheceu Martinho Lutero como perscrutador de Deus, que agradou muito os cristãos da Reforma: todos os cristãos deveriam mais uma vez levar à luz do mundo a própria fé. In primis, deveriam se preocupar com suas próprias coisas e de uma fé profunda, para depois automaticamente espalhar e fé ecumênica no mundo. “Para isso ajuda não a mitigação da fé, mas somente o vivê-la integralmente no nosso hoje. Esta constitui uma tarefa ecumênica central, na qual nos devemos ajudar mutuamente: a crer de modo mais profundo e vivo. Não serão as táticas a salvar-nos, a salvar o cristianismo, mas uma fé repensada e vivida de modo novo…”.
Um Papa na busca de Deus 
Desta busca lhe derivava principalmente o lema de “colaborador da verdade”: anunciar ao mundo de hoje um Deus “de rosto humano”. Não um Deus qualquer, mas um Deus que se mostrou a nós e que em Jesus comungou conosco. “O verdadeiro problema neste momento da nossa história é que Deus possa desaparecer do horizonte dos homens e que, com o apagar-se da luz vinda de Deus, a humanidade seja surpreendida pela falta de orientação. Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo”. Portanto Bento XVI não considerava prioridade o menor rigor ao celibato, o sacerdócio feminino, a comunhão ou os problemas sexuais, mas a diminuição de intensidade do pedido de Deus na sociedade ocidental.
Um Papa às vezes enigmático – e ao mesmo tempo biblicamente um “sinal de contradição”. Um dos paradoxos de Papa Bento XVI era que apesar de toda a força da sua fé, tenha permanecido sempre na busca de um Deus desconhecido de modo mais radical do que seus predecessores. Enquanto dentro da Igreja e no cristianismo muitos o consideravam um conservador, ele estava sempre em busca dos descrentes. Dos homens e mulheres que procuravam a fé. Sob sua sugestão, foi criada em 2011 uma iniciativa no Vaticano, com um título um pouco excessivo, chamada “Átrio dos Gentios” com o objetivo de dialogar com intelectuais e artistas. Além da cúpula das religiões e da Igreja, Bento convidou pela primeira vez em Assis para participar da marcha pela paz uma delegação de descrentes (mais tarde, na sua presença foi pontualmente definida como um novo “Humanismo do século XXI”). Crentes e descrentes participaram da procissão a pé na cidade medieval de São Francisco. Na ocasião marchava também nas proximidades a feminista e psicanalista parisiense Julia Kristeva. Mais tarde ela declarou que admirava em Bento “a sua confiança no humanismo leigo”, a “sua fé – in senso lato – na Europa secularizada”.
De modo irritante, Joseph Ratzinger, mesmo sendo chefe de uma comunidade religiosa, sentia-se vulnerável aos céticos e aos que se movem em um caminho de busca. Já nos tempos em que era professor em Tübingen, tinha identificado o “oceano da incerteza” , “como o único lugar possível da sua fé”; ele via mesmo o crente mais determinado “sob a constante ameaça de cair no vazio” e “sufocado pela água salgada da dúvida, que o oceano lhe lança, sem cessar à boca”. “Quem deseja fugir à incerteza da fé, há de experimentar a incerteza da descrença que, por sua vez, jamais conseguirá resolver sem sombra de dúvida a questão de se, por acaso, a fé não se cobre com a verdade”.
Não são apenas pensamentos insólitos para um Papa. Há também um novo ponto de vista, como explica o Cardeal Gianfranco Ravasi: crentes e descrentes não são hostis entre eles, mas estão um ao lado do outro, e olham para a mesma direção as questões fundamentais da vida.
*O texto é uma versão atualizada de: Stefan von Kempis, Papa Francisco – quem é, como pensa, o que o espera, LEV 2013, p.34-43
Fonte: Vatican News
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Um Papa entre dois tempos
Durante toda sua vida, Bento XVI procurou, investigou, perguntou; também como Pontífice os seus discursos e as suas homilias são caracterizadas por esta constante busca. Por este motivo gerou animados debates, talvez principalmente, dentro da própria Igreja.
 “Eu já não pertenço ao mundo antigo, mas o novo, na realidade, não começou ainda”: palavras do Papa emérito, Bento XVI, sobre si mesmo. Esta frase se encontra no livro “Últimas conversações” (com Peter Seewald). Um Papa entre dois tempos: assim se definira na ocasião. Acrescentando depois que só na posteridade, tem-se condições de reconhecer a avaliar os tempos e as mudanças dos tempos.
Na realidade, é a segunda frase que impressiona: “O mundo novo, na realidade, não começou ainda”. É virtude de Joseph Ratzinger, teólogo, cardeal e Papa, não se contentar com definições que estabeleçam o que seja “novo”. Durante toda sua vida procurou, investigou, perguntou; também como Pontífice os seus discursos e as suas homilias são caracterizadas por esta constante busca. Por este motivo gerou animados debates, talvez principalmente, dentro da própria Igreja.
Uma das últimas homilias do Papa Bento XVI exprime este conceito de modo maravilhoso e definitivo: quando fala dos Reis Magos em busca do rei recém-nascido. “Os homens que então partiram rumo ao desconhecido eram, em definitiva, pessoas de coração inquieto; homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior. Talvez fossem homens eruditos, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam sobretudo saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa conosco e como podemos encontrá-Lo. Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus”. (Homilia, 6 de janeiro de 2013, Epifania do Senhor). As mesmas palavras Joseph Ratzinger poderia usá-las para si mesmo.
Consideremos a questão do Concílio: a sua aplicação está longe de ser completada e seria prejudicial não continuar a indagar e a aplicá-la. “A hermenêutica da reforma”, “hermenêutica da renovação da continuidade” tinha definido Papa Bento, opõem-se à “hermenêutica da descontinuidade e da ruptura”.
Muitos de seus pensamentos continuarão em nossas reflexões: suas inspirações permanecerão conosco. Como teólogo, cardeal e Papa, tinha feito a sua parte para que “o novo” fosse descoberto. Apesar de todos seus livros, seus discursos e suas contribuições, foi um homem irrequieto até o fim. Na homilia citada, pronunciada por ocasião do fim de seu pontificado, o Papa emérito fala da peregrinação interior da fé que se exprime substancialmente na oração. Uma oração que nos desperta de uma falsa acomodação e que quer comunicar a inquietação para com Deus e a inquietação para com o próximo. Viveu essa inquietação até o fim, na oração, no retiro, mas com solidez.
A sua frase sobre o mundo velho e o novo, escritas no livro “Últimas conversações” é profética. Apresenta-se a nós de modo inocente, como muitas outras coisas ditas pelo Papa, principalmente nos seus textos espirituais e nas suas homilias. Porém esta frase tem uma dinâmica teológica e espiritual. Os tempos mudam, isso é irreversível: nem reinventando o “velho” em versão “nova” – como agradaria muito aos tradicionalistas – nem na invenção de um “novo” que não considere a tradição e a evolução.
Bento XVI, o Papa emérito, demonstrou que tinha uma avaliação de si mesmo bastante equilibrada, porque colocava-se entre duas épocas, mas sem se deixar ligar a uma ou a outra. A mudança: isso é o que ele viveu e onde se reconhece. Por isso foi um Papa da transição?
Só por isso não. Exatamente porque foi a transição, seus sinais permanecerão além da sua morte. As transições são importantes. Joseph Ratzinger representa a Igreja que, a partir do Concílio, retomou a sua estrada. Joseph Ratzinger marcou seu sigilo à transição eclesial, mas principalmente à transição papal. A Igreja poderá se nutrir por muito tempo com o seu exemplo, com suas palavras, com seus escritos. Vivia entre dois tempos, mas permanecerá conosco.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI e a comunicação
Bento XVI sempre foi consciente de que a comunicação digital redefine os espaços sociais de interação e relação, transcende a dimensão da presença física para enfatizar a dimensão relacional.
Frei Darlei Zanon - Religioso Paulino
Há exatos 10 anos, em dezembro de 2012, o Papa Bento XVI inaugurava a primeira conta do sumo-pontífice no Twitter, enviando através daquela potente plataforma as primeiras “bênçãos digitais” via @Pontifex. Enquanto continuamos a rezar pela saúde do papa-emérito, vale a pena recordar esta e outras importantes mensagens de Bento XVI no âmbito da comunicação.
Todos recordamos como o seu antecessor, São João Paulo II, era um entusiasta da comunicação, enfatizando o tema em diversas mensagens e documentos. Refletindo sobre o impacto da internet sobre a fé e a evangelização, dizia que a Igreja vê a comunicação como o grande areópago dos tempos modernos, que exige mudança de mentalidade e renovação pastoral. Bento XVI seguiu os passos do seu predecessor nesse campo. Sua primeira mensagem para o Dia mundial da comunicação teve como tema “A mídia: rede de comunicação, comunhão e cooperação” (2006). No ano seguinte o foco foi o desafio para a educação das crianças e logo depois o desafio de partilhar a verdade no mundo da comunicação, antecipando assim o tema da sua encíclica Caritas in veritate, publicada em 2009.
Em sintonia com o Ano Sacerdotal e com a urgente necessidade de formar os presbíteros para o ambiente da comunicação, a mensagem de 2010 foi “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos meios a serviço da Palavra”. No ano 2009 o tema de sua mensagem tinha sido “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade.” Naquela ocasião, o papa-emérito enfatizou o potencial das novas tecnologias para promover as relações, bem como a fé e a vida cristã. Dirigiu-se especialmente aos jovens, chamados por ele de “geração digital”, pois eles “se deram conta do enorme potencial que têm a nova mídia para favorecer a ligação, a comunicação e a compreensão entre indivíduos e comunidade, e usam-nos para se comunicar com seus amigos, encontrar novos, criar comunidades e redes, procurar informações e notícias, partilhar as próprias ideias e opiniões”.
Bento XVI sempre foi consciente de que a comunicação digital redefine os espaços sociais de interação e relação, transcende a dimensão da presença física para enfatizar a dimensão relacional. Ao abraçar a cultura digital, a Igreja não está renunciando aos seus valores básicos. Pelo contrário, tem a possibilidade de apresentá-los a uma nova cultura, a um novo ambiente, realizando assim sua missão de evangelizar. Exatamente por isso o papa-emérito sempre insistiu que devemos apresentar uma ética evangélica à cultura digital. Certa vez afirmou que “o homem ‘digital’, como o das cavernas, procura na experiência religiosa o caminho para superar sua finitude e para assegurar sua precária aventura terrena” (13 de maio de 2011). Bento XVI quis mostrar que, ao mesmo tempo que são manifestos muitos indícios do secularismo, com Deus tornando-se uma realidade sobre a qual se permanece indiferente, surgem muitos sinais que indicam o despertar do sentido religioso na cultura e na geração digitais. Por mais que o ser humano busque sentido na sua autossuficiência, acaba por fazer a experiência de “insuficiência”, de finitude, de não se bastar a si mesmo. “Essa redescoberta se traduz na exigência da espiritualidade, superando uma visão puramente horizontal e material da vida humana, depois de no século XX as duas trágicas guerras mundiais terem colocado em causa a convicção de que o progresso poderia ser obtido pela razão autônoma e por uma existência sem Deus”, conclui o discurso.
Outro tema abordado por Bento XVI foi o testemunho do Evangelho no mundo digital, que deve conduzir ao encontro. Na mensagem para o Dia das comunicações de 2013, aprofundou o tema das “Redes sociais como portais de verdade e de fé”, como novos espaços de evangelização. Naquela ocasião, ficou muito clara a necessidade do testemunho cristão no ambiente digital. Após reconhecer que “as redes sociais digitais estão contribuindo para o aparecimento de uma nova ágora, uma praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias, informações, opiniões e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade”, Bento XVI afirmou que “a autenticidade dos fiéis, nas redes sociais, é posta em evidência pela partilha da fonte profunda da sua esperança e da sua alegria: a fé em Deus, rico de misericórdia e amor, revelado em Jesus Cristo. Tal partilha consiste não apenas na expressão de fé explícita, mas também no testemunho”.
Em 2011, já havia enfatizado a necessidade de se promover a verdade, através do anúncio e da autenticidade nas redes sociais. Convidava o cristão a dar testemunho da fé no mundo virtual do mesmo modo que deve testemunhar em qualquer outra dimensão da sua vida: familiar, social, profissional, acadêmica, paroquial. Assumindo a ideia de que comunicar na rede é partilhar, Bento XVI exortou os cristãos a manifestarem sua integralidade na rede, e não partes, fragmentos, que conduziria à construção de uma autoimagem narcisista e a esquizofrênica. O digital deve auxiliar na concretização da missão cristã, que é ir ao encontro do outro, do próximo, testemunhando o Evangelho com sinceridade e compromisso. Com as potencialidades que a rede proporciona, o cristão não pode ficar indiferente, ou usar a tecnologia como qualquer outra pessoa. Tem de dar testemunho. Tem de usá-la responsável e criticamente, manifestando aí também sua ética, suas opções de vida, seus valores, suas convicções. Bento XVI afirmou que a pessoa não pode agir online de maneira diferente da que age offline, antecipando o conceito onlife cunhado pelo filósofo Luciano Floridi em 2013. O cristão é sempre o mesmo, há uma só identidade, onde quer que esteja, e deve testemunhar a sua fé e ter conduta evangélica seja onde for. É sempre o mesmo sujeito que age, e por isso não pode abandonar suas convicções ou criar uma nova identidade, mesmo que assumindo diferentes papéis ou em diferentes ambientes reais/virtuais.
Enfatizando a necessidade de comunicar com ética e dando testemunho da fé, ao falar sobre a evangelização nas redes sociais Bento XVI afirmou que “as redes sociais, para além de instrumento de evangelização, podem ser um fator de desenvolvimento humano. (...) O desafio que as redes sociais têm de enfrentar é o de serem verdadeiramente abrangentes: então beneficiarão da plena participação dos fiéis que desejam partilhar a Mensagem de Jesus e os valores da dignidade humana que a sua doutrina promove” (Mensagem para o Dia das comunicações, 2013). Até mesmo na sua encíclica social Caritas in veritate, Bento XVI tocou nesse ponto, recordando que é necessária “uma atenta reflexão sobre a sua influência [a das novas mídias] principalmente na dimensão ético-cultural da globalização e do desenvolvimento solidário dos povos” (n. 73). E acrescentou: “podem constituir uma válida ajuda para fazer crescer a comunhão da família humana e o éthos das sociedades, quando se tornam instrumentos de promoção da participação universal na busca comum daquilo que é justo” (Caritas in veritate n. 108).
No Império Romano, o fórum (termo usado algumas vezes por João Paulo II) era o espaço público onde se concretizava a vida política e comercial, onde se faziam os ritos religiosos e se desenvolvia boa parte da vida social, onde todos os cidadãos podiam se exprimir livremente. O fórum romano tem na ágora seu equivalente no mundo grego. Esse termo foi utilizado pelo Papa Bento XVI em sua última mensagem para o Dia mundial das Comunicações (2013). Uma mudança subtil, mas muito significativa, pois introduziu a nível teórico o que o Papa Francisco tem procurado realizar concretamente no âmbito da comunicação. No meu livro Comunicar o evangelho: Panorama histórico do magistério da Igreja sobre a comunicação (Paulus, 2021) tento explicar mais detalhadamente este percurso, confira.
Hoje o ambiente digital não é mais um espaço elitista como era o areópago, onde se encontravam políticos e filósofos, mas se tornou a “praça pública”, a nova ágora, um espaço muito mais democrático e horizontal. Lugar que favorece o encontro, as relações, a troca de conhecimentos, a partilha de experiências e culturas. Após a popularização da internet e sobretudo com o surgimento das redes sociais, o ambiente digital deixou de ser um local de “privilegiados”, da elite, e se tornou a nova ágora, o coração pulsante da nossa sociedade, lugar privilegiado de encontro e de partilha, inclusive da fé. Bento XVI nos ajudou a habitar este espaço cristãmente, convidando-nos sempre a inculturar e testemunhar o Evangelho nesse ambiente
Fonte: Vatican News
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Condolências do mundo inteiro pela morte de Bento XVI
Muitas mensagens de proximidade e de afeto estão chegando nestas horas pelo falecimento do Papa emérito. A comovida recordação de Conferências episcopais e de muitos líderes políticos que o conheceram
Em um tempo de divisões e conflitos, o mundo se une em memória do Papa emérito Bento XVI, que faleceu na manhã deste sábado, 31 de dezembro, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. A notícia é a abertura dos principais jornais e agências de notícias internacionais, destacando sua envergadura intelectual e o momento de sua renúncia à Cátedra de Pedro.
A proximidade das Igrejas europeias e inclusive alemã
As principais Conferências episcopais do mundo estão enviando mensagens de condolências. O presidente das Conferências Episcopais da Europa, dom Gintaras Grušas, recorda o "magistério europeu que Bento XVI desenvolveu durante seu pontificado, enfatizando a importância das raízes cristãs da Europa e destacando um necessário retorno a Cristo e à evangelização para a construção de uma civilização do amor". "Bento XVI teve uma relação especial com a Igreja católica na Alemanha: aí nasceu, aí estudou teologia, foi ativo como sacerdote e durante o tempo em que foi arcebispo de Munique e Freising, foi também membro da Conferência Episcopal Alemã", lê-se numa mensagem dos bispos alemães.
A mensagem da Conferência Episcopal Italiana
Profundas condolências são expressas pela Conferência Episcopal Italiana. "Nessas horas - lê-se numa mensagem -"seu convite para sentir a alegria de ser cristão ressoa no coração de cada um de nós, porque Deus nos ama e espera que nós o amemos também". "Sua vida baseada no amor foi um reflexo de seu relacionamento com Deus e, na última etapa de sua existência, ele tornou visível este relacionamento com o Senhor, custodiando o silêncio. Agradecemos ao Senhor pelo dom de sua vida e seu serviço à Igreja: um testemunho exemplar dessa busca incessante da face do Senhor (Sl 27,8), que hoje ele pode finalmente contemplar face a face (1 Cor 13,12)". "Convidamos as comunidades locais - é a conclusão da mensagem - a se reunirem em oração e a celebrarem a missa em sufrágio do Papa emérito Bento XVI".
A mensagem da Conferência Episcopal Australiana
O arcebispo Timothy Costelloe, presidente da Conferência Episcopal Católica Australiana, recorda em particular o afeto dos jovens do mundo inteiro, que vieram para o Dia Mundial da Juventude em Sydney em 2008. "Seu papado será lembrado como rico em ensinamentos, incluindo suas encíclicas sobre amor, esperança e verdade, bem como sua série de livros sobre Jesus de Nazaré, e por importantes reformas em áreas como a liturgia e a gestão do abuso sexual contra menores". "A vida inteira de Joseph Ratzinger, mais tarde Bento XVI, foi para todos nós um testemunho de uma fé pessoal firme; seus ensinamentos e sabedoria deram orientação a gerações inteiras", disse a Conferência Episcopal Húngara em uma mensagem. As Acli (Associações cristãs de de trabalhadores italianos) se unem às condolências e orações de toda a Igreja universal pela morte de Bento XVI, "guiado por uma paixão muito forte pela verdade que ele entendeu como manifestação do amor de Deus pelos homens em Jesus Cristo".
Welby: "uno-me ao luto"
"Cristo foi a raiz de seu pensamento e a base de sua oração": esta é a ênfase de Justin Welby, arcebispo de Cantuária e primaz da Comunhão Anglicana, que disse estar "de luto" pela perda do Papa emérito. "O Papa Bento XVI – acrescentou - foi um dos maiores teólogos de seu tempo, comprometido com a fé da Igreja e resoluto em sua defesa". Em tudo, inclusive em seus escritos e pregações, ele olhou para Jesus Cristo, a imagem do Deus invisível". Mas foi em 2013 que "o Papa Bento XVI deu o corajoso e humilde passo de renunciar ao papado, o primeiro Papa a fazê-lo desde o século XV". "Ao fazer esta escolha livremente - escreveu Welby -, "ele reconheceu a fragilidade humana que nos afeta a todos". "Que ele descanse agora na paz de Cristo e possa ressurgir na glória com todos os santos".
Kirill: Bento XVI, eminente teólogo
Em uma mensagem, o patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, enfatiza a importância da contribuição de Bento XVI para testemunhar Cristo em um mundo secularizado e para defender os valores morais tradicionais. Tendo tido a oportunidade de encontrar pessoalmente o falecido Papa várias vezes durante seus anos na Cátedra de Pedro, "tive a oportunidade de testemunhar – lê-se - seu profundo amor pelo cristianismo oriental e, em particular, seu sincero respeito pela tradição da ortodoxia russa". "Durante o Pontificado de Bento XVI, as relações entre a Igreja ortodoxa Russa e a Igreja católica romana - conclui Kirill - desenvolveram-se consideravelmente no espírito de cooperação fraterna e no desejo de interação no caminho da superação do às vezes doloroso legado do passado".
União Budista Italiana
Também expressou sua proximidade a União Budista Italiana, que se junta à dor da Igreja Católica Italiana e universal pela partida do Papa Bento XVI. "Nós nos lembramos dele – lê-se numa mensagem - como um homem de profundo pensamento e pesquisa teológica, atento ao diálogo inter-religioso". Sua estatura de estudioso era acompanhada por sua mansidão. Sua renúncia foi um gesto que impressionou o mundo inteiro e a comunidade de crentes em toda e qualquer fé".
Pontifícia Academia para a Vida
Do Vaticano, a Pontifícia Academia para a Vida recorda Bento XVI como "uma das personalidades teológicas mais influentes do século XX", destacando seu serviço "na vinha do Senhor" e seu constante compromisso "de tornar a fé compreensível e confiável para o homem moderno".
As mensagens da política
A política confia ao Twitter a recordação do Papa emérito. "A Europa o chora, que descanse em paz": é assim que a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, expressa sua tristeza pela morte de Bento XVI, recordando suas palavras: "Não tenha medo nem do mundo, nem do futuro, nem de sua fraqueza". De sua terra natal, a Alemanha, o chanceler alemão Olaf Scholz também interveio, o mundo - disse ele - perdeu "uma figura excepcional" da Igreja católica. O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak se diz profundamente entristecido, definindo o Pontífice emérito de "um grande teólogo". "Meus pensamentos vão para os católicos na França e no mundo inteiro, que se entristecem com a morte de Sua Santidade Bento XVI. Ele trabalhou com ânimo e inteligência para um mundo mais fraterno". Assim tweetou o presidente francês, Emmanuel Macron.
As condolências da Itália
Da Itália, o presidente da República Sergio Mattarella fala de luto para toda a nação. "Sua afabilidade e sabedoria beneficiaram nossa comunidade e toda a comunidade internacional. Com dedicação ele continuou a servir a causa de sua Igreja na veste sem precedentes de Papa emérito com humildade e serenidade. Sua figura continua inesquecível para o povo italiano". A primeira-ministra Giorgia Meloni descreveu Bento XVI como "um homem apaixonado pelo Senhor que continuará a falar ao coração e à mente dos homens com a profundidade espiritual, cultural e intelectual de seu Magistério". "Uma grande história que a história não esquecerá". Também o ex-presidente italiano e senador vitalício, Giorgio Napolitano, o recordou numa mensagem ao Papa Francisco. "Memórias e laços de estima e amizade respeitosa me uniram a Sua Santidade Bento XVI, desenvolvidos especialmente durante os anos passados como presidente da República Italiana. Embora eu tenha vindo de experiências intelectuais e humanas distantes e diferentes - prossegue Napolitano -, com o Pontífice naquele período eu pude desenvolver uma partilha de anseios e intenções e um hábito de reflexão sobre o futuro da Itália e da Europa". Um "grande teólogo" para o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que sublinha como seu magistério soube acompanhar a Igreja no mundo contemporâneo. A capital, lê-se no twitter, se une à dor dos fiéis do mundo inteiro.
Fonte: Vatican News
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Celam e as Igrejas do Cone Sul: pesar pela morte do Papa emérito Bento XVI
O Celam manifestou a sua profunda consternação, expressando "as nossas mais sentidas condolências ao Santo Padre Francisco e a todos os nossos irmãos e irmãs que estiveram ao lado do Papa emérito".
Uma sucessão de expressões de pesar pela morte do Papa emérito Bento XVI, na manhã de 31 de dezembro de 2022, com a idade de 95 anos. O Conselho Episcopal da América Latina e do Caribe e as Conferências Episcopais do Cone Sul pronunciaram-se sobre a figura do 256º Papa da Igreja Católica, eleito aos 19 de abril de 2005 e que renunciou aos 11 de fevereiro de 2013.
O Celam manifestou a sua profunda consternação, expressando "as nossas mais sentidas condolências ao Santo Padre Francisco e a todos os nossos irmãos e irmãs que estiveram ao lado do Papa emérito". O Celam da "graças a Deus pela sua vida e pelo seu fecundo legado teológico e pastoral", refletido no seu Magistério. A mensagem destaca a sua presença e palavras em Aparecida, "quando nos encorajou a refletir sobre os desafios da fé cristã no nosso continente".
A mensagem do Celam inclui pronunciamentos do Papa emérito Bento XVI nas suas várias visitas ao continente, afirmando que "o nosso irmão Bento XVI confirmou-nos na fé como Vigário de Cristo e 'colaborador da verdade'". O episcopado da América Latina e do Caribe une-se "em oração para que possa gozar da presença de Deus e imploramos à Virgem Maria, sob os títulos de Guadalupe e Aparecida, que nos console e nos ajude a sermos testemunhas de fé, caridade e esperança".
Alguém que "como teólogo, bispo e Papa, ele nos deixou um grande legado, onde se destacam o amor pela Igreja e a preocupação pelos rumos do mundo", diz a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que define o Papa Bento XVI como "pastor e teólogo", como alguém que " buscou conciliar fé e razão, justiça e caridade".
Por seu lado, os bispos argentinos disseram rezar "pelo descanso eterno do Papa emérito Bento XVI, que partiu hoje para a casa do Pai", agradecendo-lhe "o seu serviço à Igreja universal, com uma dedicação generosa até ao fim da sua vida, com a sua fé robusta, a sua esperança inabalável e a sua caridade exemplar". Sublinham também que "ele teve a grandeza de renunciar por causa da Igreja, que ele amava muito". Por esta razão imploram "que a Luz que não tem fim, Cristo, o Bom Pastor, possa brilhar para ele".
Numa mensagem ao Papa Francisco, os bispos argentinos enviaram-lhe as suas saudações e condolências fraternas, "nestas horas difíceis de tristeza esperançosa com a partida do Papa emérito Bento XVI". Os bispos agradecem a Deus "pelo seu testemunho como bom pastor e servo fiel do Senhor", vendo o falecido Papa emérito como "um simples e bom mestre, que queria mostrar, acima de tudo, o amor de Deus e a sua obra redentora entre nós". Um Papa que, com "esse olhar de uma nova forma de estar na Igreja do Papa Bento, tem sido uma visão de superação que nos ajuda a compreender que cada vida é valiosa e que teremos sempre um dom para dar aos outros".
"A dor pela partida deste pai e pastor", comove a Igreja chilena, segundo expressou a comissão permanente do episcopado, que afirma que "com a convicção de que 'Deus é amor', como nos recordou na sua primeira carta encíclica, somos encorajados na esperança e na gratidão ao Senhor pela vida e magistério de Bento XVI". Os bispos chilenos sublinham que "os seus escritos e profundidade intelectual também o colocam como um dos grandes teólogos da Igreja". Recordam também a sua viagem ao Chile "em 1988 na sua qualidade de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Nessa ocasião, encontrou-se com moradores e comunidades cristãs de base, e ficou impressionado com o trabalho da Igreja nos sectores mais pobres do país". O povo do Chile é convidado a "unir-se em oração por Bento XVI, recomendando a sua alma à Santíssima Virgem Maria".
O episcopado uruguaio recorda também o Papa emérito Bento XVI, que hoje entregou a sua alma a Deus, convidando "todos os fiéis católicos do Uruguai a unirem-se em oração pelo seu descanso eterno e a recordarem com gratidão os seus ensinamentos e o testemunho da sua vida de generosa dedicação até ao momento final".
Do mesmo modo, a Conferência Episcopal Paraguaia "junta-se aos sentimentos da Igreja Universal diante da partida do Papa Emérito Bento XVI para a Pátria Celestial; e, como cristãos, exortamos a rezar pelo seu descanso eterno na glória prometida aos filhos fiéis do Pai Eterno". Sobre o seu pontificado, disseram que "recebeu a marca de uma fé inabalável, e profundos ensinamentos humanos e teológicos, que enriqueceram a Igreja para discernir e expor a verdade de Deus na razão do mundo".
Fonter: Vatican News
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Cardeal Scherer manifesta pesar pela morte do Papa emérito Bento XVI
Cardeal Scherer: ‘Demos graças a Deus por Bento XVI e por sua contribuição para a vida e a missão da Igreja’.
Em nota publicada na manhã do sábado, 31 de dezembro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer manifestou pesar pelo falecimento do Papa emérito Bento XVI, ocorrido neste dia, aos 95 anos de idade.
“Bento XVI foi um homem simples, humilde, sensível e até tímido, muito atencioso e fino no trato com as pessoas. Foi um intelectual e teólogo de grande profundidade e seus escritos e homilias certamente serão uma referência para a Igreja também no futuro. Como poucos, ele compreendeu os problemas do nosso tempo e deu indicações essenciais para a vida e a missão da Igreja”, consta em um dos trechos.
“Demos graças a Deus por Bento XVI e por sua contribuição para a vida e a missão da Igreja. Que o Senhor da vinha receba, agora, esse humilde e dedicado operário de sua messe e lhe dê a recompensa por suas fadigas em favor do reino de Deus. Descanse na paz de Deus, papa emérito Bento XVI!”, diz Dom Odilo na conclusão da nota.
NOTA NO FALECIMENTO DE BENTO XVI
Na manhã de 31 de dezembro, faleceu serenamente no Vaticano o papa emérito Bento XVI, aos 95 anos de idade. Há alguns dias, o papa Francisco havia convidado todos à oração por seu predecessor, que estava gravemente enfermo. Toda a Igreja uniu-se em oração por Bento XVI, que hoje deixou este mundo e foi chamado por Deus a participar da vida eterna.
Demos graças a Deus pela vida de Bento XVI, sua contribuição para a missão da Igreja e seu legado para a vida e a história da Igreja. Jovem teólogo ainda, ele já foi um dos peritos do Concílio Vaticano II e tornou-se, depois, um dos teólogos mais importantes da Igreja pós-conciliar. Foi professor, bispo e colaborador estreito por muitos anos do papa S.João Paulo II, a quem sucedeu em 2005 como Bispo de Roma e Sucessor do apóstolo Pedro à frente da Igreja Católica.
Bento XVI foi um homem simples, humilde, sensível e até tímido, muito atencioso e fino no trato com as pessoas. Foi um intelectual e teólogo de grande profundidade e seus escritos e homilias certamente serão uma referência para a Igreja também no futuro. Como poucos, ele compreendeu os problemas do nosso tempo e deu indicações essenciais para a vida e a missão da Igreja. Esteve atento aos problemas internos da Igreja e enfrentou com decisão as questões morais e doutrinais e deu orientações firmes sobre a transparência na administração dos bens da Igreja, sofrendo muito por essas situações.
Recordamos a visita de Bento XVI no Brasil, em maio de 2007, quando fez a canonização de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão no Campo de Marte, em São Paulo, e presidiu a abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe em Aparecida (Conferência de Aparecida). Naquela ocasião, ele se encantou com o povo brasileiro, sua acolhida simpática e espontânea, sua exuberante religiosidade e cultura popular. Além do encontro com a multidão no Campo de Marte, ele ficou muito feliz com as manifestações dos jovens no estádio do Pacaembu e foi ao meio dos dependentes químicos em recuperação, na Fazenda da Esperança em Guaratinguetá.
Quando foi eleito Papa, ele mesmo se apresentou como um “humilde servo da vinha do Senhor”. Bento XVI desempenhou sua missão com todas as suas energias, até que se sentiu em condições de fazê-lo. Depois, com humildade e generoso realismo, renunciou à sua missão, para que fosse escolhido um outro Papa para sucedê-lo em missão tão grande e exigente.
Demos graças a Deus por Bento XVI e por sua contribuição para a vida e a missão da Igreja. Que o Senhor da vinha receba, agora, esse humilde e dedicado operário de sua messe e lhe dê a recompensa por suas fadigas em favor do reino de Deus. Descanse na paz de Deus, papa emérito Bento XVI!
Peço que em todas as igrejas da arquidiocese de São Paulo sejam celebradas santas missas em sufrágio por Bento XVI nos próximos dias e o povo seja convidado a participar.
São Paulo, 31.12.2022 Cardeal Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo
Fonte: Vatican News
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Cardeal Steiner: Papa Bento XVI, “Um fiel seguidor de Jesus!”
Cardeal Steiner: “unidos a Papa Francisco, rezamos agradecidos pela vida e pelo ministério de Bento XVI e que ele seja recebido no amor da Trindade Santa”, pedindo que “ele possa participar da glória da Vida, do Amor, da Trindade”.
 “Papa Bento XVI foi um fiel seguidor de Jesus! Homem de Igreja!”, afirmou o cardeal Leonardo Steiner pouco depois da morte do Papa eleito aos 19 de abril de 2005. O arcebispo de Manaus lembrou que no momento da sua eleição, o Papa Bento apresentou-se como “simples humilde trabalhador na vinha do Senhor”, sentindo-se “consolado pelo fato do Senhor saber trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes”.
No momento da sua renúncia, anunciada aos 11 de fevereiro de 2013, “despediu-se, agradecido, como ‘simples peregrino iniciando a etapa final de sua peregrinação nesta terra’, que terminou no dia de hoje”, destacou o cardeal Steiner.
Da sua trajetória como Papa, ressaltou que “as catequeses, os escritos permanecem como ensinamentos, como obra teológica e catequética de inspiração”. Dom Leonardo definiu Bento XVI como “o Papa do amor!”, lembrando a Encíclica Deus caritas est, que “é um dos textos que acorda para a essência da vida humana, mas também da fé. Buscou apresentar os fundamentos da fé, especialmente ao retomar o mistério da encarnação e a fé como encontro”.
Dos encontros com o Papa Bento XVI, o arcebispo de Manaus ressaltou a sua afabilidade, que “permanece como sinal de sua personalidade, colegialidade e comunhão”. Em entrevista à Rádio Rio Mar da Arquidiocese de Manaus, ele lembrou um encontro com o Papa hoje falecido por ocasião da visita ad limina, sendo bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia. Naquele momento, dom Leonardo disse ter ficado impressionado com uma pergunta em relação aos povos indígenas: “eles têm terra suficiente?”.
O cardeal Steiner disse que depois até comentou com dom Pedro Casaldáliga, “dizendo que ele tem uma percepção, ele tem uma sensibilidade e ele sabe que a terra para os povos indígenas é essencial, é a casa, é o lugar, é a morada, é a terra, mas é mais do que a terra, é o lugar da vida, do encontro”. Por isso, o arcebispo de Manaus insistiu em relação ao Papa Bento XVI que “distante de todas essas questões, ele estava atento a questões tão importantes para os povos indígenas como era a questão da terra”.
Igualmente, o cardeal destacou em seu Ministério Petrino que “serviu à causa da paz, do ecumenismo, da dignidade da pessoa humana, na fidelidade ao Concílio Ecumênico Vaticano II”. Um Papa que “viveu em um tempo muito difícil, das denúncias de pedofilia, de abusos sexuais, e ele tentou dar passos, ele deu passos, ele buscou enfrentar a questão de maneira muito digna. Também foi ele que começou uma reforma profunda dentro do Banco do Vaticano, foram realmente momentos muito exigentes para um homem que era um intelectual”. Dom Leoanrdo insistiu em destacar que estamos diante da figura de “um grande Papa, nós somos muito agradecidos a Deus por ele ter dado Bento XVI”.
Após sua renúncia, “percebendo que não tinha mais condições de estar a frente da Igreja no Ministério Petrino”, dom Leonardo Steiner afirmou que o Papa Bento XVI “continuou a servir a Igreja como Papa Emérito estando em comunhão com Papa Francisco, oferecendo a sua vida pela Igreja”, destacando desse tempo de Papa emérito que “permaneceu ali, como alguém que é fiel à Igreja, como alguém que é obediente ao Papa Francisco, essa obediência colegial, essa obediência ministerial que ele expressou de maneira tão bonita”.
Finalmente, o cardeal Steiner afirmou que “unidos a Papa Francisco, rezamos agradecidos pela vida e pelo ministério de Bento XVI e que ele seja recebido no amor da Trindade Santa”, pedindo que “ele possa participar da glória da Vida, do Amor, da Trindade”. 
Fonte: Vatican News
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Schönborn: o Catecismo entre os grandes legados de Joseph Ratzinger
O cardeal arcebispo de Viena Christoph Schönborn recorda o projeto do Catecismo da Igreja Católica realizado em 1992 graças à inspiração e orientação de Ratzinger: uma obra destinada a se tornar um ponto de referência seguro para a fé em nosso tempo
Christoph Schönborn *
Entre os grandes legados do Papa Bento XVI está certamente o Catecismo da Igreja Católica. Nesta sede, eu me lembro com gratidão de suas recordações pessoais. É bem conhecido que o Vaticano II, diferentemente do Concílio de Trento, não tinha decidido publicar um Catecismo próprio do Concílio. Os documentos do Concílio, de certa forma, foram eles mesmos a grande catequese da Igreja. Vinte anos após o Concílio, muitos começaram a ver as coisas de maneira diferente. O Sínodo dos Bispos de 1985, entre suas propositiones, formulou uma que exortava o Papa a redigir um Catecismo do Vaticano II. Falava-se então de um compêndio, a expressão catecismo era evitada, não era bem recebida. A desorientação que foi sentida de muitas partes no período pós-conciliar foi decisiva para a formulação dos desiderata dos padres sinodais. Nesse sentido, uma conferência que o cardeal Ratzinger havia dado em Lyon e Paris sobre a "crise da catequese" havia desempenhado um papel importante. Esta explanação teve uma ressonância mundial.
O cardeal Ratzinger não somente abordou o tema da crise na proclamação da fé, mas também apresentou um programa para a renovação da catequese da Igreja. Sua referência tinha sido o Catecismo Romano de 1566 e sua preocupação era apresentar a fé da Igreja em toda sua beleza e de uma maneira não polêmica. De fato, é surpreendente que em um tempo repleto de controvérsia teológica, a Igreja tenha apresentado uma exposição da fé que renunciou totalmente à polêmica, confiando plenamente no poder irradiante da representação positiva da fé.
As conferências de Ratzinger em Lyon e Paris foram sem dúvida um forte impulso que encorajou os padres sinodais a pedir ao Papa João Paulo II que considerasse algo semelhante para o nosso tempo.
Em 1986, o Papa João Paulo II começou a realizar o pedido do Sínodo. Ninguém se surpreendeu que ele tenha confiado ao cardeal Ratzinger a liderança deste projeto. Certamente não preciso me lembrar das etapas deste percurso de seis anos. Foi formada uma comissão de 12 cardeais e bispos, com o cardeal Ratzinger na condução. Foi criado um comitê de redação, composto por sete bispos diocesanos; como professor em Friburgo, tive a honra de ser seu secretário.
Parece-me importante enfatizar o papel do cardeal Ratzinger na realização desta obra. Sua orientação, seu espírito, sua inspiração foram decisivos. A primeira e mais importante coisa é que ele acreditava neste projeto. Desde o primeiro dia, houve grande controvérsia quanto à razoabilidade, até mesmo quanto à viabilidade de um compêndio de fé válido para o mundo inteiro. A pluralidade de culturas e crenças religiosas parecia falar radicalmente contra ela. Ao invés disso, ele acreditava nesta possibilidade, com confiança e coragem, de que a unidade na fé também torna possível a expressão comum desta unidade. Com esta premissa orientadora, o trabalho começou. Um segundo ponto de partida que ele ofereceu para a realização do projeto foi a convicção de que os quatro pilares da catequese também eram fundamentais para os dias de hoje. Ele também indicou a ordem de sucessão: o Credo é o fundamento, desde os primeiros tempos da Igreja; os sacramentos são as portas pelas quais a graça entra em nossas vidas; os Dez Mandamentos são os pontos de referência seguros de uma vida feliz; o Pai-Nosso representa a medida e a forma original de todas as nossas orações. Eis aí a estrutura do livro da fé.
A terceira indicação foi decisiva para o estilo da obra. De fato, não devia repropor os debates teológicos, nem continuar as discussões. Sua tarefa era apresentar a doutrina da fé da maneira mais simples e clara possível. O Catecismo não era para tomar partido entre escolas teológicas, mas para oferecer tudo o que precede toda teologia e que é a base de toda teologia: o depositum fidei. Foi uma preocupação particular do cardeal Ratzinger ver a doutrina da fé como um todo orgânico, prestar atenção ao nexus mysteriorum, a conexão interna de toda doutrina da fé, sua sinfonia. O Catecismo não deveria se tornar uma estrutura doutrinária seca, abstrata, mas deveria revelar algo da beleza da fé. Sob sua orientação, constante encorajamento e paternidade espiritual, a obra cresceu para se tornar o que mais tarde se tornou com sua promulgação pelo Papa João Paulo II: um critério e um ponto de referência seguro para a fé em nosso tempo. O Catecismo continua sendo um grande testemunho do poder formativo do teólogo Joseph Ratzinger/Papa Bento.
* Cardeal arcebispo de Viena
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: Em Roma, a oração dos fiéis por seu bispo emérito
"Quando quiser, Deus se aproximará deste nosso irmão no sono da morte e lhe dirá: 'José, levanta-te; José, ressuscita'. E serão Cristo e sua Mãe a pegá-lo e conduzi-lo no paraíso, onde o sonho de uma vida se tornará a realidade da eternidade", disse o cardeal De Donatis em sua homilia.
Na Festa da Sagrada Família, os fiéis de Roma se reuniram para rezar por seu pastor emérito, Bento XVI.
Celebrada na Basílica de São João de Latrão, a missa foi presidida pelo cardeal Angelo de Donatis, que em sua homilia falou dos dois "Josés", o Esposo de Maria e Joseph Ratzinger:
"A festa da Sagrada Família, este ano, se caracteriza pelo abandono confiante do Esposo de Maria e, com ele, Bento XVI, cujo nome de Batismo é José, neste momento particular da sua vida.
Nós estamos aqui para acompanhá-lo com a nossa oração confiante, para ampará-lo com todo o nosso afeto, para expressar a Deus a gratidão desta diocese que ele amou tanto e serviu com desinteressado amor."
"Gostamos de pensar que o nosso bispo emérito 'José' agora segura a mão de São José, que o ajuda a manter sempre vivo o convite de Deus a não temer", disse ainda o cardeal.
“Quando quiser, Deus se aproximará deste nosso irmão no sono da morte e lhe dirá: 'José, levanta-te; Joseph, ressuscita'. E serão Cristo e sua Mãe a pegá-lo e conduzi-lo no paraíso, onde o sonho de uma vida se tornará a realidade da eternidade.”
Na missa, rezou pela seguinte intenção:
“Pelo Papa emérito Bento XVI. Que o Senhor o ampare e o console com a Sua presença nesta última etapa da sua peregrinação, para que seja testemunha de Cristo vitorioso, também no sofrimento, continuando a oferecer-se pelo bem da Igreja. Oremos.”
Fonte: Vatican News
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A biografia de Bento XVI
Jospeh Ratzinger recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de 1951. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de München e Freising. Em 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Paulo VI criou-o cardeal no Consistório de 27 de junho desse mesmo ano.
O cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, Diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927 (Sábado Santo), e foi batizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições econômicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.
Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilômetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido “mozarteano”, que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.
O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.
Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.
Até o mês de setembro de 1944 esteve alistado nos serviços auxiliares anti-aéreos.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de 1951.
Um ano depois, começou a sua atividade de professor na Escola Superior de Freising.
No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Passados quatro anos, sob a direcção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre “A teologia da história em São Boaventura”.
Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Regensburg, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.
De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como “perito”; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.
A sua intensa atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.
Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: “Colaborador da verdade”; assim o explicou ele mesmo: “Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade”.
Paulo VI criou-o cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de junho desse mesmo ano.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro. No mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema “Missão da família cristã no mundo contemporâneo”, e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre “A reconciliação e a penitência na missão da Igreja”.
João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981. No dia 15 de fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de abril de 1993.
Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.
Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de janeiro.
Desde 13 de novembro de 2000, era Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.
No dia 6 de fevereiro de 2013, durante o Consistório Ordinário Público para a canonização de alguns Santos, anunciou a decisão de renunciar ao ministério petrino com estas palavras: “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro”.
O seu pontificado se concluiu em 28 de fevereiro de 2013.
Em seguida, Bento XVI foi morar na Cidade do Vaticano, junto ao Mosteiro “Mater Ecclesiae”, como Papa Emérito.
Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, “Ecclesia Dei”, para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão do Código de Direito Canónico Oriental.
Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro “Introdução ao Cristianismo”, uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro “Dogma e Revelação” (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.
Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema “Por que continuo ainda na Igreja?”; com a sua habitual clareza, afirmou então: “Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja”.
No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista “Informe sobre a Fé” e, em 1996, “O sal da terra”. E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro “Na escola da verdade”, onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.
Recebeu numerosos doutoramentos “honoris causa”: pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polônia) no ano 2000.
Fonte: Vatican News
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Reflexão: Santa Maria, Mãe de Deus
Primeiro de janeiro, oitava de Natal, é celebrado o nome de Jesus dado ao pequeno recém-nascido, mas sobretudo é a solenidade de Maria, sua Mãe, como Mãe de Deus.
O nome Jesus significa Deus Salva e ele é o Príncipe da Paz. Por isso hoje é também comemorado o Dia Mundial da Paz!
Iniciamos o Ano Civil com a solenidade da maternidade divina, quando Maria dá à Humanidade aquele que é a bênção do Pai, a própria paz, Jesus Cristo!
A imposição do nome Jesus ao Menino, enfoca nessa criança todo o significado, todo o conhecimento das palavras vida e bênção. JESUS significa DEUS SALVA. Portanto esse Menino é a própria salvação, a própria bênção, a perfeita bênção, a paz. Como ele dirá mais tarde sobre si mesmo: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA.
A Humanidade que tanto desejava a bênção, a paz, a Vida, agora recebe todos esses dons nesse Menino, em Jesus.
Bênção é um voto de desejo de que a força de Deus venha sobre as pessoas que a recebem, para que saibam enfrentar os desafios que terão no ano que se inicia. E como é pronunciada sobre a pessoa, em nome de Deus, é certo que isso acontecerá pela força da vontade do próprio Deus. A fé em Deus, de saber-se amado por Ele, é importantíssima nesse momento.
Portanto, Jesus é a própria força de Deus, é a resposta ao nosso desejo de sermos amados pelo Pai, que – de fato – nos amou por primeiro.
Por outro lado, como a bênção não é magia, mas desejo do coração de Deus e do Homem, ela supõe compromisso da parte deste. É necessário que o Homem desejoso da bênção da paz, mude seu coração, deixe de lado a inveja, a cobiça, a maledicência. A paz só virá para um coração desprendido e ele será, onde estiver, artífice da paz.
Deus é nosso Pai e isso nos compromete a vivermos como filhos. O Evangelho nos diz que a salvação e a paz são frutos da humildade, da simplicidade de vida.
É importante que se diga que apesar de a bênção ter sido dita sobre nós em nome de Deus, no dia a dia nem tudo ocorrerá como desejamos. Quem espera que a bênção de Deus seja um ato mágico, supersticioso que nos livra de contrariedades, transforma Deus em um xamã, esquecendo-se de que Ele é Pai.
O autêntico cristão, aquele que crê que tudo colabora para o bem dos que são amados por Deus, sabe que o Pai é o Senhor da História, que nada acontece sem seu conhecimento e que tudo está sob seu poder. Seria muito estranho, muito humano se Deus protegesse apenas aqueles que buscam seu socorro.
Deus é Pai de todos, faz chover sobre os bons e os maus. A diferença está em que os humildes, aqueles que se reconhecem criaturas, sabem que tudo está nas mãos de Deus e n’Ele confiam. O modo de enfrentar uma situação difícil distingue quem tem fé e esperança e quem em nada crê.
Mais um tempo dado pelo Senhor para nos aprofundarmos na vivência de Seu amor e no serviço aos irmãos.
Feliz Ano Novo!
Fonte: Vatican News
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Em memória dos missionários assassinados
"As vidas das testemunhas não fazem recriminações, não culpam os outros pelo seu destino, como uma maldição. As testemunhas da fé não buscavam o martírio, tampouco eram arautos da obstinação religiosa. O oferecimento das suas vidas desabrochou até à oferta suprema, como milagre e reverberação do consolo, que o próprio Cristo proporciona a quem sofre em seu Nome."
Por Gianni Valente
Como em todos os fins de ano, a Agência Fides recorda a vida e o nome dos missionários e pessoas envolvidas nas obras pastorais da Igreja Católica: sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos, que foram assassinados nestes últimos doze meses.
No relatório de 2016 constava, entre outros, o nome do padre Jacques Hamel, degolado na sua igreja, em Rouen, na França, ao lado do altar da Eucaristia: seu processo diocesano de beatificação foi concluído, à espera que seu martírio seja reconhecido e proclamado.
No relatório de 2020, narra-se o fim da vida do padre Roberto Malgesini, sacerdote da região italiana da Lombardia, morto a facadas por uma das inúmeras pessoas por ele socorrida na gratuidade.
Nesse ano de 2023, o relatório redigido por Stefano Lodigiani, recorda a Irmã Marie-Sylvie Kavuke Vakatsuraki, a religiosa médica que foi morta na República Democrática do Congo por Jihadistas que atacaram o Posto de Saúde onde ele estava para operar uma mulher.
Dos relatórios anuais sobre os missionários assassinados publicados pela Agência Fides desde 1980, pode ser extraídas interessantes considerações do ponto de vista histórico, sociológico e estatístico. Mas, todos os anos, o que mais impressiona são os poucos dados biográficos de cada vítima e os curtos relatos de detalhes e circunstâncias das suas mortes violentas.
A maioria das vítimas foi assassinada, não durante missões de alto risco, mas enquanto estavam mergulhados nas vicissitudes de suas vidas diárias, em suas obras apostólicas, em suas ocupações e lidas costumeiras, no esquecimento de si próprios mas trabalhando pelo bem de todos, às vezes, de seus próprios carrascos. Suas mortes aconteciam, quase sempre, de sobressalto, por violências infundadas, por loucura ou por ingratidão atroz: suas vidas foram ceifadas por pessoas que haviam recebido cuidados e gestos de operosa caridade de suas vítimas. “Oderunt me gratis”, segundo o Salmo 69, uma expressão que também Jesus havia utilizado no Evangelho de São João, ou seja, pessoas que as odiavam sem motivo.
Todo sofrimento apostólico possui um mistério de participação e conformidade com a Paixão de Cristo. Na brutalidade, totalmente gratuita, de tantas mortes de missionários há um fio de ouro que liga suas vidas à Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor.
As testemunhas de fé, assassinadas por carrascos ocasionais, estão em união misteriosa com a salvação de Cristo dos homens e mulheres do seu tempo. Por isso, a Igreja jamais protestou pelas mortes de seus mártires. Pelo contrário, sempre os recordou como vencedores, reconhecendo que, nas suas tribulações, foram confortados por Cristo.
As vidas das testemunhas recordadas pela Agência Fides não fazem recriminações, não culpam os outros pelo seu destino, como uma maldição. As testemunhas da fé não buscavam o martírio, tampouco eram arautos da obstinação religiosa. O oferecimento das suas vidas desabrochou até à oferta suprema, como milagre e reverberação do consolo, que o próprio Cristo proporciona a quem sofre em seu Nome. Eis o significado de testemunhas: aqueles que atuam, concretamente, a obra incrível e gratuita, que Jesus e seu Espírito concederam durante suas vidas. Não se trata de “depoimentos” patrocinados, como promotores de uma ideia, pertença ético-espiritual ou campanhas de mobilização, inclusive as apresentadas com lemas para a “defesa” dos cristãos.
Observando as coisas, sob os umbrais da gratuidade, podemos perceber, com emoção e gratidão, a consonância genética e a confortadora afinidade eletiva, que unem os que morrem em missão e os batizados, que vivem a sua vocação apostólica no tempo presente e em suas condições, sem chegar ao ponto de ser incruentas. Todas essas testemunhas da fé oferecem seus corpos e colocam à disposição suas vidas humanas, para que se realize e brilhe a graça do Senhor, penhor do Paraíso.
Fonte: Vatican News
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Schevchuk: acredite que o perdão existe, e verás quantos fardos sairão de sua consciência
"Hoje dirijo a cada um de vós esta oração do Apóstolo Paulo: deixai-vos reconciliar com Deus! Aceite o perdão de nossos pecados e transgressões que nos foi dado pelo preço do sangue de nosso Salvador Jesus Cristo."
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é sexta-feira, 30 de dezembro de 2022, e o povo ucraniano está vivenciando o 310º dia da batalha desigual contra o invasor russo que veio para nossa terra com uma guerra em grande escala.
Hoje, a Ucrânia está se recuperando do ataque maciço de mísseis de ontem. De acordo com os resultados deste ataque, sabemos que o inimigo disparou pelo menos 69 mísseis de vários tipos contra a Ucrânia. Graças ao trabalho heróico de nossas Forças Antiaéreas, foram abatidos 54. Infelizmente, os que chegaram ao alvo novamente causaram grandes danos à infraestrutura essencial, ao nosso sistema energético. Novamente se encontram sem eletricidade muitas cidades e povoados ucranianas. A noite passada foi sempre muito turbulenta. Após um ataque maciço de foguetes noturnos, o inimigo atacou a Ucrânia com drones iranianos. Cerca de dez foram abatidos apenas nas regiões de Dnipropetrovsk e Zaporizhzhia, e sete foram para Kyiv. Graças a Deus, todos foram neutralizados, mas há novos estragos em vários pontos da nossa capital.
Há uma luta pesada no front. Nossas Forças Armadas repelem heroicamente os ataques de invasores russos, especialmente na região de Lugansk e na região de Donetsk. Mas esta manhã, graças a Deus e às Forças Armadas da Ucrânia, podemos dizer ao mundo inteiro que a Ucrânia está de pé! A está lutando! A Ucrânia está rezando!
Ao passarmos por esses tempos difíceis, sempre sonhamos com tempos melhores; lutando contra o invasor russo que semeia a morte, sonhamos em construir e nutrir a vida. E hoje quero novamente dirigir uma mensagem do Evangelho aos nossos jovens ucranianos. Nestes dias falamos sobre como preparar a bagagem de sobrevivência espiritual. Colocamos nesta mala três elementos mais importantes que ajudam a sobreviver nas circunstâncias mais difíceis: as três verdades mais importantes da fé cristã, as verdades salvadoras. Conversamos sobre o fato de que o Deus em que acreditamos é a Trindade das Pessoas que nos amam. Confessamos Deus que é Amor.
A segunda verdade que professamos é que nosso Deus está vivo. Podemos dizer a ele "Tu". Nós nos comunicamos com ele. Fala com ele, e ele fala conosco. Deus vivo tornou-se homem. Jesus Cristo, filho de Deus, padeceu na cruz, morreu e ressuscitou para nossa vida e nossa salvação. Portanto, a segunda verdade importante da fé cristã é a crença na ressurreição. Acreditamos que a morte não tem a palavra final na vida de uma pessoa.
A terceira verdade é que Cristo realmente salva. Ele está envolvido em nossas vidas. Só temos que aceitar essa ação salvadora do nosso Deus vivo com a nossa fé, temos que acreditar. E então essa salvação poderá atuar em nossa vida.
Além disso, hoje quero informar aos nossos jovens que existe perdão. Há perdão dos pecados. É o perdão dos nossos pecados que recebemos por um preço muito alto, pelo preço do sangue de nosso Deus salvador, crucificado e ressuscitado, pelo preço do sangue de nosso Salvador Jesus Cristo. Acredite que o perdão existe, e verás quantos fardos sairão de sua consciência.
Mas há duas condições para que esse perdão faça parte da nossa vida. Devemos aceitar este perdão. No momento em que a misericórdia de Deus, o perdão de Deus nos toca, é o momento do nosso batismo. Portanto, toda fé em nosso Deus amoroso, fé na ressurreição, fé na salvação que nos é oferecida em Cristo nos conduz ao batismo. Professamos apenas um batismo para o perdão dos pecados: aqueles pecados que cometemos após o Sacramento do Batismo são perdoados no Sacramento da Confissão.
A segunda verdade é que o perdão dos nossos pecados está limitado à nossa vida terrena. Portanto, devemos aproveitar, aceitar esse perdão antes de nossa morte. Nós, que na Ucrânia vivemos em constante e diário perigo de morte, devemos nos apressar porque não sabemos quando nossa jornada terrena terminará. Apresse-se em aceitar o perdão que o Senhor Deus nos dá. Este é o Sacramento da Reconciliação do homem com Deus, como o chama o Apóstolo Paulo. Ao pregar o Evangelho de Cristo, dirigia-se assim aos seus ouvintes: "Nós vos rogamos...: deixai-vos reconciliar com Deus!"
A Igreja transmite esta oração do apóstolo a todas as pessoas em todos os tempos e em todas as nações. Hoje dirijo a cada um de vós esta oração do Apóstolo Paulo: deixai-vos reconciliar com Deus! Aceite o perdão de nossos pecados e transgressões que nos foi dado pelo preço do sangue de nosso Salvador Jesus Cristo.
Deus abençoe a Ucrânia! Deus abençoe nossas meninas e meninos no front! Deus, toque com Sua mão salvadora nossos irmãos e irmãs nos territórios ocupados, nos campos de concentração e nas prisões russas. Deus, salve nossos sacerdotes- padre Ivan e padre Bohdan - presos pelo ocupante russo em Berdyansk. Deus, salve Seu povo e abençoe Sua herança diante do ataque mortal do inimigo! Deus, abençoe a Ucrânia com Sua paz celestial!
Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade, agora e para todo e sempre, amém!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
30.12.2022
Fonte: Vatican News
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RDC: cardeal Fridolin exorta compatriotas a participarem das eleições 2023
O arcebispo de Kinshasa, Fridolin Ambongo, ao falar sobre a iminente visita do Papa ao país, que vai ajudar a “retomar confiança no futuro”, lançou um convite aos seus compatriotas: “Registrar-se para votar é um dever cívico importante, um grande ato de responsabilidade”.
O próprio arcebispo de Kinshasa, cardeal Fridolin Ambongo, já registrou-se para as eleições a serem realizadas na República Democrática do Congo, em 2023. O purpurado congolês dirigiu-se a um centro da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), organizado em uma escola católica de Saint-Raphaël, para inserir seu nome nas listas eleitorais.
“Registrar-se é um dever cívico” 
Em uma mensagem de sensibilização e mobilização, o cardeal-arcebispo de Kinshasa afirmou que “as eleições sempre foram uma fonte de esperança para a população congolesa, um salto de qualidade no governo do país. A Igreja no Congo sempre participou da educação cívica e eleitoral, em particular, através da formação de observadores eleitorais; ela está ciente de que as boas eleições podem abrir novas perspectivas para o país e para a própria população. A inscrição nas listas eleitorais é um gesto simples, mas comporta consequências. Esta é uma oportunidade para que cada cidadão possa exercer seu direito de escolher seus governantes no período das eleições”.
Quanto aos candidatos, o arcebispo de Kinshasa faz seus auspícios: “Que sejam sérios e portadores de bons projetos sociais, pelo bem do país e da população, que sofre há mais de três décadas. A política é um projeto ético”.
Quanto à visita do Santo Padre ao país, o cardeal Fridolin Ambongo afirma que “será um estímulo e encorajamento para a população. Além das confissões religiosas, toda a população congolesa espera o Papa, pois a sua presença poderá ajudar a retomar confiança no futuro”.
Manter viva a esperança e preparar o futuro com responsabilidade 
O arcebispo de Kinshasa envia uma mensagem de esperança aos congoleses, em vista da visita do Papa Francisco, de 31 de janeiro a 3 de fevereiro próximos: “Os congoleses estão vivendo uma situação de extrema indigência, sofrimento, fome, matanças, sobretudo, no leste do país. Ali, as pessoas são despejadas de suas casas, expulsas do trabalho e da própria vida, por gente que não tem dó, tampouco amor pelo seu próximo. Além disso, há tensões e problemas nas regiões do oeste, no território de Kwamouth e arredores”.
Apesar da triste situação, o cardeal Fridolin convida “a população a não perder a esperança e a preparar seu futuro, com responsabilidade, porque para além das desilusões causadas pelo homem, Deus intervirá no fim do nosso caminho”.
Cuidar com os saques dos bens da Igreja 
Por outro lado, o cardeal-Arcebispo de Kinshasa expressa também sua preocupação pela “tendência de saques de terras” de Dioceses e Congregações religiosas, adquiridas antes da independência: “A Igreja é vítima de confiscos de terrenos, com base em certificados falsos, que acontece também com pessoas simples, que não podem se defender”. Segundo o Acordo entre a Santa Sé e a República Democrática do Congo, a Arquidiocese de Kinshasa entrou em contato com as autoridades locais, que lhe indicaram meios para resolver o problema.
Fonte: Vatican News
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Bento XVI: Encíclica a quatro mãos marcou passagem para o pontificado de Francisco
«Lumen Fidei» foi a primeira encíclica do atual Papa, encerrando trilogia sobre as virtudes teologais iniciada pelo seu antecessor
 A primeira encíclica do Papa Francisco, denominada ‘Lumen fidei’ (Luz da Fé), apresentada em julho de 2013, encerrou a trilogia iniciada por Bento XVI sobre as virtudes teologais (fé, esperança e caridade).
O falecido Papa emérito publicou em janeiro de 2006 a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor) e a segunda parte da trilogia, ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) foi assinada em 2007.
“Estas considerações sobre a fé – em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal – pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança”, sublinhava o atual Papa, na ‘Lumen Fidei’.
Francisco agradece ao seu predecessor por ter convocado um Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), que teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II.
“A fé não é só uma opção individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada entre o ‘eu’ do fiel e o ‘Tu’ divino, entre o sujeito autónomo e Deus, mas, por sua natureza, abre-se ao ‘nós’, verifica-se sempre dentro da comunhão da Igreja”, escreve.
A reflexão iniciada por Bento XVI e concluída por Francisco, que agradece o trabalho do seu predecessor neste texto, sustenta que a “profissão de fé” é mais do que concordar com “um conjunto de verdades abstratas”.
“Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De facto, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a ‘confirmar os irmãos’ no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho”.
A encíclica cita a obra ‘O Idiota’, do russo Dostoievski (1821-1881) para falar dos “efeitos destruidores da morte no corpo de Cristo”.
“É precisamente na contemplação da morte de Jesus que a fé se reforça e recebe uma luz fulgurante, é quando ela se revela como fé no seu amor inabalável por nós”, escreve Francisco.
Fonte: Agência Ecclesia
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Bento XVI: Conferências Episcopais recordam «magistério europeu» do Papa emérito
Bispos vão continuar a desenvolver preocupações sobre «raízes cristãs da Europa»
 O Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) manifestou hoje o seu pesar pelo falecimento do Papa emérito Bento XVI, recordando o seu “magistério europeu”.
“As intervenções de Bento XVI sobre a Europa foram múltiplas. Em particular, dirigindo-se aos presidentes das Conferências Episcopais da Europa reunidos no seu plenário em 2012, o Papa emérito tinha-os convidado a refletir «sobre a tarefa perene de evangelização com renovada urgência»”, assinala um comunicado da CCEE enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O arcebispo Gintaras Grusas, presidente da CCEE, assinala que o magistério que Bento XVI desenvolveu durante o pontificado, procurou enfatizar “as raízes cristãs da Europa” e destacar “um retorno necessário a Cristo e à evangelização para a construção de uma civilização do amor”.
Os bispos da CCEE “continuarão a desenvolver o Magistério Europeu de Bento XVI, na certeza de que só Cristo é esperança para uma Europa em conflito”.
O Papa emérito Bento XVI faleceu hoje aos 95 anos de idade, anunciou o Vaticano; Bento XVI, eleito em abril de 2005 para suceder a João Paulo II, tinha renunciado ao pontificado em fevereiro de 2013, mantendo uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano.
“A Presidência da CCEE junta-se à dor do Papa Francisco e pede a todos comunidades eclesiais na Europa para orações para acompanhar Bento XVI na sua última peregrinação e invocar o Céu do Senhor para o seu bom e fiel servo”, finaliza.
Fonte: Agência Ecclesia
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A trajetória do Papa Bento XVI em suas datas mais importantes
Desde seu nascimento em abril de 1927 até sua morte hoje, Joseph Ratzinger serviu à Igreja Católica até o fim. Aqui está uma retrospectiva da carreira do 265º sucessor de Pedro.
O artigo é estruturado da seguinte forma:
10 datas: desde seu nascimento até a véspera de sua eleição para o trono de Pedro
10 datas: desde sua eleição até a véspera de sua renúncia
10 datas: desde sua renúncia até sua morte
16 de abril de 1927: Joseph Ratzinger nasceu no Sábado Santo em Marktl-am-Inn, na diocese bávara de Passau. Ele foi batizado no mesmo dia. Seu pai, um oficial da gendarmaria, veio de uma antiga família de agricultores do sul da Baviera com circunstâncias econômicas muito modestas. Sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no Lago Chiem.
1941: Aos 14 anos de idade, Joseph Ratzinger é integrado à Juventude Hitleriana contra sua vontade. Em 1944, ele se recusa a aderir à Waffen-SS, argumentando que quer se tornar um padre.
29 de junho de 1951: Joseph Ratzinger é ordenado sacerdote junto com seu irmão Georg na Catedral de Freising pelo Cardeal Michael von Faulhaber. No ano seguinte, ele começa a lecionar na Universidade de Ciências Aplicadas Freising. Ele estudou filosofia e teologia na Universidade de Munique e mais tarde na Universidade Livre de Ciências Aplicadas, especializando-se no estudo da Bíblia e da liturgia. Em 1953 ele recebeu seu doutorado em teologia com uma tese sobre O Povo e a Casa de Deus na Doutrina da Igreja de Santo Agostinho. Em 1957, ele defendeu sua tese para sua qualificação como professor, intitulada La Théologie de l’histoire chez saint Bonaventure.
11 de outubro de 1962: Abertura do Concílio Vaticano II, durante o qual Joseph Ratzinger atua como especialista. Ele assiste o Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia, como conselheiro teológico. Sua intensa atividade científica o levou a assumir importantes responsabilidades dentro da Conferência Episcopal Alemã e da Comissão Teológica Internacional.
24 de março de 1977: Nomeação para a Arquidiocese de Munique e Freising pelo Papa Paulo VI. Ele escolheu como seu lema episcopal: “Cooperatores Veritatis” – colaborador da Verdade. Em junho do mesmo ano, Paulo VI o criou Cardeal-Priesto de Santa Maria Consolatrice al Tiburtino. No ano seguinte, ele conheceu Karol Wojtyla pela primeira vez, embora ele tivesse trocado livros com ele por vários anos.
25 de novembro de 1981: João Paulo II o nomeia Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional. Durante 23 anos, ele se reuniu com João Paulo II todas as sextas-feiras à noite para rever o trabalho da Congregação para a Doutrina da Fé.
Em 11 de outubro de 1992, ele promulgou o Catecismo da Igreja Católica. O Cardeal Ratzinger é presidente da comissão que trabalha desde 1986 nesta obra que resume a fé, o ensino e a moral da Igreja Católica. Em 1983, ele havia questionado o Catecismo Pedras Vivas, elaborado pela Conferência Episcopal Francesa, e denunciado “a grande miséria da nova catequese”.
6 de agosto de 2000: Publicação pela CDF da declaração Dominus Iesus, sobre a singularidade e a universalidade salvífica de Jesus e da Igreja. Esta declaração, escrita pelo Cardeal Ratzinger e seu secretário Tarcisio Bertone, reafirma que a Igreja Católica é a única fonte de salvação para a humanidade. Este texto visa eliminar certas ambiguidades relativas ao diálogo com outras religiões e tranquilizar aqueles que temiam que a reunião de Assis de 1986 promovesse o relativismo, uma forma de tolerância na qual todas as religiões são iguais.
25 de março de 2005: Uma semana antes da morte de João Paulo II, o Cardeal Ratzinger pinta um quadro sombrio da Igreja durante suas meditações e orações nas Estações da Cruz no Coliseu de Roma. O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé até compara a Igreja a um “navio afundando”.
19 de abril de 2005: Após um conclave que durou pouco mais de 24 horas, uma fumaça branca apareceu no teto da Capela Sistina, e o tradicional “Habemus Papam” anunciou aos fiéis que o Cardeal Joseph Ratzinger havia sucedido João Paulo II na Cátedra de Pedro, sob o nome de Bento XVI. Ele se torna o 265º Papa da Igreja Católica e mantém seu lema: “Ut cooperatores simus Veritatis” (“Que possamos cooperar na publicação da Verdade”).
13 de maio de 2005: Sem esperar o habitual período de 5 anos, Bento XVI lança a abertura da causa de beatificação e canonização de João Paulo II. Ele proclamou as virtudes heróicas de seu predecessor em 19 de dezembro de 2009 e o proclamou Beato em 1 de maio de 2011, diante de várias centenas de milhares de fiéis. O papa polonês foi beatificado em tempo recorde: 6 anos e 1 mês após sua morte. Bento XVI estará presente na Praça de São Pedro durante a canonização de João Paulo II pelo Papa Francisco em 7 de maio de 2014.
16 de agosto de 2005: Bento XVI preside a Jornada Mundial da Juventude, lançada por seu predecessor, que reúne 1 milhão de jovens de 193 países em Colônia, Alemanha. Ele celebrará a missa de encerramento da JMJ em Sydney em julho de 2008, assim como a de Madri em agosto de 2011.
25 de janeiro de 2006: Publicação da primeira encíclica de Bento XVI, Deus Caritas Est, na qual ele fala do “amor com o qual Deus nos enche e que devemos comunicar aos outros”. O segundo, Spe Salvi, sobre “esperança cristã”, foi publicado em 30 de novembro do ano seguinte. Finalmente, a terceira e última encíclica do Papa alemão, Caritas in Veritate, sobre o desenvolvimento integral do homem na caridade e na verdade, foi publicada em 7 de julho de 2009.
19 de maio de 2006: Após a investigação da Congregação para a Doutrina da Fé sobre acusações de abuso sexual contra o fundador dos Legionários de Cristo, Bento XVI pede ao Padre Marcial Maciel que renuncie “a todo ministério público” e que viva “uma vida reservada de oração e penitência”. Após um exame minucioso dos resultados de sua investigação canônica e por causa da “idade avançada e saúde precária” do acusado, a Congregação para a Doutrina da Fé decidiu renunciar a um julgamento canônico.
12 de setembro de 2006: Na Universidade de Regensburg, Bento XVI faz um discurso, e uma das suas sentenças, sobre a violência do Islã, provoca um debate acalorado no mundo muçulmano. Dois meses depois, por ocasião de sua viagem apostólica à Turquia, o pontífice se reuniu com o Grande Mufti Cagrici na Mesquita Azul, em Istambul.
7 de julho de 2007: Bento XVI publica o Motu proprio Summorum Pontificum, com o objetivo de liberalizar a celebração da missa de acordo com o missal promulgado por São Pio V e reeditado por João XXIII. Desse modo, ele deseja restaurar o lugar da liturgia latina da Igreja que, “em suas diversas formas, no decorrer de todos os séculos da era cristã, estimulou a vida espiritual de inúmeros santos” e “fortaleceu muitos povos na virtude da religião e fertilizou sua piedade”.
24 de janeiro de 2009: Bento XVI levantou a excomunhão dos quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X ordenados pelo Arcebispo Lefebvre em 1988. Com este ato, que responde ao segundo pré-requisito estabelecido pela Sociedade para iniciar um diálogo doutrinário com Roma (sendo o primeiro a liberalização da Missa de São Pio V), o Papa alemão “deseja consolidar as relações de confiança recíprocas, e intensificar e estabilizar as relações da Sociedade de São Pio X com a Sé Apostólica”.
17 de março de 2009: Em seu avião para Camarões, ao iniciar sua primeira viagem apostólica à África, o Papa, durante sua coletiva de imprensa, afirma que a distribuição de preservativos na África para lutar contra a AIDS não resolverá o problema, mas poderá, ao contrário, piorá-lo. Estas observações provocaram uma controvérsia. Um ano depois, em seu livro Lumière du Monde, o papa alemão disse que “em certos casos”, como o dos homens que se prostituem, seria permitido o uso de preservativos, “para reduzir os riscos de contaminação”.
19 de setembro de 2010: Em seu último dia no Reino Unido, o pontífice alemão beatifica o Cardeal John Henry Newman, um anglicano que se converteu à fé católica em 1845. Em 4 de novembro de 2009, Bento XVI assinou a Constituição Apostólica Anglicanorum Caetibus, que organiza uma estrutura canônica para acolher os anglicanos na Igreja Católica Romana, permitindo-lhes ao mesmo tempo manter suas tradições litúrgicas, espirituais e pastorais.
22 de dezembro de 2012: O Papa perdoa Paolo Gabriele, seu antigo mordomo, após quatro meses de detenção no caso Vatileaks. Gabriele havia sido condenado em 6 de outubro a 18 meses de prisão após ser considerado culpado do roubo agravado de documentos confidenciais dos apartamentos papais.
11 de fevereiro de 2013: Bento XVI anuncia a sua renúncia em 28 de fevereiro, citando sua “incapacidade de administrar adequadamente o ministério que lhe foi confiado”. Algumas horas antes do final de seu pontificado, da varanda do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, o Papa alemão declara que ele é “simplesmente um peregrino que inicia a última etapa de sua peregrinação nesta terra”. No seu retorno ao Vaticano, ele disse que continuaria a servir a Igreja, “principalmente através da oração”. Em 5 de julho do mesmo ano, Bento XVI juntou-se ao Papa Francisco na inauguração de uma estátua de São Miguel nos jardins do Vaticano. No mesmo dia, o Papa Francisco publicou sua primeira encíclica, Lumen Fidei. A encíclica, escrita em grande parte pelo Papa Emérito, contém “algumas contribuições posteriores” do novo pontífice.
22 de fevereiro de 2014: O Papa Bento XVI faz sua segunda aparição pública após sua renúncia, e sua primeira participação em uma cerimônia oficial presidida por seu sucessor, encontrando-se com o Papa Francisco na Basílica de São Pedro por ocasião de um consistório para a criação dos cardeais. Em 14 de fevereiro do ano seguinte, o papa alemão estará novamente presente na Basílica do Vaticano para o segundo consistório do papa argentino para a criação dos cardeais.
8 de dezembro de 2015: Bento XVI está presente quando o Papa Francisco abre solenemente a Porta Santa da Basílica de São Pedro, para marcar a abertura do Jubileu da Misericórdia. É a última aparição do papa alemão verdadeiramente pública. Em 28 de junho de 2016, Bento XVI aparece ao lado do Papa Francisco, diante de uma pequena audiência de sacerdotes e cardeais, por ocasião do 65º aniversário de sacerdócio do Papa Emérito, celebrado na Sala Clementina do Vaticano.
9 de setembro de 2016: Publicação da entrevista-livro intitulada Últimas Conversas, na qual o Papa emérito discute com o jornalista alemão Peter Seewald as razões de sua renúncia, os destaques de seu pontificado, a personalidade de seu sucessor, mas também muitos temas polêmicos, como o escândalo de Vatileaks, a reforma da Cúria, etc… Nela, ele nos assegura, em particular, que o Papa Francisco é “o homem da reforma prática”.
3 de outubro de 2017: O Papa Emérito prefacia a edição russa do volume de sua Opera Omnia dedicada à liturgia. A verdadeira causa da crise da Igreja, escreve ele, “está no obscurecimento da prioridade de Deus” na liturgia. O papa alemão deplora a “incompreensão da reforma litúrgica” que se seguiu ao Concílio Vaticano II, e por causa da qual a “atividade e criatividade” humana foi apresentada, fazendo as pessoas “esquecerem a presença de Deus”.
27 de dezembro de 2017: Em prefácio a um livro publicado para o 40º aniversário do sacerdócio do Cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, Bento XVI diz que o alto prelado defendeu as “claras tradições da fé, no espírito do Papa Francisco”. Como o Papa Francisco, explica o ex-pontífice, o Cardeal Müller também “procurou entender como eles podem ser vividos hoje”.
7 de fevereiro de 2018: Em uma carta ao jornal italiano Corriere della Sera, o pontífice emérito diz: “No lento declínio da força física, estou interiormente em peregrinação ao Lar. É uma grande graça para mim estar cercado por este último trecho de estrada, às vezes um pouco cansativo, por um amor e uma bondade que eu nunca poderia imaginar”.
12 de março de 2018: O Vaticano divulga um trecho de uma carta de Bento XVI observando a “continuidade interior” entre seu pontificado e o de seu sucessor. Entretanto, a publicação truncada desta carta causa uma controvérsia que culmina em 21 de março com a renúncia do Arcebispo Dario Edoardo Viganò ao cargo de Prefeito da Secretaria de Comunicação.
15 de janeiro de 2020 Em uma contribuição ao livro do Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, Des profondeurs de notre cour (Fayard), o Papa emérito faz um apelo a favor da manutenção do celibato dos padres na Igreja Católica. Publicado apenas alguns dias antes da exortação pós-sinodal sobre a Amazônia, este texto é percebido por alguns como uma interferência no pontificado do Papa Francisco. No final, ele não dirá nada sobre a ordenação do viri probati em sua exortação.
23 de janeiro de 2022: A Arquidiocese de Município-Freising publica um relatório sobre a responsabilidade dos líderes na gestão de casos de abusos cometidos por padres na arquidiocese entre 1945 e 2019, especialmente durante a época em que o então Cardeal Ratzinger era seu arcebispo (1977-1982). O pontífice emérito estaria implicado em quatro casos, mas nega ter qualquer conhecimento dos abusos em questão. Sua defesa, fortemente criticada na Alemanha, é apoiada pelo Vaticano.
31 de dezembro de 2022: Papa Bento XVI morre
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O testamento espiritual de Bento XVI
   A Santa Sé publicou o testamento espiritual do papa emérito Bento XVI:
29 de agosto de 2006
Meu testamento espiritual
Se nesta hora tardia de minha vida olho para trás, para os decênios que percorri, a primeira coisa que vejo é quantas razões tenho de agradecer. Agradeço antes de qualquer outro ao próprio Deus, o dispensador de todo dom bom, que me deu a vida e me guiou através de vários momentos de confusão, reerguendo-me sempre todas as vezes em que começava a escorregar e dando-me sempre de novo a luz de sua face. Retrospectivamente vejo e entendo que mesmo os trechos escuros e cansativos desse caminho foram para a minha salvação e que exatamente nesses Ele me guiou bem.
Agradeço a meus pais que me deram a vida em tempos difíceis e que, ao custo de grandes sacrifícios, com seu amor, me prepararam uma moradia magnífica que, como luz clara, ilumina meus dias até hoje. A fé clarividente de meu pai ensinou a nós, os irmãos, a acreditar e serviu de guia em meio a todo o meu conhecimento científico; a devoção sincera e a grande bondade de minha mãe representam uma herança pela qual não posso agradecer o suficiente. Minha irmã tem me servido desinteressadamente e com preocupação por décadas; meu irmão, com a lucidez de seus juízos, sua vigorosa resolução e serenidade de coração, sempre aplainou o caminho para mim; sem aquela sua precedência e acompanhamento contínuos não poderia ter encontrado o caminho certo.
De coração agradeço a Deus pelos tantos amigos, homens e mulheres, que Ele sempre pôs ao meu lado; pelos colaboradores em todas as etapas do meu caminho; pelos mestres e alunos que Ele me deu. Confio-os todos, agradecido, à Sua bondade. E quero agradecer o Senhor pela minha bela terra nos pré-alpes bávaros, na qual sempre vi transparecer o esplendor do próprio Criador. Agradeço ao povo da minha terra porque neles sempre pude experimentar de novo a beleza da fé. Rogo para que a nossa terra permaneça uma terra de fé e peço a vós, caros compatriotas: não vos deixeis desviar da fé. E finalmente agradeço a Deus por tudo de belo que pude experimentar em todas as etapas do meu caminho especialmente, porém, em Roma e na Itália que se tornou minha segunda pátria.
A todos aqueles a quem de algum modo tenha feito mal, peço perdão de coração.
Aquilo que antes disse aos meus compatriotas, digo agora a todos aqueles que na Igreja foram confiados a meu serviço: permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Frequentemente parece que a ciência _as ciências naturais, por um lado e a pesquisa histórica (em particular a exegese da Sagrada Escritura) de outro_ são capazes de oferecer resultados incontestáveis em contraste com a fé católica. Vivi as transformações das ciências naturais de há longo tempo e pude constatar como, ao contrário, desapareceram as certezas contra a fé, demonstrando ser não ciência, mas interpretações filosóficas apenas aparentemente derivadas da ciência; assim como, por outro lado, é no diálogo com as ciências naturais que também a fé aprendeu a compreender melhor o limite do alcance de suas afirmações e, portanto, de sua especificidade.  
São já sessenta anos que acompanho o caminho da teologia em particular das ciências bíblicas, e com o suceder-se das diversas gerações vi ruir teses que pareciam indestrutíveis, demonstrando ser simples hipóteses: a geração liberal (Harnack, Jülicher etc), a geração existencialista (Bultmann etc.), a geração marxista. Vi e vejo como do emaranhado das hipóteses emergiu e emerge novamente a razoabilidade da fé. Jesus Cristo é verdadeiramente o caminho, a verdade e a vida _ e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é verdadeiramente Seu corpo.
Enfim, peço humildemente: rezai por mim, para que o Senhor, não obstante todos os meus pecados e insuficiências, me acolha na morada eterna. A todos aqueles que me estão confiados, dia a dia vai de coração minha oração.
Benedictus PP XVI
Fonte: ACIDigital
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Do dia 31/12/2022
Em sintonia com Papa Francisco, Igreja no Brasil une-se em oração pelo Papa emérito Bento XVI
Na Igreja no Brasil, inúmeras tem sido as manifestações de carinho e oração pela saúde do Papa Emérito, Bento XVI, de 95 anos, que está gravemente doente como comunicou o Papa Francisco no final da Audiência Geral da última quarta-feira (28).
    “Uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI, que no silêncio está sustentando a Igreja. Recordemos, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim”, exortou Francisco.
Saúde do Papa Emérito
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informou na tarde desta sexta-feira, 30, que “ontem à noite o Papa emérito pôde descansar bem. Ontem à tarde também participou da celebração da Santa Missa em seu quarto. Atualmente, sua condição é estável”.
No Brasil, os bispos da Conferência Episcopal acolheram o chamado feito por Francisco e convocaram os fiéis a se unirem em oração pela saúde de Bento XVI. Em várias dioceses e arquidioceses, como a arquidiocese de Brasília, as dioceses de São João del-Rey e Umuarama, entre outras, seus pastores pediram orações ao Papa Emérito.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, emitiu um comunicado convidando as comunidades de fé a se unirem para rezar.
    “Em sintonia com o que nos pede o amado Papa Francisco, a Igreja dedica preces pelo Papa Emérito Bento XVI, que serena e corajosamente enfrenta as dores da enfermidade”, afirma
O presidente da CNBB acrescentou: “O testemunho de fé do Papa Emérito, nos limites impostos pela idade, muito ensina sobre a força interior daqueles que professam a fé cristã católica com autenticidade. Em comunhão com o Papa Francisco, rezemos juntos por Bento XVI, inspirando-se no seu testemunho, na sua fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo.”
O arcebispo de Campo Grande (MS), dom Dimas Lara Barbosa, também pediu que os fiéis rezem pelo pontífice e sugeriu uma oração. “Pela nossa Arquidiocese, unida a toda a Igreja no mundo, recomendo algumas ações, tais como inclusão desta intenção especial na oração dos fiéis em todas as missas, momentos de adoração, reza do terço pelas diversas expressões pastorais de cada paróquia, dentre outras”, destacou.
    Sugestão de oração oferecida por Dom Dimas:
    Oremos pelo Papa Emérito Bento XVI, neste momento de fragilidade em sua saúde, suplicando ao nosso Bom Deus por seu conforto espiritual; e que Nossa Senhora da Abadia seja presença constante a seu lado, nesses momentos de dor.
Dom Dimas também gravou um vídeo no qual conta um pouco da experiência com o Papa Emérito. Veja:
Missa pela saúde
Nesta sexta-feira, 30 de dezembro, às 21h30 (horário de Brasília), a diocese de Roma organiza uma Missa na Basílica São João de Latrão, para rezar por Bento XVI. A celebração será transmitida ao vivo, sem comentários em português, no site e nos canais do Vatican News no facebook e no youtube.
O mundo unido em oração
Nesta sexta-feira, 30 de dezembro, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informou que “ontem à noite (29) o Papa emérito pôde descansar bem. Ontem à tarde também participou da celebração da Santa Missa em seu quarto. Atualmente, sua condição é estável”.
No Mater Ecclesiae - O Papa Emérito Bento XVI, que completou 95 anos em 16 de abril passado, mora no Mosteiro Mater Ecclesiae, nos jardins do Vaticano, desde sua renúncia em fevereiro de 2013. Ele é assistido pelas consagradas Memores Domini e pelo seu secretário pessoal, dom Georg Gänswein, que ao longo dos anos sempre falou de uma vida passada em oração, música, estudo e leitura. Fonte: CNBB
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Olhar 2022: O caminho percorrido pela Igreja no Brasil rumo ao Sínodo 2024
A Igreja está envolvida no processo da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Convocado pelo Papa Francisco e aberto em 2021, esse caminho de escuta seguiria até 2023, mas foi estendido até 2024. E a Igreja no Brasil esteve mobilizada durante este ano, envolvendo-se nas iniciativas de cada etapa do Sínodo 2021-2024.
Confira as principais ações relacionadas ao Sínodo promovidas neste ano de 2022:
JANEIRO
Logo no início do ano, ao apresentar as perspectivas pastorais para 2022, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abordou o Sínodo 2021-2024. O bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, destacou, na ocasião, que o grande valor desse acontecimento para a Igreja está no processo de realização:
“Ele deverá marcar a Igreja por uma experiência muito rica que é a capacidade de nos ouvirmos uns aos outros e testemunharmos ao mundo, que a Igreja tem uma capacidade incrível de escuta, que é possível e viável ouvir, tecer a escuta mútua, a tomada de decisão a partir das diferentes visões”, projetou.
FEVEREIRO
A Equipe Nacional de Animação do Sínodo realizou, desde 2021, várias reuniões virtuais. No primeiro encontro de 2022, realizado no mês de fevereiro, os integrantes partilharam como têm vivido a experiência do Sínodo a partir de seu local de atuação, materiais de apoio e ideias para motivar o processo de escuta nas Igrejas particulares.
MARÇO
Novamente reunida, a Equipe de Animação do Sínodo realizou, em 21 de março, uma preparação dos encontros com as macrorregiões previstos para realização a partir da semana seguinte, com o objetivo de animar o processo sinodal. Durante os encontros, foi possível tecer algumas propostas e indicações sobre a preparação da síntese diocesana.
 
JULHO
O dia 31 de julho marcou o prazo final de envio da síntese diocesana à CNBB. Antes, em maio, foram divulgadas orientações sobre a padronização do formato do documento.
Por todo o país, as Igrejas particulares promoveram celebrações para marcar a conclusão da fase diocesana do Sínodo e render ação de graças pelo exercício da escuta e pelos passos no sentido da sinodalidade.
AGOSTO
Com a conclusão da fase diocesana, foi o momento de a Equipe Nacional de Animação do Sínodo consolidar o material recebido das dioceses e sintetizar as escutas. Entre os dias 8 e 12 de agosto, os membros estiveram reunidos na sede da CNBB, em Brasília, para essa tarefa.
Chegaram à CNBB cerca de 200 contribuições das Igrejas Particulares, o que representa 70% das dioceses brasileiras. A equipe, a partir das orientações da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, reuniu as contribuições elaboradas por cada Igreja Particular em um único e breve documento de 10 páginas.
Para divulgar alguns dos destaques presentes nas sínteses diocesanas, a Assessoria de Comunicação da CNBB produziu uma série de entrevistas com os membros da Equipe de Animação do Sínodo 2023. Todos os vídeos estão disponíveis no canal da CNBB no Youtube.
SETEMBRO E OUTUBRO
No final de setembro, especialistas de todo o mundo estiveram reunidos em Frascati, um local próximo de Roma, para elaborar o documento da etapa continental do Sínodo. No dia 16 de outubro, o Papa Francisco anunciou a realização da assembleia sinodal em duas etapas: a primeira de 4 a 29 de outubro de 2023 e a segunda em outubro de 2024.
De acordo com a Santa Sé, esta decisão decorre do desejo do Papa de que o tema da Igreja Sinodal, devido à sua amplitude e importância, possa ser objeto de um discernimento prolongado não só pelos membros da Assembleia Sinodal, mas por toda a Igreja. Além disso, esta escolha está em continuidade com o atual percurso sinodal, ao qual o próprio Papa referiu-se. O Sínodo não é um acontecimento, mas um processo, no qual todo o Povo de Deus é chamado a caminhar juntos em direção àquilo que o Espírito Santo o ajuda a discernir como sendo a vontade do Senhor para a sua Igreja.
NOVEMBRO
Com a abertura da etapa continental do Sínodo 2021-2024, o Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho (Celam) reuniu uma comissão com responsáveis pela comunicação nas Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe e em outras redes e instituições do continente e membros da comissão de comunicação do Sínodo sobre Sinodalidade e do Centro para a Comunicação do Celam. Esse encontro teve o objetivo de criar um espaço de encontro e diálogo sobre a fase continental do Sínodo da Sinodalidade e suas implicações para aqueles que lideram os processos de comunicação na Igreja da América Latina e do Caribe.
DEZEMBRO
Neste último mês do ano, a Equipe Nacional de Animação do Sínodo enviou às dioceses um comunicado com orientações sobre a fase continental. Essa etapa incluirá uma nova escuta às dioceses, dessa vez tendo como principais envolvidos o bispo diocesano e a Equipe sinodal diocesana. Os passos podem ser conferidos aqui.
Também foi divulgado um vídeo no qual são destacados o envolvimento das dioceses na primeira fase e as orientações para a etapa continental.
Fonte: CNBB
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“Juntos” é o nome da paz em 2023, destaca o Papa na Mensagem para o 56º Dia Mundial da Paz
 “É hora de pararmos um pouco para nos interrogar, aprender, crescer e deixar transformar”: este é o convite do Papa Francisco contido na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2023, celebrado em 1º de janeiro.
O tema escolhido pelo Pontífice é “Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, recomecemos a partir da Covid-19 para traçar sendas de paz”. Passados três anos, é justamente a experiência da pandemia o fio condutor da mensagem.
“A Covid-19 precipitou-nos no coração da noite, desestabilizando a nossa vida quotidiana, transtornando os nossos planos e hábitos, subvertendo a aparente tranquilidade mesmo das sociedades mais privilegiadas, gerando desorientação e sofrimento, causando a morte de tantos irmãos e irmãs.”
Os efeitos foram de longa duração: além do luto, o vírus causou um mal-estar generalizado, ameaçou a segurança laboral de muitas pessoas, agravou a solidão em nossas sociedades, fez aflorar contradições e desigualdades e fragilidades.
Então vem a pergunta: “O que é que aprendemos com esta situação de pandemia?”.
Francisco não tem dúvidas: “A maior lição que Covid-19 nos deixa em herança é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro, ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém pode salvar-se sozinho”.
Por conseguinte, é urgente buscar e promover, juntos, os valores universais que traçam o caminho desta fraternidade humana.
A própria pandemia favoreceu atitudes positivas, como um regresso à humildade; uma redução de certas pretensões consumistas; um renovado sentido de solidariedade, bem como um empenho, “em alguns casos verdadeiramente heroico”, de muitas pessoas que se doaram para que todos conseguissem superar do melhor modo possível o drama da emergência.
O segredo, aponta o Papa, está na palavra “juntos”.
“Com efeito, é juntos, na fraternidade e solidariedade, que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos. De fato, as respostas mais eficazes à pandemia foram aquelas que viram grupos sociais, instituições públicas e privadas, organizações internacionais unidos para responder ao desafio, deixando de lado interesses particulares.”
Mas quando o mundo ainda se recuperava do trauma, eis que outro fato colocou a humanidade à dura prova: a guerra na Ucrânia. Francisco fala de “desgraça”, “flagelo” que, diferentemente da Covid, foi pilotado por “opções humanas culpáveis”. A guerra ceifa vítimas inocentes e suas consequências vão além fronteiras, como demonstram o aumento do preço do trigo e energia.
“Não era esta, sem dúvida, a estação pós-Covid que esperávamos ou por que ansiávamos”, lamenta o Pontífice, definindo a guerra uma “derrota da humanidade” para a qual ainda não há vacina.
“Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque o primeiro não provem de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado.”
E vem a última pergunta: “Que fazer?”
Antes de mais nada, deixar que Deus transforme nossos corações. E depois, pensar em termos comunitários. Não existe mais o espaço dos nossos interesses pessoais ou nacionais, mas “é hora de nos comprometermos todos em prol da cura de nossa sociedade e do nosso planeta”.
Outra lição deixada pela pandemia é que as crises morais, sociais, políticas e econômicas estão interligadas. “E assim somos chamados a enfrentar, com responsabilidade e compaixão, os desafios do nosso mundo.”
E os desafios, infelizmente, não são poucos: guerras, alterações climáticas, desigualdades, desemprego, migração e o “escândalo dos povos famintos”.
“Compartilho estas reflexões com a esperança de que, no novo ano, possamos caminhar juntos valorizando tudo o que a história nos pode ensinar”, conclui o Santo Padre, fazendo os melhores votos aos Chefes de Estado e de Governo, aos Responsáveis das Organizações Internacionais, aos líderes das várias religiões.
“Desejo a todos os homens e mulheres de boa vontade que possam, como artesãos de paz, construir dia após dia um ano feliz! Maria Imaculada, Mãe de Jesus e Rainha da Paz, interceda por nós e pelo mundo inteiro.”
Fonte: CNBB
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Quem organizou o calendário como nós o temos hoje em dia?
De que forma foi planejado o Calendário como nós o temos hoje em dia, ou seja, o ano dividido em meses e os meses em semanas?
Escrito por Pe. Inácio de Medeiros, C.Ss.R
Antes da fundação da cidade de Roma, a região onde ela está localizada, sobre sete colinas, era ocupada por algumas tribos latinas, que dividiam o ano em períodos, nomeados de acordo com seus deuses.
A chegada dos romanos provocou uma mudança nessa estrutura. No princípio dessa importante e poderosa civilização, o ano era organizado em dez meses, começando sempre pelo mês chamado de Martius, nosso março atual. Os outros dois meses que completaram os doze atuais foram acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma, que governou por volta de 700 a.C. 
Importante saber que os romanos não davam nomes apenas para os meses, mas também para alguns dias especiais. O primeiro dia de cada mês se chamava Calendae, no latim, significando "dia de pagar as contas". Vem daí a palavra calendário. Além disso, havia outros dias especiais: Um era chamado de Idus, marcando o meio do mês. O outro chamava-se Nonae, correspondendo ao nono dia antes de Idus. Ainda hoje nós nos referimos ao passado como “os tempos idos”, originários deste nome.
Mas essa era apenas uma das confusões do calendário romano, pois até o imperador Júlio César (+46 a.C.) reformar o calendário, os meses eram sincronizados com o movimento da lua, como hoje ainda acontece nos países muçulmanos, mas as festas relacionadas aos deuses eram designadas pelas estações. 
E havia ainda um descompasso de dez dias por ano. A confusão era solucionada com a inclusão de um décimo terceiro mês a cada três anos. Esse mês era chamado de Intercalaris, que deu origem à atual palavra intercalado. Com a ajuda de matemáticos vindos do Egito, Júlio César acabou com essa bagunça, estabelecendo os seguintes meses no calendário, que não era mais lunar, mas agora organizado pelo sol: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December.
Ai já chegando bem perto que do que temos hoje, com as diferenças de Quinctilis e Sextilis, que deram origem ao meses de julho e agosto. Ao adotar o calendário solar, em 44 a.C., Júlio César criou o ano de 365 dias e um quarto. Por causa dessa diferença, a cada quatro anos era necessário atualizar as horas acumuladas com um dia extra. O problema do então chamado calendário juliano é que, na verdade, um ano tem 11 minutos e 14 segundos a menos do que se estimava.
Pra resolver de vez a questão, em 1582, o papa Gregório XIII (+1585), usando da força e do prestígio da Igreja, anulou dez dias do calendário e determinou que os anos que terminassem em 00 só seriam bissextos os divisíveis por 400. 
E também o nome "bissexto" tem uma explicação curiosa: em Roma, celebrava-se o dia extra no sexto dia de março, que era contado duas vezes. É por isso também que, a cada quatro anos, o mês de fevereiro tem 29 dias, para compensar a somas dessas horas a mais.
Pe. Inácio de Medeiros, C.Ss.R 
Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida.
Fonte: A12.com
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Condição de saúde de Bento XVI é estável
No final da Audiência Geral desta quarta-feira, destacando-se do texto escrito, Francisco, olhando para os presentes na Sala Paulo VI, confiou-lhes uma intenção muito precisa: "Uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI, que no silêncio está sustentando a Igreja". "Recordemos, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim".
Respondendo às perguntas dos jornalistas, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informou na tarde desta sexta-feira, 30, que "ontem à noite o Papa emérito pôde descansar bem. Ontem à tarde também participou da celebração da Santa Missa em seu quarto. Atualmente, sua condição é estável".
Para a tarde desta sexta-feira, a Diocese de Roma organiza uma Missa a ser celebrada às 17h30 (horário local) na Basílica São João de Latrão, para rezar por Bento XVI. A celebração será transmitida ao vivo, sem comentários em português, em nosso site e nos canais do Vatican News no facebook e no youtube.
Na quarta-feira - quando o mundo soube da criticidade das condições do Papa emérito durante a Audiência Geral a partir das palavras do Papa Francisco - o próprio Bruni declarou que o agravamento se devia à idade avançada e à supervisão dos médicos. O Papa Francisco visitou Bento XVI no Mosteiro Mater Ecclesiae para se unir a ele em oração.
Fonte: Vatican News
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A oração dos católicos da Ásia pelo Papa Emérito Bento XVI
O presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, Cardeal Charles Bo, arcebispo de Yangon recorda: "seu testemunho continua a abençoar a Igreja". Orações pelo Papa Emérito também na das Comunidades católicas na China e da Índia
Nas últimas horas muitas comunidades em toda a Ásia aceitaram o convite do Papa Francisco para uma "oração especial" pelo Papa Bento XVI, cujo estado de saúde se agravou nas proximidades do Natal. Após o último comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé sobre seu estado de saúde, “lúcido e alerta, embora seu estado continue grave, a situação no momento é estável”, continua a corrente de oração iniciada pelo Papa Francisco.
Cardeal Charles Bo
De Mianmar, o Arcebispo de Yangon, Card. Charles Bo, presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas, convidou todos os fiéis a "rezar por este homem santo, cujo testemunho ainda hoje continua a abençoar a Igreja. Sua contribuição para o Concílio Vaticano II", continua o Cardeal , "seu forte apoio à missão de João Paulo II e sua argúcia intelectual são contribuições memoráveis para a Igreja de hoje. Ele permaneceu fiel à tradição e aos ensinamentos da Igreja. Que a proteção da Virgem Maria continue a consolá-lo e abençoá-lo com o dom da saúde".
Comunidades católicas chinesas
Também as comunidades católicas chinesas estão orando por Bento XVI, recordando com gratidão sua Carta aos católicos chineses de 2007. Um dos primeiros a relançar o convite do Papa Francisco, ontem, foi o Card. Joseph Zen em seu perfil no twitter, mas também muitos fiéis o compartilharam no Weibo, a rede social chinesa. Enquanto no xinde.org - o site que é um ponto de referência importante para as comunidades católicas na China continental - mostra uma imagem do Papa Bento XVI com a oração apresentada pelo Vatican News.
Índia
Na Índia, o cardeal Anthony Poola, Arcebispo de Hyderabad, enviou uma mensagem aos fiéis, convidando-os a rezar pelo Papa Emérito. "Eu o admiro por três razões: 1) sua síntese de ser um estudioso e um pastor. Como teólogo, sua obra sobre Jesus de Nazaré é maravilhosa. Mas também tem o coração de um pastor. 2) Seu amor pela Igreja: ele nunca aceitou compromissos sobre seus valores. 3) Sua coragem em deixar o papado. Com grande humildade, ele teve a firmeza de dizer 'não' quando esta tarefa se tornou pesada demais para ser realizada. Ontem e hoje lembrei-me com afeto do Papa Emérito na celebração eucarística e rezei por ele para que o Senhor o console e o sustente".
Fonte: Vatican News
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Pelé: "Deus me deu o dom de saber jogar futebol"
"Deus me deu o dom de saber jogar futebol, porque realmente é só um dom de Deus. Meu pai me ensinou a usá-lo, me ensinou a importância de estar sempre pronto e treinado, e que além de jogar bem, devia ser também um homem." A declaração foi publicada pelo jornal vaticano em 2009.
Quem foi melhor: Pelé ou Maradona?
Em seus quase 10 anos de pontificado, o Papa ouviu e fez esta pergunta inúmeras vezes quando encontrou com brasileiros em suas audiências.
A opinião de Francisco não conhecemos, mas sabemos do valor que o Pontífice atribui ao esporte, assim como os seus antecessores que se encontraram com Pelé.
Francisco não teve a ocasião, mas ganhou do Rei, em 21 de fevereiro de 2014, uma camiseta da seleção brasileira autografada com os dizeres: "Para o Papa Francisco, com respeito e admiração. Edson Pelé".
Na Alemanha, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em 20 de agosto de 2005 Bento XVI recebeu Pelé por ter sido escolhido pela prefeitura como "embaixador" do evento. "Parece que a gente está falando mais perto de Cristo quando é abençoado pelo Papa. Ele pegou nas minhas mãos e falou assim: 'O esporte é muito importante para o ser humano. Foi uma benção maravilhosa."
Em seus 82 anos de vida, o Rei ainda foi recebido por dois santos: São João Paulo II e São Paulo VI.
O jornal vaticano, L'Osservatore Romano, publicou em sua edição de 9 de julho de 2009, a seguinte declaração:
"Deus me deu o dom de saber jogar futebol, porque realmente é só um dom de Deus. Meu pai me ensinou a usá-lo, me ensinou a importância de estar sempre pronto e treinado, e que além de jogar bem, devia ser também um homem.
De certos valores tive ainda o privilégio de falar com três Papas. Com efeito, me considero um homem muito abençoado porque pude encontrar e receber a bênção de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Daqueles encontros guardo com prazer as fotografias que o Vaticano me enviou. Com esses três Pontífices pude falar da minha vida e de Deus. Foram momentos muito importantes para mim, que ficaram no coração."
Fonte: Vatican News
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Adeus ao Rei Pelé
O futebol perdeu nesta quinta-feira (28/12) o maior jogador de todos os tempos. O Brasil perdeu o maior ídolo de sua história. A imprensa brasileira e do mundo inteiro destaca que mundo perdeu Pelé, o Rei do futebol.
Edson Arantes do Nascimento, mais simplesmente Pelé, faleceu às 15h27 desta quinta-feira aos 82 anos, após um período de internação no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Pelé não resistiu a complicações de um câncer no cólon e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Ele foi internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 29 de novembro para uma reavaliação do tratamento por quimioterapia
No último boletim divulgado, em 21 de dezembro, os médicos afirmaram que o câncer de cólon havia progredido e que o rim e coração de Pelé exigiam cuidados. Segundo informações da Imprensa brasileira o velório de Pelé será realizado na Vila Belmiro, estádio onde jogou durante quase 20 anos. Ele será enterrado no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, onde o Rei do futebol tinha um espaço reservado desde 2003.
Ele passou para a história da Seleção brasileira onde marcou 95 gols. Defendeu o Santos por quase 20 anos e conquistou três Copas do Mundo, em quatro participações.
Edson Arantes do Nascimento nasceu na cidade mineira de Três Corações em 23 de outubro de 1940. No entanto, passou boa parte de infância e adolescência em Bauru, no interior de São Paulo. Foi lá que o grande jogador de futebol começou a jogar, influenciado pelo seu pai, Dondinho.
Depois, Pelé fixou residência em Santos, mas virou um autêntico cidadão do mundo jogando futebol. Primeiro, como jogador profissional. Depois da aposentadoria, em razão de compromissos como garoto-propaganda e embaixador do esporte.
Pelé fez o Santos e a seleção virarem gigantes Conhecido como o "Rei do Futebol" e o "Atleta do Século". Ao longo da carreira, fez mais de 1200 gols, entre jogos do Santos, da seleção brasileira e do New York Cosmos (EUA), seu último clube.
São Paulo decretou 7 dias de luto oficial.
O monumento do Cristo Redentor ficará iluminado nas cores do Brasil durante toda a noite desta quinta-feira, a partir das 18h, em homenagem ao atleta do século, que encantou o mundo inteiro em vida e sempre será uma grande inspiração a todos os brasileiros, destaca um comunicado  do Santuário Cristo Redentor.
Fonte: Vatican News
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“O caminho de Pedro", itinerário espiritual nas pegadas do Apóstolo
Teve início na última quinta-feira, na Basílica de Santa Cecília, em Roma, um percurso em sete etapas pelos lugares por onde passou o Príncipe dos Apóstolos. O caminho de fé, que começou com uma meditação de monsenhor Marco Frisina e se concluirá em junho de 2023, realiza-se por desejo do cardeal Angelo De Donatis e do cardeal Mauro Gambetti
Os Atos dos Apóstolos ou o texto apócrifo de "Os Atos de Pedro" são as fontes a partir das quais se realiza o itinerário espiritual, durante sete etapas mensais, à descoberta dos lugares por onde São Pedro passou durante sua permanência em Roma.
O ponto de partida da peregrinação, na tarde desta quinta-feira, 29, foi a Basílica de Santa Cecília, onde foi recordado o desembarque de Pedro na cidade Eterna. Após o rito da claraboia e a leitura da Palavra de Deus, monsenhor Marco Frisina fez sua catequese. A seguir, houve um momento de oração e uma visita guiada à Basílica.
Objetivos do "caminho" de fé 
"O Caminho de Pedro" é uma iniciativa pastoral conjunta, segundo as orientações do Papa Francisco, em vista da perspectiva sinodal e da sinergia entre o Vicariato da Diocese de Roma e o Vicariato da Cidade do Vaticano.
Os cardeais Angelo De Donatis e Mauro Gambetti enviaram uma Carta-convite às paróquias, seminários, diáconos, monjas de clausura, comunidades religiosas e agentes pastorais da diocese, onde recordam que "nossa Cidade, herdeira e protetora das maiores memórias apostólicas, oferece-nos um testemunho histórico, espiritual e monumental da figura de Pedro, que queremos aprofundar, para redescobrir o caminho a ser percorrido nas pegadas de Jesus. Graças ao seu testemunho poderemos compreender melhor o "objetivo deste caminho" da nossa vida cristã e contemplar o rosto luminoso da nossa Igreja, fundada na profissão de fé do Apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo” (Mt 16,16)”.
O itinerário espiritual, que terminará em 28 de junho de 2023, percorrerá as seguintes “etapas”: partirá do rio Tibre a São João de Latrão, da Via Sacra nos Foros Imperiais à Suburra (antigo bairro romano) e Ápia Antiga. O caminho nas pegadas de São Pedro se concluirá na colina do Vaticano, onde haverá uma vigília de oração, às vésperas da Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo.
Frei Agnello Stoia: Roma, cidade da vocação apostólica 
Frei Agnello Stoia, pároco da Basílica de São Pedro, comenta assim o convite dos cardeais: “A Carta dos dois cardeais vigários demonstra o desejo de caminhar juntos rumo ao Sínodo, proposto pelo Papa Francisco, como meio para colaborar com a missão do Papa. “O Caminho de Pedro" é uma contribuição para caminhar rumo ao Sínodo e estabelece uma conexão, em nome de Pedro, ao Santuário, que tem Pedro e seus Sucessores como ponto central e a Cidade de Roma como Patriarcado. Assim, o itinerário pelos lugares onde Pedro passou, pretende restituir a Roma a sua vocação de Cidade Eterna, que mantém e transmite a memória dos Apóstolos”.
Fonte: Vatican News
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Maria, Mãe de Deus e da Igreja
Padre Ricardo Fontana, reitor do Santuário de Caravaggio
 “A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: ‘Mostrai-nos Jesus’. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na trilha de Maria” - Papa Francisco.
Maria é aquela Mulher que atravessa toda a história da salvação do Gênesis ao Apocalipse, por isso ela é ícone da Igreja. Ela é a Mulher que vence a Serpente, que havia vencido a mulher: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Foi o Papa Paulo VI, no final da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, a declarar a Bem-Aventurada Virgem "Mãe da Igreja, isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima".  Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu nas Ladainhas Lauretanas a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica declara: “A Virgem Maria... É reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor.... Ela é «claramente a mãe dos membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja” (CIC, 963s).
Com o Decreto “Ecclesia Mater”, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, publicado em 3 de março de 2018, o Papa Francisco determinou a inscrição da Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, no Calendário Romano Geral, na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes. O objetivo dessa celebração está brevemente descrito no Decreto: “Favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, da genuína piedade mariana”. Graças ao seu sim e à sua fidelidade contínua ao amor de Deus, a Virgem Maria é a testemunha particular do Verbo Encarnado. Ela é a memória viva e vivificante do seu Filho e, por isso, Ela permanece na Igreja e nela está presente de modo materno. Desse modo, Ela continua a guardar no seu coração tudo aquilo que vive a Igreja, o Corpo Místico de Cristo e, por ser a Mãe da Igreja, Maria zela para que seus filhos mantenham a unidade da fé.
Em Caná, percebemos como Ela cuida dos seus filhos, que como Mãe amorosa e cuidadosa percebe que naquela festa de casamento “já não têm vinho” (Jo 2,3) e intercede ao seu Filho para ajudá-los e assim realizar o seu primeiro milagre (transformar a água em vinho). Essa passagem nos aumenta a confiança na intercessão de Maria e nos faz lembrar daquela expressão popular: “pede à Mãe que o Filho atende!”.  “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. (Jo 19, 26-27)”; neste momento Maria se torna mãe da Igreja, com a missão de levar seus filhos ao encontro do seu filho Jesus.  Depois da ascensão de Jesus aos céus, no Cenáculo, Maria encoraja os discípulos temerosos, invocando a presença do Espírito Santo sobre eles em Pentecostes. (Ver At 1,14. 2,1-47) Mesmo depois de sua Assunção, a maternidade espiritual de Nossa Senhora está presente na história da Igreja; suas aparições na história da Igreja: Lourdes, Fátima, Guadalupe, dentre outras.
Maria, Mãe de Deus e da Igreja, ajudai-nos a permanecer no seio acolhedor da Igreja, o Povo santo de Deus, participando sempre mais das graças dos Sacramentos, testemunhando a beleza do Evangelho e os sinais da devoção mariana. Maria, doce Mãe da Igreja, continuai a interceder do céu por todos nós, seus filhos indignos e necessitados, que não se cansam de suplicar a sua poderosíssima intercessão. Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós!
Fonte: Vatican News
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Timor Leste: o Santo Natal significa presépio
Irmã Alma Castagna, em nome das comunidades das Filhas de Maria Auxiliadora presentes no país, fala sobre a importância do presépio nas festividades natalinas no país: “Em Timor Leste o Santo Natal significa presépio”
"Em Timor Leste o Santo Natal significa presépio". É assim que as irmãs salesianas em missão no país do sudeste asiático o sintetizam. "Obviamente, antes da evangelização", explica a Irmã Alma Castagna, em nome das comunidades das Filhas de Maria Auxiliadora presentes no país, "o Natal não tinha sentido, mas desde que os missionários anunciaram o Evangelho, para as famílias, o Natal assumiu grande importância, especialmente o presépio”. 
Presença salesiana em Timor Leste
A presença salesiana na ilha de Timor remonta ao final da década de 1940. "Quando há um presépio, as pessoas sentem que é Natal, se não há, não há clima natalino. É por isso que se organizam para fazê-lo em todos os lugares, individualmente, ou no bairro, na paróquia, no local de trabalho. Embora os supermercados vendam árvores de Natal de todos os tipos e para todos os orçamentos, as famílias, em particular, o presépio é o mais importante. Alguns ainda têm imagens da época dos portugueses, outros construíram os personagens de forma criativa”. “Nos bairros menores, os jovens", acrescenta a Irmã, "se organizam para limpar as ruas e preparar um lugar ao ar livre para fazer o presépio. As estátuas são feitas de barro, resina, plástico ou desenhadas figuras em papelão ou folhas de compensado e colocadas em uma cabana preparada para a ocasião; às vezes é apenas a Sagrada Família, àoutras com vários tipos de personagens, antigos ou atuais. Na paróquia, muitas vezes são os jovens que preparam o presépio de acordo com sua criatividade".
Presépio nas famílias
O mesmo acontece nas famílias, a preparação do presépio é importante. "De fato é sentido como um vínculo de união e de paz, e em algumas paróquias, os sacerdotes passam pelas casas para abençoar os presépios. No Natal, todos se sentem "obrigados" a retornar em família, mesmo que trabalhem ou estudem longe; os que viajam retornam para festejar juntos. Não é necessário", continua Irmã Alma, "uma grande festa, o fato de estarmos todos presentes, os filhos e netos com os pais, cria a sensação de Natal, porque o Natal é uma festa familiar: preparamos doces ou comidas especiais e nos reunimos ao redor da mesa".
Liturgia
Quanto à liturgia de Natal esta é cuidadosamente preparada: "o canto", explica a irmã, "tem um lugar de destaque, o coral se prepara praticando por algum tempo e procurando novos motivos inspirados no ritmo da música timorense ao lado das canções tradicionais". Em algumas paróquias, uma família é escolhida para ler as leituras e outra para cantar o Glória junto com seus filhos. Após a missa noturna, as pessoas trocam saudações e bons votos, depois cada família volta para casa; em algumas paróquias se reúnem com seus vizinhos e comemoram juntos". Por fim, quase todos, "mesmo os mais pobres, tentam usar algo novo, como sinal de respeito e boas-vindas a Jesus que está chegando".
Fonte: Vatican News
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Schevchuk: Cristo está vivo! Esta é uma grande mensagem para os jovens no mundo de hoje
"O Cristo vivo é Aquele que nos enche com a sua graça, nos liberta, nos transforma, nos cura e nos consola. Está vivo, está próximo, responde e age. É o Cristo ressurreto cheio de vida sobrenatural, vestido de luz infinita que vem até nós hoje, nesta manhã, nesta terrível manhã", é a mensagem do arcebispo greco-católico de Kiev, no dia em que a Ucrânia sobfreu mais de 100 ataques com mísseis, drones e foguetes russos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é quinta-feira, 29 de dezembro de 2022 e na Ucrânia já é o 309º dia da grande guerra em vasta escala que a Rússia trouxe para nossa pacífica terra.
Ontem à noite e esta manhã, a Ucrânia sofreu um poderoso ataque aéreo da Rússia com o uso de vários tipos de armas. A noite foi passada sob ataque de drones em várias cidades de nossa pátria. Esta manhã, no entanto, trouxe-nos um novo alerta aéreo em toda a Ucrânia. O inimigo disparou dezenas de foguetes, explosões são ouvidas em Kyiv e Kharkiv, em Odessa e Sumy.
Nesta ocasião, apelo a todos os nossos ouvintes ucranianos para que não ignorem os sinais de alerta aéreo e permaneçam em abrigos, pois neste momento estamos no epicentro de um ataque com mísseis à nossa Pátria.
Rezamos esta manhã agradecendo às nossas Forças Armadas da Ucrânia que estão retendo o ataque russo na frente. Mas rezamos, e especialmente agora, também pelas Forças Antiaéreas da Ucrânia, das quais nossas vidas, as vidas de nossas cidades e povoados dependem agora.
O inimigo está tentando nos destruir, nos privar da possibilidade de sobrevivência, especialmente durante esta estação fria. Ele está tentando nos intimidar. Mas hoje, nesta terrível manhã de crueldade, medo e incerteza, uma manhã sob explosões e sirenes, queremos dizer a nós mesmos e ao mundo inteiro: a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! Ucrânia rezar!
Nos últimos dias, tentamos refletir, junto com nossos jovens, sobre o que deve ser feito para preparar uma bagagem de sobrevivência espiritual: enquanto dormimos no abrigo antiaéreo, devemos trazer conosco as coisas mais necessárias das quais nossa vida pode depender em caso de perigo, infortúnio ou explosão de um míssil.
Já colocamos duas coisas de vital importância nesta maleta espiritual. Dissemos que a primeira verdade da fé cristã é o anúncio, o grande anúncio de que Deus é Amor. Ontem falamos sobre o fato de que Cristo salva. Ele está envolvido na vida de todos, e devemos aceitá-lo com a nossa fé. A fé nos capacita a realizar a obra de salvação de nosso Senhor em nossa vida pessoal.
E hoje, nesta manhã assustadora, enquanto o inimigo semeia a morte em nossa terra, quero que carreguemos conosco, em abrigos antiaéreos, em nosso kit de sobrevivência espiritual, a terceira verdade: Cristo está vivo. Esta é uma grande mensagem para os jovens no mundo de hoje.
Nós cristãos acreditamos em Deus que é comunidade de Pessoas, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Nosso Senhor não é apenas uma ideia, um belo pensamento, um fruto da mente humana. Na verdade, você não pode dizer "você" para uma ideia. Não se pode falar com o deus dos filósofos, não se pode comunicar com um deus, um ídolo como produto da imaginação humana, não se pode rezar para eles. E nós cristãos acreditamos em Deus que se comunica conosco.
Nós nos dirigimos ao nosso Pai com "Tu": Tu, nosso Pai! Nosso Pai que estais nos céus.
Ao nosso Senhor e Salvador dizemos "Tu": Tu és o meu Salvador pessoal, Tu és o meu Senhor e Deus, como disse o apóstolo Tomé ao encontrar o Cristo ressuscitado. Cremos no Deus vivo, no Cristo vivo, o Salvador. A nossa fé é o seu mistério pascal. Como nos ensinam os santos apóstolos, para receber a salvação devemos crer que Cristo sofreu por nós na cruz, morreu e ressuscitou ao terceiro dia por nós homens e pela nossa salvação. Cristo ressuscitou, a fé no Salvador vivo ressurreto é hoje o conteúdo da fé cristã... O apóstolo Paulo diz que se Cristo não ressuscitou, nossa fé é vã.
Ajuda-nos a conhecer o Cristo vivo ressuscitado, que nos é apresentado pela Terceira Pessoa de Deus - o Espírito Santo - que nos vivifica, nos inspira e renova a face da terra. Todos os sacramentos da Igreja de Cristo são realizados pelo poder e ação do Espírito Santo, a quem também nós nos voltamos e dizemos: Tu, Rei celestial, Consolador, Espírito de verdade, vem e habita em nós.
Então, queridas meninas e meninos, queridos jovens, Cristo está vivo. Devemos constantemente lembrar a nós mesmos e aos outros disso, porque às vezes hoje corremos o risco de perceber Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma lembrança de alguém ou de algo que aconteceu há mais de 2.000 anos. Se transformarmos nosso Deus vivo em uma ideia ou padrão de comportamento, isso não nos levará a lugar algum e ficaremos onde estávamos. O mero conhecimento de algo nunca nos libertaria.
O Cristo vivo é Aquele que nos enche com a sua graça, nos liberta, nos transforma, nos cura e nos consola. Está vivo, está próximo, responde e age. É o Cristo ressurreto cheio de vida sobrenatural, vestido de luz infinita que vem até nós hoje, nesta manhã, nesta terrível manhã.
A fé cristã não começa com uma grande ideia ou com uma escolha moral e ética, mas com o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que nos abre novos horizontes, dá um novo sentido à nossa vida. Além disso, ele próprio se torna direção, a direção decisiva de nossa vida. O Cristo vivo é o caminho, a verdade e a vida.
Nesta manhã terrível cheia de ansiedade, de destruição, pedimos: Senhor, vem ouvir-nos. Nós sabemos que você está perto. Sabemos que chegará até nós muito antes dos foguetes russos. Deus, Senhor Jesus, partilha connosco a tua vida, dá-nos a vida, abençoa-nos, salva-nos, dá-nos a vida.
Deus, Jesus Cristo, abençoe nosso exército ucraniano, nossos defensores. Abençoe nossos meninos e meninas que querem viver. Dá-lhes uma nova perspectiva de vida verdadeira e plena para Deus, para a tua Igreja, para o teu povo. Deus, abençoe nossa maltratada terra da Ucrânia com Sua paz celestial.
Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
29.12.2022
Fonte: Vatican News
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Comissão Nacional Justiça e Paz de Portugal pede compromisso político para promover «ano mais justo e mais fraterno» em 2023
Organismo católico publica nota sobre a Mensagem do Papa Francisco para 56.º Dia Mundial da Paz
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica em Portugal, apelou a um compromisso político e social para que 2023 seja um “ano mais justo e mais fraterno”.
“A CNJP, acompanhando os votos formulados pelo papa Francisco, interpela os nossos governantes e políticos, os responsáveis das empresas e organizações, os líderes das comunidades religiosas e todos os homens e mulheres de boa vontade a que juntos sejamos construtores da paz e da esperança, de modo a construir, dia após dia, um ano mais justo e mais fraterno, um ano feliz”, refere o organismo, na nota ‘Juntos na Construção da Paz e da Esperança’.
O texto, enviado à Agência ECCLESIA, assinala a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2023, que se celebra a 1 de janeiro do novo ano.
“As várias crises morais, sociais, políticas e económicas que estamos a viver encontram-se todas interligadas, exigindo também respostas globais”, indica a CNJP.
O Papa Francisco convida, na sua mensagem para o 56.º Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2023) a “mudar o coração”, no pós-pandemia, destacando que o impacto da Covid-19 deve reforçar o “sentido comunitário” e de fraternidade, na humanidade.
Para a Comissão Nacional Justiça e Paz, é necessário superar o individualismo e o egoísmo.
“Só juntos, na fraternidade e na solidariedade, seremos capazes de edificar a paz e a esperança, possibilitando superar os acontecimentos mais dolorosos”, pode ler-se.
“Os desafios que enfrentamos enquanto humanidade só poderão ser verdadeiramente respondidos se tivermos a coragem de olhar a realidade sem a mascararmos, por um lado, e sem por ela nos deixarmos aprisionar, por outro”.
A CNJP destaca que a mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial da Paz evoca as consequências da crise provocada pela Covid-19 e a guerra na Ucrânia, “o rosto mais visível de tantos outros conflitos”.
A nota aponta à esperança, que “implica o compromisso e a ação transformadora”.
“Juntos nas famílias, juntos como povos e nações, juntos como crentes, juntos como humanidade inteira, deixando-nos inspirar pelo amor infinito e misericordioso de Deus, esse é o caminho que temos de trilhar para podemos enfrentar com responsabilidade e compaixão os desafios do nosso mundo”, apelam os membros da comissão.
O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano, com uma mensagem papal.
Fonte: Agência Ecclesia
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Cinco católicos que marcaram 2022
1. Isabel Cristina Mrad Campos 
Conhecida como a “María Goretti do Brasil”, Isabel Cristina Mrad Campos foi beatificada no dia 10 de dezembro, na cidade de Barbacena (MG).
Ela tinha 20 anos quando, em 1982, foi morta por um homem que tentou estuprá-la sem sucesso, como aconteceu com santa Maria Goretti, a italiana que morreu defendendo sua virtude e antes de morrer perdoou seu assassino.
Isabel costumava ir à missa com frequência, receber os sacramentos e ser voluntária. Ela também sonhava em ser pediatra para ajudar crianças carentes.
2. Zlatko Dalic
O técnico da seleção croata de futebol, Zlatko Dalic, que levou seu time ao terceiro lugar na Copa do Mundo de 2022 no Qatar, sempre leva no bolso um terço que reza antes de cada jogo.
O técnico croata de 56 anos disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI: "Tudo o que eu conquistei na minha vida e carreira devo a Deus".
“Tive fé a vida toda, é assim que educo meus filhos. Procuro ir à santa missa todos os domingos”, disse.
3. Shia LaBeouf
O ator Shia LaBeouf, de Transformers, anunciou sua conversão à fé católica em agosto de 2022, enquanto trabalhava em seu próximo filme, "Padre Pio", no qual interpreta o santo italiano.
Em sua entrevista com o bispo de Winona-Rochester, EUA, dom Robert Barron, LaBeouf revelou que Deus usou o filme para atraí-lo para a Igreja, já que o único motivo que ele tinha para interpretar o Padre Pio era retomar sua carreira.
4. Gad Elmaleh
O ator francês Gad Elmaleh anunciou no final de novembro sua conversão do judaísmo ao catolicismo.
O artista de 51 anos revelou ao jornal Le Figaro que a Virgem Maria é o seu "mais belo amor" e que teve um papel crucial na sua conversão. Sua aproximação com o catolicismo é contada em seu novo filme, Reste un peu, que poderia ser traduzido como “Fique um pouco”.
5. Irma Garcia 
Irma García é uma das professoras mortas no massacre ocorrido em 24 de maio na Robb Elementary School em Uvalde, Texas, EUA.
Irma, uma católica praticante, deu a vida para defender seus alunos, pois enfrentou o assassino. Ela tentou falar com ele corretamente, para fazê-lo entender, mas ele não ouviu.
Os policiais encontraram Irma "protegendo as crianças com os braços quase até seu último suspiro", disse seu sobrinho John Martinez ao The New York Times.
Fonte: Vatican News
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