Informativo Diocesanos

Informativo Diocesano Semanal - 06 de outubro de 2024
06/10/2024


ASSESSORIA DIOCESANA DE COMUNICAÇÃO

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Ano 28 – nº. 1.468 – 06 de outubro de 2024


Diocese de Erexim vive novena de sua Romaria anual: Nesta Sexta-feira, dia de São Francisco de Assis, a Diocese de Erexim iniciou a novena preparatória à sua 73ª Romaria de N. Sra. de Fátima, com o seguinte tema: Maria, Mãe do silêncio, da escuta e da oração e o lema: A minha alma engrandece o Senhor! (Cf. Lc 1,46). A novena tem 4 missas diárias, às 07h, às 14h, às 18h e às 20h. As missas das 14h e 18h, são precedidas pela oração do terço. Antes da missa das 20h, há procissão da Catedral ao Santuário todos os dias, com qualquer tempo. A missa das 07, está a cargo do Santuário e das Paróquias da Área Pastoral de Erexim. O terço e a missa das 14h são animados pelas pastorais e movimentos e das 18h pelos padres e equipe do Santuário. A procissão e a missa das 20h estão sendo conduzidas pelas Áreas Pastorais. Por estarmos no ano de preparação do Jubileu 2025, para o qual o Papa propôs o aprofundamento do Pai Nosso,  cada dia da novena contempla uma parte da referida oração.

Alimentos, lembranças religiosas, símbolo de graças na novena de Fátima: Durante todos os dias da novena preparatória à Romaria de  Fátima, no Centro de Eventos, estão à disposição de todos ficha de churrasco, assados, mondongo, pastéis, cucas, pães e bolachas. Na Tenda Santuário, lembranças religiosas. Símbolo de graça alcançada pode ser deixado ou visto na Sala das Graças, junto à Capela da Reconciliação.

Outras atividades na novena de Fatima: neste sábado, dia 5, às 16h, romaria dos ciclistas, pedal da fé, saindo da igreja N. Sra. da Salette, Três Vendas, ao Santuário, oração e bênção. No dia 12, Dia de N. Sra. Aparecida, padroeira do Brasil e dia da criança, romaria da criança, com procissão da praça Jayme Lago (Bombeiros) ao Santuário às 09h30, seguida de missa. Nas tardes e noites dos dias da novena, bem como na manhã da Romaria da Criança, na capela da Reconciliação, oportunidade de confissões. 

Programa do dia da Romaria: no próximo domingo, dia 13, coincidindo com a última aparição de N. Sra. em Fátima, Portugal, a Diocese de Erexim viverá sua romaria anula de N. Sra. de Fátima, com a seguinte programação: missas no Santuário, às 06h30, às 08h, às 12h30 e às 18h. Na Catedral, às 08h, seguida de procissão à esplanada do Santuário, onde haverá missa campal presidida pelo Bispo Diocesano Dom Adimir Antonio Mazali. No mesmo local, às 14h, adoração ao Santíssimo Sacramento, terço e bênção, também sob a presidência do Bispo diocesano. 

Área Pastoral de São Valentim realiza encontro de ministros e ministras: A comunidade São João de São Valentim acolheu o encontro de ministros e ministras daquela Área Pastoral na tarde do dia 28 passado. Participaram 110 ministros do total de 163 das Paróquias que a integram com seus respectivos párocos, São Valentim com Pe. Alvise Follador; N. Sra. do Rosário de Barão de Cotegipe com Pe. Paulo Cesar Bernardi; São Roque de Benjamin Constant do Sul com Pe. Mauro Parcianello e N. Sra. da Glória com Pe. Moacir Noskoski. Participaram também Pe. Jair Carlesso, coordenador diocesano da ação evangelizadora e assessor dos ministros e Paulo Fassina, coordenador da comissão dos mesmos. Com o subsídio elaborado para os encontros de Área dos ministros, os participantes refletiram sobre a animação bíblica da pastoral com o Pe. Jair; sobre a oração com o Pe. Alvise e sobre orientações litúrgicas com o ministro Paulo Fassina. Não conclusão do encontro houve missa presidida pelo Pe. Mauro, coordenador da Área, e concelebrada pelos outros padres participantes.

Encontro vocacional: Na manhã do dia 28, no Auditório São José, na esplanada do Santuário, houve encontro vocacional com participação de membros da equipe do Serviço de Animação Vocacional e 28 adolescentes masculinos das Paróquias de Gaurama (15), Itatiba do Sul (5), Getúlio Vargas (3), Jacutinga, São Valentim, Catedral, São Pedro, Santa Luzia-Atlântico de Erechim (todas com 1). A oração inicial foi em forma de leitura orante da Palavra de Deus no Evangelho de São João, capítulo 21, versículos 15 a 19, que apresenta a tríplice pergunta de Jesus Ressuscitado a São Pedro: “tu me amas?”. Diante da resposta positiva, confiou-lhe a missão de apascentar o seu rebanho. Após a oração, o Bispo diocesano e o vigário geral da Diocese, Dom Adimir Antonio Mazali e Monsenhor Agostinho Dors, dirigiram sua mensagem aos participantes, incentivando-os a discernir a vocação a que Deus os chama e a dar resposta pronta e generosa. Pe. Lucas Stein, coordenador diocesano do Serviço de Animação Vocacional, descreveu como é a vida do padre, sua espiritualidade, suas atividades pastorais, reuniões e encontros de formação permanente, retiro, oração diária, celebração da missa e dos outros sacramentos, administração de Paróquia ou trabalho em seminário. O encontro foi concluído com a celebração da missa na Capela da Reconciliação, anexa ao Santuário Diocesano N. Sra. de Fátima, presidida pelo Pe. Lucas e concelebrada pelo Pe. Isalino Rodrigues, Pároco da Paróquia São Roque de Itatiba do Sul, que acompanhará os seminaristas do Seminário de Fátima a partir do próximo ano. Após a missa, houve almoço no Centro de Eventos.

Em dias favoráveis, multidão de devotos de N. Sra. da  Salette na Romaria em Marcelino Ramos: Dos dias 10 a 18 de setembro, mês dedicado à Bíblia aqui no Brasil, o Santuário N. Sra. da Salette de Marcelino Ramos realizou a novena preparatória à sua 89ª Romaria interestadual nos 178 anos da aparição da Virgem Maria em Salette, França. Com tempo favorável, nos dias 19, data da aparição a Maximino e Melânia, e nos dias 28 e 29, o Santuário realizou a Romaria com participação de milhares de devotos da Senhora da Salette. Nos dias da novena e nos três dias da Romaria, houve diversas missas no Santuário. Na Romaria, missa na igreja São João  Batista no centro da cidade e procissão ao Santuário. Dia 19, presidida por Dom Rodolfo Luis Weber, Arcebispo de Passo Fundo; dia 28, por Dom Mário Marques, Bispo de Joaçaba, SC; dia 29, por Dom  Adimir Antonio Mazali, Bispo de Erexim. Em todas, alguns padres concelebraram. A procissão de sábado foi luminosa e no final, houve a encenação da aparição e bênção com o Santíssimo Sacramento. Às 14h de domingo, houve adoração ao Santíssimo e bênção. Às 15h30, envio dos romeiros. Em todos os dias, houve diversos padres à disposição para a confissão. Na missa do domingo, Dia Nacional da Bíblia, houve especial rito de entronização da Sagrada Escritura, com música de pequena banda partindo da Capela da Reconciliação até o altar campal. 

A homilia de Dom Adimir: Destacou que os devotos de Maria manifestam sua confiança nela, agradecendo e/ou pedindo graças. Referiu-se ao tema e ao lema do evento deste ano: Mãe da Salette ajudai-nos a caminhar na esperança – “Fazeis bem vossa oração, meus filhos?” Acentuou a importância da oração não só nesse dia e nesse santuário. Por ela e por outros meios, percorremos o caminho da vida alimentando a esperança que não decepciona, na certeza de que Deus nos ama e nunca nos esquece, especialmente nos sofrimentos e provações como na recente tragédia climática em nosso  Estado. Por seu Filho Jesus, nos deu Maria que está sempre ao nosso lado. Ela nos ajuda a reconciliar-nos com Deus, nos chama à oração, à conversão e a retornar a seu Filho se dele nos afastamos, a observar o domingo como dia da celebração comunitária. Referiu-se às leituras e ao evangelho próprios da celebração, aliança de Deus com Noé, exortação de São Paulo a deixar-nos reconciliar com Deus e a presença de Maria junto à cruz de seu Filho. Desejou que Maria ajude a todos a trilhar o caminho da salvação, ajude a humanidade a superar as guerras. O Bispo concluiu sua reflexão com a oração a N. Sra. da Salette.

Campanha Solidária”: Durante a novena e nos dias da Romaria, foi anunciada "Campanha Solidária", solicitando aos devotos de N. Sra. da Salette e amigos do Santuário doação de recursos para a pintura do Seminário e anexos. Por meio de campanha semelhante, já foi feita a pintura do Santuário.

Comissão de ministros e ministras estuda animação bíblica da Pastoral: Representantes de ministros e ministras de 27 das 30 Paróquias da Diocese de Erexim participaram de reunião na manhã de segunda-feira, dia 30, no Auditório São José. Pe. Jair Carlesso, Coordenador Diocesano da Ação Evangelizadora e Assessor da Comissão de Ministros e Ministras, conduziu reflexão sobre a animação bíblica da pastoral. Ele destacou a importância da Palavra de Deus. Segundo o Papa Francisco, toda evangelização está fundada sobre a Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. Prosseguiu apresentando aspectos do Documento da CNBB “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14) - Animação bíblica da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias (Coleção Documentos da CNBB, nº 111). Depois da reflexão, os participantes abordaram os encontros de ministros por Área Pastoral já realizados ou programados até o final do ano; a programação do Jubileu 2025; previsão dos encontros de ministros no próximo ano com sugestão de serem por Paróquias com reflexão sobre a Eucaristia e com renovação do mandato de todos. Aventou-se a possibilidade de um subsídio sobre a Eucaristia semelhante ao deste ano utilizado nos encontros por Áreas Pastorais.

Papa convoca dia de oração e jejum pela paz, perante cenário “dramático”: “A 7 de outubro, peço a todos que vivam um dia de oração e de jejum pela paz do mundo”, disse o papa Francisco na homilia da Missa de abertura da segunda sessão da XVI Assembleia Sinodal, na Praça de São Pedro, quarta-feira. Francisco falou numa “hora dramática” da história, em que “os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras”. Para pedir a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria o dom da paz, no próximo domingo ele irá à Basílica de Santa Maria Maior, onde rezará o Santo Rosário e dirigirá à Virgem uma sentida súplica”, adiantou.

Subsídios e mensagem da CNBB para o Dia do Educador 2024: No contexto do Jubileu de 2025, em que o Papa Francisco nos convida a não desistimos da Esperança que brota da confiança em Deus, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e a Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB convidam as instituições educacionais, pastorais da Educação, dioceses, paróquias e comunidades eclesiais para a celebração do Dia do Educador 2024 com o tema “Educar com esperança: juntos, construímos um mundo novo”. Este convite é um chamado para reconhecermos e celebrarmos o papel essencial dos educadores como semeadores de esperança e agentes de transformação. Em tempos de desafios e incertezas, educar com esperança significa acreditar no potencial de cada aluno e na força da educação como caminho para um futuro melhor. É, acima de tudo, uma missão que nos une na construção de um mundo mais justo, solidário e cheio de possibilidades. Ao educar com esperança, cada professor se torna um farol que ilumina o caminho de seus alunos, cultivando neles a fé, a coragem e a determinação para sonhar e agir por um mundo novo. Neste Dia do Educador, vamos nos unir em celebração e renovação de nosso compromisso com a educação que transforma vidas e edifica um futuro de paz e fraternidade. A Comissão e a ANEC divulgam subsídios e mensagem para a comemoração. 

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Informações da semana

Do dia 03/10/2024

Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação da CNBB e a Anec divulgam material para o Dia do Educador 2024

No contexto do Jubileu de 2025, em que o Papa Francisco nos convida a não desistimos da Esperança que brota da confiança em Deus, a ANEC e a Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB convidam as instituições educacionais, pastorais da Educação, dioceses, paróquias e comunidades eclesiais para a celebração do Dia do Educador 2024 com o tema “Educar com esperança: juntos, construímos um mundo novo”.

Este convite é um chamado para reconhecermos e celebrarmos o papel essencial dos educadores como semeadores de esperança e agentes de transformação. Em tempos de desafios e incertezas, educar com esperança significa acreditar no potencial de cada aluno e na força da educação como caminho para um futuro melhor. É, acima de tudo, uma missão que nos une na construção de um mundo mais justo, solidário e cheio de possibilidades.

Ao educar com esperança, cada professor se torna um farol que ilumina o caminho de seus alunos, cultivando neles a fé, a coragem e a determinação para sonhar e agir por um mundo novo. Neste Dia do Educador, vamos nos unir em celebração e renovação de nosso compromisso com a educação que transforma vidas e edifica um futuro de paz e fraternidade.

Junte-se a nós nesta celebração, onde, juntos, reafirmaremos nossa fé na educação e nosso compromisso com um novo mundo, guiados pela esperança que brota do coração de Deus. O dia do Educador é 15 de outubro e motivamos que nesta data ou próximo a ela sejam feitas ações comemorativas para valorizar o trabalho do educador.

Como celebrar o dia do Educador?

Realize uma celebração eucarística e convide os professores das escolas públicas, confessionais e privadas para juntos, celebrarem a fé. Ao final da celebração pode-se dar uma bênção especial aos educadores conforme o roteiro anexo.

Organize um encontro de oração e reflexão, onde educadores e membros da comunidade escolar possam compartilhar suas experiências e testemunhos sobre como educar com esperança faz a diferença na vida dos alunos. Inclua momentos de música, leituras bíblicas e dinâmicas que incentivem a união e o fortalecimento da missão educativa.

Realize uma cerimônia de reconhecimento aos educadores que se destacaram por seu compromisso com a esperança e a educação de qualidade. Entregue certificados ou lembranças especiais que simbolizam a gratidão da comunidade. A cerimônia pode incluir depoimentos de alunos, pais e colegas, destacando o impacto positivo dos professores.

Crie um mural de homenagem aos educadores nas paróquias ou nas escolas, onde alunos, pais e membros da comunidade possam deixar mensagens de gratidão, fotos e lembranças. Esse espaço pode servir como um tributo visual e simbólico ao trabalho dos educadores, destacando suas contribuições para a formação de um mundo melhor.

Divulgue o dia do educador nas redes sociais com postagens que mostrem e valorizem o trabalho dos educadores. Utilize a postagem padrão oferecida pela ANEC que se encontra anexo e marque o @anecbrasil com a #SomosEducaçãoCatólica. Fique a vontade para inserir o logo de sua instituição.

Leia em um momento oportuno como o final da celebração eucarística paroquial ou durante uma reunião de professores a mensagem especial da CNBB para esta data.

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DIA DO EDUCADOR 2024

Educar com esperança:

juntos, construímos um mundo novo

MENSAGEM DA COMISSÃO EPISCOPAL PARA CULTURA E EDUCAÇÃO DA CNBB

PARA O DIA DO EDUCADOR 2024

Prezados Educadores,

Neste dia dedicado a vocês, desejamos expressar nossa profunda gratidão a cada um que, com amor e dedicação, desempenha uma missão extraordinária na formação de nossas crianças, jovens e adultos.

Inspirados pela força da fé e pela luz do Evangelho, vocês são instrumentos de transformação e esperança, “sal da terra... e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-14).

Recentemente, o Papa Francisco nos lembrou da importância de sermos promotores da fraternidade em um mundo marcado por pluralidades, polaridades e diversidades. Sua mensagem ressoou forte, destacando que a essência da educação vai além da simples transmissão de conhecimentos; ela se fundamenta na construção de relações humanas signicativas e respeitosas.

O Papa sublinhou que precisamos ser artíces da paz, promovendo diálogos construtivos e solidariedade fecunda. Ao fazerem isso, vocês estão preparando seus alunos não apenas para serem cidadãos competentes, mas também para serem agentes de transformação na sociedade, a exemplo de Jesus Cristo.

Neste dia especial, agradecemos a todos vocês por se dedicarem não apenas a ensinar, mas principalmente por serem exemplos de força, resiliência e compreensão. Que Deus abençoe cada um de vocês concedendo-lhes sabedoria, paciência e alegria; que suas vidas continuem a inspirar a muitos.

Feliz Dia do Educador!

Que sua missão seja sempre iluminada e que os frutos do seu trabalho se multipliquem na vida de cada estudante.

Com gratidão, oração e cumprimentos,

+ D. Gregório Paixão, OSB -  Arcebispo de Fortaleza,  Presidente da Comissão Episcopal para cultura e educação da CNB

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ANEC e CNBB lançam subsídios para celebrar o Dia do Professor 

O tema deste ano está ligado ao grande jubileu de 2025 e vai falar sobre "Educar com esperança: juntos, construímos um mundo novo".

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e a Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB se uniram para disponibilizar às instituições educacionais e comunidades eclesiais um conjunto de subsídios para celebrar o Dia do Professor 2024. Com o tema "Educar com esperança: juntos, construímos um mundo novo", a iniciativa convida escolas, pastorais da Educação, dioceses, paróquias e comunidades a se juntarem em um movimento de reconhecimento e valorização do papel transformador dos educadores.

O material proposto insere-se no contexto do Jubileu de 2025, em que o Papa Francisco exorta a comunidade mundial a não desistir da esperança que brota da confiança em Deus. Ao promover uma celebração especial para o Dia do Professor, no dia 15 de outubro, a ANEC e a CNBB destacam o educador como um verdadeiro semeador de esperança e agente de transformação social, mesmo em tempos desafiadores. O objetivo é estimular iniciativas que celebrem a missão educativa e renovem o compromisso com uma educação que não apenas ensina, mas também inspira e transforma.

Entre as propostas para a celebração, estão sugestões de celebrações eucarísticas, encontros de oração e reflexão, cerimônias de reconhecimento aos educadores que se destacam por seu compromisso e a criação de murais de homenagem nas escolas e paróquias. Os subsídios incluem roteiros para bênçãos, postagens para redes sociais e uma mensagem oficial da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB) assinada por Dom Gregório Paixão, OBS que é o presidente da Comissão Episcopal para Cultura e Educação.

"Educar com esperança é acreditar no potencial de cada estudante e na força da educação como caminho para um futuro melhor. É, acima de tudo, uma missão que nos une na construção de um mundo mais justo, solidário e cheio de possibilidades", afirma a Diretora Pastoral da ANEC, Ir. Carolina Mureb, reforçando que celebrar o educador é também celebrar a esperança que brota de cada sala de aula.

A ANEC e a CNBB convidam todas as comunidades escolares e eclesiais a aderirem a este movimento de celebração e a promoverem, no dia 15 de outubro ou próximo a ele, ações que expressem a gratidão e a valorização do trabalho dos professores.

Os materiais estão disponíveis no site da ANEC e podem ser utilizados por escolas, paróquias e comunidades que queiram se unir a essa proposta, promovendo momentos significativos de celebração e valorização da missão educativa.

Sobre a ANEC:

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) representa instituições educacionais católicas em todo o Brasil e promove uma educação comprometida com a formação integral, fundamentada em valores cristãos e na construção de uma sociedade justa e fraterna.

Sobre a Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB:

A Comissão Episcopal para Cultura e Educação é o órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil responsável por promover, coordenar e acompanhar as atividades pastorais no campo da educação e da cultura, sempre em consonância com os princípios da fé católica e o compromisso com o bem comum.

Fonte: CNBB

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Mês missionário: “A missão é tarefa eclesial”, afirma dom Maurício Jardim, da Comissão para a Ação Missionária da CNBB

No mês de outubro, além da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, celebra-se também a festa litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, patrona universal das missões católicas.

Com esta importante data, a Igreja no Brasil abriu oficialmente o Mês Missionário com a Santa Missa das 9h, no Altar Central do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, presidida por dom Maurício da Silva Jardim, que é bispo de Rondonópolis–Guiratinga (MT) e presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A celebração também contou com a participação da diretoria e dos secretariados das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no país, organismo oficial da Igreja que intensifica a animação, a formação e a cooperação missionária em todo o mundo.

Missão e sinodalidade

Em entrevista ao Portal A12, dom Maurício falou da alegria em celebrar mais um Mês Missionário aos pés da Mãe Aparecida e a feliz coincidência com a segunda fase do Sínodo dos Bispos, que teve início na quarta-feira, 2, em Roma, na Itália.

    “Missão e sinodalidade tem tudo a ver. É uma relação muito próxima, porque a missão se faz de forma sinodal e a sinodalidade tem em vista a missionariedade da Igreja. Por isso, essa feliz coincidência também com o Dia de Santa Teresinha aproxima muito a relação de uma igreja sinodal em missão. Na mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, ele nos incentiva para fazer o convite a uma Igreja em saída, próxima, com ternura, com compaixão, para que todas as pessoas participem do grande banquete do Reino, que a salvação é para todos. Nós temos um grande desafio missionário de levar a luz do Evangelho a todos os povos”.

O bispo ainda ressaltou como devemos aprender a ser veículos da graça de Deus em nossas comunidades e paróquias a partir deste Mês Missionário.

    “Toda a missão brota do encontro apaixonado com Jesus, do nosso batismo, e aí cada pessoa é ungida, é batizada, é consagrada para a missão. Na sua profissão, na sua família, viver a missão como algo da própria identidade de cada batizado, a identidade da igreja. Então, ser missionário não é só umas horas do dia, não é só uma parte da nossa vida, mas é todo o nosso viver, porque a vida é missão”.

“Ide, convidai a todos para o banquete”

O lema da Campanha Missionária deste ano é “Ide, convidai a todos para o banquete”, frase inspirada no texto do Evangelho de São Mateus e escolhida pelo Papa Francisco. O tema será “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”, e fazendo permanecer em comunhão com a Igreja da América que se prepara para viver o 6º Congresso Missionário Americano, que será realizado em novembro deste ano, em Porto Rico.

“Missão: tarefa eclesial”

Na homilia da Santa Missa, dom Maurício orienta a seguir este tema e praticar esta missão em todos os lugares onde passamos.

    “A missão é tarefa eclesial! A missão não se delega a um grupo, a uma Pastoral, um movimento. A missão não é tarefa apenas para especialistas e estudiosos. A missão é de responsabilidade de todos os batizados! Os religiosos, religiosas, os cristãos leigos e leigas estamos caminhando junto em comunhão. Um sinal disso é a organização missionária da igreja do Brasil. É atuar juntos em conselhos missionários, uma ação comum, porque a missão é comum, a missão é única e atuamos juntos, em comum.

    Nesse Mês Missionário, cada um de nós é convidado agora, ao chegar na nossa comunidade, na nossa Paróquia, a rezar a novena missionária, participar também do penúltimo final de semana de outubro, onde realizaremos a Coleta Missionária! Peço a intercessão de Santa Teresinha, que nos inspire a ter um coração grande, largo, humilde e Orante pela missão Universal e para São Francisco Xavier, que saiu da sua pátria para ir ao encontro dos povos na Ásia, que nos indique esse caminho da abertura à universalidade da missão!”.

Fonte: CNBB

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Sínodo, início dos trabalhos. Em 7 de outubro, assembleia em jejum e oração pela paz

A invocação para acabar com a violência abriu a segunda sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos. No final da manhã desta quinta-feira, (03/10) coletiva de imprensa, na Sala de Imprensa da Santa Sé. Entre os temas que surgiram a importância dos Grupos de Estudo e o papel da mulher na Igreja. Sobre o diaconato: o momento não é oportuno. O cardeal Grech confirma que todos os membros da assembleia participarão das iniciativas de paz do Papa.

Isabella Piro – Vatican News

Paz, perdão, o papel das mulheres e a metodologia dos Grupos de trabalho: esses foram os principais temas que emergiram nesta quinta-feira, 3 de outubro, da coletiva de imprensa sobre a abertura dos trabalhos da Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema da sinodalidade. O encontro foi realizado na Sala de Imprensa da Santa Sé - nas renovadas instalações da Via della Conciliazione - na presença dos secretários especiais da Assembleia, o jesuíta Giacomo Costa e monsenhor Riccardo Battocchio; os presidentes delegados do Sínodo, Irmã Maria de los Dolores Palencia Gómez, religiosa mexicana da Congregação das Irmãs de São José, e dom Daniel Ernest Flores, bispo de Brownsville, Texas; o Prefeito do Dicastério para a Comunicação e Presidente da Comissão para a Informação da Assembleia, Paolo Ruffini.

Ruffini: espiritualidade e oração

Na manhã desta quinta-feira foi anunciado que 356 das 365 pessoas estavam presentes na Sala Paulo VI, e os relatores de cada grupo foram eleitos. O primeiro dos cinco módulos de trabalho, dedicado ao primeiro capítulo do Instrumentum laboris (IL), o de “Fundações”, teve início. Em seguida, Ruffini lembrou como “a espiritualidade e a oração” ocupam um espaço muito importante na Sala e como “a situação mundial está bem presente nas mentes e nos corações de todos os membros e participantes do Sínodo”, ainda mais porque entre eles há aqueles que vêm de países em guerra ou em situação de sofrimento. Esta manhã, na abertura dos trabalhos, foram feitas orações pela paz, recordou o prefeito, fazendo eco às palavras do Papa no Angelus de domingo passado: “faça-se de tudo para acabar com a violência e abrir caminhos de paz”. Ruffini, então, deu ênfase aos dez grupos de trabalho, criados pelo Pontífice: coordenados pela Secretaria Geral do Sínodo, eles operam “dentro” do processo sinodal e seu trabalho “não é alheio ao caminho sinodal”.

Padre Costa: os grupos de trabalho, “laboratórios” de vida sinodal

O padre Costa, por sua vez, fez eco ao que o Papa disse várias vezes, ou seja, que “o Sínodo não é uma assembleia parlamentar, mas um lugar de escuta e comunhão”. Ele acrescentou que não se trata de “uma indicação retórica, mas de uma experiência vivida”. Não é por acaso que a atmosfera na Sala “é muito alegre, há o prazer de se encontrar novamente, com uma grande capacidade de se aprofundar no debate”.  Detendo-se, então, nos grupos de trabalho, o secretário especial exortou a vê-los como “laboratórios de vida sinodal” que, portanto, devem ser apoiados por todos os fiéis, através de contribuições que podem chegar até junho de 2025. “Não se trata, portanto, de comissões “fechadas” - observou -, mas de grupos abertos, ocasiões em que aprendemos a trabalhar juntos como Igreja participativa“, verdadeiros ‘companheiros de estrada’ do Sínodo, com a tarefa de ‘realizar um ’mini” processo sinodal sobre alguns temas relacionados, mas não coincidentes, com o IL”.

Diferenças metodológicas entre 2023 e 2024

Interpelado pela imprensa, o padre jesuíta explicou a diferença de metodologia entre a primeira e a segunda sessão do Sínodo: em 2023, disse ele, o objetivo era ouvir as perspectivas em sua diversidade, “histórias de Igreja” que deviam emergir. Em 2024, a Assembleia tem outra função: oferecer, como Igreja inteira, ao Santo Padre diretrizes como fruto do caminho feito nesse meio tempo, de modo a criar uma harmonia, não padronizar. O método atual, acrescentou padre Costa, em vez de abrir perguntas, ajuda a identificar certos pontos a serem analisados de acordo com uma conversa espiritual aprofundada, deixando sempre um espaço aberto, para evitar de acabar “enjaulado”.

Monsenhor Battocchio: a importância dos teólogos

Sobre a importância do perdão, que emergiu sobretudo durante a Vigília Penitencial presidida pelo Papa em São Pedro na terça-feira, 1º de outubro, se deteve monsenhor Battocchio: aquela celebração, disse ele, indicava “um estilo, uma consciência do que significa ser Igreja”, porque “o irmão pecador não é um estranho, mas alguém cujo fardo eu devo carregar para implementar o caminho de conversão no qual todos nós estamos envolvidos”. “Somos Igreja na medida em que somos alcançados pela misericórdia de Deus”, observou o secretário especial, que depois passou a discutir o papel dos teólogos na assembleia. Expressando apreço por sua “preciosa” contribuição, monsenhor Battocchio destacou sua tarefa de “escuta atenta, de ‘inteligência teológica’ do que emergirá do debate na sala da assembleia”. Sua importância também é sublinhada pelo fato de que suas mesas de trabalho estão posicionadas mais centralmente este ano do que em 2023.

Irmã Palencia Gómez: passos adiante para as mulheres

A irmã Palencia Gómez falou de “grande liberdade e grande entusiasmo”, explicando como a Assembleia permite que seus participantes caminhem juntos “levando em conta a realidade deste mundo, que é extrema, mas que deve ser observada com o olhar de Deus, Nosso Pai”. Somente dessa forma, de fato, “podemos crescer em uma experiência concreta de sinodalidade e missão”. Depois, questionada pelos jornalistas sobre o papel das mulheres na Igreja, a religiosa destacou os frutos já presentes em diferentes contextos e continentes. De sua experiência na América Latina, em particular, ela pôde inferir que foram dados passos adiante nesse sentido, tanto que “o papel das mulheres, seus dons, suas contribuições são cada vez mais reconhecidos em uma Igreja sinodal”. Irmã Dolores também enfatizou a possibilidade de “abrir-se a novas experiências, a novas propostas para descobrir e aprofundar ainda mais o papel das mulheres”.

Sobre o diaconato feminino

Procede-se gradualmente, reiterou, mas é um caminho que foi posto em movimento, tanto para as mulheres leigas quanto para as consagradas. “Também cabe a nós“, concluiu, ‘nos libertarmos de um estilo de ’clericalismo'”. As perguntas da imprensa também se referiam ao diaconato feminino: a esse respeito, os relatores da coletiva lembraram o que o cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, havia dito naesta quarta-feira na Sala. O momento ainda não está maduro, foi dito, e é bom que o tópico seja aprofundado, em um caminho eclesial vivido juntos.

Monsenhor Flores: o silêncio como estilo sinodal

A palavra foi então passada a dom Flores, que disse como, desde a primeira sessão sinodal em 2023, muitas coisas amadureceram, porque “a vida da Igreja avançou, então não estamos no mesmo ponto do ano passado. Como as árvores, 'crescemos à noite', ou seja, o crescimento só pode ser visto depois”. Em seu discurso, o prelado também se debruçou sobre a importância do silêncio - tema analisado na meditação realizada em 1º de outubro por Madre Maria Ignazia Angelini - não como algo vazio, mas como algo pleno do qual emerge a Palavra. “É uma parte fundamental do estilo sinodal, porque nos permite a compreensão espiritual do mundo que se manifesta a nós”, explicou dom Flores.

As perspectivas locais nos permitem ver a face de Cristo no mundo

O ponto central de sua reflexão também foi a compreensão das perspectivas locais, que, disse, “não são ‘inimigas da verdade’, mas permitem à Igreja aquela escuta disciplinada e paciente que possibilita uma visão ampla da face de Cristo no mundo em que vivemos”. O trabalho do Sínodo, acrescentou, é “tentar encontrar uma voz coerente que seja uma expressão da voz da Igreja, de sua vida hoje, de sua experiência. Há um 'nós' que é fundamental no trabalho do Sínodo e que vale muito mais do que o 'eu' individual”, concluiu o prelado. O Sínodo está procurando por esse 'nós', ao qual todos nós pertencemos”.

As iniciativas pela paz em 6 e 7 de outubro

Por fim, em relação às duas iniciativas pela paz convocadas pelo Papa para os dias 6 e 7 de outubro - a recitação do Terço em Santa Maria Maior e o Dia de jejum e oração - os relatores da coletiva de imprensa lembraram que todos os participantes do Sínodo foram convidados para o evento de domingo e que na segunda-feira a continuação normal dos trabalhos será vivenciada em um contexto de oração e sobriedade. - Fonte: Vatican News

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Cardeal Grech: somos chamados a rezar pelo precioso dom da paz

O Secretário Geral do Sínodo saúda os participantes e destaca a importância do discernimento e da sinodalidade. Dom Grech chama a atenção para o papel da escuta mútua na busca pela verdade e pela paz, além de refletir sobre a contribuição do Espírito Santo para a unidade da Igreja. Disponibilizamos o texto na íntegra.

Cardeal Mário Grech - Secretário Geral do Sínodo

Bem-vindos mais uma vez! Nossas saudações a todos, irmãs e irmãos em Cristo.

Convocados para a segunda sessão da Assembleia, invocamos o Espírito para que nos ilumine e torne os nossos ouvidos atentos à sua Voz. O Espírito que, das profundezas da criação violada e das criaturas que sofrem injustiça após injustiça, geme e sofre como em dores de parto, iniciará uma nova estação.

Enquanto celebramos esta Assembleia, travam-se guerras em muitas partes do mundo! Estamos à beira de um alargamento do conflito. Quantas gerações terão de passar, antes que os povos em guerra possam mais uma vez "sentar-se juntos" e conversar entre si, para construir juntos um futuro pacífico?

Unimo-nos às irmãs e irmãos presentes na sala, que vêm de zonas de guerra ou de nações que veem violadas as liberdades fundamentais dos seus povos. Através das suas vozes podemos ouvir os gritos e clamores daqueles que sofrem sob as bombas, especialmente as crianças, que respiram este clima de ódio. Como crentes, somos chamados a desejar e a rezar pelo precioso dom da paz para todas as povos.

Devemos sempre combinar o testemunho crível com a oração contínua. Esta Assembleia é em si um testemunho crível! O fato de homens e mulheres se terem reunido de todas as partes da terra para ouvir o Espírito, ouvindo-se uns aos outros, é um sinal de contradição para o mundo. Vem-me à mente o último trecho do discurso do Santo Padre por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos: “Uma Igreja sinodal é como uma bandeira hasteada entre as nações (cf. Is 11,12) num mundo que - ao mesmo tempo que chama à participação, solidariedade e transparência na administração dos assuntos públicos – muitas vezes entrega o destino de populações inteiras nas mãos gananciosas de pequenos grupos de poder”.

O Sínodo é essencialmente uma escola de discernimento: é a Igreja reunida com Pedro para discernir juntos. Uma Igreja sinodal é uma proposta para a sociedade de hoje: o discernimento é fruto de um exercício maduro da sinodalidade como estilo e método. O discernimento eclesial pode ser um desafio e um exemplo para qualquer tipo de assembleia, que deve encontrar na escuta mútua dos seus membros a regra de ouro para a busca da verdade e do bem comum. Sem esquecer que o discernimento é uma “ponte” através da qual crentes e não crentes podem ouvir-se e compreender-se através de uma gramática comum. Não sou eu quem digo isso, mas um autor secular, Umberto Eco. O horizonte desta nossa Assembleia é a Igreja, mas o desejo é que o resultado do nosso trabalho nas relações, nos processos, nos lugares possa ajudar todos os homens e contribuir para a construção de um mundo mais justo.

Muitos pensam que o propósito do Sínodo é uma mudança estrutural na Igreja e uma reforma. Esta é uma ansiedade, um desejo que permeia toda a Igreja. Todos nós queremos isso, mas nem todos temos a mesma ideia de reforma e suas prioridades. Já em 1950, Yves Congar falava de “verdadeira ou falsa reforma na Igreja”. Para que seja verdade, as nossas prioridades também devem ser verdadeiras, ou seja, devem estar sujeitas ao “Espírito da verdade, que guia a Igreja para toda a verdade” (Jo 16,13). Se o Espírito Santo não tivesse o primado nas nossas obras, a finalidade do Sínodo seria administrativa, jurídica ou política, e não eclesial!

É o Espírito quem leva a Igreja a conhecer a verdade. O Concílio recordou-nos que “Deus, que falou no passado, fala sem interrupção com a Esposa do seu Filho amado, e o Espírito Santo, através do qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, introduz crentes a toda a verdade e faz habitar abundantemente neles a palavra de Cristo" (DV 8c). Para explicar como isso pode acontecer, a constituição Dei Verbum lembra que “a compreensão tanto das coisas como das palavras transmitidas cresce tanto com a contemplação como com o estudo dos que creem, que nelas meditam no coração (cf. Lc 2, 19. 51), tanto pela profunda inteligência das coisas espirituais que vivem, como pela pregação daqueles que, com a sucessão episcopal, receberam um carisma seguro de verdade” (DV 8b).

São estes os sujeitos que tornam possível o dinamismo da Tradição, que “progride na Igreja sub assistentia Spiritus Sancti” (DV 8b). Estes sujeitos não são outros senão a própria Igreja, o Povo de Deus reunido pelos seus Pastores, que “perseveram continuamente no ensinamento dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e nas orações (Act 2,47), para que retenham, praticar e professar a fé transmitida, estabelece-se um acordo singular entre Pastores e fiéis” (DV 10). Para a Igreja antiga, o consenso das Igrejas era um critério certo da verdade de Cristo: aquilo que a Igreja acredita é verdadeiro, porque todos os batizados não podem enganar-se naquilo em que creem, em virtude do dom do Espírito.

Desde o início deste processo sinodal reiteramos que ele baseia o discernimento eclesial nesta verdade, na escuta mútua para ouvir o que o Espírito diz à Igreja. É uma escuta que acompanhou todas as etapas do processo: a consulta do Povo Santo de Deus nas Igrejas locais, o discernimento dos Pastores nas Conferências Episcopais, o ulterior discernimento nas Assembleias continentais, a dupla sessão da Assembleia em torno do Santo Padre, princípio e fundamento da unidade de toda a Igreja. Assim elencadas, as etapas parecem configurar um processo linear, onde o Povo de Deus aparece apenas no início para dar a ilusão de participar num processo de decisão que, no entanto, permanece concentrado nas mãos de poucos. Se assim fosse, estariam certos, aqueles que sustentam que o processo sinodal, uma vez passado para a fase de discernimento dos bispos, extinguiu todas as instâncias proféticas do Povo de Deus!

Mas o “consenso universal”, fruto do discernimento, surge da escuta de todos. Vale a pena reiterar o que disse o Santo Padre por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo: “uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta”, na qual todos – o Povo Santo de Deus, o Colégio dos Bispos, o Bispo de Roma - somos chamados a escutar-nos uns aos outros, a escutar o que o Espírito diz às Igrejas. Para garantir que esta escuta seja para todos e envolva sempre todos – isto é, a Igreja – implementamos o princípio da restituição. Sempre, a cada passagem que se colocou num texto o discernimento eclesial permanente, devolvemos às Igrejas o fruto da escuta.

Isto não é um ato de cortesia. É, pelo contrário, um ato necessário, uma aplicação do princípio da circularidade que deve regular a vida da Igreja. Enviar cada documento ao Bispo, “princípio e fundamento da unidade da sua Igreja”, significa voltar ao sujeito de onde partiu todo o processo sinodal - o Povo de Deus - fruto do discernimento, para que a resposta das Igrejas possa dar novo impulso ao discernimento eclesial. O sentido último desta restituição é eclesial: se a Igreja é “o corpo das Igrejas”, “no qual e a partir do qual existe a única Igreja Católica” (LG 23), o Sínodo é um processo que envolve toda a Igreja e todos na Igreja, cada um segundo a sua função, o seu carisma e o seu ministério.

Compete a Secretaria Geral do Sínodo “proporcionar uma colaboração eficaz com o Romano Pontífice, segundo os métodos por ele estabelecidos ou a estabelecer, nos assuntos da maior importância, para o bem de toda a Igreja” (PE 33). Através da circularidade contínua será possível desenvolver um estilo e uma forma sinodal de Igreja, na qual se aplique o princípio da troca de dons: faça com que aconteça rapidamente que cada Igreja “ofereça os seus próprios dons às outras Igrejas e a toda a Igreja”. Igreja, para que a Ecclesia tota e cada Igreja se beneficiem da comunicação recíproca de todos e do esforço conjunto pela salvação” (LG 13).

Compromete cada Bispo com a sua Igreja. Uma Igreja sinodal depende em grande parte de um bispo sinodal. A sua primeira e fundamental tarefa é ser mestre e garante do discernimento eclesial. Esta tarefa aplica-se antes de tudo à sua Igreja, onde exerce o seu ministério de pastor e guia. Mas não é menos válido quando o exerce em conjunto com os demais bispos nos órgãos que manifestam os agrupamentos de Igrejas. Assim, o bispo que iniciou a consulta na sua Igreja e ativou os órgãos de participação como sujeitos de discernimento eclesial, continua este discernimento na Conferência Episcopal e nas Assembleias continentais, que o processo sinodal nos deu como um significativo “lugar” de escuta às Igrejas de um continente. Devemos continuar a refletir sobre este aspecto a nível teológico, canônico e pastoral.

O ministério petrino se beneficia muito deste processo ordenado, que emerge cada vez mais como serviço à unidade da Igreja e na Igreja: da communio Ecclesiarum, Fidelium, Episcoporum ele é “o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade”, que chamou toda a Igreja na ação sinodal e em favor da Igreja, recolhe e devolve os frutos do discernimento, devido ao seu ministério de preocupação para todas as Igrejas. Isto se aplica a esta XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema a sinodalidade. Mas pode tornar-se estilo e modo de proceder numa Igreja sinodal, que redescobriu, com o Espírito falando à Igreja, também a força do discernimento eclesial como fruto da escuta do Espírito através da escuta mútua de todos na Igreja. O ministério petrino é o eixo da sinodalidade católica e o processo sinodal tem como objetivo ajudar Pedro no seu discernimento para toda a Igreja.

Um trabalho intenso nos espera. Esta fase será seguida pela recepção e implementação do que se desenvolveu no processo sinodal 2021-2024. As Igrejas acolherão ainda mais o resultado, porque não será fruto dos nossos esforços, mas fruto de uma escuta dócil do Espírito. Como escreve São Tomás: “Actus credentis non terminatur ad enuntiabile, sed ad rem” (S. Th., II/II, q. 1, art. 2, ad 2). Máxima que podemos traduzir numa dimensão eclesial: o ato de uma Igreja que crê - esta Assembleia - não se esgota numa afirmação teórica, num Documento final, mas na vida concreta da Igreja, uma Igreja que vive do Evangelho, que faz caminhar juntos na força do Espírito para o cumprimento do Reino.

Bom trabalho!

Fonte: Vatican News

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Sínodo, Sônia Gomes: “é tempo de uma Igreja sinodal, uma Igreja que aproxima”

A presidente do laicato do Brasil afirmou que o tema central da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é “como ser uma Igreja missionária em saída”.

Padre Modino - Vaticano

No início da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, às portas da Aula Paulo VI, onde de 2 a 27 de outubro se realiza o Sínodo, a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Sônia Gomes de Oliveira, disse que “o Sínodo não é um evento, o Sínodo é um modo de ser Igreja, e esse modo de ser Igreja nos convoca, não para esperar o final do Sínodo”.

Uma Igreja que ama

Sônia Gomes de Oliveira fez um chamado para que “nós leigos, leigas, desde já tenhamos esse compromisso de sair desta noite escura e gritar por todos os lugares aonde formos: Jesus ressuscitou, e se ele ressuscitou, como Madalena fez, nós podemos dizer, é tempo novo na Igreja, é tempo de uma Igreja sinodal, uma Igreja que aproxima, uma Igreja que ama, uma Igreja que chega junto daqueles e daquelas, uma Igreja com estruturas que favoreçam o encontro, o diálogo e a escuta, e nós leigos, leigas, somos responsáveis por essa Igreja”.

A presidente do laicato do Brasil afirmou que o tema central da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é “como ser uma Igreja missionária em saída”. Tendo esse tema como ponto de partida, Sônia Gomes de Oliveira lembrou das eleições municipais que acontecem no domingo 6 de outubro no Brasil, sublinhando que “nós, leigos, leigas, somos chamados e desafiados a fazer uma mudança nesse último momento, nessa reta final”.

Assumir o compromisso na sociedade

Uma atitude que a presidente do Conselho Nacional do Laicato definiu como missão, como “assumir o compromisso na sociedade”. Ela convocou os leigos e leigos do Brasil, “você, que está aí na sua casa, que está fazendo campanha nas redes sociais, saia para as ruas, favoreçam aqueles e aquelas que são cristãos leigos e leigas, que estão indecisos, ajude a definir as eleições municipais, votando em pessoas que tem compromisso com a vida, que tem compromisso com a casa comum, que tenha compromisso, principalmente com aqueles e aquelas que são os mais pobres e vulneráveis, votemos em pessoas que acreditam na defesa da vida”.

Nas palavras da participante da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, uma das 10 representantes escolhidas pela região Latinoamérica e Caribe, podemos perceber a necessidade de que a Igreja sinodal, que busca crescer em missionariedade, se faça presente na vida concreta das pessoas e as ajude a concretizar um mundo melhor para todos e todas, também no exercício da boa política. - Fonte: Vatican News

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Sínodo, Sônia Gomes: “é tempo de uma Igreja sinodal, uma Igreja que aproxima”

A presidente do laicato do Brasil afirmou que o tema central da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é “como ser uma Igreja missionária em saída”.

Padre Modino - Vaticano

No início da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, às portas da Aula Paulo VI, onde de 2 a 27 de outubro se realiza o Sínodo, a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Sônia Gomes de Oliveira, disse que “o Sínodo não é um evento, o Sínodo é um modo de ser Igreja, e esse modo de ser Igreja nos convoca, não para esperar o final do Sínodo”.

Uma Igreja que ama

Sônia Gomes de Oliveira fez um chamado para que “nós leigos, leigas, desde já tenhamos esse compromisso de sair desta noite escura e gritar por todos os lugares aonde formos: Jesus ressuscitou, e se ele ressuscitou, como Madalena fez, nós podemos dizer, é tempo novo na Igreja, é tempo de uma Igreja sinodal, uma Igreja que aproxima, uma Igreja que ama, uma Igreja que chega junto daqueles e daquelas, uma Igreja com estruturas que favoreçam o encontro, o diálogo e a escuta, e nós leigos, leigas, somos responsáveis por essa Igreja”.

A presidente do laicato do Brasil afirmou que o tema central da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é “como ser uma Igreja missionária em saída”. Tendo esse tema como ponto de partida, Sônia Gomes de Oliveira lembrou das eleições municipais que acontecem no domingo 6 de outubro no Brasil, sublinhando que “nós, leigos, leigas, somos chamados e desafiados a fazer uma mudança nesse último momento, nessa reta final”.

Assumir o compromisso na sociedade

Uma atitude que a presidente do Conselho Nacional do Laicato definiu como missão, como “assumir o compromisso na sociedade”. Ela convocou os leigos e leigos do Brasil, “você, que está aí na sua casa, que está fazendo campanha nas redes sociais, saia para as ruas, favoreçam aqueles e aquelas que são cristãos leigos e leigas, que estão indecisos, ajude a definir as eleições municipais, votando em pessoas que tem compromisso com a vida, que tem compromisso com a casa comum, que tenha compromisso, principalmente com aqueles e aquelas que são os mais pobres e vulneráveis, votemos em pessoas que acreditam na defesa da vida”.

Nas palavras da participante da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, uma das 10 representantes escolhidas pela região Latinoamérica e Caribe, podemos perceber a necessidade de que a Igreja sinodal, que busca crescer em missionariedade, se faça presente na vida concreta das pessoas e as ajude a concretizar um mundo melhor para todos e todas, também no exercício da boa política.

Fonte: Vatican News

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Missão no ambiente digital: “proclamar o Evangelho mais plenamente nestes tempos”

Kim Daniels: “estamos diante de uma nova página missionária na vida da Igreja, que nos permite chegar às periferias, àqueles que estão buscando e àqueles que ficaram pelo caminho”.

Padre Modino - Vaticano

O Sínodo sobre Sinodalidade aborda o modo de ser Igreja, mas não deixa de lado questões que precisam ser tratadas com mais profundidade. Daí a criação de dez grupos de trabalho para tratar de algumas dessas questões. Um deles, o chamado Grupo 3, é responsável pela missão no ambiente digital, um tópico que apareceu com força na Primeira Sessão da Assembleia Sinodal em outubro de 2023.

Discernindo as oportunidades e os desafios da cultura digital

Estamos diante de “uma nova página missionária na vida da Igreja, que nos permite chegar às periferias, àqueles que estão buscando e àqueles que ficaram pelo caminho”, nas palavras de Kim Daniels, coordenadora do grupo e professora da Universidade de Georgetown. Em sua opinião, “estar presente no ambiente digital nos permite alcançar os necessitados onde eles estão e, em muitos casos, ser a primeira proclamação do Senhor àqueles que não o conhecem”, insistindo que “para ser uma Igreja sinodal missionária e proclamar o Evangelho mais plenamente nestes tempos, devemos discernir as oportunidades e os desafios apresentados por esta cultura digital”.

Trata-se de conhecer melhor “as linguagens que usamos para falar às mentes e aos corações das pessoas em uma ampla diversidade de contextos, de uma forma que seja bela e acessível”. Isso está sendo buscado por especialistas de vários setores da Igreja e da academia, procurando “abordar as complexidades da missão da Igreja no ambiente digital”, seguindo um método sinodal que “enfatiza a escuta, o discernimento e a adaptação, para garantir que incorporemos uma ampla gama de perspectivas, especialmente as dos jovens, em nosso trabalho. Seguindo a estrutura delineada em nosso plano de trabalho”.

Maior imersão eclesial no ambiente digital

Um trabalho orientado por cinco perguntas-chave, que nos levam a descobrir como concretizar uma maior imersão eclesial no ambiente digital, a integrar essa dinâmica na rotina da Igreja e em sua relação com as jurisdições eclesiásticas, a fazer propostas práticas e a enxergar possíveis desafios. Nesses meses de trabalho, foram dados passos, coletando relatórios, esforçando-se para ouvir experiências e perspectivas, organizando grupos de trabalho, que estudam questões-chave, bem como desafios legais e éticos. Um caminho que continua e que já delineou as próximas etapas para chegar a um relatório completo.

O grupo insiste que “somos chamados como uma família de fé para dar testemunho de Jesus Cristo em todas as culturas. Hoje vivemos em uma cultura digital, portanto devemos discernir a melhor maneira de alcançar essa cultura”, combinando o físico e o digital, “com o objetivo de encontrar as pessoas onde elas vivem”. Para isso, eles dizem confiar “que o Espírito Santo guiará nossa Igreja sinodal enquanto caminhamos juntos nesse caminho”.

Fonte: Vatican News

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O Papa: rezar é deixar que o Espírito mude nosso coração

Publicamos o prefácio do Papa Francisco, antecipado pelo diário italiano “Avvenire”, para o livro intitulado “Como Jesus nos ensinou. A oração dos peregrinos da esperança” (Edizioni San Paolo), que será publicado na quarta-feira, 9 de outubro. O texto reúne as reflexões, algumas inéditas, do Papa Francisco sobre a oração

Papa Francisco

Aprendi a rezar com minha avó. Foi minha avó quem me ensinou a rezar e também dela adquiri a devoção a São José. Depois, os padres espirituais que tive, tanto no seminário quanto na Companhia, me ajudaram a avançar na experiência da oração.

Entre eles, gostaria de mencionar o padre Miguel Angel Fiorito, um jesuíta argentino, professor de filosofia, mas também um entusiasta da espiritualidade. Suas obras agora também foram publicadas na Itália: um grande mestre espiritual que me ensinou a crescer em minha maneira de orar. Ele deu muitos cursos sobre espiritualidade. Ensinou-me a orar como um filho e não buscando os caramelos da consolação: como se dá a oração? Como habituar-se com a oração? O que fazer quando há consolo ou mesmo desolação, quando não há desejo de orar? Ele foi um mestre de vida espiritual para mim. Com o passar do tempo, minha formação para a oração permaneceu o mesma.

Mesmo como Papa, nada mudou: rezo como sempre, com os ritmos habituais. Às vezes, algumas orações vocais, às vezes, diante do Santíssimo Sacramento, passo por alguns momentos de aridez. Minha oração seguiu adiante com as coisas bonitas e com as coisas não tão bonitas. Às vezes penso que preciso rezar mais, isso sim. Não há tempo, mas preciso rezar mais. Sempre, então, tenho apego à Liturgia das Horas, nunca a deixo: à tarde, as Vésperas, depois o Ofício de Leituras, de manhã, as Laudes e depois a Missa. E depois a oração mental, a oração de meditação, quando tenho um pouco de tempo, tento conversar um pouco e perguntar algo ao Senhor, mas tenho medo de que Ele responda...

E depois há o Pai-Nosso, a oração de Jesus. Tudo está lá! Quando os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a orar, Ele não chamou um catequista para instruí-los em alguma metodologia de oração, ou algum especialista na arte da oração. Ele disse: “Dizei assim: Pai-Nosso” (cf. Lc 11,2). O Pai-Nosso é a oração universal, a oração dos filhos, a oração da confiança, a oração da coragem e a oração também da resignação. É a grande oração.

E há as orações a Maria: eu também tenho muita fé em Nossa Senhora, sempre rezo o Terço. Gosto de senti-la perto, porque ela é Mãe e nos guia. Há uma história muito bonita, é claro que é uma lenda, que nos conta como Nossa Senhora salva todo mundo! É a história de Nossa Senhora dos errantes, protetora dos ladrões. Eles roubam, mas como rezam para ela, quando um deles morre, Nossa Senhora, que está na janela do céu, diz para ele se esconder. E ela lhe diz para não ir até Pedro, que não o deixará entrar. Mas, à noite, ela abre a janela do Paraíso e o deixa entrar por lá. Gosto disso: Nossa Senhora é aquela que deixa você entrar pela janela. É quase um contrabando. Como em Caná. O Senhor não teve a liberdade de dizer não. Ela faz assim com seu Filho. Ela é assim: onipotência suplicante.

É também por causa dessa confiança que, ao final de meus discursos públicos, sempre peço que orem por mim. Preciso, nesse serviço à Igreja, do apoio da comunidade. Se a Igreja não o apoiar com orações, você está acabado. A comunidade deve apoiar seu bispo e o bispo deve orar pela comunidade.

A oração abre o coração para o Senhor e, quando o Espírito entra, muda sua vida por dentro. É por isso que é preciso orar, para abrir o coração e deixar espaço para o Espírito. Oramos para Jesus, para o Pai, para Nossa Senhora, mas não costumamos falar com o Espírito Santo em oração. Ao invés, é o Espírito Santo que muda nosso coração, entra em nosso coração e o muda. O Pai não nos unge, o Filho não nos unge. É o Espírito que nos unge com sua presença e é a unção do Espírito Santo que me faz entender bem a realidade da Igreja e o mistério de Deus.

Fonte: Vatican News

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Livro sobre conversas do Papa com os jesuítas é apresentado em Roma

Organizado pelo Pe. Antonio Spadaro, jesuíta e sub-secretário do Dicastério para a Cultura e Educação, o livro apresenta uma conversa familiar e livre entre o Papa e os membros da Ordem religiosa da qual faz parte.

Bruno Franguelli, sj

Em meio ao ambiente sinodal, no auditório da Cúria Geral da Companhia de Jesus, foi apresentado o livro “Sii tenero e coraggioso” (Seja terno e corajoso), que que recolhe conversas do Papa Francisco com os jesuítas durante as suas viagens apostólicas.

A inspiração do livro

Organizado pelo Pe. Antonio Spadaro, jesuíta e sub-secretário do Dicastério para a Cultura e Educação, o livro apresenta uma conversa familiar e livre entre o Papa e os membros da Ordem religiosa da qual faz parte. Tornou-se tradição em suas viagens um encontro especial com os jesuítas, que desde o seu primeiro momento, por vontade do próprio  Francisco, esteve presente o Pe. Spadaro, que passou a relatar estas conversas através de artigos publicados na revista La Civiltà Cattolica.

A conversa com os jesuítas

Segundo o Cardeal Jean-Claude Hollerich, também jesuíta e relator geral do Sínodo, que participou da apresentação do livro, a obra é um convite especial para viajar ao lado do Papa e compreendê-lo ainda mais. O cardeal recordou ainda que as conversas entre Francisco e os jesuítas sempre são extremamente expontâneas e livres. Que o Papa fala com familiaridade, ou seja, de coração a coração. E que ainda que Francisco fale sempre com liberdade a qualquer que fossem as perguntas, jamais as responde com tom universalista. Francisco sempre fala de situações concretas a pessoas concretas. Neste sentido, as respostas jamais são absolutas, mas janelas que se abrem ao diálogo e este ao discernimento.

O cardeal Hollerich, ainda elencou três temas recorrentes nas respostas de Francisco que de certo modo estão muito presentes no Sínodo atual: Discernimento, misericórdia e centralidade do pobre.

Fonte: Vatican News

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11 anos atrás, a tragédia de Lampedusa

Em 3 de outubro de 2013, em frente à ilha siciliana mais próxima da África do que da Itália, 368 migrantes perderam a vida. Hoje, como naquela época, o Papa pede um mundo mais acolhedor, solidário e fraterno.

Massimiliano Menichetti

A Europa, o mundo inteiro assolado por guerras, pobreza e violência, continua a se confrontar e a se dividir em relação à questão da migração, quase se esquecendo de que essa palavra não desenha abstrações, mas fala de rostos, histórias, pessoas, muitas vezes de dor e tragédia. As fronteiras marcadas por muros são muitas vezes intransponíveis para aqueles que fogem do horror dos conflitos ou buscam uma vida melhor. Homens, mulheres e crianças morreram em desertos tentando atravessar, reféns em centros de detenção, engolidos pelas ondas do mar, como há onze anos. Em 3 de outubro de 2013, a esperança de 543 almas se transformou em horror. O barco de pesca em que viajavam virou e afundou a cerca de 800 metros da ilha italiana de Lampedusa. Etíopes e eritreus haviam partido dois dias antes de Misurata, na Líbia, a bordo de um barco de cerca de vinte metros. Foi uma das mais graves tragédias marítimas desde o início do século XXI no Mediterrâneo: 368 mortos confirmados, 155 sobreviventes e 20 supostos desaparecidos.

O Papa Francisco, em julho do mesmo ano, ao fazer a primeira viagem do pontificado a Lampedusa, expressou sua tristeza por outra tragédia no mar que havia ocorrido pouco tempo antes. Ele falou sobre a “globalização da indiferença” que nos torna a todos “responsáveis”. Ele reiterou que “não estamos mais atentos ao mundo em que vivemos, não nos importamos, não protegemos o que Deus criou para todos e não somos mais capazes de proteger uns aos outros”. Três encíclicas, centenas de apelos, visitas e viagens com as quais Francisco, nos últimos anos, dirigiu-se ao coração do homem para despertar as consciências, a fim de quebrar o egoísmo, a indiferença, a exploração e construir um mundo acolhedor, fraterno, solidário e pacífico. No entanto, o Mediterrâneo, berço e centro da civilização, em vez de unir, tornou-se cada vez mais distante e um cemitério silencioso.

Nos oceanos, a situação não é diferente. Na sociedade das redes sociais, onde a inteligência artificial promete tanto a catástrofe quanto a maravilha, parece que é mais fácil olhar para o outro lado, ignorar, remover. Esquecer, por exemplo, a imagem que comoveu e chocou milhões em 2015: a de Aylan, o pequeno refugiado sírio sem vida, com o rosto na areia, banhado pela água, na praia de Bodrum, na Turquia. Francisco continua a incentivar os esforços políticos e diplomáticos que buscam curar o que ele chamou de “uma ferida aberta de nossa humanidade”, assim como não deixa de apoiar os esforços de todos aqueles que resgatam, acolhem e ajudam os migrantes.

“A solução não é rejeitar”, disse ele em Marselha, em 2023, na sessão de encerramento dos ‘Rencontres méditerranéennes’, ‘mas garantir, de acordo com as possibilidades de cada um, um grande número de entradas legais e regulares’. Para o Papa, central é encontrar, arriscar, amar, caminhar, encontrar soluções juntos. Tudo isso pede a cada um de nós uma mudança de perspectiva, passar do eu para o nós, recuperar a memória e o olhar para poder reconhecer no outro o rosto misericordioso de Jesus.

Fonte: Vatican News

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"Um mosteiro beneditino é sempre um laboratório de sinodalidade", diz prior de Fonte Avellana

"Eu penso que uma das riquezas da Ordem de São Bento é a sinodalidade. Um mosteiro beneditino é sempre um laboratório de sinodalidade. São Bento coloca na Regra que toda decisão deve partir de uma escuta, inclusive escutar os mais novos, aqueles que chegam, porque o Espírito Santo pode falar por meio dele também", diz dom Cristiano Souza OSB, prior do Mosteiro de Fonte Avellana, na região italiana das Marcas.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

A Igreja de Santo Anselmo no Aventino, em Roma, sediou em setembro o Congressus OSB 2024, que reuniu por duas semanas aproximadamente 215 abades, priores e superiores da Confederação Beneditina mundial para seu congresso quadrienal. A eles se uniram 22 representantes da Communio Internationalis Benedictinarum, que representam os mosteiros e institutos beneditinos. Na ocasião foi eleito o novo Abade Primaz, o alemão dom Jeremias Schröder, que sucede o estadunidense dom Gregory Polan.

Entre os participantes, dom Cristiano de Oliveira Souza OSB, prior do Mosteiro de Fonte Avellana, aqui na Itália. Em visita à Rádio Vaticano, o religioso natural de Guaratinguetá, interior de São Paulo, falou de diversos temas, desde a descoberta e o amadurecimento de sua vocação ("decidi por Aquele que decidiu por mim"), passando pela Regra de São Bento e a espiritualidade beneditina, o Congresso dos Abades, o encontro com o Papa Francisco na Audiência Geral, que pediu que "os monges fossem promotores de paz, segundo a própria vocação monástica" e na conclusão da entrevista ,um pedido de oração: "Reze também pela vida monástica, reze por aqueles que escolheram esse caminho, nós precisamos muito do apoio e do apoio espiritual de tantos leigos e leigas, para que possamos ser fiéis à nossa promessa, ao nosso chamado".

Uma vocação cultivada, elaborada, trabalhada...

O Cristiano é filho de uma história de amor, história de amor de um homem e de uma mulher, meu pai e minha mãe, o Gui e a Graça como são conhecidos lá em Guaratinguetá e que cultivaram dentro de mim desde o início a fé cristã, bem autêntica, e já quando era menino, já manifestei o desejo de ser sacerdote. Mas o meu pai foi muito sábio, muito iluminado. Até o bispo que me ordenou, dom Darci Nicioli – ele veio do Brasil para me ordenar aqui na Itália - ele recordou na homilia isso, essas palavras do meu pai foram importantes para mim. Eu tinha mais ou menos 8 anos quando ele disse: “Tudo bem, você quer ser padre, mas agora não! Primeiro você vai crescer, você vai ser homem, vai trabalhar, e só depois você vai decidir”. E ele tinha razão! Porque somos muito católicos, aquela região do Vale do Paraíba é muito católica e na nossa casa havia uma frequência muito grande dos padres, então, o Cristiano é aquele que foi e permitindo. E eu fui crescendo, e passei pelas etapas normais da adolescência e da juventude, com suas crises e conquistas, com seus amores, mas também com seus dissabores, também no mundo do trabalho, dos estudos e das paixões, do amor bem vivido. Mas essa chama permaneceu. Ela foi cultivada, ela foi trabalhada, mesmo namorando ela foi cultivada, trabalhada, elaborada. E assim, com 29 anos, eu deixei tudo e decidi por Aquele que decidiu por mim. Escolhi aquele que já tinha me escolhido, e não foi fácil! Eu escutava agora, vindo para cá, um podcast de um padre muito conhecido no Brasil, um padre do Opus Dei, ele dizia que o Céu é para aqueles que sabem sofrer, o Céu é habitado por pessoas que sabem sofrer, o sofrimento de toda espécie, e o sofrimento de um amor, que precisa ser renunciado por um Amor maior, é importante, e eu sou muito feliz e hoje estou aqui na Itália, eu fiz os meus votos perpétuos no Mosteiro de Camaldoli em 2017, durante a Solenidade de São Bento, fiz meu no viciado em 2010, no Eremitério de Camaldoli, fiz meus estudos de Teologia e me especializei em Teologia Sacramentária e Teologia Espiritual Monástica e depois eu estudei Psicologia aqui em Roma, e em 2020 eu fui para o Mosteiro de Fonte Avellana. Não esperava que depois de 2 anos ali, depois de três anos, eu seria eleito Prior do Mosteiro de Fonte Avellana. Depois de mil anos de história, o primeiro estrangeiro, o primeiro não italiano a ser o pior daquele mosteiro, que é importante não só para Itália, não só para Igreja, mas para civilização ocidental, para a Europa.

Uma leitura sobre a presença de brasileiros à frente de Congregações e Ordens religiosas.....

Olha eu vou responder com uma forma muito simples de uma de uma decisão que tivemos que tomar durante o Congresso dos Abades e dali surgiu uma pergunta feita por um abase colombiano. Houve uma discussão sobre o Jubileu de 2029, que será o Jubileu dos 1.500 anos da Abadia de Monte Cassino. E foi feita a proposta de transferir o próximo Congresso dos Abades, que será 2028, para 2025. E surgiu uma grande discussão. Sabe, monge estuda muito e por isso complica tudo, né? Aí começaram muitas discussões. Vamos fazer assim, assim, até que se chegou a uma conclusão de antecipar o início do Jubileu. Fazemos sempre no mês de setembro, e o início do Jubileu de Monte Cassino será em setembro de 2028, iniciando com Congresso dos Abates. Mas antes de terminar essa discussão, levantou-se com muita simplicidade dom Guillermo e fez a seguinte colocação: tudo bem, discutimos os pormenores, discutimos os monumentos, discutimos a história, mas temos que pensar no conteúdo desse Jubileu, porque Monte Cassino tem sete monges, metade são velhos. 2029, vai ter monges lá? Então, nós estamos vivendo uma situação de queda demográfica muito grande na Itália e na Europa. Papa Francisco insiste em dizer que a periferia está iluminando o centro - baseado na experiência da Assembleia de Aparecida, e é verdade - mas só isso não é suficiente. Nós brasileiros, nós latino-americanos, estamos assumindo lugares, não porque está faltando europeus, mas é porque a Igreja está se abrindo à sua universalidade. Com a eleição de Papa Francisco, se percebeu que a Igreja ela não é italiana, e nem europeia. Então as duas coisas estão juntas. Temos o problema demográfico, uma queda do número de jovens, de pessoas com uma idade para a resposta a determinados serviços e ministérios na Igreja europeia. Mas por outro lado, isso está fazendo ver, enxergar, que a igreja é muito mais ampla, ela saiu do centro, que é a Europa, e sobretudo o Vaticano, né? Então isso tá sendo bastante positivo.

Na Audiência Geral da quarta-feira, 18 de setembro o Papa saiu do texto escrito e falando de forma espontânea, observou que a Igreja é muito eurocêntrica, ao constatar toda a vivacidadade e dinamismo que encontrou na Igreja na Oceania e Ásia durante sua recente Viagem Apostólica. E já falou em diversas outras ocasiões que se vê melhor a realidade a partir da periferia do que do centro...

Exatamente! A Igreja aqui ainda está muito estruturada, e também no Brasil - vamos falar a experiência do Brasil - está se correndo o risco de retornar a recopiar esta eurocentricidade - nem sei se existe essa palavra -, ao passo que, por exemplo, a Igreja brasileira deu passos importantes na inculturação da liturgia, na inculturação da fé, na inculturação até mesmo da doutrina, porém, nós temos agora o risco de um rosto dos novos presbíteros e de novas comunidades que, dizendo-se retornar à fidelidade da fé, à pureza da fé, não estão fazendo outra coisa da coisa que retornar à centralidade da Europa, e o que não é! O Evangelho é muito mais amplo, o Evangelho é experiência. Então o Papa Francisco tem sido genial nesse ponto de mostrar que a periferia está iluminando o centro e o centro está espantado. Sabe, me fez recordar um evento - eu não sei se você já estava presente aqui naquele período - foi na segunda vez que o Papa celebrou a Nossa Senhora de Guadalupe. Não a primeira Missa, a segunda Missa. Naqueles dias, aqueles quatro cardeais escreveram uma carta muito mal criada ao Papa, e em resposta - achei tão bonito aquilo  - em resposta aquela Missa de Guadalupe, 12 de dezembro, teve quase 300 concelebrantes latino-americanos. E nós, latino-americanos, éramos todos ali cantando felizes, alegres, com a alegria latino-americana. E terminou a Missa, os padres não foram para a Sacristia tirar os paramentos, os padres continuaram na igreja se abraçando, abraçando os outros, conversando, e aquela alegria contagiou todos nós. Diante de mim, tinha um grupo de europeus e perguntava: “Mas vocês são assim?”. “Sim, nós somos assim”. É por isso que a igreja é viva na América Latina. Então eles começam a perceber que esse modo de ser latino-americano, ele é iluminante, ele iluminador, e a gente tá ali falta ver lá tentando ser brasileiro, tentando ser latino-americano, dentro de uma história de mil anos, que a gente também não pode agredir, tentando com a ajuda da graça de Deus iluminar, não só a comunidade monástica, mas aquela comunidade mais ampliada que é toda aquela região das Marcas.

A presença na Audiência Geral por ocasião do Congresso dos Abades da Congregação beneditina e o encontro com o Papa Francisco.....

Então, a praxi é sempre uma audiência privada, com o grupo dos abades, mas como o Papa está no meio de duas viagens e chegou dessa viagem cansativa ali da Ásia e Oceania, acharam por bem, pela sua saúde, de não ter essa audiência privada. Porém, nós tivemos aquele lugar privilegiado e a primeira coisa que ele fez, quando passou por nós, ele olhou assim e disse: “Nunca estive no meio de tantos abades. Ai que medo!”. Depois ele fez uma brincadeira com o novo abade,  dom Jeremias, na saudação olhou assim, deu uma risadinha e disse: “E é jovem, hein!”. E depois ele fez uma foto conosco, estávamos todos ali, e nos disse dom Jeremias, quando foram saudá-lo, ele, o abade de Monte Cassino e o abade emérito, abade primaz emérito, dom Gregory Polan, que ele insistiu muito em sermos homens de paz e promotores da paz, já que é o lema da ordem de São Bento, a Pax. E estava muito preocupado com a cultura de guerra porque, a guerra está em todo lugar....Até ontem eu falava no jantar com os meus confrades monges, que comentavam somente sobre a Rússia e Ucrânia. Eu disse: “Vocês não fazem ideia do que tá acontecendo na América Latina, não fazem ideia do que acontece na África, vocês são por demais europeus”. Veja, nós brasileiros podemos dizer: o Rio de Janeiro e aquela periferia de São Paulo, o número de mortes por tiros não é diferente da Faixa de Gaza, se fizermos uma estatística, uma contagem, né? Então a coisa é muito grave. Então o Santo Padre solicitou que rezássemos muito pela paz e que ele estava muito preocupado, que os monges fossem promotores de paz, segundo a própria vocação monástica.

Ao final da Audiência, em sua saudação aos beneditinos, o Papa Francisco disse: “Encorajo todos a se empenharem com zelo caritativo e missionário para tornar o espírito beneditino sempre mais atual no mundo”. Na mesma linha do lema Pax e desta exortação do Santo Padre, como tornar esse espírito beneditino atual no mundo de hoje ...

Sabe, se fizemos uma leitura da vida de São Bento, escrita por São Gregório Magno, podemos ver duas coisas muito interessantes. O primeiro elemento do espírito beneditino é a unificação do homem. Bento nos deixou uma Regra com mais de 70 capítulos, que não é uma Regra religiosa. Ela se tornou a Regra dos Mosteiros do Ocidente por causa de Carlos Magno. Mas no fundo, no fundo, é uma indicação que aponta para um tipo de homem. É verdadeiramente uma escola antropológica. Quem é este homem? É o homem que está à procura de si mesmo, o homem unificado. Até na história de São Bento, e que está aqui muito próximo de nós, se nós andamos aqui uns dois, três quilômetros, temos a pequenina Basílica de San Benedetto in Piscinula, lá onde ele morou. Ele sai dali, porque Roma se tornou muito rumorosa, promíscua - ele era jovem – e sai dali e vai em direção ao silêncio, porque a promiscuidade, o rumor, o barulho, a distração, tudo isso divide o homem, tudo isso divide o ser humano - eu falo homem no sentido de ser humano -, divide o homem. E é muito interessante que ele vai em direção e se faz uma pequena parada na cidade de Enfield e leva consigo a sua empregada e um dia ela quebra uma vasilha que custava muito cara. Essa vasilha é quebrada no meio, em duas partes, e ele quando volta para casa encontra ela chorando. Essa parte feminina está ferida. E Bento, que coisa ele faz? Ele se debruça sobre aquela vasilha, no gesto de oração, e essa vasilha é unificada novamente. Então esse é o primeiro, o primeiro elemento do espírito beneditino, a unificação do homem, sermos homens unificados. Um dos grandes problemas que temos hoje é de relacionamentos entre casais, relacionamentos entre pai e filho, relacionamentos de diversos tipos ,é porque o homem estava por demais fragmentado, o homem não suporta mais viver dividido dentro de si. As guerras que estão acontecendo fora, elas acontecem primeiro dentro do homem. Então o primeiro ponto do espírito beneditino que precisa ser atualizado é o caminho de unificação, buscar juntar esses pedaços, reconciliar-se consigo mesmo. Esse é o caminho.  

E o segundo é a hospitalidade. Bento é um homem da hospitalidade. É comum os Mosteiros da nossa Ordem ter sempre uma hospedaria. Receber o outro, porque aquele que que está no caminho de unificação, ele propõe para o outro também essa mesma estrada. Carl Gustav Jung, diz que o homem, quando se permite ser curado, cura também o outro. Então a hospedaria de um mosteiro é a oportunidade de que o outro possa ser recebido na mesma estrada, de cura, de unificação. Então essa hospitalidade também pode ser pensada e atualizada numa forma de olhar o outro. Esse mundo hoje tão egoísta, egocêntrico, narcisista, não é? Parece que estamos numa cultura onde o narcisismo, não só ele é cultuado, mas ele é o centro se tudo, e se você não olha para si mesmo, não cultua a si mesmo, você não é ninguém na sociedade. São Bento, fala da hospitalidade, ele diz na Regra que todos os hóspedes devem ser recebidos como Cristo. É interessante que na nossa Regra São Bento não fala dos Sacramentos. Para ele o sacramento é o hóspede, é o Cristo que chega, que deve ser recebido, deve ser lavados os pés. Sacramento é o monge velhinho que precisa ser cuidado, precisa curar as feridas, dar atenção. Sacramento é cuidar das ferramentas do mosteiro, linha da vassoura para que o recinto seja limpo, porque o outro passa pelo corredor. Então veja que para Bento o outro, isso é, a hospitalidade, é o sacramento. Então eu diria que esses dois elementos são importantes para ser atualizado o espírito beneditino hoje, e é urgente isso.

O Jubileu, a Ordem Beneditina, a Regra de 529, que foi feita para a Abadia de Monte Cassino.... Qual a perspectiva futura para a espiritualidade de uma Ordem tão antiga ...

Veja bem, a Ordem de São Bento tem uma característica muito interessante. Nós somos 19 Congregações, isto é, 19 Ordens. Cada uma delas é independente, tem o seu Superior Geral, o Superior Maior, como diz o Direito Canônico, que é o Abade Presidente ou Prior Geral ou Abade Geral, cada um tem lá o seu título, e desses 19, temos como cabeça o Abade Primaz, que não tem poder de governo, mas só de representação, que nós elegemos um novo, dom Jeremias Schröder. Então, a perspectiva principal que nós temos, é cultivar a paz e atualizar a Regra dentro da característica e do carisma de cada Congregação. Porque nós não somos uniformes, isso é o que faz o diferencial da Ordem de São Bento. Já começamos pelo uso do hábito. Então se você estivesse ali no Congresso, você ia ver uma um mosaico de várias cores. Por exemplo, eu que pertenço à Congregação de Camaldole (Ordem dos Camaldulenses, ndr) uso branco com o cinto por fora. Tinha os Olivetanos que usam branco, mas o cinto por dentro; tinha a Congregação inglesa, que usa um capuz que parecia - eles brincam - orelha de elefante, é um capuz enorme; a Congregação austríaca, que não usa capuz. Então tem vários, e começa por aí a diferença. Também tem os mosteiros autônomos, que usam o rito tridentino. A Congregação de Solesmes, que é uma das maiores, boa parte conserva o rito anterior ao Concílio, é a forma extraordinária. O importante para nós é conservar essa unidade, em torno a Regra de nosso pai São Bento, cujo Jubileu vamos celebrar. Essa é a grande perspectiva, cultivar esta fraternidade, esta unidade, e ser para o mundo essa luz de paz. Essa é a perspectiva, no caminho de conversão, porque nós monges, não fazemos os votos religiosos em si, fazemos o voto de estabilidade, ser  externamente estável no mosteiro, mas sobretudo ser estável consigo mesmo, no coração de Deus - se o homem não tem essa estabilidade não pode ser monge -. O segundo voto é o voto de obediência ao Abade que é o pai e o terceiro voto que é o mais importante, o da conversão dos costumes. O monge entra na comunidade monástica, entra porque essa comunidade teve misericórdia dele e o acolheu, para seguir essa estrada de conversão dos costumes. E todos nós, segundo o carisma próprio de cada Congregação, dessas 19 Congregações, segundo os costumes próprios de cada mosteiro, segundo a interpretação que se dá à localidade - porque cada mosteiro vai ter a sua a sua interpretação local -, vivemos essa conversão dos costumes, e damos testemunhos no mundo, promovendo a paz, e atualizando este espírito de São Bento, que é a unificação do homem, e a hospitalidade, saber olhar o outro, ter essa capacidade de olhar o outro.

O Congresso dos Abades da Confederação Beneditina realizado em setembro de 2024 ....

A Confederação Beneditina nasce já há muitos anos, há mais de 100 anos, com o Papa Leão XIII, porque precisava representar a Ordem de São Bento perante a Santa Sé. Agora, como ela é articulada. Ela tem como cabeça o Abade Primaz, que é eleito entre nós. Nós éramos 226 votantes. Todos são candidatos, todos são candidatos. E uma vez eleito, se aceito, deixa o seu próprio mosteiro para se dedicar durante aquele período ao cuidado da Confederação, nós chamamos Confederação, e ele passa a residir aqui em Roma na Abadia Primacial de Santo Anselmo. O Abade Primaz faz a ligação da Ordem de São Bento com as suas - é uma Ordem de 19 Ordens, uma Ordem de 19 Congregações - faz esta ligação com a Igreja e com o Papa, e faz a ligação do Papa e da igreja com os mosteiros. Muitas vezes ele recebe a incumbência de fazer visitas, seja da parte da Santa Sé - quando existe uma situação conflituosa, uma situação delicada em um mosteiro, a Santa Sé recorre primeiramente a ele -, ou muitas vezes ele vai a convite para visitar determinados mosteiros, e isso é contínuo. Eu mesmo já o convidei, ele vai durante o período Pascal a Fonte Avellana e ele vai encontrar monges e monjas da região das Marcas e da Úmbria, faremos o encontro, para nos confirmar no caminho de São Bento, caminho da fé. Então ele tem essa tarefa, também de supervisionar, supervisionar todas as entidades que estão ligadas à Ordem de São Bento. Então nós temos entidades de diálogo ecumênico, a área da educação, escolas de mosteiros. Então tudo isso forma um ente, e que está sob a sua jurisdição de supervisão. Embora tenham presidentes próprios, mas ele é aquele que está “à frente e sobre”, então ele tem que articular, tem que estar sabendo de tudo, então é um homem de governo em nível geral. Então pensa que não é fácil, né? Ele mora em uma Abadia, nessa Abadia reside um colégio, de monges que vem do mundo todo para estudar em Roma, tem um Ateneu com Mestrado e Doutorado, embora pertença à Ordem de São Bento, mas não está sob sua ....., tem um reitor que cuida. Geralmente na Abadia de Santo Anselmo, são entorno às vezes mais de 100 monges estudantes só em Roma né? Então é toda essa articulação. Nesses dias nós discutimos tudo que envolve a nossa a nossa Ordem de São Bento, discutimos a parte educativa, discutimos a parte econômica, a solidariedade com os mosteiros mais pobres, escutamos também as dores e feridas. Por exemplo a mim, me tocou muito escutar alguns mosteiros, alguns abades falando das realidades em alguns lugares de conflitos da África, terríveis, abades da Terra Santa contando coisas inimagináveis. Depois também a presença das mulheres, que elas formam uma sociedade a parte, mas participam conosco, e de como criar, e assim também discutimos outras questões mais jurídicas, porque recentemente o Papa Francisco fez um Rescrito que permite que monges não sacerdotes possam ser abades ou priores ou até mesmo Abade-presidente. Só que o Rescrito é só uma permissão. Aí tem uma série de situações canônicas que precisam ser resolvidas. Então tudo isso é colocado ali para nós conversarmos, temos um canonista, e depois temos que votar, autorizando o Abade a vir a Santa Sé, nos dicastérios responsáveis por isso, para tentar resolver essas questões. Tudo é em forma sinodal, colegial. Eu penso que uma das riquezas da Ordem de São Bento é a sinodalidade. Um mosteiro beneditino é sempre um laboratório de sinodalidade. São Bento coloca na Regra que toda decisão deve partir de uma escuta, inclusive escutar os mais novos, aqueles que chegam, porque o Espírito Santo pode falar por meio dele também. É lógico que nós temos o Capítulo, com os professos solenes, mas outras decisões devem ser ouvidos os mais novos, não podem ser desprezados e o Congresso dos Abades também aproveita para escutar essas situações, essas feridas, mas também tomar essas decisões. E nesse Capítulo a parte principal foi a eleição do novo Abade e a partir disso, esses outros por menores jurídicos, questões internas, que precisa ter, aproveitar que estamos todos ali, e também escutar as experiências de outras comunidades que ajudam muito a gente.

Da Abadia Primacial de Santo Anselmo parte a Procissão na Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma, que se se dirige até a Basílica Santa Sabina...

A Quaresma aqui na cidade de Roma, na Diocese de Roma, ela começa justamente ali em Santo Anselmo. O penitenciero-mor impõe a Cinza sobre o Papa na Basílica de Santa Anselmo e depois segue um pequeno trajeto, mas muito simbólico, com monges e com os padres dominicanos, iniciando esse período de preparação para a Páscoa. São Bento, diz que que a vida do monge deve ser uma eterna Quaresma. Não porque deve ser uma dimensão negativa de fazer penitência, mas uma contínua Quaresma quer dizer um contínuo caminho verso a Páscoa, em direção à Páscoa. Então só para rebater aqueles dois pontos do espírito beneditino, da unificação e da hospitalidade, isso não é outra coisa, senão pascalização da vida. O monge é um homem que busca a unificação e a unificação só é possível quando a minha vida ela é pascalizada em todas as suas dimensões, em todas as suas áreas, sem nenhuma cisão sem nenhuma separação de corpo e de alma, porque tudo foi redimido. Então o monge é aquele que vai absorver na Páscoa em tudo, na sua vida.

Um pedido: rezar pela vida monástica...

Olha, eu só peço aos ouvintes que rezem também pelos monges, né? Porque as pessoas têm aquela ideia do monge é aquele que fica trancado no mosteiro e reza pelos outros, né? É uma coisa coletiva, mas eu acho que nós precisamos, vivemos em comunhão dos Santos, então reze também pela vida monástica, reze por aqueles que escolheram esse caminho, nós precisamos muito do apoio e do apoio espiritual de tantos leigos e leigas, para que possamos ser fiéis à nossa promessa, ao nosso chamado. É isso que eu gostaria de pedir. - Fonte: Vatican News

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Agressão ao Líbano, bispos maronitas: comunidade internacional assuma suas responsabilidades

Os bispos maronitas condenam a prolongada agressão israelense, que tem causado centenas de mártires e vítimas. Ao mesmo tempo, pedem à comunidade internacional que “assuma suas responsabilidades, trabalhando por um cessar-fogo imediato e implementando as decisões internacionais”, referindo-se à Resolução 1701 da Onu. Ademais, asseguram também o trabalho da Igreja na ajuda aos feridos e deslocados através da rede de suas paróquias, mosteiros e instituições, especialmente através da Caritas Líbano

Vatican News

Os bispos maronitas, reunidos em sua assembleia mensal presidida pelo patriarca Béchara Boutros Pierre Raï, expressam sua “tristeza pelo horror do desastre que atingiu o Líbano, do litoral às montanhas, com a destruição muitas vezes afetando civis inocentes”, mas também sua condenação pela “prolongada agressão israelense, que causou centenas de mártires e vítimas, incluindo o secretário-geral do Hezbollah, Syed Hassan Nasrallah, e muitos outros líderes do movimento xiita”.

Comunidade internacional trabalhe por cessar-fogo imediato

Os bispos “pedem a Deus misericórdia para aqueles que foram mortos e conforto e consolo para suas famílias e para os feridos”. Ao mesmo tempo, eles se voltam para a comunidade internacional, pedindo que ela “assuma suas responsabilidades, trabalhando por um cessar-fogo imediato e implementando as decisões internacionais”, com referência específica à Resolução 1701 da Onu.

Ademais, os bispos insistem na necessidade urgente de que o Parlamento libanês “cumpra seu dever para que, após uma longa espera e muito sofrimento, um novo presidente da República possa ser eleito para completar a estrutura das instituições constitucionais”.

Atuação da Igreja no socorro aos feridos e deslocados

Um pensamento especial de “proximidade e admiração” vai “para o trabalho dos médicos e dos profissionais da saúde que estão fazendo de tudo para cuidar dos feridos, apesar do estado de crise econômica e política”.

A admiração e o apoio são expressos, sobretudo, pelos gestos espontâneos de muitos libaneses que acolheram os deslocados que fugiram das áreas bombardeadas. Também neste caso, os bispos maronitas pedem às nações e às instituições internacionais que “apoiem esses esforços” ainda em andamento nas áreas afetadas pela “violência cega”, assegurando também o trabalho da Igreja na ajuda aos feridos e deslocados através da rede de suas paróquias, mosteiros e instituições, “especialmente através da Caritas Líbano”.

Em 20 de outubro, a canonização dos mártires de Damasco

Por fim, palavras de proximidade também são expressas em relação aos chefes do exército e às iniciativas destinadas a “impedir qualquer possível golpe de Estado” que esteja sendo realizado em um país que está passando por um momento de grande dificuldade e fragilidade.

Diante do desastre que está atingindo o Líbano, os bispos pedem a todos os libaneses que “despertem uma consciência que preserve e alimente” os fatores de unidade nacional, com uma referência ao que eles definem como um “sinal de esperança nessas circunstâncias difíceis”, ou seja, a liturgia de canonização dos mártires de Damasco, que será presidida pelo Papa Francisco no domingo, 20 de outubro. - (com Fides) - Fonte: Vatican News

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Ordem de Malta ao lado do povo libanês que foge de uma guerra que não quer

A dramática história de Oumayma Farah, diretora de comunicação da Associação libanesa da Ordem de Malta. “É uma situação nunca antes vivida, pessoas deslocadas e refugiados que disputam um lugar nos centros de acolhida. As pessoas ficam dias sem comer e não conseguem se lavar, e apareceu a sarna.”

Francesca Sabatinelli e Marie Duhamel - Cidade do Vaticano

Nunca se viu um Líbano como este, com um milhão de deslocados, muitos dos quais dormem nas calçadas, outros que são acolhidos em escolas que oferecem abrigo mas que não estão equipadas, as pessoas não comem e não podem lavar-se, e apareceu a sarna.

Omayma Farah fala com emoção, contendo as lágrimas de dor por uma situação que o seu país nunca viveu antes, apesar de, ela mesma explica, os libaneses “terem vivido o trauma de duas ocupações, a israelense e a síria; a guerra de 2006; a explosão do porto de Beirute em 2020 e as repercussões de uma grave crise econômica, social e financeira”.

No entanto, para ela, que como diretora de comunicações da Associação libanesa da Ordem de Malta fez da ajuda humanitária a sua vida, hoje é ainda mais difícil. É “uma situação nunca antes vivida” que - observa -  um drama no drama, que vê mesmo a disputa entre deslocados internos e os cerca de dois milhões de refugiados sírios presentes no país, para conseguir ter um alojamento nas escolas ou nos refúgios à disposição. Além disso, o que era apenas uma recordação da guerra civil está acontecendo de novo: pessoas que, não obstante o medo do conflito, não deixam suas casas por medo de que “estrangeiros” possam entrar.

Os libaneses não querem a guerra 

Omayma Farah descreve o medo do desconhecido e a incerteza em que todo o seu povo mergulhou. Ninguém sabe “como irá evoluir esta guerra, mas se deve continuar a olhar para frente”, é a sua convicção, sobretudo ela, no seu trabalho humanitário. Todavia, agora, “não se vive dia após dia, mas sim de hora em hora”.

O receio de todos é que isso conduza a uma guerra civil que a maioria da população não deseja. Existem muitas “tensões interligadas”, observa Farah, embora o libanês seja “uma pessoa acolhedora, que abre os braços, uma pessoa de fé, seja cristã ou muçulmana, e que sempre olhou para o irmão, hoje se encontra em dificuldades para acolhê-lo, porque este seu irmão arrastou uma população inteira, um país inteiro, para uma guerra que não lhe diz respeito”.

O que dói, acrescenta ela, “é a desumanização da comunidade internacional, como aquela demonstrada diante das imagens que chegam de Gaza. E hoje a opinião pública e a comunidade internacional assistem em silêncio. E isso mata pela segunda vez."

O seu apelo é para não esquecer o Líbano, um grito dirigido ao mundo inteiro, mas também à diáspora libanesa, que no entanto “está tão mobilizada que talvez não possa dar mais”.

O drama dos deslocados e o inverno que se aproxima 

O agradecimento de Omayma são, no entanto, sincero, porque os libaneses “não são um povo ingrato”, mas hoje é preciso ir além, e o trabalho quotidiano da Associação Libanesa da Ordem de Malta testemunha isso: todas as equipes mobilizaram-se para ajudar aqueles que se encontram nos refúgios, além disso, o inverno está às portas e a situação é de emergência.

Por agora, as unidades médicas, bem como o trabalho dos centros, no sul do país estão paralisados. Com a ajuda das Nações Unidas, funcionários e famílias foram evacuados os povoados fronteiriços com Israel, apesar da resistência, especialmente dos cristãos, em abandonarem as suas casas.

“Um colega meu chorava porque teria que deixar a família que decidiu permanecer no povoado, pelo menos enquanto estiverem outros habitantes e entendeu que talvez pelos próximos seis meses, ou por um ano inteiro, se houver uma ocupação israelense no sul, ele nunca mais verá seus pais, isso se eles permanecerem vivos." - Fonte: Vatican News

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Cardeal Odilo Scherer recebe a Ordem do Ipiranga

Cardeal Scherer recebeu a Ordem do Ipiranga, em cerimônia na Sala São Paulo, na última terça-feira, dia 1º. É a mais alta honraria do Estado de São Paulo.

Vatican News

Na noite do dia último dia 1º de outubro, terça-feira, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, recebeu a Ordem do Ipiranga. Esta honraria, a mais elevada concedida pelo Estado de São Paulo, é entregue a cidadãos, brasileiros ou estrangeiros, em reconhecimento aos serviços prestados ao povo paulista e por méritos pessoais.

O evento foi realizado na Sala São Paulo, no centro da capital, e também recordou os 70 anos da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção. Durante a cerimônia houve um concerto da Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, sob a regência da maestrina Mônica Giardini.

Participaram do evento autoridades civis, eclesiásticas e militares, além de inúmeros clérigos, religiosos, representantes de pastorais, movimentos e fiéis de diversas paróquias e comunidades da Arquidiocese.

A Ordem do Ipiranga

Instituída em junho de 1969, a Ordem do Ipiranga faz referência à Independência do Brasil, ocorrida em solo paulista. O lema da Ordem, inscrito na comenda, é a frase de Dom Pedro I: “Independência ou Morte”. A primeira ou- torga ocorreu em 8 de janeiro de 1970.

Essa honraria estadual possui cinco graus: grã-cruz – que foi concedida a Dom Odilo –, grande oficial, comendador, oficial e cavaleiro.

Gratidão à Igreja

A honraria foi conferida por Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo. Ao saudar o arcebispo, ele manifestou que a homenagem concedida era uma expressão de agradecimento e reconhecimento pela trajetória do cardeal Scherer, por seu exemplo e dedicação testemunhados em sua missão na Igreja. “É uma forma de dizer também muito obrigado à Igreja no nosso Estado”, afirmou.

Referindo-se aos 70 anos da Catedral, Tarcísio de Freitas ressaltou que a Sé é uma referência para a cidade de São Paulo, marco da presença da Igreja na metrópole, cuja origem está na missão jesuíta do Pateo do Collegio.

Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais, também saudou o homenageado, sublinhado a importância da atuação de Dom Odilo para a sociedade paulista. “Sou testemunha do quanto o senhor tem atuado para que esta cidade seja melhor. Minhas palavras são apenas instrumento de todos aqueles que estão aqui para lhe agradecer por tudo, para felicitar a Igreja Católica, para dizer da satisfação que a cidade tem de ver essa grande parceira que é a Igreja Católica”, disse.

Reconhecimento e compromisso

O Cardeal Scherer manifestou gratidão pela homenagem concedida a ele e à Catedral da Sé. “Este templo é uma referência religiosa, mas também cívica e cultural, uma referência da consciência da cidade de São Paulo”, destacou.

“São quase 23 anos que estou em São Paulo, primeiro como bispo auxiliar, em seguida, como arcebispo, participando da vida e dos acontecimentos, das preocupações, das alegrias, das angústias, dos anseios da cidade de São Paulo, que se sentem em todos os cantos, em todos os bairros, em todas as ruas, em todos os quarteirões, em todas as paróquias, em todas as comunidades, em todas as obras sociais nas quais está presente a Igreja Católica e que participa da vida da cidade”, continuou o Arcebispo.

“Recebo esta homenagem com muita alegria, com muita humildade, mas, ao mesmo tempo, como um compromisso maior de continuar a participar da vida da cidade, na medida das forças que Deus vai me concedendo, sentindo-me ainda mais engajado e comprometido com a vida e a história desta cidade”, completou Dom Odilo.

Fonte: Luciney Martins - O SÃO PAULO

Fonte: Vatican News

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Sínodo 2024: Papa pede perdão pelos abusos e pecados da Igreja (c/fotos e vídeo)

Inédita Vigília Penitencial evocou dramas da guerra, migrações, abusos sexuais e desigualdades sociais, em cerimónia marcada por testemunhos das vítimas

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

O Papa presidiu hoje a uma inédita Vigília Penitencial, na Basílica de São Pedro, em que se ouviu testemunhas de vítimas e deixou um pedido de perdão, com sete cardeais, pelos abusos e “pecados” da Igreja.

“Não poderíamos invocar o nome de Deus sem pedir perdão aos nossos irmãos, à Terra e a todas as criaturas. E como poderíamos ser uma Igreja sinodal sem reconciliação?”, questionou, na reflexão que apresentou nesta celebração, uma novidade no programa da segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo.

Os participantes ouviram o testemunho de um sobrevivente de abusos sexuais, de uma migrante africana e de uma vítima da guerra na Síria.

Solange, originária da Costa do Marfim, foi acompanhada por Sara, da Fundação Migrantes, que leu um depoimento no qual comparava os barcos que atravessam o Mediterrâneo aos campos de extermínio nazi, “onde homens e mulheres perderam a sua identidade como indivíduos, como comunidade e como povo, e deixaram de ser pessoas”.

O sul-africano Laurence contou a história de abuso sexual, aos 11 anos de idade, por um membro do clero católico, referindo que “durante décadas, as acusações foram ignoradas ou tratadas internamente, em vez de serem denunciadas às autoridades”.

O testemunho falou num “véu de silêncio” que tem sido usado para ajudar os “perpetradores” dos crimes, permitindo que os abusadores prosseguissem os seus comportamentos.

A intervenção foi saudada pelos presentes com uma salva de palmas.

A irmã Deema, de Homs, na Síria, falou da sua experiência de resistência “não-violenta” num conflito que se arrasta há mais de uma década, em que as partes procuram rotular os outros como “inimigos”, a ponto de “desumanizar e justificar a sua morte, em casos extremos”.

Os sete cardeais que tomaram a palavra, depois dos testemunhos, deixaram um pedido de perdão por atos contra a paz e a vida humana, a natureza, os migrantes e povos indígenas, as mulheres e jovens, as vítimas de abusos sexuais e de poder, os pobres e pelas justificações doutrinais para “tratamentos desumanos”, bem como as falhas na sinodalidade.

No final desta “confissão de pecados”, o Papa dirigiu um pedido de perdão a Deus à humanidade.

“Quis escrever os pedidos de perdão que foram lidos pelos cardeais porque era necessário chamar pelo nome os nossos principais pecados. O pecado é sempre uma ferida nas relações: a relação com Deus e a relação com os irmãos”, explicou.

“Como podemos ser credíveis na missão se não reconhecermos os nossos erros e não nos baixarmos para curar as feridas que causamos com os nossos pecados?”

Francisco alertou para os perigos do “ego”, que retira lugar a Deus, e para a violência, que se torna “cada vez mais hedionda”.

“Na véspera do Sínodo, a confissão é uma oportunidade para restaurar a confiança na Igreja”, acrescentou.

Simbolicamente, após um momento de silêncio, todos os participantes foram convidados a baixar a cabeça, como gesto de arrependimento e pedido de perdão.

O Papa apresentou uma oração, pedindo uma “autêntica conversão” da Igreja.

“Pedimos perdão por todos os nossos pecados, ajuda-nos a restaurar o teu rosto que desfiguramos com a nossa infidelidade. Pedimos perdão, sentindo vergonha, àqueles que foram feridos pelos nossos pecados”, declarou.

A celebração penitencial foi organizada conjuntamente pela Secretaria-Geral do Sínodo e pela Diocese de Roma, em colaboração com a União dos Superiores Gerais (USG) e a União Internacional de Superioras Gerais (UISG).

Fonte: Agência Ecclesia

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Sínodo 2024: Presidente-delegada pede «passos ainda mais amplos, mais rápidos» para valorizar mulheres

Intervenções sobre diaconado feminino afastaram decisões imediatas sobre o tema

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

A irmã Dolores Palencia, presidente-delegada da XVI Assembleia Geral do Sínodo, disse hoje no Vaticano que a Igreja tem de dar passos “ainda mais amplos, mais rápidos e mais intensos” para valorizar as mulheres.

“Creio que se está a fazer um caminho em que o papel das mulheres, os seus dons e os seus contributos numa igreja sinodal estão a ser cada vez mais reconhecidos”, referiu a religiosa mexicana, num encontro com jornalistas, na sala de imprensa da Santa Sé.

“Está a reconhecer-se a possibilidade de abrir novas experiências e novas propostas para descobrir ainda mais esse papel, para poder ir ao fundo da questão”, acrescentou.

A assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

Esta sessão tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A irmã Dolores Palencia destacou que, no processo sinodal, “há um caminho que está a ser feito”.

“Depende do contexto, mas está a ser feito pouco a pouco e é também um processo de aprendizagem: lugares para mulheres, para mulheres leigas e para mulheres consagradas, ambas, porque penso que também nós temos de aprender a libertar-nos de um estilo de clericalismo que experimentamos”, referiu a religiosa.

“Temos de ter em conta os contextos, respeitar as culturas, dialogar com essas culturas e ouvir as próprias mulheres nesses locais e nessas culturas, mas acredito que há um caminho a seguir”.

Em fevereiro, o Papa decidiu criar grupos de estudo sobre dez temas propostos pela primeira sessão sinodal, em outubro de 2023, que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo, deixando assim esse debate fora do documento de trabalho

Estes grupos vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal.

Na sessão plenária de abertura dos trabalhos, esta quarta-feira, vários responsáveis destes grupos apresentaram um relatório, entre eles o cardeal Víctor Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé), que falou em nome do Grupo 5 – dedicado a “questões teológicas e canonísticas relativamente a específicas formas ministeriais”, em particular sobre a participação das mulheres nos processos de decisão e liderança comunitária.

“Conhecemos a posição pública do pontífice, que não considera a questão madura. A oportunidade de um estudo mais aprofundado permanece aberta, mas na mente do Santo Padre há ainda outras questões a serem investigadas e resolvidas antes de nos apressarmos em falar de um possível diaconado para algumas mulheres”, assinalou.

O colaborador do Papa rejeitou que o diaconado se torne “uma espécie de consolação para algumas mulheres e a questão mais decisiva da participação feminina na Igreja continue a ser negligenciada”.

Os trabalhos procuram “sugerir o reconhecimento de carismas ou a instituição de serviços, não necessariamente ligados ao poder sacramental”.

“Não uma autoridade relacionada com a receção das ordens sagradas, mas um verdadeiro exercício de autoridade de grande fecundidade para o povo de Deus, talvez mais decisivo do que os  deveres limitados de um diácono”, acrescentou o cardeal Víctor Fernández.

Giacomo Costa, secretário especial da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, destacou que, na apresentação do prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé se sublinha que “este não é o momento da tomada de decisões”.

“Não é muito claro como configurar o próprio diaconado, há todo um trabalho para compreender a perspectiva da liderança, da autoridade da Igreja, para poder fundamentar um caminho que continue e que retome essa questão”, declarou o responsável.

“Penso que a perspectiva é bastante clara de procurar um caminho eclesial vivido em conjunto, em que os passos são dado e m comum”, acrescentou.

 “Sínodo: Diaconado feminino e celibato sacerdotal surgem como questões que geraram maior divisão.  

Uma primeira comissão para o estudo do diaconado feminino, anunciada a 12 de maio de 2016, veio a revelar-se inconclusiva, tendo Francisco descartado mudanças no futuro imediato.

Em 2020, o Papa decidiu instituir uma nova comissão de estudo sobre o diaconado feminino na Igreja Católica, na sequência do Sínodo especial para a Amazónia.

O diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem (diaconado, sacerdócio, episcopado), atualmente reservado aos homens, na Igreja Católica.

O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o que não acontece com o sacerdócio.

Com origem grega, a palavra ‘diácono’ pode traduzir-se por servidor, e corresponde a alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas. - Fonte: Agência Ecclesia

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 Ainda não há espaço para o diaconato feminino, diz cardeal Fernández

Por Almudena Martínez-Bordiú 

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Fernández, disse que ainda não há espaço para um diaconato feminino, embora tenha falado sobre o estudo e aprofundamento de uma presença feminina “mais decisiva” na Igreja.

Ao falar ontem (2) na abertura da fase final do Sínodo da Sinodalidade, o cardeal disse que “ainda não há espaço para uma decisão positiva do Magistério sobre o acesso das mulheres ao diaconato, entendido como um grau do Sacramento das Ordens Sagradas”.

O prefeito de Doutrina para a Fé disse que também levaram em conta “o trabalho realizado pelas duas comissões instituídas pelo papa Francisco sobre o diaconato feminino” e disse que “estamos cientes da posição pública do pontífice, que não considera a questão".

A aprovação do diaconato feminino sem o devido estudo e profundidade se tornaria, segundo o cardeal, “uma espécie de consolo para algumas mulheres” e a questão mais decisiva da participação das mulheres na Igreja permaneceria “negligenciada”.

Assim, em diálogo com a Secretaria Geral do Sínodo e também a pedido do papa, o cardeal indicou que o Dicastério “quer aprofundar teologicamente a questão do lugar da mulher na Igreja”.

Uma presença feminina mais decisiva

O cardeal falou na Aula Paulo VI no Vaticano que é necessário estudar especialmente a participação de mulheres na tomada de decisões “e na orientação da comunidade”.

O cardeal Fernández defendeu também uma reflexão sobre a “ampliação da dimensão ministerial da Igreja”, para sugerir o reconhecimento de carismas ou instituições de serviço de certas mulheres e “não necessariamente ligadas ao poder sacramental”.

Depois de citar algumas santas da Igreja, como santa Catarina de Sena, santa Joana D'Arc e santa Teresa de Ávila, o cardeal disse que “a questão do acesso ao diaconato está redimensionada” e, por isso, “tentamos prolongar o espaços para uma presença feminina mais decisiva”.

Posição do papa Francisco sobre o diaconato feminino

O papa Francisco criou uma primeira comissão de estudo para analisar a possibilidade de estabelecer um diaconato feminino em agosto de 2016.

Posteriormente, em abril de 2020, Francisco estabeleceu uma segunda comissão liderada pelo então arcebispo de L'Aquila, Itália, dom Giuseppe cardeal Petrocchi.

Ao longo do seu pontificado, o papa Francisco expressou a sua posição contra um diaconato feminino ordenado. Em maio de 2019, em conferência de imprensa no seu voo de retorno da Macedônia do Norte, o papa disse que, uma vez concluído o trabalho da comissão, a possibilidade de ordenar diaconisas na Igreja “até este momento, não é possível”.

Esta rejeição foi reiterada em maio deste ano, quando respondeu com um sonoro “não” à pergunta de uma jornalista da CBS News sobre a possibilidade de ordenar mulheres como diaconisas.

Papa Francisco fala ontem (2) a participantes do primeiro encontro da assembleia plenária do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano. 

No Sínodo, papa diz que a Igreja precisa de novos modos de os bispos serem sinodais 

Respondendo sobre esse tema na conferência de imprensa hoje (3) na Sala de Imprensa da Santa Sé, o secretário-especial do Sínodo da Sinodalidade, monsenhor Riccardo Battocchio, disse que o cardeal Fernández “indicou muito claramente a perspectiva”.

Battocchio disse que “agora não é hora” de tomar uma decisão, mas que “é bom que isso seja mais aprofundado”.

“Também porque o diaconato em si não é claro, como configurá-lo”, disse Battocchio.

 “Há muito trabalho para compreender a perspectiva da autoridade na Igreja, o que é fundamental para estabelecer um caminho que continue e que retorne a essa questão. Acho que a perspectiva é bastante clara, de uma busca e de um caminho eclesial em que os passos são dados juntos”, disse Battocchio. - Fonte: ACIDigital

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No Sínodo, papa diz que a Igreja precisa de novos modos de os bispos serem sinodais

Papa Francisco fala ontem (2) a participantes do primeiro encontro da assembleia plenária do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano. | Daniel Ibáñez/ACI Digital

Por Hannah Brockhaus 

Na primeira reunião ontem (2) da assembleia plenária do Sínodo da Sinodalidade, o papa Francisco disse que o ministério de um bispo deve incluir a cooperação com leigos e que o sínodo precisará identificar “diferentes formas” de exercício desse ministério.

Que bispos, leigos e leigas, padres e religiosos sejam membros do sínodo foi uma escolha intencional, disse ontem (2) o papa na Aula Paulo VI, no Vaticano. Francisco também disse que isso "expressa uma maneira de exercer o ministério episcopal consistente com a tradição viva da Igreja e com as doutrinas do Concílio Vaticano II".

“Nunca um bispo, ou qualquer outro cristão, pode pensar em si mesmo sem os outros”, disse o papa. “Assim como ninguém se salva sozinho, a proclamação da salvação precisa de todos e requer que todos sejam ouvidos”.

 “Diferentes formas de exercício ‘colegial’ e ‘sinodal’ do ministério episcopal” nas dioceses e na Igreja universal, disse Francisco, “precisarão ser identificadas no devido tempo, sempre respeitando o depósito da fé e a tradição viva, e sempre respondendo ao que o Espírito pede às Igrejas neste momento particular e nos diferentes contextos em que vivem”.

O Sínodo da Sinodalidade reflete essa “compreensão inclusiva” do ministério de um bispo, disse o papa, que também falou que bispos e leigos devem aprender a cooperar melhor na Igreja daqui para frente.

O papa Francisco, em seu discurso, dirigiu-se aos mais de 400 participantes da segunda sessão da 16ª assembleia geral ordinária dos Bispos no primeiro dia da reunião sobre sinodalidade no Vaticano que começou ontem (2) e vai até 27 de outubro. A reunião deste ano tem 368 membros votantes (delegados), 272 dos quais são bispos e 96 dos quais não são bispos. Entre os 96 que não são bispos, cerca de metade são mulheres.

O primeiro encontro geral, ou “congregação”, como é chamado, foi dedicado às saudações de abertura do papa Francisco e do arcebispo da Cidade do México, dom Carlos cardeal Aguiar Retes, e aos discursos introdutórios dos líderes sinodais; o secretário-geral do sínodo, cardeal Mario Grech e o arcebispo de Luxemburgo, o cardeal jesuíta Jean-Claude Hollerich.

Na reunião de três horas e meia, os delegados também assistiram a vídeos informativos sobre o sínodo, incluindo vídeos sobre os dez grupos de estudo teológico e uma comissão canônica formada pelo papa Francisco.

Em suas observações, o papa disse que a presença de delegados que não são bispos no Sínodo dos Bispos não diminui ou coloca limitações na autoridade de bispos individuais e do colégio de bispos.

“Em vez disso, aponta para a forma que o exercício da autoridade episcopal é chamado a tomar em uma Igreja que é consciente de ser essencialmente relacional e, portanto, sinodal”, disse Francisco.

“A harmonia é essencial”, disse o papa ao falar que há dois perigos a evitar: o perigo de se tornar muito abstrato e o perigo de “colocar a hierarquia contra os fiéis leigos”.

Ontem (2), o papa Francisco tornou-se o primeiro papa desde 1974 a ver uma relíquia histórica da cadeira de são Pedro.

A cadeira de madeira que se acredita ter pertencido a são Pedro Apóstolo, o primeiro papa, geralmente fica dentro do enorme monumento da cadeira criado no século XVII pelo escultor Gian Lorenzo Bernini e localizado na parede mais distante da abside da basílica do Vaticano, sobre o que é chamado de "Altar da Cadeira".

A relíquia foi removida pela última vez do monumento de Bernini para estudo de 1968 a 1974. Ela foi removida agora no trabalho de restauração.

A cadeira é um símbolo da primazia do papa. O papa Francisco pôde ver a relíquia na sacristia Ottoboni da basílica depois da missa celebrada na praça de São Pedro para o início da segunda sessão do Sínodo da Sinodalidade na manhã de ontem (2).

O encontro deste mês é a última parte do processo sinodal iniciado em 2021.

Ao falar sobre o foco do encontro de um mês, que é refletir sobre como ser uma Igreja em missão, o papa disse também que a Igreja também precisa refletir sobre como ser mais misericordiosa.

Francisco também recomendou que os delegados do sínodo lessem os sonetos da Vita Nuova (Vida Nova), do poeta italiano Dante Alighieri, para meditar sobre a virtude da humildade.

“Não podemos ser humildes sem amor”, disse o papa. “Os cristãos devem ser como aquelas mulheres descritas por Dante Alighieri em um de seus sonetos. São mulheres que lamentam a perda do pai de sua amiga Beatrice: 'Você que tem aparência humilde, com os olhos baixos, mostrando tristeza.' “Encorajo-vos a meditar sobre este belo texto espiritual e a perceber que a Igreja — 'semper reformanda' (sempre em reforma) — não pode prosseguir o seu caminho e deixar-se renovar sem o Espírito Santo e as suas surpresas, sem se deixar moldar pelas mãos de Deus Criador, do seu filho Jesus Cristo e do seu Espírito Santo”, disse Francisco.

Na terça-feira (1), véspera do sínodo, um retiro de dois dias para os participantes do sínodo no Vaticano foi concluído com uma liturgia penitencial na basílica de São Pedro.

No culto de oração, que contou com a presença de mais de 500 pessoas, cardeais, bispos, religiosos e leigos deram testemunhos e pediram perdão em nome da Igreja pelos pecados, incluindo o pecado de abuso ou pecados cometidos na guerra.

O papa Francisco disse em sua reflexão que a Igreja deve primeiro reconhecer seus pecados e pedir perdão antes de poder ser confiável na execução da missão que Jesus Cristo lhe confiou.

Fonte: ACIDigital

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China tira cruzes de igrejas e substitui imagens de Cristo por Xi Jinping

Por Tyler Arnold 

Relatório de um órgão americano mostra os esforços do Partido Comunista Chinês para "exercer controle total" sobre a Igreja e outras religiões e para "erradicar à força elementos religiosos".

A análise, publicada pela Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF, na sigla em inglês) na semana passada, diz que a política de “sinicização da religião” viola a liberdade de religião. O termo “sinicização” significa conformar algo à cultura chinesa. A política essencialmente subordina as crenças à “agenda política do Partido Comunista Chinês e à visão marxista da religião”, segundo o relatório.

Autoridades chinesas ordenaram a remoção de cruzes de igrejas e substituíram imagens de Cristo e de Nossa Senhora por imagens do presidente Xi Jinping, segundo o relatório. Eles também censuraram textos religiosos, forçaram membros do clero a pregar a ideologia do partido e ordenaram a exibição de slogans do partido dentro das igrejas.

Para subordinar religiões ao partido, o governo força grupos religiosos a se inscrever em “associações religiosas patrióticas” e suas filiais locais. Para igrejas católicas, isso significa se inscrever na Conferência dos Bispos da Igreja Católica na China, que está oficialmente sob o controle da Administração Estatal de Assuntos Religiosos da China e do Departamento de Trabalho da Frente Unida do Partido Comunista.

Qualquer pessoa que pratique sua religião fora das associações aprovadas pelo Estado é considerada membro de um “culto” e sujeita à lei anti-culto, política que resultou em prisão em massa, segundo o relatório. Autoridades chinesas aplicaram leis anti-culto contra católicos clandestinos que não reconhecem a autoridade do clero apoiado pelo governo.

O comissário da USCIRF, Asif Mahmood, disse à CNA, agência em inglês da EWTN News, que o governo chinês considera os católicos clandestinos uma ameaça porque eles não reconhecem a autoridade do governo “para ditar a doutrina religiosa e regular os assuntos religiosos”.

“Embora alguns católicos escolham adorar legalmente dentro da Associação Patriótica Católica Chinesa controlada pelo Estado, eles certamente não são livres, pois devem obedecer aos severos mecanismos de controle e interferência”, disse Mahmood. “Em última análise, o governo chinês está interessado apenas em incutir obediência e devoção inabaláveis ao PCCh, sua agenda política e sua visão para a religião, não em proteger os direitos de liberdade religiosa dos católicos”, disse Mahmood.

O relatório diz que a Santa Sé entrou num acordo cujo conteúdo é secreto com a China em 2018 que estabeleceu cooperação entre autoridades da Igreja e do governo chinês na nomeação de bispos. No entanto, o relatório diz que "o governo instalou unilateralmente bispos alinhados ao PCCh sem a consulta e aprovação da Santa Sé", apesar desse acordo.

 “Autoridades continuam a fazer desaparecer líderes religiosos católicos clandestinos que rejeitam a igreja católica controlada pelo Estado, como o bispo Peter Shao Zhumin e o bispo Augustine Cui Tai”, disse Mahmood. “O governo também se recusa a revelar o paradeiro de líderes católicos que estão desaparecidos há décadas, como o bispo James Su Zhimin”.

Nina Shea, diretora do Centro de Liberdade Religiosa do Instituto Hudson e ex-comissária da USCIRF, disse à CNA que o governo comunista "tenta separar a Igreja Católica na China do papa".

“Bispos católicos são alvos especiais por causa de seu papel essencial dentro da Igreja hierárquica em garantir a comunhão com o sucessor de são Pedro”, disse Shea. “Aqueles que resistem são presos indefinidamente sem o devido processo legal, banidos de suas sedes episcopais, colocados sob investigação policial de segurança indefinida, desaparecem e/ou são impedidos de exercer seus ministérios episcopais.”

Shea diz que o acordo Santa Sé-China “não prevê nenhuma garantia para bispos que resistem a se juntar à associação por razões de consciência, nem aborda a perseguição religiosa”. Ela disse que a perseguição religiosa sob Xi é “a mais repressiva para os católicos chineses desde a era Mao”.

O problema se estende a protestantes, muçulmanos, taoístas, budistas e adeptos das religiões populares chinesas. As autoridades chinesas também reprimem o movimento religioso Falun Gong.

Um dos exemplos mais flagrantes incluídos no relatório é a internação forçada de muçulmanos uigures em campos de reeducação, onde eles devem jurar lealdade ao Partido Comunista e renunciar à sua língua, cultura e tradições religiosas. O relatório se refere às ações do governo como constituindo “genocídio e crimes contra a humanidade” contra muçulmanos uigures.

O relatório também observa exemplos de reeducação forçada contra budistas tibetanos e remoção ou alteração de textos e imagens religiosas. Autoridades chinesas também destruíram ou alteraram estátuas e templos de budistas e taoístas chineses, suprimiram práticas que são vistas como contrárias a seus objetivos e forçaram a exibição de slogans do partido. - Fonte: ACIDigital

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China avança na sinização religiosa: substituição das imagens de Cristo e da Virgem Maria pelas do presidente Xi Jinping 

Estes dados foram revelados pela Comissão dos EUA sobre a Liberdade Religiosa Internacional.

Não pode haver convivência pacífica com o erro, pois, entre outros motivos, o erro visa dominar, não promover a paz.

É o que se confirma mais uma vez, ao observarmos o que foi divulgado pela Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional. O relatório mostra como a proclamada sinização da religião na China avança decisivamente rumo à subordinação das crenças religiosas à ideologia do Partido Comunista chinês.

As ações desse processo de sinicização incluem a substituição de imagens de Cristo por retratos de Xi Jinping nas igrejas, repressão de comunidades religiosas não controladas pelo Estado e graves violações da liberdade religiosa, afetando budistas, cristãos, muçulmanos e taoístas.

De fato, nos últimos anos, o governo chinês implementou uma política agressiva de sinicização da religião, cujo objetivo é integrar a ideologia do Partido Comunista Chinês (PCC) em todas as manifestações religiosas do país. Essa estratégia, conduzida pelo presidente Xi Jinping, transformou profundamente a vida religiosa na China, afetando tanto os fiéis quanto as instituições religiosas, que se veem forçados a se adequarem aos princípios do socialismo e da liderança do partido.

A “sinicização começou como uma série de reformas para controlar as religiões e evitar influências estrangeiras, e consolidou-se como uma ferramenta estratégica do governo para garantir a estabilidade do regime e a lealdade das comunidades religiosas. Sob este mandato, as autoridades implementaram uma profunda reestruturação das organizações religiosas, estabelecendo um sistema de vigilância e controle que abrange todos os aspectos da prática religiosa.

Controle absoluto sobre as religiões oficiais

O governo chinês criou um sistema centralizado de controle sobre as cinco religiões oficialmente reconhecidas: budismo, cristianismo (catolicismo e protestantismo), islamismo e taoísmo. Para tanto, estabeleceu associações religiosas patrióticas que atuam como intermediárias entre as comunidades religiosas e o Estado. Essas organizações, dirigidas por funcionários leais ao partido, são responsáveis por supervisionar as atividades religiosas, assegurando sua conformidade com os objetivos do Partido Comunista Chinês.

As políticas de sinicização incluem a alteração de textos sagrados, a censura de sermões e a reinterpretação de doutrinas religiosas para refletir os valores do socialismo chinês. Ademais, foi ordenada a remodelação dos locais de culto, que devem adotar um estilo arquitetônico aprovado pelo governo, removendo elementos considerados de influência estrangeira ou contrários à cultura chinesa. Como parte dessas reformas, imagens de Jesus Cristo ou da Virgem Maria foram substituídas por retratos do presidente Xi Jinping em várias igrejas cristãs, gerando grande controvérsia entre as comunidades religiosas afetadas.

Repressão contra comunidades não reconhecidas

Embora as religiões oficiais devam se submeter ao controle estatal, as comunidades religiosas não reconhecidas enfrentam uma repressão ainda mais severa.

Um caso paradigmático dessa política é a repressão na região de Xinjiang, onde as autoridades lançaram uma campanha brutal contra a comunidade muçulmana uigur. Em nome da luta contra o extremismo e o terrorismo, o governo chinês deteve mais de um milhão de uigures e outros grupos étnicos em campos de reeducação política. Nesses centros, os detidos são forçados a renunciar às suas crenças religiosas, aprender a língua chinesa, mandarim, e jurar lealdade ao Partido.

Cristianismo: o objetivo prioritário da sinicização

O cristianismo também tem sido objeto de sinicização. As “igrejas clandestinas”, católicas e protestantes que operam independentemente do controle do Estado, são especialmente alvo de perseguição. Mesmo após o acordo de 2018 entre o Vaticano e o governo chinês para a nomeação de bispos, o governo continuou a impor bispos sem a aprovação da Santa Sé. Os líderes religiosos que se recusam a se submeter à Associação Católica Patriótica Chinesa têm sido detidos ou desaparecem. Com efeito, o governo se recusa a revelar o paradeiro de líderes católicos que estão desaparecidos há décadas, como o bispo James Su Zhimin.

No caso das igrejas protestantes, a sinicização resultou na proibição de muitas congregações independentes, ou seja, aqueles que tenham uma prática religiosa fora das associações aprovadas pelo Estado podem estar sujeitos a prisão. Sermões e materiais religiosos são censurados, temas políticos e material de propaganda do Partido Comunista têm sido integrados às atividades da igreja e os líderes religiosos são incentivados a promover o socialismo em sua pregação. - Fonte: Gaudium Press

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Maduro antecipa Natal na Venezuela e ataca bispos que se opõem

Por Andrés Henríquez 

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na segunda-feira (30) o início do Natal na Venezuela, “conforme decretado” por seu regime e apesar das críticas da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV).

Maduro, no meio de seu programa transmitido nacionalmente pelo canal de televisão estatal, referiu-se de forma depreciativa aos membros do CEV como “alguns sujeitos de batina” que ousaram dizer “que não havia Natal se eles não o decretassem”.

“Não, senhor de batina, o senhor não decreta nada aqui. Jesus Cristo pertence ao povo. O Natal é do povo e o povo celebra-o quando quer festejar o seu Natal”, gritou o presidente.

 “E amanhã, de 1º de outubro e até 15 de janeiro, começa o Natal, o fim do ano e as boas-vindas ao ano de 2025”, disse o presidente. Maduro encerrou seu programa com aguinaldos, canções tradicionais venezuelanas com tema natalino.

Desde terça-feira (1º), em Caracas, capital do país, árvores de Natal e outras decorações estão expostas em alguns dos locais mais emblemáticos da cidade, especialmente em edifícios da administração pública.

Em 3 de setembro, a CEV publicou um comunicado reagindo à antecipação do Natal no qual diz que esse feriado cristão "não deve ser utilizado para propaganda ou fins políticos particulares".

“O Natal é uma celebração universal que comemora o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A forma e o momento da sua celebração são da responsabilidade da autoridade eclesiástica, que zela pela manutenção do verdadeiro espírito e significado deste acontecimento de riqueza espiritual e histórica, que marca o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, disse a CEV.

A CEV também diz que o Natal é um tempo “de reflexão, de paz e de amor, e deve ser respeitado como tal” e que o tempo natalício começa no dia 25 de dezembro e termina no dia da Epifania do Senhor, em 6 de janeiro.

“Para nos prepararmos para o Natal, a liturgia nos dá o tempo do Advento, que este ano começa no dia 1º de dezembro. Essas celebrações são acompanhadas pelas tradicionais festas de Natal e missas de aguinaldo de Natal”, concluiu a CEV.

Fonte: ACIDigital

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Do dia 02/10/2024

Secretário-geral da CNBB envia vídeo de saudação pelos 100 de vida de dom Manuel Edmilson da Cruz

O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Ricardo Hoepers, enviou um vídeo de saudação ao bispo emérito de Limoeiro do Norte (CE), dom Manuel Edmilson da Cruz, pelo seu aniversário natalício de 100 anos, marcado dia no dia 2 de outubro.

Dom Edmilson contou ao portal da CNBB que participou de todas as Assembleias Gerais em seu tempo de episcopado. Para ele, participar das Assembleias da CNBB é uma oportunidade preciosa de “crescer, de me formar, de ouvir e conhecer sobre outras realidades”.

No vídeo, dom Ricardo se dirige carinhosamente a dom Manoel, felicitando-o por sua vida dedicada à Igreja e a Deus. “Um sim generoso que para nós que testemunha a perseverança de um homem que se entregou totalmente ao serviço e ao amor a Deus”. O secretário-geral da CNBB parabeniza o bispo emérito e a todo o povo de Deus da diocese de Limoeiro do Norte. - Fonte: CNBB

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CNBB promove iniciativas de oração pelo bom êxito da Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade

A sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), está unida ao pedido do Papa Francisco para rezar todos os dias pela segunda etapa do Sínodo sobre a Sinodalidade. Desde ontem, tem sido promovidas iniciativas de oração com a intenção do Sínodo que reúne bispos, padres, religiosos e religiosas e leigos e leigas de todo o mundo para refletir propostas para uma Igreja cada vez mais “sinodal em missão”.

Liturgia das Horas

Na terça-feira, 1º de outubro, o analista de comunicação Antônio Marcos Farias conduziu uma live no Instagram da CNBB com a oração da Liturgia das Horas. Além de recordar o encerramento do Mês da Bíblia, no dia anterior, o momento de oração teve como intenção o Sínodo, os bispos que estão participando e o Papa Francisco.

Momento diário

Nesta quarta-feira, 2 de outubro, o subsecretário adjunto geral da CNBB, padre Leandro Megeto, iniciou a reunião da Avaliação Gerencial Mensal (AGM), com a participação dos coordenadores de departamentos do Secretariado Geral, rezando na intenção do Sínodo. A intenção é promover, durante a realização  diariamente, um momento orante voltado para a Assembleia Sinodal.

    “O Papa tem pedido que toda a Igreja entre em comunhão de oração pelo Sínodo. Eu gostaria de começar essa reunião da AGM com a mensagem do Papa e depois rezando juntos a mesma oração que os padres sinodais rezaram hoje de manhã na abertura do Sínodo”, propôs.

Foi exibido vídeo com o pedido de oração feito pelo Papa e, em seguida, os participantes rezaram a Oração pelo Sínodo “Adsumus Sancte Spiritus“. Na sequência, foi rezado o Salmo 126. Padre Leandro convidou à meditação individual e rogou que as luzes do Espírito “suscitem reflexões, conversas, partilhas que favoreçam toda a evangelização no mundo”.

Oração pelo Sínodo e súplica pela Paz no mundo

Na CNBB, o padre Leandro anunciou que todos os dias às 11h50, na capela Nossa Senhora Aparecida haverá um momento de oração pelo Sínodo. O momento vai seguir a liturgia proposta pelo aplicativo “Reza pelo Sínodo em Click to Pray”.  O momento será transmitido pelas redes sociais da Conferência. Através da oração, a plataforma convida a acompanhar a Igreja neste período de assembleia. Na segunda-feira, 7, a CNBB se unirá, às 11h30, na capela Nossa Senhora Aparecida, com a oração do terço em torno da suplica pela paz no mundo convocada pelo Papa Francisco.

Importância da oração para a unidade

A coordenadora da Secretaria Técnica da CNBB, irmã Flávia Luiza Gonçalves, da Congregação Discípulas do Divino Pastor, partilhou que a oração pelo sínodo, realizada em comunhão com os colaboradores coordenadores dos setores de trabalho da CNBB já no início da AGM, “é de grande importância, pois fortalece o espírito de unidade e discernimento na Igreja”.

    “Através da oração, pedimos a orientação do Espírito Santo para que os participantes do sínodo tomem decisões sábias e inspiradas, buscando sempre o bem comum e o fortalecimento da fé e cumprimento da missão”, afirmou.

A religiosa também destacou que esse momento de oração conjunta reforça a dimensão comunitária da Igreja, “lembrando-nos que somos todos corresponsáveis na missão de construir uma Igreja mais sinodal, participativa e inclusiva”.

O coordenador do Departamento de Contabilidade da CNBB, Rodson Souza, considera muito importante a iniciativa de oração dos colaboradores da CNBB pelo Papa, os bispos, e os leigos que estão em Roma participando do Sínodo. “Isso ajuda na evangelização e na mudança da Igreja, para que o Espírito Santo haja junto com os bispos para que tenham suas decisões conduzidas por Deus”.

Convite à oração

Em vídeo, o Papa convidou os fiéis católicos a rezarem com ele todos os dias, “juntamente com todos aqueles que participam na Assembleia Sinodal”. Ele partilhou que é possível fazer isso pela plataforma da Rede Mundial de Oração, Click To Pray, uma plataforma digital presente em 89 países e que procura mobilizar os católicos através da oração e da ação diante dos desafios da humanidade e da missão da Igreja.

Para o Sínodo, são duas iniciativas compartilhadas pela Rede Mundial de Oração do Papa. A primeira é “Reza pelo Sínodo em Click to Pray”. Através da oração, a plataforma convida a acompanhar a Igreja neste período de assembleia, pedindo os dons da escuta e do discernimento, para poder avançar em conjunto no caminho da fé. E a segunda é a Campanha de Oração “Adote um sinodal” (#prayforthesynod): ao inserir o e-mail, a plataforma designa o nome de um dos mais de 350 membros do Sínodo para que seja acompanhado por orações e guiado pelo Espírito Santo até o encerramento da assembleia em 27 de outubro. - Fonte: CNBB

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Seminário de Iniciação à Vida Cristã para Presbíteros aprofunda temas relacionados à transmissão da fé na cultura atual

Teve início terça-feira e segue até esta quinta-feira, na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF),  o Seminário de Iniciação à Vida Cristã para Presbíteros, organizado pela Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Mais de 250 padres participaram da iniciativa que buscou aprofundar temas relacionados à transmissão da fé na cultura atual.

A celebração de abertura foi presidida pelo arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, dom Leomar Antônio Brustolin, que na sequência proferiu uma palestra na qual destacou os três elementos norteadores da reflexão sobre a atual evangelização: sinais dos tempos, conversão pastoral e missão.

Ao portal da CNBB, o arcebispo destacou que as grandes preocupações e oportunidades que se tem para a evangelização, especificamente na Iniciação à Vida Cristã, é um sinal de grande esperança. E que já é sabido a preocupação que a CNBB tem, na prática, com relação à catequese, às crianças, aos jovens e adultos.

    “Como transmitir a fé para eles? Como garantir um pertencimento e um vínculo com a comunidade? Como testemunhar Jesus Cristo para não falar sobre Jesus, mas de Jesus a partir do meu testemunho?”, indaga dom Leomar.

Dom Leomar destacou que, no seminário, o clero tem se manifestado muito atento, interativo, interlocutor e procurando alargar as reflexões para que se possa encontrar caminhos.

    “Estarmos juntos, rezarmos juntos e pensarmos juntos já é grande sinal de boa perspectiva. Hoje nós temos certeza de que algo novo precisa ser feito na evangelização e as novas diretrizes vão nessa direção. A Iniciação à Vida Cristã não pode ser vista de forma desconectada com as questões relativas às Diretrizes”, pontuou.

ABC da Iniciação à Vida Cristã

Responsável pela conferência sobre o “ABC da Iniciação à Vida Cristã”, o assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, padre Wagner Carvalho, fez com que os participantes refletissem sobre terminologias e momentos celebrativos.

Dividida em três partes, o estudo se propôs, primeiro, a definir a natureza da iniciação e justificar o motivo para que a Igreja escolha como itinerário a formação do discípulo missionário. A segunda parte se concentrou na definição dos conceitos e, por último, destacou os desafios e oportunidades daquilo que está se falando na iniciação.

    “A palestra tinha como objetivo também pensar em quais momentos o presbítero e a iniciação se tocam, para que não parta daquela iniciativa de dizer como eu devo fazer, mas antes entender esse fazer. E agora entendendo, eu posso fazer de modo consciente. A avaliação foi muito positiva, a participação deles e o interesse também nesse momento”, destacou o padre Wagner.

Querigma

Mariana Venâncio, também assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, proferiu no segundo dia de Seminário uma conferência sobre o “Querigma”, no qual destacou o seu significado, finalidade, pressupostos, decorrências e, ainda, como anunciá-lo.

    “O anúncio querigmático é, na verdade, o centro da fé cristã, como o Diretório para a Catequese diz, vai ao âmago da fé cristã e ao anúncio de Jesus Cristo. Não o anúncio intelectualizado, mas a proposição do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Essa proposição tem por finalidade gerar a adesão a Jesus e o desejo por progredir no discipulado”, diz.

Em entrevista ao portal da CNBB, Mariana salientou que aquele que acolhe o Querigma sente o amor do Pai, “sente-se envolvido por esse amor e sente então a necessidade de viver uma vida nova”. Por isso, segundo ela, abre-se a conversão e sente-se a necessidade da graça de Deus que se dá pelo Espírito Santo em comunidade.

    “Refletimos hoje sobre esse anúncio querigmático e sobre o papel da comunidade cristã de assumir o anúncio querigmático e acompanhar aqueles que aderem a Jesus num caminho de aprofundamento do discipulado. Falamos muito também sobre a comunidade cristã e como ela se enriquece, cresce, tem futuro, a partir do anúncio querigmático, para que também os presbíteros, aqui participantes, consigam discernir o seu serviço específico nesse anúncio querigmático e como animar toda a comunidade a se envolver com essa missão”. finalizou.

Participantes

Padre Alexandre Alves Filho, da arquidiocese de Londrina (PR), está participando do encontro e destacou que a iniciativa vai facilitar para que todos entendam como abordar nas diversas realidades o anúncio de Jesus Cristo:

    “É importante ter em consideração que o anúncio de Jesus Cristo hoje se tornou mais imperativo. As pessoas não conhecem mais o Senhor, então esse encontro aqui vai facilitar para que a gente entenda como abordar nas diversas realidades onde estamos esse anúncio de Jesus Cristo. E também entender como ele procede e entender os seus métodos vai ser fundamental para que sejamos mais efetivos. Basta de amadorismo no anúncio de Jesus Cristo. É preciso tocar o coração das pessoas. É preciso chegar Jesus Cristo até elas”, partilhou.

Já o diácono Renan Paloschi Zanandrea, da diocese de Vacaria (RS), destacou que o Seminário traz a oportunidade de preparar os participantes para caminhar em comunhão com a Igreja no Brasil, em torno da Iniciação à Vida Cristã.

    “Esse encontro nos ajuda a caminhar junto com a Igreja no Brasil, e ao mesmo tempo nos faz pensar naquilo que nós podemos e devemos aplicar na nossa diocese. Estamos a muitos quilômetros de Brasília, num contexto muito diferente, mas é interessante notar essa beleza que nós encontramos no Brasil todo, e aqui esse contato presencial com os presbíteros, com aqueles que já estão à frente nas suas dioceses e paróquias, nos ajuda a enriquecer também o nosso trabalho. É uma grande satisfação estar aqui hoje e ao mesmo tempo compartilhar essas experiências e trilhar esse caminho em torno da iniciação à vida cristã”, finalizou.

Fonte: CNBB

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Encontro das Coordenações da Rede Um Grito pela Vida define prioridades para 2025

Entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro de 2024, foi realizado o Encontro das Coordenações da Rede Um Grito pela Vida, no Centro Estigmatino de Pastoral, na Paróquia Santa Cruz e Santa Edwiges, no Plano Piloto, em Brasília-DF.

O encontro reuniu lideranças de Núcleos da Rede de várias regiões do Brasil para discutir o enfrentamento ao tráfico de pessoas e avaliar as ações da Rede Um Grito pela Vida no último ano. As atividades tiveram como foco o planejamento estratégico para o próximo ano.

A presidente da CRB Nacional, Irmã Eliane Cordeiro, esteve presente, reafirmando o compromisso da CRB com o fortalecimento da Rede Um Grito pela Vida e com o combate ao tráfico de pessoas.

Entre as atividades, houve a oficina de Comunicação, conduzida por Magnus Régis, e o aprofundamento sobre “Redes de Proteção”, com a assessoria da Irmã Denise Morra. Irmã Abby Avelino, Coordenadora Internacional da Rede Talitha Kum, falou sobre a espiritualidade, a organização e as prioridades da Rede Talitha Kum, uma rede internacional de combate ao tráfico de pessoas, destacando a importância de “caminhar em dignidade”.

Irmã Carmen García Ugarte, representante Regional da América Latina e Caribe da Talitha Kum abordou as comissões relacionadas ao tema da trata de pessoas, enfatizando a necessidade de “cuidar da vida” com “esperança”.

Irmã Sirleide Cabral de Oliveira foi responsável pela avaliação dos núcleos da Rede Um Grito pela Vida, e Irmã Isabel do Rocio Kuss, liderou a apresentação do planejamento para 2025, apontando as metas e desafios para o próximo ano. Houve também momentos de lazer e animação, coordenados por Talisson, Arlene e Keles, promovendo um espaço de convivência entre os participantes.

Alessandra Miranda, representante da Comissão de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da CNBB, visitou o encontro e reforçou a importância de ampliar as redes de proteção e consolidar parcerias com instituições nacionais e internacionais.

O encontro foi encerrado com o compromisso de intensificar o trabalho de prevenção e combate ao tráfico de pessoas, fortalecendo a articulação em rede e a capacitação de novos agentes para enfrentar esse desafio.

Fonte: CRB

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Encontro para Acompanhantes Espirituais

Entre os dias 15 e 17 de novembro de 2024, o Setor Missão da CRB Nacional promoverá um Encontro para Acompanhantes Espirituais. O encontro, que ocorrerá no Centro Pastoral Estigmatino, na Paróquia Santa Cruz e Santa Edwigens, terá como tema “Acompanhamento Espiritual e Abuso Sexual”, com o objetivo de aprofundar conhecimentos e desenvolver habilidades para um acompanhamento mais eficaz e seguro.

O evento contará com a assessoria da Irmã Annete Havenne e da Dra. Eliane De Carli, que trarão suas experiências e conhecimentos para as discussões e atividades programadas.

Oportunidade para profissionais da área

Durante os três dias de evento, os participantes poderão explorar o tema do abuso sexual, trocar experiências e fortalecer a rede de apoio entre os acompanhantes espirituais. Além disso, o encontro visa contribuir para a construção de uma Igreja mais segura e acolhedora, alinhada com os princípios de proteção e respeito à dignidade humana.

Informações

O evento começará às 12h do dia 15 de novembro, com um almoço de recepção, e terminará no dia 17, também às 12h, após o almoço de encerramento. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas mediante o pagamento de uma taxa de R$ 150,00. Os interessados devem enviar o comprovante de pagamento para o e-mail: missaocrb@crbnacional.org.br. As vagas são limitadas e serão preenchidas por ordem de inscrição.

Informações

Inscrição e confirme sua participação através do link: https://forms.office.com/r/WiGT2Xd41m

 Serviço:

Data: 15 a 17 de novembro de 2024

Local: Centro Pastoral Estigmatino, Paróquia Santa Cruz e Santa Edwigens, SGAS 905, Asa Sul – Brasília

Horário: Início às 12h do dia 15/11 com almoço; término às 12h do dia 17/11 com almoço

Inscrições: Enviar comprovante para missaocrb@crbnacional.org.br

Investimento: R$ 150,00 (pagamento por meio do número de conta)

Banco do Brasil

Agencia 452-9

Conta 306.934-6

CNPJ: 33.460.940/0001-12

O encontro será um espaço para reflexão, aprendizado e fortalecimento das práticas de acompanhamento espiritual, contribuindo para a criação de ambientes mais seguros e acolhedores na comunidade eclesial.

Fonte: CRB

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Vaticano: Papa convoca dia de oração e jejum pela paz, perante cenário «dramático»

«Os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras» – Francisco

O Papa convocou hoje um dia de oração e jejum pela paz, alertando para o cenário “dramático” que se vive no mundo, com o agravamento de vários conflitos.

“A 7 de outubro, peço a todos que vivam um dia de oração e de jejum pela paz do mundo”, disse, na homilia da Missa de abertura da segunda sessão da XVI Assembleia Sinodal, na Praça de São Pedro.

Francisco falou numa “hora dramática” da história, em que “os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras”.

“Para evocar da intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria o dom da paz, no próximo domingo irei à Basílica de Santa Maria Maior, onde rezarei o Santo Rosário e dirigirei à Virgem uma sentida súplica”, adiantou.

O Papa pediu aos participantes da Assembleia Sinodal, vindos dos cinco continentes, que se unam a ele nesta celebração.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se de emergência para discutir o agravamento da situação no Médio Oriente, após um ataque do Irão a Israel, com cerca de duas centenas de mísseis balísticos.

A ofensiva acontece após uma série de ataques israelitas contra o sul do Líbano, que atingiram comandantes do Hezbollah e provocaram uma crise humana, com a fuga de milhares de pessoas.

A tensão no Médio Oriente aumentou após o ataque de 7 de outubro de 2023 do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, que fez 1.05 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.

Israel iniciou operações contra o Hamas na Faixa de Gaza, provocando pelo menos 41 467 mortos e 95 900 feridos, além de mais de 10 mil desaparecidos, segundo números do Ministério da Saúde local.

Além da situação no Médio Oriente, Francisco tem repetido apelos em favor da “martirizada Ucrânia”, apelando ao fim da invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.

Já na primeira sessão do Sínodo, em outubro de 2023, o Papa tinha convocado uma jornada de oração e jejum pela paz, concluída com uma celebração na Basílica de São Pedro.

Fonte: Agência Ecclesia

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Sínodo 2024: Papa defende nova relação entre hierarquia e leigos 

Francisco presidiu hoje à abertura dos trabalhos segunda sessão da XVI Assembleia Sinodal, no Vaticano

O Papa presidiu hoje à abertura dos trabalhos segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo, no Vaticano, defendendo uma nova relação entre hierarquia e leigos, particularmente no exercício do ministério dos bispos.

“A composição desta XVI Assembleia é mais do que um facto contingente. Ela exprime um modo de exercer o ministério episcopal coerente com a Tradição viva da Igreja e com o ensinamento do Concílio Vaticano II: o bispo, como qualquer outro cristão, nunca pode pensar em si mesmo sem o outro”, defendeu Francisco, na intervenção que apresentou no Auditório Paulo VI.

A sessão sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

Num espaço disposto com várias mesas circulares, colocadas ao mesmo nível, como aconteceu em 2023, Francisco destacou que a presença, como “membros de pleno direito”, um número significativo de leigos e consagrados (homens e mulheres), diáconos e padres, é uma decisão tomada “em coerência com a compreensão do exercício do ministério episcopal” expressa pelo Concílio Ecuménico Vaticano II (1961-1965).

“O bispo, princípio e fundamento visível da unidade da Igreja particular, não pode viver o seu serviço senão no povo de Deus”, declarou.

A intervenção rejeitou a ideia de que o Sínodo venha a colocar a hierarquia contra os leigos.

“Não se trata certamente de substituir uns pelos outros, animados pelo grito: agora é a nossa vez. Isso não está bem”, observou.

O Papa sublinhou a necessidade de refletir sobre as formas que o exercício da autoridade episcopal é chamado a assumir “numa Igreja que está consciente de ser constitutivamente relacional e, portanto, sinodal”.

“O facto de estarmos aqui reunidos – bispo de Roma, bispos representantes do episcopado mundial, leigos e leigas, consagrados e consagradas, diáconos e presbíteros testemunhas do caminho sinodal, juntamente com os delegados fraternos – é sinal da disponibilidade da Igreja para escutar a voz do Espírito Santo”.

A nova sessão decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’; a primeira sessão decorreu em outubro de 2023, após uma consulta global lançada pelo Papa dois anos antes.

“A XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, agora na sua segunda sessão, está a representar este ‘caminhar juntos’ do povo de Deus de uma forma original”, sustentou Francisco.

O Papa falou num “processo de aprendizagem”, no qual “a Igreja aprende a conhecer-se melhor a si mesma e a identificar as formas de ação pastoral mais adequadas à missão que lhe foi confiada”.

O discurso deixou votos que se realize “uma Igreja verdadeiramente sinodal em missão, que saiba sair de si mesma e habitar as periferias geográficas e existenciais”.

Durante a vigília penitencial, fizemos essa experiência. Pedimos perdão, reconhecemos que somos pecadores. Pusemos de lado o nosso orgulho, desprendemo-nos da presunção de nos sentirmos melhores do que os outros. Tornámo-nos mais humildes?”.

“É a humildade solidária e compassiva de quem se sente irmão e irmã de todos, sofrendo a mesma dor e reconhecendo nas feridas e chagas de cada um as feridas e chagas de Nosso Senhor”.

A intervenção evocou, por várias vezes, a importância do Espírito Santo, como “guia” dos trabalhos das próximas semanas.

O Sínodo dos Bispos, instituído em 1965 por São Paulo VI, após o Concílio Vaticano II, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

“Nos sessenta anos decorridos desde então, aprendemos a reconhecer no Sínodo dos Bispos um sujeito plural e sinfónico, capaz de sustentar o caminho e a missão da Igreja Católica, ajudando eficazmente o bispo de Roma no seu serviço à comunhão de todas as Igrejas e à Igreja inteira”, referiu Francisco.

Fonte: Agência Ecclesia

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Francisco: o Sínodo é um exercício de arte sinfônica, todos juntos com diferentes ministérios e carismas

Em seu discurso na abertura dos trabalhos da Primeira Congregação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, o Papa enfatizou "o processo sinodal é também um processo de aprendizagem, durante o qual a Igreja aprende a conhecer-se melhor e a identificar as formas de ação pastoral mais adequadas à missão que o seu Senhor lhe confia".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Na tarde desta quarta-feira (02/10), o Papa Francisco abriu os trabalhos da Primeira Congregação Geral da Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, na Sala Paulo VI, no Vaticano.

Em seu discurso, o Santo Padre frisou que esta "assembleia, guiada pelo Espírito Santo, que “Doma o espírito indomável, infunde no gelo o calor da vida, guia quem torce o caminho” (Sequência de Pentecostes), deverá oferecer a sua contribuição para que se forme uma Igreja verdadeiramente sinodal em missão, que saiba sair de si mesma e habitar as periferias geográficas e existenciais, garantindo que se estabeleçam laços com todos em Cristo nosso Irmão e Senhor".

O Espírito Santo é um guia seguro

Referindo-se a um texto de um autor espiritual do século IV, Francisco reiterou que "o Espírito Santo é um guia seguro, e nossa primeira tarefa é aprender a distinguir sua voz, porque Ele fala em todos e em todas as coisas. O Espírito Santo nos acompanha sempre".

É um consolo na tristeza e no choro, sobretudo quando - justamente pelo amor que temos pela humanidade - nos diante das coisas que não vão bem, das injustiças que prevalecem, da obstinação com que resistimos a responder com o bem diante do mal, da dificuldade de perdoar, da falta de coragem em buscar a paz, somos tomados pelo desânimo, parece-nos que não há mais nada a fazer e nos entregamos ao desespero.

"O Espírito Santo enxuga as lágrimas e consola porque comunica a esperança de Deus", disse ainda o Papa, recordando que "a humildade também é um dom do Espírito Santo. A humildade nos permite olhar o mundo reconhecendo que não somos melhores que os outros" e convidou os participantes da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos "a reconhecer que a Igreja, semper reformanda, não pode caminhar e renovar-se sem o Espírito Santo e as suas surpresas, sem se deixar modelar pelas mãos de Deus criador, do Filho, Jesus Cristo e do Espírito Santo".

"Desde que o Senhor Jesus, crucificado e ressuscitado, derramou o seu Espírito Santo no Pentecostes, desde então, caminhamos, como “misericordiados”, para a realização plena e definitiva do plano de amor do Pai", sublinhou Francisco.

O processo sinodal é um processo de aprendizagem

"Conhecemos a beleza e a fadiga do caminho. Percorremos o caminho convencidos da essência relacional da Igreja, cuidando para que as relações que nos foram doadas e confiadas à nossa criatividade responsável sejam sempre manifestações da gratuidade da misericórdia", ressaltou o Papa.

Francisco disse ainda que "a XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, agora em sua segunda sessão, está manifestando de forma original esse “caminhar juntos” do povo de Deus". Segundo ele, "a inspiração que teve o Papa São Paulo VI, quando instituiu o Sínodo dos Bispos em 1965, revelou-se muito fecunda. Nos sessenta anos que se seguiram, aprendemos a reconhecer no Sínodo dos Bispos um sujeito plural e sinfônico, capaz de apoiar o caminho e a missão da Igreja Católica, ajudando eficazmente o Bispo de Roma no seu serviço à comunhão de todas as Igrejas e de toda a Igreja".

O processo sinodal é também um processo de aprendizagem, durante o qual a Igreja aprende a conhecer-se melhor e a identificar as formas de ação pastoral mais adequadas à missão que o seu Senhor lhe confia. Este processo de aprendizagem envolve também as formas de exercício do ministério dos pastores, particularmente dos bispos.

Exercitar-nos juntos numa arte sinfônica

Francisco disse que quando decidiu convocar "como membros titulares desta XVI Assembleia também um número significativo de leigos e consagrados (homens e mulheres), diáconos e sacerdotes, desenvolvendo o que já estava parcialmente previsto para as assembleias anteriores, o fez em coerência com a compreensão do exercício do ministério episcopal expressa pelo Concílio Ecumênico Vaticano II".

Segundo o Papa, "essa compreensão inclusiva do ministério episcopal exige ser revelada e reconhecida, evitando dois perigos: o primeiro é a abstração que esquece a concretude fecunda dos lugares e relações, e o valor de cada pessoa; o segundo perigo é o de romper a comunhão colocando a hierarquia contra os fiéis leigos".

"Somos convidados a exercitar-nos juntos numa arte sinfônica, numa composição que nos une a todos no serviço à misericórdia de Deus, segundo os diferentes ministérios e carismas que o bispo tem a tarefa de reconhecer e promover", disse ainda Francisco.

Ser Igreja sinodal missionária

De acordo com o Pontífice, "caminhar juntos é um processo em que a Igreja, dócil à ação do Espírito Santo, sensível no acolhimento dos sinais dos tempos, se renova continuamente e aperfeiçoa a sua sacramentalidade, para ser uma testemunha crível da missão a que foi chamada, de reunir todos os povos da terra no único povo esperado no final, quando o próprio Deus nos fará sentar no banquete que Ele preparou".

O Papa disse ainda que "devem ser identificadas diferentes formas de exercício “colegial” e “sinodal” do ministério episcopal, nos momentos apropriados (nas Igrejas particulares, nos grupos de Igrejas, em toda a Igreja), respeitando sempre o depósito da fé e da Tradição viva, respondendo sempre ao que o Espírito pede às Igrejas neste tempo particular e nos diversos contextos em que vivem".

"É o Espírito Santo que torna possível a fidelidade perene da Igreja ao mandato do Senhor Jesus Cristo e a escuta perene da sua palavra. Ele guia os discípulos para toda a verdade. Ele também nos guia para dar resposta, depois de três anos de caminho, à pergunta como ser uma Igreja sinodal missionária. Eu acrescentaria 'misericordiosa'", concluiu Francisco.

Fonte: Vatican News

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Cardeal Grech: somos chamados a rezar pelo precioso dom da paz 

O Secretário Geral do Sínodo saúda os participantes e destaca a importância do discernimento e da sinodalidade. Dom Grech chama a atenção para o papel da escuta mútua na busca pela verdade e pela paz, além de refletir sobre a contribuição do Espírito Santo para a unidade da Igreja. Disponibilizamos o texto na íntegra.

Cardeal Mário Grech - Secretário Geral do Sínodo

Bem-vindos mais uma vez! Nossas saudações a todos, irmãs e irmãos em Cristo.

Convocados para a segunda sessão da Assembleia, invocamos o Espírito para que nos ilumine e torne os nossos ouvidos atentos à sua Voz. O Espírito que, das profundezas da criação violada e das criaturas que sofrem injustiça após injustiça, geme e sofre como em dores de parto, iniciará uma nova estação.

Enquanto celebramos esta Assembleia, travam-se guerras em muitas partes do mundo! Estamos à beira de um alargamento do conflito. Quantas gerações terão de passar, antes que os povos em guerra possam mais uma vez "sentar-se juntos" e conversar entre si, para construir juntos um futuro pacífico?

Unimo-nos às irmãs e irmãos presentes na sala, que vêm de zonas de guerra ou de nações que veem violadas as liberdades fundamentais dos seus povos. Através das suas vozes podemos ouvir os gritos e clamores daqueles que sofrem sob as bombas, especialmente as crianças, que respiram este clima de ódio. Como crentes, somos chamados a desejar e a rezar pelo precioso dom da paz para todas as povos.

Devemos sempre combinar o testemunho crível com a oração contínua. Esta Assembleia é em si um testemunho crível! O fato de homens e mulheres se terem reunido de todas as partes da terra para ouvir o Espírito, ouvindo-se uns aos outros, é um sinal de contradição para o mundo. Vem-me à mente o último trecho do discurso do Santo Padre por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos: “Uma Igreja sinodal é como uma bandeira hasteada entre as nações (cf. Is 11,12) num mundo que - ao mesmo tempo que chama à participação, solidariedade e transparência na administração dos assuntos públicos – muitas vezes entrega o destino de populações inteiras nas mãos gananciosas de pequenos grupos de poder”.

O Sínodo é essencialmente uma escola de discernimento: é a Igreja reunida com Pedro para discernir juntos. Uma Igreja sinodal é uma proposta para a sociedade de hoje: o discernimento é fruto de um exercício maduro da sinodalidade como estilo e método. O discernimento eclesial pode ser um desafio e um exemplo para qualquer tipo de assembleia, que deve encontrar na escuta mútua dos seus membros a regra de ouro para a busca da verdade e do bem comum. Sem esquecer que o discernimento é uma “ponte” através da qual crentes e não crentes podem ouvir-se e compreender-se através de uma gramática comum. Não sou eu quem digo isso, mas um autor secular, Umberto Eco. O horizonte desta nossa Assembleia é a Igreja, mas o desejo é que o resultado do nosso trabalho nas relações, nos processos, nos lugares possa ajudar todos os homens e contribuir para a construção de um mundo mais justo.

Muitos pensam que o propósito do Sínodo é uma mudança estrutural na Igreja e uma reforma. Esta é uma ansiedade, um desejo que permeia toda a Igreja. Todos nós queremos isso, mas nem todos temos a mesma ideia de reforma e suas prioridades. Já em 1950, Yves Congar falava de “verdadeira ou falsa reforma na Igreja”. Para que seja verdade, as nossas prioridades também devem ser verdadeiras, ou seja, devem estar sujeitas ao “Espírito da verdade, que guia a Igreja para toda a verdade” (Jo 16,13). Se o Espírito Santo não tivesse o primado nas nossas obras, a finalidade do Sínodo seria administrativa, jurídica ou política, e não eclesial!

É o Espírito quem leva a Igreja a conhecer a verdade. O Concílio recordou-nos que “Deus, que falou no passado, fala sem interrupção com a Esposa do seu Filho amado, e o Espírito Santo, através do qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, introduz crentes a toda a verdade e faz habitar abundantemente neles a palavra de Cristo" (DV 8c). Para explicar como isso pode acontecer, a constituição Dei Verbum lembra que “a compreensão tanto das coisas como das palavras transmitidas cresce tanto com a contemplação como com o estudo dos que creem, que nelas meditam no coração (cf. Lc 2, 19. 51), tanto pela profunda inteligência das coisas espirituais que vivem, como pela pregação daqueles que, com a sucessão episcopal, receberam um carisma seguro de verdade” (DV 8b).

São estes os sujeitos que tornam possível o dinamismo da Tradição, que “progride na Igreja sub assistentia Spiritus Sancti” (DV 8b). Estes sujeitos não são outros senão a própria Igreja, o Povo de Deus reunido pelos seus Pastores, que “perseveram continuamente no ensinamento dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e nas orações (Act 2,47), para que retenham, praticar e professar a fé transmitida, estabelece-se um acordo singular entre Pastores e fiéis” (DV 10). Para a Igreja antiga, o consenso das Igrejas era um critério certo da verdade de Cristo: aquilo que a Igreja acredita é verdadeiro, porque todos os batizados não podem enganar-se naquilo em que creem, em virtude do dom do Espírito.

Desde o início deste processo sinodal reiteramos que ele baseia o discernimento eclesial nesta verdade, na escuta mútua para ouvir o que o Espírito diz à Igreja. É uma escuta que acompanhou todas as etapas do processo: a consulta do Povo Santo de Deus nas Igrejas locais, o discernimento dos Pastores nas Conferências Episcopais, o ulterior discernimento nas Assembleias continentais, a dupla sessão da Assembleia em torno do Santo Padre, princípio e fundamento da unidade de toda a Igreja. Assim elencadas, as etapas parecem configurar um processo linear, onde o Povo de Deus aparece apenas no início para dar a ilusão de participar num processo de decisão que, no entanto, permanece concentrado nas mãos de poucos. Se assim fosse, estariam certos, aqueles que sustentam que o processo sinodal, uma vez passado para a fase de discernimento dos bispos, extinguiu todas as instâncias proféticas do Povo de Deus!

Mas o “consenso universal”, fruto do discernimento, surge da escuta de todos. Vale a pena reiterar o que disse o Santo Padre por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo: “uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta”, na qual todos – o Povo Santo de Deus, o Colégio dos Bispos, o Bispo de Roma - somos chamados a escutar-nos uns aos outros, a escutar o que o Espírito diz às Igrejas. Para garantir que esta escuta seja para todos e envolva sempre todos – isto é, a Igreja – implementamos o princípio da restituição. Sempre, a cada passagem que se colocou num texto o discernimento eclesial permanente, devolvemos às Igrejas o fruto da escuta.

Isto não é um ato de cortesia. É, pelo contrário, um ato necessário, uma aplicação do princípio da circularidade que deve regular a vida da Igreja. Enviar cada documento ao Bispo, “princípio e fundamento da unidade da sua Igreja”, significa voltar ao sujeito de onde partiu todo o processo sinodal - o Povo de Deus - fruto do discernimento, para que a resposta das Igrejas possa dar novo impulso ao discernimento eclesial. O sentido último desta restituição é eclesial: se a Igreja é “o corpo das Igrejas”, “no qual e a partir do qual existe a única Igreja Católica” (LG 23), o Sínodo é um processo que envolve toda a Igreja e todos na Igreja, cada um segundo a sua função, o seu carisma e o seu ministério.

Compete a Secretaria Geral do Sínodo “proporcionar uma colaboração eficaz com o Romano Pontífice, segundo os métodos por ele estabelecidos ou a estabelecer, nos assuntos da maior importância, para o bem de toda a Igreja” (PE 33). Através da circularidade contínua será possível desenvolver um estilo e uma forma sinodal de Igreja, na qual se aplique o princípio da troca de dons: faça com que aconteça rapidamente que cada Igreja “ofereça os seus próprios dons às outras Igrejas e a toda a Igreja”. Igreja, para que a Ecclesia tota e cada Igreja se beneficiem da comunicação recíproca de todos e do esforço conjunto pela salvação” (LG 13).

Compromete cada Bispo com a sua Igreja. Uma Igreja sinodal depende em grande parte de um bispo sinodal. A sua primeira e fundamental tarefa é ser mestre e garante do discernimento eclesial. Esta tarefa aplica-se antes de tudo à sua Igreja, onde exerce o seu ministério de pastor e guia. Mas não é menos válido quando o exerce em conjunto com os demais bispos nos órgãos que manifestam os agrupamentos de Igrejas. Assim, o bispo que iniciou a consulta na sua Igreja e ativou os órgãos de participação como sujeitos de discernimento eclesial, continua este discernimento na Conferência Episcopal e nas Assembleias continentais, que o processo sinodal nos deu como um significativo “lugar” de escuta às Igrejas de um continente. Devemos continuar a refletir sobre este aspecto a nível teológico, canônico e pastoral.

O ministério petrino se beneficia muito deste processo ordenado, que emerge cada vez mais como serviço à unidade da Igreja e na Igreja: da communio Ecclesiarum, Fidelium, Episcoporum ele é “o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade”, que chamou toda a Igreja na ação sinodal e em favor da Igreja, recolhe e devolve os frutos do discernimento, devido ao seu ministério de preocupação para todas as Igrejas. Isto se aplica a esta XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema a sinodalidade. Mas pode tornar-se estilo e modo de proceder numa Igreja sinodal, que redescobriu, com o Espírito falando à Igreja, também a força do discernimento eclesial como fruto da escuta do Espírito através da escuta mútua de todos na Igreja. O ministério petrino é o eixo da sinodalidade católica e o processo sinodal tem como objetivo ajudar Pedro no seu discernimento para toda a Igreja.

Um trabalho intenso nos espera. Esta fase será seguida pela recepção e implementação do que se desenvolveu no processo sinodal 2021-2024. As Igrejas acolherão ainda mais o resultado, porque não será fruto dos nossos esforços, mas fruto de uma escuta dócil do Espírito. Como escreve São Tomás: “Actus credentis non terminatur ad enuntiabile, sed ad rem” (S. Th., II/II, q. 1, art. 2, ad 2). Máxima que podemos traduzir numa dimensão eclesial: o ato de uma Igreja que crê - esta Assembleia - não se esgota numa afirmação teórica, num Documento final, mas na vida concreta da Igreja, uma Igreja que vive do Evangelho, que faz caminhar juntos na força do Espírito para o cumprimento do Reino. 

Bom trabalho! - Fonte: Vatican News

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O Papa: o testemunho pessoal e crível é o que importa na transmissão da fé

“A riqueza da fé é um dom de Deus que recebemos não só para nós mesmos, mas também para os outros.” Foi o que disse o Papa aos peregrinos da Diocese de Dresden-Meißen e da Igreja Evangélica Luterana da Saxônia. O coral Dresdner Kapellknaben cantou para Francisco. 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Antes da missa de abertura da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade celebrada, na Praça São Pedro, na manhã desta quarta-feira (02/10), o Papa Francisco recebeu, numa sala adjacente à Sala Paulo VI, alguns peregrinos alemães da Diocese de Dresden-Meißen e da Igreja Evangélica Luterana da Saxônia.

Em seu discurso, Francisco ressaltou a importância de redescobrir “os tesouros espirituais da peregrinação”, pois “toda a riqueza da nossa fé é um dom de Deus que recebemos não só para nós mesmos, mas também para os outros, para as pessoas que nos rodeiam, incluindo aquelas que parecem distantes da fé, que ainda não ouviram falar de Cristo, ou pensam que ela não tenha nada de importante para lhes dizer”. “Parece-me que a vida de muitas pessoas hoje carece de sentido, esperança e alegria que o mundo não pode lhes proporcionar”, disse ainda o Papa, exortando os peregrinos alemães “a partilhar com todos o sentido, a esperança e a alegria da fé, com confiança e humildade”.

Levar a sério a missão ecumênica

O testemunho pessoal e crível é o que importa na transmissão da fé. E como critério de credibilidade, o próprio Senhor menciona a unidade dos seus discípulos e pede ao Pai: «Para que todos sejam um, para que o mundo creia».

“Em nome da Igreja, agradeço a vocês por levarem a sério esta missão ecumênica de Jesus e por tentarem realizá-la com esta peregrinação comum e, igualmente importante, na vida quotidiana.”

Depois de elogiar a presença de vários voluntários no grupo, exemplo de “serviço gratuito” que é um “testemunho particularmente crível”, o Papa agradeceu ao coral Dresdner Kapellknaben pelo “seu testemunho”. Este coral tem uma história de mais de trezentos anos. Hoje, anima as missas dominicais na catedral da Diocese de Dresden-Meißen e realiza turnês regulares no país e no exterior.

A arte em geral, mas a música em particular, é uma linguagem compreendida por todos e é capaz de interpelar, inspirar e elevar a pessoa.

Segundo o Papa, “algumas coisas são difíceis de expressar em palavras, e isto é especialmente verdade no caso do mistério divino, que vai muito além dos nossos pensamentos e conceitos. É por isso que temos nas igrejas esse rico simbolismo, que torna tangível e concreto o indizível: velas, incenso, arte e música! Obrigado pelo uníssono maravilhoso, pela harmonia que muitas vozes encontram e que nos lembra a obra do Espírito Santo, que une a muitos”.

“O milagre” da unidade alemã

A seguir, Francisco relembrou um episódio histórico em que alguns cristãos protestantes e católicos se confrontaram com a Polícia, em Dresden, em outubro de 1989.

“Foi como um milagre que nem um único tiro tenha sido disparado e que em outras cidades também tenha sido aberto um caminho de paz que ninguém teria pensado ser possível e que acabou levando ao “milagre” da unidade alemã.”

Francisco concluiu o encontro com a oração do Pai-Nosso, através da qual pediu “tudo o que precisamos para viver, para a nossa peregrinação, ao final da qual se realizará a nossa grande esperança: a plena harmonia na comunhão com Deus e entre nós”.

Fonte: Vatican News

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Papa Francisco: a coragem do diálogo para vencer o ódio e a guerra

Publicamos o prefácio do Papa, antecipado pelo jornal Avvenire, ao novo livro de Andrea Riccardi “As Palavras da Paz” (EDB), que reúne os discursos pronunciados pelo fundador da Comunidade de Sant'Egidio nas ocasiões dos encontros anuais promovidos após o grande Encontro Inter-religioso pela Paz de Assis, promovido em 1986 por João Paulo II.

Papa Francisco

Este livro, “As palavras da paz”, testemunha o longo caminho que se desdobra desde o Encontro Inter-religioso pela Paz de Assis, realizado em 1986 por São João Paulo II, até os dias atuais. Por meio da coleta dos textos de Andrea Riccardi, proferidos no contexto desses encontros anuais, são percebidos os problemas do momento, as ameaças de guerra e as esperanças de paz. Também emergem as energias e esperanças suscitadas pelo diálogo entre as religiões e entre os fiéis. São esses sentimentos que sempre nos ajudam a não perder a esperança de que a paz seja possível.

A intuição de Papa Wojtyla, que convocou as religiões à Assis para orarem umas ao lado das outras, e não mais umas contra as outras, foi ousada. Ainda havia a Guerra Fria e os tempos pareciam ameaçadores. As religiões podiam representar, por um lado, recursos para a paz, mas, por outro, alimentar ou sacralizar os conflitos.

O evento de Assis surpreendeu o mundo por sua novidade. Quem viveu aquele 27 de outubro em Assis sabe que foi percebido, mesmo à distância, como um evento histórico pelo povo. No entanto, não faltaram polêmicas, como frequentemente acontece diante de eventos históricos. A questão era como continuar aquele caminho após o grande evento de Assis. João Paulo II disse ao final do encontro: “Não há paz sem uma vontade indomável de alcançá-la. A paz espera seus profetas” (João Paulo II, Assis, 27 de outubro de 1986).

Assis “não poderia e não deveria permanecer um evento isolado”, como eu mesmo disse, recebendo os líderes religiosos em Roma, ao final do Encontro Internacional pela Paz, em 30 de setembro de 2013: “Vocês continuaram esse caminho e ampliaram seu ímpeto, envolvendo no diálogo personalidades significativas de todas as religiões, além de figuras laicas e humanistas. Justamente nestes meses, sentimos que o mundo precisa do espírito que animou aquele encontro histórico. Por quê? Porque precisa muito de paz. Não! Nunca podemos nos resignar diante da dor de povos inteiros, reféns da guerra, da miséria e da exploração. O caminho de Assis, nos anos seguintes a 1986, foi um ato de confiança na oração e no diálogo pela paz”.

Este caminho reuniu personalidades de diferentes pontos de vista religiosos; peregrinou por lugares distintos do mundo. Primeiro, duas vezes em Roma, em Trastevere, depois em Varsóvia em 1989, quando o Muro estava prestes a cair, ou em Bucareste. Em 1998, abriu-se o caminho para a primeira viagem apostólica de um papa, João Paulo II, a um país ortodoxo. O “espírito de Assis” na prática do diálogo e da amizade formou homens e mulheres de paz provenientes de diferentes religiões, distantes ou hostis há séculos.

O caminho seguido “a cada ano nos sugere a direção: a coragem do diálogo”. Os líderes religiosos são chamados a serem verdadeiros “dialogantes”, a agirem na construção da paz, não como intermediários, mas como autênticos mediadores. Cada um de nós é chamado a ser um artesão da paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio e não o conservando, abrindo os caminhos do diálogo e não erguendo novos muros!

Dialogar, nos encontrarmos para instaurar no mundo a cultura do diálogo, a cultura do encontro. Ao longo desse caminho, os mundos religiosos se aproximaram. Embora ainda persistam áreas e situações de fundamentalismo que preocupam, no século XXI ocorreu uma mudança profunda na relação entre os fiéis das diferentes religiões, que passaram a considerar o diálogo como decisivo.

Penso, em particular, no Documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum, que assinei com o Grande Imã de Al Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, em 2019. No entanto, hoje precisamos de mais diálogo. Justamente neste momento, com tantos conflitos abertos e ameaças de guerra, percebemos que “o mundo sufoca sem diálogo” (Papa Francisco, 15 de junho de 2014).

Precisamos de um diálogo aberto, franco e constante. As religiões sabem que “diálogo e oração crescem ou enfraquecem juntos. A relação do homem com Deus é a escola e o alimento do diálogo com os homens” (Papa Francisco, 30 de setembro de 2013). Por isso, no caminho empreendido no espírito de Assis, com o impulso da Comunidade de Sant’Egidio, a oração sempre foi uma dimensão central. Cremos, de fato, na força humilde e mansa da oração.

Após 1989, o mundo se globalizou, unificando-se em muitos aspectos, como finanças, comércio, comunicações. No entanto, permaneceu profundamente dividido. A divisão foi alimentada por um espírito de desconfiança que fez não apenas conservar, mas aumentar os dispositivos militares. É a idolatria da força armada: a partir do desenvolvimento de armas nucleares, químicas e biológicas, e das enormes e crescentes possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias, deu-se à guerra um poder destrutivo incontrolável. Na verdade, nunca a humanidade teve tanto poder sobre si mesma e nada garante que ela o usará bem (Fratelli Tutti). Escreve nestas páginas, com razão, Andrea Riccardi: “Estamos em um tempo em que muitos podem fazer a guerra, dispondo de terríveis armamentos”.

Mas não estamos paralisados pelo medo, embora preocupados. Não nos resignamos ao domínio da força e da opressão. Não renunciamos ao diálogo, permitindo que o espírito de ódio e de guerra invada os mundos religiosos e as almas dos fiéis. Não retrocedemos no caminho ecumênico e inter-religioso de tantos anos, como quer o espírito da divisão e do mal! “As religiões não podem ser usadas para a guerra. Apenas a paz é santa, e ninguém deve usar o nome de Deus para abençoar o terror e a violência”, eu disse ao participar de um desses encontros (Papa Francisco, Roma, 25 de outubro de 2022).

Esta é uma consciência adquirida no caminho de diálogo, amizade e oração: que a paz é santa e o nome de Deus não pode ser usado para combater ou aterrorizar! Tal consciência está difundida e enraizada no povo simples, nos fiéis que desejam a paz. Sua oração e a de todos que sofrem pela guerra sustentam o diálogo.

Assim, formados pela amizade de tantos anos, os fiéis e, em particular, os líderes e responsáveis religiosos, constituem “uma rede de paz que protege o mundo e, sobretudo, os mais fracos” (Papa Francisco, 30 de setembro de 2013). Este livro acompanha os momentos construtivos dessa rede. Por isso, repito o que disse, ao participar de um dos Encontros no espírito de Assis, promovido por Sant’Egidio, diante do Coliseu: “Se virem guerras ao nosso redor, não se resignem! Os povos desejam a paz!”.

Fonte: Vatican News

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Sínodo: um processo imparável 

Há quem tenha muita esperança no Sínodo, sublinhe a necessidade de mudanças e peça a aplicação do método sinodal na vida das comunidades. Mas há muitas resistências. A segunda sessão da XVI Assembleia do Sínodo dos bispos decorre de 2 a 27 de outubro.

Rui Saraiva – Portugal

Imparável. Creio que seja esta a palavra que melhor define o estado do processo sinodal em curso na Igreja. A expressão não é minha, mas do padre redentorista Rui Santiago. Subscrevo e confirmo.

A liberdade do povo de Deus

O missionário da Congregação do Santíssimo Redentor afirma a sua profunda esperança no Sínodo, como sendo “uma espécie de solavanco eclesial que vai desencadear processos que são imparáveis. Tenho muita esperança no Sínodo”, diz.

Para o sacerdote, mais importante do que o documento final do Sínodo, é o processo que está desencadeado. Porque na História da Igreja “vai haver um antes e um depois deste Sínodo”, salienta.

“É a diferença entre um Sínodo do qual se espera um belíssimo documento, a um Sínodo, como é o caso deste, em que, seja qual for o documento final, é o que menos interessa. Porque o processo está desencadeado”. “Este processo é de facto imparável”, sublinha o missionário.

O padre Rui Santiago destaca ainda a liberdade que o povo de Deus sente neste processo sinodal. O “Sínodo está a ser um desencadear desta liberdade”. “O que eu acho que há de histórico neste momento tem a ver com a liberdade que o povo de Deus sente”, declara.

Para o sacerdote, é também importante serem faladas neste Sínodo as questões sobre a estrutura da Igreja, mas mais significativo é fazer a experiência sinodal.

Resistências e inércias

Mas há muitas “resistências” ao Sínodo, como revela o teólogo José Eduardo Borges de Pinho, membro da Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa, em entrevista à Rádio Renascença e à Agência Ecclesia publicada em julho passado.

“Não me admira muito que haja resistências, não me admira muito que haja inércias”, afirma o professor jubilado da Universidade Católica Portuguesa, acentuando a necessidade de mudanças profundas na Igreja.

“Na minha leitura, há aqui mudanças, mudanças profundas que têm de ser feitas. São mudanças naturalmente de mentalidade, mas são, no fundo, verdadeiras conversões. Conversão do modo de proceder, do modo de olhar, do sentido das prioridades”, refere.

O teólogo alerta para o facto de que “as pessoas não desistem do poder” e preconiza que é necessária uma mudança com “humildade” e “disponibilidade”.

Também de resistências à mudança se falou na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” que decorreu em Roma de 29 de abril a 2 de maio. Neste encontro, que reuniu cerca de 200 párocos de todo o mundo, foi possível ouvir da boca dos sacerdotes, durante a partilha de experiências, que as principais resistências ao Sínodo vêm de padres e bispos.

Quem refere este facto é o padre Sérgio Leal, pároco de Anta e Guetim na diocese do Porto, que esteve nesta Assembleia Mundial por indicação da Conferência Episcopal Portuguesa. “Há ainda muita dificuldade em implementar processos sinodais nas dioceses”, afirma.

“Aquilo que diziam os padres na partilha era que os impedimentos não eram da parte dos fiéis, porque desses até se encontrava muita expectativa no processo sinodal, mas, quer no presbitério, quer da parte do bispo, tantas vezes, se encontravam resistências à implementação destes processos sinodais”, diz o sacerdote.

Relações, percursos e lugares no caminho da Igreja

Entretanto, foi apresentado em julho o Instrumentum Laboris (instrumento de trabalho) para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos que decorre em Roma de 2 a 27 de outubro deste ano de 2024.

O documento tem como título “Como ser Igreja sinodal missionária”, recorda as etapas diocesanas, nacionais e continentais e os três anos de um caminho de reflexão, de escuta e de discernimento nas comunidades eclesiais de todo o mundo. Apresenta três partes com elementos essenciais da dinâmica sinodal: Relações, Percursos e Lugares.

No Instrumentum Laboris (IL) é pedida uma conversão das “relações”. Salienta a necessidade de “animar as relações ao serviço da unidade, no concreto de uma partilha de dons que liberta e enriquece todos”, refere o texto.

Neste documento a parte dedicada aos percursos, “põe em evidência os processos que asseguram o cuidado e desenvolvimento das relações, em particular a união a Cristo com vista à missão e à harmonia da vida comunitária”.

Destaque especial para a importância do discernimento e para os processos de decisão, sendo sublinhado que na “Igreja sinodal toda a comunidade, na livre e rica diversidade dos seus membros, é convocada para rezar, escutar, analisar, dialogar, discernir e aconselhar na tomada de decisões pastorais”.

Por sua vez, a parte do IL dedicada aos lugares convida a que seja superada “uma visão estática segundo um modelo piramidal”, ordenado por graus sucessivos como a paróquia, a diocese e a conferência episcopal.

É sublinhada a necessidade de serem valorizados os conselhos paroquiais e diocesanos como “instrumentos essenciais para o planeamento, a organização, a execução e a avaliação das atividades pastorais”. Conselhos que podem incluir aspetos de “estilo sinodal” como “processos decisórios sinodais e lugares da prática da prestação de contas” refere o documento.

Promover a aplicação do Sínodo

O IL deixa claro que o processo sinodal iniciado em 2021 pelo Papa Francisco com o tema “Por uma Igreja Sinodal: participação, comunhão e missão”, não se conclui em 2024 com a segunda sessão da XVI Assembleia.

Declara que as duas sessões, de 2023 e 2024 “fazem parte de um processo mais amplo que, de acordo com as indicações da Constituição Apostólica Episcopalis communio, não terminará no final de outubro de 2024”. Assinala o “caminho de conversão e de reforma que a segunda sessão convidará toda a Igreja a realizar”.

“Estamos ainda a aprender como ser Igreja sinodal missionária, mas é uma missão que experienciámos poder empreender com alegria”, diz o texto. O documento destaca especialmente a importância da metodologia sinodal da Conversação no Espírito, no caminho percorrido até ao momento.

A este propósito recordo as palavras do padre Sérgio Leal, que já aqui citei sobre o encontro “Párocos pelo Sínodo” e que, na sua qualidade de especialista em sinodalidade, considera que “a Secretaria Geral do Sínodo deveria promover um processo de aplicação do Sínodo”.

A Rede Sinodal em Portugal

E promover a aplicação do Sínodo, suscitando comunicação e sinergias, é o objetivo do site ‘Rede Sinodal em Portugal’ (www.redesinodal.pt), lançado a 6 de janeiro de 2024, na Epifania do Senhor. Esta plataforma inspira-se no livro “Não temos medo – Reflexões sobre a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e o caminho sinodal”, uma obra que nasceu do dinamismo de um grupo de leigos, leigas, sacerdotes e religiosas que partilharam em livro as suas reflexões.

Este livro da Paulinas Editora tem fotos de João Lopes Cardoso, foi coordenado por mim e conta com o prefácio de Paulo Portas, o posfácio de Paulo Terroso e os textos de Bento Amaral, Filipa Lima, Filipe Anacoreta Correia, Helena Ferro de Gouveia, João Paiva, Joaquim Franco, José Luís Borga, José Manuel Pureza, José Maria Brito, Matilde Trocado, Paulo Mendes Pinto, Rita Sacramento Monteiro, Sandra Bartolomeu, Sérgio Leal, Sílvia Monteiro, Sofia Salgado e Sónia Neves.

Foi assim que tomando inspiração neste livro surgiu a “Rede Sinodal em Portugal”. Um site que tem como missão abrir um espaço de informação sobre o Sínodo, apresentando num mesmo lugar o entusiasmo de quem está em movimento fazendo caminho juntos, na pluralidade e diversidade, promovendo o método sinodal em diálogo com o mundo.

O site foi anunciado a todos os bispos e dioceses de Portugal e respetivas comissões sinodais, colocando-se ao seu serviço, tendo sido pedidos contributos sobre o andamento dos respetivos processos de trabalho sinodal. Dessa primeira abordagem surgiu em março de 2024 uma síntese sobre o pulsar do Sínodo em Portugal. Foram também promovidos cinco encontros presenciais em cinco diferentes dioceses: Aveiro, Coimbra, Porto, Guarda e Lisboa.

A importância da experiência do método sinodal

E fazer a experiência do método sinodal da “Conversação no Espírito” é essencial para caminhar em conjunto neste processo sinodal. Este método tem um grande potencial de “projeção pastoral de um plano pastoral diocesano ou paroquial”.

O padre Sérgio Leal assinala que “este processo de Conversação no Espírito é um processo fundamental, até para “a resolução de conflitos numa comunidade”. “Permite escutar o outro, ser escutado e sobretudo escutar o Espírito Santo”, afirma o sacerdote.

A XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos vai escutar o Espírito Santo?

Laudetur Iesus Christus - Fonte: Vatican News

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Papa preside Santa Missa de abertura do Sínodo dos Bispos 

Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice fez uma súplica de paz e convocou um dia de oração e jejum.

Na manhã desta quarta-feira, 2 de outubro, o Papa Francisco presidiu a Missa de abertura da segunda sessão da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice fez uma súplica de paz e convocou um dia de oração e jejum.

Em sua homilia, o Santo Padre recordou que o Sínodo não é uma assembleia parlamentar, mas um lugar de escuta em comunhão. Contando com o auxílio do Espírito Santo devemos escutar e compreender as vozes, ou seja, as ideias, as expectativas, as propostas ao longo destes três anos de intenso trabalho, para discernir juntos a voz de Deus que fala à Igreja.

Escutemos a voz de Deus e do seu anjo

Mas para que isso ocorra, é necessário se libertar da arrogância, da presunção e da pretensão de exclusividade na escuta da voz do Senhor. “Escutemos a voz de Deus e do seu anjo, se realmente quisermos prosseguir em segurança o nosso caminho para além dos limites e das dificuldades”, afirmou.

Devemos ter cuidado para não transformar os nossos contributos em teimosias a defender ou agendas a impor. Caso contrário, acabaremos por nos fechar num diálogo de surdos, onde cada um tenta “puxar água ao seu moinho” sem ouvir os outros e, sobretudo, sem ouvir a voz do Senhor.

Um coração fechado não é do Espírito do Senhor

O Papa Francisco ressaltou ainda que um coração fechado não é do Espírito do Senhor, mas sim o dom de abrir-se e “a Igreja tem necessidade de lugares de paz e abertura, a serem criados principalmente nos corações, onde cada um se sinta acolhido como uma criança nos braços da mãe”.

Ele ainda exortou os fiéis a voltarem o olhar para o mundo, “porque a comunidade cristã está sempre a serviço da humanidade para proclamar a alegria do Evangelho a todos. Precisamos disso, especialmente nesta hora dramática de nossa história, enquanto os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras”.

Dois eventos para invocar o dom da paz

Por fim, o Santo Padre anunciou dois eventos, com o objetivo de invocar, através da intercessão de Maria Santíssima, o dom da paz. O primeiro deles será no próximo domingo, 6, quando ele irá até a Basílica de Santa Maria Maior, para recitar o Santo Rosário e dirigir à Nossa Senhora uma sincera súplica. “Se possível, peço também a vocês, membros do Sínodo, que se unam a mim nessa ocasião”, disse. Já para a próxima segunda-feira, 7 de outubro, o Pontífice convocou a comunidade dos fiéis para que vivam um dia de oração e jejum pela paz no mundo. (EPC)

Fonte: Gaudium Press

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Do dia 1º/10/2024

1ª Experiência Missionária do COMISE de Passo Fundo é realizada em Vacaria 

Aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de setembro, na cidade de Vacaria, a primeira missão do Conselho Missionário dos Seminaristas (COMISE), que residem na Província de Passo Fundo. Fazem parte deste grupo, seminaristas das Dioceses de Vacaria, Lages, Chapecó, Palmas/Francisco Beltrão e da Arquidiocese de Passo Fundo.

As atividades foram concentradas na comunidade Nossa Senhora de Caravaggio, que abrange os bairros Imperial/Franciosi pertencente à paróquia Catedral Nossa Senhora da Oliveira. No sábado (21), após a oração da manhã, os seminaristas escutaram um pouco da história da cidade e da Diocese de Vacaria, explanada pelo bispo emérito, dom Orlando Octacílio Dotti, OFMCap.

Após o conhecimento da realidade, os 25 seminaristas realizaram visitas e benção nas casas das famílias da comunidade durante todo o dia. Outros momentos fortes da experiência foram a Missa de abertura na sexta à noite (20), a vigília da juventude no sábado à noite (21) e a Missa de encerramento no domingo pela manhã (22).

Já no domingo à tarde, coroando este momento, os seminaristas participaram da Missa com rito de ordenação diaconal do seminarista Renan Paloschi Zanandréa, que foi presidida por dom Sílvio Guterres Dutra, bispo da Diocese de Vacaria.

Segundo o pároco da Catedral Nossa Senhora da Oliveira, padre Elisandro Guindani, “a missão foi um momento profundo e marcante para o bairro que acolheu a experiência, mas também para toda a paróquia, já que o ardor missionário ilumina e impulsiona as atividades pastorais da paróquia”. Pe. Elisandro ressaltou ainda que a coordenação buscou “organizar a experiência de tal forma que fosse um momento único na vida da comunidade, mas também dos seminaristas, e assim que cada um saísse motivado a viver sua vocação dentro de um espírito missionário”.

Nesse sentido, a coordenação do COMISE avaliou que a “experiência é fruto de um longo e árduo planejamento. Foi um momento marcado pelo espírito de hospitalidade e missionariedade. Além disso, cumpriu com o objetivo de entusiasmar e alegrar os seminaristas para uma vivência missionária em suas vidas”. O grupo também disse que “a Igreja hoje é chamada a viver intensamente um espírito missionário. Momento como estes, de modo especial com jovens que almejam a vida sacerdotal, se firmam como experiências marcantes tanto para a formação quanto para o cultivo do espírito da missão em nossa Igreja”.

A experiência está organizada para acontecer anualmente, realizando uma rotatividade das dioceses que fazem parte do Conselho Missionário de Seminaristas residentes na Província de Passo Fundo.

Fonte: CNBB Sul 3

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Jovem brasileira está entre os 20 jovens de todo o mundo que vão compor órgão consultivo de Dicastério

A Igreja no Brasil estará representada no Órgão Consultivo Juvenil do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em Roma. Após consulta à Comissão Episcopal para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a jovem Erika Teles foi escolhida para fazer parte do grupo que auxiliará o dicastério em questões relacionadas aos jovens, sua missão evangelizadora e outros temas.

Natural de Paripiranga, no interior da Bahia, Erika faz parte da Comunidade Filhos de Maria e está em missão na sede da comunidade, em Montes Claros, onde mora há 6 anos. Atualmente, é coordenadora do Setor Arquidiocesano de Juventude da arquidiocese de Montes Claros (MG).

Ela partilhou para a CNBB que recebeu a notícia “com uma grande surpresa, porém com um grande desejo de servir à Igreja através desse novo apostolado” que lhe foi confiado.

    “Para mim, fazer parte deste grupo é um grande desafio que exige muito da minha pessoa, porém recebo com um grande desejo de amar Jesus e torná-lo amado entre os jovens”, afirmou.

Alegria dos bispos

No comunicado à arquidiocese de Montes Claros que oficializou a nomeação por parte da CNBB, o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da Conferência, dom Ricardo Hoepers, expressou alegria pela nomeação e pediu orações pela nova missão de Erika: “Nos alegramos e pedimos vossas orações pela nova missão de Erika, ela que foi indicada pela Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, depois de várias consultas feitas”.

Também o bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão para a Juventude da CNBB, dom Vilsom Basso, manifestou alegria pela nomeação, destacando a caminhada da Pastoral Juvenil no Brasil em comunhão com a Igreja em âmbito universal.

    “Nós da Comissão Episcopal para a Juventude recebemos com alegria a consulta e procuramos identificar jovens no Brasil e chegamos na escolha da Erika, e vimos como algo importante, um reconhecimento da própria Igreja ao serviço que a Igreja no Brasil faz na evangelização das juventudes. Acreditamos que Erika vai levar a experiência do trabalho com as diferentes expressões juvenis do Brasil, que desde 2011, com a Comissão Episcopal para a Juventude, procuramos fazer: cuidar, acompanhar, estimular todas as expressões juvenis ao redor da proposta da Igreja para o serviço com os jovens”, partilhou dom Vilsom.

O Conselho

Chamado International Youth Advisory Body (IYAB), o órgão consultivo juvenil é composto por membros do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e vinte jovens de diferentes regiões do mundo e de algumas associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades convidados para trabalhar em questões relacionadas ao ministério da juventude e em alguns tópicos mais amplos.

Grupo que concluiu o mandato no ano passado | Foto: reprodução/Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida

Nascido a partir de um pedido dos bispos no Sínodo dos Jovens, em 2018, tem o papel de  atuar de forma proativa e consultiva junto ao dicastério, mas não é um órgão representativo ou decisório. “Este papel complementar não interfere de forma alguma no trabalho das conferências episcopais e associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades”, explica o prefeito do Dicastério, cardeal Kevin Farrell.

O último encontro presencial do grupo foi realizado em novembro do ano passado, em 2023, marcando o fim do mandato da primeira composição do organismo.

Erika vai atuar como membro do IYAB por um período de três anos, contados a partir do dia 25 de setembro de 2024. Ela participará dos encontros de acordo com as datas definidas pelo Escritório da Juventude do Dicastério.

Fonte: CNBB

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A devoção a Nossa Senhora Aparecida e suas manifestações culturais

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

No último dia 13 de setembro, o Presidente da República publicou uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, pela qual são reconhecidos como manifestação cultural as expressões artísticas cristãs, os reflexos e as influências do cristianismo, além de seus aspectos religiosos. Esta lei é um reconhecimento da contribuição histórica do cristianismo para a formação e organização de nossa pátria.

Se tem um elemento, ao mesmo tempo, religioso e cultural com características de nacionalidade, que tem contribuído para a formação do rosto multicultural e religioso do Brasil, são as variadas manifestações de devoção à Nossa Senhora Aparecida. Estas, sim, podem e devem entrar no reconhecimento previsto na lei!

Os elementos da cultura religiosa trabalhados ao longo de séculos, como é nosso caso, formam uma civilização. Neste modo de pensar é que falamos da tradição religiosa e mariana da civilização brasileira!

Definição de cultura: Cultura é um termo que pode indicar tanto a produção artística quanto o modo de vida, o 

Evolução da devoção a Nossa Senhora na cultura popular

Com o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida pelos três pescadores nas águas do rio Paraíba do Sul, em outubro de 1717, logo começaram as manifestações de devoção e fé em formas bem variadas.

Devido à excelente localização geográfica da “Vila de Aparecida”, onde seria construída a “Capela da Santa”, as caravanas que rumavam do norte para o sul ou vice-versa, com seus tropeiros passando por aqui, levavam consigo a novidade do encontro e do poder daquela “Santinha Milagrosa”. 

Deste modo, com o passar dos tempos não existiria mais no Brasil nenhum lugar que não tivesse recebido essa influência, acreditando que não haja nada tão genuinamente inserido na alma e na cultura das gentes brasileiras como a devoção à Nossa Senhora Aparecida, até mesmo em muitos que já não mais professam a fé católica. As narrativas dos milagres acontecidos também ajudaram a aumentar o desejo das pessoas virem pessoalmente visitar aquela que hoje é chamada de “Casa da Mãe Aparecida”!

Até a década de 1970, o Brasil era um país de características rurais, passando depois por profundas transformações em todos os níveis. Apesar dessas mudanças, se pensarmos globalmente o Brasil, conseguiremos registrar a vasta e rica gama devocional que marca a cultura religiosa do nosso povo, com alguns elementos integradores como a fé cristã e a devoção mariana.

Mudanças culturais e religiosas

O Brasil mudou e as marcas sociais e culturais de características rurais foram sendo substituídas por outras de caráter mais urbano, mas os elementos identitários permaneceram. Algumas tradições culturais vão sendo renovadas, mas a cultura religiosa, porém, continua sendo um fator de integração das pessoas, valendo como expressão de fé. 

A roda do tempo não para, e ao chegarmos aos nossos dias, vemos as transmissões televisivas, completando ou substituindo aquilo que o rádio fazia, e somadas com as plataformas digitais, fazem com que a Capela da Santa, hoje declarada Santuário Nacional, lugar santo buscado por milhões de pessoas e lugar que congrega as mais importantes iniciativas e eventos da Igreja no Brasil, capitaneada pela CNBB, entrando nos lares das famílias e demais ambientes de todo o Brasil. 

A sociedade pós-moderna e sua “ambiência digital” mexeu com a vida das pessoas, criando novos padrões culturais e de comportamento, mas certas tradições religiosas e culturais permanecem, mesmo recebendo uma nova roupagem. O mundo e as pessoas foram aproximados, não existindo mais distância e nem lugares isolados. As necessidades do “homem urbano” são outras, mas ele continua vindo para descarregar as suas angústias, necessidades e aflições no colo da Mãe Aparecida.

Os que atendem o povo que demanda ao Santuário Nacional para visitar a “Santinha de Aparecida”, que continua sendo o personagem principal dessa história, devem aprender a trabalhar com o pluralismo religioso e cultural de nosso Brasil, marcado pela nova concepção de pessoa e de sociedade, com críticas, polarizações e desafios.

Nossa civilização vive um momento decisivo de sua história, com algumas conquistas já alcançadas sendo questionadas, e com muitos sonhos e projetos por realizar. O conjunto de elementos culturais que formam o complexo chamado Brasil se distingue dos demais no tempo e no espaço, devendo continuar com suas marcas religiosas que atingem a alma do povo brasileiro, porque somente assim é que se eternizará!

E o Santuário Nacional, que abriga a idealização maior de Nossa Senhora, na imagem de Aparecida, há de continuar sendo um lugar de fé, de recarregar baterias para que o homem e a mulher do século XXI possam continuar lutando pela construção de sua vida e de um lugar chamado Brasil.

Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. 

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

Fonte: A12.com

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Vigília penitencial: "Pedimos perdão àqueles que foram feridos por nossos pecados"

Francisco presidiu, nesta terça-feira, 01/10, a Vigília Penitencial na Basílica de São Pedro com os membros e participantes do Sínodo. O Papa expressou vergonha pelos pecados cometidos pela Igreja, pediu perdão a Deus e às vítimas, e destacou a importância da reconciliação para restaurar a confiança e "curar as feridas que não param de sangrar".

Thulio Fonseca - Vatican News

Nesta terça-feira, 1º de outubro, o Papa Francisco conduziu uma Vigília Penitencial na Basílica de São Pedro, marcada por momentos de profunda reflexão e testemunhos comoventes de pessoas afetadas por abusos, guerras e pela falta de caridade. O Santo Padre pediu perdão a Deus e àqueles que foram feridos pelos pecados cometidos pela Igreja e pela humanidade, e enfatizou a necessidade de uma verdadeira conversão e de cura das feridas que ainda persistem.

A celebração encerrou o retiro sinodal de dois dias, realizado antes da abertura solene da Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que terá início nesta quarta-feira (02/10). 

Confissão pública dos pecados

Durante a vigília, sete cardeais representaram a Igreja ao expressar vergonha e pedir perdão por uma série de pecados que feriram tanto os fiéis quanto a criação. Entre esses pecados, destacaram-se aqueles contra a paz, contra o meio ambiente, contra a dignidade das mulheres e dos pobres, além dos abusos de poder e da instrumentalização da doutrina para condenar o próximo. O Papa, em sua reflexão disse da importância de nomear explicitamente esses pecados:

"Eu quis escrever os pedidos de perdão que foram lidos por alguns cardeais, porque era necessário nomear nossos principais pecados. O pecado é sempre uma ferida nas relações: na relação com Deus e na relação com os irmãos e irmãs."

Francisco ressaltou que a Igreja, em sua essência, é uma comunidade de fé, e essa fé só pode ser vivida plenamente quando as relações doentes são curadas. "Como poderíamos ser credíveis na missão se não reconhecermos nossos erros e não nos inclinarmos para curar as feridas que causamos com nossos pecados?" questionou.

Romper com a hipocrisia e o orgulho

O Santo Padre refletiu sobre a parábola do fariseu e do publicano, presente do Evangelho de Lucas, convidando os presentes a uma introspecção sobre as atitudes de orgulho e presunção que, muitas vezes, contaminam a vida da Igreja:

"Quantas vezes na Igreja nos comportamos dessa maneira? Quantas vezes nós também ocupamos todo o espaço com nossas palavras, nossos julgamentos, nossos títulos, a convicção de que só nós temos méritos? E assim se perpetua o que aconteceu quando José e Maria, e o Filho de Deus em seu ventre, batiam às portas em busca de hospitalidade. Jesus nascerá em uma manjedoura porque, como nos diz o Evangelho, 'não havia lugar para eles na hospedaria'. Hoje, somos todos como o publicano, com os olhos baixos e sentindo vergonha de nossos pecados. Como ele, ficamos ao fundo, liberando o espaço ocupado pela presunção, pela hipocrisia e pelo orgulho. Não poderíamos invocar o nome de Deus sem pedir perdão aos irmãos e irmãs, à Terra e a todas as criaturas."

Restaurar a confiança na Igreja

Francisco também destacou que a celebração penitencial é uma oportunidade para restaurar a confiança na Igreja, confiança esta que foi profundamente abalada pelos erros e pecados do passado e do presente. "É uma oportunidade de começar a curar as feridas que não param de sangrar". Sobrecarregados pela "humanidade de nosso pecado", o Papa enfatizou que não deseja que esse fardo atrase a caminhada do Reino de Deus na história.

Em um apelo às gerações mais jovens, Francisco pediu perdão pela falta de testemunhas credíveis na Igreja: "Pedimos perdão a vocês, jovens, se não fomos testemunhas credíveis", disse o Pontífice, expressando o desejo de que a Igreja se renove para ser mais fiel ao chamado de Deus.

Arrependimento e reconciliação

Após sua reflexão, o Papa rezou com os presentes uma oração de arrependimento e clamor a Deus por perdão e coragem para uma autêntica conversão:

"Ó Pai, estamos aqui reunidos conscientes de nossa necessidade de teu olhar de amor. Temos as mãos vazias, só podemos receber o que tu nos podes dar. Pedimos perdão por todos os nossos pecados; ajuda-nos a restaurar teu rosto, que desfiguramos com nossa infidelidade. Pedimos perdão, sentindo vergonha, àqueles que foram feridos por nossos pecados. Concede-nos a coragem de um arrependimento sincero para uma autêntica conversão. Pedimos isso invocando o Espírito Santo, para que possa encher de sua Graça os corações que criaste, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém."

Caminhar juntos em unidade

No final da Vigília, o Papa convidou todos a saudarem com o sinal da paz, um gesto que simboliza a reconciliação e o desejo de caminhar juntos em unidade. Francisco fez questão de estender pessoalmente o sinal da paz às pessoas que compartilharam suas histórias de dor durante a cerimônia, além de um jovem e uma jovem, um seminarista e uma irmã religiosa, que representam a esperança da Igreja nas futuras gerações.

A esses jovens, o Papa entregou uma cópia do Evangelho, confiando-lhes a missão de proclamar a Boa Nova às novas gerações e convidando-os a serem portadores de uma Igreja "cada vez mais fiel à lógica do Reino de Deus."

Fonte: Vatican News

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Reze todos os dias com o Papa Francisco pelo Sínodo dos Bispos

A segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade começa nesta quarta-feira, 2 de outubro, em Roma. Em véspera dos trabalhos, o Pontífice pediu comunhão em oração de 2 a 27 de outubro: "convido a rezar comigo todos os dias, juntamente com todos aqueles que participam na Assembleia Sinodal que começa amanhã. Também podemos fazer isso pela plataforma da Rede Mundial de Oração, Click To Pray. Conto com vocês!".

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco fez um convite especial nesta terça-feira (01/09), véspera da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, através da sua conta oficial na rede social X. Diz a mensagem:

“Convido-vos a rezar comigo todos os dias, juntamente com todos aqueles que participam na Assembleia Sinodal que começa amanhã. Também podemos fazer isso pela plataforma da Rede Mundial de Oração, Click To Pray. Conto com vocês!”

A plataforma digital sugerida pelo Papa Francisco está presente em 89 países e procura mobilizar os católicos através da oração e da ação diante dos desafios da humanidade e da missão da Igreja. Em especial, duas iniciativas estão sendo compartilhadas pela Rede Mundial de Oração do Papa. A primeira é "Reza pelo Sínodo em Click to Pray". Através da oração, a plataforma convida a acompanhar a Igreja neste período de assembleia, pedindo os dons da escuta e do discernimento, para poder avançar em conjunto no caminho da fé. E a segunda é a Campanha de Oração "Adote um sinodal" (#prayforthesynod): ao inserir o e-mail, a plataforma designa o nome de um dos mais de 350 membros do Sínodo para que seja acompanhado por orações e guiado pelo Espírito Santo até o encerramento da assembleia em 27 de outubro.

O convite do Papa, assim, reforça o pedido já feito pelo cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, durante a apresentação da segunda sessão da assembleia em coletiva de imprensa em setembro, para que todos os fiéis e as comunidades religiosas, de modo especial as de vida contemplativa, rezem “para que os membros da Assembleia possam ser dóceis à voz do Espírito Santo”. Inclusive durante os trabalhos haverá “uma alternância de momentos de oração pessoal, de diálogo e de comunhão entre nós, de comunhão fraterna na escuta e no amor recíproco e de comunhão na oração”, confirmou o cardeal.

O Sínodo dos Bispos

A segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade começa nesta quarta-feira, 2 de outubro, em Roma. Um retiro espiritual de dois dias, guiado pelas meditações do Pe. Dominicano Timothy Radcliffe e pela Ir. Ignazia Angelini, precede os trabalhos que seguem até o dia 27 de outubro. A grande novidade é a celebração penitencial na Basílica de São Pedro presidida pelo Papa Francisco nesta terça-feira, 1º de outubro, com o testemunho de três vítimas que sofreram com abusos, guerra e com a indiferença da sociedade em migrante. Já na noite de 11 de outubro, também no Vaticano, na Praça dos Protomártires, onde, segundo a tradição, ocorreu o martírio de Pedro, será realizada uma oração ecumênica com a presença do Pontífice. A data pretende recordar a abertura, no mesmo dia de 62 anos atrás, do Concílio Vaticano II. Em 21 de outubro haverá mais um dia de retiro espiritual em vista do discernimento sobre a redação do esboço do documento final. 

Os trabalhos da assembleia serão orientados pelo texto-base do Instrumentum Laboris (IL) publicado no início de julho, inclusive em português. O documento - estruturado em cinco partes - está em continuidade com todo o processo sinodal iniciado em 2021 e apresenta propostas para uma Igreja cada vez mais "sinodal em missão", mais próxima do povo, menos burocrática e na qual todos os batizados participem de sua vida. Entre os pontos de reflexão estão a valorização da mulher e a necessidade de transparência e prestação de contas.

Fonte: Vatican News

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Madre Angelini: a arte sinodal do silêncio, na escuta de Deus

No segundo dia do retiro espiritual para os participantes do Sínodo, a reflexão da religiosa beneditina sobre o valor do silêncio como louvor ao Senhor. Uma verdadeira “arte sinodal” que permite libertar-se da impaciêno dia do retiro espiritual para os participantes do Sínodo, a reflexão da religiosa beneditina sobre o valor do silêncio como louvor ao Senhor. Uma verdadeira “arte sinodal” que permite libertar-se da impaciência, do ativismo e das reclamações para ouvir a palavra de Deus.

Isabella Piro – Vatican News

"Se você ama a verdade, ame o silêncio." Um verso de Isaac, o Sírio, guiou a meditação da madre Maria Ignazia Angelini na manhã desta terça-feira, 1º de outubro, no segundo dia de retiro espiritual para os membros, delegados fraternos e convidados especiais na segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

O silêncio de Deus, dimensão constitutiva da palavra humana

Aos presentes na Sala Nova do Sínodo, a religiosa beneditina do mosteiro de Viboldone, na Itália, explicou o tema do silêncio como louvor a Deus. "Na raiz de cada oração, de cada 'obra de Deus'" - disse ela - "vibra o Sopro silencioso de Deus. Trata-se de percebê-lo", porque, como afirmou Inácio de Antioquia, "o Senhor é conhecido no seu silêncio", naquele "vazio" que representa "a dimensão constitutiva da palavra humana".

O valor das pausas sinodais

O silêncio como "o mais alto louvor, onde só se pode admirar a obra de Deus", continuou a religiosa, é também o que "nos posiciona na celebração penitencial e também nos impele a valorizar todo o peso das pausas de silêncio introduzidas nos diálogos sinodais". Tais momentos, de fato, não devem ser entendidos como “uma diversão”, mas sim como “uma escuta maravilhada do que nunca foi ouvido”, um silêncio que dá valor e substância às interações entre os participantes da Assembleia.

A “esclerose” do coração humano

"Na vida quotidiana das nossas palavras", continuou madre Angelini, há de fato “muitos silêncios hipócritas” que não permitem ao coração humano – “esclerosado pelas ansiedades e frustrações”, mas desejoso da “plenitude de vida” – encontrar novamente respiro e harmonia com o silêncio de Deus.

"A dificuldade de viver o silêncio também se encontra no caminho sinodal", destacou novamente madre Angelini, pois quando estamos imersos “na ênfase dos nossos conceitos” não temos tempo nem vontade de nos dedicar ao silêncio. Isso “nos deixa cicatrizes” porque nos deixa submersos num “vórtice de pensamentos” em que se debatem as memórias do passado, o tédio do presente e as angústias do futuro. Ao contrário, o silêncio que louva a Deus, “raiz de todo diálogo construtivo, de todo caminho sinodal”, é aquele princípio precioso de quem “sabe sair do palco e viver uma espécie de solidão fecunda e aberta à alteridade”, na escuta da palavra de Deus, do grito dos pobres e dos gemidos da criação”. Verdadeiro e autêntico “ritmo do diálogo sinodal”, continuou a religiosa beneditina, o silêncio é de fato “luta contra a banalidade, busca da verdade e acolhida do mistério que se esconde em cada pessoa”.

A conversão e o caminho da Igreja

É, portanto, nessa dimensão, reiterou, que se enquadra o trabalho da Assembleia sinodal, “situada em um momento decisivo da história e da Igreja”. Em um “silêncio de conversão”, o caminho da Assembleia deve ser marcado pelo estilo do Evangelho que “caminhando abre o caminho, através dos obstáculos”.

Libertar o olhar do ativismo e da impaciência

Exatamente como Jesus faz: na passagem do Evangelho proclamada esta manhã, Ele está a caminho de Jerusalém, mas para numa aldeia samaritana, sendo rejeitado. Diante das reclamações dos discípulos, ele os repreende e depois parte em direção a outra aldeia. Esta é, portanto, «a arte “sinodal” do Senhor oferecida à assembleia» - concluiu Madre Angelini - que é «libertar o olhar de toda impaciência e ativismo empresarial, de pretensões, de ressentimentos e reclamações, de “muitas” palavras para acolher a paixão do desejo que atrai silenciosamente para o cumprimento da vontade do Pai."

O programa do retiro espiritual

Após a reflexão da religiosa beneditina, o retiro espiritual continuou com as meditações confiadas ao padre dominicano Timothy Radcliffe. À tarde, às 16 horas, na Sala Paulo VI, serão realizados grupos de partilha segundo o método da “conversa no Espírito”, enquanto às 18 horas, na Basílica Vaticana, está programada uma Vigília penitencial na presença do Papa Francisco.

Fonte: Vatican News

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Radcliffe: na escuridão da guerra e abusos, a Igreja tece redes de amizade e interculturalidade

As meditações do padre dominicano no segundo dia do retiro espiritual para os participantes da Assembleia Geral do Sínodo: distante de suspeitas e elitismos, a Igreja se tornará uma comunidade confiável apenas se corrermos o risco, como o Senhor, de confiar uns nos outros, mesmo que estejamos feridos.

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

De um lado, a escuridão de um mundo "lacerado e dividido". Do outro, a luz do Senhor. Foi sobre essa dicotomia que o padre dominicano Timothy Radcliffe refletiu na manhã de 1º de outubro. Assim como em 2023, o religioso participa da Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos como assistente espiritual. Ele proferiu duas meditações hoje, segundo dia do retiro espiritual para os participantes da Assembleia.

Reconhecer o Senhor no “estrangeiro na praia”

Em sua primeira intervenção, intitulada “Pesca da ressurreição” e inspirada no Evangelho de João (21, 1-14), o padre Radcliffe destacou as dificuldades causadas pela "escuridão da guerra" e pela "crise dos abusos". Em um contexto "pós-ocidental", explicou — no qual o hemisfério ocidental do planeta, embora "decadente", ainda controla "o sistema bancário", com o colonialismo e o imperialismo ao fundo, buscando "impor seus valores aos outros" — o "estrangeiro na praia" não é reconhecido como o Senhor, mas acaba "crucificado pelos poderes imperiais do nosso tempo".

Pe. Radcliffe no retiro sinodal: não aos medos e narcisismos, mas ouvir com o coração aberto

As duas primeiras meditações do padre dominicano, pronunciadas na manhã desta segunda-feira na Sala Nova do Sínodo, durante o retiro espiritual dos participantes da Assembleia ...

A interculturalidade para “criar redes”

Qual é, então, o desafio da Igreja e do Sínodo diante de tudo isso? A resposta do padre Radcliffe destacou a importância da "interculturalidade", ou seja, de “criar redes”, deixando espaço entre uma cultura e outra, para que não se devorem "como está acontecendo com a globalização do consumismo". "Devemos respeitar as diferenças culturais", reiterou o padre dominicano. "A rede está intacta porque cada cultura está aberta, à sua maneira, à verdade".

Os trabalhos sinodais não são negociações ou compromissos

Essa atitude também se reflete nos trabalhos sinodais: eles não são "uma perda de tempo e dinheiro", como alguns temem, e não têm o objetivo de "negociar compromissos ou derrotar adversários", mas — como destacou bem o padre Radcliffe — têm o objetivo de nos fazer entender uns aos outros "o significado da palavra ‘amor’", pois todos somos "discípulos amados" do Senhor. "Antes de tudo", concluiu o religioso, "reconhecemos que precisamos uns dos outros se quisermos ser católicos", porque "para sermos completos, todos precisamos dos outros". Só assim será possível criar uma “rede” mantida pela amizade e pela alegria compartilhada, uma “rede” que gera esperança.

Confiar uns nos outros, apesar dos fracassos

Na segunda meditação — intitulada “Ressurreição - Café da manhã” e inspirada no versículo do Evangelho de João 21, 15-25 — o dominicano aprofundou o tema da confiança. Partindo da figura de Pedro, a quem Jesus "confiou o rebanho" apesar de ele tê-lo negado três vezes, mostrando-se "não confiável", o padre Radcliffe extraiu "uma lição de máxima importância" para o Sínodo, ou seja, "confiar uns nos outros, apesar de alguns fracassos". Como exemplo, o religioso citou a crise dos abusos e as queixas de bispos em relação à Declaração "Fiducia supplicans" do Dicastério para a Doutrina da Fé, sobre o sentido pastoral das bênçãos. "Mas a Igreja", continuou ele, "se tornará uma comunidade confiável apenas se corrermos o risco, como o Senhor, de confiar uns nos outros, mesmo que estejamos feridos". "Tudo se baseia na confiança em Deus, que confia em nós", reiterou ele. "Confiamos que, com a graça de Deus, este Sínodo dará frutos, mesmo que não possamos antecipar o que será e que talvez não seja o que desejamos".

Ser verdadeiros pastores do rebanho do Senhor

Uma crise de confiança também é sentida em nível global, ressaltou o religioso: entre políticos de diferentes partidos e entre eles e a cidadania; entre jovens, que começam a não acreditar mais na democracia; e no mundo da comunicação, em que fake news e a manipulação dos meios "nos impedem de confiar na verdade". No entanto, é justamente neste cenário tão complexo que todos os batizados são chamados a ser "pastores": pais, professores, líderes leigos têm a responsabilidade de guiar cada um "os pequenos rebanhos" da família, da escola, da vizinhança.

Evitar suspeitas, resistências e elitismo clerical

"Todos nós", sublinhou Radcliffe, "temos a extraordinária responsabilidade de cuidar das ovelhas do Senhor", especialmente os pastores ordenados, que têm o dever de conduzir o rebanho "para fora do estreito e introvertido redil eclesiástico em direção aos vastos espaços do mundo". Fundamental permanece o princípio do sacerdócio entendido como "ministério da amizade divina", ou seja, amizade com Deus, com os leigos, com os marginalizados, com os confrades — explicou o padre Radcliffe. Um sacerdócio capaz de se manter longe de suspeitas e resistências em relação ao caminho sinodal, livre de "elitismo clerical", que é "falta de humildade e negação da identidade sacerdotal".

Não ao pecado da hipocrisia

É por isso, acrescentou ele, que um sacerdote não pode e não deve pecar de hipocrisia: porque "a falta de transparência corrompe o próprio coração da identidade sacerdotal" e "o povo de Deus está pronto para perdoar tudo, menos a hipocrisia". Daí o convite final do dominicano à Assembleia para que todos, com a autoridade do "pecador arrependido" como Pedro, possam "discernir a autoridade do outro e submeter-se a ela".

Fonte: Vatican News

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Vida consagrada dispõe visita apostólica à Fraternidade Sacerdotal São Pedro

O Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, em um comunicado, anuncia uma visita de averiguação na qual aprofundará “o conhecimento” dessa realidade “de direito pontifício” para “oferecer-lhe a ajuda mais oportuna no caminho do seguimento de Cristo”

Vatican News

O Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica anunciou que fará uma visita apostólica à Fraternidade Sacerdotal São Pedro, “a fim de aprofundar o conhecimento dessa sociedade de vida apostólica de direito pontifício e oferecer-lhe a ajuda mais adequada no caminho do seguimento de Cristo”.

O objetivo da visita de averiguação

O Dicastério, que é responsável por “promover, animar e regular a prática dos conselhos evangélicos, no modo como é vivida nas formas aprovadas de vida consagrada, e também no que diz respeito à vida e à atividade das sociedades de vida apostólica em toda a Igreja latina”, conforme declarado na Constituição Apostólica do Papa Francisco, Praedicate evangelium, realizará esta visita ordinária de averiguação, diz o comunicado assinado pelo prefeito cardeal João Braz de Aviz, “no contexto do processo de acompanhamento dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica erigidos pela Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, que, com o Motu Proprio Traditionis Custodes do Papa Francisco, passaram para a competência deste Dicastério”.

As origens da Fraternidade

A Fraternidade se apresenta em seu site como uma “sociedade de vida apostólica de direito pontifício”, ou seja, “uma comunidade de padres que não fazem votos religiosos, mas que trabalham juntos para uma missão comum na Igreja católica”. Sua missão é descrita como “dupla”: por um lado, “a formação e a santificação dos sacerdotes de acordo com a liturgia tradicional, comumente chamada de Forma Extraordinária do Rito Romano” e, por outro, “o cuidado das almas e as atividades pastorais a serviço da Igreja”.

Fonte: Vatican News

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Parolin: Santa Sé na ONU há 60 anos defendendo os direitos e a dignidade humana

O secretário de Estado celebrou a missa na Igreja da Sagrada Família, em Nova Iorque, pelo sexto aniversário da entrada da Santa Sé nas Nações Unidas como observadora: nessas seis décadas, disse citando Paulo VI, ela foi “uma especialista em humanidade”. Na recepção com representantes permanentes, apoiadores e embaixadores, o cardeal reiterou o convite à fraternidade: “Somos todos membros de uma única família humana, trabalhemos para curar as divisões”.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

"Especialista em humanidade" que há sessenta anos defende a dignidade de cada pessoa e os direitos humanos, começando pelo direito à vida, que apoia a justiça social e o desenvolvimento econômico, que protege o ambiente, que levanta a voz por aqueles que não têm voz. Em primeiro lugar, migrantes, refugiados e deslocados. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, usa a inesquecível expressão de Paulo VI, primeiro Papa a visitar as Nações Unidas, em 1965, para enquadrar o trabalho realizado pela Santa Sé na ONU nas últimas seis décadas. Isto é, desde que se tornou parte da família das Nações Unidas como Estado observador, em 1964. O secretário de Estado Vaticano celebrou na segunda-feira, 30 de setembro, na Igreja da Sagrada Família, em Nova Iorque, a missa de aniversário, na conclusão da sua viagem aos EUA para participar na Semana de Alto Nível da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Promover a dignidade

Aos presentes na celebração, incluindo membros do Corpo Diplomático das Nações Unidas e “amigos” apoiadores da Missão de Observadores Permanentes da Santa Sé, o cardeal levou os agradecimentos do Papa Francisco. Depois concentrou-se nas leituras da liturgia, em particular do Evangelho que renova o convite de Cristo a “proteger, cuidar e servir”. "Ser cristãos significa promover a dignidade dos nossos irmãos e irmãs, lutar por ela, viver por ela", afirmou Parolin. "Nesta lógica de serviço aos pequenos e aos que não têm voz, se situa e encontra a sua razão de ser a presença da Santa Sé no âmbito da Comunidade internacional", ressaltou o secretário de Estado Vaticano.

A defesa dos direitos, do ambiente, dos indefesos e dos esquecidos

Há sessenta anos, desde a sua entrada nas Nações Unidas como Estado observador, "a Santa Sé" - reiterou o Secretário de Estado - "continua defendendo a dignidade humana, defendendo os direitos humanos, em particular o direito mais fundamental de todos: o direito à vida. Continua sendo porta-voz da justiça social, do desenvolvimento econômico e da proteção do ambiente; falando em defesa dos indefesos e dos esquecidos: migrantes, refugiados e deslocados”. Um trabalho realizado sempre ao longo do caminho traçado pelo próprio Jesus, o do “serviço”. "Servir quem precisa receber e não pode dar nada em troca. Acolhendo quem está à margem, quem está esquecido, acolhemos Jesus porque Ele está ali”, foi o convite do cardeal Parolin.

Voz moral em apoio à paz e à justiça

Esta vocação e o compromisso da Santa Sé com os frágeis do mundo foi reiterada pelo cardeal em seu breve discurso introdutório na recepção pelas seis décadas de presença nas Nações Unidas, que teve lugar num salão da Igreja da Sagrada Família em Nova Iorque. É uma ocasião, começou Parolin, que "nos oferece a oportunidade de refletir sobre o nosso caminho comum, de celebrar as nossas conquistas e de renovar o nosso compromisso com os nobres ideais que nos unem a todos". Aos delegados, representantes permanentes, apoiadores, embaixadores, membros da ONU e todos os presentes, o cardeal reiterou a função da Santa Sé de não ter ficado olhando o desenrolar dos acontecimentos “de forma passiva e descomprometida”. O purpurado disse ainda que a Santa Sé nunca se propôs “como uma entidade política em busca de poder ou influência”. Foi e continua sendo uma “voz moral que apoia a paz, a justiça e a dignidade humana”.

Entidade religiosa e diplomática

“Especialista em humanidade”, repetiu Parolin, citando o Papa Montini em seu discurso na Assembleia Geral da ONU. “A posição única da Santa Sé, tanto como entidade religiosa quanto diplomática, permitiu que ela superasse divisões e promovesse a compreensão além das fronteiras culturais e ideológicas, enfatizando constantemente que o verdadeiro progresso só pode ser alcançado quando as dimensões espirituais e morais da existência humana são reconhecidas e respeitadas.”

Mundo fragmentado, a fraternidade é necessária

Nesse mundo em rápida mudança, “os princípios constantes que sustentam esse compromisso permanecem inalterados”, garantiu o cardeal. Os desafios de hoje são múltiplos - pobreza, conflito, mudanças climáticas, inteligência artificial, erosão dos direitos humanos - e “exigem não apenas soluções técnicas, mas um profundo compromisso ético com o bem comum, a solidariedade e a promoção da fraternidade humana”. Sim, porque o cenário atual parece “cada vez mais fragmentado por interesses mesquinhos” e, ainda mais, observou o cardeal, “devemos nos lembrar de que somos todos membros de uma única família humana, compartilhando uma Casa comum e um destino comum”. Uma consciência genuína disso “nos obriga a reconhecer a necessidade de um compromisso renovado com o multilateralismo e a cooperação internacional, para encontrar soluções compartilhadas”.

O convite do Papa

O convite é, então, para assumir “a visão de um mundo no qual a paz, a justiça e a dignidade humana não sejam meras aspirações, mas realidades vividas por todos”. “Trabalhemos incansavelmente para construir pontes de compreensão, para curar as divisões e para criar uma cultura de encontro e solidariedade”. Isso pode ser feito “somente se falarmos juntos e caminharmos juntos”, como o Papa Francisco repete com frequência. E foi exatamente ao Papa que o Secretário de Estado dedicou um pensamento final: “Convido-os agora a brindar... ao Santo Padre! Fonte: Vatican News

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Badreddin Wais, de refugiado sírio a farol de esperança no ciclismo internacional

O ciclista, que deixou o seu país em 2014 e desde então vive na Suíça, participou em vários campeonatos mundiais de estrada da UCI. No domingo, 29 de setembro, participou da Copa do Mundo em Zurique, onde se encontrou com o representante da Athletica Vaticana, Rien Schuurhuis.

Mario Galgano – Enviado a Zurique

Ahmad Badreddin Wais nasceu, em 1991, em Aleppo, na Síria, e começou a andar de bicicleta aos 14 anos. A sua paixão levou-o a desembarcar na capital, Damasco, onde ingressou na seleção nacional de ciclismo. A eclosão da guerra forçou-o a deixar o país em 2014 para fugir para a Europa e encontrar um novo lar em Lausanne, na Suíça. Ali, ele continuou a treinar e, desde 2017, participou em vários campeonatos mundiais cronometrados de estrada organizados pela UCI, União Internacional de Ciclismo.

O encontro com a Athletica Vaticana

No domingo, 29 de setembro, Wais participou do Campeonato Mundial de Ciclismo em Zurique, onde se encontrou com Rien Schuurhuis, representante da Athletica Vaticana. Os dois se conheceram pouco antes da corrida e imediatamente encontraram um ponto em comum no esporte, capaz de “unir as pessoas”, como Badreddin Wais disse à Rádio Vaticano - Vatican News. Por meio de sua recém amizade com o ciclista do Vaticano, Wais tomou conhecimento da bondade do projeto da Athletica, que está particularmente comprometida em apoiar atletas de países menos favorecidos, como destacou Schuurhuis.

As Olimpíadas como objetivo

A história de Wais é a de uma viagem inspiradora. De um jovem atleta num país devastado pela guerra a um farol de esperança no ciclismo internacional. Como “atleta refugiado” e bolsista do COI, Wais não apenas alcançou o sucesso esportivo, mas também demonstrou como ele pode construir pontes e unir as pessoas. Sua participação no Campeonato Mundial de Ciclismo em Zurique é outro capítulo de sua notável carreira, que mantém viva suas esperanças de participar das próximas Olimpíadas.

Homenagem a Muriel Furrer

Antes da corrida de domingo, foi observado um minuto de silêncio em homenagem à memória de Muriel Furrer, a ciclista de 18 anos que morreu após um grave acidente na corrida de estrada júnior em Zurique. O acidente, no qual a jovem atleta sofreu um grave traumatismo craniano-cerebral, ocorreu na última quinta-feira (26/09). Imediatamente transportada de helicóptero para o hospital, Furrer morreu devido aos ferimentos na sexta-feira. Sua história trágica comoveu muitas pessoas, lembrando-as de como o esporte pode ser perigoso. Schuurhuis e Wais estavam na linha de frente para prestar homenagem a ela. Fonte: Vatican News

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A Santa Sé na OSCE: é necessário consenso sobre a interpretação dos direitos humanos

O representante permanente da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), mons. Richard Gyhra, falando em Varsóvia na sessão de abertura da Conferência sobre a Dimensão Humana, enfatizou que os resultados só podem ser alcançados com foco nos “compromissos concordados” entre os Estados, em vez de introduzir novos direitos que nem sempre são aceitáveis e “não são coerentes” com os já definidos.

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

A Santa Sé acredita que os Estados que são membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) devem “se unir em torno de um entendimento comum dos compromissos da OSCE na “terceira sessão”, sobre os direitos humanos, bem como sobre os princípios universais dos direitos humanos e das liberdades fundamentais que sustentam a dimensão humana”, porque a falta de consenso sobre a interpretação dos direitos humanos “também tem consequências para a segurança e a cooperação entre os Estados”. Foi o que enfatizou o monsenhor Richard Gyhra, representante permanente da Santa Sé na OSCE, falando na sessão de abertura da Conferência sobre a Dimensão Humana, que se realiza, em Varsóvia, na Polônia, de 30 de setembro a 11 de outubro. 

As palavras do Papa ao corpo diplomático

“Se quisermos alcançar resultados tangíveis”, esclareceu o diplomata estadunidense, "é da maior importância que nos concentremos nos compromissos consensualmente concordados de nossa Organização, em vez de introduzir conceitos que possam ser divisórios’. Ele lembrou que o Papa Francisco, falando ao Corpo Diplomático em janeiro passado, observou que “nas últimas décadas foram introduzidos novos direitos que não são totalmente coerentes com aqueles originalmente definidos nem sempre aceitáveis. Eles levaram a casos de colonização ideológica” que ‘são prejudiciais e criam divisões entre os Estados, em vez de promover a paz’. O fracasso em chegar a um consenso sobre a “terceira sessão” de Helsinque, para monsenhor Gyhra, reflete “desacordos mais substanciais sobre a própria compreensão ou interpretação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”.

Os direitos humanos não são privilégios concedidos pelo Estado

A delegação da Santa Sé na OSCE, sublinhou o representante permanente, manifestou-se muitas vezes preocupada "com as consequências daquelas abordagens que tendem a retirar os direitos do seu contexto apropriado, que restringem o seu âmbito de aplicação ou que permitem que o seu significado e interpretação variam e sua universalidade seja negada". Trata-se de abordagens “não muito diferentes daquela que considera os direitos humanos e as liberdades fundamentais como privilégios concedidos pelo Estado”, e que tendem a criar “categorias” de direitos e titulares de direitos, “minando a própria ideia de ‘universalidade’ dos direitos humanos”. Por esta razão, concluiu mons. Gyhra “é importante que o termo ‘direito humano’ seja aplicado com precisão e prudência, para que não se torne um slogan retórico que se expanda infinitamente para se adaptar aos caprichos do momento”.

Fonte: Vatican News

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Timothy Radcliffe: “conduzir as ovelhas da sacristia para a praça pública”

O Sínodo é um momento para escutar o Espírito, daí a importância do silêncio, um convite feito por Madre Maria Ignazia Angelini no início do segundo dia de retiro com o qual os participantes da Assembleia Sinodal estão se preparando para a Segunda Sessão, que inicia seus trabalhos nesta quarta-feira, 2 de outubro, com a celebração eucarística na Praça de São Pedro.

Padre Modino - Vaticano

O silêncio, “talvez o elemento mais difícil de ser vivido em nossas vidas”, é sempre uma necessidade, porque “quem se deixa surpreender pela profundidade do silêncio de Deus, plenamente revelado em Jesus, compreende como o silêncio é a dimensão constitutiva da verdadeira palavra humana”, segundo a religiosa beneditina, que chamou para preparar a celebração penitencial que encerrará o retiro.

Trata-se de assumir “o precioso silêncio de quem sabe sair de cena e viver uma espécie de solidão fecunda, aberta à alteridade, à escuta da palavra de Deus, ao grito dos pobres e aos gemidos da criação”, porque “o silêncio é uma luta contra a banalidade, uma busca da verdade, uma aceitação do mistério que se esconde em cada pessoa e em cada ser vivo”. Isso em um caminho sinodal no qual é necessário “aprender a arte das relações gratuitas, sem cair na armadilha do Divisor”.

É necessário, sublinhou Angelini, conhecer o estilo do Evangelho: “caminhando, atravessamos os obstáculos. Esse, talvez, seja o caminho sinodal”. Para isso, “devemos fixar nosso olhar em Jesus, o rosto humano de Deus. Sem rotas de fuga, sem saídas de emergência. Um olhar que, iluminado pelos mansos e humildes de coração, redefine os contornos da visão dos outros, da história, do mundo”.

Aprendendo o significado do amor

Refletir sobre a escuridão foi o ponto de partida para a reflexão do Pe. Timothy Radcliffe, uma escuridão presente “na guerra, na crise dos abusos sexuais”, enfatizando que “todos nós conhecemos aqueles momentos em que parece que não conseguimos nada”, o que, no processo sinodal, leva à pergunta se algo foi alcançado. A partir daí, ele insistiu que “não nos reunimos em um sínodo para negociar compromissos ou para criticar os oponentes. Estamos aqui para aprender uns com os outros qual é o significado dessa estranha palavra amor”, igual aconteceu com os discípulos quando Jesus pediu que lançassem a rede para o outro lado, em obediência à Igreja.

“Devemos nos atrever a confiar que a Divina Providência abençoará abundantemente este sínodo”, disse Radcliffe. Um sínodo que leve a “um novo Pentecostes, no qual cada cultura fale em sua própria língua e seja compreendida”, diferentes culturas se unindo para oferecer “cura umas aos outros”, desafiando “os preconceitos dos outros” e chamando uns aos outros “para uma compreensão mais profunda do amor”, pois “cada cultura tem uma maneira de ver o desconhecido na praia e dizer: É o Senhor”, vendo como o maior desafio “abraçar o que o Papa Bento XVI chamou de interculturalidade”, pois “quando as culturas se encontram, deve haver um espaço entre elas. Nenhuma deve devorar a outra”, o que deve levar à “reverência pela diferença cultural”. Ele pediu “que Deus abençoe este sínodo com encontros culturais cheios de amor, nos quais os dois se tornem um, mas permaneçam distintos”.

O frade dominicano convidou os participantes da assembleia a refletirem sobre o amor, partindo do encontro de Jesus com Pedro, no qual o amor anteriormente negado é confirmado três vezes, fazendo a pergunta: “Será que ousamos confiar uns nos outros, apesar de alguns fracassos?”, e ressaltando que “este Sínodo depende disso”. Para isso, é necessário “confiar uns nos outros, mesmo quando fomos feridos”, enfatizou Radcliffe, “milhões não confiam mais em nós, e com razão. Precisamos construir a confiança novamente, começando uns com os outros nesta assembleia.

Ministros da amizade divina

Radcliffe conclamou seus ouvintes a serem pastores, a cuidarem das ovelhas do Senhor, como é necessário para todos os batizados, convidando os ministros ordenados, que ele definiu como ministros da amizade divina, a “conduzirem as ovelhas para fora de um aprisco eclesiástico estreito e introvertido para os espaços abertos do mundo”. Da sacristia para a praça pública”. O dominicano alertou contra a tentação do clero de fazer tudo sozinho, o que contradiz sua vocação, que é o chamado à amizade. Ele também pediu, seguindo o exemplo de Pedro, transparência e prestação de contas, pois a falta delas “corrompe o próprio coração da identidade sacerdotal”.

Isso será ajudado assumindo o papel dos pastores, que é “ser modesto e honrar a autoridade de todos aqueles que estão sob seus cuidados”, alertando que “a rivalidade é inimiga da boa autoridade na Igreja”, por isso convidou que, neste Sínodo, “possamos discernir a autoridade dos outros e deferir a ela”.

Fonte: Vatican News

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Sínodo: como não decepcionar as expectativas das mulheres

Na edição de outubro do complemento mensal do jornal vaticano L'Osservatore Romano, “Donne Chiesa Mondo”, Birgit Weiler, das Irmãs Missionárias Médicas, docente e consultora da Secretaria Geral do Sínodo, reflete sobre as expectativas em vista da segunda assembleia que começa nesta quarta-feira, 2 de outubro.

por Birgit Weiler*

Muitas mulheres têm grandes expectativas com relação à segunda sessão do Sínodo. O objetivo é reunir os muitos frutos dos discernimentos nas diferentes fases do processo sinodal e, com base neles, formular recomendações para o Papa Francisco. É um Sínodo particularmente significativo para as mulheres pois, pela primeira vez, 85 mulheres estão participando, 54 das quais têm voz e voto. Vejamos abaixo as contribuições, especialmente das mulheres, nos diferentes estágios do Sínodo. Elas nos mostram o que desejam, apreciam e gostam, mas também o que as magoa e quais são os sonhos para a Igreja.

Em muitas contribuições de Igrejas locais de todo o mundo, observa-se que as mulheres são as mais engajadas no processo sinodal. Durante esse percurso, surgiu a necessidade de conversão sinodal. Isso significa gerar uma nova cultura da Igreja, “com novas práticas, estruturas e hábitos”, como indica o Documento de Trabalho para a Etapa Continental. A conversão implica o fortalecimento da consciência de que em Cristo somos todos irmãos e irmãs e, portanto, chamados a promover relações de interdependência e reciprocidade entre homens e mulheres, que ajudem ambos a crescer humanamente e na fé.

É digno de nota que, nos diferentes espaços de escuta e consulta durante o processo sinodal, muitas mulheres apreciaram as práticas sinodais já existentes nas paróquias, dioceses e outras realidades eclesiais. Ao mesmo tempo, elas falaram com muita liberdade e franqueza “de uma Igreja que dói”, como afirma o Relatório de Síntese. Em muitas das contribuições para as consultas sinodais, enfatiza-se que são o clericalismo e o machismo, acima de tudo, que ferem e machucam, porque excluem as mulheres dos processos de tomada de decisão e discernimento e da participação em órgãos de governança da Igreja que não exigem que elas tenham recebido o sacramento da Ordem Sagrada e que, portanto, estão, em teoria, abertos às mulheres.

O Papa Francisco deu o exemplo com a inclusão de mulheres nos órgãos de governança e liderança da Igreja, com a esperança de que, no processo de conversão sinodal, esse sinal seja adotado em muitas Igrejas locais e inspire práticas semelhantes. Como demonstram muitas contribuições para o processo sinodal, o clericalismo e o machismo, caracterizados pelo uso inadequado da autoridade, minam o respeito mútuo e prejudicam a comunhão. No processo sinodal, percebeu-se que a conversão necessária é responsabilidade de todos os membros do povo de Deus, uma vez que o clericalismo e o machismo são encontrados não apenas nos presbíteros, mas também, e com frequência, em leigos, mulheres e religiosos.

Na primeira sessão do Sínodo, em outubro de 2023, graças a várias intervenções, foi reconhecido que “quando a dignidade e a justiça nas relações entre homens e mulheres são violadas na Igreja, a credibilidade do anúncio que fazemos ao mundo é enfraquecida”. Essa observação, contida no Relatório de Síntese, destaca a importância vital de cuidar das relações entre homens e mulheres na Igreja.

Graças ao sopro do Espírito, protagonista do processo sinodal em suas várias fases, na Igreja nos tornamos mais conscientes do fato de que “em Cristo, mulheres e homens são revestidos da mesma dignidade batismal e recebem em igual medida a variedade dos dons do Espírito” (cf. Gl 3,27-28), como afirma o Relatório de Síntese. Portanto, em uma Igreja sinodal, “homens e mulheres são chamados a uma comunhão caracterizada por uma corresponsabilidade não competitiva, a ser incorporada em todos os níveis da vida da Igreja” (Relatório de Síntese).

Muitas mulheres têm a firme esperança de que, na segunda sessão do Sínodo, suas contribuições a respeito de uma maior corresponsabilidade entre mulheres e homens na Igreja, com base no reconhecimento e na valorização dos diferentes carismas e ministérios, não sejam apenas palavras vazias. Lembrando que em Jesus o Verbo se fez carne, ou seja, uma realidade concreta, visível e tangível, é importante que sejam formuladas recomendações concretas que promovam a implementação dos vários elementos necessários para uma maior integração e corresponsabilidade das mulheres na Igreja.

O Instrumentum Laboris para a segunda sessão do Sínodo apresenta vários elementos-chave a esse respeito; aqui podemos destacar apenas alguns. Para conseguir uma maior participação das mulheres nos processos de elaboração e tomada de decisões nas paróquias, dioceses e outras realidades eclesiais, deve-se promover sua participação mais ampla. Isso significa que as mulheres que já são ativas nos conselhos e comissões correspondentes devem incentivar outras mulheres qualificadas a colaborar nesses órgãos eclesiais. Isso também requer a disposição das respectivas autoridades eclesiásticas (párocos, bispos, etc.) de abrir espaços para uma maior participação das mulheres nas diversas esferas e de criar ativamente as condições necessárias. Isso se aplica, em particular, ao acesso das mulheres a cargos de responsabilidade nas dioceses e instituições eclesiásticas, que deve ser promovido de forma decisiva para que mais mulheres com as qualificações necessárias tenham a oportunidade de acessar esses cargos em pé de igualdade com os homens e de acordo com as disposições existentes.

Uma mudança em direção a uma mentalidade e prática sinodais exige que as mulheres teólogas e acompanhantes espirituais sejam incluídas no ensino teológico e na formação integral que os seminaristas recebem. Somente por meio do trabalho de formação conjunta é que o clericalismo e o machismo podem ser superados e os futuros presbíteros sinodais podem ser formados. Isso também implica oferecer a mais mulheres o apoio necessário, inclusive bolsas de estudo, para que possam estudar teologia, e facilitar a inclusão de mais mulheres teólogas no corpo docente das faculdades de teologia e em outros espaços de formação na fé; assim, mais mulheres poderão compartilhar seus dons no ensino e no trabalho teológico.

Aceitar e responder a esses e outros desafios exige uma mudança de mentalidade, atitude e modo de se relacionar. Além disso, também é necessária uma mudança nas estruturas, nos procedimentos e nos meios para promover uma cultura sinodal entre mulheres e homens em nossa Igreja. Para alcançar, na prática, uma participação mais plena das mulheres nas várias esferas da Igreja, é imperativo revisar o direito canônico existente e fazer as mudanças e os ajustes necessários para promover e fortalecer a sinodalidade como uma prática obrigatória.

Em alguns lugares, houve pedidos para que as mulheres tivessem acesso ao diaconato como um ministério ordenado. Essa questão está sendo debatida atualmente. É desejo explícito do Papa que a questão, bem como algumas outras “questões teológicas e canônicas sobre formas ministeriais específicas”, sejam tratadas em um dos dez grupos de estudo que ele criou. Muitas mulheres esperam que os estudos sobre as questões relacionadas à sua participação na Igreja ocorram em um espírito de escuta ativa, de discernimento e sinodal, “conectado à reflexão mais ampla sobre a teologia do diaconato” (Relatório de Síntese). Na segunda sessão do Sínodo, espera-se que todos os grupos de estudo apresentem um progresso inicial; no entanto, não está planejada a realização de um amplo debate na Sala do Sínodo sobre os tópicos reservados aos grupos, incluindo as questões das mulheres.

Em vista da segunda sessão do Sínodo, muitas mulheres estão esperançosas de que poderemos andar no ritmo do Espírito, abertas ao derramamento de seu amor criativo que busca transformar nossas mentes e corações para que possamos ser cada vez mais uma Igreja no Espírito de Jesus. A Igreja seria muito enriquecida pelos dons das mulheres que o Espírito lhes concede para o bem de toda a Igreja, do povo de Deus e de sua missão no mundo.

Com olhos de fé, podemos dizer: graças a Deus, algo novo está brotando (cf. Is 43:18) em nossa Igreja. Somos chamadas a percebê-lo, acolhê-lo e cultivá-lo com amor e dedicação.

* Irmãs Missionárias Médicas, professora de Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Peru, consultora da Secretaria Geral do Sínodo

Fonte: Vatican News

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CNBB: Sub-regiões assumem compromissos orientados pelo Espírito Santo

Na manhã de domingo, dia 29, a iniciativa entrou em sua reta final. Tendo sido aberto na sexta, 27, o encontro alcançou diversos temas; propostas em sintonia com as referências oferecidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em prol da constituição das futuras Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora.

Vatican News

O arcebispo de Sorocaba e presidente do Regional Sul 1 da CNBB, Dom Júlio Endi Akamine, presidiu a Missa por ocasião do 26º Domingo do Tempo Comum. O vice-presidente e o secretário da Entidade, respectivamente, Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto, e Dom Carlos Silva, bispo auxiliar de São Paulo, foram os concelebrantes principais da celebração eucarística com os participantes no último dia da 45ª Assembleia Eclesial.

Na manhã de domingo, dia 29, a iniciativa entrou em sua reta final. Tendo sido aberto na sexta, 27, o encontro alcançou diversos temas; propostas em sintonia com as referências oferecidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em prol da constituição das futuras Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora.

Dom Júlio retomou alguns dos pontos iluminados ao longo das sessões realizadas em sua homilia. “O Evangelho nos recria como discípulos missionários”, disse o arcebispo que igualmente destacou o itinerário proposto. Ainda segundo o religioso, a ordem proposta foi significativa tendo a Iniciação à Vida Cristã como ponto de partida, as conquistas como Celebração da Fé e a chegada quando do Cuidado com a vida. “Cuidar da vida implica uma solidariedade intergeracional”, completou.

Dois outros aspectos também ficaram bem pontuados na homilia: “não podemos negar as mudanças climáticas. Podemos, até, dizer que elas são uma forma de escandalizar os pequeninos”, disse Dom Júlio na primeira parte da reflexão. “A evangelização tem um recurso fabuloso na inteligência artificial e ela é um antídoto ao mal uso dessa inteligência”, completou o presidente do Regional Sul 1 apontando para Carlo Acutis e a possibilidade real de santificação dos meios a partir do exemplo do Beato. “A palavra de Deus tem o poder de fazer florir a nossa conversão”, concluiu.

Partilha

Momento bastante aguardado, e que retomou as últimas etapas do trabalho realizado na tarde de sábado, dia 28, as Sub-regiões fizeram a exposição das ações orientadas pelo Espírito Santo nos grupos.

“Formar as Comunidades Eclesiais Missionárias a partir da Palavra de Deus”, foi o indicativo oferecendo pela Região de Aparecida. Para São Paulo, a meta se apoiará no “enfrentamento às situações de vulnerabilidade”. Já para o RP 2, o objetivo a ser perseguido em 2025 passará pelo “fortalecimento das estruturas de vivência sinodal e por Assembleia que vai procurar alargar a tenda” estendida sobre as cinco Dioceses da Região.

Ainda durante a partilha, a Sub-região Campinas “buscará caminhos e estruturas de comunhão, participação e missão. O desejo é o de ser sinal de esperança no âmbito eclesial e na sociedade, assumindo a ecologia integral em continuidade com a Campanha da Fraternidade”. Para o grupo de Sorocaba, “a Comunicação Social como ferramenta de sinodalidade será valorizada. Família e juventude foram mantidas como prioridades”. Botucatu seguirá procurando valorizar o que já existe. “É ver a Igreja como extensão da nossa casa. Vamos priorizar as juventudes (universitária e carcerária)”, disse o expositor. Também o RP 1 seguirá valorizando a “juventude e a conversão eclesial a partir do Sínodo”, propondo encaminhamentos práticos. Em 2025, na próxima edição da Assembleia Eclesial, as metas serão revisitadas e avaliadas.

Avanços

Pastorais, grupos, movimentos e diversas expressões do trabalho eclesial aproveitaram a etapa final da Assembleia para apresentar os resultados dos trabalhos e para fazer a partilha de encaminhamentos.

Destaque para fala do bispo diocesano de Jales e referencial para a ação sociotransformadora, Dom José Reginaldo Andrietta, que sublinhou a realização da 6ª Semana Social Brasileira e o processo de desenvolvimento de rede eclesial ligada aos avanços angariados.

A coordenadora da Pastoral da Comunicação, Edite Neves, e o assessor do segmento, Pe. Tiago Barbosa, falaram sobre o lançamento da escola de comunicação. “Com.VC” é o nome da iniciativa que, em primeiro momento, disponibilizará cinco vagas para formação de agentes a serem indicados pelas Dioceses. Também a dinâmica do Encontro Estadual da Pascom foi apresentada. “Muito obrigado por esse trabalho tão importante e tão bonito no nosso Regional”, externou o secretário, Dom Carlos Silva.

A Pastoral Carcerária, a Comissão em Defesa da Vida, a Pastoral da Família, Renovação Carismática Católica, Fé e Política fizeram apresentações antes da “Fila do Povo” e as comunicações diversas.

Ao final da sessão, igualmente encerrando a programação da 45ª Assembleia Eclesial, Dom Júlio Endi Akamine agradeceu os envolvidos na realização do encontro e presidiu a Celebração de Envio. “Que nos deixemos guiar pelo Espírito Santo em nossas Dioceses e Arquidioceses”, finalizou o presidente do Regional Sul 1 da CNBB.

Fonte: Pascom Regional Sul 1 da CNBB / Vatican News

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Mercedários realizam no Peru seu II Congresso Internacional de Pastoral Educativa

Dirigido a religiosos e religiosas responsáveis pelas escolas e colégios mercedários, bem como aos diferentes agentes educacionais vinculados à Pastoral Mercedária, o II Congresso Internacional de Pastoral Educativa Mercedária vai se realizar de 2 a 6 de outubro em Lima, no Peru. Este encontro busca refletir sobre o Pacto Educativo Global, iniciativa do Papa Francisco que convida a unir esforços para realizar uma transformação cultural profunda, integral e a longo prazo através da educação

Raimundo de Lima - Vatican News

A Ordem das Mercês e a Província Mercedária do Peru organizam o II Congresso Internacional de Pastoral Educativa, com o tema “Pacto Educativo Global: um chamado à Pastoral Educativa Mercerdária”, e com o lema “Pastoral Educativa Mercedária: olhando para frente com destemor e esperança”.

Este encontro busca refletir sobre o Pacto Educativo Global, iniciativa do Papa Francisco que convida a unir esforços para realizar uma transformação cultural profunda, integral e a longo prazo através da educação.

Pacto Educativo Gobal, iniciativa do Papa Francisco

Vale lembrar, com a iniciativa do Pacto Educativo Global, a proposta do Papa Francisco e os sete compromissos nela entrelaçados: colocar a pessoa no centro, ouvir as gerações mais novas, promover a mulher, responsabilizar a família, se abrir à acolhida, renovar a economia e a política e cuidar da casa comum.

É justamente nessa perspectiva que se insere este II Congresso Internacional de Pastoral Educativa Mercedária, que vai se realizar na Casa de Retiro “São João Paulo II” em Lima, no Peru, de 2 a 6 de outubro, dirigido a religiosos e religiosas responsáveis pelas escolas e colégios mercedários, bem como aos diferentes agentes educacionais vinculados à Pastoral Mercedária.

A esse propósito, o Conselheiro-Geral da Ordem e Secretário-Geral de Pastoral da Cúria Geral dos Padres Mercedários, padre frei Reginaldo Roberto Luiz - residente em Roma e que estará no Peru para participar deste grande evento -, falou-nos à Rádio Vaticano – Vatican News. Na longa entrevista a nós concedida, disse-nos - entre outras coisas - o que caracteriza a Pastoral Educativa Mercedária, como ela se insere no Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco e falou-nos sobre as expectativas para este II Congresso Internacional de Pastoral Educativa Mercedária que tem início esta quarta-feira, 2 de outubro. 

Fonte: Vatican News – na imagem, Família mercedária na Praça São Pedro em dezembro de 2018, ocasião em que foi recebida pelo Papa Francisco

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Missão polonesa na Tanzânia: um lar que muda a vida de crianças albinas

“Tango”, ou seja: vela. É esse o nome do lar que os missionários poloneses - duas religiosas de Loreto e um sacerdote da Associação das Missões Africanas - administram na Tanzânia para crianças com albinismo. Esses jovens, que correm risco de morte ou de mutilação devido a crenças no “poder mágico” que os corpos sem pigmentos supostamente possuem, não só encontram amor e segurança, mas aprendem - como o nome da casa indica - a desenvolver as velas da vida.

Dorota Abdelmoula-Viet

Embora a Tanzânia seja sobretudo associada ao esplendor das paisagens africanas, é também um dos países mais pobres da África. A Tanzânia também tem o maior número de albinos do mundo: 1 em cada 1500 nascimentos, de acordo com dados recentes. Um país onde a pobreza material se junta a ferocidade das crenças pagãs.

Segundo uma delas, os amuletos feitos de fragmentos de corpos de albinos podem ser uma garantia de prosperidade. E embora pareçam ser casos isolados, especialmente porque a lei proíbe tais práticas, a Irmã Amélia Jakubik, uma das duas religiosas de Loreto que serve em Mwanza, na Tanzânia, explica que a brutalidade continua sendo diária. «Aqui, nos nossos territórios, há um mês, uma menina de 2 anos foi morta; há alguns dias, um aluno do segundo ano que estamos ajudando foi atacado em casa, e outra criança foi esfolada», contou a religiosa que, juntamente com outra consagrada e o Pe. Janusz Machota, dirige um lar para crianças albinas. 

Um lar, não um centro

Esta é uma distinção importante, sublinham os dirigentes. “Vela”, assim se chama a casa, foi concebida segundo o modelo de uma grande família tanzaniana para que os jovens membros possam sentir plenamente o calor de família. «Foi uma ideia louca e inovadora do Pe. Janusz. O seu desejo era criar apenas um lar, não outro centro», explicou a Ir. Amélia, matemática de formação, que abandonou as contas meticulosas na África para usar a “aritmética do coração”.

Inicialmente, 14 crianças deveriam viver lá, pois as famílias locais são muito numerosas. A realidade mostrou que isso não era suficiente. Atualmente, são 20 crianças na casa, entre os 7 e os 20 anos de idade. «Nos últimos anos, 4 pessoas de quem cuidamos já partiram para as “águas largas” da vida. Algumas estão estudando, outras estão encontrando o seu caminho. Sem o apoio e o amor que receberam na “Vela”, não teriam acreditado em si próprios».

«O nosso serviço é muito simples: estar com eles, criar um ambiente familiar, um lugar onde possam sentir-se desejados, aceitados e amados», explica a religiosa. E depois: mandá-los para a escola - neste caso, para uma das escolas locais de pedagogia montessoriana. Como a Irmã Amélia explicou, a educação não é apenas o bilhete para a realização de sonhos, mas também a resposta às limitações associadas ao albinismo. «Não podem fazer trabalho no campo ou outras atividades ao ar livre porque o albinismo coloca-os em risco de câncer de pele e de muitas outras doenças».

As crianças são conhecidas pelo nome

A “Vela”, que “protege” as crianças tanzanianas há 4 anos, muda não só a vida delas, mas também o ambiente local, que começa a ver as pessoas com albinismo, muitas vezes rejeitadas não só pela sociedade, mas também pelos pais, sob uma nova luz. «Temos crianças que foram abandonadas aos 4 anos de idade. Os pais deixaram-nas num dos centros e depois mudaram o número de telefone e o local de residência para interromper os contatos», conta a religiosa Laurent. Infelizmente, há muitas histórias semelhantes. O antídoto para a rejeição é a aceitação que se repercute do lar para o ambiente. «Quando começamos, ouvíamos gritos atrás de nós: oh! Aí vêm os albinos! Hoje ouvimos: Oh, Lilian! Oh, Teresina está chegando!», diz a religiosa. A casa é frequentemente visitada por crianças locais. 

A Ir. Amélia, juntamente com outros responsáveis de “Vela”, realizou nos anos 2021-2022 mais de 200 seminários sobre o albinismo na Tanzânia. O medo e a vergonha vão se dissipando lentamente. «Nunca esquecerei a gratidão de uma mãe quando soube que iríamos cuidar da sua filha, que ela abandonou quando a deu à luz com 14 anos de idade. Ela, que antes tinha vergonha da sua filha, agora orgulha-se dela».

O poder discreto da fé

Quando lhe perguntam como as atividades são vistas no território, a Ir. Lauretana responde: «eles percebem que nós não viemos aqui para ter lucro, mas para os amar. E acolhem-nos muito bem». O acolhimento caloroso é também seguido pela graça da fé, que é discretamente derramada nos corações das crianças que estão sob os nossos cuidados.

A “Vela” não exige que os jovens pertençam à Igreja; «não perguntamos que religião ou crença têm, simplesmente aceitamos aqueles que mais precisam», explicou a religiosa, acrescentando que entre as crianças há muçulmanos, adventistas e pessoas que procuram a fé. «Já temos três crianças que foram batizadas pelo Pe. Janusz. Não é mérito nosso, não os forçamos, mas mostramos na prática em que consiste a nossa fé. Eles veem como rezamos, como participamos na Eucaristia diária. Veem de onde tiramos a nossa força».

Fonte: Vatican News

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Sínodo: melhor mesa redonda do que piramidal

Um dos símbolos da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade em sua Primeira Sessão foram as mesas redondas, algo que pretende destacar a necessidade de uma Igreja circular, superando o clássico esquema piramidal, presente na Igreja há séculos.

Padre Modino - Vaticano

É verdade que isso não deveria ser algo novo depois de 60 anos do Concílio Vaticano II, que insistiu tanto em uma Igreja Povo de Deus, uma Igreja cujo fundamento é o batismo e o sacerdócio comum dos fiéis.

Vantagens de uma mesa redonda

Mas, como diz o ditado, há um longo caminho das palavras aos atos, e em muitos ambientes eclesiais a visão piramidal da Igreja, baseada no sacramento da Ordem Sagrada, é uma tentação e, por que não dizer, uma prática. Podemos dizer que em uma mesa redonda todos falam e escutam, todos podem olhar nos olhos de todos, não há posições de destaque. Em uma Igreja sinodal, circular, que pratica a conversação espiritual para o discernimento comunitário, é possível, a partir da diversidade de ministérios e serviços, encontrar mais facilmente caminhos comuns em vista da construção do Reino de Deus.

Mas, para isso, é necessário estar em sintonia, atitude que ajuda a olhar para o futuro com esperança, a caminhar com mais entusiasmo, amando o que se é, o que se faz e aqueles com quem se compartilha a vida e a fé. Diante de tantos momentos de medo, de dúvida, de não saber qual caminho seguir, de ver o outro como inimigo, a circularidade aquece o coração e dá vigor à vida pessoal e comunitária, ao que somos e ao que se relaciona conosco e nos enriquece.

Não às relações de cima para baixo

As relações de cima para baixo, a ordem e o comando, aumentam o ego de poucos e causam sofrimento na grande maioria, impossibilitando a passagem do “eu” para o “nós”, para ser uma comunidade que compartilha a vida e a fé. Isso gera uma comunidade, uma Igreja, na qual ser chamado de mestre é muito mais desejável do que assumir um serviço. Em uma mesa redonda, é mais fácil compartilhar, viver em comunhão, e o outro, que eu vejo com mais facilidade, pode ser objeto de atenção, de cuidado.

Os que estão na mesa piramidal farão o possível e, em muitos casos, o impossível, para chegar ao topo, para assumir o lugar de maior privilégio e menor serviço, custe o que custar e caia quem cair, para serem os primeiros e se distanciarem dos últimos, para serem e viverem como senhores e abandonarem tudo o que tem a ver com a prática do povo, dos que estão abaixo, daqueles que o sistema não permite que deem um passo à frente.

Formas de se posicionar

Que modelo de Igreja estou disposto a promover? Que valores evangélicos estão presentes em minha vida e pretendo mostrar para minha comunidade, para aqueles com quem me sento à mesa, seja qual for a forma que ela assume? Essas e outras perguntas semelhantes devem estar presentes na vida de todos os batizados.

A Assembleia Sinodal, que está iniciando sua segunda sessão, precisa ajudar a definir como ser uma Igreja que, seguindo a Tradição, pode responder às demandas de Deus e da humanidade hoje, para saber ler os sinais dos tempos, como foi dito há cerca de 60 anos. Que ninguém duvide de que juntos, com a contribuição de todos, será mais fácil, mas para isso é necessário querer assumir a sinodalidade. As questões da Igreja são importantes, mas a dinâmica é muito mais importante. Fonte: Vatican News

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Acusações contra o padre De Luca, jesuítas abrem um caminho de escuta

Algumas jovens contaram que foram abusadas pelo então chefe do Movimento Eucarístico Juvenil, que morreu em 2012.

Vatican News

“Como Responsável Nacional do Movimento Eucarístico Juvenil, desejo dar a conhecer a todo o Movimento o fato de que, nos últimos meses, chegaram à minha pessoa denúncias circunstanciadas e plausíveis sobre atos de abuso sexual de menores perpetrados pelo padre Sauro De Luca SJ (†2012) durante as atividades do MEG”. Essas são as palavras do padre Renato Colizzi com as quais começa a declaração divulgada na noite desta segunda-feira, no site do Movimento Eucarístico Juvenil dos jesuítas, dando a conhecer as acusações contra o padre Sauro De Luca, que liderou o MEG de 1967 a 1998, tornando-se um ponto de referência espiritual para muitos jovens. A falar de terem sido molestadas são jovens que tinham entre 14 e 16 anos de idade na época dos fatos.

Perdão

“Antes de mais nada, quero pedir perdão às vítimas/sobreviventes e suas famílias”, continua Colizzi, ”e dizer que para nós, do Centro Nacional, que somos responsáveis pelo Movimento, é muito doloroso tomar conhecimento de tudo isso. Estamos profundamente tocados pela dor daqueles que sofreram abusos e, mesmo cientes de que nada será suficiente para curar totalmente a ferida, estamos dispostos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para acolher, ouvir e ajudar aqueles que quiserem”.

Caminho da verdade

“O sofrimento relatado”, continua o comunicado, ‘é para nós um chamado urgente para um ‘caminho da verdade' sobre nossa história e identidade, sem a qual nossa missão educacional hoje perderia o sentido. Como Centro Nacional, e de acordo com o Provincial jesuíta, tomamos a decisão de abrir uma fase de escuta de qualquer pessoa que tenha algo a dizer sobre o assunto, para descobrir se outros fatos ocorreram no passado, recente ou não, do Movimento”.

Uma delegada da Associação Meter

O padre Colizzi explica que “foi nomeada uma delegada para esse ‘caminho da verdade’ na pessoa da Dra. Grazia Villani que, assistida por pessoas competentes da Associação Meter, se dedicará a ouvir qualquer pessoa que acredite ter sofrido qualquer forma de abuso quando era menor de idade no curso das atividades do MEG, ou qualquer pessoa que saiba de fatos semelhantes. A Dra. Grazia Villani é independente da Companhia de Jesus e do Movimento”. Fonte: Vatican News

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Fátima: Mais de 400 pessoas participaram na segunda Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas

Peregrinos de Portugal e de outros países tiveram oportunidade de ultrapassar a «barreira linguística» e aprofundar o «conhecimento da sua fé»

O Santuário de Fátima acolheu, de 26 e 29 de setembro, as peregrinações nacional e europeia de pessoas surdas, que representaram uma oportunidade de participantes aprofundarem o conhecimento da fé.

“A barreira linguística significa que, muitas vezes, a mensagem não passa, ou passa muito limitadamente”, explica André Pereira, diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima, em declarações à Agência ECCLESIA, acrescentando que organizar momentos como estes significa permitir às pessoas “aprofundarem o conhecimento da sua fé, “o conhecimento de Jesus, pela via da mensagem de Fátima”.

“[As peregrinações] representam uma oportunidade de encontro, no sentido mais básico, mas também tão profundo do termo, de encontro de reforço das relações pessoais. Isto não é menos importante, mas é uma oportunidade também de, em muitos casos, quase uma primeira catequese”, assinalou este sábado.

Mais de 400 peregrinos, segundo o Santuário de Fátima, de diferentes nacionalidades – Portugal, Espanha, Itália, França, Polónia, Hungria, República Checa, Eslováquia, Suécia, Irão, Egito, EUA e Irlanda – participaram nas II peregrinação europeia de pessoas surdas e na décima Peregrinação Nacional da Comunidade Surda.

O espanhol Miguel Garcia, presidente dos Católicos Surdos da Europa (CSE), explica que Fátima foi o lugar escolhido para ser o destino da segunda experiência de peregrinação de surdos da Europa, devido à vontade que a comunidade surda portuguesa tinha em receber no país o encontro para canalizar as atenções a nível europeu em Portugal.

“Há bispos surdos pela Europa que também tinham curiosidade em vir aqui. Então, achámos que a divulgação seria boa, seria interessante”, referiu, justificando a escolha da opção também porque o “Vaticano foi sempre reconhecendo Fátima como um local sagrado, como um local de espiritualidade, de catolicismo, de vivência da prática, da religião”.

Questionado sobre como a comunidade surda da Europa estava a viver a peregrinação ao Santuário de Fátima, Miguel Garcia diz que as reações que recebeu são “bastante positivas”, com os participantes a destacarem a importância da interação entre todos, que têm diferentes culturas, realidade e experiências.

Desde 2013, a Eucaristia dominical das 15h, na Basílica da Santíssima Trindade, é interpretada em Língua Gestual Portuguesa; já as celebrações que antecedem a Páscoa, o Tríduo Pascal, no santuário da Cova da Iria começaram a ter interpretação LGP, em 2018.

Segundo André Pereira, a “tomada de consciência é o primeiro passo fundamental e realmente necessário” para integrar cada vez mais as pessoas surdas na Igreja católica.

“Por vezes, não fazemos tanto quanto poderíamos, porque também não estamos despertos para a necessidade. Nós comunicamos, os ouvintes comunicam, a informação chega-nos e muito facilmente nos esquecemos daqueles a quem a informação não chega da mesma forma e nem tão facilmente”, salientou.

Miguel Garcia é surdo e defende que a comunidade para ter mais acessibilidade precisa de perceber que as portas estão abertas, de ter informação visual e de ter tecnologias que permitam aceder à informação.

Ao longo dos quatro dias, os participantes das duas peregrinações realizaram várias atividades, acompanhados por intérpretes de língua gestual, sendo alguns deles os mesmos que estão presentes ao longo de todo o ano nas celebrações do Santuário.

Os intervenientes fizeram visitas ao Santuário de Fátima e às exposições do museu; assistiram a uma conferência e testemunhos, a uma sessão cultural de bailado contemporâneo e a uma catequese sobre a mensagem de Fátima.

Além disso, participaram ainda na oração a Nossa Senhora, no rosário e procissão das velas, na Capelinha das Aparições, e na Missa Internacional, no recinto de oração.

A primeira peregrinação Nacional da Comunidade Surda realizou-se em setembro de 2015, depois de o Santuário ter assumido no seu calendário celebrativo semanal uma Missa com interpretação em LGP, como forma integrar a comunidade surda.

Os Católicos Surdos da Europa foram os responsáveis por organizar a II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas, que conta com o apoio do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Conferência Episcopal Portuguesa, e do Santuário de Fátima, que há cerca de uma década organiza a Peregrinação da Comunidade Surda portuguesa à Cova da Iria.

Fonte: Agência Ecclesia

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Arcebispo de Brasília leva três cartas ao papa Francisco convidando-o a estar na capital do Brasil em 2025

Por Monasa Narjara 

O arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa está levando consigo três cartas ao papa Francisco, uma do próprio arcebispo, uma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outra do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF), todas estão convidando o papa para ir a Brasília. Dom Paulo Cezar é um dos 13 participantes brasileiros escolhidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a segunda sessão do Sínodo da Sinodalidade que começa amanhã (2), no Vaticano.

O convite ao papa é para que ele esteja presente na comemoração de 65 anos da fundação da cidade e da arquidiocese de Brasília em julho de 2025.

Além do cardeal Paulo Cezar, outros sete bispos brasileiros, três sacerdotes jesuítas e duas leigas também participarão da segunda parte da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo da Sinodalidade: o arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Steiner; o arcebispo de Salvador (BA), cardeal Sergio da Rocha; o prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida, cardeal João Braz de Aviz; o arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho (Celam); o bispo de Petrópolis (RJ), dom Joel Portella Amado; o bispo de Santo André (SP), dom Pedro Carlos Cipollini, o bispo de Camaçari (BA), dom Dirceu de Oliveira Medeiros; Padre Adelson Araújo dos Santos; Padre Agenor Brighenti; Padre Miguel de Oliveira Martins Filho; a assessora nacional para Migração e Refúgio da Cáritas Brasileira, Maria Cristina dos Anjos da Conceição e a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Sônia Gomes de Oliveira.

A segunda parte do Sínodo da Sinodalidade terminará em 27 de outubro. Fonte: ACIDigital

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Círio de Nazaré é reconhecido como manifestação da cultura nacional 

Este reconhecimento destaca a importância da cerimônia não apenas para a Fé dos devotos, mas para a identidade cultural e social de São Luís.

A celebração do Círio de Nazaré realizada em de São Luís do Maranhão, foi reconhecida pelo governo federal brasileiro como manifestação da cultura nacional, através da Lei nº 14.972/2024.

Importância para a identidade cultural e social de São Luís

De acordo com a Agência Gov, o reconhecimento deste evento, que reúne mais de 100 mil fiéis durante o mês de outubro na capital maranhense, “destaca a importância da cerimônia não apenas para a Fé dos devotos, mas para a identidade cultural e social de São Luís”.

Além disso, esta “sanção valoriza a celebração que enriquece a vida cultural, religiosa e social da cidade de São Luís e fortalece os vínculos do Círio de Nazaré que promovem o encontro entre tradição, Fé e cultura”.

História do culto a Nossa Senhora de Nazaré no Maranhão

Originado na Europa e estabelecido no Brasil há mais de dois séculos em Belém, o culto a Nossa Senhora de Nazaré no Maranhão chegou a São Luís no ano de 1992, quando a cidade recebeu pela primeira vez a imagem peregrina trazida por missionários que celebravam os 200 anos do Círio de Nazaré de Belém do Pará.

Desde então, todos os anos é realizada essa procissão que refaz o percurso realizado pela imagem em 1992, fortalecendo o sentimento de comunidade e de pertencimento entre os participantes. As festividades, que tem como ápice o segundo domingo de outubro, são semelhantes às realizadas em Belém (PA), porém com um público menor.

Tema e lema desta edição do Círio de Nazaré

O tema desta edição do Círio de Nazaré, que completa 32 anos e acontecerá entre os dias 10 a 20 de outubro, será: ‘Santuário de Luz’ e o lema escolhido foi: ‘Encontrareis um recém-nascido deitado numa manjedoura’, baseado na passagem bíblica de São Lucas 2,12. (EPC) Fonte: Gaudium Press

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Do dia 30/9/2024

Seminário de Iniciação à Vida Cristã para Presbíteros acontece de 1º a 3 de outubro, em Brasília

O Seminário de Iniciação à Vida Cristã para Presbíteros, organizado pela Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, terá início na próxima terça-feira, 1º de outubro, na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF). A iniciativa conta com 250 inscritos e busca reforçar o espaço que a Iniciação à Vida Cristã e a dimensão catequética ocupam na formação dos presbíteros.

O Seminário tem início na terça-feira, às 14h, com a celebração de abertura seguida de uma análise da conjuntura sócio-eclesial com o tema “Olhar a realidade e os sinais dos tempos”, com o presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, dom Leomar Antônio Brustolin. Outra conferência acontece às 17h com a temática “IVC: criando um vocabulário comum”, com a assessoria do padre Wagner Carvalho.

O segundo dia do Seminário, 2 de outubro, contará com duas palestras na parte da manhã, sendo o Querigma, às 9h, proferida pela assessora da Comissão, Mariana Venâncio, e às 11h sobre Catecumenato com dom Juarez Sousa da Silva.

Já na parte da tarde, às 14h, dom Armando Bucciol falará sobre a “a arte de presidir” e às 15h os padres Jânison de Sá e Jean Poul abordarão a temática “purificação e iluminação”. Logo mais, às 16h30, dom Andherson Franklin trata a temática da mistagogia.

O último dia do Seminário, 3 de outubro, será dedicado ao estudo e análise da catequese e as mídias digitais, com o professor Moisés Sbardelotto. E, por fim, haverá a possibilidade de discutir projetos comuns para a Igreja no Brasil em torno da Iniciação à Vida Cristã.

O Seminário

    “Todo padre sabe que a catequese é uma das maiores alegrias da sua comunidade, mas é também uma das suas preocupações. Como transmitir a fé para crianças, jovens e adultos que buscam a Deus em tempos de novas linguagens, novos métodos, novos símbolos? Vamos juntos refletir!”, incentiva o presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, dom Leomar Antônio Brustolin.

Segundo dom Leomar, com o evento, a Comissão pretende aprofundar ainda mais a dimensão Bíblico-Catequética na Igreja no Brasil. “Já temos uma caminhada muito bem feita aqui no Brasil, mas queremos aprofundar essa dimensão importante da Pastoral. A Iniciação à Vida Cristã como um eixo unificador da Pastoral, da renovação da comunidade, do fortalecimento da fé”, conclui dom Leomar.

Fonte: CNBB

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Arquidiocese de Olinda e Recife assina acordo com governo para reconstruir Santuário do Morro da Conceição

A arquidiocese de Olinda e Recife (PE) vai reconstruir o Santuário do Morro da Conceição, após o desabamento da cobertura do templo, em Recife, no dia 30 de agosto. Na última quinta-feira, uma cerimônia com a presença do arcebispo metropolitano, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, e da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, marcou a assinatura de um termo de fomento para as obras de reconstrução do templo.

O documento prevê a aplicação de um milhão e meio de reais que serão administrados pela arquidiocese conforme regulamentação publicada no site arquidioceseolindarecife.org. Essa plataforma permitirá o acompanhamento das compras de materiais e das contratações de serviços, segundo o ecônomo da Cúria de Olinda e Recife, padre Marcelo Marques Júnior.

    “No site da arquidiocese, inclusive, teremos uma página para divulgar o que foi comprado, o serviço que já foi feito, como numa prestação de contas disponível para toda a população”, explicou.

Passos para as obras

O primeiro trabalho realizado no templo foi a remoção dos entulhos, seguida pela aprovação do projeto para reforço na estrutura do telhado. O reitor do santuário, padre Emerson Borges, disse que a reconstrução vai além da estrutura física.

    “Nós vamos reconstruir a força, a fé, a esperança da comunidade, tornando este lugar o que sempre foi: um lugar de oração, de encontro com Deus e com a Imaculada Conceição”, disse o padre Emerson.

A limpeza da área e o projeto da reconstrução foram feitos em menos de um mês, segundo a arquidiocese. A previsão é de que o santuário seja devolvido à comunidade até o dia 2 de dezembro, a tempo de celebrar a festa da padroeira.

“O time todo do Governo de Pernambuco trabalhou de forma exaustiva, junto à Igreja”, comentou a governadora Raquel Lyra, ressaltando que haverá acompanhamento da reforma e da restauração, de modo a “garantir que, com segurança, a população possa voltar à igreja e esteja aqui nas festividades (da padroeira)”.

Campanha

Para promover a participação da comunidade no processo de reconstrução, foi lançada a campanha “Estada a mão ao Morro da Conceição”. Segundo dom Paulo Jackson, o título da campanha foi uma inspiração que teve ao celebrar uma missa diante dos destroços do desabamento, no dia seguinte à tragédia.

    “Sou profundamente grato ao Governo do Estado pela ajuda na reconstrução, mas entendo que a comunidade precisa e quer ajudar de alguma maneira. Então, a campanha ‘Estenda a sua mão ao Morro da Conceição’ é uma forma de dizer que somos comunidade, que nos importamos, que fazemos parte deste lugar, somos filhos da Imaculada”, afirmou dom Paulo.

Para doar, os interessados devem acessar o site doe.santuariomorrodaconceicao.com.br. As doações podem ser feitas via pix, boleto ou cartão de crédito, em valores diversos.

Missa pelas vítimas

Hoje, às 19h30, será celebrada a Santa Missa de 30°dia de falecimento das vítimas da tragédia do Morro da Conceição. O local da cerimônia escolhido pelos familiares é no entorno da imagem da Imaculada Conceição.

Serão lembrados na denominada “Missa da Saudade”, a senhora Maria da Conceição França Pinto, que tinha 68 anos de idade, e o senhor Antônio José dos Santos, que faleceu aos 54 anos.

Fonte: CNBB

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Comissão da CNBB disponibiliza material para animar a VIII Jornada Mundial dos Pobres (JMP) a ser realizada de 10 e 17/11

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em consonância com seu compromisso de acolhimento e escuta, convida a a Igreja no Brasil a unir-se em solidariedade às pessoas em situação de pobreza durante a VIII Jornada Mundial dos Pobres (JMP). Por meio de sua Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora, a CNBB apresenta a Identidade Visual desta significativa iniciativa, a ser realizada entre os dias 10 e 17 de novembro de 2024.

Nesta oitava edição da Jornada dos Pobres, o tema “Ouve o meu clamor” e o lema “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Sir 21, 5) convidam a seguir o chamado do Papa Francisco: “abrir nossos corações à oração e à solidariedade com os mais necessitados. Que esta jornada nos una em encontros, convivência, escuta e cuidado, para podermos caminhar juntos, como irmãos e irmãs, construindo um mundo mais justo e fraterno para todos”.

Preparativos para a JMP com zelo pastoral

A equipe executiva, com dedicação, finalizou diversos materiais e propostas que já estão disponíveis para auxiliar na organização de iniciativas que valorizem a Jornada Mundial dos Pobres e promovam a solidariedade e o cuidado com os mais necessitados.

Subsídio celebrativo e orante: para aprofundar a reflexão sobre o tema da Jornada e a espiritualidade da pobreza. O material poderá disponibilizado a partir do 1º de outubro.

Sugestões de atividades: visitas às comunidades que estão em situação de vulnerabilidade, realizar momentos de oração e partilha, ações de solidariedade e promoção da dignidade humana, com as pessoas empobrecidas.

Materiais de comunicação: para divulgar a Jornada e sensibilizar a sociedade sobre a importância do cuidado com os pobres. Serão disponibilizados materiais de comunicação.

Dia Mundial dos Pobres

O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016, ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A data, celebrada anualmente no 33º Domingo do Tempo Comum, busca conscientizar a comunidade sobre a realidade da pobreza e convidar todos a ações concretas de solidariedade e compaixão com os mais vulneráveis.

A iniciativa surgiu como um chamado à Igreja e à sociedade para reconhecerem a presença de Cristo nos pobres e excluídos, e para responderem a essa realidade com amor e serviço. No Brasil, a Igreja adotou a Jornada Mundial dos Pobres, e não apenas o Dia Mundial dos Pobres, para ir além de uma celebração pontual e promover um período amplo de reflexão, conscientização e ações concretas em prol das pessoas empobrecidas. A ação, que se estende por uma semana, permite que as comunidades e paróquias se envolvam em diversas atividades com as pessoas em situação de pobreza.

Símbolos da Jornada Mundial dos Pobres 2024

A arte criada para a VIII Jornada Mundial dos Pobres é rica em simbolismo, transmitindo mensagens sobre a importância da compaixão, da solidariedade e da justiça social. Cada elemento visual foi cuidadosamente escolhido para representar os desafios enfrentados pelas pessoas em situação de empobrecimento e para inspirar ações concretas em resposta ao seu clamor.

Através desses símbolos, a arte da Jornada Mundial dos Pobres convida à reflexão sobre a realidade da pobreza e nos inspira a agir em favor de um mundo justo e solidário, onde o clamor dos pobres seja ouvido e atendido.

A Comunidade eclesial: Em uma Igreja unida, encontramos referências na comunhão, na diversidade, na solidariedade. Somos comunidades que se apoiam, celebram juntas e caminham na fé, reconhecendo que a união fortalece nossa missão e testemunho e leva a compromissos concretos.

Mesa da refeição: esta é a mesa da abundância, um espaço onde todos são bem-vindos, independentemente de sua origem, condição social ou crenças. Aqui, a comida é um símbolo de união e partilha, um lembrete de que todos merecem ter suas necessidades básicas atendidas. A mesa da abundância é um lugar de inclusão, onde ninguém é deixado de fora.

A cisterna: evoca a ação da Igreja na promoção de políticas públicas que garantam o acesso à água, um direito humano fundamental. Representa a busca por mudanças estruturais que proporcionem dignidade e desenvolvimento às comunidades.

A feira da agricultura familiar: simboliza a conexão vital entre o campo e a cidade, promovendo o desenvolvimento local e a segurança alimentar. A parceria entre a Igreja e o poder público fortalece essa iniciativa, valorizando a diversidade cultural e produtiva do Brasil.

Iniciativas emergenciais em parceria com a feira: representam a solidariedade em ação, construindo uma rede de apoio e cuidado que promove a dignidade de cada indivíduo e fortalece os laços comunitários.

O encontro de gerações: na imagem, uma mulher idosa, com o rosto marcado pela sabedoria dos anos, acolhe em seus braços uma criança, símbolo da esperança e do futuro. O gesto terno e protetor expressa a profunda conexão entre as gerações, transmitindo a mensagem de que o futuro se constrói no presente, mediante atitudes de compaixão e empatia. A posição da mulher, ajoelhada diante da criança, reforça a ideia de proximidade e humildade, demonstrando que o aprendizado é mútuo, que a sabedoria não está apenas na experiência, mas também na capacidade de se abrir para o novo, de ouvir e acolher as novas gerações com amor e respeito.

A Sagrada Família em busca de refúgio: esta imagem, relacionada à realidade contemporânea de migrantes e pessoas em situação de rua, destaca a vulnerabilidade e a busca por segurança e dignidade que unem esses grupos.

Povos Indígenas, comunidades tradicionais e povos do campo: guardiões ancestrais da nossa Casa Comum, personificam a harmonia com a natureza e a importância da luta pela garantia de seus direitos. Essa luta, intrinsecamente ligado ao cuidado do nosso planeta, é fundamental para o cuidado e a proteção da Terra, nosso lar compartilhado.

Fonte: CNBB

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Semana Nacional da Vida começa na próxima terça-feira, com o tema “Idosos, memória viva da nossa história”

A partir de terça-feira, 1º de outubro, as comunidades, paróquias, dioceses e arquidioceses de todo o país celebram a Semana Nacional da Vida. Neste ano, os encontros abordarão a importância dos idosos para as famílias, para a sociedade e para a evangelização, com o tema “Idosos, memória viva da nossa história” e o lema “Na velhice darão frutos” (Salmos 92, 15).

“É uma oportunidade de expressarmos a nossa posição em defesa da vida em todos os momentos, desde a concepção até o seu fim natural”, destacou o bispo de Ponta Grossa (PR) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Bruno Elizeu Versari. “É uma chance também de escutar e vivenciar tantas experiências dos nossos avós que nos ajudam a construir bela da fé”, completou.

A missa de abertura da Semana Nacional da Vida, também neste dia 1º, será celebrada pelo bispo auxiliar de Curitiba (PR) e membro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, dom Reginei José Modolo, e transmitida às 10h, pelas redes sociais da Pastoral Familiar.

As propostas de reflexões para os encontros estão disponíveis no subsídio Hora da Vida, que está no mesmo livreto utilizado para a Semana Nacional da Família. Eles estão divididos em oito encontros – um deles voltado para o celebrar o Dia do Nascituro, em 8 de outubro. Os temas são:

1º Encontro – Pessoa idosa, espiritualidade e vocação

2º Encontro – O protagonismo da pessoa idosa na comunidade humana

3º Encontro – Promover, proteger e cuidar das pessoas idosas no ambiente em que vivem

4º Encontro – Preparação para um Envelhecimento saudável

5º Encontro – A pessoa idosa na comunidade eclesial

6º Encontro – Conviver é Contribuir: “Penso Sobretudo na Evangelização” (São João Paulo II)

7º Encontro – Ser um eterno aprendiz!

Material gráfico

A Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) também disponibilizou um pacote de arquivos que pode apoiar as comunidades, paróquias e dioceses nas confecções das artes para as redes sociais, banners e convites. - Fonte: CNBB

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“Todos são corresponsáveis na missão da Igreja”, é a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de outubro

 “Por uma missão comum” é a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de outubro, divulgada nesta segunda-feira, 30 de setembro, um tema vinculado à assembleia geral do Sínodo que se aproxima.

O Santo Padre diz na mensagem de vídeo que “todos os cristãos somos responsáveis pela missão da Igreja. Todos os sacerdotes. Todos”.

Em seu discurso pelo 50º aniversário do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco afirmou que “a sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio”. Este enfoque requer uma escuta mútua e uma colaboração estreita entre todos os membros da Igreja.

Os sacerdotes não somos os chefes dos leigos, somos seus pastores. Jesus nos chamou a uns e a outros. Não a uns acima dos outros, nem a uns de um lado e a outros de outro, mas sim em complementaridade. Somos comunidade. Por isso, devemos caminhar juntos percorrendo o caminho da sinodalidade.

Como sinal de sinodalidade está também a realização do vídeo que acompanha suas palavras: as imagens foram produzidas pela diocese de Brooklyn, com a ajuda de DeSales Media, a colaboração da Secretaria Geral do Sínodo, e com o apoio da Fundação da Rede Mundial de Oração do Papa.

Não importa se alguém é “condutor de ônibus” ou “camponesa” ou “pescador”, destaca o Papa Francisco na videomensagem, a missão é a mesma: “dar testemunho com nossas vidas. E sermos corresponsáveis na missão da Igreja”.

Corresponsáveis na missão da Igreja

Os leigos, os batizados, são Igreja em sua própria casa, e devem cuidar dela. O mesmo que nós, os sacerdotes, os consagrados. Cada um oferecendo o melhor que sabe fazer. Somos corresponsáveis na missão, participamos e vivemos na comunhão da Igreja.

As imagens que acompanham a mensagem do Papa Francisco contam precisamente a riqueza do povo santo de Deus: os diversos ministros dentro e fora das paróquias, os distintos carismas, os momentos de vida em comum. A própria realização deste vídeo pela Diocese de Brooklyn, com a participação de um grupo de profissionais leigos da comunicação religiosa, é um exemplo de missão comum e solidária.

Rezemos para que a Igreja continue a apoiar de todas as formas um estilo de vida sinodal, como sinal de corresponsabilidade, promovendo a participação, a comunhão e a missão partilhada entre sacerdotes, religiosos e leigos. - Fonte: CNBB

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 Mês Missionário 2024: tempo de viver uma Igreja em saída

Neste mês de outubro, as Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dão início ao Mês Missionário, um período dedicado à reflexão e à ação missionária em todo o país. O lema que inspira a Campanha Missionária em 2024 foi escolhido pelo Papa Francisco: “Ide, convidai a todos para o banquete” (Mt, 22,9). O tema “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo” nos convida a estarmos em comunhão com a Igreja da América que se prepara para viver o 6º Congresso Missionário Americano, o CAM6, em novembro deste ano, em Porto Rico.

O Mês Missionário quer mobilizar comunidades católicas para o engajamento na evangelização e no apoio às populações mais necessitadas em todo o mundo. As atividades do mês incluem celebrações litúrgicas, experiências de missão nas Paróquias, formações e campanhas de arrecadação de alimentos e roupas, além de ações de conscientização sobre a importância da missão na vida das comunidades.

Viver uma Igreja em saída

Cartaz do Mês Missionário 2024.

A Campanha Missionária é uma oportunidade para que os fiéis reflitam sobre seu papel na missão de Cristo e se envolvam em atividades que promovam a paz, a justiça e a dignidade humana. As POM e a CNBB incentivam todas as paróquias a organizarem eventos e ações que unam a comunidade em torno do compromisso missionário.

Segundo Dom Ricardo Hoepers, secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a vivência do mês missionário é um convite do próprio Cristo a cada um de nós. “Cristo nos convida para seu banquete! São os sinais do Reino de Deus no meio de nós! O mês missionário nos convida a partilharmos o que temos na mesa de nossas comunidades testemunhando como será o banquete no céu”, lembrou o secretário geral da CNBB.

Fundo Mundial de Solidariedade

Este tempo vivido por toda a Igreja também enfatiza a solidariedade e a importância de se olhar para as realidades sociais e missionárias do Brasil e do mundo. No Dia Mundial das Missões, celebrado em todas as comunidades nos dias 19 e 20 de outubro, as doações arrecadadas durante a coleta missionária são enviadas para o Fundo Mundial de Solidariedade em Roma, forma concreta da Igreja colaborar com mais de 1.118 dioceses que necessitam de recursos financeiros para seus projetos de evangelização, educação, saúde, desenvolvimento comunitário e assistência social.

Em 2023, a contribuição da Igreja do Brasil para o Fundo Mundial de Solidariedade foi de quase 11 milhões de reais (valor exato de R$ 10.968.656,39). As ofertas doadas durante a coleta missionária em todas as comunidades do Brasil são encaminhadas pelas dioceses para as Pontifícias Obras Missionárias, em sua sede nacional em Brasília. Dessa coleta, 80% são destinados para apoiar as dioceses mais pobres do mundo, com projetos na África, Ásia, Oceania, América Latina e Caribe. Os outros 20% permanecem no Brasil para apoiar as ações missionárias no país., na cidade de Bogotá, Colômbia.

Com informações das POM

Fonte: CNBB

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Dom Adélio Tomasin, bispo emérito de Quixadá, Ceará, faleceu na manhã desta segunda-feira, 30 de setembro

A diocese de Quixadá, no Ceará, comunicou na manhã desta segunda-feira, 30 de setembro, o falecimento de dom Adélio Giuseppe Tomasin, bispo emérito diocesano. Por meio de uma nota, a diocese salientou que dom Adélio, pastor dedicado e fiel servo de Deus, deixou um legado imensurável de fé, amor e serviço à Igreja.

“Ao longo de seu ministério, foi exemplo de sabedoria pastoral, de cuidado com o povo de Deus e de zelo pela unidade da Igreja. Seu exemplo de vida, profundamente marcado pelo amor ao Evangelho, permanecerá vivo em nossos corações e será lembrado com gratidão por todos os que tiveram o privilégio de ser tocados por sua presença e liderança”, diz um trecho do comunicado.

No comunicado, a diocese se uniu, ainda, em oração pela alma de dom Adélio, confiando-lhe à infinita misericórdia de Deus, e se solidariza com seus familiares, sacerdotes, religiosos e fiéis, que compartilham dessa grande perda. “Rogamos a Deus que o acolha em Sua glória e o faça participar da felicidade eterna no Reino dos Céus”.

Condolências

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota de pesar pelo falecimento de dom Adélio Tomasin. Confira, abaixo, o texto na íntegra:

Estimado irmão, dom Aurélio Pinto de Sousa, atual bispo de Quixadá

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de dom Adélio Tomasin. Sua vida foi marcada por um incansável compromisso com a fé, a justiça e a solidariedade.

Dom Adélio dedicou-se ao serviço da comunidade, inspirando muitos com sua sabedoria e compaixão. Destacou-se por seu amor à diocese de Quixadá, seu desejo de evangelização e por sua atuação no campo social.

Neste momento de dor, nossos pensamentos e orações estão com sua família, amigos e todos aqueles que tiveram a honra de conhecê-lo e ser tocados por sua luz.

Em Cristo,

Dom Jaime Spengler - Arcebispo de Porto Alegre (RS), Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros Silva - Arcebispo de Goiânia (GO), Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa - Arcebispo de Olinda e Recife (PE), Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers - Bispo auxiliar de Brasília (DF), Secretário-geral da CNBB

Biografia

Dom Adélio Giuseppe Tomasin nasceu em Montegaldella, na Itália, em 27 de abril de 1930. Fez o segundo grau e o curso de Filosofia no Seminário Maior de Verona. Hoje anexado à Pontifícia Universidade Lateranense, com o nome de Centro de Estudo Teológico São Zeno. Concluiu o curso de Teologia no Seminário Arquidiocesano de Ferrara, sendo ordenado sacerdote, em 26 de março de 1955, quando assumiu a reitoria da Casa de Formação de Roncá, província de Verona.

Foi nomeado bispo de Quixadá, no Ceará, pelo Papa João Paulo II no dia 16 de março de 1988 e ordenado no dia 26 de março de 1988, quando tomou posse no dia 29 de maio de 1988, Solenidade da Santíssima Trindade.

Ao completar 75 anos de idade, conforme prevê o Código de Direito Canônico, dom Adélio pediu ao Santo padre a renúncia ao governo pastoral da diocese, a qual foi aceita pelo Papa Bento XVI, em 3 de janeiro de 2007.

Fonte: CNBB

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1º Encontro presencial da Comissão de Proteção da CRB Nacional tem início em Brasília

 Por Neusa Santos 

Entre os dias 27 e 28 de setembro, ocorreu o 1º Encontro Presencial da Comissão de Proteção da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). O objetivo foi discutir a prevenção e o enfrentamento de abusos na Vida Religiosa Consagrada.

Entre os participantes estavam a Irmã Susana Rocca, coordenadora da Comissão; o Irmão Edgar Nicodem e o Frei Oton da Silva Araújo, ambos membros da Equipe Interdisciplinar. Também participaram a Irmã Rosa Elena, assessora do Setor Missão da CRB Nacional e integrante do Núcleo Lux Mundi, e a Irmã Isabel do Rocio, coordenadora da Rede Um Grito pela Vida.

Durante o encontro, os membros da Comissão compartilharam reflexões e experiências sobre os desafios envolvidos na proteção contra abusos no contexto religioso. Um dos temas discutidos foi a atualização da Política de Proteção da CRB Nacional. 

A Dra. Eliane De Carli, coordenadora do Núcleo Lux Mundi, e o Frei Wanderley Gomes, também do Núcleo, participaram online da abertura do encontro. Eles trouxeram uma visão sobre os avanços dos serviços prestados à Vida Religiosa Consagrada no Brasil, além de discutirem os trabalhos e desafios para os próximos anos.

Um dos pontos tratados foi a contribuição e colaboração da Comissão de Proteção da CRB com o Lux Mundi e as Congregações para a formação específica na Vida Religiosa Consagrada. Frei Wanderley trouxe elementos para refletir sobre caminhos de cooperação nos estudos e ações da CLAR (Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos).

Outro momento da programação foi a apresentação do relatório das atividades da Comissão, destacando os avanços e desafios no campo da proteção. A formação é um dos temas centrais abordados na reunião, com discussões sobre a implementação de treinamentos sobre prevenção de abusos e a Política de Proteção, tanto para colaboradores da CRB quanto para as novas equipes de coordenação das Regionais, que estarão reunidas em breve nos programas “Proformar” e “Confiar”. Também foram discutidas parcerias com a CLAR, visando fortalecer a cooperação no enfrentamento de abusos na América Latina.

Além das discussões teóricas, a reunião abordou questões práticas, como a escolha de um novo secretário ou secretária para a Comissão e a atualização de informações no Portal da CRB Nacional, para garantir o acesso às atividades da Comissão.

O encontro reafirma o compromisso da CRB Nacional com a proteção de crianças, adolescentes e adultos em situação de vulnerabilidade, promovendo e protegendo seus direitos. A Comissão da CRB busca, por meio de sua Política de Prevenção, mobilizar a Vida Consagrada no Brasil para a promoção de uma cultura de prevenção, estabelecendo normas e procedimentos para prevenir e responder a possíveis abusos.

Um ponto importante a destacar é a ampliação da Política para promover relações e ambientes de respeito e cuidado entre adultos. Como o trabalho da CRB envolve especificamente formandos, formandas e pessoas consagradas, será incluída a prevenção de abusos de poder e de consciência.

O cronograma de atividades da Comissão para o ano de 2025 será definido ao final do encontro, com foco na formação e criação de espaços seguros na Vida Religiosa.

Fonte: CRB

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Papa encontra grupo de mulheres da CEAMA

Papa Francisco recebe presidente e grupo de mulheres da CEAMA, “que está crescendo com uma atitude eminentemente sinodal”.

Padre Modino – Vatican News

O Papa Francisco não para, é surpreendente ver a agenda de alguém com quase 88 anos. Poucas horas depois de voltar da Bélgica, ele começou a segunda-feira com várias audiências que começaram pouco depois das 7h. Em uma das audiências recebeu o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Pedro Barreto, a quem depois se juntou um grupo de mulheres de diferentes partes do mundo, mulheres que, articuladas pela CEAMA, refletem sobre a figura da mulher na vida da Igreja.

A CEAMA é um exemplo de sinodalidade

A audiência ocorreu no dia em que se iniciou o retiro antes da Segunda Sessão do Sínodo sobre Sinodalidade, que começa seus trabalhos na quarta-feira, 2 de outubro. Não podemos nos esquecer de que, no Relatório Síntese da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal, realizada em outubro de 2023, a CEAMA é vista como um exemplo de sinodalidade.

O Relatório Síntese diz o seguinte sobre a CEAMA: “Sem subestimar o valor da democracia representativa, o Papa Francisco responde às preocupações de alguns de que o Sínodo poderia se tornar um órgão deliberativo de maioria, privado de seu caráter eclesial e espiritual, colocando em risco a natureza hierárquica da Igreja. Alguns temem ser forçados a mudar; outros temem que nada mude e que haja pouca coragem para seguir a tradição viva. Algumas perplexidades e oposições também escondem o medo de perder o poder ou os privilégios que dele derivam. De qualquer forma, em todos os contextos culturais, os termos ‘sinodal’ e ‘sinodalidade’ indicam um modo de ser Igreja que articula comunhão, missão e participação. Um exemplo disso é a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), fruto do processo sinodal missionário nessa região”.

Um Papa animado pela renovação da Igreja

Ao sair da audiência, o cardeal peruano destacou que viu o Papa Francisco “animado por tudo o que ele está fazendo em nível de Igreja nesse processo de renovação”. O Cardeal Barreto falou ao Papa sobre a Conferência Eclesial da Amazônia, enfatizando que “está muito perto de seu coração, mas ao mesmo tempo ele está ciente de que é como uma pequena planta que está crescendo e crescendo com uma atitude eminentemente sinodal”.

Depois deste encontro com o Papa Francisco, o presidente da CEAMA disse que “me sinto muito mais forte, porque é o Espírito Santo que está guiando a Igreja através dele, e através, neste caso para a Amazônia, da CEAMA”, mostrando sua alegria pelo encontro.

A Igreja é mulher, mãe

Sobre a audiência com as mulheres, o cardeal a definiu como “uma experiência inédita, ter nove mulheres de diferentes continentes”, destacando a presença da irmã Laura Vicuña Pereira Manso, uma das vice-presidentes da CEAMA, enfatizando o fato de “ver o Papa tão feliz com elas, escutando-as e encorajando-as”. Afirmou que a Igreja é mulher, mãe que acolhe a todos”, destacou o cardeal, ‘encorajando-nos a continuar caminhando juntos na Igreja sinodal’.

A Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, catequista franciscana, expressou sua alegria pelo encontro com o Papa Francisco. A vice-presidente da CEAMA destacou o fato de serem mulheres de todo o mundo, com as quais “reafirmamos o caminho sinodal que a Igreja vem fazendo das mulheres que estão nas periferias das periferias”. 

Fonte: Vatican News

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O Papa: custodiar a beleza de cada criatura, não segundo modelos efêmeros e massificantes

Francisco recebeu em audiência os participantes do projeto “Custódios da Beleza” promovido pela Conferência Episcopal Italiana, com o objetivo de restaurar a dignidade dos setores mais frágeis da sociedade. Segundo o Papa, "num contexto que muitas vezes convida a não ‘sujar as mãos’, a delegar", cuidar dos outros e das coisas é um chamado "ao compromisso pessoal e comunitário".

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (30/09), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do projeto “Custódios da Beleza” promovido pela Conferência Episcopal Italiana (CEI).

Em seu discurso, o Pontífice ressaltou que "ser “Custódios da Beleza” é uma grande responsabilidade, mas também uma mensagem importante para a comunidade eclesial e para a sociedade como um todo". O Papa refletiu sobre o nome desse projeto "que não é um simples slogan, mas indica um modo de ser, um estilo, uma escolha de vida orientada para duas grandes finalidades: custodiar e beleza".

Ter os olhos bem abertos

"Custodiar significa proteger, conservar, zelar e defender. É uma ação multifacetada, que exige atenção e cuidado, pois parte da consciência do valor de quem ou do que nos é confiado. Por isso, não permite distrações e preguiça", disse Francisco, acrescentando:

“Quem custodia fica de olhos bem abertos, não tem medo de perder tempo, de se envolver, de assumir responsabilidades.”

E tudo isto, num contexto que muitas vezes nos convida a não “sujar as mãos” e a delegar, é profético, porque exige um compromisso pessoal e comunitário. Cada um, com as suas capacidades e competências, com inteligência e coração, pode fazer algo para proteger as coisas, os outros, a Casa comum, numa perspectiva de cuidado integral da criação.

Cuidar das pessoas

São Paulo diz, na Carta aos Romanos, que "a criação toda geme e sofre". "O seu grito une-se ao de muitos pobres da terra, que pedem urgentemente decisões sérias e eficazes destinadas a promover o bem de todos, numa perspectiva que não pode ser apenas ambiental, mas deve tornar-se ecológica num sentido mais amplo e mais integral", disse ainda o Papa.

“Hoje há muitas pessoas à margem, descartadas, esquecidas numa sociedade cada vez mais eficiente e implacável: os pobres, os migrantes, os idosos e os deficientes sozinhos, os doentes crônicos. No entanto, cada um é precioso aos olhos do Senhor.”

É por isso que eu os exorto, em seu trabalho de regeneração de muitos lugares deixados ao abandono e à degradação, a manter sempre como seu objetivo principal o cuidado das pessoas que vivem e frequentam esses lugares. Somente dessa forma vocês restaurarão a beleza da criação.

Beleza considerada de forma distorcida

A seguir, o Papa falou sobre a beleza, ressaltando que "hoje se fala muito sobre ela, a ponto de torná-la uma obsessão". "Muitas vezes, porém, ela é considerada de forma distorcida, confundindo-a com modelos estéticos efêmeros e massificantes, mais ligados a critérios hedonistas, comerciais e publicitários do que ao desenvolvimento integral das pessoas", disse Francisco.

Tal abordagem é deletéria, pois não ajuda a florescer o melhor de cada um, mas leva à degradação do ser humano e da natureza. Se, de fato, «não se aprende a parar para admirar e apreciar a beleza, não é estranho que tudo se transforme em objeto de uso e abuso inescrupuloso«, frisou o Papa, citando um trecho de sua Encíclica Laudato si'.

Em vez disso, é uma questão de aprender a cultivar a beleza como algo único e sagrado para cada criatura, pensada, amada e celebrada por Deus, desde as origens do mundo, como uma unidade inseparável de graça e bondade, de perfeição estética e moral.

“Essa é sua missão; e eu os encorajo, como cooperadores no grande projeto do Criador, a não se cansarem de transformar a feiura em beleza, a degradação em oportunidade, a desordem em harmonia.”

Francisco pediu a São José de Nazaré que acompanhe os participantes do projeto “Custódios da Beleza”, ele que foi "o custódio humilde e silencioso do «mais belo dos filhos do homem», do Verbo encarnado em quem todas as coisas foram criadas e existem". "Com sua fidelidade discreta e trabalhadora, São José ajudou a devolver a beleza ao mundo", concluiu o Papa.

Fonte: Vatican News

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Papa Francisco: que a caridade e a não violência guiem o mundo

O Pontífice enviou uma mensagem neste domingo (29/09) à inauguração do Instituto Católico para a Não Violência, da Pax Christi International, um movimento para a promoção da paz formado por 120 organizações de todo o mundo. Entre os membros do Conselho Consultivo da nova iniciativa está uma brasileira, a docente de Teologia Maria Clara Bingemer, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Edoardo Giribaldi - Vatican News

A não violência como um “guia do mundo”, um mundo que aprende a se descobrir feito de irmãos. Esse é o desejo com o qual o Papa acompanhou o nascimento, que ocorreu na tarde deste dominigo, 29 de setembro, do Instituto Católico para a Não Violência, fundado pela iniciativa católica para a não violência da Pax Christi International, um movimento para a promoção da paz formado por 120 organizações de todo o mundo. O instituto com sede em Roma, irá se dedicar à promoção da não violência como um ensinamento base da Igreja, embarcando na ambiciosa missão de tornar a pesquisa e os recursos que ela produz mais acessíveis não apenas aos líderes da Igreja, mas também às comunidades e instituições globais.

Dom Giovanni Ricchiuti, presidente nacional da Pax Christi, transmitiu a saudação do Papa Francisco, que disse estar “calorosamente satisfeito com a louvável iniciativa” e desejou “uma adesão renovada aos valores da paz e da fraternidade” para os participantes do evento. O Papa também exortou a “trabalhar juntos para garantir a defesa dos direitos de toda criatura”, bem como a se tornar “construtores de uma sociedade fundada no amor mútuo”. “Que sejam a caridade e a não-violência a guiarem”, escreveu ele, "o mundo e o modo como tratamos uns aos outros".

A não violência como fundamento da Igreja

O evento foi realizado no Instituto Maria Santissima Bambina com a presença do cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, a maior cidade de Mianmar, e do cardeal Robert Walter McElroy, bispo de San Diego, dos Estados Unidos, juntamente com a Irmã Teresia Wachira, do Instituto da Beata Virgem Maria, e a renomada autora e pesquisadora Maria Stephan, que moderou o evento.

Em uma entrevista à margem do evento com a mídia do Vaticano, o cardeal McElroy enfatizou a dificuldade objetiva de compartilhar um ideal de nãocviolência em um contexto, aquele atual, marcado por conflitos e violência. “No entanto, parece-me que é a única mensagem que temos à luz do Evangelho e dos tempos em que estamos vivendo”. O caminho a ser seguido, disse o cardeal, é aquele “indicado pela Fratelli tutti”, que nos questiona sobre como mostrar a cada um de nós “o amor que somos chamados a ter por nossos irmãos e irmãs no mundo nessas situações muito difíceis, que incluem conflitos armados e conflitos internos”.

A resposta a essas perguntas, de acordo com o cardeal, “não pode ser aquela de continuar a guerra e o de retomar  ataque após ataque, ou de gerar novos ataques". Pelo contrário, ela deve ser “baseada em uma disposição de tomar medidas, e às vezes correr riscos, para alcançar a paz, preservá-la ou fortalecê-la”. Para o cardeal McElroy, isso concretiza o “chamado do Evangelho”, que apresenta uma definição de não violência capaz de ir além da mera passividade em relação às crueldades do mundo, resultando em um “método eficaz para enfrentar o mal que existe e que frequentemente gera conflitos”.

Não devemos nos iludir, pois ela “não resolve todos os problemas”, mas, ainda assim, permanece como “a posição fundamental que a Igreja deve ter, enraizada em nossas tradições mais antigas e certamente articulada pelo Papa Francisco de maneira muito eficaz e coerente”. A não violência representa o “fundamento” da Igreja e “seu testemunho e esforços devem tender a ajudar situações particulares de conflito no mundo”. Uma tarefa “difícil”, “nem sempre eficaz”, mas ainda assim “o caminho cristão na sua essência”.

A paz construída sobre a não violência é inabalável

O próximo a falar foi o cardeal Bo, que colocou a figura de Jesus, “Príncipe da Paz”, ao lado das de outros grandes “apóstolos da paz: Mahatma Gandhi e Martin Luther King”. Eles “nos incentivam a marchar corajosamente em direção a uma terra prometida onde todos os irmãos e irmãs vivam com dignidade, paz e prosperidade”.

O cardeal relembrou os sofrimentos das populações israelense, palestina e ucraniana e os de sua terra natal, Mianmar. “Somos chamados a parar e refletir: podemos continuar nesse caminho destrutivo? Ou devemos, como família humana, fazer uma mudança profunda, passando de um paradigma de guerra e violência para um de paz e não violência?”. Retomando o conceito expresso pelo cardeal McElroy, o cardeal explicou como “a rejeição da violência por parte de Jesus não representa um estado de fraqueza; ele proclamou que o amor é mais forte do que o ódio, que a paz dura mais do que a guerra e que a justiça, se construída sobre o alicerce da não violência, é inabalável. Como ele nos disse nas bem-aventuranças, 'bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus'”.

Nesse contexto, a criação do Instituto “nos ajudará a recuperar a não violência de Jesus, valendo-nos da sabedoria da reflexão teológica, das estratégias práticas para lidar com a violência e, acima de tudo, das experiências vividas pelas comunidades marginalizadas que incorporam esse chamado radical à paz”. É com essas comunidades”, disse o arcebispo de Yangon, "que aprenderemos o verdadeiro significado da não violência centrada no Evangelho".

O sonho que pode se tornar realidade

A Ir. Teresia Wachira falou em seguida, lembrando que a base da não violência é “a aceitação de todos, até mesmo do inimigo”. Uma lição aprendida em sua infância no Quênia, remontada pela memória dos ensinamentos de sua mãe, em oposição às noções que lhe foram ensinadas na universidade. “Estávamos discutindo a violência de gênero e foi dito que era correto um homem bater na esposa. Isso porque nossa cultura diz que quando um homem bate em sua esposa, ele a ama. E eu estava me perguntando: como isso é possível?” Com muita frequência, “na cultura africana, a única pela qual posso falar, a violência estrutural pode se tornar uma norma”.

Em seguida, Stephan questionou novamente o cardeal McElroy, que enfatizou que a não violência continua sendo “um sonho”, mas algo “muito melhor do que o pesadelo que estamos vivendo atualmente, que está destruindo as pessoas e suas conexões”. Qualquer pessoa que participe das atividades do Instituto estará “sonhando” e ajudando outras pessoas a reconhecerem como a não violência “pode funcionar”. “Esse é o grande obstáculo”, de acordo com o cardeal: ”que tudo continue sendo apenas um sonho. Em vez disso, devemos dizer que isso pode se tornar realidade”.

Os primeiros seminários do Instituto

As atividades do instituto incluirão convidar teólogos, pesquisadores e profissionais importantes da não violência como associados, trabalhando em áreas como a não violência evangélica, práticas não violentas e poder estratégico, e experiências contextuais de não violência. Entre os membros do Conselho Consultivo já estão María Clara Bingemer, professora do Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no Brasil; o arcebispo Peter Chong, de Suva, capital de Fiji; e Erica Chenoweth, que, como reitora e professora da Universidade de Harvard, é considerada uma das maiores autoridades em não violência estratégica. Já em outubro, seguindo as considerações sobre o tópico da não violência relatadas pela 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o Instituto oferecerá seminários que abordarão exatamente essas questões em relação à autodefesa e ao gerenciamento de conflitos em larga escala.

Fonte: Vatican News – na imagem, Os cardeais Charles Maung Bo e Robert Walter McElroy na inauguração da iniciativa

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O pesar do Papa pela morte do cardeal Alexandre do Nascimento aos 99 anos

Francisco envia telegrama de pesar a dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, arcebispo de Luanda, pela morte do primeiro e único cardeal de Angola, dom Alexandre do Nascimento. Ele faleceu no sábado (28/09) aos 99 anos.

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco recebeu "com pesar a notícia da morte do venerado irmão cardeal Alexandre do Nascimento", arcebispo emérito de Luanda, ocorrida no último sábado, 28 de setembro, aos 99 anos de idade. Ele estava internado em um hospital da capital da Angola. O Pontífice enviou um telegrama - escrito em português - ao arcebispo Filomeno do Nascimento Vieira Dias, dirigindo uma mensagem de solidariedade aos bispos auxiliares, ao clero, às comunidades religiosas, fiéis e familiares pela "partida de tão ilustre pastor":

"Recordo os cuidados dispensados pelo querido dom Alexandre ao seu rebanho, em tempos conturbados e difíceis, tendo sido para todos expressão do rosto misericordioso de Jesus, bom samaritano da humanidade. A fé em Cristo e a esperança na vida eterna fizeram dele um homem corajoso e livre, capaz de orientar os seus passos em prol do bem comum, tendo inclusive colaborado com esta sede apostólica no seu zelo em favor dos mais pobres e necessitados, ao guiar os rumos da Cáritas Internacional."

A longa vida do cardeal angolano

De fato, dom Alexandre do Nascimento foi presidente da Caritas Internacional em 1983 e re-eleito em 1987. Também era considerado o mais idoso membro do Colégio dos Cardeais, tendo nascido em 1 de março de 1925, em Malanje, em Angola. A Igreja local inclusive se preparava para comemorar um duplo jubileu em 2025: os 100 anos de vida do cardeal e os 50 anos de episcopado.

Dom Alexandre foi um dos purpurados que conduziram a Igreja africana ao novo milênio. Um homem que também viu um possível fim violento pela frente, quando em 15 de outubro de 1982 foi sequestrado - durante uma visita pastoral - por um grupo de homens armados, que o libertaram em 16 de novembro seguinte. João Paulo II havia feito um apelo pela libertação do bispo angolano no Angelus de domingo, 31 de outubro, para, no ano seguinte, em 1983, conferir a púrpura cardinalícia.

Durante a Quaresma de 1984, dom Alexandre pregou os exercícios espirituais no Vaticano para a Cúria Romana, com a presença de João Paulo II. Tornou-se arcebispo de Luanda em 16 de fevereiro de 1986 e governou a arquidiocese até 23 de janeiro de 2001.

A despedida ao homem da caridade e promotor da paz

"Por tudo quanto o senhor realizou nele e por meio dele, dou graças a Deus", escreveu o Papa Francisco no telegrama, "implorando-lhe que envolva com a luz da misericórdia este seu fiel servo e lhe abra as portas da vida em plenitude, ao mesmo tempo que concedo de coração, a todos quantos participam nas exéquias, a minha bênção". Além da "comunhão da oração" do Pontífice "para que a ninguém falte o conforto da ressurreição", o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), dom José Manuel Imbamba, também lamentou a morte de dom Alexandre, enaltecendo o profundo legado do cardeal considerado por muitos como humanista, homem da caridade e promotor da paz e reconciliação.

Fonte: Vatican News

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Cardeal Steiner: Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, “a sinodalidade”

O cardeal Steiner enfatiza que “agora iniciamos a Segunda Sessão, uma Igreja sinodal em missão, tomando a missionariedade como centro da sinodalidade, a sinodalidade em vista missão”, sublinhando que “será uma riqueza para todos nós”.

Padre Modino

O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, é um dos membros da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que realiza de 2 a 27 de outubro sua Segunda Sessão. A poucas horas de iniciar os trabalhos, o cardeal lembra os passos dados até agora no processo sinodal.  

Ele destaca que “continuamos o caminho da sinodalidade proposto por Papa Francisco”, relatando os passos dados desde o início do processo: “Nos reunimos nas nossas igrejas particulares, nas conferências episcopais, nas conferências continentais e entramos na Primeira Sessão do Sínodo. O Sínodo na Primeira Sessão nos ofereceu um Documento de Síntese, depois nós refletimos mais uma vez nas nossas igrejas particulares”.

O cardeal Leonardo Steiner enfatiza que “agora iniciamos a Segunda Sessão, uma Igreja sinodal em missão, tomando a missionariedade como centro da sinodalidade, a sinodalidade em vista missão”, sublinhando que “será uma riqueza para todos nós”.

Aquele que é chamado o cardeal da Amazônia, disse que “nós que vivemos na Amazônia, que já procuramos entrar dentro desse espírito sinodal para a missão, queremos também dar a nossa contribuição, uma Igreja sinodal em missão”. Não podemos esquecer que na Igreja da Amazônia essa é uma dinâmica presente desde o Encontro de Santarém, realizado em 1972, que marcou as linhas prioritárias da evangelização na Amazônia: encarnação na realidade e evangelização libertadora. Uma dinâmica impulsionada no Sínodo para a Amazônia, que realizou sua Assembleia Sinodal em outubro de 2019, e reforçada em 2022, na comemoração dos 50 anos do Encontro de Santarém.

O arcebispo de Manaus enfatiza “a missão, anunciar o Reino de Deus, Jesus Cristo crucificado, ressuscitado, a plenitude do Reino de Deus, que é anunciado. Nós não anunciamos a Igreja, nós anunciamos Jesus crucificado, ressuscitado, o Reino de Deus plenificado”.

Finalmente, o cardeal Steiner destaca que “a Segunda Sessão, certamente há de nos oferecer elementos práticos, há de nos ajudar na orientação para continuarmos e sermos uma Igreja cada vez mais sinodal, para sermos uma Igreja sempre mais missionária, que anuncia o Reino de Deus e a sua justiça”.

Fonte: Vatican News

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Madre Angelini: a sede de Deus é a alma da liberdade

A apresentação da religiosa beneditina nas Laudes que abriram, na manhã desta segunda-feira, o retiro espiritual dedicado aos membros, delegados fraternos e convidados especiais da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

«Sede de Deus, fonte escondida dos diálogos sinodais»: sobre este tema, irmã Maria Ignazia Angelini, religiosa beneditina do Mosteiro de Viboldone, na Itália, centrou a sua reflexão na manhã desta segunda-feira, 30 de setembro, na Sala Nova do Sínodo. Suas palavras introduziram a celebração das Laudes para o retiro espiritual dedicado aos membros, delegados fraternos e convidados especiais na segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será aberta na próxima quarta-feira, 2 de outubro. Na abertura, o cardeal Mario Grech, secretário geral do Sínodo, dirigiu uma breve saudação aos presentes, manifestando o apreço pela “alegria, o sorriso, o entusiasmo, a paixão por Jesus” que se percebia na sala.

Habitar no Evangelho 

Centrando a sua reflexão no Salmo 41, (“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”), irmã Angelini destacou como “aquela sede secreta e inominável que levamos dentro de nós” é “a alma da liberdade, sede que corresponde à sede de Deus." As culturas do mundo contemporâneo, acrescentou, "hesitam em expor-se a esta sede, em integrá-la nos seus sistemas simbólicos, tem dificuldade: são tão afetadas por lógicas de empresa, de poder, mercado, fitness. Ou por lógicas evasivas que perseguem sonhos de liberdade como autodeterminação." Mas a verdadeira sede é a do Deus vivo, é "habitar no Evangelho”.

A missão confiada à Igreja no deserto contemporâneo 

Irmã Angelini convidou então os presentes a olharem para a próxima assembleia sinodal como um “lugar onde o Espírito sacia a nossa sede no desejo de conformar a nossa Igreja à árdua missão que o Senhor, hoje neste deserto, lhe confia”.

Memória e esperança foram os dois princípios indicados pela religiosa: “A memória de um passado, embora belo, mas agora arquivado - disse - deve transformar-se em humilde esperança”, cujas razões podemos encontrar “na Eucaristia que sacia nossa sede".

A grandeza de Jesus na pequenez de uma criança 

Voltando o olhar então para São Jerônimo, cuja memória litúrgica é precisamente neste dia 30, “atento pesquisador da Escritura, até por ela ser transformado”, irmã Angelini concentrou-se na passagem hodierna do Evangelho (Lc 9, 46-50), no qual Jesus destaca a grandeza de ser pequeno quanto uma criança. A Palavra de Deus, explicou a religiosa, é “inquietante” e “reposiciona todos nós” graças à comparação com “a medida da verdade: o pequeno, ou melhor, o mínimo” encarnado por Cristo.

Diálogo e não dialoguismos 

Mas hoje, perguntou a religiosa beneditina, como podemos identificar “os mais pequenos”? Ou seja, a criança indefesa, o jovem desorientado, o preso, o migrante, o idoso deixado sozinho, a mulher não ouvida? A resposta “decisiva” está precisamente na Igreja sinodal, afirmou Irmã Ignazia, e naquela “arte do diálogo” que vem da Palavra de Deus e acaba sendo uma alternativa a todos os dialoguismos que “mais ou menos conscientemente carregamos no coração". 

Sem ligação com Cristo, a missão é apenas voluntariado 

Por fim, a religiosa analisou a pergunta colocada na origem do atual caminho sinodal, nomeadamente "Como ser uma Igreja sinodal em missão? Como a identidade do Povo sinodal de Deus em missão pode concretizar-se nas relações, nos percursos e nos lugares onde se realiza a vida da Igreja?”.

Neste sentido, a sua advertência para que a missão signifique estar com Jesus revelado em uma criança, pois sem este vínculo com Ele acaba-se por ser “no máximo um bom voluntário”. O mesmo vínculo, afirmou, deve ser observado com a Criação, pois “no Verbo que se fez carne” devemos incluir também “as não-palavras de sol, das estrelas, do cosmos”. “Os astros não são Deus, mas suas criaturas – concluiu – e os céus narram a glória de Deus”.

O programa de retiro espiritual 

Após a reflexão de Irmã Angelini, o retiro espiritual é pontuado por duas meditações realizadas pelo padre Dominicano Timothy Peter Joseph Radcliffe, do Mosteiro de Oxford.

Para as 17h45, então, está prevista uma Missa a ser celebrada no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro. O retiro terminará na manhã da terça-feira, 1º de outubro, enquanto à tarde, às 16h, na Sala Paulo VI, serão realizados grupos de partilha segundo o método “conversa no espírito”.

Por fim, às 18h00, será celebrada uma Vigília Penitencial na Basílica de São Pedro, na presença do Papa Francisco.

Fonte: Vatican News

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Cardeal Parolin na ONU: não deixar ninguém para trás para promover a paz

O discurso do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, na 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Beatrice Guarrera

“A Santa Sé está profundamente preocupada com o fato de que, neste momento específico, estamos testemunhando um aumento alarmante no número de conflitos em todo o mundo e na gravidade de sua violência. Esses conflitos são responsáveis por uma perda significativa de vidas inocentes e uma vasta quantidade de destruição, o que representa um desafio para avaliar com precisão a extensão dos danos causados à infraestrutura civil, incluindo locais de culto, instituições educacionais e instalações médicas, bem como o impacto sobre o meio ambiente”. Essas foram as palavras proferidas pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, no sábado, 28 de setembro, em discurso na 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. O cardeal abordou o tema: “Não deixar ninguém para trás: agir em conjunto para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras”.

Respeitar os direitos humanos e a dignidade de cada indivíduo

A Santa Sé, durante seu mandato ininterrupto como Observadora das Nações Unidas, cujo aniversário de 60 anos ocorre este ano, “promoveu uma série de princípios fundamentais”, disse Parolin, “incluindo o respeito pela dignidade humana intrínseca dada por Deus a todos os indivíduos, a soberania igualitária dos Estados, a busca da paz e do desarmamento e o cuidado com a nossa casa comum”. No entanto, “parece que 75 anos após a ratificação das Convenções de Genebra, o direito humanitário ainda está sendo minado” e que “as quatro convenções, que estabelecem regras claras para proteger as pessoas que não participam das hostilidades, são cada vez mais violadas”. “Está claro”, continuou o cardeal, ”que o ataque a locais de culto, instituições educacionais, instalações médicas e outras infraestruturas civis é um fenômeno generalizado. Isso tem causado não apenas a perda de vidas entre aqueles que não estão diretamente envolvidos no conflito, mas também uma interrupção inaceitável da vida cotidiana para muitos”. A Santa Sé pede a “rigorosa observância da lei humanitária internacional em todos os conflitos armados, com atenção especial à proteção dos locais de culto”.

Combater a pobreza para promover a paz

Como afirma o Papa Francisco, “a necessidade de paz desafia a todos nós e exige que medidas concretas sejam tomadas”. “A paz só é possível se a desejarmos”, disse Parolin, ”o estabelecimento da paz está condicionado à existência de um desejo coletivo de sua realização. A busca pela paz é uma responsabilidade coletiva”. “Portanto, cabe à diplomacia demonstrar dedicação inabalável na busca, com firmeza e engenhosidade, de todas as vias de negociação com o objetivo de estabelecer uma paz duradoura.”

De acordo com o secretário de Estado, no entanto, “não basta simplesmente eliminar os instrumentos de guerra; é necessário erradicar suas causas fundamentais. A principal delas é a fome, um flagelo que continua a afligir áreas inteiras do nosso mundo, enquanto outras são marcadas pelo desperdício maciço de alimentos”. Conforme declarado na Cúpula do Futuro, “a erradicação da pobreza deve continuar sendo o principal objetivo de todas as ações futuras, tendo em mente que o desenvolvimento é o nome da paz”, explicou Parolin.

“No entanto, a tendência predominante nos últimos anos tem sido a de manter o crescimento dos gastos militares, enquanto se esforça para cumprir os compromissos assumidos em relação ao desenvolvimento sustentável em tempo hábil. Isso é indicativo de um déficit de confiança entre os Estados”. Essa falta de confiança “tem um impacto negativo sobre as pessoas em situações mais vulneráveis, especialmente as pobres e necessitadas”. A pobreza tem um impacto particularmente prejudicial sobre as mulheres, muitas vezes prendendo-as “em um ciclo vicioso de circunstâncias infelizes, resultando em isolamento e abandono antes de serem forçadas a tomar decisões desesperadas e indesejadas”.

Respeito à vida, não à maternidade sub-rogada

“É por essa razão”, disse Parolin, ”que a vida humana deve ser protegida desde o momento da concepção até a morte natural. A falta disso é uma das maiores pobrezas de nossa época”. Nesse sentido, acrescentou, “a prática da chamada maternidade sub-rogada, que representa uma grave violação da dignidade da mulher e da criança, baseada na exploração das necessidades materiais da mãe, é deplorável. Uma criança é sempre um presente e nunca a base de um contrato comercial. Consequentemente, a Santa Sé pede um esforço da comunidade internacional para proibir essa prática universalmente”. Uma melhor qualidade de vida também deve ser dada aos doentes, com atenção especial aos idosos e àqueles com doenças ou deficiências.

Garantir dignidade e direitos dos migrantes

Também é motivo de preocupação a dignidade dos migrantes: “as pessoas que buscam refúgio não devem ser rejeitadas ou tratadas injustamente, mas acolhidas com respeito e senso de responsabilidade para garantir seu direito de viver com dignidade”. Outra “afronta à dignidade humana” é o tráfico de seres humanos, que está crescendo em um ritmo alarmante, afetando principalmente refugiados e migrantes, mulheres, crianças e jovens. “Essa prática ilegal e, acima de tudo, desumanizante deve ser interrompida e os traficantes devem ser levados à justiça”, afirmou o cardeal Parolin. O apelo por dignidade também se estende “aos prisioneiros, começando com o fornecimento de prisões decentes.

Proibir o uso de armas autônomas letais

Intimamente relacionado à dignidade da vida humana está o cuidado com a nossa casa comum, que - disse osSecretário de Estado - “exige que os compromissos assumidos ao longo dos anos para combater as mudanças climáticas sejam traduzidos em ações”. Oportunidades e riscos também são proporcionados pelo surgimento de novas tecnologias, em particular a inteligência artificial, sobre a qual é crucial garantir espaço para um controle humano adequado. “É precisamente a esse respeito”, disse Parolin, ‘que o Papa Francisco insiste que ’à luz da tragédia que é o conflito armado, há uma necessidade urgente de reconsiderar o desenvolvimento e o uso de dispositivos como as chamadas ‘armas autônomas letais’ e, em última instância, proibir o seu uso. Isso começa com um esforço efetivo e concreto para introduzir um controle humano cada vez mais adequado. Nenhuma máquina jamais deveria optar por tirar a vida de um ser humano”.

O mundo deve ser livre de armas nucleares

Há, portanto, “uma necessidade urgente de uma reflexão ética abrangente envolvendo todos os Estados sobre o uso de tecnologias emergentes, particularmente na esfera militar”. A Santa Sé “está convencida de que um mundo livre de armas nucleares é necessário e possível” e, portanto, “renova seu apelo para o desarmamento total e completo e para alocar para o benefício das nações em desenvolvimento pelo menos parte do dinheiro que poderia ser economizado através de uma redução nos armamentos”.

Guerra russa na Ucrânia: buscar uma solução justa e pacífica

Infelizmente, o momento que a humanidade está vivendo é o de “uma terceira guerra mundial travada em pedaços”. “Em meio à tragédia contínua da guerra russa na Ucrânia”, disse Parolin, ”estamos diante de uma situação que exige ação urgente para evitar uma escalada maior e criar um caminho para uma solução justa e pacífica. Embora os esforços diplomáticos sejam cruciais, está claro que o engajamento militar continua a prevalecer. Portanto, é essencial encontrar maneiras de incentivar gestos de boa vontade e espaços para o diálogo direto entre as partes envolvidas”.

Gaza: cessar-fogo imediato e libertação dos reféns

O secretário de Estado reiterou sua preocupação “com a contínua instabilidade no Oriente Médio, especialmente após o ataque terrorista de 7 de outubro em Israel pelo Hamas e outros grupos armados palestinos. No entanto, a resposta militar de Israel, considerando o alto número de vítimas civis, levanta muitas questões sobre sua proporcionalidade”. “A Santa Sé”, disse o cardeal, ‘pede um cessar-fogo imediato em Gaza e na Cisjordânia, bem como a libertação dos reféns israelenses em Gaza’, além de ‘assistência humanitária à população palestina’. Para a Santa Sé, a única solução “viável” é “uma solução de dois Estados com Jerusalém com status especial”. “Ambos os lados”, ressaltou Parolin, ‘devem abandonar todas as formas de violência, coerção e ações unilaterais, como os assentamentos israelenses nos territórios palestinos’.

Condenação de atos anticristãos em Jerusalém

Foi expressa “séria preocupação” com a situação em Jerusalém, “onde estão ocorrendo várias discriminações e assédios que impedem a coexistência pacífica de cristãos, judeus e muçulmanos”. O cardeal condenou “os atos anticristãos perpetrados meses atrás por uma minoria de indivíduos judeus” e pediu “às autoridades que continuem a enfrentar esse desvio ideológico com firmeza e clareza” para proteger a presença cristã.

Grande preocupação com o Líbano e a Síria

A situação atual no Líbano também é “um motivo significativo de preocupação para a Santa Sé”: “a escalada contínua do conflito entre o Hezbollah e o exército israelense está tendo um impacto considerável sobre a situação no sul do Líbano e no norte de Israel, colocando toda a região em risco. Isso resultou em um número substancial de pessoas deslocadas e uma considerável perda de vidas, incluindo muitos civis, inclusive crianças.

A Santa Sé, portanto, apela a todas as partes para que adiram aos princípios do direito internacional humanitário, interrompam a escalada e concluam um cessar-fogo sem demora”. Parolin também enfatizou “a necessidade de uma forte voz cristã para guiar a nação através desta crise sem precedentes”. A Santa Sé “está convencida de que o Líbano desempenha um papel fundamental na manutenção da estabilidade regional e pede a todas as partes que apoiem o país e salvaguardem sua mensagem de coexistência pacífica”.

O cardeal também relembrou a crise humanitária na Síria, pedindo “novas abordagens para a questão, que levem em conta o impacto das sanções econômicas sobre a população e forneçam alívio à população afetada, garantindo ao mesmo tempo a justiça para os eventos passados”.

As crises na África

O secretário de Estado também falou sobre o atual “conflito armado sangrento no Sudão, que resultou em uma crise humanitária sem precedentes”, a fome oficialmente confirmada na região norte de Darfur, e incentivou a promoção de negociações de paz para que “a ajuda humanitária vital possa ser fornecida à população imediatamente”.

Com relação à província de Cabo Delgado, em Moçambique, afetada pelo conflito armado há 7 anos, com quase 950 mil deslocados internos, Parolin pediu “maior apoio humanitário, especialmente para reduzir o impacto sobre as crianças e os civis inocentes”. O cardeal também falou sobre a situação no leste da República Democrática do Congo, que está levando a “um aumento preocupante da crise humanitária” e reiterou a necessidade de “continuar a apoiar os esforços diplomáticos para encontrar uma solução adequada e sustentável para o conflito em curso”.

Também é motivo de grande preocupação “a situação sociopolítica no Sudão do Sul, agravada pela crise humanitária, pelas recentes inundações e pelo conflito no Sudão”, bem como a disseminação de ameaças jihadistas no Golfo da Guiné, o que “está causando preocupação para a segurança não apenas do Sahel, mas de toda a África Ocidental”: “os cristãos estão sendo alvo, enquanto as mudanças climáticas e os ataques armados estão piorando a crise alimentar e fazendo com que as crianças abandonem a escola”, circunstâncias que exigem ações de longo prazo para restaurar a estabilidade na região.

Situação dramática no Haiti e em Mianmar

A Santa Sé também está acompanhando com apreensão a dramática situação no Haiti, para o qual espera ver a restauração da paz e da reconciliação interna, bem como a de Mianmar. Lá “os jovens são privados de educação, os idosos são forçados a fugir de suas casas, os Rohingya são alvos de todos os lados e não têm para onde ir”. Portanto, Parolin conclamou “todas as partes a buscar soluções duradouras, inclusivas e pacíficas para a situação e a garantir o acesso à ajuda humanitária a todas as comunidades afetadas, sem preconceitos”.

A liberdade deve ser garantida na Nicarágua

A Santa Sé também está acompanhando com grande atenção o que está acontecendo na Nicarágua e “está particularmente preocupada com as medidas tomadas contra os colaboradores e as instituições da Igreja, que tocam diretamente a delicada questão da liberdade religiosa”: “espera-se que, juntamente com os outros direitos fundamentais dos indivíduos e da sociedade, essa liberdade seja adequadamente garantida”. Por sua vez, a Santa Sé está aberta ao diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades do país, a fim de resolver as dificuldades e promover a paz, a fraternidade e a harmonia para o benefício de todos”.

Venezuela: o povo deposita confiança nos valores democráticos

Parolin também falou sobre as recentes eleições presidenciais na Venezuela, que “demonstraram que, apesar dos muitos desafios enfrentados, o povo venezuelano continua a depositar sua confiança nos valores democráticos consagrados na Constituição. Esses valores democráticos são baseados na soberania do povo, que se expressa por meio do ato de votar. Na grave crise que se seguiu ao anúncio dos resultados, com várias mortes, numerosas detenções - inclusive de menores - e o uso da violência, a Santa Sé, profundamente entristecida e preocupada, apela às autoridades do país e a todos aqueles que têm qualquer responsabilidade pelo que aconteceu, para que respeitem e protejam a vida, a dignidade, os direitos humanos e as liberdades fundamentais de seus cidadãos. Além disso, ela pede que eles busquem maneiras de resolver a situação atual, para o bem de todos, inclusive com a assistência de membros da comunidade internacional que se declararam dispostos a ajudar, de maneira flexível e razoável”.

Diálogo entre Armênia e Azerbaijão

A Santa Sé, continuou Parolin, encoraja as conversações entre a Armênia e o Azerbaijão e “vê com bons olhos” também a aspiração dos países dos Bálcãs de aderir à União Europeia.

A democracia é o caminho para a paz, não para colonização ideológica

“Embora o desarmamento promova a paz entre as nações, também é necessário promover a paz dentro das sociedades. Um instrumento para isso pode ser a democracia”, disse o secretário de Estado. A democracia deve se basear em valores que “incluem a dignidade de cada pessoa humana, o respeito aos direitos humanos e o compromisso com o bem comum como objetivo e critério orientador da vida política”. Entre os direitos a serem preservados, “o da liberdade de expressão deve ser sempre defendido, sem negligenciar a liberdade de religião ou crença”.

A “tendência crescente de alterar as constituições ou de mudar as regras e os procedimentos eleitorais para permanecer no poder ou para impedir que aqueles legitimamente eleitos pelo povo assumam o poder” é outro motivo de preocupação para a Santa Sé: “a democracia implica o respeito às regras estabelecidas”, enquanto “nas últimas décadas foram feitas tentativas de introduzir novos direitos que não são totalmente consistentes com aqueles originalmente definidos”. Isso levou a “casos de colonização ideológica, nos quais a teoria do gênero desempenha um papel central; esta última é extremamente perigosa porque anula as diferenças em sua pretensão de tornar todos iguais”. A esse respeito, o cardeal Parolin chamou de “inconcebível” associar o conceito de “direito” com a prática do aborto, “que envolve a supressão de uma vida inocente”.

Cristãos perseguidos

Em seguida, ele soou o alarme sobre a liberdade religiosa: “cerca de um em cada sete cristãos (mais de 365 milhões de indivíduos) está sujeito a níveis significativos de perseguição por motivos de crença religiosa. O número de ataques a igrejas e propriedades cristãs aumentou significativamente em 2023, com mais cristãos do que nunca sofrendo ataques violentos”.

A Santa Sé, uma voz em defesa dos pobres

Para relançar um compromisso comum a serviço da paz, o secretário de Estado afirmou, portanto, que “é necessário recuperar as raízes, o espírito e os valores que deram origem” às Nações Unidas, “levando em conta o contexto alterado”, e retornar a “um diálogo sincero e aberto que é a alma da comunidade internacional”. “A Santa Sé, como tem feito ao longo das últimas seis décadas”, concluiu Parolin, ‘continua a apoiar o trabalho das Nações Unidas, fazendo ouvir a sua voz em defesa dos pobres, daqueles em situações vulneráveis, apoiando cada processo e iniciativa de paz’.

Fonte: Vatican News

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Pe. Radcliffe no retiro sinodal: não aos medos e narcisismos, mas ouvir com o coração aberto

As duas primeiras meditações do padre dominicano, pronunciadas na manhã desta segunda-feira na Sala Nova do Sínodo, durante o retiro espiritual dos participantes da Assembleia sinodal.

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

Foi o Evangelho de João (20, 1-18 e 20, 19-29) a servir de fio condutor das duas meditações realizadas na manhã desta segunda-feira, 30 de setembro, pelo padre dominicano Timothy Radcliffe. Participante da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos como assistente espiritual, como já no ano passado, o religioso se pronunciou na Sala Nova do Sínodo por ocasião do retiro espiritual em andamento até a terça-feira, 1º de outubro, e dedicado aos membros, delegados fraternos e convidados especiais da Assembleia.

O mundo está escurecido pela violência 

Na primeira meditação, o padre Radcliffe centrou-se no tema da “Ressurreição como uma busca na escuridão”. em um mundo “obscurecido pela violência” e no qual Deus “parece ter desaparecido em grande parte”, especialmente no Ocidente, devido ao ateísmo, à indiferença e ao ceticismo, o religioso exortou a colocar-se, como Maria Madalena, em busca do Senhor. “O mundo está cheio de lágrimas”, acrescentou o clérigo, citando o drama da guerra no Médio Oriente, na Ucrânia, no Sudão e em Mianmar. Mas apesar desta “escuridão”, devemos estar conscientes da presença de Deus e ouvir o “grito daqueles que choram”.

Ouça os outros com respeito e sem medo 

O apelo à “escuta paciente, imaginativa, inteligente, de coração aberto”, que representa “a disciplina da santidade” foi outro tema abordado pelo padre Radcliffe: firme a sua advertência para que os participantes do Assembleia prestem atenção às perguntas dos outros “com respeito e sem medo”, porque somente assim será possível encontrar “uma nova forma de viver no Espírito”.

Os questionamentos são importantes, acrescentou o religioso, mas não podem ser vistos simplesmente como “questões sobre a possibilidade ou não de conceder algo... por exemplo, sobre o papel das mulheres na Igreja”. O que é necessária, no entanto,  são os "questionamentos mais profundas do nosso coração", as "perguntas desconcertantes que nos convidam a uma vida nova" e sem as quais a fé acabaria como letra morta.

Ser companheiros de busca, não representantes de partidos da Igreja 

Um outro “instrumento” do trabalho sinodal deverá ser o reconhecimento integral do outro, a partir do seu nome: “Deus nos chama sempre pelo nome - explicou o religioso -. E o nosso nome é sinal do fato que somos custodiados pelo Senhor na nossa singularidade.” Nesta perspectiva, o Sínodo será efectivamente “um momento de graça”, um encontro “frutífero” se os seus participantes aprenderem a “dizer 'nós'” e se verem uns aos outros não como “representantes dos partidos da Igreja”, mas como “fratelli tutti”, “alegres companheiros de busca”, porque “cada caminhante tem necessidade do outro" e também aqueles que poderiam se sentir excluídos da Assembleia. Padre Radcliffe mencionou em particular as mulheres, os teólogos, os párocos – que na realidade são fundamentais, pois “ sem eles, a Igreja não pode tornar-se verdadeiramente sinodal”.

O Sínodo, de fato, afirmou o religioso ao concluir a sua primeira meditação, “precisa de todos os caminhos para amar e buscar o Senhor, assim como nós precisamos dos buscadores do nosso tempo, mesmo que não partilhem a nossa fé”. Porque é abrindo-nos ao desejo de infinito do outro que poderemos “lançar o barco da missão”.

Os “dogmas” da sociedade contemporânea 

O tema da missão esteve no centro da segunda meditação do padre Radcliffe, intitulada “O quarto fechado a chave”: "O tema desta Assembleia é uma Igreja sinodal em missão – disse ele – e o coração desta missão é ensinar as nossas doutrinas." Um objetivo certamente desafiador no contexto de uma sociedade “afligida por um profundo preconceito contra os dogmas”, ainda que não faltem “salas fechadas e sufocantes” representadas pelo relativismo, pelo fundamentalismo religioso, pelo materialismo, pelo nacionalismo, pelo cientificismo que “bloqueiam as pessoas em pequenas imaginações." Os ensinamentos da fé, ao invés disso – reiterou o sacerdote dominicano – “abrem as portas dos nossos corações e das nossas mentes, impelem-nos para além das pequenas respostas e rumo à busca infinita d’Aquele que é infinito amor e verdade”.

Tornar-nos pregadores do Evangelho da vida 

Mas nos “quartos sufocantes” os discípulos também ficam aprisionados pelo medo, que os impede de “se tornarem vivos em Deus e, portanto, pregadores do Evangelho da vida em abundância”. Em vez disso – esta é a exortação do padre Radcliffe – é preciso “correr o risco de nos machucar-se", de se ferir, como o Senhor Ressuscitado. Este é um risco que vale a pena correr, porque Deus nos deu o dom da sua paz, que não pode ser destruída por nada.

Não olhar para o “umbigo eclesial”, mas abrir-se ao infinito de Deus 

Mas além do medo de se ferir, acrescentou o religioso, há um outro temor a ser derrotado: aquele experimentado por que sente “um amor feroz pela Igreja” e que, fechados na sua mentalidade, temem que seja prejudicada devido a reformas que modificam as tradições. Tudo isto, porém, acaba por "nos fechar em um mundo limitado, olhando para o nosso umbigo eclesial", prontos a denunciar os "desvios dos outros". Em vez disso, “a Igreja está nas mãos do Senhor e Deus prometeu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

É preciso, portanto, sair das prisões “do narcisismo e da 'partidocracia'”, abrindo-nos aos “horizontes sem limites” nos quais Deus se revela e perdendo-nos no seu amor.

"Somos chamados a aventurar-nos no desconhecido, a abandonar o que é familiar e seguro e a empreender uma viagem ou uma busca – sublinhou o padre Radcliffe -. No entanto, não gostamos de correr riscos. Estamos satisfeitos com a pessoa que criamos ou construímos porque tememos ter sido criados à imagem de Deus. Esta incapacidade de responder ao chamado à vida, esta incapacidade de acreditar, chama-se pecado.

Fonte: Vatican News

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Grech: a Igreja é de Deus, não é um produto de nossas ações

No primeiro dos dois dias de retiro que antecedem a assembleia que tem início no dia 2 de outubro, o cardeal secretário-geral do Sínodo convida os participantes a despojarem-se de “abordagens e esquemas pré-estabelecidos”: confiamos esta segunda reunião a Maria, ela é o modelo de escuta que deve caracterizar o trabalho das próximas semanas

Alessandro De Carolis - Cidade do Vaticano

Um primeiro ponto é a oração, sem ela as mudanças na Igreja são na verdade “mudanças de grupo”. Depois, a entrega a Nossa Senhora, sem a qual a Igreja "seria o que infelizmente parece a muitos: nada mais que uma organização". O cardeal Mario Grech congrega duas citações pela semelhança de conteúdo - a primeira do Papa, a segunda extraída de um documento dos bispos alemães de 1979 - para realçar um significado e um modelo a ter claramente presente na véspera de a segunda reunião sobre a sinodalidade que tem início na quarta-feira, 2 de outubro.

Em "solo sagrado" 

O cardeal secretário-geral do Sínodo fala durante a primeira das duas manhãs do retiro que envolve, nesta segunda e na terça-feira, os participantes do segundo encontro sobre sinodalidade. “O protagonista do Sínodo é o Espírito Santo” e se não está presente “não haverá Sínodo” repete o purpurado com as palavras de Francisco de alguns anos atrás. A consciência deve ser aquela que Moisés teve diante da sarça ardente, a humildade de saber que está em “terreno sagrado”.

Herança indivisa 

Moisés tirar os sapatos, explica o cardeal Grech, é a imagem de um despojamento que também os participantes do Sínodo são chamados a fazer. “Nós nos despojamos - afirma - de 'roupas', abordagens e esquemas que talvez tivessem significado ontem, mas hoje se tornaram um peso para a missão e colocam em risco a credibilidade da Igreja (...). Devemos estar dispostos a despojamo-nos, pois a escuta é uma ação radical de despojamento diante dos outros e diante de Deus”.

Não obstante venhamos “de várias Igrejas locais, todas com as suas riquezas, todas com os seus desafios, todas empenhadas em renovar-se e em encontrar novos caminhos e uma nova linguagem para falar de Jesus aos homens e às mulheres de hoje”, nestes dias - observa o secretário geral do Sínodo -, “estamos 'sentados juntos' para preservar os bens da Igreja por meio de uma herança indivisa a ser partilhada com todos, ninguém excluído”.

Maria, ato constitutivo da Igreja 

Nesta perspectiva de partilha e acolhida recíproca de pontos de vista e de sensibilidade, amadurece a proposta do cardeal Grech de confiar a segunda assembleia sinodal à proteção da Virgem.

“Maria é a Virgem que sabe ouvir, que acolhe a palavra de Deus com fé; fé, que foi para ela prelúdio e caminho para a maternidade divina".: neste caso a citação é tirada do Marialis Cultus de Paulo VI e do documento dos bispos alemães de 1979 o cardeal Grech tira uma passagem que ecoa o que o Papa disse ao regressar da Bélgica, durante o encontro com jornalistas que o acompanhavam no voo com destino a Roma, sobre o tema da superioridade da mulherr na Igreja. A Mãe de Jesus, afirmam os bispos, “representa o verdadeiro ato constitutivo da Igreja; tudo o que veio depois, o ministério apostólico, os sacramentos, o envio em missão ao mundo, pressupõe esta fundação mariana”.

O Rosário, oração do Sínodo 

A esperança do secretário geral do Sínodo é que a Assembleia Sinodal que se inaugura seja aquela “terra boa onde a Palavra de Deus possa dar frutos abundantes”.

Neste mês de outubro dedicado a Maria, o convite é rezar assiduamente o Rosário durante os trabalhos sinodais”. A todos os participantes será entregue “uma coroa do Rosário, para que esta oração possa acompanhar-nos no caminho destes dias” po rmeio daquele “ruminar incessante sobre a Palavra de Deus” que o próprio Rosário propõe, “uma invocação que não se cansa de bater na porta."

Os mistérios desta oração, observa o cardeal Grech, percorrendo a vida de Jesus, ajudam a recolocá-lo no centro e a “gerá-lo ao mundo”. Com o Rosário aprendemos, como Maria, a ser discípulos e discípulas do Senhor”. Portanto, conclui o cardeal, “a Assembleia Sinodal que hoje inicia o seu caminho é um Pentecostes renovado, para que o Evangelho de Jesus possa continuar a fecundar a vida de toda a humanidade e possamos ser uma Igreja sinodal e missionária”.

Fonte: Vatican News

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Os abusos e a vergonha

Recordando as palavras de Francisco na Bélgica

Andrea Tornielli

O Papa Francisco, em suas viagens, deixa-se desafiar e ferir pela realidade que encontra: nem tudo pode ser preparado com antecedência. Assim aconteceu também na viagem a Luxemburgo e Bélgica, que se concluiu no domingo, 29 de setembro. Diante do rei e do primeiro-ministro belga, que, com tons diferentes, levantaram o drama dos abusos contra menores, que pesou e ainda pesa como um fardo sobre a vida da Igreja do país e sobre suas hierarquias, o Bispo de Roma deixou claro que até mesmo um único caso de crianças abusadas por clérigos é demais. Desviando o olhar do texto preparado, ele citou os "santos inocentes", as vítimas do rei Herodes, para dizer que isso ainda acontece nos dias de hoje. Não foi a primeira vez que o Papa fez essa comparação: em fevereiro de 2019, ao concluir a cúpula sobre abusos que ele convocou no Vaticano, citou Herodes e seu massacre de pequenos, e acrescentou de improviso que por trás do abuso de menores "está Satanás".

Na homilia da Missa celebrada no Estádio Rei Balduíno, Francisco quis adicionar alguns parágrafos claros e fortes, e o fez após ter sido profundamente tocado pelo encontro com algumas vítimas de abusos, ocorrido dois dias antes, uma conversa dramática e comovente que durou mais de duas horas na nunciatura em Bruxelas. O Papa voltou "com a mente e o coração" às suas histórias e sofrimentos, para repetir que na Igreja não há lugar para o abuso e para a cobertura do abuso. Ele disse que o mal "não se esconde", mas deve ser corajosamente trazido à tona, levando o abusador a julgamento, seja ele "leigo, padre ou bispo".

Há outro aspecto importante a ser focado nas palavras de Francisco. Tanto no palácio real belga, quanto na tradicional conversa com os jornalistas durante o voo, o Papa citou estatísticas que mostram que a maioria dos abusos ocorre na família, na escola, no mundo dos esportes. Também neste caso, não foi a primeira vez que ele mencionou isso. Mas desta vez, com uma clareza sem precedentes, ele quis eliminar qualquer pretexto para o uso interesseiro desses números por parte de quem gostaria de se defender sublinhando as responsabilidades alheias e minimizando. É verdade que a Igreja, no último quarto de século, percorreu um caminho que levou a leis emergenciais muito rigorosas contra o fenômeno. É verdade que outros não deram os mesmos passos. Porém, é igualmente verdade que o abuso no âmbito eclesial é algo horrível, que sempre começa com um abuso de poder e de manipulação da consciência de quem é indefeso: as famílias que confiaram seus pequenos à Igreja para que fossem educados na fé, acreditando que estavam seguros, os viram retornar feridos mortalmente no corpo e na alma. Por isso, não pode haver nenhum uso instrumental das estatísticas, como se fosse para minimizar algo que não pode e não deve ser de forma alguma minimizado, mas que deve ser combatido e erradicado com toda a determinação possível. Porque é um crime que "mata a alma", como disse o dom Charles Scicluna.

Por isso, o Sucessor de Pedro, que na esteira de seus dois antecessores promulgou novas leis severíssimas para conter o fenômeno, disse que até mesmo um único caso de abuso de menores no âmbito eclesial seria demais. E indicou à Igreja inteira que a atitude mais adequada é a da vergonha, da humilhação e do pedido de perdão. É a mesma atitude penitencial que propôs - e não foi compreendido - também Bento XVI quando afirmou que o maior inimigo da Igreja não é externo, mas o pecado dentro dela. Humilhação e pedido de perdão são atitudes profundamente cristãs: nos lembram que a comunidade eclesial é formada por pecadores perdoados e que os abusos ocorridos em seu interior são uma ferida que nos diz respeito a todos.

Fonte: Vatican News

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Cardeal Fernández: a glória do bispo é servir a Cristo, não à própria fama

Na missa presidida na Basílica de São Pedro para a consagração episcopal de dom Kennedy e dom Curbelié, do Dicastério para a Doutrina da Fé, o prefeito enfatiza que os pastores devem continuar amando a Igreja, “mesmo que pareça uma idosa cheia de rugas”, de fragilidades e limitações. É necessário sair da lógica do poder e da aparência; o rito da ordenação “não é uma mera questão de mitras e incenso”, mas um abandono confiante ao Espírito.

Antonella Palermo - Vatican News

Sair da lógica do poder e da aparência. Amar Cristo e a Igreja, mesmo que essa se pareça uma idosa cheia de rugas. Servir, buscando o bem dos outros, cuidar e fazer crescer a Igreja de Deus. Isso é o que é preciso para ser bons pastores, segundo afirmou o cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, em homilia na missa celebrada na Basílica de São Pedro na noite de sábado, 28 de setembro, para a ordenação episcopal de dom John Joseph Kennedy, arcebispo titular eleito de Ossero, secretário para a Seção Disciplinar, e de dom Philippe Curbelié, arcebispo titular eleito de Utica, subsecretário.

As fragilidades da Igreja não tornam o serviço inútil

A Igreja também experimenta fragilidades e limitações “como nunca antes”, admite o cardeal, que não esconde aspectos de vulnerabilidade também ligados aos poucos recursos disponíveis - “as contas em muitos lugares estão no vermelho” - ou aos “processos imparáveis de abandono da fé, que às vezes”, diz ele, “nos pegam desprevenidos”. Esses não são fatos insignificantes que, no entanto, não devem desanimar, observa o cardeal, na verdade, devem ser um estímulo adicional: “de modo algum nos sentimos inúteis ou sem entusiasmo. Pelo contrário”. Em um mundo sem paz e que corre o risco de se tornar sufocante para o indivíduo, “há uma necessidade da luz de Cristo".

Não buscar a glória mundana, mas Cristo

Citando o profeta Isaías, o verdadeiro “poder” do bispo é colocado em foco: levar a proclamação aos miseráveis, curar as feridas, proclamar a liberdade. “Se não reivindicarmos outro tipo de poder, então somos verdadeiramente livres, para viver agarrados apenas ao amor de Deus”, enfatiza Fernández. Ele acrescenta que o rito “não é uma mera questão de mitras e incenso, de glórias ou poder. É simplesmente uma questão de se dispor a aceitar o dom do Espírito e deixar-se agarrar e abençoar por aquele que aprofunda sua pertença a Cristo. Portanto, “não meus projetos, mas Cristo; não minhas necessidades, mas Cristo; não minha imagem social, mas Cristo; não meu conforto, não minha fama, mas Cristo”.

Não se mostrar, mas assumir os destinos da Igreja

“De hoje em diante, vocês devem ser ainda mais um dom aos outros”, recomenda o prefeito a seus colaboradores. Ele faz isso ressaltando que não é necessário encher sua mente com mil preocupações, mas ter em mente que a Ordem Sagrada é um dom do Senhor em ação. Assim, tudo é transfigurado para se tornar um instrumento de bênção. É preciso apenas ser dócil à ação dessa graça e cuidar da Igreja de Cristo como uma “preocupação primordial, custe o que custar”. Novamente as palavras de recomendação aos bispos: “vocês não foram ordenados para se mostrar, para se salvar, para provar que são diferentes daquela Igreja de pecadores. Vocês foram ordenados para que o destino da Igreja seja o de vocês”.

Além dos fracassos, humildemente dóceis ao Espírito

Lembramos o que Santo Agostinho disse ('episcopalis sarcina'). Ainda mais hoje, ser bispo é um “fardo”. “É impossível ter tudo sob controle, tudo fechado em um pacote perfeito, tudo ordenado e seguro, mas também é preciso ter uma boa dose de incerteza e humildade. Sofremos fadiga, golpes, fracassos. Mas não é essa a vida dos trabalhadores?”. Aqui, uma referência aos leigos que, em sua vida cotidiana, têm de lidar com a precariedade e a dificuldade de se sustentar: “muitas vezes se deixa de ser um chorão quando começa a olhar para os fardos dos outros”.

Animados por uma confiança fresca, livre e alegre

Precisamos, conclui o cardeal, daquela confiança fresca, livre e alegre que vemos em São Francisco de Assis, bem como daquela capacidade de abandono total à vontade de Deus que Charles de Foucauld tinha, por exemplo. Essa confiança no Evangelho que é “pura loucura”, que não parece ser a mais conveniente de acordo com os critérios deste mundo. “Deus saberá como extrair de vocês, mesmo dos fracassos, algo de bom para o seu povo”. A homilia termina com uma forte exortação a amar a Igreja: “continuem a amá-la, mesmo que ela pareça uma idosa cheia de rugas”.

Fonte: Vatican News

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Retiro prepara os participantes da Assembleia Sinodal

Estar “como Moisés no Sinai, na presença do Senhor”.

Padre Modino - Vaticano

Podemos dizer que a Segunda Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade já começou, não os trabalhos, que se iniciam na quarta-feira, 2 de outubro, após a missa de abertura, mas o retiro prévio, para estar “como Moisés no Sinai, na presença do Senhor”, como destacou o Secretário Geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech.

Como ser uma Igreja sinodal em missão?

A reflexão começou com uma pergunta: “Como podemos ser uma Igreja sinodal em missão?”, feita por Madre Maria Ignazia Angelini. A monja beneditina convidou os membros do Sínodo a “abrir espaço para a escuta atônita que nos reposiciona e nos prepara para este novo começo de caminhar juntos”. Isso na festa de São Jerônimo, o homem rude e colérico que se deixou transformar pela Sagrada Escritura.

Analisando o Evangelho do dia, ela destacou que ele mostra “o início da etapa decisiva” de Jesus, fazendo um paralelo com o Sínodo. “A missão tem sua origem na paixão, na atração invencível de Deus pelos últimos”, e no modo de estar com Jesus, enfatizou. Junto com isso, ela enfatizou a arte do diálogo, a sede de Deus, uma lógica que não está presente na cultura atual, mediada pela “lógica dos negócios, do poder, do mercado, do fitness. Ou por lógicas evasivas”. Para isso, é necessário, como sugere o Papa Francisco, “uma narrativa que supere a solidão e os silêncios”, como forma de abordar o diálogo sinodal e, assim, conhecer “a fonte que corre e corre, embora seja noite”, nas palavras de São João da Cruz.

Um lugar sagrado de encontro com o Senhor

Uma assembleia que é se sentar juntos, “um lugar sagrado de encontro com o Senhor que está presente onde ‘dois ou três’ se reúnem em seu nome”, como disse o Cardeal Grech. Por isso, ele insistiu que “ou entramos nessa perspectiva de oração, de fé, de encontro com Deus, ou não assumimos um estilo sinodal autêntico, não vivemos uma experiência de sinodalidade”, porque o protagonista é o Espírito Santo.

Para percorrer o caminho da assembleia, que ele confiou a Maria, o Secretário Geral do Sínodo propôs tirar “as sandálias dos pés, despojar-nos de toda resistência à voz do Espírito Santo, atravessar o deserto e caminhar junto com o povo de Deus em direção à terra da Promessa de Deus”, despojar-se de “vestimentas, abordagens e padrões que ontem poderiam ter sentido, mas hoje se tornaram um fardo para a missão e colocam em risco a credibilidade da Igreja”. Tudo isso “para que a Assembleia Sinodal que hoje inicia seu caminho seja um Pentecostes renovado, para que o Evangelho de Jesus continue a tornar fecunda a vida de toda a humanidade e para que sejamos sinodais e missionários”.

Escuta paciente, imaginativa, inteligente e de coração aberto

As meditações do primeiro dia do retiro continuaram com as orientações do dominicano Timothy Radcliffe, que iniciou suas palavras fazendo um apelo à busca na escuridão. Um primeiro passo para ser uma Igreja sinodal missionária, como pede a Assembleia Sinodal, é “ouvir com paciência, imaginação, inteligência e com o coração aberto”. Isso se deve ao fato de que “ouvir Deus e nossos irmãos e irmãs é a disciplina da santidade”.

O dominicano usou quatro cenas de ressurreição do Evangelho de João para guiar as meditações: “Procurando no escuro”, “O quarto trancado”, “O estranho na praia” e “Café da manhã com o Senhor”, observando que “cada uma delas lança alguma luz sobre como ser uma Igreja sinodal missionária em nosso mundo crucificado”. Com relação ao primeiro, ele disse que “nosso mundo está ainda mais obscurecido pela violência do que há um ano”, e que, como Maria Madalena, “nós também estamos reunidos neste Sínodo para buscar o Senhor”, em uma sociedade ocidental indiferente e em uma Igreja na qual há dúvidas se o Sínodo conseguirá alguma coisa. Ele pediu esperança, para sermos buscadores, de maneiras diferentes, para vivermos “de uma nova maneira e falarmos em uma nova linguagem”, para “vivermos juntos mais profundamente a vida ressuscitada”, para fazermos perguntas, pois “Perguntas não são proibidas aqui”, lembrando o lema da Academia Dominicana em Bagdá.

Ninguém pode ser excluído na Igreja

Radcliffe chamou a imitar a compaixão de Maria Madalena, de tantos santos e santas, daqueles que, sem conhecer Cristo, estão cheios de compaixão. Algo necessário em um mundo que “está cheio de choro”, citando exemplos disso: o Oriente Médio, a Ucrânia, a Rússia, o Sudão e Myanmar.  A partir daí, enfatizou que “este sínodo será um momento de graça se olharmos uns para os outros com compaixão e virmos pessoas que estão como nós, buscando”. Isso é para superar aqueles que podem se sentir excluídos, pois “Maria Madalena também nos lembra como as mulheres são frequentemente excluídas das posições formais de autoridade na Igreja”.

Para o dominicano, “santidade é estar vivo em Deus”, e por isso “o desafio para nós é ajudar uns aos outros a respirar profundamente o rejuvenescedor Espírito Santo”, convidou os participantes da Assembleia Sinodal. Refletindo sobre liderança, ele definiu como sua primeira tarefa “conduzir o rebanho para fora dos pequenos apriscos e para o ar fresco do Espírito Santo”, conclamando a “sermos pregadores do Evangelho da vida abundante”, refletindo sobre algumas possíveis atitudes dos participantes da assembleia, aos quais disse que “podemos aceitar o risco de sermos feridos porque o Senhor nos deu a sua paz”.

Não se fechar num mundo estreito

Radcliffe advertiu que “nosso próprio amor pela Igreja, de formas totalmente diferentes, pode fechar-nos num mundo estreito,”, citando exemplos disso, levando-nos a “olhar para o umbigo eclesiástico, observando os outros, prontos para detectar seus desvios e denunciá-los”. Para isso, ele deixou claro que “este sínodo não é um lugar para negociar mudanças estruturais, mas para optar pela vida, pela conversão e pelo perdão”. Ele conclamou os participantes a “superar toda a violência que está em nossos corações: pensamentos e palavras violentas”. Isso porque “nenhuma discórdia pode destruir nossa paz em Cristo, porque somos um só Nele”.

O dominicano advertiu que “alguns dogmas do nosso tempo são salas fechadas sem oxigênio: relativismo, todos os tipos de fundamentalismo, materialismo, nacionalismo, cientificismo, fundamentalismo religioso. Eles prendem as pessoas em imaginações pequenas e temerosas”, pedindo uma abertura baseada nos “grandes ensinamentos de nossa fé” e buscando como “convidar as pessoas de nosso tempo a entrar no amplo espaço de nossa fé”.

Fonte: Vatican News

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Dom Tomasi: a não violência se aplica dialogando com quem pensa diferente

Falando no café da manhã com os meios de comunicação organizado no encerramento da inauguração do Instituto Católico para a Não-Violência, o cardeal sublinhou a importância de "conhecer a verdadeira posição religiosa e não apenas" aquela "dominada" pelos políticos para estimular o diálogo entre as diferentes confissões presentes no mundo.

Edoardo Giribaldi – Vatican News

“Não se pode falar de violência sem criar uma mentalidade e uma cultura que abracem a capacidade de viver juntos, sem se prejudicar, e isso depende muito da capacidade de dialogar com pessoas que pensam diferente, ou que têm um estilo de vida diferente." Este é o ponto central da conversa entre o cardeal Silvano Maria Tomasi, ex-observador permanente da Santa Sé no escritório das Nações Unidas e instituições especializadas, em Genebra, e os meios de comunicação do Vaticano, no café da manhã com a mídia organizado na manhã desta segunda-feira, 30 de setembro, para concluir a série de eventos relativos à inauguração do Instituto Católico para a Não-Violência.

A não-violência como “guia do mundo”

O centro das celebrações ocorreu na tarde do último domingo, na presença do cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, maior cidade de Mianmar, e do cardeal Robert Walter McElroy, bispo de San Diego, nos Estados Unidos. O evento foi aberto com a mensagem do Papa Francisco, que pediu o estabelecimento da não-violência como “guia do mundo”, para o advento de uma comunidade global, que aprenda a descobrir-se como formada de irmãos. As palavras do Papa contidas na Encíclica Fratelli tutti foram indicadas pelo cardeal McElroy como o caminho a seguir para promover a não violência e “o amor que somos chamados a ter pelos nossos irmãos e irmãs no mundo nestas situações tão difíceis, que incluem conflitos armados e conflitos internos".

Os direitos e deveres da natureza humana

O mesmo conceito expresso por Francisco também foi retomado pelo cardeal Tomasi, que, respondendo a uma pergunta sobre como convencer os povos e seus governantes a abraçar a não-violência como um ideal e um caminho para o progresso, explicou como é difícil "falar sobre mudanças de mentalidade das pessoas". No entanto, o cardeal considera “fundamental” uma posição que “vê a questão da não-violência no contexto mais amplo de um estilo de vida que o Papa Francisco descreveu na Fratelli tutti”. A Encíclica, na interpretação do cardeal Tomasi, propõe “uma visão de universalidade” através da qual “todos participamos da natureza humana” e, consequentemente, recebemos “direitos e deveres” desta condição. Continua sendo essencial, na visão do cardeal, “fazer emergir como uma exigência da dignidade da pessoa”, bem como “a necessidade de conviver com as diferenças que temos”. Sem impor nenhuma medida “pela força”.

Princípios teóricos e passos concretos

Quando questionado sobre a definição de não violência, e como esta vai além da simples noção de ausência de violência, dom Tomasi destacou como tal conceito não pode ser expresso “sem criar uma mentalidade e uma cultura que abrace a capacidade de viver juntos sem prejudicar uns aos outros”. Um objetivo que não pode prescindir “da capacidade de dialogar com pessoas que pensam diferente, ou que têm um estilo de vida diferente”. Em suma, para o cardeal é “importante unir o princípio teórico da não-violência com medidas concretas para evitar que tal violência aumente”. Um horizonte que pode ser buscado através de um diálogo sem discriminação, bem como “pela capacidade de avaliar bem as pessoas e as situações, sem pressa em responder de forma violenta”.

A importância do diálogo inter-religioso

Uma passagem importante da conversa aborda o diálogo inter-religioso. Dom Tomasi afirmou que, na convicção dos ideais de não violência, a compreensão e a “inspiração dos grupos, das pessoas, dos países que propõem a solução violenta da guerra” não devem ser ignoradas. “Por que eles fazem isso?”, pergunta o cardeal. Uma visão simplista, que dom Tomasi chama de “mentalidade”, vê o Islã como uma confissão religiosa que “propõe e promove a violência como resposta a situações difíceis”. No entanto, “há acordos feitos por Maomé com os cristãos, nos quais se pede a convivência”. Essas aberturas representam “uma resposta” que visa à “convivência pacífica e respeitosas das relações entre as duas religiões”. Dom Tomasi insistiu em como é necessário, no diálogo entre as diferentes confissões, entrar em contato com sua “verdadeira posição religiosa, e não apenas aquela que os políticos fizeram dominar para manter o poder”.

Fonte: Vatican News

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Relíquia de S. Francisco levada à Terra Santa em peregrinação para invocar a paz

De 30 de setembro a 5 de outubro, a relíquia do sangue de São Francisco de Assis estará na Terra Santa, enquanto a guerra grassa e as populações desses territórios atribulados se encontram no sofrimento, no medo, no luto e em situação de precariedade. A delegação viajará entre Jerusalém e Belém para levar a relíquia às comunidades cristãs da região, encontrando-se com a população local e visitando também alguns dos lugares simbólicos do empenho dos cristãos em pacificar a terra onde Jesus viveu

Vatican News

“Depois de 800 anos, estamos trazendo São Francisco de volta à Terra Santa para tentar ser, como ele, capazes de atravessar fronteiras em um lugar ferido, assim como há oito séculos o Pobrezinho peregrinou nos lugares santos em um tempo igualmente difícil, porque marcado pelas cruzadas, com o desejo de construir pontes e não muros”.

É assim que Frei Matteo Brena, Comissário da Terra Santa dos Frades Menores da região italiana da Toscana e coordenador do Comitê para o 800º aniversário dos estigmas de São Francisco, anuncia que, de 30 de setembro a 5 de outubro, junto com outras 10 pessoas, entre frades e leigos, levará a relíquia do sangue de São Francisco de Assis à Terra Santa, enquanto a guerra grassa e as populações desses territórios atribulados se encontram no sofrimento, no medo, no luto e em situação de precariedade.

Um sinal de consolo e uma palavra de esperança

 “Partimos - continua frei Matteo - com um grande desejo em nossos corações: ser aquele ’pequeno remanescente' que sabe como ser portador, neste novo momento dramático para o Oriente Médio, de um sinal de consolo e de uma palavra de esperança. 'Das feridas, vida nova' foi o lema do oitavo centenário dos estigmas de São Francisco; e nós, levando a Jerusalém e Belém a relíquia de seu sangue, que jorra dos sinais da paixão em seu corpo, tentamos dizer a esses irmãos e irmãs que é possível habitar as feridas com esperança e desejo de futuro”.

A delegação, composta por quatro frades e seis leigos, incluindo representantes da Juventude Franciscana e da Ordem Franciscana Secular, viajará entre Jerusalém e Belém para levar a relíquia às comunidades cristãs da região, encontrando-se com a população local e visitando também alguns dos lugares simbólicos do empenho dos cristãos em pacificar a terra onde Jesus viveu.

Basílica do Getsêmani e Santuário de La Verna

Um dos momentos centrais da viagem será no dia 2 de outubro: será sancionada a geminação entre a Basílica do Getsêmani, um lugar que preserva a memória das horas dramáticas da paixão de Cristo, e o Santuário de La Verna, na Toscana. A geminação também sancionará o vínculo entre os dois eremitérios. A cerimônia contará com a presença de frei Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, e frei Livio Crisci, Ministro Provincial dos Frades Menores da Toscana.

“Este ano - acrescenta frei Brena - a Basílica do Getsêmani comemora cem anos de sua construção, em 1924, juntamente com a Basílica da Transfiguração, pelo arquiteto italiano Antonio Barluzzi, falecido em 1960, em Roma, no convento da Delegação da Terra Santa. Portanto, também faremos parte das iniciativas deste centenário”.

800 anos atrás, Francisco recebia os Sagrados Estigmas

“Unidos em oração, vamos acompanhar esses nossos irmãos na peregrinação entre Jerusalém e Belém”, afirmam as fraternidades franciscanas de toda a Itália. Oitocentos anos atrás, em setembro de 1224, Francisco de Assis recebeu os Sagrados Estigmas na montanha de La Verna, perto de Arezzo. Naquela ocasião, o frade foi conformado a Cristo Crucificado e uma parte de seu hábito, embebida no sangue do lado, tornou-se uma relíquia importante, um testemunho perpétuo daquele evento, conservado pelos Frades Menores.

(com Fides)

Fonte: Vatican News

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Benção invocativa e constitutiva

São válidas as bênçãos à distância, pelos meios de comunicação? É válido abençoar algo pela televisão, rádio, internet?

Por Pe. Alexandre Boratti Favretto*

A questão sobre as bênçãos e sua eficácia, em tempos de presencialidade e virtualidade, encontram resposta nas definições de benção invocativa e de benção constitutiva. Tais conceitos, é bem verdade, não figuram explicitamente no Ritual de Bênçãos da Igreja Católica, são um desenvolvimento da teologia litúrgica. Contudo a temática é abordada quando, no Ritual, se fala de benção de pessoas, com caráter invocativo, e bênçãos de objetos e lugares, com caráter constitutivo. Sendo assim, o que as define e distingue? E qual é a condição de possibilidade para a realização de uma ou de outra?

Para responder, utilizar-nos-emos do “Dicionário Litúrgico para uso do Rev.mo clero e dos fieis”, de Frei Basílio Rower, O.F.M. e do artigo, publicado na Agência Zenit em 22.07.2014 pelo Pe. Edward McNamara, professor de liturgia e Reitor da Faculdade de Teologia Regina Apostolorum. Ambos estabelecem uma distinção entre benção invocativa e constitutiva.

A benção invocativa expressa súplica para que Deus conceda proteção e benção para alguma pessoa ou grupo de pessoas, trata-se de um clamor direcionado para Deus, sem que, de fato, a pessoa ou grupo em questão se tornem “bentos em si”. Tem-se aqui o caráter de petição para que Deus auxilie a pessoa, em determinada situação, sem que haja uma consagração permanente. Não há modificação no estado ontológico (essencial) daquele que é abençoado. Considerando que esta benção traduz o desejo de que Deus abençoe e não propriamente uma benção que constitua uma coisa ou pessoa “benta”, pode ser dada por leigos. Como exemplo, temos as bênçãos proferidas pelos padrinhos a seus afilhados, ou bênçãos dadas por religiosos não clérigos e religiosas. Ou ainda, as bênçãos em geral proferidas por clérigos. Dado o caráter invocativo da benção, esta se faz possível sim remotamente, p.ex. a benção ao final da Missa transmitida pela TV, ou mesmo a benção Urbi et Orbe, sempre destinadas a pessoas.

Já a benção constitutiva atua na constituição do objeto, ou seja, ocasionam uma transformação permanente na condição essencial do objeto, que passa a ser como que uma oração materializada. Tal objeto abençoado passa a ser um sinal sagrado da graça destinada a Deus para as pessoas. Dada a seriedade desta condição, não basta, como na benção invocativa, clamar para que Deus abençoe, é preciso garantir efetivamente a benção destinada. Para tanto, é necessária a presença física do ministro ordenado diante do objeto. Tal feito garante, ao objeto ou local, um caráter e dignidade religiosa sui generis. Portanto, se a benção é constitutiva, deve ser ministrada presencialmente, p.ex. água ou objetos bentos devem sempre ser abençoados na presença do ministro ordenado, jamais a distância ou remotamente.

*Padre Alexandre Boratti Favretto é incardinado na Diocese de Limeira, professor de Teologia na PUC de Campinas e diretor da Faculdade de Teologia da PUC de Campinas. É pároco da Paróquia Bom Jesus de Araras e coordena a Escola de Teologia da Diocese de Limeira.

Fonte: Vatican News

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Patriarca Raï: assassinato de Nasrallah “abre uma ferida no coração dos libaneses"

O Patriarca maronita reitera que “a comunidade internacional é chamada a tomar medidas sérias para interromper o ciclo de guerra, morte e destruição", "preparando o terreno para uma paz justa que garanta os direitos de todos os povos e componentes da região”. Chegou a hora “de todos os libaneses entenderem que eles não têm ninguém para ajudá-los e apoiá-los, a não ser eles mesmos, unidos e solidários uns com os outros", acrescenta o cardeal libanês

Vatican News

 “O assassinato de Sayyed Hassan Nasrallah abriu uma ferida no coração dos libaneses”. Mas “o martírio incessante de líderes cristãos e muçulmanos que acreditaram nas causas da verdade, da justiça e da defesa dos fracos fortalece a unidade entre os libaneses, uma unidade de sangue, pertencimento e destino”.

Com essas palavras, o Patriarca maronita Béchara Boutros Raï fez suas primeiras considerações públicas sobre o fim do líder do movimento xiita Hezbollah, que foi morto na noite de sexta-feira por bombas lançadas em Beirute pelo exército israelense. As considerações do purpurado foram feitas durante a homilia proferida na Missa deste domingo, 29 de setembro, celebrada na residência patriarcal de verão em Dimane. Uma Missa - disse o cardeal libanês - celebrada para pedir o repouso das almas das vítimas desses dias e para pedir paz.

Defender o Líbano contra todas as agressões

O martírio pela pátria comum, continuou o Patriarca maronita, ”é o martírio escolhido pelos crentes de todos os componentes libaneses que estão unidos nela, deixando-nos um convite à fidelidade e à lealdade ao seu sacrifício por uma pátria que eles amavam, mesmo que sua visão de como administrá-la e de como praticar a política fosse diferente”.

“O sangue derramado por aqueles que se sacrificaram pela pátria libanesa”, continuou o cardeal Raï, referindo-se à crise político-institucional que paralisa o país há anos, “clama para que defendamos o Líbano contra todas as agressões e elejamos um presidente da República que restaurará o lugar do Líbano entre as nações”. O papel de chefe de Estado, que no sistema institucional do Líbano cabe a um cristão maronita, está vago há quase dois anos devido aos vetos cruzados de Partidos e alinhamentos.

Interromper o ciclo de guerra, morte e destruição

Em sua homilia, o cardeal libanês - que também criticou no passado recente as estratégias das milícias do Hezbollah que abriram o flanco para as represálias israelenses - reiterou que “a comunidade internacional é chamada a tomar medidas sérias para interromper o ciclo de guerra, morte e destruição aqui, preparando o terreno para uma paz justa que garanta os direitos de todos os povos e componentes da região”.

Chegou a hora, acrescentou o Patriarca maronita, “de todos os libaneses entenderem que eles não têm ninguém para ajudá-los e apoiá-los, a não ser eles mesmos, unidos e solidários uns com os outros, comprometidos em administrar os assuntos da casa libanesa no espírito do Pacto nacional, em um Estado de direito e instituições”. (com Fides) - Fonte: Vatican News

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Preparar o coração para o Sínodo

Os trabalhos têm início no dia 2 de outubro e se encerram no dia 27 do mesmo mês. Para acompanhar este Sínodo, propomos 3 atitudes que podem ser de grande ajuda.

Bruno Franguelli, sj

Estamos às vésperas do início da segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos. A partir de 2 de outubro até o dia 27 do mesmo mês, O Papa Francisco, juntamente com outros bispos, padres, religiosos e leigos estarão reunidos para partilhar e discutir temas cruciais para a evangelização nos próximos tempos. O Sínodo surgiu principalmente a partir do Concílio Vaticano II, justamente para adaptar as reformas que o Concílio aprovou às novas realidades. Sabemos que o Sínodo é apenas consultivo, isto é, só o Papa pode decidir. É neste sentido que o Papa Francisco desejou ampliar sua escuta e reunir não somente os bispos, mas também representantes de todos os batizados. Por isso, é muito importante que cada batizado se sinta envolvido de algum modo neste grande acontecimento da Igreja e o acompanhe de coração aberto. Para acompanhar este Sínodo, propomos 3 atitudes que podem ser de grande ajuda:

1-      Orar pelo Sínodo

O início do Sínodo é precedido por dois dias de retiro. Justamente porque não se trata de uma reunião de opiniões, mas da escuta de Deus e das moções que o Espírito suscita no coração de cada um dos participantes. Neste sentido, é muito importante orar pelo Sínodo, pelo Papa e por todos os seus participantes. A oração pessoal e comunitária, através de Missas e outras celebrações por esta intenção nas paróquias e movimentos são um grande testemunho de amor e comunhão com o Sucessor de Pedro e com toda a Igreja.

2-      Informar-se corretamente

Sabemos que as notícias veiculadas tanto pela mídia tradicional quanto através das redes sociais estão recheadas de polêmicas, provocando, muitas vezes, divisões, mau entendidos e desinformação. É importante não se deixar desencorajar e, para isso, é imprescindível acompanhar o Sínodo através dos canais oficiais do Vaticano. Informar-se corretamente é importantíssimo para também poder defender o Papa e a Igreja com firmeza, mas também com respeito e paciência.

3-      Acolher a novidade do Espírito

Engana-se gravemente quem acredita e divulga que o Sínodo ou o Papa Francisco desejam alterar a doutrina da Igreja. Muito pelo contrário, o Sínodo deseja prosseguir com a viva e legítima Tradição da Igreja recebida dos apóstolos e propagá-la nos nossos tempos de modo mais eficaz e eficiente. Neste sentido, é preciso de fé e confiança no Espírito Santo que trabalha na Igreja e que aponta novos caminhos para que o Evangelho seja vivenciado com toda a sua potência primeiramente entre os próprios batizados e, depois, seja transbordado no mundo. Para isso, o Sínodo certamente tocará em temas sensíveis e que muitas vezes causam certa divergência de opiniões. Mas é preciso acalmar os ânimos e tranquilizar-se. Para isso, vale o conselho de Santo Inácio de Loyola: “Devemos crer que entre Cristo Nosso Senhor e a sua Igreja, sua esposa, é o mesmo Espírito que nos governa e orienta para a saúde de nossas almas” (Exercícios Espirituais n.365). - Fonte: Vatican News

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Família Franciscana realiza II Caminhada ao Cristo Redentor

Pelo segundo ano consecutivo, no último sábado de setembro (28), a Família Franciscana do Rio de Janeiro (RJ) se reuniu para a segunda edição da Caminhada Franciscana ao Cristo Redentor.

Frei Gustavo Medella

Cento e cinquenta franciscanos e franciscanas, entre frades, irmãs religiosas, irmãs e irmãos da Ordem Franciscana Secular e paroquianos de paróquias franciscanas, dentre os quais muitos jovens e crianças, saíram, às 6h30, do Centro de Convenções das Paineiras, e seguiram rumo ao Cristo Redentor.

O grupo era composto por representantes das cidades de Duque de Caxias, Petrópolis e São Gonçalo. Da capital, participaram irmãos e irmãs da Tijuca, do Rio Comprido, da Rocinha e do Centro da cidade.

Foram três quilômetros de caminhada em fraternidade, marcados pela contemplação da natureza e pela trilha sonora composta por canções franciscanas. Como gesto concreto de cuidado com a Casa Comum, os caminhantes foram recolhendo o lixo que, infelizmente, alguns visitantes deixam pelo caminho, especialmente garrafas de plástico e pacotes de alimentos.

Família Franciscana realiza II Caminhada ao Cristo Redentor

No caminho, os participantes se revezaram na condução de uma Imagem de São Francisco que, ao final do trajeto, após o momento celebrativo, foi entregue ao Santuário do Cristo Redentor para servir à veneração dos fiéis e turistas que visitam a Capela de Adoração Laudato si’, espaço de oração e também de conscientização sobre o Cuidado com a Natureza recentemente inaugurado junto ao Cristo Redentor. No momento da entronização da imagem, foi rezada a Oração para o Tempo da Criação deste ano de 2024, que pede a Deus, cuja Bondade se torna visível na beleza da Criação, que conceda ao ser humano a capacidade de se relacionar de maneira mais respeitosa com seus semelhantes e com a natureza: “Concedei-nos uma nova visão do nosso relacionamento com a Terra e uns com os outros, como criaturas feitas à vossa imagem”. São Francisco é considerado pela Igreja como Padroeiro da Ecologia.

Na acolhida dos peregrinos Franciscanos, estavam o Reitor do Santuário, Padre Omar Raposo, acompanhado pelo padre Cristiano Holz, também da equipe de pastoral do Cristo Redentor. Ao desejar as boas-vindas aos participantes, padre Omar destacou a profecia do gesto dos peregrinos que, como sinal da importância do cuidado com o meio ambiente, recolheram todos os lixos e detritos que encontraram pelo caminho. Este material foi disposto numa caixa e apresentado no momento de “Celebração Ecológica aos pés do Cristo Redentor”. Conduzida por Frei Felipe Carretta, do Convento Santo Antônio, e com a participação dos padres do Santuário, de outros frades e irmãs, foi um momento de louvor e gratidão a Deus e também um alerta para a urgência do cuidado de todos com o Meio Ambiente.

Entre os participantes, o sentimento predominante foi o de alegria e satisfação. Em clima de Fraternidade e imensa gratidão, ao final da Caminhada, todos se reuniram para a tradicional foto aos pés do Cristo Redentor. E foi nesta hora que a “Irmã Chuva”, prevista para a manhã de sábado, deu o “ar da graça”, abençoando a todos os participantes desta II Caminhada Franciscana ao Cristo Redentor.

Fonte: Vatican News

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Crise no Líbano ameaça participação católica oriental no Sínodo da Sinodalidade

Por Elias Turk 

A escalada militar em curso entre as Forças de Defesa de Israel e o grupo islâmico Hezbollah pode diminuir a presença de patriarcas católicos orientais do Líbano no Sínodo da Sinodalidade.

Como a segunda sessão da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos no Vaticano começa hoje (30) com um retiro, os patriarcas católicos orientais e outros representantes do Líbano devem chegar a Roma nos próximos dias de avião.

No entanto, a maioria das companhias aéreas cancelou seus voos para Beirute, embora o ministro interino de Obras Públicas e Transportes, Ali Hamieh , tenha confirmado em 25 de setembro que o Aeroporto Internacional de Beirute, o único aeroporto civil do país, está totalmente operacional.

Como Israel atingiu centenas de alvos do Hezbollah no Líbano nos últimos dias, os moradores locais temem que o aeroporto de Beirute possa estar na lista de alvos. O governo libanês pode fechar o aeroporto por prudência, mesmo que ele não seja atingido.

Se qualquer um desses cenários acontecer, os patriarcas podem não conseguir chegar a Roma a tempo.

Os patriarcas católicos orientais participam dos sínodos ex officio, o que significa que não são designados pelo papa ou por uma conferência de bispos, mas têm um lugar por serem chefes de suas Igrejas.

Segundo a lista de participantes, publicada pelo secretário geral do sínodo, os seguintes patriarcas são esperados: Ignace Youssef III Younan da Igreja Católica Siríaca, Youssef Absi da Igreja Católica Melquita e Raphaël Bedros XXI Minassian da Igreja Católica Armênia.

Notavelmente ausente da lista está o patriarca maronita Bechara cardeal Boutros al-Raï. As razões para sua ausência ainda não foram oficialmente esclarecidas.O bispo Flaviano Rami Al-Kabalan, procurador do patriarcado católico siríaco na Santa Sé, disse que Younan “deve chegar a Roma”.

O patriarcado melquita disse à ACI Mena, agência em árabe da EWTN News, que Absi “estará no Vaticano na próxima semana se as condições da aviação permitirem”.

Charbel Bastoury, responsável pelas relações públicas do Patriarcado Católico Armênio, disse que Minassian vai participar. No entanto, ele disse que isso só vai acontecer “depois que Sua Beatitude estiver tranquilo sobre a situação no país, o que significa que ele pode chegar atrasado”.

A influência dos patriarcas

A segurança em meio à situação crescente não é a única preocupação dos católicos orientais. Qualquer ausência de participantes libaneses pode acarretar o risco de uma influência menor das Igrejas Católicas orientais no Sínodo da Sinodalidade, processo cujos resultados os patriarcas gostariam de discutir de antemão.

A presença de Younan, Absi e Minassian pode desempenhar um papel essencial nas discussões que levarão ao documento final que será enviado ao papa Francisco pela assembleia.

Os patriarcas católicos orientais são geralmente considerados “conservadores” quando se trata de questões controversas como a ordenação de mulheres e uniões homossexuais. Nenhum dos três patriarcas participantes apoiou publicamente mudanças na doutrina da Igreja sobre essas questões.

Como chefes de igrejas autocéfalas, os patriarcas também costumam ser muito respeitados pelos cardeais, por autoridades da Santa Sé e pela Cúria Romana.

Os patriarcas também são chefes de Igrejas sinodais que fazem um sínodo anual de bispos, tomando várias decisões importantes, como decidir quais padres de suas Igrejas são possíveis indicados para se tornarem bispos. Isso significa que Younan, Absi e Minassian têm experiência considerável com o exercício da sinodalidade na Igreja — o tópico principal deste sínodo.

Outros libaneses no sínodo

Dois bispos também devem representar a Igreja Maronita em Roma: o vigário patriarcal de Sarba, Líbano, dom Paul Rouhana, e o bispo de Batroun, Mounir Khairallah.

A Igreja Maronita fez um processo sinodal entre 2020 e 2023 sobre o papel das mulheres na Igreja, resultando num documento que apoia o diaconato feminino conforme a antiga tradição oriental.

Vários representantes libaneses das assembleias continentais, um teólogo e um facilitador também estão programados para participar da segunda sessão.

Quando a ACI Mena perguntou a uma das representantes, Rita Kouroumilian, se ela estaria no sínodo apesar do perigo relacionado ao aeroporto, ela disse: “Deus é minha força, não temeremos, e como Deus nunca nos abandonou, ele não nos deixará agora. Se ele quiser que participemos do sínodo, iremos.” - Fonte: ACIDigital

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Do dia 29/9/2024

1º Congresso Nacional da Infância e Adolescência Missionária encerra com missa no Santuário

Celebração reuniu crianças e adolescentes, levando-os à reflexão sobre seu compromisso com a missão da Igreja

Escrito por Luciana Gianesini

Na manhã deste domingo (29), o Santuário Nacional acolheu, na celebração eucarística do 26º Domingo do Tempo Comum e Dia Nacional da Bíblia, o encerramento do primeiro Congresso Nacional da Infância e Adolescência Missionária (IAM).

A missa foi presidida por Dom Maurício da Silva Jardim, Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga e presidente da Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, e conduzida pelo missionário redentorista Irmão Marco Lucas Tomaz, C.Ss.R., Diretor Administrativo e Comercial da Editora Santuário.

Além da Casa da Mãe estar repleta de peregrinos, a celebração contou com a presença de mais de 800 participantes do Congresso, incluindo crianças, adolescentes e adultos, comprometidos com a missão de evangelização para todas as idades. As leituras foram realizadas por membros da Infância e Adolescência Missionária, e o Coral das Crianças animou a celebração com cânticos que abrilhantaram o momento festivo.

Durante a missa, Dom Maurício destacou a importância da participação ativa dos jovens na Igreja, ressaltando que eles são fundamentais para a construção de um mundo mais justo e solidário. 

Ele também enfatizou que a formação espiritual e missionária das crianças e adolescentes é essencial para que possam viver plenamente sua fé e se tornarem agentes de transformação nas 

Na homilia, Dom Maurício destacou a importância da palavra de Deus em nossas vidas. Ele começou sua reflexão lembrando que “a palavra que se fez carne e veio habitar no meio de nós” é o verdadeiro alimento espiritual da Igreja: 

“Deus nos deu dois ouvidos e uma boca só, significa que devemos escutar mais do que falar. Escutar com o coração, deixar que a palavra de Deus transforme o nosso ser”, afirmou.

O Bispo também ressaltou a relevância do tema do congresso: “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo.”, inspirado no versículo “Ide, convidai a todos para o banquete” (Mt 22, 9). Em sua reflexão, ele citou a necessidade de uma mudança de mentalidade na forma como vemos os outros, enfatizando que “a orientação que Jesus nos dá é muito clara: quem não é contra nós é a nosso favor.”

Dom Maurício prosseguiu abordando a resistência que Jesus enfrentou durante seu ministério: 

“Jesus encontra corações endurecidos. Essa é uma doença que se chama dureza de coração. Ele incentivou todos a abrirem suas portas e a não limitarem a graça de Deus: Jesus veio para a salvação de todos, por isso não podemos ficar de portas fechadas.”

No final de sua homilia, o Bispo fez um chamado à ação missionária, destacando o papel fundamental das crianças e adolescentes: 

“Nos grupos da IAM se espera que as crianças sejam sujeitos da ação missionária, não destinatárias. As crianças e adolescentes nos ensinam o caminho da amizade, da comunhão e da fraternidade universal.”

7/8 A missa foi marcada pela participação vibrante de todos os presentes, em especial as crianças e adolescentes, reafirmando o compromisso com a evangelização e a importância da palavra de Deus em cada um de nós. Ao término da celebração, os fiéis foram incentivados a continuar sua jornada missionária, levando a boa nova do Evangelho a todos os cantos do mundo.

O congresso reforçou também o chamado da Igreja a todos os fiéis para cuidar e proteger a infância, promovendo um ambiente seguro e acolhedor. Para mais informações sobre a atuação da Infância e Adolescência Missionária no Brasil, os interessados podem acessar o site iam.pom.org.br.

Fonte: A12.com

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Congresso da IAM: Espírito Santo fortalece o carisma e impulsiona a missão

Aparecida (SP) recebeu, entre os dias 27 e 29 de setembro, o 1º Congresso Nacional da Infância e Adolescência Missionária, que reuniu crianças, adolescentes e assessores de diversas partes do Brasil. No domingo, 29, os congressistas participaram da missa no Santuário de Aparecida, presidida por Dom Maurício Jardim, bispo de Rondonópolis-Guiratinga e presidente da Comissão Missionária da CNBB.

Durante a missa, Dom Maurício destacou a importância da IAM na Igreja do Brasil. “Recordo que se espera que as crianças sejam sujeitas da ação missionária e não destinatárias, as crianças e adolescentes nos ensinam um caminho da amizade. Na raiz do carisma da IAM está o ardor missionário para fazer chegar a todas as crianças e adolescentes do mundo o Evangelho de Jesus Cristo. A IAM é um presente de Deus para as quase 280 dioceses do Brasil. Criança evangelizando criança de todo o mundo”, destacou Dom Maurício.

Após a celebração, uma alegre procissão liderada pelas crianças e adolescentes percorreu o caminho até o Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho, local que acolheu os participantes durante o congresso. Bolinhas de sabão foram espalhadas durante o trajeto, simbolizando a esperança e a alegria que permeiam o trabalho missionário.

Espírito Santo fortalece o carisma da IAM

 A manhã ainda contou com um painel temático apresentado por Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das POM no Brasil, que abordou a importância da participação juvenil na missão da Igreja, impulsionados pela força do Espírito Santo. Em sua fala, Ir. Regina destacou o importante papel dos assessores e assessoras, com destaque à vida religiosa, padres e bispos.

O evento promoveu a troca de experiências e a reflexão sobre o papel das novas gerações na evangelização, encerrando com um forte sentimento de união e compromisso entre os participantes. Ao final, os participantes foram enviados em missão de volta às suas dioceses.

Fonte: Pontifícias Obras Missionárias do Brasil

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Infância e Adolescência Missionária anuncia novo secretário nacional

Neste domingo, 29 de setembro de 2024, foi anunciado o novo secretário da Infância e Adolescência Missionária (IAM), Pe. Vagner Alves, durante o encerramento do 1º Congresso Nacional da IAM, realizado em Aparecida (SP). Pe. Vagner assume a função que foi exercida por Ir. Antonia Vania de Sousa nos últimos quatro anos, período em que fez importantes contribuições para a promoção da missão entre as crianças e adolescentes.

Pe. Vagner Alves, ordenado presbítero em 2015 na Paróquia Sagrada Família, em Jardim Panorama, Toledo (PR), possui um histórico significativo na caminhada missionária. Desde a infância, foi membro do primeiro grupo da IAM em sua diocese, em 1998, e, ao longo dos anos, se tornou assessor e coordenador paroquial.

Durante sua formação, Pe. Vagner teve experiências missionárias ad gentes em Santarém (PA) e, como padre, participou da inauguração da Missão São Paulo VI em Guiné Bissau. Sua atuação se estendeu ao Conselho Missionário Diocesano (COMIDI) e ao Conselho Missionário da Província Eclesiástica de Cascavel (COMIPRO). Ele também foi coordenador estadual da IAM no Paraná e, atualmente, é assessor eclesiástico da IAM na Diocese de Toledo e no regional Sul 2 da CNBB.

Fonte: Pontifícias Obras Missionárias do Brasil

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Papa: na Igreja há lugar para todos, mas não para abusos. Casos sejam revelados e julgados

A Santa Missa no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, marcou o encerramento da viagem Apóstolica de Francisco à Bélgica e Luxemburgo. Durante a homilia, o Papa pronunciou palavras fortes contra os abusadores, pedindo que os casos sejam revelados e não acobertados.

Thulio Fonseca – Vatican News

A Santa Missa presidida pelo Papa Francisco neste domingo, 29 de setembro, no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, contou com a presença de milhares de fiéis, reunidos também para celebrar a beatificação da venerável serva de Deus, Ana de Jesus, religiosa carmelita descalça que desempenhou um papel fundamental na difusão da reforma teresiana.

Em sua homilia, o Papa refletiu sobre as palavras de Jesus: «Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço» (Mc 9, 42). O Pontífice advertiu que devemos nos atentar para não escandalizar ou obstruir o caminho dos “pequeninos”, lembrando a responsabilidade que todos temos em cultivar uma fé aberta, inclusiva e acolhedora.

Na Igreja há lugar para todos, mas não para o abuso!

A seguir, o Pontífice pronunciou as palavras mais fortes da homilia, citando os casos de abusos:

Pensemos no que acontece quando os pequeninos são escandalizados, atingidos, abusados por quem deveria cuidar deles; nas feridas de dor e de impotência antes de tudo nas vítimas, mas também em seus familiares e na comunidade. Com a mente e com o coração, lembro das histórias de alguns desses "pequeninos" que encontrei anteontem. Eu os ouvi, senti seu sofrimento de abusados e repito aqui: na Igreja há lugar para todos, todos, todos, mas todos seremos julgados e não há lugar para o abuso, não há lugar para acobertar o abuso. Peço a todos: não acobertar os abusos. Peço aos bispos: não acobertar os abusos. Condenar os abusadores e ajudá-los a se curar desta doença do abuso. O mal não deve ser escondido, mas revelado, que se saiba, como fizeram alguns abusados, e com coragem. Que se saiba. E que seja julgado o abusador, seja leiga, leigo, padre ou bispo: que seja julgado!

Humildade, gratidão e alegria

O Santo Padre enfatizou a necessidade de abertura, recordando os episódios bíblicos do Livro dos Números e do Evangelho de Marcos presentes na liturgia deste XXVI Domingo do Tempo Comum, onde a ação do Espírito Santo surpreende ao escolher para sua obra não apenas os que parecem eleitos, mas também aqueles à margem. “A Comunidade dos cristãos não é um círculo de privilegiados, é uma família de salvos”, afirmou Francisco, apontando que o Batismo é um chamado para todos, e que devemos viver nossa missão com humildade, gratidão e alegria, sem sermos obstáculo para os demais.

A falta de misericórdia é um “escândalo”

Em seguida, o Papa abordou a comunhão, inspirando-se na Carta de São Tiago, que nos exorta a evitar o egoísmo e a abraçar o caminho do amor e da partilha. Para o Pontífice, a falta de misericórdia, especialmente com os mais pobres e marginalizados, é um verdadeiro “escândalo” em nossa sociedade:

“Pensemos, por exemplo, na situação de tantos imigrantes sem documentos: são pessoas, irmãs e irmãos que, como todos, sonham com um futuro melhor para si e para os seus e, em vez disso, ficam muitas vezes sem ser escutados e acabam por ser vítimas de exploração”.

A força do testemunho autêntico 

Por fim, o Santo Padre destacou a importancia do testemunho na vida cristã trazendo à luz o exemplo da nova beata Ana de Jesus. A carmelita, que seguiu os passos de Santa Teresa de Ávila, deixou um legado de simplicidade, oração e caridade em uma época de grandes desafios:

“Numa época marcada por dolorosos escândalos, tanto dentro como fora da comunidade cristã, ela e as suas companheiras conseguiram trazer de novo tantas pessoas à fé a ponto de alguém descrever a sua fundação nesta cidade como um ‘íman espiritual’”.

Ao concluir, o Papa Francisco convidou os fiéis a seguirem o testemunho deixado por Ana de Jesus e a renovarem seu compromisso com o Evangelho da misericórdia, vivendo a fé com abertura, comunhão e testemunho.

“Acolhamos, pois, com gratidão o modelo, simultaneamente delicado e forte, de ‘santidade feminina’ que ela nos deixou, renovando o compromisso de caminharmos juntos seguindo as pegadas do Senhor", exortou o Pontífice.

Fonte: Vatican News

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Papa retorna a Roma após viagem a Luxemburgo e Bélgica

O avião papal partiu da Base Aérea Militar Belga de Melsbroek às 13h21, com o pouso no aeroporto romano de Fiumicino às 15 horas locais.

Vatican News

O Papa Francisco chegou a Roma às 15h00 locais, após o voo de aproximadamente duas horas. A aterrissagem ocorreu no Aeroporto de Fiumicino, encerrando sua 46ª Viagem Apostólica.

Partida da Bélgica

As notas de "John Brown's Body", com o icônico refrão "Glory Glory Aleluia", entoadas na pista da Base Aérea de Melsbroek, serviram como trilha sonora e despedida final do Papa da Bélgica, que ocorreu pouco menos de uma hora após a conclusão da Missa celebrada diante de quase 40 mil pessoas no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas.

Após assinar o Livro de Honra na Sala VIP da base militar — na qual afirmou “estar sempre a serviço da paz na Bélgica, na Europa e no mundo inteiro” — Francisco atravessou a pista onde estava posicionada a Guarda de Honra e, em seguida, embarcou no A321 Neo da Brussels Airlines. O avião, com a comitiva papal e os jornalistas a bordo, decolou às 13h21, com pouco mais de meia hora de atraso em relação ao previsto, em uma rota de cerca de 1.200 km.

Agradecimento pelos gestos de fraternidade

No telegrama enviado ao sobrevoar a Bélgica, o Papa agradeceu novamente à família real e à população "pelos inúmeros gestos de hospitalidade e fraternidade" que lhe "foram dirigidos durante os dias da visita".

Fonte: Vatican News

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Papa sobre as bombas no Líbano: toda defesa desproporcional é imoral

O diálogo com os jornalistas no voo de retorno da Bélgica: Francisco fala sobre o ataque que matou Nasrallah, provocando centenas de vítimas, destacando sua desproporcionalidade, repete a condenação ao aborto, definindo os médicos que o praticam como "sicários" e exalta o testemunho cristão do rei Balduíno, que renunciou para não assinar a lei abortista.

Vatican News

Matteo Bruni: Boa tarde a todos, obrigado, Santidade, por este tempo que deseja nos dedicar ao final desta viagem curta, mas muito intensa. Talvez queira nos dizer algo antes de começarmos com as perguntas dos jornalistas.

Papa Francisco: Bom dia, e estou à disposição para as perguntas.

Michael Merten, Luxemburger Wort

Santo Padre, Luxemburgo foi o primeiro país, e muitas pessoas se lembram de sua visita ao Espresso Bar. Gostaria de lhe perguntar quais são suas impressões de Luxemburgo e se houve algo que o surpreendeu.

Obrigado, aquilo no bar foi uma molecagem. A próxima será na pizzaria. Luxemburgo realmente me impressionou como uma sociedade bem equilibrada, com leis bem ponderadas, e também uma cultura diferente. Isso me impressionou muito, pois eu não a conhecia. A Bélgica, no entanto, eu já conhecia porque estive lá várias vezes. Mas Luxemburgo foi uma surpresa, pelo equilíbrio, pela acolhida, isso me surpreendeu. Acho que talvez a mensagem que Luxemburgo pode dar à Europa seja justamente essa.

Valerie Dupont, TV estatal belga francófona

Santo Padre, obrigada pela sua disponibilidade. Desculpe a voz, mas a chuva me prejudicou um pouco. Suas palavras no túmulo do rei Balduíno causaram certo espanto na Bélgica...

Mas você sabe que o espanto é o início da filosofia, e isso é bom…

Alguns viram isso como uma interferência política na vida democrática da Bélgica. O processo de beatificação do rei está ligado às suas posições. E como podemos conciliar o direito à vida, a defesa da vida, e também o direito das mulheres a terem uma vida sem sofrimento?

São todas as vidas. O rei foi corajoso porque, diante de uma lei de morte, ele não assinou e renunciou. É preciso coragem, não é? É preciso um político "com pulso firme" para fazer isso. É preciso coragem. Ele também deu uma mensagem com esse gesto e o fez porque era um santo. Aquele homem é santo e o processo de beatificação continuará, porque me deu provas disso.

As mulheres. As mulheres têm o direito à vida: à sua própria vida e à vida de seus filhos. Não podemos esquecer de dizer isso: o aborto é um homicídio. A ciência diz que, no primeiro mês de concepção, todos os órgãos já estão formados... Assassina-se um ser humano. E os médicos que fazem isso são — permita-me a palavra — sicários. São sicários. E sobre isso não se pode discutir. Assassina-se uma vida humana. E as mulheres têm o direito de proteger a vida. Outra coisa são os métodos anticoncepcionais, isso é outra questão. Não confundam. Estou falando agora apenas sobre o aborto. E sobre isso não há discussão. Desculpe-me, mas é a verdade.

Andrea Vreede, TV belga flamenga e holandesa

Santidade, também durante esta viagem à Bélgica, o senhor teve um longo encontro com um grupo de vítimas de abuso sexual. Frequentemente, em seus relatos, aparecem gritos de desespero sobre a falta de transparência nos procedimentos, portas fechadas, silêncio em relação a eles, lentidão nas ações disciplinares, as coberturas de que o senhor falou hoje, os problemas com as indenizações pelos danos sofridos. No final, as coisas parecem mudar apenas quando conseguem falar diretamente com o senhor. Em Bruxelas, as vítimas também fizeram uma série de pedidos. Como o senhor pretende lidar com esses pedidos? E não seria melhor, talvez, criar um departamento específico no Vaticano, um órgão independente, como alguns bispos pedem, para enfrentar melhor essa praga na Igreja e restaurar a confiança dos fiéis?

Obrigado. O último... Existe um departamento no Vaticano. Há uma estrutura, o presidente agora é um bispo colombiano para os casos de abusos. Há uma Comissão, criada pelo cardeal O’Malley. Isso funciona! E tudo é recebido no Vaticano e discutido. Eu também recebi vítimas de abuso no Vaticano e dou apoio para que avancemos. Isso é o primeiro.

Segundo, eu escutei as vítimas de abuso. Acredito que é um dever. Alguns dizem: as estatísticas mostram que 40-42-46% dos abusos ocorrem na família e no bairro, e apenas 3% na Igreja. Isso não me importa, eu me ocupo dos casos da Igreja! Temos a responsabilidade de ajudar as vítimas e cuidar delas. Algumas precisam de tratamento psicológico, é preciso ajudá-las nisso. Também se fala de uma indenização, pois existe no direito civil. No direito civil, acredito que sejam 50 mil euros na Bélgica, o que é muito baixo. Não é algo que sirva. Acho que esse é o valor, mas não tenho certeza. Mas precisamos cuidar das pessoas abusadas e punir os abusadores, porque o abuso não é um pecado de hoje que talvez não exista amanhã... É uma tendência, é uma doença psiquiátrica e, por isso, devemos tratá-los e controlá-los. Não se pode deixar um abusador livre na vida normal, com responsabilidades em paróquias e escolas. Alguns bispos deram empregos, por exemplo, em bibliotecas, a padres que fizeram isso, após o processo e a condenação, mas sem contato com crianças nas escolas, nas paróquias. Mas precisamos avançar com isso. Eu disse aos bispos belgas para não terem medo e seguirem em frente, em frente. A vergonha é encobrir, isso sim é a vergonha. 

Courtney Walsh, pool Tv Usa

Muito obrigada pelo seu tempo. Lemos esta manhã que bombas de 900 kg foram usadas para o assassinato seletivo de Nasrallah. Há mais de mil desabrigados, muitos mortos. O senhor acredita que Israel tenha talvez ido além no Líbano e em Gaza? E como se pode resolver isto? Há uma mensagem para aquelas pessoas ali?

Todos os dias eu telefono para a paróquia de Gaza. Estão ali dentro, paróquia e colégio, mais de 600 pessoas e me contam as coisas que acontecem, inclusive as crueldades que acontecem ali. Não entendi bem como aconteceram as coisas que a senhora me disse, mas a defesa sempre deve ser proporcional ao ataque. Quando há algo desproporcional, se vê uma tendência dominadora que vai além da moralidade. Um país que com a força faz essas coisas – falo de qualquer país –, que faz essas coisas num modo assim “superlativo”, são ações imorais. Também na guerra há uma moralidade a preservar. A guerra é imoral, mas as regras de guerra implicam alguma moralidade. Mas quando isso não é feito, se vê o “sangue ruim”, como nós dizemos na Argentina.

Annachiara Valle, Famiglia Cristiana

Obrigada, Santidade. Ontem, depois do encontro na Universidade de Lovaina, foi divulgado um comunicado onde – leio – “a Universidade deplora as posições conservadoras expressas pelo Papa Francisco sobre o papel da mulher na sociedade”. Dizem que é um pouco redutivo falar da mulher só por causa da maternidade, da fecundidade, do cuidado; que, na verdade, isso é um pouco discriminatório porque é um papel que cabe também aos homens. E relacionado a isso, ambas as Universidades lhe colocaram a questão dos ministérios ordenados na Igreja.

Antes de tudo, este comunicado foi feito no momento em que eu falava. Foi pré-redigido e isso não é moral. Sobre a mulher, eu falo sempre da dignidade da mulher e disse uma coisa que não posso dizer dos homens: a Igreja é mulher, é a esposa de Jesus. Masculinizar a Igreja, masculinizar as mulheres não é humano, não é cristão. O feminino tem a própria força. Ou melhor, a mulher – eu sempre digo – é mais importante dos que os homens, porque a Igreja é mulher, a Igreja é esposa de Jesus. Se isso soa conservador para aquelas mulheres, eu sou Carlos Gardel (famoso cantor de tango argentino, ndr.). Não se compreende… Eu vejo que há uma mente obtusa que não quer ouvir falar disto. A mulher é igual ao homem, ou melhor, na vida da Igreja a mulher é superior, porque a Igreja é mulher. Sobre o ministério, é maior o misticismo da mulher do que o ministério. Há um grande teólogo que estudou isso: quem é o maior, o ministério petrino ou o ministério mariano? É maior o ministério mariano, porque é um ministério de unidade que envolve, o outro é um ministério de condução. A maternalidade da Igreja é uma maternalidade de mulher. O ministério é um ministério muito menor, entregue para acompanhar os fiéis, sempre dentro da maternalidade. Vários teólogos estudaram isso e dizer isso é algo real, não digo moderno, mas real. Não é antiquado. Um feminismo exagerado, que quer dizer que a mulher seja masculinizada, não funciona. Uma coisa é o machismo que não funciona, uma coisa é o feminismo que não funciona. O que funciona é a Igreja mulher, que é maior do que o ministério sacerdotal. E às vezes não se pensa nisso.

Mas obrigado pela pergunta. E obrigado a todos vocês por esta viagem, pelo trabalho que fizeram. Sinto muito que o tempo seja apertado aqui. Mas obrigado, muito obrigado. Rezo por vocês, vocês rezem por mim. Rezem a favor!

(é dito ao Papa sobre a tragédia das 50 pessoas desaparecidas no mar ao largo das Canárias)

Faz-me mal aquelas pessoas desaparecidas nas Canárias. Hoje muitos, muitos migrantes que buscam a liberdade se perdem no mar ou próximo ao mar. Lembremos de Crotone, não? A 100 metros… a sua terra (dirigindo-se à jornalista). Pensemos (no que aconteceu) ali. É de chorar isso, de chorar.

Fonte: Vatican News

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Mais um apelo do Papa contra ataques no Líbano: efeitos devastadores na população

Ao final da missa em Bruxelas, Francisco declarou-se preocupado com os bombardeios no Líbano, pedindo o fim das hostilidades na região. O Pontífice falou ainda do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado e anunciou a abertura da causa de beatificação do Rei belga Balduíno.

Vatican News

Ao final da missa em Bruxelas, o Papa agradeceu a acolhida que recebeu seja das autoridades, seja da população belga e recordou que este domingo, 29 de setembro, se celebra o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, com o tema “Deus caminha com seu povo”.

"Deste país, a Bélgica, que foi e ainda é destino de tantos migrantes, renovo meu apelo à Europa e à comunidade internacional para que considerem o fenômeno migratório como uma oportunidade de crescerem juntos em fraternidade, e convido todos a verem em cada irmão e irmã migrante o rosto de Jesus, que se fez hóspede e peregrino entre nós."

Na sequência, o Pontífice mais uma vez expressou sua preocupação com a ampliação e a intensificação do conflito no Líbano.

"O Líbano é uma mensagem, mas neste momento é uma mensagem atormentada e essa guerra está tendo efeitos devastadores sobre a população: muitas, muitas pessoas continuam a morrer dia após dia no Oriente Médio. Rezemos pelas vítimas, por suas famílias, rezemos pela paz. Peço a todas as partes que cessem imediatamente o fogo no Líbano, em Gaza, no restante da Palestina e em Israel. Libertem os reféns e permitam a ajuda humanitária. Não vamos nos esquecer da martirizada Ucrânia."

Por fim, uma boa notícia para os belgas. O Papa anunciou que, ao regressar a Roma, iniciará o processo de beatificação do Rei Balduíno: "Que seu exemplo de homem de fé ilumine os governantes. Peço que os bispos belgas se comprometam com essa causa".

Antes de rezar o Angelus, Francisco afirmou que esta oração, muito popular nas gerações passadas, merece ser redescoberta: "É uma síntese do mistério cristão, que a Igreja nos ensina a inserir no meio de nossas ocupações diárias. Eu a dou a vocês, especialmente aos jovens, e confio todos vocês à nossa Mãe Santíssima, que é representada aqui, ao lado do altar, como a Sede da Sabedoria. Sim, precisamos da sabedoria do Evangelho! Invoquemo-la com frequência ao Espírito Santo. Obrigado a todos vocês! E avante, 'en route, avec Espérance' (Em caminho com esperança - lema da visita à Bélgica)!" Fonte: Vatican News

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A carmelita Ana de Jesus, beatificada pelo Papa Francisco

Nascida na Espanha e falecida na Bélgica, em 1582 fundou o único mosteiro que Santa Teresa não fundou pessoalmente. São João da Cruz a chamava de “serafim” e a apreciava muito, dedicando a ela seu comentário ao Cântico Espiritual.

Vatican News

No decorrer da missa celebrada no Estádio Rei Balduíno de Bruxelas, na Bélgica, o Papa beatificou Ana de Lobera Torres. A nova beata nasceu em Medina del Campo (Castela) em 25 de novembro de 1545, e faleceu em Bruxelas em 4 de março de 1621.

Em 1570, com o nome religioso de Ana de Jesus, foi acolhida por Santa Teresa em Ávila, no primeiro mosteiro da reforma. No mesmo ano, seguiu Teresa para Salamanca, onde professou votos em 22 de outubro de 1571. Conduzida por Santa Teresa para a fundação de Beas, na Andaluzia, foi depois enviada a Granada (1582) para fundar um mosteiro, o único que Santa Teresa não fundou pessoalmente durante sua vida.

São João da Cruz, que a chamava de “serafim” e a apreciava muito, dedicou a ela seu comentário ao Cântico Espiritual. Em 1586, Ana de Jesus fundou um mosteiro em Madri, onde trabalhou na primeira edição das obras de Santa Teresa de Jesus (1588) e enfrentou a primeira luta para defender as Constituições teresianas.

De lá, foi para Salamanca em 1584, onde foi eleita prioresa em 1586.

Em 1604, sob a orientação de Pietro Bérulle, juntamente com a Beata Ana de São Bartolomeu e outras quatro monjas, Ana de Jesus foi para a França, onde fundou os mosteiros de Paris (1604), Pontoise e Dijon (1605).

Algumas divergências com Bérulle, que parecia estar dando uma direção ao Carmelo francês que não correspondia ao ideal de Santa Teresa, e o desejo de ser dirigida pelos Carmelitas Descalços, levaram Ana de Jesus a aceitar o convite dos arquiduques da Bélgica para transferir-se para as Flandres, onde fundou os mosteiros de Bruxelas, Lovaina e Mons (1607).

De volta a Bruxelas, após alguns anos de grandes sofrimentos interiores e físicos, faleceu lá, deixando uma reputação de grande santidade, comprovada também por graças e milagres.

O processo de beatificação foi iniciado logo após sua morte, mas, devido a várias circunstâncias, o reconhecimento das suas virtudes heroicas só ocorreu em 28 de novembro de 2019. Em 14 de dezembro de 2023, o Santo Padre Francisco reconheceu um milagre ocorrido no momento da morte de Ana de Jesus, atribuído à sua intercessão.

Fonte: Vatican News

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Papa participa da "mini JMJ" de Bruxelas

Evento foi organizado em concomitância com a visita papal, reunindo jovens da região.

Vatican News

Ao final do encontro com seus irmãos jesuítas, o Papa foi ao ginásio de Bruxelas saudar os cerca de seis mil jovens reunidos para o "Hope Happening", um espécie de "mini JMJ" realizada em concomitância com a visita papal.

Organizado por cerca de 40 associações juvenis, o evento contou com o apoio da Conferência Episcopal da Bélgica e preparou os jovens para a missa dominical presidida pelo Pontífice.

A presença de Francisco foi rápida, mas foi suficiente para entusiasmar ainda mais os jovens, que foram convidados a "fazer barulho": "E se você encontrar um jovem assim (faz o gesto de sentar), esse jovem é chato, não tem juventude. Eu lhes dou um conselho: vão em frente, façam barulho, tenham sempre a memória do Senhor e a memória com a oração. Nos vemos amanhã!".

Fonte: Vatican News

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Fátima-Portugal: Papa associou-se a peregrinação europeia de pessoas surdas

 Mensagem sublinha que «presença de Deus se sente mais com a fé do que com os ouvidos»

O Papa associou-se hoje à II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas, que se realizou no Santuário de Fátima, reunindo cerca de 400 pessoas de várias nacionalidades.

“O Santo Padre está-lhes muito grato porque ensinam a conviver com as próprias fragilidades e lembram que a presença de Deus se sente mais com a fé do que com os ouvidos”, refere o texto, enviado através do secretário de Estado do Vaticano.

A mensagem foi lida pelo padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, no início da Missa dominical, no recinto de oração da Cova da Iria.

“Francisco saúda os participantes na II peregrinação europeia de pessoas surdas, sobre quem invoca a abundância dos favores divinos, para que se tornem cada vez mais conscientes do dom que são na Igreja e no mundo”, refere.

O Papa destaca que o santuário é “uma casa sem portas”, onde a Virgem Maria se apresenta como “uma mãe de todos e se alegra quando cada um, ao pé dela, reconhece que é o amor de Deus a fazê-lo único e imprescindível nos desígnios celestes para o progresso dos povos”.

A II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas é organizada pelos Católicos Surdos da Europa e conta com o apoio do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Conferência Episcopal Portuguesa, e do Santuário de Fátima, que há cerca de uma década organiza a Peregrinação da Comunidade Surda portuguesa à Cova da Iria.

D. Joaquim Dionísio, bispo auxiliar do Porto, que presidiu à Eucaristia dominical no recinto de oração, apresentou na sua homilia a Igreja como “uma casa aberta e acolhedora”.

O responsável saudou ainda os participantes na Peregrinação Nacional do Rosário e da Família Dominicana, marcada pelo “convite à oração”, tendo em vista o Jubileu de 2025, convocado pelo Papa Francisco.

Para D. Joaquim Dionísio, é necessário reencontrar o “desejo” de rezar, diante de Deus, e “repensar e reforçar opções e práticas”, de forma comunitária, pessoal e familiar.

“Rezar não dispensa de agir”, acrescentou.

A homilia evocou os “excluídos e esquecidos” da sociedade, as muitas pessoas que perderam a fé e a esperança, ao longo da sua vida.

A II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas terminou na tarde deste domingo; no decorrer dos últimos três dias de peregrinação, os participantes “conheceram de perto os espaços do Santuário e a Mensagem de Fátima, num encontro que serviu para rezar e solidificar a comunidade”, disse o presidente da organização Católicos Surdos da Europa, Miguel Garcia, citado pela página oficial do santuário.

Fonte: Agência Ecclesia

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Médio Oriente: Papa apela a cessar-fogo imediato na região, denunciando «ações imorais» 

Francisco assume preocupação com agravamento da guerra no Líbano

O Papa apelou hoje a um cessar-fogo imediato no Médio Oriente, assumindo preocupação com o agravamento da guerra no Líbano.

“Muitas, demasiadas pessoas continuam a morrer dia após dia no Médio Oriente. Rezemos pelas vítimas, pelas suas famílias, rezemos pela paz. Apelo a todas as partes para que cessem imediatamente o fogo no Líbano, em Gaza, no resto da Palestina, em Israel. Libertem os reféns e permitam a ajuda humanitária”, disse, no final da Missa que encerrou a sua viagem à Bélgica.

Israel tem levado a cabo, desde a última segunda-feira, uma campanha de bombardeamentos contra o movimento xiita Hezbollah, no sul e no leste do Líbano, tendo morto o seu líder, Hassan Nasrallah.

Falando aos cerca de 35 mil participantes na celebração, que decorreu no Estádio Rei Balduíno, Francisco disse “acompanhar, com tristeza e muita preocupação, o alargamento e a intensificação do conflito no Líbano”.

“O Líbano é uma mensagem, mas neste momento é uma mensagem martirizada. E esta guerra tem efeitos devastadores sobre a população”, advertiu.

Após a recitação do ângelus, o Papa convidou a rezar pelo “dom da paz para a martirizada Ucrânia, bem como para a Palestina e Israel, para o Sudão, Mianmar e demais territórios devastados pela guerra”.

No voo de regresso a Roma, o Papa deixou críticas a bombardeamentos que atingem civis, numa resposta a questões sobre a guerra no Líbano, afirmando que “a defesa sempre deve ser proporcional ao ataque”.

“Quando há algo desproporcional, deteta-se uma tendência dominadora que vai além da moralidade. Um país que com a força faz essas coisas – falo de qualquer país –, que faz essas coisas num modo, assim, superlativo, são ações imorais”, denunciou.

Francisco sustentou que “também na guerra há uma moralidade a preservar”.

“A guerra é imoral, mas as regras de guerra implicam alguma moralidade”, acrescentou.

O Papa falou ainda do conflito entre Israel e o Hamas, em particular da Paróquia de Gaza, para onde telefona todos os dias.

“Estão ali dentro, paróquia e colégio, mais de 600 pessoas e contam-se as coisas que acontecem, inclusive as crueldades, ali”, observou.

Fonte: Agência Ecclesia

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Homilia do papa Francisco na missa de encerramento da sua visita a Bélgica

Homilia completa do papa Francisco hoje (29), na missa de encerramento da sua viagem a Bélgica, no estádio rei Balduíno, com a presença de mais de 35 mil fiéis:

"Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria para ele atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e lançarem-no ao mar” (Mc 9, 42). Com estas palavras, dirigidas aos discípulos, Jesus alerta para o perigo de escandalizar, ou seja, de obstruir o caminho e ferir a vida dos “pequeninos”. É uma advertência forte, severa, sobre a qual devemos parar para refletir. Gostaria de o fazer convosco, também à luz de outros textos sagrados, a partir de três palavras-chave: abertura, comunhão e testemunho.

Começamos com a abertura. A Primeira Leitura e o Evangelho falam-nos dela, mostrando-nos a ação livre do Espírito Santo que, na narrativa do êxodo, enche com o seu dom de profecia não só os anciãos que tinham ido com Moisés à tenda da reunião, mas também dois homens que tinham ficado no acampamento.

Isto faz-nos pensar, porque se inicialmente era escandaloso que eles estivessem ausentes do grupo dos eleitos, depois do dom do Espírito, é escandaloso proibi-los exercer a missão que, todavia, receberam. Percebe-o bem Moisés, homem humilde e sábio, ao dizer com mente e coração abertos: «Quem dera que todo o povo do SENHOR profetizasse, que o Senhor enviasse o seu espírito sobre ele!» (Nm 11, 29). Um belo desejo!

São palavras sábias, que antecipam o que Jesus diz no Evangelho (cf. Mc 9, 38-43.45.47-48). Aqui, a cena passa-se em Cafarnaum, onde os discípulos gostariam de impedir um homem de expulsar demónios em nome do Mestre, porque – afirmam – “não nos segue” (Mc 9, 38), ou seja, “não faz parte do nosso grupo”. É assim que pensam: “Quem não nos segue, quem não é ‘dos nossos’ não pode fazer milagres, não tem direito”. Mas como sempre, Jesus surpreende-os – Jesus sempre nos surpreende – e repreende-os, convidando-os a ultrapassar os seus esquemas, a não se “escandalizarem” com a liberdade de Deus. E diz-lhes: «Não o impeçais [...] quem não é contra nós é por nós» (Mc 9, 39-40).

Reparemos bem nestas duas cenas, a de Moisés e a de Jesus, porque elas também nos dizem respeito a nós e à nossa vida cristã. Com efeito, pelo Batismo, todos nós recebemos uma missão na Igreja. Trata-se de um dom, não de um título ostentoso. A Comunidade dos crentes não é um círculo de privilegiados, é uma família de salvos, e nós não é pelos nossos próprios méritos que somos enviados a levar o Evangelho ao mundo, mas pela graça de Deus, pela sua misericórdia e pela confiança que, apesar de todos os nossos limites e pecados, Ele continua a depositar em nós com amor de Pai, vendo em cada um o que nós próprios não conseguimos ver. É por isso que, dia após dia com paciência, Ele nos chama, envia e acompanha.

Assim, se quisermos cooperar, com amor aberto e atencioso, na ação livre do Espírito, sem sermos um escândalo, um obstáculo para ninguém devido à nossa presunção e rigidez, temos de cumprir a nossa missão com humildade, gratidão e alegria. Não devemos ficar ressentidos, mas sim alegrarmo-nos com o facto dos outros poderem também fazer o que nós fazemos, para que o Reino de Deus cresça e para que, um dia, todos unidos nos encontremos entre os braços do nosso Pai.

E isto leva-nos à segunda palavra: comunhão. São Tiago fala-nos dela na segunda leitura (cf. Tg 5, 1-6) com duas imagens fortes: as riquezas que se corrompem (cf. v. 3) e os brados dos ceifeiros que chegam aos ouvidos do Senhor (cf. v. 4). Deste modo, recorda-nos que o único caminho da vida é o do dom, do amor que une na partilha. O caminho do egoísmo gera apenas fechamentos, muros e obstáculos – “escândalos”, portanto – que nos acorrentam às coisas e nos afastam de Deus e dos irmãos.

O egoísmo, como tudo o que impede a caridade, é “escandaloso”, porque esmaga os pequenos, humilhando a dignidade das pessoas e abafando o clamor dos pobres (cf. Sal 9, 13). E isto era tão real no tempo de São Paulo como o é para nós hoje. Pensemos, por exemplo, no que acontece quando, na base da vida das pessoas e das comunidades, se colocam apenas os princípios do interesse próprio e da lógica do mercado (cf. Exortação ap. Evangelii gaudium, 54-58): cria-se um mundo onde já não há lugar para quem está em dificuldade, nem misericórdia para quem erra, nem compaixão para quem sofre e não aguenta mais.

Pensemos no que acontece quando os pequenos são vítimas de escândalo, golpeados, abusados por aqueles que deveriam cuidá-los, nas feridas de dor e de impotência, principalmente nas vítimas, mas também nos familiares e em toda a comunidade. Com a mente e com o coração volto à história destes pequenos a quem encontrei anteontem. Eu os escutei, senti o seu sofrimento enquanto abusados, e o repito aqui: na Igreja há lugar para todos, mas todos seremos julgados e não há lugar para o abuso, não há lugar para o encobrimento dos abusos. Peço a todos: não encobri os abusos! Peço aos bispos: não encobri os abusos! Condenai os abusadores e ajudai-lhes a curar-se desta enfermidade que são os abusos. O mal não se esconde, mas deve ser posto ao descoberto: que se saiba! Como o fizeram com coragem alguns dos abusados. Que se saiba! E que se julgue o abusador, seja leigo, leiga, padre ou bispo.

A Palavra de Deus é clara: diz que os “brados dos ceifeiros” e o “clamor dos pobres” não podem ser ignorados, não podem ser eliminados, como se fossem uma nota dissonante no concerto perfeito do mundo da riqueza, nem podem ser silenciados através de uma forma de assistencialismo de fachada. Pelo contrário, são a voz viva do Espírito, que nos recorda quem somos – todos somos pobres pecadores… todos… eu, o primeiro –; e as pessoas abusadas são um lamento que sobe aos céus, que toca a alma, faz-nos envergonhar e nos chama à conversão. Não lhes impeçamos de ser voz profética, silenciando-a com a nossa indiferença. Escutemos o que Jesus diz no Evangelho: longe de nós o olho escandaloso, que vê o indigente e olha para o lado! Longe de nós a mão escandalosa, que cerra o punho para esconder os seus tesouros e se esconde avidamente nos bolsos! A minha avó dizia: “o diabo entra pelos bolsos”. Aquela mão que golpeia ao realizar um abuso sexual, um abuso de poder, um abuso de consciência contra quem é mais fraco. E quantos casos de abuso temos em nossa história e em nossa sociedade! Longe de nós o pé escandaloso, que corre depressa, não para se aproximar dos que sofrem, mas para “passar adiante” e ficar à distância! Longe de nós! Deste modo, nada se constrói de bom e de sólido! Gosto de fazer uma pergunta às pessoas: “- Dás esmolas?” “- Sim, padre!” “- Mas, quando dás a esmola, tocas na mão dá pessoa indigente ou lanças a esmola e olhas para outro lado? Olhas nos olhos das pessoas que sofrem?” Pensemos nisto.

Se quisermos semear com vista ao futuro, também a nível social e económico, far-nos-á bem voltar a colocar o Evangelho da misericórdia na base das nossas escolhas. Jesus é a misericórdia e todos nós somos objeto desta misericórdia. Caso contrário, por mais imponentes que pareçam, os monumentos da nossa opulência serão sempre gigantes com pés de barro (cf. Dn 2, 31-45). Não tenhamos ilusões: sem amor não há nada que dure, tudo se desvanece, desmorona e nos deixa prisioneiros de uma vida fugaz, vazia e sem sentido, de um mundo inconsistente que, para além das fachadas, perdeu toda a credibilidade, porque escandalizou os mais pequenos.

E assim chegamos à terceira palavra: testemunho. Podemos, a este propósito, tomar o exemplo da vida e das obras de Ana de Jesus (Ana de Lobera), no dia da sua beatificação. Na Igreja do seu tempo, esta mulher foi uma das protagonistas de um grande movimento de reforma, seguindo os passos de uma “gigante do espírito” – Teresa de Ávila – cujos ideais difundiu em Espanha, em França e também aqui, em Bruxelas, nos então chamados Países Baixos espanhóis.

Numa época marcada por dolorosos escândalos, tanto dentro como fora da comunidade cristã, ela e as suas companheiras, com uma vida simples e pobre feita de oração, trabalho e caridade, conseguiram trazer de novo tantas pessoas à fé a ponto de alguém descrever a sua fundação nesta cidade como um “íman espiritual”.

Por opção, não deixou escritos. Em vez disso, empenhou-se em pôr em prática o que tinha aprendido (cf. 1 Cor 15, 3) e, com o seu estilo de vida, contribuiu para reerguer a Igreja num momento de grande dificuldade.

Acolhamos, pois, com gratidão o modelo, simultaneamente delicado e forte, de “santidade feminina” que ela nos deixou (cf. Exortação ap. Gaudete et Exsultate, 12), feito de abertura, de comunhão e de testemunho. Confiemo-nos à sua intercessão, imitemos as suas virtudes e renovemos com ela o nosso compromisso caminharmos juntos seguindo as pegadas do Senhor. - Fonte: ACIDigital

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Discurso do papa Francisco aos estudantes da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica

O papa Francisco encontrou-se com os estudantes da Universidade Católica de Lovaina ontem (28), no terceiro dia da sua visita apostólica a Bélgica.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Obrigado, Senhora Reitora, pelas suas amáveis palavras. Queridos estudantes, estou feliz por vos encontrar e por ouvir as vossas reflexões. Nelas encontro paixão e esperança, desejo de justiça, procura de verdade.

Entre as questões abordadas, impressionou-me aquela que se refere ao futuro e à angústia. Damo-nos conta de como é violento e arrogante o mal que destrói o meio ambiente e os povos. Parece não ter limites. A guerra é a sua expressão mais brutal – sabeis que em um País, que não nomearei, os investimentos que geram mais lucro hoje são as fábricas de armamentos, isso é terrível – e parece que não há como frear esse processo: a guerra é uma expressão brutal; tal como a corrupção e as formas modernas de escravidão. Guerra, corrupção e novas formas de escravidão. Por vezes, estes males contaminam a própria religião, tornando-se um instrumento de domínio. Estai atentos! Isto é uma blasfémia. A união dos homens com Deus, que é Amor salvífico, torna-se assim escravidão. Até mesmo o nome pai, que é uma revelação de solicitude, se transforma numa expressão de prepotência. Deus é Pai, não patrão; é Filho e Irmão, não ditador; é Espírito de amor, e não de domínio.

Nós, cristãos, sabemos que ao mal não cabe a última palavra – e sobre isso devemos estar seguros: o mal não tem a última palavra – e que ele tem, como se costuma dizer, os dias contados. Tal não diminui o nosso compromisso, muito pelo contrário, aumenta-o: a esperança é uma das nossas responsabilidades. Uma responsabilidade a ser assumida pois a esperança jamais decepciona. E esta certeza vence aquela consciência pessimista, ao estilo da Turandot (personagem principal da ópera homônima) … a esperança jamais decepciona!

E agora, três palavras: gratidão, missão, fidelidade.

A primeira atitude é a gratidão, porque esta casa foi-nos dada: não somos donos, somos hóspedes e peregrinos sobre a terra. O primeiro a tratar dela é Deus. Nós, antes de mais, somos alvo dos cuidados de Deus, que criou a terra – diz Isaías – “não como uma região caótica, mas pronta para ser habitada” (cf. Is 45, 18). O salmo oitavo está repleto de gratidão maravilhada: «Quando contemplo os céus, obra das tuas mãos, / a Lua e as estrelas que Tu criaste: / que é o homem para te lembrares dele, / o filho do homem para com ele te preocupares?» (Sl 8, 4-5). A oração que me brota do coração é: Obrigado, ó Pai, pelo céu estrelado e pela vida no Universo!

A segunda atitude é a missão. Estamos no mundo para preservar a sua beleza e cultivá-la a bem de todos, especialmente da posteridade, dos vindouros. Este é o “programa ecológico” da Igreja. Porém, nenhum projeto de desenvolvimento será bem-sucedido se a arrogância, a violência e a rivalidade permanecerem nas nossas consciências e também na nossa sociedade. Temos de ir à fonte do problema, que é o coração humano. É também do coração do homem que vem a urgência dramática da questão ecológica: da indiferença arrogante dos poderosos, que colocam sempre os interesses económicos acima de tudo, ou seja, o dinheiro. Lembro-me de algo que a minha avó sempre me dizia: “Sê vigilante na vida, pois o diabo entra pelos bolsos”. O interesse econômico. Enquanto assim for, todos os apelos serão silenciados ou serão acolhidos apenas na medida em que forem convenientes para o funcionamento do mercado. Esta “espiritualidade”, digamo-lo assim, de mercado. E enquanto o mercado estiver em primeiro lugar, a nossa casa comum sofrerá injustiças. A beleza da dádiva reclama a nossa responsabilidade: somos hóspedes, não tiranos. A este respeito, queridos estudantes, encarai a cultura como o cultivo do mundo e não apenas como cultivo de ideias.

Eis aqui o desafio do desenvolvimento integral, que exige a terceira atitude: a fidelidade. Fidelidade a Deus e fidelidade ao homem. Na verdade, este desenvolvimento diz respeito a todas as pessoas em todos os aspectos da sua vida: físico, moral, cultural, sociopolítico; e opõe-se a qualquer forma de opressão e de descarte. A Igreja denuncia estes abusos, empenhando-se, antes de mais, na conversão de cada um dos seus membros, de nós próprios, à justiça e à verdade. Neste sentido, o desenvolvimento integral apela à nossa santidade: é vocação para uma vida justa e feliz, para todos.

Agora, a opção a fazer está, pois, entre manipular a natureza ou cultivá-la. Assim é a opção: manipulo a natureza ou a cultivo. A começar pela nossa natureza humana – pensemos na eugenia, nos organismos cibernéticos, na inteligência artificial. A opção entre manipular ou cultivar diz também respeito ao nosso mundo interior.

Pensar na ecologia humana leva-nos a um assunto que vos é caro, como o tem sido para mim e para os meus Predecessores: o papel das mulheres na Igreja. Me agrada o que disseste. Neste âmbito, pesam muito a violência e a injustiça, juntamente com os preconceitos ideológicos. Por isso, temos de redescobrir o ponto de partida: quem é a mulher e quem é a Igreja. A Igreja é mulher: não é “o” Igreja, mas “a” Igreja, é a esposa. A Igreja é o povo de Deus, não uma empresa multinacional. A mulher, no Povo de Deus, é filha, irmã, mãe. Tal como eu sou filho, irmão, pai. São as relações que exprimem o nosso ser à imagem de Deus, homem e mulher, juntos, não em separado! Com efeito, as mulheres e os homens são pessoas, não indivíduos; são chamados desde o “princípio” para amar e serem amados. Uma vocação que é missão. Daqui deriva o seu papel na sociedade e na Igreja (cf. São João Paulo II, Carta ap. Mulieris Dignitatem, 1).

Não é o consenso nem são as ideologias que sancionam o que é caraterístico da mulher, o que é feminino. A dignidade é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne. A dignidade é um bem inestimável, uma qualidade original, que nenhuma lei humana pode dar ou tirar. A partir desta dignidade, comum e partilhada, a cultura cristã elabora sempre de novo, em diferentes contextos, a missão e a vida do homem e da mulher e o seu mútuo ser um para o outro, em comunhão. Não um contra o outro – isto seria feminismo ou machismo – e não com reivindicações opostas, mas o homem pela mulher e a mulher pelo homem, juntos.

Recordemos que a mulher está no centro do acontecimento salvífico. É a partir do “sim” de Maria que o próprio Deus vem ao mundo. A mulher é acolhimento fecundo, cuidado, dedicação vital. Por isso a mulher é mais importante que o homem, e é triste quando a mulher quer fazer-se homem: não, é mulher, e isto “tem peso”, é importante. Abramos os olhos para os muitos exemplos quotidianos de amor, das amizades ao trabalho, do estudo à responsabilidade social e eclesial, da conjugalidade à maternidade ou à virgindade em favor do Reino de Deus e do serviço. Não esqueçamos, repito: a Igreja é mulher, não é masculina, é mulher.

Vós próprios estais aqui para crescer como mulheres e como homens. Enquanto pessoas, estais a caminho, em formação. É por isso que o vosso percurso académico abrange diferentes âmbitos: investigação, amizade, serviço social, responsabilidade civil e política, expressão artística...

Penso na experiência que todos os dias viveis, nesta Universidade Católica de Lovaina, e partilho três aspectos, simples e decisivos, da formação: Como estudar? Porquê estudar? E para quem estudar?

Como estudar: como em qualquer ciência, não existe apenas um método, mas também um estilo. Cada um pode cultivar o seu. Efetivamente, o estudo é sempre um caminho para o conhecimento de si mesmo e dos outros. Mas há ainda um estilo comum que pode ser partilhado na comunidade universitária. Estuda-se em conjunto: com aqueles que chegaram antes de mim – professores, colegas mais adiantados –, e com aqueles que estão ao meu lado, na sala de aula. A cultura enquanto autocuidado implica cuidarmos uns dos outros. Não existe uma guerra entre estudantes e professores, mas o diálogo. Às vezes é um diálogo um pouco intenso, mas é diálogo que faz crescer a comunidade universitária.

Segundo: porquê estudar. Há uma razão que nos move e um objetivo que nos atrai, que devem ser bons, porque deles depende o sentido do estudo, depende a direção da nossa vida. Por vezes, estudo com o objetivo de conseguir aquele tipo de trabalho, acabando por viver em função dele. Tornamo-nos “mercadoria” se vivermos em função do trabalho. Não se vive para trabalhar, trabalha-se para viver; é fácil dizê-lo, mas pô-lo em prática com coerência implica empenho. E a palavra coerência é muito importante para todos, mas especialmente para vós, estudantes. Deveis aprender esta atitude: ser coerentes.

Terceiro: para quem estudar. Para si próprio? Para prestar contas aos outros? Estudamos para poder educar e servir os outros, antes de mais com o serviço da competência e da autoridade. Em vez de nos perguntarmos se estudar serve para alguma coisa, preocupemo-nos em servir alguém. Uma bela pergunta que o estudante universitário pode propor-se: A quem sirvo? A mim mesmo? Ou tenho o coração aberto para um outro serviço? Então, o grau universitário atesta aptidão para o bem comum. Estudo para mim, para trabalhar, para ser útil, para o bem comum. E tudo isto deve ser muito balanceado.

Queridos estudantes, é para mim uma alegria partilhar convosco estas reflexões. Ao fazê-lo, apercebemo-nos de que há uma realidade maior que nos ilumina e ultrapassa: a verdade. “O que é a verdade?” Pilatos formulou esta pergunta. Sem a verdade, a nossa vida perde sentido. O estudo faz sentido quando procura a verdade, quando busca encontrá-la, mas com senso crítico. Para encontrar a verdade é necessário ter senso crítico, assim podemos avançar. O estudo faz sentido quando procura a verdade, não o esqueçais. E, ao procurá-la, compreende que fomos feitos para a encontrar. A verdade deixa-se encontrar: é acolhedora, disponível e generosa. Se renunciarmos a procurar juntos a verdade, o estudo torna-se um instrumento de poder, de controlo sobre os outros. Confesso-vos que me entristece quando encontro, em qualquer parte do mundo, universidades que preparam os estudantes somente para lucrar ou ter poder. Isso é exageradamente individualista, não comunitário. A alma mater é a comunidade universitária, a universidade, aquilo que nos ajuda a construir a sociedade, a construir fraternidade. Não serve o estudo sem (buscar a verdade) ao mesmo tempo, não serve, mas domina. Pelo contrário, a verdade torna-nos livres (cf. Jo 8, 32). Caros estudantes, quereis a liberdade? Sede buscadores e testemunhas da verdade! Procurai ser credíveis e coerentes através das escolhas quotidianas mais simples. Assim, esta torna-se, todos os dias, aquilo que quer ser: uma Universidade Católica! Segui em frente e não entreis em lutas com as dicotomias ideológicas. Não esqueçais: a Igreja é mulher e (saber) isto nos ajudará muito.

Obrigado por este encontro. Obrigado a ti que foste corajosa! Ao vosso caminho de formação e a todos vós, de coração abençoo. E peço-vos, por favor que rezeis por mim. E se alguém não reza ou não sabe rezar ou não quer rezar, pelo menos mande-me “boas ondas”, que são necessárias. Obrigado!

Fonte: ACIDigital

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Do dia 28/9/2024

Tempo de conhecer o amor: entrevista especial com a missionária em Moçambique, Maria Bernardete Acadroli 

Maria Bernardete foi enviada pelo Regional Sul 3 e pela Diocese de Caxias do Sul e esteve na missão em Moçambique durante 3 anos.

Em 15 de setembro de 2021, Maria Bernardete Acadroli embarcou rumo a Moçambique, sabendo pouco ou quase nada do que lhe esperava no lado de lá do Oceano Atlântico. A viagem tinha um sentido especial, não só pelo destino quanto pelo objetivo: integrar a equipe missionária do Regional Sul 3 em Moma, na Arquidiocese de Nampula.

Depois de cumprir os três anos previstos para estar na missão ad gentes, Bernardete retornou ao Brasil no último fim de semana. Residente em Garibaldi, na Diocese de Caxias do Sul, a leiga partilha algumas impressões da missão, da realidade moçambicana e da sua atuação no país africano durante este tempo que, segundo ela, mudou para sempre a sua vida.

A seguir, a entrevista na íntegra:

Você ficou 3 anos na missão em Moçambique, o que isso significou na sua vida?

Foi tempo de conhecer o verdadeiro amor, o amor que dá sentido à vida. O verdadeiro sentido da vida é o amor (amor ao próximo). Amar para ser amada.

Deste tempo quais as maiores alegrias?

Sentir e vivenciar o amor do povo, ajudar as pessoas na área da saúde e as mulheres em vários aspectos.

E os desafios?

No princípio a língua, depois os recursos para a saúde. Também na educação, a falta de incentivo dos pais ou responsáveis pelas crianças.

A missão do Rio Grande do Sul está celebrando 30 anos em Moçambique e a CNBB no Regional, 60. O que você acha que a missão ad gentes tem a contribuir com a Igreja no Rio Grandedo Sul?

Primeiramente, trazendo para uma experiência e vivência aqui no Brasil, os padres ordenados que passaram no Lar Vocacional (saiba mais sobre o Lar Vocacional, aqui).

Nas reuniões dos Conselhos Missionários Regional e Diocesanos, trazer presente a equipe missionária sempre que possível, para uma partilha de experiências, mostrando a realidade vivida pelo povo moçambicano e pelos missionários e missionárias.

Precisamos de instituições mais sensíveis e amorosas, que percebam qual o verdadeiro sentido da vida e do projeto de Deus para cada um de nós e nossa missão aqui na terra. Sendo menos materialista e exibicionista, mais humana e acolhedora.

A missão do RS tem sempre a característica de ter leigos na equipe. No seu ponto de vista, por que é importante que o Regional Sul 3 envie leigas e leigos à missão?

Nesses três anos de missão, pude ver e perceber que a presença de leigas na missão é tão importante quanto a dos padres. Os padres têm seus encargos e afazeres direcionados às paróquias, enquanto os leigos estão mais disponíveis e trabalham em todas as áreas, dependendo da vontade, disponibilidade e característica de cada um.

Também acredito que as leigas sempre terão sempre um grande papel na missão Moma, devido ao contexto de vulnerabilidade das mulheres. A escuta, o desabafo, a ajuda nas dores e sofrimento das mulheres são, em alguma medida, caminhos para acolher e curar no afeto e no carinho que nós, mulheres, podemos oferecer àquelas que sofrem.

Como vão os projetos sociais desenvolvidos pela equipe missionária? Você pode contar um pouco sobre eles?

Todos os projetos vão bem, cada qual responde a sociedade com seu propósito.

O Murima Wa Mwana (do macua: Coração de Criança) é uma escolinha criada em 2017 para reforçar o estudo das crianças da primeira à sexta classe. Enquanto as crianças do pré 1 e 2 estão na fase de aprendizado, conhecimento de letras, números, desenhos, brincadeiras e contos. O projeto também oferece alfabetização aos adultos, em especial às mulheres. Com isso, ajuda e incentiva a educação, desde as crianças até os adultos. Muitas mulheres que passaram pelo projeto já estão na escola secundária cursando a sétima, oitava e nona classe, para orgulho e alegria da equipe missionária. Os professores voluntários que ajudam na alfabetização, estão em constante formação, através de encontros, reuniões, conversas individuais, além do convívio e contato com as crianças diariamente.

A Biblioteca Watana (do macua: comunhão), é um espaço para pesquisa e trabalhos da escola dos alunos da sétima até a décima segunda classe, bem como incentivo à leitura para toda população de Moma. Temos livros de contos, histórias e romances. Neste último ano avaliamos que o acesso a biblioteca reduziu, especialmente porque a internet e os telefones digitais se popularizaram em Moma, resultando na diminuição da procura dos livros. Por um lado, é bom, mas penso que ler e pesquisar é sempre melhor do que encontrar pronto. Na biblioteca, os facilitadores ajudam na procura dos livros e até mesmo na produção dos trabalhos, as vezes de uma máteria, mas contida em outro livro. Assim estudam e ajudam os colegas nas suas dúvidas e trabalhos.

E o projeto que você iniciou com as mulheres, como foi?

Sempre tive vontade de ensinar algo para as mulheres, mas vivia ocupada nas visitas missionárias, sacramentos, avaliações, formações e projetos sociais… Enfim, tudo que a missão ad gentes nos exige a cada dia.

Resolvi dar um tempo a essas saídas para me dedicar às mulheres. Tenho maior orgulho dessas 11 mulheres guerreiras e batalhadoras. São mulheres hábeis e inteligentes. Em 3 meses elas aprenderam a fazer crochê e com duas aulas de bordado já fazem coisas lindas. Já comercializam seus produtos para sua renda e isso enche meu coração de alegria.

Para concluir, o que você deseja à missão para os próximos 30 anos?

Que siga sendo ministerial, que receba sempre missionários e missionárias dispostos a dialogar e viver na cultura, abertos a um novo estilo de vida, com vontade, ânimo, fé e esperança de ensinar e propagar o amor. E, assim, projetar dias melhores ao povo atendido pela missão do Regional Sul 3 em Moçambique, Moma.

Victória Holzbach | CNBB Sul 3

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Exposição "Nos Passos de Maria" traz um olhar sobre a vida e a devoção a Maria 

Nesta quinta-feira (26), às 19h, ocorrerá a abertura da exposição “Passos de Maria”. Uma exposição permanente, com acesso livre, das 10h às 22h durante todo o período do evento, no Espaço Multicultural/Hall da Biblioteca da Universidade Lasalle, em Canoas. A exposição trará um olhar profundo sobre a vida e a devoção a Maria, convidando os visitantes a uma reflexão espiritual e cultural. Será um espaço de conexão entre a fé, a história e a educação, aberto para o público explorar e se inspirar.

Simultaneamente, a Capela São José, localizada no campus da universidade, receberá alunos do Colégio La Salle Canoas para apresentações especiais sobre a história de Nossa Senhora. O conteúdo será ministrado pela professora e escritora Iranélci Padilha (responsável e guardiã do acervo das telas de Nossa Senhora, junto à Paróquia Nossa Senhora das Graças, Canoas, RS). Este momento será exclusivo para grupos escolares, mediante agendamento prévio.

A curadoria das atividades está sob a responsabilidade da Profa. e escritora Iranélci Padilha (Paróquia Nossa Senhora das Graças), da Profa. Dra. Cleusa Maria Gomes Graebin (Unilasalle / Museu e Arquivo Histórico La Salle) e do Doutorando, o Me. Paulo Felipe Teixeira Almeida (Unilasalle / Universidade do Sentido).

Serviço:

O quê: 18ª Primavera dos Museus na Unilasalle | Exposição Passos de Maria

Quando: 23 de setembro a 4 de outubro

Onde: Espaço Multicultural / Hall da Biblioteca e Capela São José na Unilasalle (Av. Victor Barreto, 2288, Canoas, RS)

Horários: Exposição Permanente no Espaço Multicultural e Hall da Biblioteca, das 10h às 22h. Abertura da exposição, quinta-feira (26), às 19h.

Fonte: Arquidiocese de Porto Alegre

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Papa aos jovens: a busca pela verdade deve superar o individualismo e o desejo de poder

Durante sua visita à Bélgica, Francisco se reuniu com os estudantes da Universidade Católica de Lovaina, por ocasião dos 600 anos de sua fundação. O Pontífice abordou questões de justiça social, responsabilidade ambiental e o papel das mulheres na Igreja, incentivando os jovens a nutrir a esperança e a trabalhar por um futuro melhor. "Me entristece quando encontro, em qualquer parte do mundo, universidades que servem apenas para preparar os estudantes a ganhar dinheiro ou obter poder", afirmou.

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco encontrou-se neste sábado (28/09) com estudantes da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, como parte de sua visita ao país. O evento, que marca a celebração dos 600 anos da instituição, foi uma oportunidade para o Pontífice dialogar sobre desafios contemporâneos e a importância da esperança e do compromisso com a verdade.

Em seus discurso, o Santo Padre expressou sua preocupação com as várias formas de mal que afligem o mundo, incluindo a guerra e a degradação ambiental, e alertou que esses males muitas vezes contaminam a religião, transformando-a em um instrumento de opressão. “A união dos homens com Deus, que é Amor salvífico, torna-se escravidão”, afirmou, incentivando os estudantes a continuar a trabalhar em prol de um futuro melhor.

Três atitudes para a relação entre Cristianismo e Ecologia

Francisco abordou a relação entre Cristianismo e ecologia ao compartilhar a importância de cultivar a gratidão por Deus, que nos confere a criação como um presente divino, e nos convida a sermos "hóspedes e peregrinos" neste mundo. Segundo o Papa, temos a missão de preservar a beleza da Terra, e o compromisso com a natureza deve se sobrepor a interesses econômicos e a indiferença dos poderosos. Além disso, o Pontífice enfatizou a necessidade de fidelidade a Deus e ao próximo, convocando a todos para um desenvolvimento integral que respeite todas as dimensões da vida humana e combata a opressão.

"Desenvolvimento diz respeito a todas as pessoas e a todos os aspectos de sua vida: físico, moral, cultural, sociopolítico; e se opõe a qualquer forma de opressão e exclusão. A Igreja denuncia esses abusos, comprometendo-se, antes de tudo, com a conversão de cada um dos seus membros, de nós mesmos, à justiça e à verdade. Nesse sentido, o desenvolvimento integral nos chama à santidade: é uma vocação para uma vida justa e feliz, para todos."

A importância do papel das mulheres na Igreja

O Papa também refletiu sobre o papel das mulheres na Igreja e na sociedade, destacando sua posição central na história da salvação. Ele rejeitou a ideia de rivalidade entre os gêneros, enfatizando a importância do respeito mútuo e da dignidade compartilhada.

"Não é o consenso nem as ideologias que sancionam o que é característico da mulher, o que é feminino. A dignidade é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne. A dignidade é um bem inestimável, uma qualidade intrínseca, que nenhuma lei humana pode conceder ou retirar. A partir dessa dignidade, comum e compartilhada, a cultura cristã elabora continuamente, em diferentes contextos, a vocação e a missão do homem e da mulher e o seu mútuo ser um para o outro, em comunhão. Não um contra o outro, com reivindicações opostas, mas um para o outro. Não se esqueçam disso: a Igreja é mulher!"

“A mulher é acolhimento fecundo, cuidado, dedicação vital. Por isso, a mulher é mais importante que o homem, mas é ruim quando a mulher quer agir como o homem. Não, ela é mulher. E isso é importante.”

Reflexões sobre a formação acadêmica

Ao falar sobre a formação acadêmica, o Pontífice incentivou os estudantes a adotarem um estilo de estudo que priorize a comunidade. E lembrou de que o estudo deve servir ao bem comum, afirmando que “não se vive para trabalhar; trabalha-se para viver”:

"Há uma razão que nos move e um objetivo que nos atrai, que devem ser bons, pois deles depende o sentido do estudo e a direção da nossa vida. Às vezes, estudamos com o objetivo de conseguir determinado tipo de trabalho e acabamos vivendo em função dele. Tornamo-nos 'mercadoria'. Não se vive para trabalhar, trabalha-se para viver; é fácil dizer isso, mas colocá-lo em prática com coerência exige dedicação."

A busca pela verdade

Ao concluir, o Papa Francisco destacou que a busca pela verdade é fundamental em qualquer formação, e encorajou os jovens a serem buscadores e testemunhas da verdade, ressaltando que “é isso que nos torna livres” e que o estudo deve ser um caminho para encontrá-la.

"Eu confesso a vocês que me entristece quando encontro, em qualquer parte do mundo, universidades que servem apenas para preparar os estudantes a ganhar dinheiro ou obter poder. Isso é demasiado individualista, sem comunidade. A alma mater é a comunidade universitária, a universidade, o que nos ajuda a construir sociedade, a criar fraternidade. O estudo não serve sem buscar a verdade juntos, não serve, mas domina. Ao invés, a verdade nos torna livres."

Fonte: Vatican News

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Papa em Bruxelas: que a Igreja se torne serva de todos, sem subjugar ninguém

Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Vatican News

Na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, o Papa se reuniu com os Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Consagrados/as, Seminaristas e Agentes de Pastoral.

Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Para o Pontífice, a crise da fé que vive o Ocidente impele a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho: "A crise – cada uma delas – é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar. É uma oportunidade preciosa".

De um cristianismo instalado se passou a um cristianismo “minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho, em que se exige coragem. "Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um patrimônio do passado, mas pastores apaixonados por Jesus Cristo". O Papa ressaltou a importância de percursos comunitários, recordando que na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. E o processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho para perguntar-se como fazê-lo chegar a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé.

Para isso, serve a alegria suscitada por Jesus. Em todos os âmbitos, na pregação, na celebração, no serviço e no apostolado devem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe. A alegria é o caminho que conduz à felicidade.

Por sua vez, o Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e dado, conduz-nos à alegria porque faz descobrir que Deus é o Pai da misericórdia, que se comove conosco, que nos levanta das nossas quedas, que nunca desiste de nos amar.

"Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca desiste de nos amar. 'Até mesmo se eu cometi algo de grave?' Deus nunca deixa de te amar." 

É a misericórdia, prosseguiu o Papa, que pode salvar mesmo em casos de abusos, que geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo o caminho da fé.

"E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém. Sim, porque uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções para esmagar ou manipular os outros."

A misericórdia é a palavra-chave para os prisioneiros, acrescentou. "Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um fracassado. Ninguém está perdido para sempre. (...) Misericórdia, sempre misericórdia."

O quadro do pintor belga Magritte, intitulada “O Ato de Fé”, é a imagem que Francisco deixa à Igreja local, uma Igreja que nunca fecha as portas, que oferece a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais além. "Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia."

Caminhem juntos, concluiu o Papa: "Sem o Espírito, não acontece nada de cristão. É o que nos ensina a Virgem Maria, nossa Mãe". 

Fonte: Vatican News

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O objetivo do Sínodo e as reformas “na moda”

Palavras do Papa à Igreja belga e a próxima assembleia sinodal.

Andrea Tornielli

Qual é a prioridade do Sínodo que está prestes a começar? Qual é o propósito principal e mais importante da reforma no sentido sinodal da Igreja? De Bruxelas, da Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, onde se encontrou com bispos, o clero, religiosos e agentes pastorais, o Papa Francisco esboçou uma resposta relançando uma pergunta. «O processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho; não deve ter entre as suas prioridades uma reforma consoante “a moda”, mas perguntar-se como fazer chegar o Evangelho a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé. Perguntemo-nos todos sobre isto».

Portanto, não reformas consoantes “a moda”. Nem as agendas que - por um lado - propõe mudanças funcionais que acabam por clericalizar leigos e leigas, nem aquelas que - por outro - ambicionam restaurar o tempo que foi na onda do neoclericalismo: ambas são perspectivas que acabam por passar para um segundo plano a premente e fundamental questão que Francisco repropôs, a do anúncio do Evangelho nas sociedades secularizadas. Ambas são perspectivas que acabam por esquecer o único verdadeiro propósito de cada reforma na Igreja: o bem das almas, o cuidado do povo santo e fiel de Deus.

Ao recolocar no centro o pedido do Papa, que foi a razão do Concílio Ecumênico Vaticano II, e ao recolocar no centro o bem e o cuidado do povo de Deus, compreende-se como a sinodalidade é a maneira de viver a comunhão no Igreja. Não é uma incumbência burocrática adicional para clérigos e leigos que a adotam com relutância e com palavras, permanecendo de fato ainda ligados aos modelos de um século atrás. Não é o passepartout para justificar cada iniciativa mundanizante. Pelo contrário, é a plena expressão de uma comunhão vivida. Somente a partir da consciência de que todos somos amados por Deus, só vivendo o Evangelho com alegria, poderemos dar testemunho dele aos nossos irmãos, conscientes de que - qualquer que seja o nosso papel na Igreja - somos chamados por um Outro, e é Ele quem guia a sua Igreja.

Fonte: Vatican News

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Bélgica: Papa elogia a coragem do rei Balduíno que não assinou a lei do aborto

Francisco na cripta real da Igreja de Nossa Senhora de Laeken, na presença do rei e da rainha, rezou diante do túmulo do soberano católico que, em 1992, abdicou por 36 horas para não assinar a lei de legalização do aborto. O Papa pediu que se siga seu exemplo em um momento em que estão surgindo "leis criminosas" e expressou o desejo de que prossiga a causa de beatificação. Na Nunciatura, o encontro com duas famílias de refugiados que chegaram através dos corredores humanitários.

Vatican News

O Papa Francisco fez questão de prestar uma homenagem ao rei Balduíno durante sua visita à Bélgica. O fervoroso soberano católico, que reinou de 1951 até sua morte em 1993, é conhecido por ter abdicado por trinta e seis horas em 1992 para não assinar a lei de legalização do aborto. Após o encontro na Basílica de Koekelberg com bispos, sacerdotes, religiosos e consagrados, o Pontífice dirigiu-se à cripta real, localizada abaixo da Igreja de Nossa Senhora de Laeken, onde estão os túmulos de muitos membros da Casa Real da Bélgica. Recebido pelo rei Filipe e pela rainha Matilde, o Papa parou diante do túmulo do rei Balduíno em oração silenciosa.

O exemplo do rei  

Posteriormente, informa a Sala de Imprensa vaticana, diante do rei e dos presentes, o Pontífice “elogiou a coragem” de Balduíno, quando ele escolheu “deixar seu posto de rei para não assinar uma lei homicida”. “O Papa exortou os belgas a se inspirarem nele neste momento em que estão surgindo leis criminosas”, conforme indicado na nota divulgada via Telegram. Uma referência às leis pró-aborto e eutanásia, práticas já legais há anos na Bélgica. O Papa ainda expressou o desejo de que “sua causa de beatificação avance”.

Saudação aos refugiados  

De volta à Nunciatura, o Papa cumprimentou duas famílias de refugiados, uma cristã da Síria e outra muçulmana do Djibuti, acolhidas pela Comunidade de Santo Egídio e que chegaram à Bélgica graças aos "corredores humanitários". Fonte: Vatican News

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Papa toma café da manhã com refugiados em Bruxelas

Francisco ouviu as histórias de alguns paroquianos assistidos pela Igreja

Vatican News

Não estava no programa, mas o Papa deixou cedo a Nunciatura de Bruxelas na manhã deste sábado para tomar café da manhã na paróquia de Saint-Gilles, na companhia de pessoas que ali recebem assistência, sobretudo refugiados da África e do leste da Europa.

Um deles, Chris, do Togo, contou a Francisco a travessia do Mediterrâneo até a ilha italiana de Lampedusa. Uma viagem durante a qual entoava o canto a Nossa Senhora e que reproduziu diante do Pontífice.

“Estou feliz de ver como o amor alimenta aqui a comunhão e a criatividade. Vocês fabricam até mesmo cerveja. Imagino seja muito boa, à tarde lhes direi", disse o Papa que ganhou do grupo a bebida artesanal.

Encontro na Nunciatura

Antes de deixar a Nunciatura, o Papa saudou brevemente a Vice-Presidente da Comissão Europeia, Margarítis Schinás, a Vice-Presidente da Comissão Europeia para a Demografia, Dubravka Šuica, a Representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) junto à União Europeia, Oxana Domenti, e o Diretor Regional da OMS para a Europa, Hans Kluge.

Na sequência, cumprimentou as crianças e jovens que o aguardavam do lado de fora da casa.

Fonte: Vatican News

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As provações dos cristãos em Bangladesh e o apoio aos Rohingya

Entrevistado pela Agência Fides, sobre o recente encontro que manteve com o conselheiro-chefe do Governo de transição, o núncio apostólico em Bangladesh traçou um panorama da sociedade, destacando o desafio dos cristãos, o compromisso da Igreja local e o apoio do Papa Francisco aos Rohingya.

Por Fábio Beretta

“A situação em Bangladesh, onde os cristãos representam apenas 0,30% da população, é muito delicada. Em geral, os cristãos convivem de modo pacífico, mas, houve casos em que sofreram abusos e intimidações por parte de seus vizinhos”, afirma o núncio apostólico em Bangladesh desde 2023, dom Kevin Randall.

Entrevistado pela Agência Fides, sobre o recente encontro que manteve com o conselheiro-chefe do Governo de transição, o arcebispo descreveu uma visão transversal da sociedade, o compromisso da Igreja local e o apoio do Papa Francisco aos Rohingya.

Após os protestos e as tensões sociais, qual a atual situação em Bangladesh?

“A situação em Bangladesh é muito delicada. Com um governo interino, alguns se perguntam quando haverá eleições; outros desejam reescrever a Constituição; outros dizem que um governo interino não tem o poder de reescrever a Constituição. No entanto, a violência das multidões domina o país e o estado de direito diminuiu”.

Como vivem as comunidades cristãs neste contexto histórico?

“Em geral, os cristãos vivem de modo pacífico, mas houve casos em que sofreram abusos e intimidações por parte dos seus vizinhos. A polícia é impotente. Depois que Sheik Hasina deixou o país, muitos agentes ficaram com medo, se escondem e deixaram seus uniformes para vestir roupas civis e não foram mais trabalhar”.

As comunidades cristãs têm expectativas ou sentimentos particulares em relação ao resto da população?

“Sim. A comunidade cristã espera que o governo provisório proteja as minorias neste contexto de transição; aldeias cristãs são ameaçadas, porque alguns pretendem se apropriar de suas terras, embora pertençam ao mesmo grupo étnico. Muitos cidadãos, sejam cristãos, budistas ou hindus, são tratados como ‘persona non grata’ como se fossem estrangeiros, embora não sejam. A Constituição diz que o Bangladesh é um estado leigo com uma religião oficial: o Islã. Mas, alguns confundem a expressão ‘religião oficial do Estado’ com a ideia de que ‘as minorias não pertencem a esta terra’, porque este é ‘um Estado islâmico’”.

Durante o encontro com Muhammad Yunus, Conselheiro-Chefe à frente do governo provisório, surgiu a necessidade de “proteger” as minorias. De onde vem esta preocupação?

“De acordo com o censo de 2022, os cristãos em Bangladesh representam 0,3% (cerca de 500.000 fiéis) da população nacional. Houve casos de ameaças contra povoados, casas e, sobretudo, escolas. Em muitas escolas católicas, houve casos de intimidação, para que vários professores fossem demitidos. Alguns muçulmanos disseram aos líderes escolares que seus filhos tiveram que vestir roupas de certa maneira, sobretudo as meninas. Porém, usar a burca é contra o nosso regulamento sobre os uniformes. Com o Dr. Yunus conversei sobre questões que preocupam os cristãos, como também os budistas e hindus. Seria oportuno recordar que a minoria hindu representa cerca de 8%: muitos de seus templos foram destruídos e as lojas incendiadas. Dr. Yunus concordou que todas as minorias devem ser protegidas e está tentando criar uma lei para uma maior ordem”.

Recentemente, foi ventilada a ideia da criação de um departamento para o diálogo inter-religioso entre a Santa Sé e os estudiosos do Islã, no Bangladesh. Como esta ideia foi acolhida?

“A ideia de um diálogo inter-religioso não foi minha. O Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, por meio de uma carta, fez este pedido, já há anos, quando o cardeal Jean Louis Tauran era o responsável pelo então Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Durante uma sua viagem aqui a Bangladesh, o cardeal havia conversado sobre isso com a ex-primeira-ministra Sheik Hasina. Eu relancei esta ideia a Sheik Hasina e, mais recentemente, também com o Dr. Yunus e sua equipe, para levassem em consideração, concretamente, esta possibilidade. A ideia foi bem recebida, mas acho que eles têm outras preocupações”.

A respeito desta ideia, houve passos concretos para a sua realização?

“Não. Mas, apenas propostas. Não podemos insistir muito. Nos Emirados Árabes Unidos, o Papa Francisco assinou um documento sobre a fraternidade; na Indonésia, o Pontífice também assinou um novo documento sobre a tolerância, elogiando o “túnel da amizade”, que liga a catedral católica à mesquita de Jacarta; em Bangladesh, o diálogo inter-religioso não encontra muita aprovação, embora seja praticado em nível de discussões acadêmicas”.

Sobre a assistência humanitária aos refugiados Rohingya, o conselheiro-chefe pediu ajuda ao Vaticano. Como este pedido pode ser levado em consideração?

“O conselheiro-chefe não pediu ajuda da Santa Sé, como noticiaram vários meios de comunicação, mas apenas o apoio da Santa Sé diante das reformas que ele e a sua equipe estão fazendo, mas não em termos de ajuda financeira, também em relação aos Rohingya. Da minha parte, pedi ao conselheiro-chefe, em nome do Papa, que continuasse a ajudar e a proteger os Rohingya. Expliquei a ele que a Caritas da Igreja católica tem ajudado, sem cessar, as pessoas deslocadas, desde 2017, mas os fundos estão diminuindo. Antes da minha ida para o Bangladesh, o Papa Francisco me pediu para não esquecer os Rohingya: esses migrantes estavam sendo vítimas de violência em seu próprio país e tiveram que vir para cá pedir ajuda. Infelizmente, os Rohingya são vistos pelos birmaneses como um grupo étnico e religioso, que pertence ao Bangladesh. O cardeal Patrick D'Rozario e eu fizemos uma visita oficial a eles, cujas condições de vida são muito difíceis. As crianças e os jovens não recebem nenhum tipo de educação. Além do mais, por lei, 25% da nossa assistência deve ser destinada à comunidade local. Porém, tenho prazer de anunciar que o Papa está enviando mais ajudas financeiras a estes refugiados, um gesto que está socorrendo muitos deles”.

*Agência Fides 

Fonte: Vatican News

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7 de outubro, dia de oração e jejum pela paz na Terra Santa

"Convido todos a um Dia de oração, jejum e penitência, no próximo dia 7 de outubro, data símbolo do drama que vivemos (...). Cada um, com o Rosário ou com os meios que achar melhor, pessoal ou comunitariamente, encontre um momento para parar e rezar, elevando ao Pai de Misericórdia e Deus de toda consolação, nosso desejo de paz e reconciliação”, é o convite do Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa.

“Um dia de oração, penitência e jejum para invocar o dom da paz na Terra Santa, precisamente um ano depois da retomada do conflito entre Israel e Palestina”: a iniciativa foi lançada pelo cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, por meio de uma carta dirigida a toda a Diocese do Patriarcado Latino de Jerusalém.

Em sua carta, o cardeal escreve: “O mês de outubro aproxima-se e, com ele, a consciência de que, há um ano, a Terra Santa e não só, foi mergulhada em um turbilhão de violência e ódio, nunca dantes visto ou experimentado, pela sua intensidade e impacto, que dilaceraram, profundamente, a nossa consciência e o nosso sentido de humanidade".

Assim, o cardeal Pizzaballa faz, mais uma vez, um premente apelo "aos governos e aos que têm a grave responsabilidade pelas decisões de um compromisso com a justiça e o respeito pelo direito de todos à liberdade, dignidade e paz", e completa o apelocom um convite:

“Portanto, convido todos a um Dia de oração, jejum e penitência, no próximo dia 7 de outubro, data símbolo do drama que vivemos. Outubro é também mês mariano, pois, no dia 7, celebramos a memória de Maria Rainha do Rosário”.

E o Patriarca acrescenta: “Cada um, com o Rosário ou com os meios que achar melhor, pessoal ou comunitariamente, encontre um momento para parar e rezar, elevando ao Pai de Misericórdia e Deus de toda consolação” (2Cor 1,3), nosso desejo de paz e reconciliação”.

No final da sua carta, o Cardeal Pizzaballa anexa uma oração, composta ad hoc, “para ser rezada livremente”:

“Senhor nosso Deus,

Pai do Senhor Jesus Cristo

e Pai de toda a humanidade,

que na cruz do vosso Filho

e através do dom da sua própria vida,

com grande custo, quisestes destruir

o muro da inimizade e da hostilidade,

que separa os povos e nos torna inimigos:

enviai aos nossos corações

o dom do Espírito Santo,

para que nos purifique de todo sentimento

de violência, ódio e vingança,

nos ilumine para que possamos compreender

a dignidade irreprimível

de cada pessoa humana

e nos inflame até nos consumirmos

por um mundo pacífico e reconciliado,

na verdade e na justiça,

no amor e na liberdade.

Deus Todo-poderoso e Eterno,

em vossas mãos depositamos as esperanças dos homens

e os direitos de cada povo:

assisti, com a vossa sabedoria, os que nos governam,

para que, com a vossa ajuda,

se tornem sensíveis aos sofrimentos dos pobres

e dos que sofrem pelas consequências

da violência e da guerra;

fazei que possam promover, em nossa região

e por toda a terra,

o bem comum e a paz duradoura.

Virgem Maria, Mãe da Esperança, obtende o dom da paz

para a Terra Santa, que vos gerou,

e para o mundo inteiro. Amém”.

*Agência Fides 

Fonte: Vatican News

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Bélgica: Papa denuncia primado do mercado, que destrói pessoas e natureza

Francisco foi questionado por estudantes da «UCLouvain» sobre o papel das mulheres na Igreja

O Papa denunciou hoje o que denominou de “espiritualidade do mercado”, que devasta pessoas e a natureza, falando na Universidade Católica de Lovaina-UCLouvain, que celebra 600 anos

“Temos de ir à fonte do problema, que é o coração humano. É também daí que vem a urgência dramática da questão ecológica: da indiferença arrogante dos poderosos, que colocam sempre os interesses económicos acima de tudo”, disse a estudantes e docentes universitários.

Segundo Francisco, sem mudança de paradigma, “todos os apelos serão silenciados ou serão acolhidos apenas na medida em que forem convenientes para o funcionamento do mercado”.

“Enquanto o mercado estiver em primeiro lugar, a nossa casa comum sofrerá injustiças”, advertiu.

Na visita conclusiva do programa de sábado, penúltimo dia da viagem ao Luxemburgo e Bélgica, iniciada esta quinta-feira, o Papa assinalou “como é violento e arrogante o mal que destrói o meio ambiente e os povos”.

“Parece não ter limites. A guerra é a sua expressão mais brutal, tal como a corrupção e as formas modernas de escravidão”, lamentou.

Francisco admitiu que, por vezes, “estes males contaminam a própria religião, tornando-se um instrumento de domínio”.

“Isto é uma blasfémia”, advertiu.

O Papa falou da relação entre Cristianismo e ecologia, agradecendo a Deus “pelo céu estrelado e pela vida no Universo”.

“Estamos no mundo para preservar a sua beleza e cultivá-la a bem de todos, especialmente da posteridade, dos vindouros. Este é o programa ecológico da Igreja”, precisou, com um apelo a rejeitar “qualquer forma de opressão e de descarte”.

O encontro decorreu na Aula Magna da UCLouvain, após o acolhimento da reitora da instituição e do reitor da Universidade KULeuven, que o Papa visitou na sexta-feira.

Francisco viu uma projeção em vídeo sobre a proteção do ambiente e ouviu uma carta lida por vários alunos, nos quais estes sublinhavam que “o apelo ao desenvolvimento integral parece incompatível com as posições sobre a homossexualidade e o lugar das mulheres na Igreja Católica”.

“Caro Papa Francisco, onde é que encontra o lugar das mulheres na Encíclica? As mulheres estão claramente ausentes da ‘Laudato si’”, questionaram.

A intervenção criticou ainda uma teologia que “exalta o papel maternal” das mulheres e “proíbe o seu acesso aos ministérios ordenados.

Francisco respondeu, no seu discurso, assumindo a posição católica sobre o papel das mulheres na Igreja foi marcado pela “violência e a injustiça, juntamente com os preconceitos ideológicos”.

“A Igreja é o povo de Deus, não uma empresa multinacional. A mulher, no povo de Deus, é filha, irmã, mãe. Tal como eu sou filho, irmão, pai. São relações que exprimem o nosso ser à imagem de Deus, homem e mulher, juntos, não em separado”, indicou.

O Papa condenou “dicotomias ideológicas” sobre estas questões, convidando todos a partir da “dignidade comum e partilhada” entre homens e mulheres.

“Não um contra o outro, isso seria feminismo ou machismo”, observou.

A reflexão destacou ainda a importância de valorizar o estudo em função do “bem comum”, sem transformar os estudantes e a sua futura vida profissional em “mercadoria”.

Françoise Smets, reitora da UCLouvain, explicou ao Papa que os membros da comunidade universitária prepararam esta visita com um trabalho em torno de cinco temas: “as raízes filosóficas e teológicas da crise climática, o lugar das emoções e do empenhamento, a questão das desigualdades, o lugar das mulheres e as atitudes de sobriedade e solidariedade face à emergência climática”.

No final, depois de se associar, simbolicamente, à “Árvore dos Desejos”, que vai inspirar a carta comemorativa dos 600 anos da Universidade, Francisco deslocou-se ao terraço em frente à Aula Magna, para saudar a multidão, que foi cumprimentar de perto num carrinho de golfe, durante vários minutos.

Ainda esta tarde, o Papa visita o Colégio de São Miguel, para um encontro privado com os membros da Companhia de Jesus (Jesuítas).

A viagem encerra-se no domingo, pelas 10h00 locais (menos uma em Lisboa), com a Missa de beatificação de Ana de Jesus, no Estádio Rei Balduíno, perante cerca de 35 mil pessoas.

Desde a sua eleição, em 2013, o atual pontífice fez 46 viagens internacionais, tendo visitado 67 países, incluindo Portugal (2017 e 2023).

Fonte: Agência Ecclesia

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ONU: Secretário de Estado do Vaticano apela a cessar-fogo no Médio Oriente, perante risco de nova guerra mundial

Cardeal Pietro Parolin interveio no debate geral da 79.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas

Nova Iorque, Estados Unidos da América, 28 set 2024 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano mostrou-se hoje “profundamente preocupado” com o aumento “preocupante” do número de conflitos em todo o mundo, apelando a um cessar-fogo imediato no Médio Oriente.

“A atual situação no Líbano constitui um importante motivo de preocupação para a Santa Sé. A contínua intensificação do conflito entre o Hezbollah e os militares israelitas está a ter um impacto considerável na situação no Sul do Líbano e no Norte de Israel, pondo em risco toda a região”, declarou o cardeal Pietro Parolin, falando no debate geral da 79.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque (EUA).

O representante do Vaticano evocou o “número significativo de pessoas deslocadas” e a “perda de vidas, incluindo muitos civis, entre os quais crianças.

“A Santa Sé exige, por conseguinte, que todas as partes adiram aos princípios do direito internacional humanitário, ponham termo à escalada e estabeleçam um cessar-fogo sem demora”, acrescentou.

“Infelizmente, como diz o Papa Francisco, estamos a assistir a uma terceira guerra mundial travada de forma fragmentada. No meio da tragédia em curso da guerra russa na Ucrânia, estamos perante uma situação que exige uma ação urgente para evitar uma nova escalada e criar um caminho para uma resolução justa e pacífica”.

A intervenção destacou vários cenários de crise, em todo o mundo, com destaque para o conflito entre Israel e o Hamas, em particular na sequência do ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, por parte do grupo islamita da Palestina.

Segundo o cardeal Parolin, a resposta militar de Israel, “considerando o elevado número de vítimas civis, levanta muitas questões sobre a sua proporcionalidade”.

“A Santa Sé apela a um cessar-fogo imediato em Gaza e na Cisjordânia, bem como à libertação dos reféns israelitas em Gaza. Apela também à concessão de assistência humanitária à população palestina”, disse o colaborador do Papa.

Para o responsável diplomático do Vaticano, “a única solução viável é uma solução baseada na existência de dois Estados, com um estatuto especial para Jerusalém”.

O cardeal italiano lamentou que cada vez mais pessoas que não estão a participar nas hostilidades sejam atingidas.

“É evidente que o ataque a locais de culto, instituições de ensino, instalações médicas e outras infraestruturas civis é um fenómeno predominante”, advertiu, pedindo a “estrita observância do direito internacional humanitário em todos os conflitos armados”.

O mais direto colaborador do Papa sustentou ainda que “um mundo livre de armas nucleares é simultaneamente necessário e possível”.

O discurso evocou temas como as “novas formas de pobreza”, a defesa da vida humana “desde o momento da conceção até à morte natural”, a dignidade dos migrantes e refugiados ou as alterações climáticas.

D. Pietro Parolin deixou ainda uma referência à situação na província de Cabo Delgado, em Moçambique, “afetada por um conflito armado durante sete anos, com quase novecentos e cinquenta mil deslocados internos que enfrentam desafios significativos, incluindo níveis alarmantes de sofrimento, insegurança e pobreza”.

“A Santa Sé, como tem feito nestas últimas seis décadas, continua a apoiar o trabalho das Nações Unidas, fazendo ouvir a sua voz em defesa dos pobres, daqueles que se encontram em situações vulneráveis, apoiando todos os processos e iniciativas de paz”, concluiu o secretário de Estado do Vaticano.

Fonte: Agência Ecclesia

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Angola: Faleceu D. Alexandre do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda e cardeal mais velho da Igreja

Presidentes de Angola e Portugal evocam percurso de serviço à Igreja e à sociedade

O cardeal Alexandre do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda (Angola), faleceu hoje aos 99 anos de idade, informou a arquidiocese local.

O responsável nasceu em Malanje, a 1 de março de 1925, e foi ordenado padre em Roma, onde estudou, a 20 de dezembro de 1952.

De regresso a Angola, foi professor de Teologia e jornalista, entre outras missões, antes de ser exilado de Angola em 1961, passando a residir em Lisboa.

Dez anos depois, o então sacerdote voltou a Luanda, onde assumiu funções como secretário-geral da Cáritas de Angola e presidente do Tribunal Eclesiástico de Luanda.

A 10 de agosto de 1975, Paulo VI nomeou-o bispo de Malanje, tendo sido ordenado a 31 do mesmo mês, na Catedral de Luanda; a 3 de fevereiro de 1977, foi nomeado para a nova Sé Metropolitana do Lubango.

A 15 de outubro de 1982 foi raptado – durante uma visita pastoral – por um grupo de homens armados, que o libertaram a 16 de novembro seguinte; foi criado cardeal a de 2 de fevereiro de 1983, por São João Paulo II.

O Papa polaco nomeou-o arcebispo de Luanda a 16 de fevereiro de 1986, tendo permanecido nessa missão até 23 de janeiro de 2001.

João Lourenço, presidente de Angola, manifestou “profunda consternação” pela morte do cardeal Alexandre do Nascimento, “um homem bom que consagrou grande parte da sua vida a transmitir aos seus, valores e princípios para uma vida em dignidade, de perdão e de respeito ao próximo”.

Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa evocou o “seu antigo colega da Faculdade de Direito, notável personalidade angolana e figura da Igreja Católica”.

O chefe de Estado sublinhou que D. Alexandre Nascimento deixou “uma intensíssima vida de quase um século”, como “teólogo, filósofo e humanista”.

D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, publicou uma nota de pesar pela morte do arcebispo emérito de Luanda, agradecendo “todas as graças que foram derramadas por meio do seu trabalho incansável pela Igreja e de serviço à sociedade”

“Soube encarnar o amor a Deus que leva ao serviço simples e humilde aos irmãos. É particularmente assinalável a forma como soube olhar o futuro e empenhar-se na preparação das novas gerações, para a construção de uma sociedade mais justa e promotora da dignidade humana”, escreve o responsável católico.

Em 2010, o então presidente da República Portuguesa Aníbal Cavaco Silva condecorou o cardeal angolano com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, distinguindo o papel de D. Alexandre do Nascimento na reconciliação nacional e no apoio aos mais desfavorecidos, em Angola.

Fonte: Agência Ecclesia

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Bispos colombianos alertam sobre Sentença da Corte Constitucional relacionada à educação 

A Corte Constitucional da Colômbia ordenou que as instituições educacionais removessem o conteúdo católico de suas aulas de religião.

Foto: Kenny Eliason/ Unplash

A Conferência Episcopal da Colômbia (CEC) se pronunciou a respeito da sentença T-357 de 2024 do Tribunal Constitucional, que ordena as instituições educacionais retirarem conteúdos católicos de suas aulas de religião. No comunicado, os bispos expressam sua preocupação com esta decisão, classificando-a como extrema e pedem sua revisão, especialmente no contexto da Lei Estatutária sobre Liberdade Religiosa e Culto.

O episcopado colombiano destaca que esta decisão altera “o modelo de educação religiosa que o próprio Tribunal Constitucional apresenta e evoca na Sentença” e ignora “o direito dos católicos de receber educação religiosa de acordo com sua fé”.

“A Conferência Episcopal da Colômbia continuará o estudo e a análise desta Sentença T-357 de 2024 e seus efeitos, a fim de promover sua revisão e solicitar ao governo nacional a adequada regulamentação do Ensino Religioso”.

Orientações pastorais

Diante desta situação gerada pela Sentença T-357, a Comissão Episcopal para a Educação e as Culturas da CEC emitiu uma série de diretrizes dirigidas aos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas, aos responsáveis pelas obras educativas da Igreja e, de modo especial, aos pais.

Essas orientações ressaltam inicialmente a necessidade de abrir um debate nacional sobre tal decisão e de se pleitear sua revisão, “até que os direitos dos católicos de receber sua educação religiosa sejam assegurados”.

Os interessados e aqueles que se sentem negativamente afetados por este Acórdão foram convidados a fazerem parte desta análise, enviando os seus pareceres à Secretaria Geral do Episcopado através do e-mail  comunicacionsocial@cec.org.co.

Ademais, foram propostas ações formativas e informativas para professores e pais de famílias associadas, por exemplo, sobre o direito à liberdade religiosa e, em particular, os direitos dos católicos no campo educacional. Eles também solicitam às paróquias que acompanhem e verifiquem como a educação religiosa está sendo realizada bem como a proteção e garantia dos direitos dos pais em suas comunidades, “para que seus filhos recebam educação religiosa de acordo com sua fé católica”.

Como medidas concretas de ação pública que os católicos podem tomar no ambiente escolar, os bispos da Comissão Episcopal para a Educação propõem estar “atentos para buscar alternativas com as escolas para os casos em que os professores da educação primária básica apresentem objeção de consciência para não assumir uma educação religiosa de conteúdo católico”. Deve-se exigir a presença da Igreja Católica nas organizações que as Entidades Territoriais possam criar para a implementação da Política Pública Integral de Liberdade Religiosa e Culto, como Conselhos, Comitês ou Grupos de Trabalho, nos quais deve haver uma representação proporcional à composição sócio-religiosa do país”.

No documento, o episcopado colombiano sublinha a importância de divulgar aos professores desta disciplina nos ensinos fundamental e médio “as Normas de Educação Religiosa adotadas pela Conferência Episcopal da Colômbia na CXII Assembleia Plenária, em fevereiro de 2022”.

Fonte: Gaudium Press

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Discurso do papa Francisco aos bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e agentes pastorais da Bélgica

Leia a seguir o discurso do papa Francisco aos bispos, sacerdotes, diáconos, pessoas consagradas, seminaristas e agentes pastorais da Bélgica, na basílica do Sagrado Coração, em Koekelberg:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Estou feliz por estar aqui entre vós. Agradeço ao senhor D. Luc Terlinden as suas palavras e porque nos recordou a prioridade do anúncio do Evangelho. Obrigado a todos vós.

Nesta encruzilhada que é a Bélgica, sois uma Igreja “em movimento”. Na verdade, já há algum tempo que procurais transformar a presença das paróquias no território e dar um forte impulso à formação dos leigos; e sobretudo, esforçais-vos por ser uma Comunidade próxima, que acompanha as pessoas e testemunha com gestos de misericórdia.

Inspirando-me nas vossas perguntas, gostaria de propor algumas pistas de reflexão à volta de três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

O primeiro caminho a percorrer é a evangelização. As mudanças da nossa época e a crise da fé que vivemos no Ocidente impeliram-nos a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho, para que se anuncie novamente a todos a boa nova que Jesus trouxe ao mundo, fazendo brilhar a sua beleza. A crise – cada uma delas – é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar. É uma oportunidade preciosa – na linguagem bíblica diz-se kairòs, oportunidade especial –, como aconteceu com Abraão, Moisés e os profetas. Quando experimentamos a desolação, devemos sempre perguntar-nos qual é a mensagem que o Senhor nos quer comunicar. E o que é que a crise nos mostra? Passámos de um cristianismo instalado num quadro social acolhedor para um cristianismo “minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho. E isto requer a coragem de uma conversão eclesial, para iniciar aquelas transformações pastorais que afetam também os costumes, os estilos e as linguagens da fé, de modo a que estejam verdadeiramente ao serviço da evangelização (cf. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, 27).

Gostaria de dizer ao Helmut que esta coragem é também exigida aos padres. Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um património do passado, mas pastores apaixonados por Cristo e atentos a acolher as questões do Evangelho, frequentemente implícitas, enquanto caminham com o povo santo de Deus; e nós caminhamos mais à frente, no meio ou atrás. E quando levamos o Evangelho – penso no que nos disse Yaninka – o Senhor abre o nosso coração ao encontro de quem é diferente. É bonito, aliás é necessário, que entre os jovens existam sonhos e espiritualidades diferentes. Deve ser exatamente assim, porque pode haver muitos percursos pessoais ou comunitários, mas que nos levam à mesma meta, ao encontro com o Senhor: na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. A unidade na Igreja não é uniformidade, é antes encontrar a harmonia das diversidades! E gostaria também de dizer ao Arnaud: o processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho; não deve ter entre as suas prioridades uma reforma consoante “a moda”, mas perguntar-se como fazer chegar o Evangelho a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé. Perguntemo-nos todos sobre isto.

Segundo caminho a seguir: a alegria. Não se trata aqui das alegrias associadas a algo momentâneo, nem podemos pactuar com modelos de fuga e de entretenimento consumista. Trata-se, sim, de uma alegria maior, que acompanha e sustenta a vida – mesmo nos momentos sombrios ou dolorosos –, e isto é um dom que vem do alto, de Deus. É a alegria do coração suscitada pelo Evangelho; é saber que não estamos sós ao longo do caminho e que, mesmo em situações de pobreza, pecado, aflição, Deus está próximo, cuida de nós e não deixará que a morte tenha a última palavra. Deus está próximo, é proximidade. Muito antes de ser Papa, Joseph Ratzinger escrevia que uma regra do discernimento é esta: “Onde falta a alegria, onde morre o humor, aí nem sequer se encontra o Espírito Santo [...] e vice-versa: a alegria é sinal da graça” (Il Dio di Gesù Cristo, Brescia 1978, 129). Isso é belo! Por isso, gostaria de vos dizer: que a vossa pregação, a vossa celebração, o vosso serviço e o vosso apostolado deixem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe. A alegria do coração: não aquele sorriso falso, de momento, mas a alegria do coração. Quero agradecer à Irmã Agnes e dizer-lhe que a alegria é o caminho. Quando a fidelidade parece difícil, devemos mostrar – como disseste, Agnes – que ela é um “caminho para a felicidade”. Então, vislumbrando o caminho, estamos mais preparados para iniciar a viagem.

E o terceiro caminho: a misericórdia. O Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e dado, conduz-nos à alegria porque nos faz descobrir que Deus é o Pai da misericórdia, que se comove conosco, que nos levanta das nossas quedas, que nunca desiste de nos amar. Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca desiste de nos amar. “Mas Padre, até mesmo se eu cometi algo de grave?” Deus nunca deixa de te amar. Diante da experiência do mal, isto pode, por vezes, parecer-nos “injusto”, porque nos limitamos a aplicar a justiça terrena que diz: “Quem erra tem de pagar”. No entanto, a justiça de Deus é superior: quem errou é chamado a reparar os danos, mas para curar o seu coração precisa do amor misericordioso de Deus. Não esqueça: Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre; é com a sua misericórdia que Deus nos justifica, ou seja, nos torna justos, porque nos dá um coração novo, uma vida nova.

Por isso, gostaria de dizer à Mia: obrigado pelo grande trabalho realizado para transformar a raiva e a dor em ajuda, proximidade e compaixão. Os abusos geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo o caminho da fé. E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas – como disseste – a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém. Sim, porque uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções para esmagar ou manipular os outros.

E a misericórdia – estou a pensar no serviço do Pieter – é uma palavra-chave para os prisioneiros. Quando entro em uma prisão me questiono: porque eles e não eu? Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um fracassado. Ninguém está perdido para sempre. Por conseguinte, convém seguir todos os percursos da justiça terrena e os trâmites humanos, psicológicos e penais; mas a pena deve ser um remédio, deve levar à cura. É preciso ajudar as pessoas a levantarem-se e a encontrarem o seu caminho na vida e na sociedade. Somente em uma ocasião na vida de todos nós é permitido ver uma pessoa olhando para baixo: para ajudá-la a levantar-se. Lembremo-nos disto: todos podemos errar, mas ninguém é um fracassado, ninguém está perdido para sempre. Misericórdia, sempre misericórdia.

Irmãs e irmãos, muito obrigado. E ao despedir-me de vós, gostaria de recordar uma obra do vosso ilustre pintor Magritte, intitulada “O Ato de Fé”. Representa uma porta fechada por dentro, mas com a parte do meio rasgada, aberta para o céu. É um rasgão que nos convida a ir mais longe, a olhar para a frente e para cima, a nunca nos fecharmos em nós próprios. Eis uma imagem que vos deixo, como símbolo de uma Igreja que nunca fecha as portas – por favor, nunca fecheis as portas! –, que oferece a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais além. Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia.

Irmãs e irmãos: para serdes Igreja deste modo, praticai a misericórdia e caminhai juntos, vós e o Espírito Santo. Sem o Espírito, não acontece nada de cristão. É o que nos ensina a Virgem Maria, nossa Mãe. Que Ela vos guie e vos guarde. Abençoo a todos de coração. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!

Fonte: ACIDigital

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Do dia 27/9/2024

Segunda sessão do Sínodo dos Bispos começa na próxima semana, de 2 a 27 de outubro, no Vaticano

A segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos será realizada na próxima semana, de 2 a 27 de outubro, no Vaticano.

    “Estamos vivendo um momento extraordinário no âmbito universal da Igreja. Aqui me refiro ao Sínodo dos Bispos. Igreja, Sínodo, comunhão e participação em vista de uma missão ou, em outras palavras, uma Igreja sempre mais viva, sempre mais próxima de todas discípulos e discípulas do crucificado ressuscitado.

    O Santo Padre pede, sim, que nos engajemos de uma forma toda especial neste processo de experiência de promoção do próprio Sínodo. O Sínodo é um espaço de diálogo e no Sínodo deve falar o espírito de Deus.

    Por isso, todos vocês que nos acompanha, rezemos juntos, para que realmente o ouvir o Espírito de Deus possa ser o caminho em vista da busca de indicações viáveis para que a transmissão da fé hoje, no contexto em que nós estamos vivendo possa se dar e acontecer de uma forma ainda mais determinada, ainda mais engajada, segundo uma linguagem que a geração atual possa compreender”, exorta o presidente da CNBB.

Uma coletiva de imprensa realizada no dia 16 de setembro apresentou os trabalhos para o período, que serão orientados pelo Instrumentum Laboris (IL), documento de trabalho publicado no início de julho, inclusive em português.

O documento – estruturado em cinco partes – não oferece nenhuma “resposta pré-fabricada”, mas sim “indicações e propostas” sobre como a Igreja, como um todo, pode responder “à necessidade de ser ‘sinodal em missão’”, ou seja, uma Igreja mais próxima das pessoas, menos burocrática, que seja casa e família de Deus, na qual todos os batizados sejam corresponsáveis e participem de sua vida na distinção de seus diferentes ministérios e papéis.

Programação

A segunda sessão, assim como a primeira, será precedida por dois dias de retiro espiritual, que acontecerá no Vaticano. “Esperamos repetir a mesma experiência intensa do ano passado, que foi unanimemente apreciada pelos participantes no Sínodo”, disse o cardeal Mario Grech, secretário-geral da Secretaria do Sínodo, na coletiva de imprensa.

Uma novidade, em relação a 2023, é a vigília penitencial que concluirá o retiro de dois dias. Esta vigília acontecerá na noite de terça-feira, 1º de outubro, na Basílica de São Pedro e será presidida pelo Papa Francisco. O evento, organizado conjuntamente pela Secretaria Geral do Sínodo e pela diocese de Roma, em colaboração com a União dos Superiores Gerais e a União Internacional dos Superiores Gerais, estará aberto à participação de todos, especialmente dos jovens.

Além disso, na noite de sexta-feira, 11 de outubro, também este ano se repetirá a experiência de uma oração ecumênica, juntamente com o Santo Padre, os Delegados Fraternos presentes na Sala do Sínodo (cujo número foi significativamente aumentado de 12 para 16) e vários outros representantes de Igrejas e Comunidades eclesiais presentes em Roma.

Já em preparação para a fase final da Assembleia, na segunda-feira, 21 de outubro, será dedicado a um dia de retiro espiritual.

    “Será uma espécie de pit-stop, para implorar ao Senhor por seus dons em vista do discernimento sobre o rascunho do Documento Final. Como se vê, há uma alternância de momentos de oração pessoal, de diálogo e de comunhão entre nós, de comunhão fraterna na escuta e de amor recíproco e de comunhão na oração”, explica o cardeal Mario.

Participantes

A lista de participantes na segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos não apresenta grandes alterações em relação à lista de participantes na primeira sessão. Está dividido em membros (ou seja, aqueles que têm direito de voto) que estão organizados, como habitualmente, de acordo com o título de participação (ou seja, membros ex officio, ex designatione e ex electione); convidados especiais e outros participantes.

São os delegados brasileiros:

– Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ)

– Dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André (SP);

– Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM);

– Dom Dirceu de Oliveira Medeiros, bispo de Camaçari (BA);

– Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF).

Outros brasileiros no Sínodo:

– Cardeal Sergio da Rocha, como membro do Conselho Ordinário;

– Cardeal João Braz de Aviz, como prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida

Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica;

– Padre Adelson Araújo dos Santos, entre os especialistas e facilitadores;

– Padre Agenor Brighenti, entre os especialistas e facilitadores;

– Padre Miguel de Oliveira Martins Filho, entre os especialistas e facilitadores;

– Dom Jaime Spengler, pela presidência do Conselho Episcopal Latino Americano e

Caribenho (Celam);

– Maria Cristina dos Anjos da Conceição, da Cáritas Brasileira, entidade de promoção e

atuação social que trabalha na defesa dos direitos humano, segurança alimentar e

desenvolvimento sustentável;

– Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, organismo

de articulação, organização e representação dos cristãos leigos e leigas.

Pedido de oração do Papa

Em outubro de 2021, no início do Caminho Sinodal, a Rede Mundial de Oração do Papa lançou o site Pray For The Synod, em colaboração com a Secretaria do Sínodo e a União Internacional de Superioras Gerais (UISG). Este site tornou-se um ponto de encontro para pessoas de todo o mundo partilharem orações pelo Sínodo. Desde então, mais de 300 orações escritas pelo Povo de Deus foram partilhadas.

    “Com o início da segunda sessão do Sínodo, somos convidados a renovar a nossa oração através do Click To Pray, a APP de oração do Papa, que promove uma Igreja Sinodal”.

Durante a segunda Assembleia Sinodal, o Click To Pray vai disponibilizar a todos os seus utilizadores as mesmas orações que serão rezadas diariamente na sala sinodal. Esta é uma oportunidade para unir os corações e pedir, que “este Sínodo seja um tempo habitado pelo Espírito”, como encoraja o Papa Francisco.

O Click To Pray oferece, também, a possibilidade de acompanhar o Papa através do seu perfil oficial de oração, onde são publicadas as últimas intenções de oração do Santo Padre.

Na intenção de oração mensal de outubro, o Papa convida-nos a rezar “para que a Igreja continue a apoiar de todas as formas um modo de vida sinodal, sob o signo da corresponsabilidade, promovendo a participação, a comunhão e a missão partilhada entre sacerdotes, religiosos e leigos.”

As orações diárias no Click To Pray vão ajudar a rezar pelo Sínodo, e as atitudes para a vida diária vão dar sugestões para encarnar este desafio proposto pelo Papa ao longo do mês. Fonte: CNBB

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Oração da Liturgia das Horas torna a Sagrada Escritura fonte principal de toda oração cristã

Neste mês especial dedicado à Palavra de Deus, a Igreja no Brasil motiva os fiéis e comunidades a terem maior contato com a Bíblia. E uma das formas de aprofundar essa relação é por meio da oração Liturgia das Horas, também chamada de Ofício Divino.

A Liturgia das Horas é a oração oficial da Igreja, composta de salmos, hinos e leituras bíblicas e dividida em momentos específicos ao longo do dia (Laudes, Vésperas, Hora Média, Completas).

No dia 1º de outubro, às 8h30, será realizada uma live no Instagram da CNBB com a oração das Laudes, uma oportunidade de mergulhar na Palavra por meio dessa tradição da Igreja.

Oração pública da Igreja

Desde de 1970, quando Papa Paulo VI promulgou a reforma da Liturgia das Horas, através da Constituição Apostólica Laudis Canticum, ela se tornou uma oração pública da Igreja, povo de Deus, não apenas reservada ao clero ou a algumas ordens religiosas, mas podendo ser rezada também pelos fiéis leigos.

No documento, o Papa Paulo VI manifestou sua intenção de que a Sagrada Escritura torne-se “a fonte principal de toda oração cristã, sobretudo a oração dos salmos que acompanha e proclama a ação ação de Deus na história da salvação”. A Constituição Laudis Canticum marca ainda a reformulação da Liturgia das Horas feita pelo Concílio Vaticano II.

    “A oração cristã é, antes de tudo, oração de toda a família humana, que está associada em Cristo. Cada um participa desta oração, mas é típica de todo o corpo; Por isso exprime a voz da amada Esposa de Cristo, os desejos e votos de todo o povo cristão, as súplicas e os pedidos pelas necessidades de todos os homens”, escreveu o Papa Paulo VI.

Voz de Cristo e da Igreja

No caderno de número 10 da coleção sobre o Concílio, preparada por ocasião do Jubileu 2025, o padre Edward McNamara, professor de Liturgia na Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, em Roma, explica que o Ofício Divino ocupa um lugar especial nas muitas iniciativas individuais e comunitárias de oração, justamente por ser “a voz de Cristo e da Igreja, unidos ao dirigir-se ao Pai por meio do Espírito Santo”. Além disso, a Liturgia das Horas tem a característica de santificar as horas do dia.

    “Quando rezamos a Liturgia das Horas, não estamos usando um livro de orações devocionais, mas nos unimos à Igreja de Cristo que eleva orações de louvor, ação de graças e intercessão pelo mundo inteiro. De certa forma, tornamo-nos a Igreja em oração e cumprimos o seu destino e propósito”, explicou padre McNamara.

A Liturgia das Horas - Cadernos do Concílio vol. 10O caderno de estudo, oferecido pela Edições CNBB, também apresenta o desenvolvimento do Ofício Divino desde os primórdios do cristianismo, seguindo o mandato de Cristo de orar incansavelmente.

O desenvolvimento dessa forma de oração com a Sagrada Escritura teve, no século IX, a definição de formato, por volta do ano 225, e recomendação de que os cristãos participassem do encontro da manhã. Cerca de cem anos depois, o desenvolvimento do “Ofício da Catedral”, com salmos selecionados por Santo Ambrósio de Milão, e o desenvolvimento do Ofício Monástico. Em 1215, a recitação diária do Ofício Divino tornou-se obrigatória a todos do clero. Antes com o formato de recitação de todos os 150 salmos em uma semana, o ofício foi gradualmente substituído pelo Breviário, que ganhou nova edição em 1568, por São Pio V. Confira os detalhes na publicação oferecida pela Edições CNBB.

Como rezar? 

A Liturgia das Horas pode ser rezada ao longo de todo dia. É possível começar com as Laudes (manhã) e as Vésperas (tarde). Em cada oração, consagramos, pelo louvor a Deus, cada momento do nosso dia:

OFÍCIO DAS LEITURAS

Em sua origem, o Ofício das Leituras é uma oração noturna, rezada ao longo da madrugada. Após a reforma litúrgica, ele pode ser feito em qualquer momento do dia ou da noite.

LAUDES

As laudes são o louvor da manhã. Com elas, consagramos o início do dia a Deus.

HORA MÉDIA

É uma oração recitada ao longo do dia, dividida em três horários: Terça (9h), Sexta (12h), e Nona (15h). Essas horas têm significados específicos, como a descida do Espírito Santo em Pentecostes (9h), a crucificação do Senhor ao meio-dia, e sua morte na cruz (15h).

VÉSPERAS

Rezamos as Vésperas ao final do dia, ao pôr do sol. Nela refletindo sobre a fragilidade da vida humana e a esperança da renovação em Deus.

COMPLETAS

Rezando as Completas antes de dormir, pedimos a proteção divida durante a noite.

Cada hora do Ofício Divino começa com o hino, depois rezamos com os salmos, fazemos a leitura breve e, por fim, a oração. Para esse percurso, é possível usar um livro com os textos litúrgicos ou baixar o aplicativo da CNBB, onde você também encontra a Liturgia das Horas para rezar todos os dias gratuitamente. Baixe aqui para Android e aqui para iOS. Fonte: CNBB

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Santuário recebe o Congresso da Infância e Adolescência Missionária

Encontro, que será realizado em Aparecida (SP), tem mais de 800 inscritos vindos de todo o Brasil

Escrito por Redação A12

A Secretaria Nacional da Infância e Adolescência Missionária (IAM) está em intenso trabalho para organizar 1º Congresso Nacional do movimento, que acontece no Santuário Nacional de Aparecida entre esta sexta-feira (27) e domingo, 29 de setembro. 

Foram realizadas mais de 800 inscrições, entre crianças, adolescentes, assessores e famílias que participam da Obra em todo o Brasil e de países próximos. O encontro será realizado no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida e tem como objetivo promover a integração entre os participantes, fortalecer o protagonismo dos jovens integrantes, criando laços de fé e solidariedade. 

A programação completa está neste link no site das Pontifícias Obras Missionárias (POM). 

Para que a experiência seja ainda mais missionária, os participantes serão acolhidos nas famílias das paróquias da Arquidiocese de Aparecida. A proposta é realizar atividades abertas para todos durante a tarde do sábado, 28 de setembro, sendo um espaço de integração entre os integrantes do congresso e as famílias das comunidades locais.

Comunhão e participação

O tema da primeira edição do Congresso será “IAM: com a força do Espírito, testemunhas de Cristo” e o lema “Ide, convidai a todos para o banquete” (Mt. 22,9). Os participantes terão a oportunidade de acompanhar diversas atividades educativas e religiosas, incluindo palestras, workshops e momentos oracionais. Para os assessores, o evento será uma oportunidade para troca de experiências, podendo ampliar as atividades junto às crianças nas ações missionárias.

“Nós esperamos a todos vocês com muito entusiasmo para vivenciar esse momento lindo de comunhão e participação de todas as forças missionárias das Obras Pontifícias. Venham e participem conosco com grande alegria. Traga na sua bagagem muita disposição e, acima de tudo, o desejo de partilhar o amor de Jesus a todos”, ressalta a irmã Antonia Vânia de Sousa, secretária nacional da IAM. 

O que é a IAM? 

A Infância e Adolescência Missionária (IAM) é um estilo de vida, um jeito especial de ser durante todos os dias da semana, assumido junto ao grupo. Participam desta Obra, crianças e adolescentes que se identificam com o carisma “Criança e adolescente rezando e ajudando crianças e adolescentes”. 

Por meio do olhar atento às realidades universais, os missionários agem em suas realidades locais como protagonistas da missão. Os grupos da IAM são formados por até 12 crianças ou adolescentes. Esses grupos são organizados por proximidade de faixas etárias.

Terão o acompanhamento de um assessor adulto. As crianças ou adolescentes, além de escolher uma equipe de coordenação para dinamizar os encontros, farão a distribuição dos compromissos necessários para o bom andamento do grupo. 

A IAM tem uma metodologia própria com o objetivo de motivar as crianças e adolescentes a refletir sobre as realidades encontradas desde o âmbito local até além-fronteiras. Para isso, a Obra acontece por meio de encontros semanais para refletir um Tema Gerador, escolhido pelo grupo, dentro de quatro encontros que refletem a realidade, a espiritualidade, o compromisso e a vida de grupo.

Fonte: A12.com

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Comissão Regional de Educação e Cultura lança revista digital Educasul 

Em um esforço coletivo de agentes de todo o Regional, a Comissão Regional de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul lança nesta sexta-feira, 27, a Revista Educasul. A iniciativa reúne relatos de arqui/dioceses e congregações de todo o Regional, tanto na articulação da Pastoral da Educação quanto na atuação durante as enchentes que atingiram o estado em maio e junho.

A introdução do material, por dom José Gislon, Bispo Referencial da Comissão de Educação e Cultura no Regional, ressalta:

“Vivemos uma experiência dolorosa no nosso Estado do Rio Grande do Sul, com as tragédias causadas pelas chuvas, que deixaram marcas, feridas e cicatrizes no coração de milhares de pessoas. Mas também vimos o quão é importante o sentido de corresponsabilidade, em relação à coletividade. A dor do outro nos atingiu, nos mobilizou, nos envolveu na missão, pelo amor-compaixão”. Segundo dom José, “é importante ter presente que as instituições católicas em geral têm uma longa história de protagonismo na educação no nosso Estado do Rio Grande do Sul, em todos os níveis”.

A revista digital, com 15 páginas, apresenta textos produzidos pelos agentes da Pastoral da Educação e Cultura de Passo Fundo, Santa Maria, Caxias do Sul, Porto Alegre, Bagé e Pelotas. Além disso, também relata a atuação de algumas congregações através de suas escolas, colégios e centros sociais no atendimento às vítimas das chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul.

O Pe. Rogério Ferraz de Andrade, Secretário Executivo do Regional e coordenador da Comissão Regional de Educação e Cultura explica que a iniciativa tem como objetivo “integrar o serviço de evangelização entre as arqui/dioceses do Regional Sul 3, compartilhando as ações empreendidas em prol da formação dos professores, das ações de solidariedade e das ações das comunidades educativas da rede católica e da rede pública de educação”.

Esta é a primeira edição da Revista Educasul, que deverá ser publicada semestralmente pela Comissão Regional de Educação e Cultura.

Fonte: CNBB Sul 3

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O Papa: precisamos de cultura que não seja "sectária" nem se coloque acima dos outros

Precisamos de uma cultura que alargue as fronteiras, que não seja “sectária” nem se coloque acima dos outros, mas pelo contrário, que esteja na massa do mundo, introduzindo nela um bom fermento, que contribua para o bem da humanidade. Esta tarefa, esta “esperança maior”, está confiada a todos vós: disse o Papa no encontro com os professores da Universidade Católica de Leuven, ponto alto da visita à Bélgica, focada sobretudo na celebração dos 600 anos da mais antiga universidade católica do mundo

Raimundo de Lima – Vatican News

A grande missão da Universidade é alargar fronteiras e tornar-se um espaço aberto ao homem e à sociedade. Foi o que disse Francisco esta sexta-feira (27/09) no encontro com os professores da Universidade Católica de Leuven, ponto alto desta visita à Bélgica, focada sobretudo na celebração dos 600 anos da mais antiga universidade católica do mundo. Situada a cerca de 26 Km da capital Bruxelas, Leuven (ou Lovaina) está situada na região de Flandres, centro da Bélgica. A visita pastoral do Pontífice se insere no âmbito da 46ª Viagem Apostólica Interncaional de Francisco, iniciada esta quinta-feira, 26, com a primeira etapa em Luxemburgo.

Após agradecer ao reitor por suas palavras e por ter recordado a história e tradição nas quais esta Universidade está radicada, bem como alguns dos principais desafios atuais que nos interpelam a todos, o Santo Padre ressaltou que a primeira tarefa da Universidade é “oferecer uma educação integral para que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para interpretar o presente e planejar o futuro”. Na verdade, observou, a formação cultural nunca é um fim em si mesma e as Universidades não devem correr o risco de se tornarem “catedrais no deserto”; elas são, pela sua própria natureza, lugares que impulsionam ideias e novos estímulos para a vida e o pensamento humanos e para os desafios da sociedade, ou seja, espaços generativos. “É bom pensar que a Universidade gera cultura, gera ideias, mas sobretudo que promove a paixão pela busca da verdade, ao serviço do progresso humano”.

Em particular, as Universidades católicas, como esta, são chamadas a “prestar o decisivo contributo de fermento, sal e luz do Evangelho de Jesus Cristo e da Tradição viva da Igreja sempre aberta a novos cenários e propostas”. Por isso, gostaria de lhes dirigir um simples convite: alarguem as fronteiras do conhecimento! Não se trata de multiplicar as noções e as teorias, mas de fazer da formação acadêmica e cultural um espaço vivo, que englobe a vida e fale à vida.

Em nosso contexto, disse o Pontífice aos acadêmicos da prestigiosa universidade belga, deparamo-nos com uma situação ambivalente em que as fronteiras se estreitam.

Por um lado, estamos imersos numa cultura marcada pela renúncia à busca da verdade. Perdemos a paixão inquieta da procura, para nos refugiarmos no comodismo do pensamento fraco, na convicção de que tudo é igual, de que tanto vale uma coisa como outra, de que tudo é relativo. Por outro lado, quando, em contextos universitários e não só, se fala de verdade, cai-se muitas vezes numa atitude racionalista, segundo a qual só aquilo que podemos medir e experimentar pode ser considerado verdadeiro, como se a vida se reduzisse exclusivamente à matéria e ao visível. Em ambos os casos, as fronteiras são estreitas, observou Francisco.

Sobre o primeiro aspeto, temos o cansaço do espírito, que nos remete para a incerteza permanente e para a falta de paixão, como se fosse inútil procurar sentido numa realidade que permanece incompreensível. Sobre o segundo aspeto, porém, temos o racionalismo sem alma no qual corremos novamente o risco de cair, condicionados pela cultura tecnocrática. Quando o homem se reduz apenas à matéria, quando a realidade se restringe aos limites do visível, quando a razão é apenas matemática e “laboratorial”, perde-se o espanto, aquele assombro interior que nos impele a procurar mais além, a olhar para o céu, a descobrir aquela verdade escondida que responde às perguntas fundamentais: Porque é que vivo? Que sentido tem a minha vida? Qual é o objetivo último e a meta deste caminho?

Sejamos conscientes – como disse o senhor Reitor no início – “de que ainda não sabemos tudo”, mas é precisamente esta limitação que sempre os deve impulsionar, ajudando-os a conservar acesa a chama da investigação e a manter uma janela aberta para o mundo de hoje, disse o Papa dirigindo-se aos preofessores.

A este respeito, prosseguiu o Santo Padre, quero dizer-lhes sinceramente: “obrigado! Obrigado porque, ao alargarem as fronteiras, abriram espaço para acolher tantos refugiados que são forçados a fugir das suas terras, no meio de inúmeras inseguranças, enormes dificuldades e, por vezes, sofrimentos atrozes”.

O Papa aludiu ao vídeo pouco antes exibido sobre a assistência aos refugiados, um testemunho muito comovente de uma jovem palestina. “E enquanto alguns apelam ao reforço das fronteiras, cada um dos que aqui se encontram, como comunidade universitária, alarga as fronteiras, abre os braços para acolher estas pessoas marcadas pela dor, ajudando-as a estudar e a crescer”, disse.

É disto que precisamos: uma cultura que alargue as fronteiras, que não seja “sectária” nem se coloque acima dos outros, mas pelo contrário, que esteja na massa do mundo, introduzindo nela um bom fermento, que contribua para o bem da humanidade. Esta tarefa, esta “esperança maior”, está confiada a todos vós!

Francisco concluiu exortanto-os a serem protagonistas na criação de uma cultura de inclusão, de compaixão, de atenção para com os mais fracos e para com os grandes desafios do mundo em que vivemos.

Fonte: Vatican News

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O Papa na Bélgica: paz e repúdio da guerra. O abuso na Igreja "é uma vergonha"

Francisco manifestou satisfação por visitar a Bélgica, e disse que quando "se pensa neste País, evoca-se ao mesmo tempo algo pequeno e grande, um país ocidental e simultaneamente central, como se fosse o coração pulsante de um organismo imenso". O Pontífice falou sobre os "dramáticos acontecimentos do abuso de menores, um flagelo que a Igreja está enfrentando com decisão e firmeza".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco encontrou-se com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático, nesta sexta-feira (27/09), no Castelo Real de Laeken, na Bélgica, segunda etapa de sua 46ª Viagem Apostólica Internacional.

Francisco manifestou satisfação por visitar a Bélgica, e disse que quando "se pensa neste País, evoca-se ao mesmo tempo algo pequeno e grande, um país ocidental e simultaneamente central, como se fosse o coração pulsante de um organismo imenso".

"A Bélgica não é um Estado muito extenso, mas a sua história peculiar fez com que, imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial, os povos europeus, cansados e exaustos, iniciando um sério caminho de pacificação, colaboração e integração, olhassem para ela como a sede natural das principais instituições europeias. Por se situar nos limites entre o mundo germânico e o mundo latino, fazendo fronteira com a França e a Alemanha, que mais encarnaram as antíteses nacionalistas da origem do conflito, surgiu como lugar ideal, quase uma síntese da Europa, de onde partir para a sua reconstrução, física, moral e espiritual", frisou o Papa.

A Bélgica é uma ponte 

Poderia-se dizer que a Bélgica é uma ponte: entre o continente e as ilhas britânicas, entre as regiões germânicas e francófonas, entre o sul e o norte da Europa. Uma ponte para permitir a expansão da concórdia, fazendo retroceder os conflitos. Uma ponte onde cada um, com a sua língua, a sua mentalidade e as suas convicções, se encontra com o outro e escolhe a palavra, o diálogo e a partilha como meios de relação. Uma ponte, portanto, indispensável à construção da paz e ao repúdio da guerra.

Segundo o Papa, a Europa precisa da Bélgica "para se lembrar da sua história, feita de povos e culturas, de catedrais e universidades, de conquistas do engenho humano, mas também de muitas guerras e de uma vontade de domínio que, por vezes, se converteu em colonialismo e exploração. A Europa precisa da Bélgica para prosseguir na via da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem".

“Na verdade, a concórdia e a paz não são uma conquista alcançada de uma vez por todas, mas antes uma tarefa e uma missão incessante a cultivar, a cuidar com tenacidade e paciência.”

Porque quando os seres humanos deixam de recordar o passado e ser educados por ele, esquecendo o sofrimento e os custos assustadores pagos pelas gerações anteriores, ficam com a desconcertante capacidade de voltar a cair mesmo depois de se terem finalmente reerguido.

"A história, magistra vitae tantas vezes não escutada, da Bélgica convoca a Europa a retomar o seu caminho, a redescobrir o seu verdadeiro rosto, a investir de novo no futuro, abrindo-se à vida, à esperança, para vencer o inverno demográfico e o inferno da guerra", disse ainda Francisco.

O abuso na Igreja é uma vergonha

A seguir, o Papa disse que "a Igreja Católica quer ser uma presença que, testemunhando a sua fé em Cristo Ressuscitado, oferece aos indivíduos, às famílias, às sociedades e às Nações uma esperança antiga e sempre nova". A Igreja "anuncia uma Notícia que pode encher os corações de alegria e, com obras de caridade e inúmeros testemunhos de amor ao próximo, procura oferecer sinais concretos e provas do amor que a move. Entretanto, vive na realidade das culturas e das mentalidades de um determinado tempo, ajudando a plasmá-las ou, por vezes e de algum modo, ressentindo-se delas; porém, nem sempre compreende e vive a mensagem evangélica na sua pureza e plenitude", acrescentando:

De acordo com Francisco, "a Igreja vive nesta perene coexistência de luz e sombra, muitas vezes com frutos de grande generosidade e esplêndida dedicação, e outras vezes, infelizmente, com o aparecimento de dolorosos contra-testemunhos. Estou a pensar nos dramáticos acontecimentos do abuso de menores, um flagelo que a Igreja está enfrentando com decisão e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando em todo o mundo um programa capilar de prevenção".

“Irmãos e irmãs, esta é uma vergonha! Uma vergonha que hoje todos nós devemos enfrentar, pedir perdão e resolver o problema: a vergonha do abuso, do abuso de menores. Pensamos na época dos santos inocentes e dizemos: 'Oh! Que tragédia, o que fez o rei Herodes', mas hoje na Igreja existe este crime e a Igreja deve se envergonhar e pedir perdão, e tentar resolver essa situação com humildade cristã, fazendo todos os esforços para que isso não aconteça mais.”

O Pontífice sublinhou a esse propósito, que alguém lhe diz que, "segundo as estatísticas, a grande maioria dos abusos ocorre na família ou no bairro ou no mundo do esporte, na escola".  "Apenas um abuso é suficiente para se envergonhar. Na Igreja, devemos pedir perdão por isso e que os outros peçam perdão por sua parte. Essa é a nossa vergonha e nossa humilhação", observou Francisco.

As "adoçoes forçadas" na Bélgica

Ainda sobre os abusos, o Papa recordou o problema das “adoções forçadas” que ocorreram "na Bélgica nos anos 50 e 70 do século passado". "Nessas histórias espinhosas, o fruto amargo de um delito e de um crime misturava-se com o que, infelizmente, era o resultado de uma mentalidade prevalecente em todos os estratos da sociedade, de tal modo que aqueles que agiam de acordo com ela, em consciência, acreditavam fazer o bem, tanto à criança como à mãe", disse ainda Francisco.

“Muitas vezes, a família e os outros agentes sociais, incluindo a Igreja, consideravam que, para eliminar o estigma negativo que, infelizmente, recaía sobre a mãe solteira naquela época, era preferível, para o bem de ambos, mãe e filho, que este último fosse adotado. Houve até casos em que não foi dada a possibilidade a algumas mulheres de escolher entre ficar com a criança ou dá-la para adoção.”

"Como sucessor do Apóstolo Pedro, peço ao Senhor que a Igreja encontre sempre dentro de si a força para esclarecer e não se conformar com a cultura dominante, mesmo quando esta – manipulando-os – usa valores derivados do Evangelho, para deles tirar conclusões indevidas, com consequências pesadas de sofrimento e exclusão", sublinhou Francisco.

O Papa disse ainda que reza "para que os dirigentes das Nações, ao olharem para a Bélgica e para a sua história, saibam aprender com ela e poupem assim os seus povos de desgraças e lutos sem fim". "Rezo para que os governantes saibam assumir a responsabilidade, o risco e a honra da paz e saibam afastar o perigo, a ignomínia e o absurdo da guerra. Rezo para que temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam os seus olhos e corações, colocando sempre em primeiro lugar o bem comum", concliu o Papa.

Fonte: Vatican News

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Recordar a história para derrotar o inferno da guerra

Da Bélgica “ponte e encruzilhada”, um novo apelo de Francisco à Europa para que se encontre.

Andrea Tornielli

Depois do Luxemburgo, a Bélgica: também um país pequeno, mas encruzilhada, «síntese da Europa», ponto de partida para a sua reconstrução após o monstruoso drama da Segunda Guerra Mundial. O Papa define a Bélgica como uma ponte, para permitir que se expanda a concórdia e retrocedam as controvérsias. «Uma ponte que favorece as trocas comerciais, estabelece a comunicação e faz dialogar as civilizações. Uma ponte, portanto, indispensável à construção da paz e ao repúdio da guerra».

Também daqui, Francisco repete o seu apelo à Europa para que recorde a sua história feita de luz e de civilização, mas também de guerras, desejo de dominação e de colonialismo. E acrescenta palavras inequívocas: «Este País recorda a todos os outros que quando – com base nas mais variadas e insustentáveis desculpas – se começa a não respeitar as fronteiras e os tratados e se atribui às armas a criação do direito, subvertendo aquele que está em vigor, abre-se a caixa de Pandora e todos os ventos começam a soprar violentamente, sacudindo a casa e ameaçando destruí-la».

Como não ler aqui uma referência ao que está acontecendo na Ucrânia agredida e martirizada? A casa comum europeia está abalada e corre o risco da destruição. Porque, como nos recorda o Sucessor de Pedro, «a concórdia e a paz não são uma conquista alcançada de uma vez por todas, mas antes uma tarefa e uma missão... uma missão incessante a cultivar, a cuidar com tenacidade e paciência. O ser humano, de fato, quando deixa de recordar o passado... e de se deixar educar por ele, possui a desconcertante capacidade de voltar a cair mesmo depois de se ter finalmente reerguido."

Há uma Europa esquecida, que só fala de armas e parece não perceber que caminha para o abismo. «Estamos perto – acrescentou de improviso – de uma quase guerra mundial». Vêm à mente as prementes e não ouvidas palavras de João Paulo II, já doente e trêmulo, quando convidava os “jovens” chefes de governo ocidentais da época a não embarcarem na desastrosa guerra no Iraque em 2003. Fazia-o como testemunha viva do horror da Segunda Guerra Mundial. Agora os ventos da Terceira Guerra Mundial sopram de muitos lados: no coração da Europa cristã, com o conflito na Ucrânia, bem como no Médio Oriente, onde continuam a ocorrer massacres de civis inocentes, e em tantas outras partes do mundo.

É necessário um salto de consciência. É preciso, diz o Papa, «uma ação cultural, social e política constante e oportuna, corajosa e ao mesmo tempo prudente, que exclua um futuro em que a ideia e a prática da guerra voltem a ser uma opção viável, com consequências catastróficas». Porque a história é mestra de vida, mas “muitas vezes não é ouvida”. E esta história hoje da Bélgica, pela voz do indefeso Bispo de Roma que leva o nome de São Francisco, chama a Europa a se reencontrar e a investir no futuro, abrindo-se à vida, não à morte e à corrida aos armamentos, para «derrotar o inverno demográfico e o inferno da guerra».

Fonte: Vatican News

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Papa faz visita surpresa a uma casa de caridade em Bruxelas, entre idosos e doentes

Francisco fez uma visita inesperada à Home Saint-Joseph em Bruxelas, onde encontrou idosos doentes e pobres, abençoou os presentes e pediu orações. A visita ocorreu após seu encontro com a realeza belga no Castelo de Laeken.

Vatican News

Nesta sexta-feira, 27 de setembro, após sua visita ao Castelo de Laeken para encontrar a família real belga e as autoridades do país, o Papa Francisco foi à Home Saint-Joseph, uma instituição administrada pelas Pequenas Irmãs dos Pobres, que acolhe homens e mulheres idosos, gravemente doentes e com poucas condições financeiras. O Papa cumprimentou e abençoou todos, incluindo Madame Zelle, de 102 anos, e Agata, natural de Bari.

A visita não estava prevista. O Papa tinha uma pausa de cinco horas entre seus compromissos oficiais, mas, em vez de retornar à sua residência, seu cortejo seguiu para o bairro de Marolles, conhecido por seus pubs e mercados, e chegou à Home Saint-Joseph.

Ao entrar na casa de caridade, o Santo Padre foi recebido por duas irmãs das Pequenas Irmãs dos Pobres, que agradeceram pela surpresa. Francisco respondeu com um sorriso e perguntou sobre a congregação. Dentro da casa, uma música animada acompanhava os aplausos dos presentes, enquanto idosos gravemente enfermos e com dificuldades financeiras, chamados carinhosamente de "irmãozinhos" e "irmãzinhas", eram atendidos com refeições, cuidados e gestos de afeto.

Sentado no centro da sala, Francisco abençoou os presentes e pediu: "Rezem por mim!". Algumas mulheres responderam prontamente, garantindo que rezam por ele todos os dias. O encontro se encerrou com a oração do Pai Nosso e um último pedido do Papa: "Rezem por mim. A favor, não contra!"

Fonte: Vatican News

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A Igreja Católica na Bélgica

A primeira evangelização do território belga remonta ao século IV. O primeiro bispo residente foi São Servásio, bispo de Tongeren entre 346 e 359. Nesta fase a difusão do cristianismo ocorreu sobretudo nas pequenas cidades galo-romanas e começou a ser definida a geografia eclesiástica do território: a leste a Diocese de Tongeren-Maastricht-Liège, incluída na Província eclesiástica de Colônia, na Alemanha; no centro a Diocese de Cambrai e a oeste a Diocese de Tournai, incluídas Província de Reims

Vatican News

A Igreja Católica na Bélgica tem 9 Circunscrições Eclesiásticas na qual estão distribuídas 3.656 paróquias e outros 434 centros pastorais. Os católicos do país (72% de uma população total de 11.618.000) são pastoreados por 22 bispos e assistidos por 2.066 sacerdotes diocesanos e 1.677 sacerdotes religiosos (3.743 no total). Os diáconos permanentes são 577, os religiosos não sacerdotes 355, as religiosas professas 5.045, os membros dos institutos seculares 91, os missionários leigos 34 e os catequistas 4.803. Há 1 seminarista menor e 197 seminaristas maiores

Os centros de educação de propriedade e/ou dirigidos por eclesiásticos ou religiosos (dados de 31 de dezembro de 2022) são: 3.368 creches e escolas primárias, que atendem 608.989 crianças; 1.076 escolas médias inferiores e secundárias, com 572.292 estudantes; 30 escolas superiores e universidades que atendem 172.562 estudantes.

No país, a Igreja adminstra 88 hospitais, 19 ambulatórios, 8 leprosários, 360 casas para idosos, pessoas com invalidez ou deficiência, 181 orfanatrófios e jardins da infância, 52 consultórios familiares, 5 centros especiais de educação ou reeducação social, 142 outras instituições.

A Conferência Episcopal da Bélgica 

A Conferência Episcopal da Bélgica (Conférence Episcopale du Belgique; Belgische Bischofskonferenz - CEB) reúne os prelados da Arquidiocese de Malines-Bruxelas, das suas 7 Dioceses sufragâneas e do Ordinariato Militar. 

O seu presidente é dom Luc Terlinden, arcebispo de Malines-Bruxelas; os seus vice-presidentes são dom Patrick Hoogmartens, bispo de Hasselt, e dom Jean-Pierre Delville, bispo de Liège, enquanto o secretário-geral é Bruno Spriet, um leigo.

Arquidiocese de Mechelen-Brussel, Malines-Bruxelles 

A Arquidiocese de Mechelen-Brussel, Malines-Bruxelles foi ereta em 12 de maio de 1559, sendo acrescentada a denominação de Bruxelas em 8 de dezembro de 1961). Abrange uma área de 3.635 km² onde vivem 3.022.681 habitantes, dos quais 1.931.000 são católicos. Há 573 paróquias, 452 sacerdotes diocesanos (5 ordenados no últimoano), 1.006 sacerdotes regulares residentes na diocese; 88 diáconos permanentes; 13 seminaristas dos cursos filosóficos e teológicos; 1.253 membros de institutos religiosos masculinos; 1.075 membros de institutos religiosos femininos; 1.221 instituições de ensino; 141 institutos de caridade; 9.399 batismos no último ano.  

O arcebispo de Mechelen-Brussel, Malines-Bruxelles é dom Luc Terlinden, nascido em Etterbeek, Arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, em 17 de outubro de 1968; ordenado em 18 de setembro de 1999; eleito em 22 de junho de 2023. É o ordinário militar para a Bélgica.

 As origens da Igreja Católica na Bélgica 

A primeira evangelização do território belga remonta ao século IV. O primeiro bispo residente foi São Servásio, bispo de Tongeren entre 346 e 359. Nesta fase a difusão do cristianismo ocorreu sobretudo nas pequenas cidades galo-romanas e começou a ser definida a geografia eclesiástica do território: a leste a Diocese de Tongeren-Maastricht-Liège, incluída na Província eclesiástica de Colônia, na Alemanha; no centro a Diocese de Cambrai e a oeste a Diocese de Tournai, ambas incluídas na Província eclesiástica de Reims, na França.

O cristianismo consolidou-se no território no século VII graças aos monges escoceses, irlandeses, aquitanos e anglo-saxões, entre os quais se destaca São Willibrord de Utrecht (658-739). A eles se deve a construção de vários mosteiros, que em pouco tempo se tornaram também centros econômicos, culturais e missionários em torno dos quais gravitavm muitas cidades: Gand, Mons, Nivelles, Mechelen, Ronse, Leuze, Andenne, St. Trond, Saint-Ghislain, Soignies. O assassinato em Liége de São Lamberto, bispo de Maastricht, por volta de 703, transformou esta última em meta de peregrinação e logo no principal centro da diocese.

Por volta do ano 1000, o bispo de Liège Notker ajudou o imperador Otão II e o Papa Silvestre II (Gerberto de Aurillac) a retomar o projeto europeu de Carlos Magno. Em troca recebeu territórios que fizeram dele um príncipe-bispo e Liège a capital com numerosas igrejas. Este período conheceu uma grande vitalidade religiosa e cultural. Cresceu a influência da Igreja na sociedade, como evidenciado pela fundação de numerosos mosteiros e pela grande mobilização popular para a primeira Cruzada liderada por Godfrey de Bouillon. Dois bispos de Liège tornaram-se Papas: Frederico de Lorena (Estêvão IX) e Jaime Pantaléon (Urbano IV).

O desenvolvimento urbano entre os séculos XII e XIII coincidiu com o nascimento de novas ordens religiosas (Dominicanos, Franciscanos, Agostinianos, Carmelitas) que se estabeleceram no coração das cidades, e com a difusão dos beguinários, irmandades leigas fundadas principalmente na Holanda no século XIII por mulheres solteiras ou viúvas dedicadas à oração e às obras de caridade. Nestes ambientes floresceu uma nova espiritualidade que seria valorizada por Irmã Hadewijch, Santa Lutgard de Tondres e por Santa Juliana, prioresa do Hospício Cornillon de Liège, promotora da festa do Santíssimo Sacramento (1246).

A Igreja Belga receberá um novo impulso da "Devotio Moderna", o movimento de renovação espiritual que se difundiu na Holanda, Alemanha, Flandres e Itália entre os séculos XIV e XV que aspirava uma religiosidade intimista e que influenciaria a reforma religiosa do século sucessivo e os caminhos espirituais de figuras como Erasmo de Rotterdam.

A este período remonta a fundação da Universidade católica de Louvain, o renomado instituto de ensino superior fundado em 1425 pelo Papa Martinho V por desejo do Duque João IV de Brabante, que se tornaria um dos mais importantes centros de pensamento da Contra-reforma católica após a Reforma protestante no século XVI. 

No século XVI, no âmbito da Contra-Reforma, o rei Filipe II de Espanha decidiu reorganizar a Igreja no território, então Países Baixos espanhois, e impôs a Inquisição para contrastar a expansão do protestantismo.

Em 1679, o rei Carlos II pediu e obteve do Papa Inocêncio XI que esta região fosse dedicada a São José, que se tornaria assim o Santo Padroeiro da Bélgica.

No final do século XVIII, numerosos bens eclesiásticos foram confiscados ou destruídos, primeiro pelo imperador José de Habsburgo, no âmbito da sua política eclesiástica voltada a redimensionar a autoridade da Igreja Católica no Império habsburgo e mais tarde durante a Revolução Francesa.

Em 1801, a Concordata com Napoleão e as Bulas "Ecclesia Christi" e "Qui Christi Domini" redefiniram a organização das Circunscrições Eclesiásticos, prefigurando os contornos das dioceses no futuro Reino da Bélgica.

A Igreja Belga após a independência 

A independência conquistada em 1830 foi reconhecida pelo Papado graças aos bons ofícios do cardeal Engelbert Sterckx, arcebispo de Malines, que conseguiu fazer com que o Papa Gregório XVI aceitasse a Constituição do novo Estado (1831), não obstante sancionasse a liberdade de consciência e não reconhecesse um estatuto especial para a Igreja.

Em 1832, o Papa Cappellari fez da Bélgica uma nova província eclesiástica metropolitana. No novo contexto político, surgirão progressivamente as correntes do catolicismo liberal belga inspiradas no pensamento do padre e pensador católico francês Félicité Robert de La Mennais (1782-1854).

O final do século assistiu a um breve período de tensões entre Igreja e Estado, ligadas à chamada "Guerra Escolar" ("Guerre Scolaire") antes da subida ao poder do Partido Católico que dominaria a cena política do país até 1914. Após a Primeira Guerra Mundial, entre 1920 e 1925, a Bélgica acolheu as históricas “Conversas de Malines”, a primeira tentativa de diálogo entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana, que reuniu estudiosos católicos e anglicanos em cinco encontros para discutir uma série de questões cruciais que tornavam difícil a unidade entre as duas Igrejas, como o ministério petrino do Papa e a natureza das definições dogmáticas.

Na década de 1930, o padre Edouard Froidure (1899-1971) deu impulso ao catolicismo social belga por meio da fundação de obras como as Stations de Plein-air e Les Petits Riens para crianças de famílias desfavorecidas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o episcopado belga tentou encontrar um modus vivendi com o ocupante alemão, mas assumiu uma posição clara contra o colaboracionismo, mantendo distância dos partidos e movimentos pró-nazistas no país.

A Igreja Belga deu uma contribuição decisiva para os trabalhos do Concílio Vaticano II, nomeadamente por meio da figura do cardeal e teólogo Leo Jozef Suenens, arcebispo de Malines-Bruxelas, expressão da Escola de Lovaina atenta aos fermentos de renovação que surgiram na Igreja nas décadas anteriores.

Visitas dos Papas 

A Bélgica foi visitada duas vezes por São João Paulo II: a primeira de 16 a 21 de maio de 1985, por ocasião da sua Viagem Apostólica ao Benelux (11 a 21 de maio), a segunda de 3 a 4 de junho de 1995, para a beatificação do missionário belga padre Damiano de Veuster, posteriormente canonizado pelo Papa Bento XVI em 2009.

A Igreja Belga depois do Concílio 

Tal como acontece com outros países europeus, ao longo das últimas seis décadas a sociedade belga assistiu a uma profunda transformação cultural e religiosa: por um um  lado, tornou-se cada vez mais multirreligiosa, com um aumento da presença muçulmana ligada aos fluxos migratórios; por outro, tornou-se profundamente secularizada, como indica o declínio significativo de praticantes e vocações, e o crescimento de católicos que abandonaram a Igreja ou que não se reconhecem nos seus ensinamentos sobre moral e bioética.

Segundo o último relatório anual sobre a Igreja na Bélgica publicado pela Conferência Episcopal (CEB) em 2023, 50% dos belgas consideram-se católicos, em comparação com quase 53% registados em 2018. A este percentual não correspondem, no entanto, os dados relativos à prática religiosa e à frequência na Igreja, significativamente menos.

Em 2022, 8,9% dos belgas declararam que frequentam regularmente a Missa (em comparação com cerca de 50% na década de 1960). O declínio da prática religiosa é, no entanto, menos pronunciado na capital, Bruxelas, graças a uma forte presença estrangeira.

Ao mesmo tempo, nos últimos anos também surgiu o fenômeno dos que pedem a anulação do registo de batismo: foram 5.237 em 2021 e 1.270 em 2022.

Quanto à participação nos Sacramentos (Batismo, Primeiras Comunhões e Crismas, casamentos religiosos e funerais), o declínio sofreu um revés em 2022, com uma recuperação significativa após a pandemia de Covid. Da mesma forma, as peregrinações foram retomadas. Em 2022, os quatro santuários marianos do país (Scherpenheuvel, Oostakker, Banneux et Beauraing) totalizaram 1.270.000 visitantes.

A queda na participação também levou ao fechamento de várias igrejas católicas. Entre 2018 e 2022, 131 igrejas foram suprimidas do culto, enquanto desde 2010, 30 igrejas também foram inteiramente transferidas para outras denominações cristãs (principalmente ortodoxas).

Estas mudanças também levaram a alterações legislativas substanciais em relação ao aborto (legalizado em 1990), ao fim da vida (a eutanásia é legal desde 2002) e aos casamentos homossexuais (legalizados em 2003).

Outro fato diz respeito ao envelhecimento dos religiosos, ligado ao declínio das vocações. Em 2018, nas 278 comunidades de língua flamenga e 101 de língua francesa, entre 70 e 80% tinham mais de 70 anos.

Face a estes dados, a Igreja belga demonstra uma vitalidade discreta, como indica o aumento da sua oferta digital, a começar sobretudo pela pandemia, que constata um discreto sucesso, as suas obras de caridade e pastorais e o número de voluntários que contribuem para isso e também as contribuições dos fiéis leigos para o processo sinodal sobre a sinodalidade.

Com a evolução da sociedade, a composição interna da Igreja Católica belga também mudou: ao longo dos anos, outras comunidades linguísticas resultantes da imigração foram acrescentadas às três comunidades francófonas, flamengas e germanófonas: em 2021 existiam cerca de 150 comunidades católicas de língua estrangeira (especialmente polonesa, filipina e ucraniana) e cerca de um quinto dos sacerdotes, diáconos e assistentes paroquiais provenientes do esterior (principalmente da República Democrática do Congo, uma antiga colônia belga).

O escândalo da pedofilia 

O compromisso da Igreja Católica Belga com a protecção dos menores remonta a 1995, quando o episcopado criou uma comissão independente com o objetivo de lidar com todos os casos que deixaram de ser da competência civil porque foram prescritos e intensificados na esteira da indignação suscitada pelo caso Dutroux, o "monstro de Marcinelle" preso em 1996 após ter sequestrado e estuprado seis meninas e adolescentes, matando quatro deles.

Em 1997, o cardeal Godfried Daneels, então arcebispo de Malines-Bruxelas, criou uma “linha direta” para ouvir as vítimas e em 2000 foi criada outra comissão para lidar com queixas de abuso sexual por parte de sacerdotes. Mas foi depois do caso Vangheluwe, o bispo de Bruges que renunciou em 2010 depois de admitir ter abusado do sobrinho na época do seu sacerdócio e nos primeiros dias do seu ministério episcopal, que os bispos deram um novo impulso decisivo à luta à pedofilia na Igreja, incentivando as vítimas a apresentarem-se à comissão para o tratamento das denúncias de abuso sexual. Após a eclosão do escândalo, o episcopado publicou uma carta pastoral na qual reconheceu que os líderes da Igreja no país não enfrentaram de modo adequado a tragédia dos abusos sexuais e compreenderam a gravidade das suas consequências, pedindo perdão às vítimas e pedindo a difusão de “uma cultura da verdade e da justiça”. Entre as decisões tomadas, destaca-se a de uma aplicação mais rigorosa dos critérios de admissão ao sacerdócio e de combate aos abusos de poder.

Em 2016, foi apresentado o primeiro relatório dos bispos sobre casos de abuso sexual na Igreja belga, com base nos relatórios registados entre 2012-2015 pelos centros de escuta estabelecidos em todas as dioceses e congregações religiosas na Bélgica (dez em cada diocese e dois para as congregações religiosas), para acolher as vítimas para as quais o crime está prescrito.

No quadriênio em questão, 418 vítimas apresentaram-se nestes centros, enquanto outras 628 recorreram ao centro de arbitragem, um procedimento que não prevê a passagem por instituições eclesiais, para um total de 1.046 reclamações e 95 novos dossiês. 80% das denúncias ocorreram há mais de 30 anos. 71% das vítimas eram homens e os agressores eram praticamente sempre (em 95% dos casos) homens. 

Na ocasião, os bispos reiteraram que a colaboração com a justiça é total e que – caso a prescrição já tenha ocorrido – vai-se ao encontro das vítimas por meio de centros de escuta aos quais foi acrescentado um Comitê de Fiscalização composto por pessoas externas à Igreja que podem  ajudar os bispos a compreender como intervir.

A Igreja belga voltou a estar no centro da tempestade em dezembro de 2023, após a transmissão de um podcast do jornal flamengo Het Laatste Nieuws intitulado “Kinderen van de Kerk” (“Filhos da Igreja”) com entrevistas com mães e seus filhos dados em adoção para instituições católicas que as teriam vendido por grandes somasparaa famílias adotivas. Em 2015, a Conferência Episcopal Belga já tinha pedido desculpas às vítimas de adoções forçadas em instituições católicas no Parlamento Flamengo. Em resposta aos testemunhos transmitidos pelo programa, os bispos expressaram a sua compaixão pela dor e pelo trauma das vítimas e apelaram a uma investigação independente sobre as condições descritas pelas mulheres envolvidas.

 Fonte: Vatican News

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A Bélgica que acolhe Francisco

O desenvolvimento de atividades de serviços e o fato de ser sede de órgãos políticos supranacionais beneficiaram especialmente a região de Bruxelas, acentuando o seu distanciamento do país e a sua caracterização como uma metrópole mais europeia do que a belga.

Vatican News

A Bélgica está localizada na parte ocidental da Europa e faz fronteira ao norte com os Países Baixos, a leste com a Alemanha e o Grão-Ducado do Luxemburgo, a sul e sudoeste com a França e a noroeste com o Mar do Norte.

O país está dividido em três áreas principais: a planície costeiras no noroeste, a “Baixa Bélgica” (até 100 m acima do nível do mar), o planalto central ou "Bélgica central" (entre 100 e 200 m acima do nível do mar) e, por fim, a sudeste, as elevações das Ardenas, ou “Alta Bélgica” (de 200 a mais de 500 m acima do nível do mar). O ponto mais alto do país, Signal de Botrange, fica a apenas 694 m acima do nível do mar, nos Altos Pântanos da Valônia. A noroeste, ao longo dos 67 km da costa do Mar do Norte, ainda existem áreas com dunas de areia, tendo na sua retaguarda polders planos e colinas suaves. No centro do país existem grandes extensões de terras cultiváveis e, em direção ao sudeste, extensas áreas acidentadas, com bosques e colinas e, por fim, os cumes e florestas das Ardenas, na parte valona do país. Grande parte das Ardenas é caracterizada por vales íngremes escavados por rios. As principais rios são o Escalda e o Mosa, que nascem na França, atravessam a Bélgica e terminam o seu curso no Mar do Norte, nos Países Baixos. O maior dos lagos do país é o Lac de la Plate Taille, artificial e com uma superfície de 3,74 km². O clima é atlântico, mas por dentro torna-se mais continental.

Capital: Bruxelas (1.168.231 habitantes)

Superfície: 30.528 km²

População: 11.618.000 habitantes.

Densidade: 381 habitantes/km²

Idioma: francês (falado pelos valões, na Valônia, sul do país), holandês (falado pelos flamengos de Flandres, no norte), alemão.

Principais grupos étnicos: flamengos (54%), valões (37%), alemães (0,7%), italianos (1,5%), franceses (1,3%), holandeses (1,2%)

Religião: católicos (72%), protestantes (2,3%) %), outros cristãos (2,8%), muçulmanos (7%) não religiosos (20%)

Forma de governo: monarquia parlamentar federal

Unidade monetária: euro

Depois de ter sido sujeita a partir do século XVI, primeiro à dominação espanhola, depois aos Habsburgos austríacos, e então à dominação napoleônica, a Bélgica foi governada durante 15 anos pelo soberano holandês Guilherme I de Orange antes de obter a independência em 1830-1831 e se tornar uma monarquia constitucional e hereditária, com a elevação de Leopoldo I de Saxe-Coburgo ao cargo de rei (1831 - 1865).

A ascensão ao trono de Leopoldo II em 1865 marcou o início da exploração da África Central e do colonialismo belga, sancionado pela Conferência de Berlim em 1885, que confiou ao rei belga a soberania pessoal sobre o recém-nascido Estado Livre do Congo, transferida em 1908 ao Estado belga, do qual o Congo viria a obter a independência em 1960.

Durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais o país foi ocupado pelos alemães. Após a Segunda Guerra Mundial, os católicos (divididos desde 1945 em Partido Popular Cristão Flamengo e Partido Social Cristão Valão) reafirmaram a própria hegemonia, alternando alianças com liberais e socialistas ou com ambos durante quatro décadas.

Entre 1945 e 1975, graças à ajuda prestada pelos Estados Unidos com o Plano Marshall, a Bélgica conheceu um crescimento econômico impressionante, também graças à imigração de países como Itália, Espanha, Portugal e Turquia para as minas de carvão da Valônia. A imigração de trabalhadores italianos foi interrompida após o desastre de Marcinelle (1956), em que morreram 262 mineiros.

A Bélgica também se tornou um dos membros fundadores da união de Benelux em 1948, da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) em 1952 e da Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1957. Nas décadas seguintes, as instituições da UE concentrar-se-iam em Bruxelas.

Desde a independência, um dos maiores problemas do Reino da Bélgica foi a questão linguística, com a atração exercida sobre a Bélgica pela cultura e pela língua francesa, por um lado, e pela flamenga, por outro. O francês tornou-se língua oficial já em 1830 e a vida cultural da Bélgica foi durante muito tempo fortemente dominada pela cultura francesa.

Como reação, surgiram sentimentos nacionalistas entre a maioria da população flamenga. O objetivo da igualdade linguística foi alcançado somente em 1930 com a criação de duas regiões linguísticas, enquanto Bruxelas tornou-se bilingue. A batalha linguística recuperou força desde a década de 1960, provocando, entre outras coisas, a formação em uma base linguística de novos partidos de inspiração federalista (como a flamenga União Popular e a Frente Democrática dos francófonos) e a divisão das próprias forças políticas tradicionais ao longo da fronteira linguística.

A partir de 1968 os dois partidos católicos ganharam total autonomia: o Partido da Liberdade e do Progresso (nome assumido pelo Partido Liberal a partir de 1961) tornou-se exclusivamente flamengo após a separação da componente francófona que, em 1979, deu origem ao Partido Reformista e Liberal. Em 1978, também o Partido Socialista se dividiu em duas organizações independentes, uma valona e outra flamenga. Isto levou ao início de uma série de reformas que, entre 1970 e 2001, mudaram a estrutura institucional do Estado em sentido federal, com três Regiões (flamenga, valônia e a capital Bruxelas) e três Comunidades (francesa, flamenga e alemã, esta última unida administrativamente com a Valônia).

Os anos entre 1999 e 2007 testemunharam governos de coligação entre liberais e socialistas, liderados pelo primeiro-ministro liberal Guy Verhofstadt, pelos quais foram excluídos pela primeiras vez em quarenta anos os cristãos-sociais. Sob o seu governo, a eutanásia foi legalizada em 2002, enquanto em 2003 foi reconhecida a validade do casamento entre casais homossexuais.

Depois de 2007, seguiu-se um longo período de instabilidade política, que atingiu seu ápice em 2010-2011, quando a Bélgica permaneceu sem governo por 16 meses. A crise foi resolvida com a nomeação do socialista valão Elio Di Rupo como primeiro-ministro.

Sendo um país cada vez mais multiétnico e com uma presença africana crescente, após a tragédia de Paris, em 13 de novembro de 2015, a Bélgica comprometeu-se na luta contra o terrorismo, prendendo muitos combatentes estrangeiros, incluindo alguns responsáveis pelo ataque que estavam escondidos no seu interior. Em 22 de março de 2016, Bruxelas foi palco de um ataque ao metro e ao aeroporto reivindicados pelo chamado Estado Islâmico (EI), com dezenas de vítimas e centenas de feridos.

No que diz respeito às políticas migratórias, uma visível divisão dentro do Executivo abriu-se em dezembro de 2018 em relação à escolha de aderir ao Pacto Global sobre Migrações, o acordo não vinculativo negociado em 2016 pelos 193 países da ONU por uma migração segura e regular: os ministros da N-Va (Nova Aliança Flamenga), o primeiro partido da coligação governamental, demitiu-se, forçando o primeiro-ministro liberal Charles Michel, líder do Movimento reformista francófono (MR), a favor do pacto, a liderar um governo de minoria, e renunciar poucos dias depois, permanecendo no cargo por delegação do rei até às eleições europeias marcadas para maio de 2019.

As consultas registaram a clara afirmação do partido flamengo de extrema-direita Vlaams Belang, colocando-se com 11,9% dos votos em segundo lugar no país, precedido apenas pela Nova Aliança Flamenga (16%) e seguida pelos socialistas (9,5%), ambos em forte declínio, tal como os liberais do primeiro-ministro cessante Michel (7,6%).

Após a eleição de Michel para a presidência do Conselho Europeu, em outubro de 2019 foi substituído por Sophie Wilmès. À frente de um governo provisório apoiado por uma coligação de minoria, Wilmès foi substituída em outubro de 2020 por Alexander De Croo dos Liberais e Democratas  Flamengos Abertos (Open VLD), apoiado por uma aliança de liberais, socialistas, ambientalistas e democratas-cristãos.

País com tradição mineira e industrial, a Bélgica viveu com dificuldade a inevitável transição para uma economia altamente tercerizada. A sua riqueza carbonífera, já em declínio na década de 1970, deixou efetivamente de existir no início da década de 1990. Ao mesmo tempo, as suas indústrias siderúrgica e mecânica entraram em crise. Isto colocou problemas de reconversão significativos, ainda mais urgentes em um país que não só pertence à União Europeia, mas está inserido na sua área mais vital.

Também a força de trabalho empregada nas atividades industriais foi drasticamente redimensionada durante a década de 1990, caindo para 24%, enquanto a empregada nos serviços aumentou para 74%. Além disso, os problemas econômicos da Bélgica são sobretudo problemas de desequilíbrios regionais. O desenvolvimento de atividades de serviços e o fato de ser sede de órgãos políticos supranacionais beneficiaram especialmente a região de Bruxelas, acentuando o seu distanciamento do país e a sua caracterização como uma metrópole mais europeia do que a belga.

No que diz respeito às infra-estruturas de comunicação, a Bélgica sempre esteve entre os países mais bem organizados do mundo, com uma rede ferroviária e hidroviária ampla e eficiente. O porto de Antuérpia, cujo desenvolvimento tem sido objeto de especial atenção e de um plano de longo prazo, ocupa o segundo lugar entre os aeroportos da Europa.

A capital Bruxelas 

Bruxelas, (brucsella, ou seja, "casa no pântano"), com seus 1,1 milhão de habitantes, é a capital e maior cidade da Bélgica, localizada no centro do país, às margens do rio Senne. Grande parte da área metropolitana da cidade é administrada pela Região Bruxelas-Capital, subdividida em 19 municípios, entre os quais do centro histórico, denominado Município de Bruxelas.

A cidade é considerada a capital da Europa, porque é o local onde se concentra grande parte da administração da União Europeia, sendo também a sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e também a sede do governo belga.

A área onde se desenvolveu foi colonizada já no século VI, mas a cidade remonta a 979, quando o duque Carlos da Baixa Lotaríngia transferiu algumas relíquias sagradas para uma capela numa ilha do rio Senne, construída cerca de 400 anos antes por São Gaugerico, e construiu a primeira fortificação permanente da cidade na mesma ilha. A localização fluvial, muito vantajosa para o comércio, favoreceu o seu crescimento.

No final do século XII, a cidade ergueu as suas primeiras muralhas. Uma segunda muralha da cidade foi construída em meados do século XIV, permitindo que Bruxelas se expandisse ainda mais. Ao mesmo tempo, a região produzia tecidos de luxo que exportava para diversas cidades importantes da Europa. Em 1430, passou para o controle do duque da Borgonha até 1477 e no século XVI a cidade foi a capital dos Países Baixos do Sacro Império Romano.

Em 1695, o centro foi bombardeado pela artilharia das tropas francesas enviadas pelo rei Luís XIV e sofreu enormes danos, incluindo a destruição do Grande Palácio e de cerca de 4.000 outros prédios

Em vários momentos do século XVIII, a cidade esteve sob o domínio da França e da Áustria. Em 1815 tornou-se parte do Reino Unido dos Países Baixos. Em 1830, foi palco da revolução belga que levou à formação de um Estado denominado Brabante, precursor da Bélgica, tendo Bruxelas como capital. Leopoldo I, o primeiro rei dos belgas, começou a governar em 1831. Seu filho, Leopoldo II, que reinou de 1865 até sua morte em 1909, construiu palácios e embelezou a cidade de acordo com os padrões de outras capitais europeias. A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais causaram grandes danos a Bruxelas.

Hoje, a cidade é um centro urbano próspero, habitado por muitos funcionários públicos e diplomatas internacionais. Grande parte da área medieval foi destruída no século XIX durante o processo de modernização urbana. O bairro histórico concentra-se na Grand-Place (Grote Markt), a praça simbólica da capital juntamente com a Manneken Pis, uma pequena estátua de bronze (61 cm), do início do século XVII, que representa um menino urinando, e o Atomium , construído para a EXPO de 1958, que consiste em 9 esferas com 18 m de diâmetro cada, conectadas entre si para simular a treliça de um cristal de ferro, no parque Plateau du Heysel.

A Grand-Place, autêntica obra-prima arquitetônica, incluída na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO em 1998, é emoldurada por belos prédios: a Câmara Municipal, o Hotel de Ville, em estilo gótico florido, que remonta ao início do século XV, onde se destaca uma torre de estilo gótico; a Maison du Roi (século XV); as Casas das Corporações em barroco flamengo; e a Casa dos Cervejeiros (Maison des Brasseurs) que abriga o Museu da Cerveja. Também no centro, atrás da Grand-Place, encontra-se a Ilot Sacrè (Ilha Sagrada), repleta de ruas, cafés e restaurantes característicos, e as Galerias Saint-Hubert, as primeiras galerias comerciais da Europa, com cerca de 200 m de comprimento e cobertas por uma enorme cúpula de cristal.

Outros pontos de referência são o Palácio da Justiça, o Palácio Real, a Bolsa de Valores de Bruxelas e o Parc du Cinquantenaire. Existem vários museus de interesse, como o Museu Real de Belas Artes, o Museu Real de Arte e História, o Museu Magritte, que abriga a maior coleção de obras do artista no mundo, e o Museu de Quadrinhos.

Fora do centro, no subúrbio de Koekelberg, encontra-se a grande Basílica do Sagrado Coração, a quinta do mundo em extensão e a maior em estilo Art Déco, de onde se pode desfrutar de um magnífico panorama.

O clima da cidade é tipicamente continental: os invernos são frios e os verões quentes, mas não tórridos A chuva é muito frequente durante todo o ano.

Leuven ou Louvain 

Leuven, em flamengo, Louvain em francês, com seus 104.009 habitantes, é capital da Província do Brabante flamengo, está localizada na região das Flandres, no centro da Bélgica, às margens do rio Dijle, a cerca de 26 km da capital Bruxelas.

A cidade é mencionada pela primeira vez em alguns documentos que remontam ao ano de 884, quando foi sitiada pelos normandos. Nas décadas seguintes, Leuven conheceu um desenvolvimento florescente que, já no século XI, a tornou o centro comercial mais importante do Ducado de Brabante.

A sua fama está principalmente ligada à Universidade Católica, a mais antiga do mundo, fundada em 1425 como "Studium Generale Lovaniense" pelo príncipe francês João da Borgonha com o consentimento do Papa Martinho V.

A capital sofreu danos consideráveis durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Durante a invasão alemã de 1914, a famosa Biblioteca Universitária e o Salão dos Trabalhadores Têxteis (1193) foram queimados. No entanto, a cidade ainda hoje mantém as suas características medievais, claramente visíveis na praça principal, Grote Markt, onde se destacam alguns majestosos prédios góticos de Brabante, como a Câmara Municipal e a Colegiada de São Pedro.

Entre os prédios históricos mais importantes encontra-se também a Mesa Redonda, ponto de encontro das corporações mercantis; as igrejas de Santa Gertrudes, São Quintino, São Miguel e São Tiago; dois mosteiros; e o Grande Beguinage (Groot Begijnhof), um pequeno bairro, cercado por muros, onde outrora as beguinas, mulheres solteiras ou viúvas que faziam voto de castidade e obediência sem fazer votos, se retiravam para uma vida de meditação e oração, mas acima de tudo de caridade.

Com as suas 300 casas de tijolo vermelho e arenito e uma igreja gótica de 1305, numa área que se estende por cerca de 3 hectares, o Grande Béguinage de Leuven é um dos maiores e talvez o mais pitoresco do país. Desde 1962 pertence à Universidade Católica de Leuven e é ocupada por estudantes e acadêmicos.

Imerso no verde, nos arredores da cidade, encontra-se Park Abbey, Abadia do Parque, da Ordem Premonstratense, que remonta ao século XII, perto do qual se encontra o Museu PARCUM, onde se encontram arte, cultura e religião.

Outros marcos da cidade são depois o Oude Markt ou Mercado Antigo, a praça com mais bares e pubs por metro quadrado da Europa; a Biblioteca Municipal, magnífico prédio em estilo renascentista flamengo, com a sua bela torre; na praça Monseigneur Ladeuzeplein, o Totem, instalação de arte contemporânea que representa um besouro gigante espetado por uma agulha de metal com mais de 75 m de altura, criada pelo artista Jan Fabre; o M-Museum, projetado pelo belga Stéphane Bee, que abriga uma coleção de mestres flamengos como Jan Rombouts I e Josse van der Baren e obras do século XIX e arte contemporânea; e o Jardim Botânico, o mais antigo da Bélgica, criado pela Universidade de Leuven para seus estudantes de medicina em 1738.

A cidade está ligada à cerveja Stella Artois, uma das mais conhecidas da Europa.

Fonte: Vatican News

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Bélgica: Papa pede perdão por abusos sexuais e adoções forçadas que envolveram membros da Igreja

O Papa condenou hoje os casos de abusos sexuais e adoções forçadas que se verificaram na Bélgica, falando de “dolorosos contratestemunhos” da Igreja Católica.

“Estou a pensar nos dramáticos acontecimentos do abuso de menores, um flagelo que a Igreja está a enfrentar com decisão e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando em todo o mundo um programa capilar de prevenção”, declarou, no Castelo de Laeken, no primeiro discurso da sua viagem a Bruxelas, que se iniciou na noite de quinta-feira.

A intervenção falou da necessidade de sentir “vergonha” e “pedir perdão”, para enfrentar este problema.

“A Igreja deve envergonhar-se e pedir perdão, procurar resolver esta situação com humildade”, acrescentou.

Perante autoridades políticas e representantes da sociedade civil, Francisco evocou ainda o fenómeno das “adoções forçadas”, que ocorreram na Bélgica nos anos 50 e 70 do último século.

“Muitas vezes, a família e os outros agentes sociais, incluindo a Igreja, consideravam que, para eliminar o estigma negativo que, infelizmente, recaía sobre a mãe solteira naquela época, era preferível, para o bem de ambos, mãe e filho, que este último fosse adotado”, precisou.

Segundo o Papa, “houve até casos em que não foi dada a possibilidade a algumas mulheres de escolher entre ficar com a criança ou dá-la para adoção”.

“Nessas histórias espinhosas, o fruto amargo de um delito e de um crime misturava-se com o que, infelizmente, era o resultado de uma mentalidade prevalecente em todos os estratos da sociedade, de tal modo que aqueles que agiam de acordo com ela, em consciência, acreditavam fazer o bem, tanto à criança como à mãe”.

Francisco pediu que as comunidades católicas encontrem “sempre dentro de si a força para esclarecer e não se conformar com a cultura dominante, mesmo quando esta – manipulando-os – usa valores derivados do Evangelho, para deles tirar conclusões indevidas, com consequências pesadas de sofrimento e exclusão”.

Alexander De Croo, primeiro-ministro belga, disse no discurso de abertura do encontro que a Igreja tem de dar passos concretos, no combate aos abusos, que “minaram a confiança” das pessoas, porque “as vítimas têm direito à verdade, devem ser ouvidas e a justiça cumprida”.

Em comunicação aos jornalistas, o Vaticano referiu que o Papa se encontrou com 17 pessoas,” vítimas de abusos por parte de membros do clero na Bélgica” .

“No decurso do encontro, que durou mais de duas horas, os participantes puderam trazer ao Papa as suas histórias e a sua dor e exprimir as suas expectativas relativamente ao empenho da Igreja contra os abuso”, refere a nota.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, assinalou que o Papa “soube escutar e aproximar-se do seu sofrimento, agradeceu a sua coragem e o sentimento de vergonha pelo que sofreram em crianças por causa dos padres a quem foram confiadas, registando os pedidos que lhe foram feitos para que os pudesse estudar”. 

O encontro terminou pouco antes das 21h00 (horário local). 

Todas as outras vítimas que manifestaram interesse no encontro foram convidadas a “escrever uma carta pessoal, que será entregue pessoalmente ao Papa, adianta uma nota da Conferência Episcopal da Bélgica.

O organismo está a definir um plano de ação contra os abusos na Igreja Católica, “baseado em parte nas recomendações das comissões parlamentares, nos resultados da investigação em curso na Universidade Católica de Lovaina e no diálogo com as vítimas”.

Este sábado, o Papa desloca-se à Basílica do Coração de Jesus em Koekelberg, a 10 quilómetros de Bruxelas, a quinta maior igreja do mundo, para um encontro com membros do clero, de institutos religiosos e agentes pastorais, no qual vai intervir um representante do centro de acolhimento para vítimas de abusos.

Fonte: Agência Eccclesia

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Teóloga nomeada pelo papa para o Sínodo teme fim da geração do Vaticano II

Por Nicolás de Cárdenas 

Com o Sínodo da Sinodalidade “chegou a hora da possibilidade de começar a dar forma ao sonho conciliar do Vaticano II”, escreveu a teóloga espanhola Cristina Inogés, que participa no Sínodo da Sinodalidade no mês que vem no Vaticano nomeada pelo próprio papa Francisco.

“A geração que liderou aquele concílio está nos últimos dias. Se perdermos a memória deles, perderemos realmente a nossa memória e poderemos repetir os erros cometidos”, escreveu ela no texto Del Sínodo al jubileo: construyendo una comunidad en diálogo (Do Sínodo ao Jubileu: Construindo Comunidade no Diálogo).

Nas últimas das 30 páginas do texto, a teóloga formada pela Faculdade de Teologia Protestante de Madrid sustenta que o próximo jubileu convocado pelo papa Francisco é uma espécie de prolongamento do Sínodo da Sinodalidade “para que continuemos a desfrutar da reconstrução daquela Igreja que o Concílio Vaticano II tão bem desenhou, embora rapidamente tenha se tornada confusa e acabou irreconhecível e, em muitas ocasiões, contrária ao próprio Concílio”.

O concílio Vaticano II, convocado pelo papa são João XXIII em 1959, tinha como objetivo atualizar a forma como a Igreja deveria posicionar-se no mundo moderno. O concílio começou em 1962 e foi dividido em quatro etapas, terminando em 1965, no pontificado do papa são Paulo VI.

Para Inogés, o Sínodo da Sinodalidade, que fará a sua segunda assembleia no mês que vem, deve basear-se na ideia de que Jesus Cristo “não nos deixou uma estrutura eclesial desenhada, mas um modo de vida”.

“O Cristianismo nunca deveria ter-se tornado uma religião”, disse Inogés. Para ela, Jesus buscou transmitir um modo de vida e de relações humanas baseadas na fraternidade, não fundar uma religião institucionalizada com hierarquias e "separar uma parte mínima do outros, os sacerdotes – o clero –, embora com influência, muita influência, sobre os demais.”

“Jesus cumpriu a sua missão na vida cotidiana, na realidade de cada dia e longe do templo onde só se aproxima para protagonizar a única cólera monumental que tem em todo o Evangelho: um episódio ligado ao abuso de poder e que teve como consequência a expulsão dos comerciantes”, disse ela.

Para Inogés, “todos os batizados, mas ainda mais os sacerdotes, são chamados a proclamar notícias libertadoras e não conjuntos de regras e proibições”. Na Igreja, “a figura e o ser do sacerdote tendem a ser muito espiritualizados e voltados para o culto, correndo o risco de acabarem sendo oficiais sacramentais”, diz.

Inogés coloca em segundo plano o significado sacrificial da Eucaristia. Para a autora, “na história da festa da Páscoa que Jesus celebrou com todos os que o acompanhavam - embora os evangelhos só falem dos Doze - e que convertemos na Última Ceia, vemos que o cerne da celebração não está centrado no corpo e no sangue. O mais importante é que quem vai renunciar à sua carne e ao seu sangue se rebaixe mais uma vez para mostrar que a sua lógica é a do serviço e não a do poder”.

Na sua dissertação, a teóloga diz também que “A Mesa é para todos. O único que poderia criar regras e leis para alguém se aproximar dela é Jesus, seu dono. E ele não fez isso. E isso não acontece. E ele não vai fazer isso."

Em seu argumento, Inogés também diz que “Jesus não obriga como os dez mandamentos; Jesus apresenta um programa nas bem-aventuranças.”

O papa são João Paulo II baseou sua encíclica Veritatis splendor, sobre a moral da Igreja, no diálogo de Jesus com o jovem rico, narrado no capítulo 19 do Evangelho de S. Mateus.

«Aproximou-se d'Ele um jovem e disse-Lhe: "Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?". Jesus respondeu-lhe: "Por que me interrogas sobre o que é bom? Um só é bom. Mas se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos". "Quais?" — perguntou-Lhe. Replicou Jesus: "Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda, amarás o teu próximo como a ti mesmo". Disse-Lhe o jovem: "Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda?" Disse-lhe Jesus: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-Me"» (cf Mt 19, 16-21), cita o papa que governou a Igreja de 1978 a 2005.

No final de seu artigo, a teóloga espanhola escreve: “Ajude-nos, Senhor, a aprender a ser uma igreja de pessoas num mundo de pessoas, com pessoas, para pessoas. Com todos, sem exceção. Gostaria que na nossa confissão de fé pudéssemos dizer: 'Creio numa Igreja santa, católica e apostólica para todos, todos, todos. Amém' ".

Fonte: ACIDigital

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