Informativo Diocesanos

Informativo Diocesano Semanal - 13 de outubro de 2024
11/10/2024


ASSESSORIA DIOCESANA DE COMUNICAÇÃO

www.diocesedeerexim.org.br E-mail: curia@diocesedeerexim.org.br

Fone/Fax: (54) 3522-3611

Ano 28 – nº. 1.469 – 13 de outubro de 2024


Celebrações da 73ª Romaria a N. Sra. de Fátima: Neste domingo, 13 de outubro, coincidindo com a última aparição de N. Sra. em Fátima, Portugal, a Diocese de Erexim vive a 73ª Romaria a N. Sra. de Fátima no Santuário Diocesano com as seguintes celebrações: às 06h30, às 08h, às 12h30 e às 18h, no Santuário; às 08h na Catedral, seguida da procissão ao Santuário, com missa altar campal na chegada; às 14h30, também no altar campal, adoração ao Santíssimo, terço e bênção.

Visita Pastoral e Crismas: Dom Adimir fará Visita Pastoral na Paróquia Santa Luzia, Bairro Atlântico, Erechim na terça-feira às 19h30, na sexta-feira, às 19h30 e no sábado, às 14h30 e 18h. Em comunidades do Município de Floriano Peixoto, Paróquia Imaculada Conceição, Getúlio Vargas, quarta-feira, às 09h, 14h30 e 19h30. Ele celebrará missa e crismas na igreja São Francisco de Assis, Mariano Moro, domingo às 10h. Monsenhor Agostinho Dors celebrará missa e crismas sábado, às 19h na igreja São João Batista, Marcelino Ramos.  

Missa com médicos, enfermeiros e servidores dos hospitais, clínicas e outras instituições de saúde: no Santuário Diocesano, às 20h de sexta-feira, festa de São Lucas, padroeiro deles.

 Reunião do Conselho Presbiteral: Segunda-feira, às 14h, no Centro Diocesano. 

Solidéu do Papa na Sala das Graças do Santuário N. Sra. de Fátima de Erechim: Devotos de N. Sra. podem deixar ou contemplar símbolos ou sinais de graça alcançada na Sala das Graças anexa ao Santuário Diocesano N. Sra. de Fátima de Erechim. Entre eles, um chama especial atenção, o “solidéu” (barrete) do Papa Francisco. Bem protegido por uma redoma de vidro, a relíquia foi dada à família de Matheus Augusto Biolo Pedrotti na Sala São Paulo VI no Vaticano em 30 de novembro de 2023. Junto ao Solidéu está mensagem de Bênção Apostólica ao Reitor e a todos os peregrinos fiéis do Santuário N. Sra. de Fátima – Diocese de Erexim. Invoca, por intercessão de Maria Santíssima, abundância das graças divinas. Entre os sinais de graças alcançadas estão também fotos de Idesse Santin, Neli Artuso e Ir. Margarida Chinvelski com o Papa. Agradecem a graça de terem participado do 1º Congresso Internacional da Pessoa Idosa de 29 a 31 de janeiro de 2020 em Roma. 

Pós-Graduação Lato Senso em Espiritualidade: Promovida pela Itepa Faculdades de forma presencial e online, de 06 de janeiro de 2025 a 19 de julho de 2026, com aulas em janeiro do próximo ano, fevereiro e julho de 2026, manhã e tarde e nas quartas-feiras à noite. A carga horária é de 400h/aulas, 36 delas para a elaboração textual. O investimento é de 18 parcelas de R$ 280,00 ou 12 de R$ 399,00 ou R$ 4.536,00 à vista. Os valores e a realização do curso são condicionados a um número mínimo de 20 inscritos. Algumas disciplinas: introdução geral e teologia da espiritualidade, espiritualidade no Antigo e Novo Testamento, história da espiritualidade, espiritualidade e oração, vultos da espiritualidade, espiritualidade e pastoral, antropologia e espiritualidade, Eco espiritualidade e outras. Destinatários: graduados em teologia, filosofia e psicologia, história e ciências afins, professores de ensino religioso escolar, lideranças sociais e religiosas, agentes de pastoral e outros. 

O compromisso missionário de todos os batizados: Em 1926, o Papa Pio XI instituiu o Dia Mundial das Missões a ser celebrado no penúltimo domingo de outubro com coleta para a missão em dioceses carentes em todo o mundo. A partir de 1972, a Igreja Católica no Brasil passou a dedicar todo o mês de outubro às missões. Desde então, as Pontifícias Obras Missionárias promovem, nesse mês, a Campanha Missionária. Ela tem como objetivo: fortalecer os laços de solidariedade e promover a animação missionária. A iniciativa acontece em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (COMINA) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Campanha Missionária deste ano tem como lema “Ide, convidai a todos para o banquete”, frase inspirada no texto de Mateus 22,9 e escolhida pela Papa Francisco. O tema “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo” convida a permanecermos em comunhão com a Igreja da América, a qual se prepara para viver o 6º Congresso Missionário Americano, o CAM6, em novembro deste ano, em Porto Rico.

Religiosa gaúcha contemplada com Prêmio de Organismo da ONU: Irmã Rosita Milesi da Congregação das Irmãs Carlistas Scalabrinianas, de 79 anos, nascida numa região rural do município de Farroupilha, em nosso Estado, receberá o Prêmio Nansen 2024, concedido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados da ONU, segunda-feira, dia 14, em Genebra, Suíça. O Prêmio se deve ao serviço dela em favor dos migrantes e refugiados no Brasil e defesa dos direitos e dignidade deles por mais de 40 anos. Ela é apenas a segunda brasileira a ser contemplada, escolhida entre mais de 400 nomes considerados para o prêmio. Em 1985, dom Paulo Evaristo Arns também recebeu a homenagem.

Comissão da CNBB e Associação Católica de Educação divulgam mensagem e subsídios para o dia do Educador: Em 13 de outubro de 1948, em São Paulo, foi estabelecida lei estadual que instituiu o Dia do Professor. Vários Estados também oficializaram esta comemoração. Mas só em 14 de outubro de 1963, ela foi reconhecida nacionalmente. Já o dia 15 de outubro foi escolhido para a comemoração da efeméride por ser o dia de Santa Tereza D´Ávila, conhecida como a “Padroeira dos Professores” pela Igreja Católica. Ela era da Espanha e faleceu em 1582 e era reconhecida por sua notável inteligência e conhecimentos. A Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da CNBB e a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) convidam as instituições educacionais, pastorais da Educação, dioceses, paróquias e comunidades eclesiais para a celebração do Dia do Educador 2024 com o tema “Educar com esperança: juntos, construímos um mundo novo”. O tema está em sintonia com o Jubileu 2025 “Peregrinos de Esperança”. Em tempos de desafios e incertezas, educar com esperança significa acreditar no potencial de cada aluno e na força da educação como caminho para um futuro melhor. É, acima de tudo, uma missão que nos une na construção de um mundo mais justo, solidário e cheio de possibilidades. Ao educar com esperança, cada professor se torna um farol que ilumina o caminho de seus alunos, cultivando neles a fé, a coragem e a determinação para sonhar e agir por um mundo novo. Neste Dia do Educador, vamos nos unir em celebração e renovação de nosso compromisso com a educação que transforma vidas e edifica um futuro de paz e fraternidade. A Comissão e a ANEC divulgam subsídios e mensagem para a comemoração. 

Mensagem da Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB para o Dia do Educador 2024: Assianada pelo Presidente da Comissão, Dom Gregório Paixão, Arcebispo de Fortaleza, CE, a nota manifesta profunda gratidão a cada um que, com amor e dedicação, desempenha uma missão extraordinária na formação das crianças, jovens e adultos. Cita pronunciamento recente do Papa Francisco no qual destaca a importância de serem promotores da fraternidade em um mundo marcado por pluralidades, polaridades e diversidades. A manifestação ressalta que a essência da educação vai além da simples transmissão de conhecimentos; ela se fundamenta na construção de relações humanas significativas e respeitosas. Ela enfatiza também a necessidade de os professores serem artífices da paz, promovendo diálogos construtivos e solidariedade fecunda. A nota conclui desejando que Deus abençoe cada um dos educadores concedendo-lhes sabedoria, paciência e alegria; que suas vidas continuem a inspirar a muitos. 

Nota da CNBB para o Dia do Nascituro 2024: Em sua 43ª Assembleia Geral, no ano de 2005, a CNBB instituiu o Dia do Nascituro, com celebração no dia 08 de outubro, precedido pela Semana da Vida, de primeiro a 7 do mesmo mês. Para aquele dia, a Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência publicou, com data do dia 4, festa de São Francisco de Assis, defensor da vida em todas as suas manifestações na natureza, na qual reafirma o compromisso na defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural. Publicada no contexto da Semana Nacional da Vida 2024, que neste ano, tem como tema: “Idosos, memória viva da nossa história” e o lema “Na velhice darão frutos” (Salmos 92, 15), a nota pede que os católicos voltem “novamente o olhar cuidadoso para aqueles que ainda não nasceram”. Ressalta a celebração e a renovação do compromisso com a cultura da vida, inspirada no Evangelho de Jesus Cristo, em todas as etapas, como recorda o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), “Um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento”. Observa que a defesa da vida não se fundamenta em ideologias, mas sim na convicção de que todo ser humano é um dom de Deus e deve ser acolhido e protegido. Diante dos desafios atuais, convida todas as famílias, em especial os agentes de Pastoral Familiar, movimentos e serviços familiares, a se engajarem ativamente na promoção da cultura da vida. Que cada um seja um defensor da vida, testemunhando o amor de Cristo a toda a sociedade.

================================================================.

Informações da semana

Do dia 10/10/2024

CNBB promove encontro para fortalecer participação católica em conselhos de políticas públicas

Representantes de diversas pastorais e organizações da Igreja Católica no Brasil, atuantes em conselhos de políticas públicas, reúnem-se em Brasília desde quarta, 10, até esta quinta-feira, 11 de outubro, para o Encontro Nacional de Conselheiros Nacionais de Políticas Públicas. Promovido pela Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (Cepast) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP), o encontro ocorre na Casa de Encontros Dom Luciano Mendes de Almeida e busca fortalecer a atuação destes conselheiros a partir da fé cristã.

O encontro visa promover a troca de experiências entre os conselheiros, aprofundando a compreensão de seu papel à luz da Doutrina Social da Igreja e dialogando sobre o contexto social, político e econômico atual, com foco nas políticas públicas. Busca-se, assim, fortalecer a cooperação para uma atuação mais eficaz nos conselhos de direitos.

Espaços importantes conquistados

    Na abertura do encontro, o secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, agradeceu a dedicação dos participantes e enalteceu a importância de sua atuação nos conselhos. “Sua presença e experiência são fundamentais para a Igreja em espaços desafiadores”, afirmou. Dom Ricardo ainda destacou que, graças ao esforço de cada conselheiro, a Igreja conquistou espaços importantes na construção do bem comum.

    “Agradeço também à Comissão Sociotransformadora por esta iniciativa tão importante. Após um longo período de interações virtuais, este encontro presencial, com a oportunidade de diálogo e partilha, se torna ainda mais necessário, e se alinha com o espírito sinodal que o Papa Francisco nos convida a vivenciar”, ressaltou.

    Dom Ricardo instigou os presentes a refletirem sobre a atuação da Igreja nos Conselhos Municipais, questionando: “Qual o impacto da nossa presença nesses espaços? Como podemos melhorar nossa articulação e contribuição?”. O bispo observou ainda que a formação tem sido fundamental para que os conselheiros impactem positivamente suas comunidades, desde o âmbito local até o internacional.

Desafios e esperanças

Na análise da conjuntura sociopolítica, os participantes debateram sobre os desafios e as esperanças em relação à incidência das políticas públicas no Brasil. A polarização e a disparidade social foram apontadas como obstáculos a serem superados, enquanto a crescente participação cidadã nos Conselhos de Direito foi destacada como um sinal positivo. O grupo reforçou a necessidade de avançar na efetivação das demandas da sociedade civil e defendeu uma atuação crítica e propositiva nos Conselhos, com o objetivo de influenciar as políticas públicas e construir uma sociedade mais justa e democrática.

Segundo Odete Rigoto, Coordenadora pedagógica do CEFEP, a falta de preparo e conscientização dos conselheiros é um dos grandes obstáculos para o bom funcionamento destes espaços de participação criados pela Constituição. Mesmo sendo um direito garantido, a participação da sociedade civil nesses espaços ainda é enfraquecida pela falta de compreensão do papel e da importância que os conselheiros exercem.

Para ela, a formação de conselheiros engajados é crucial para fortalecer os conselhos e garantir a participação ativa da sociedade civil nas decisões políticas, contribuindo para uma gestão mais eficiente e transparente dos recursos públicos.

Crise dos fóruns de políticas

Alessandra Miranda, assessora da Cepast CNBB, provocou uma importante reflexão sobre o enfraquecimento dos fóruns de políticas públicas. Esses espaços, essenciais para a democracia participativa, reúnem diversos atores sociais para debater e propor soluções para questões relevantes da sociedade, mas têm perdido força na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas.

Segundo Alessandra, essa perda de influência impacta diretamente a atuação da Igreja Católica nos conselhos. Apesar de ter um grande número de representantes nesses espaços, a presença e a influência da Igreja ainda são pouco compreendidas e mapeadas. “É crucial documentar essa participação para entendermos melhor seu impacto nas políticas públicas”, defendeu a assessora.

Outro ponto destacado por Alessandra Miranda foi a questão do orçamento e das emendas parlamentares. Para ela, compreender o funcionamento das emendas é fundamental para utilizá-las de forma estratégica e transparente na busca por recursos para organizações e movimentos sociais, sempre com responsabilidade e compromisso.

Por fim, a assessora lembrou que a crise de identidade da Igreja Católica e seu posicionamento político geram impactos diretos nos conselheiros, que se sentem divididos entre o progressismo e o conservadorismo. Esse conflito dificulta o reconhecimento e a atuação efetiva nos conselhos, especialmente para aqueles que atuam na base, distantes das instituições e do apoio que muitos conselheiros possuem.

Com uma programação que une fé e ação, o encontro se encerra amanhã, inspirando os conselheiros a levarem os valores cristãos para o debate público e contribuírem ativamente na construção de políticas públicas que promovam o bem comum.

Por Osnilda Lima - Comunicação da Cepast CNBB

Fonte: CNBB

---------------------------------------------------------------------------.

Regional Sul 3 e Congregação das Irmãs Franciscanas Aparecida se unem no atendimento às famílias vítimas das chuvas

A impressão é que já passou muito tempo desde as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Nos cinco meses decorridos desde maio, a resiliência e a esperança impulsionaram a reconstrução em diversos lugares do estado, mas ainda há muitas famílias que necessitam de ajuda para vencer as angústias e as marcas daqueles dias.

Preocupada com a realidade da população gaúcha, a CNBB Sul 3 lançou no dia 1º de maio uma campanha em favor das vítimas das chuvas. Com a ajuda da Igreja de todo o Brasil – e mesmo de fora – a campanha ganhou força e possibilitou a arrecadação de R$ 17.403.227,71, até esta quinta-feira, 10 de outubro.

Para garantir a aplicação destes recursos de forma transparente e garantindo ajudar aqueles que mais precisam, o regional Sul 3 organizou os repasses através de projetos, acessados pelas paróquias, arqui/dioceses e congregações. Uma delas foi a Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhor Aparecida, que recebeu o total de R$ 544.500,00.

A irmã Célia da Costa Santos, responsável na congregação pela aplicação destes recursos, explica que a principal ação foi no cuidado com pessoas e famílias com necessidades especiais, acamados, enfermos e crianças atípicas:

    “Nós chegamos em muitos espaços, através da Escola Especial para Surdos Frei Pacífico, do Colégio Rainha do Brasil, do Centro de Reabilitação de Porto Alegre (CEREPAL) e das comunidades dos bairros LAMI e Lajeado”, ressalta.

A estimativa da congregação é que desde julho, quando acessou o primeiro dos três projetos, foram atendidas e acompanhadas 400 famílias, beneficiadas com camas, colchões, jogos de panelas e talheres, televisores, camas hospitalares, cadeiras de rodas, cestas básicas, fogões, geladeiras e roupas de cama e banho.

Gratidão e solidariedade

    Eu me sinto muito grata por toda a ajuda que estão nos dando. passamos por momentos muito difíceis aqui no Rio Grande do Sul, fomos muito atingidos, e eu agradeço muito pelo que recebemos, diz Iara Cardozo.

Ela e a filha, Amanda Borba Pacheco, receberam na quarta-feira, 9, a doação de eletrodomésticos viabilizados através dos recursos acessados pelas Irmãs Franciscanas Aparecida. Moradoras do bairro LAMI, no extremo sul do município de Porto Alegre, as duas tiveram as casas atingidas pela enchente e ainda sofrem para recuperar o que perderam.

    “Recebemos com todo o coração e todo o amor uma geladeira, um fogão, um microondas, além decama, guarda-roupa e uma máquina de lavar. Sou muito grata por essas coisas. Precisava muito, muito mesmo, e não tinha condições de comprar. Muito obrigada”, expressa Amanda Borba Pacheco.

A entrega foi acompanhada pela irmã Célia e por Davi Rodrigues da Silva, gestor de projetos da congregação, além do padre Rogério Ferraz de Andrade, secretário executivo do regional Sul  3 da CNBB. Ele destaca que a solidariedade de todo o Brasil é o que possibilita auxiliar as pessoas necessitadas neste momento no Rio Grande do Sul:

    Tivemos a oportunidade de ajudar mais famílias graças às doações generosas de tantas pessoas deste Brasil afora. Ajudar alguém é sempre um gesto de carinho e de humanidade. Deus abençoe todas as expressões de solidariedade e amor. ‘O que fizestes ao menor dos meus irmãos foi a mim que o fizestes’, ressalta padre Rogério.

Parcerias para chegar mais longe

O caminho utilizado pelo regional Sul 3 para garantir a aplicabilidade dos recursos arrecadados também foi a alternativa escolhida pela Congregação, que estabeleceu parcerias com outras instituições e lideranças. No caso do LAMI, quem melhor conhece a realidade do bairro e a necessidade de seus vizinhos e vizinhas é a Dona Zelia Maria da Silva Floriano, líder comunitária e coordenadora da ong Ester Mulher.

A iniciativa, criada em 2006 por Zelia, reúne cerca de 150 mulheres do Loteamento que leva o mesmo nome da ong para compreender e encaminhar as suas principais demandas: atendimento médico e psicológico, advogados para esclarecimento de direitos, cuidado com as crianças e outras necessidades. A partir das demandas das enchentes, o espaço criou uma cozinha comunitária, que ainda hoje serve 350 marmitas a cada dia para a comunidade.

Por Victória Holzbach | Assessoria de comunicação do regional Sul 3

Fonte: CNBB

---------------------------------------------------------------------.

Dia 12, o Colégio Pio Brasileiro celebrará a Padroeira do Brasil e a posse de sua nova diretoria

Anualmente na data de 12 de outubro, em sintonia com a Igreja no Brasil, o Colégio Pio Brasileiro, em Roma, celebra com grande júbilo a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A missa será celebrada às 11h (horário local de Roma e 6h da manhã no Brasil) e contará com a participação de cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas e autoridades da embaixada do governo brasileiro. A missa será transmitida no canal de Youtube da CNBB.

Neste ano, além dessa grande motivação, a nova diretoria do colégio tomará posse oficial, na pessoa do padre  Valdir Cândido de Morais, como reitor; do padre Antônio Depizzoli, como diretor de estudos, e de dom Armando Bucciol, como diretor espiritual.

A Direção do Colégio é composta por uma equipe de três padres/bispos diocesanos: Reitor e Ecônomo, Diretor de Estudos, Diretor Espiritual. Esta equipe é nomeada pela CNBB e tem mandato de três anos. Desde 2013, a CNBB assumiu a direção do colégio.

Sobre o Pio Brasileiro

O Colégio Pio Brasileiro foi criado em 1934 a pedido do Papa Pio XI, de acordo com o arcebispo de Olinda-Recife (PE) e segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza, que foi aluno dessa instituição.

O objetivo, segundo dom Jackson, foi atender a formação dos seminaristas brasileiros, até esse momento estudantes no Colégio Latino-americano, sendo confiada a direção aos Jesuítas, que permaneceram até 2013, momento em que a CNBB assumiu a direção, enviando padres diocesanos para dirigir o Colégio.

Durante a 60ª Assembleia Geral da CNBB, em abril deste ano, foi nomeado o terceiro reitor para um novo triênio, o padre Valdir Cândido de Morais, pertencente ao clero arquidiocesano de Natal (RN).

No Pio Brasileiro, que hoje forma padres que fazem mestrado, doutorado e pós-doutorado nas 20 universidades católicas com sede em Roma, já passaram 2.200 estudantes, dos quais 172 se tornaram bispos e seis cardeais.

Fonte: CNBB

--------------------------------------------------.

A sabedoria ancestral e a Ecologia Integral: Entrevista especial com a profª Márcia de Oliveira 

A professora Márcia Maria de Oliveira (UFRR) alerta: a sabedoria ancestral é chave para a Ecologia Integral e um futuro sustentável

A crescente crise ambiental exige uma profunda reflexão sobre a relação entre a humanidade e a natureza. Nesse contexto, a Campanha da Fraternidade de 2025, com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31), no eixo iluminar, busca inspiração na sabedoria ancestral de povos que vivem em harmonia com o meio ambiente.

Em entrevista exclusiva, a professora Márcia Maria de Oliveira, do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e colaboradora na redação do texto base da Campanha, ressalta a urgência de encontrar soluções sustentáveis para garantir o futuro do planeta. Para ela, o conhecimento tradicional, a organização social e a ação em defesa da natureza são cruciais para conter a crise ambiental. A professora cita exemplos históricos como a perseguição às “bruxas” na Idade Média, a Aliança dos Povos da Floresta e a Campanha “Amazoniza-te” para ilustrar a importância dos saberes ancestrais.

A análise da “Oração do Milho” de Cora Coralina, por sua vez, revisita a necessidade de repensar o sistema alimentar e valorizar a produção local de alimentos como forma de garantir a soberania alimentar e a justiça social.

Que relação existe entre a perseguição às “bruxas” na Idade Média, a perda do conhecimento tradicional sobre a cura com elementos da natureza e a Ecologia Integral?

Ao redor de 40, 50 mil mulheres foram executadas na Idade Média acusadas de bruxaria. O que era essa bruxaria? No apanhado geral, a bruxaria era exatamente vinculada aos conhecimentos tradicionais, aos conhecimentos que as mulheres aprendiam das suas avós, das suas ancestrais, relacionados com as ervas medicinais, com as fórmulas para cura de feridas, com a utilização do barro, da terra, até mesmo do fogo, das águas. E isso tem diversos elementos relacionados à ecologia integral. Pois eram mulheres que conviviam com a natureza numa relação de conhecimento, de produção de conhecimento permanente, numa sabedoria que era colocada a serviço da vida. Eram procuradas, por exemplo, para cura de feridas, de ferimentos recentes e antigos, de ossos quebrados. Eram procuradas para chás, para tratamento de diversas doenças, como verminoses, doenças bronco pulmonar, doenças no fígado e assim por diante.

Então eram mulheres que dominavam bastantes conhecimentos relacionados com as plantas medicinais, com a utilização da argila, do barro. Eram mulheres que realizavam curas não somente com o chá ou com a terapia diretamente com a matéria, mas eram mulheres também que realizavam, por exemplo, momentos de banho, de terapia da noite para que o corpo pudesse estar em contato direto com o sereno, com as névoas da madrugada, com o amanhecer ou ao entardecer. Então eram mulheres que tinham toda uma relação com os elementos que hoje nós denominamos ecologia integral.

Ou seja, eram mulheres que viviam e conviviam diretamente com a natureza e faziam uso dessa convivência para a cura das pessoas. Eram mulheres que detinham realmente conhecimentos muito avançados de fórmulas terapêuticas, de unguentos, pomadas para feridas antigas ou ferimentos recentes para ajustar os ossos quebrados ou fora do lugar. Elas avançaram muito no conhecimento da saúde e de modo muito especial atuavam também na prevenção das doenças. Utilizavam ervas e plantas medicinais justamente para prevenir ataques de verminose, problemas no fígado, nos rins, no coração.

Elas detinham muito conhecimento e essa detenção de conhecimento em determinado momento passou a representar uma grande ameaça, de modo especial aos grandes mercados internacionais que comercializavam plantas medicinais, que comercializavam temperos, que comercializavam especiarias vindas da Índia, do Oriente.

Essa prática de conhecimento das mulheres começou a interromper determinados mercados porque no geral as mulheres não cobravam nada por esses serviços.

O que podemos aprender com a “Aliança dos Povos da Floresta” sobre a Ecologia integral?

A Aliança dos Povos da Floresta, idealizada por Chico Mendes, ou sistematizada por Chico Mendes, era uma proposta que vinha de diversas lideranças indígenas, camponesas, seringueiras, do noroeste da Amazônia. Essa aliança foi anunciada em 1987, em Brasília, durante o lançamento da campanha em defesa da Amazônia, e ela previa a luta em defesa da floresta, a aliança dos povos que nela habitavam, que propunha seguir modelos de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, demarcações de territórios das comunidades e povos tradicionais, povos quilombolas, indígenas e seringueiros, e a criação de reservas extrativistas.

Esse ponto é interessante porque reservas extrativistas não têm nada a ver com extrativismo comercial. As reservas extrativistas eram as reservas em que se podia coletar frutos da floresta, como açaí, jatobá, buriti, taperebá, que são frutos nativos da floresta, e a caça para subsistência.

Então, reservas extrativistas estão estreitamente relacionadas com a economia de subsistência, ou seja, é uma interrelação com o território, não há depredação, não há exploração exacerbada, é tão simplesmente uma relação de interligação com o território, de interdependência com o território. Eu cuido da floresta e a floresta cuida de mim, eu cuido das águas e as águas cuidam de mim, ou seja, o cuidado resulta em alimentos, em benefícios para as pessoas que convivem com o território.

A aliança dos povos da floresta estava muito vinculada a esse projeto de convivência com a Amazônia, a essa relação de interdependência de cuidado e de resultado, ou seja, eu cuido da floresta e a floresta me retribui com os alimentos que eu preciso para a subsistência da família.

Esse projeto foi muito discutido no Conselho Nacional dos Seringueiros, na época do Chico Mendes, no auge da discussão que o Chico Mendes apresentava. Hoje é o Conselho Nacional das Populações Extrativistas, justamente nessa perspectiva do extrativismo de subsistência e não comercial. E o Chico já alimentava naquela época que as lutas eram iguais e que muitas coisas que se aprendia do extrativismo ou dos extrativistas, dos costumes da floresta, dos costumes indígenas, tinham uma interrelação, uma interligação. E ele sustentava que todos os povos que viviam da floresta tinham heranças indígenas ou raízes indígenas.

Essa grande aliança dos povos da floresta queria justamente pensar um modelo de convivência com a Amazônia, de convivência com as águas e com as florestas, com a terra firme, que conseguisse dar conta da proteção do território e, ao mesmo tempo, da subsistência das pessoas que viviam no território sem nenhum tipo de agressão ao território, ou seja, sem queimadas, sem derrubadas, sem cultivos endógenos, ou seja, sem a introdução de metodologias ou mecanismos externos ao território. Então, era uma relação realmente de cuidado e proteção.

A aliança dos povos da floresta ainda é um grande ideal, uma grande utopia de muitos grupos que lutam pela convivência com a floresta, de modo especial ao Conselho Nacional das Populações Extrativistas, que hoje reúne povos indígenas, camponeses, seringueiros, ribeirinhos de todas as regiões da Amazônia, pescadores e assim por diante. Então, a aliança dos povos da floresta ainda é um ideário para muitos povos, de modo especial no Noroeste da Amazônia e ainda faz parte de um projeto de sociedade, um projeto de cuidado, de interrelação ou interligação numa relação de interdependência, ou seja, o cuidado que tem retornos.

De que forma a Campanha “Amazoniza-te” busca promover a conscientização sobre a Amazônia?

A campanha Amazoniza-te foi apresentada em julho de 2020, pela Rede Eclesial Pan-Amazônica, a Repam, como uma das formas de dar continuidade aos debates apresentados no Sínodo Especial para a Amazônia, que ocorreu em Assembleia Sinodal, que ocorreu em outubro de 2019, no Vaticano.

Um dos eixos propostos pelo Sínodo era, justamente, repensar a organização das iniciativas em defesa da Amazônia. Então, a campanha Amazoniza-te foi inspirada no verbo amazonizar, que, na verdade, é uma grande convocação realizada por Dom Moacyr Grechy, que era bispo de Rio Branco, da diocese de Rio Branco, no Acre, em 1986. Em uma carta pastoral, Dom Moacyr fez uma grande convocação aos povos da sua diocese para assumir a causa da Amazônia e a defesa dos seus povos.

Amazonizar passou a ser utilizado amplamente como uma forma de convocação para lidar com a defesa da Amazônia e dos seus povos. E, durante o processo sinodal, de modo especial durante o processo de preparação ao sínodo, a expressão amazonizar passou a ser bastante utilizada como uma forma de repensar as relações com os povos e com o bioma Amazônia.

A campanha propõe, então, conjugar o verbo amazonizar, torná-lo uma expressão pessoal e um chamado a todas as pessoas a se deixarem amazonizar. Ou seja, assim, entenderem como esse território muito rico, poderoso, mas, ao mesmo tempo, muito frágil e muito ameaçado. A campanha conseguiu sensibilizar, realmente, muitos setores da sociedade para os problemas da Amazônia, de modo especial para as queimadas da floresta, as derrubadas e tal, mas ela não conseguiu impedir, por exemplo, os problemas das crises climáticas.

Qual a importância do “agente ecoambiental” na construção de um presente e futuro sustentável, e como essa ação nos ilumina?

A expressão a gente ecoambiental é uma categoria que tem sido debatida no mundo inteiro, em diversos países que lidam com a reciclagem do lixo a partir de uma perspectiva humanizada e social.

Os catadores e catadoras de material reciclável, eles caminham pelas ruas, eles selecionam o lixo, eles criam uma consciência entre os moradores e moradoras sobre a importância de separação do lixo, dos materiais descartáveis. Eles estão muito presentes nesse debate sobre a natureza e o ambiente sociocultural em que vivemos, e não há como pensar no lixo que produzimos quando nos deparamos com as pessoas que reciclam esse lixo.

Ser agente ecoambiental representa também um convite a repensar a forma que lidamos com a questão do lixo, e nos convida também a repensar a nossa grande produção de lixo, que é um dos grandes problemas do capitalismo, da atualidade. Essas pessoas vêm sendo cada vez mais reconhecidas como agentes ambientais, ou em algumas sociedades como agentes ecoambientais.

Agentes ecoambientais são pessoas, são figuras vivas que representam a preservação, o cuidado, a forma de lidar com a natureza a partir dessa reciclagem de materiais que ainda podem ser reutilizados, ou a destinação de materiais que podem ser ainda ressignificados, que podem ainda ser reutilizados de forma muito ativa e efetiva na sociedade.

Cada vez crescem mais as associações, os grupos, e aí tem uma figura muito importante que é a presença das mulheres, o protagonismo das mulheres, organizando diversas associações, diversas iniciativas que lidam com os materiais recicláveis de uma forma muito responsável e muito ecológica. Só o fato de evitarem que diversos toneladas de material reciclável, de material ainda com potencial de aproveitamento, ou de material descartado de forma incorreta na natureza podem causar grandes danos, só por aí essas pessoas já mereceriam todo o respeito da sociedade.

O agente ecoambiental, o agente ecológico, tem uma relação muito estreita com aquilo que a gente propõe no projeto Ecologia Integral. São pessoas que realmente assimilam a proposta da Ecologia Integral numa relação de intervenção direta com os materiais que realmente causam grandes danos à natureza, ao ambiente, ao bioma. Então, cada vez mais essas pessoas, elas são reconhecidas por diversas instituições da sociedade como grandes benfeitoras, ou grandes agentes de grande importância para a sociedade, justamente porque além de fazerem todo esse processo de ressignificação dos materiais recicláveis, também despertam na sociedade a reflexão, a seriedade com que a sociedade deve ter para com o lixo descartado todos os dias na sociedade.

Você traz a “Oração do Milho”, de Cora Coralina, para fazer conexão com a Ecologia Integral. Compartilhe conosco essa reflexão.

Nas últimas duas décadas, o milho passou de alimento básico dos pobres para um produto de alto valor comercial, dominado pelo agronegócio e voltado à exportação. Trazido ao Brasil pelos indígenas e africanos, o milho por muito tempo representou a base alimentar da população, especialmente dos mais pobres.

Cora Coralina, em seu poema “Oração do Milho” (1965), resgata a importância desse cereal para a cultura brasileira. A obra, publicada em seu primeiro livro de poemas pela editora José Olympio, retrata a simplicidade, a singeleza e o valor afetivo do milho, especialmente para a população mais pobre.

A poeta destaca o contraste entre o baixo valor comercial do milho e sua riqueza cultural e nutricional. Enquanto o trigo, cereal europeu, era associado à nobreza, o milho, originário da América Latina, representava o alimento dos indígenas e africanos, cultivado em quintais e hortas, garantindo a subsistência de muitas famílias. A diversidade do milho, mantida por povos como os Aymara e Quechua, demonstra sua importância para a soberania alimentar dos povos latino-americanos.

A Ecologia Integral propõe um olhar atento para elementos marginalizados nos debates ecológicos, como a alimentação dos pobres e a soberania alimentar. Assim como Gandhi defendia que “a resposta está nas pequenas coisas”, a Ecologia Integral busca soluções a partir dos recursos existentes, valorizando o conhecimento tradicional e as práticas sustentáveis.

Nesse contexto, o milho, cultivado em pequenas plantações, quintais e hortas comunitárias, surge como uma resposta para a soberania alimentar. Cora Coralina, com a sensibilidade de uma poeta que vivia em contato com a natureza em sua “velha casa do rio” às margens do rio Vermelho, em Goiás, nos convida a apreciar a simplicidade e a riqueza do milho.

“Oração do Milho” é um convite à reflexão sobre o papel do milho na sociedade e sua importância para a alimentação dos mais pobres. O poema destaca o potencial do cereal para fortalecer a agricultura familiar e a produção local de alimentos, garantindo a participação popular na construção de um sistema alimentar mais justo e sustentável.

Cora Coralina, ao retratar o milho como um alimento de “sustância e significado”, nos lembra da importância de resgatar valores e práticas tradicionais para construir um futuro mais sustentável. A “Oração do Milho” e a Ecologia Integral se complementam na defesa da simplicidade, da produção local de alimentos e do consumo consciente. Através da valorização do milho e de outras culturas tradicionais, podemos construir uma sociedade mais justa e em harmonia com a natureza.

Osnilda Lima | Cepast-CNBB

Fonte: CNBB Sul 3

-------------------------------------------------------------------------.

Solidariedade: doação de recursos para vítimas das enchentes ultrapassa R$ 17 milhões 

Solidariedade: doação de recursos para vítimas das enchentes ultrapassa R$ 17 milhões 

Preocupada com a realidade da população gaúcha, a CNBB Sul 3 lançou no dia 1º de maio uma campanha em favor das vítimas das chuvas. Com a ajuda da Igreja de todo o Brasil – e mesmo de fora – a campanha ganhou força e possibilitou a arrecadação de R$ 17.403.227,71, até esta quinta-feira, 10 de outubro.

Para garantir a aplicação destes recursos de forma transparente e garantindo ajudar aqueles que mais precisam, o Regional Sul 3 organizou os repasses através de projetos, acessados pelas paróquias, arqui/dioceses e congregações. Uma delas foi a Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhor Aparecida, que recebeu o total de R$ 544.500,00.

A Ir. Célia da Costa Santos, responsável na congregação pela aplicação destes recursos, explica que a principal ação foi no cuidado com pessoas e famílias com necessidades especiais, acamados, enfermos e crianças atípicas: “Nós chegamos em muitos espaços, através da Escola Especial para Surdos Frei Pacífico, do Colégio Rainha do Brasil, do Centro de Reabilitação de Porto Alegre (CEREPAL) e das comunidades dos bairros LAMI e Lajeado”, ressalta Ir. Célia.

A estimativa da congregação é que desde julho, quando acessou o primeiro dos três projetos, foram atendidas e acompanhadas 400 famílias, beneficiadas com camas, colchões, jogos de panelas e talheres, televisores, camas hospitalares, cadeiras de rodas, cestas básicas, fogões, geladeiras e roupas de cama e banho.

Fonte: Arquidiocese de Porto Alegre.

----------------------------------------------------------.

Francisco: a pena de morte é inadmissível e deve ser abolida em todo o mundo

Em uma postagem na conta X @Pontifex, o Papa lança um novo apelo contra a pena capital: 'Atenta à inviolabilidade e à dignidade da pessoa'.

Vatican News

Um novo e vigoroso apelo contra a pena de morte vem do Papa Francisco em um post em sua conta X em nove idiomas @Pontifex: “A #PenadeMorte é sempre inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa”, escreve o Pontífice. “Faço apelo para que seja abolida em todos os países do mundo. Não podemos nos esquecer de que até o último momento uma pessoa pode se converter e mudar.”

Execuções em aumento em 2023

Desde os primeiros anos de seu pontificado, Francisco vem estigmatizando uma prática que ainda é difundida em vários países do mundo. De acordo com os dados mais recentes fornecidos por organizações ativas contra a pena capital, lideradas pela Anistia Internacional, o número de execuções registradas em 2023 é o mais alto em quase uma década. Apesar desse aumento, o número de Estados que executam sentenças de morte atingiu o nível mais baixo de todos os tempos: apenas 16. Em particular, depois do Irã, os países com o maior número de execuções são a Arábia Saudita, Iraque e o Paquistão.

A modificação do Catecismo

Em 2018, Francisco havia aprovado uma modificação ao texto do Catecismo da Igreja Catolica com relação à pena de morte. “A Igreja ensina, à luz do Evangelho”, diz um trecho do documento, ‘que a pena de morte é inadmissível porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa e está resolutamente empenhada em sua abolição em todo o mundo’.

O prefácio do livro de Dale Recinella

Um apelo do Papa contra a pena de morte, definida, em termos inequívocos, como um “veneno” para a sociedade, data de agosto passado. Palavras colocadas em preto e branco pelo Pontífice no prefácio do livro, publicado pela Lev, “Um cristão no corredor da morte. Meu compromisso ao lado dos condenados”, de Dale Racinella, um ex-advogado financeiro de Wall Street que, junto com sua esposa Susan, dá assistência a prisioneiros na Flórida. “A pena de morte não é, de forma alguma, a solução para a violência que pode se abater sobre pessoas inocentes. As execuções, longe de fazer justiça, alimentam um sentimento de vingança que se transforma em um perigoso veneno para o corpo de nossas sociedades civilizadas”, aponta o pontífice no texto. “Os Estados deveriam se preocupar em permitir aos prisioneiros a possibilidade de mudar verdadeiramente suas vidas, em vez de investir dinheiro e recursos em suprimi-los, como se fossem seres humanos que não são mais dignos de viver e que devem ser descartados”.

A mensagem de vídeo em 2019 para o Congresso Mundial contra a Pena de Morte

Palavras do Papa Francisco que ecoam em uma mensagem em vídeo de 2019 enviada aos participantes do Sétimo Congresso mundial contra a pena de morte, realizado em Bruxelas, no edifício do Parlamento Europeu. A dignidade da pessoa nunca é perdida, mesmo quando se comete “o pior dos crimes”, afirmou o Pontífice, a vida é um dom a ser protegido e é “a fonte de todos os outros dons e de todos os outros direitos”: “A convicção de oferecer até mesmo aos culpados a possibilidade de arrependimento nunca pode ser abandonada”.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.s

Shevchuk: o Papa está preocupado e sempre próximo ao povo da Ucrânia

O líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana foi recebido por Francisco nesta quinta-feira (10/10), no âmbito do Sínodo do qual está participando como membro. “Quis informar ao Santo Padre sobre o desastre da guerra e dos desafios que temos pela frente no inverno”. Sobre a audiência com o presidente Zelensky: “para o nosso presidente, o Papa é uma autoridade moral global”. Apelo à comunidade internacional: “quase 6 milhões de pessoas sem comida e no frio nos próximos meses; pedimos solidariedade”.

Salvatore Cernuzio - Vatican News

“Foi um momento espiritual, de confronto e reflexão”. Com essas três palavras, o arcebispo-mor Sviatoslav Shevchuk resume a audiência com o Papa na manhã de desta quinta-feira, 10 de outubro, véspera do encontro de Francisco com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (“graças a Deus que o nosso presidente está vindo para ouvir o Santo Padre”, diz Shevchuk).

O líder e pai da Igreja Greco-católica Ucraniana foi recebido pelo Papa no Palácio Apostólico do Vaticano antes dos trabalhos do Sínodo sobre a Sinodalidade, do qual o arcebispo de Kyiv-Halyč participa como membro, trazendo a voz de uma população - a ucraniana - oprimida por um conflito que parece interminável, mas também a voz das Igrejas Orientais que, em muitos países em guerra, estão quase em risco de extinção.

O desastre da guerra e a preocupação com os vulneráveis

“Eu queria informar o Santo Padre sobre a situação na Ucrânia, esse desastre da guerra que estamos vivendo, e os desafios que enfrentaremos agora que o inverno está se aproximando”, disse Shevchuk à mídia do Vaticano. “O Santo Padre está realmente preocupado com a população civil, com tudo o que está acontecendo na Ucrânia, com os vulneráveis que estão sofrendo mais.”

Os resultados do Sínodo dos Bispos Ucranianos

O arcebispo-mor também explicou que havia informado o Papa Francisco sobre “a vida da Igreja ucraniana nessas circunstâncias” e sobre o Sínodo dos Bispos realizado em julho sobre o tema “central” da evangelização: “ou seja, como evangelizar, como proclamar a palavra de Deus, que é sempre uma palavra de esperança para um povo desesperado. Eu lhe entreguei o fruto do trabalho sinodal, que é uma carta pastoral escrita por nós sobre guerra e paz justa. É a nossa reflexão sobre a situação atual na Ucrânia”.

        Gratidão pelo serviço “heroico” da Igreja

“O Papa Francisco”, conta o prelado, ”também me agradeceu pelo serviço heroico de nossa Igreja, de nossos bispos e sacerdotes, e me assegurou suas orações e bênçãos". Como em outras ocasiões no passado, Shevchuk também quis expressar gratidão ao Papa “por suas muitas intervenções e por ter sempre se lembrado da ‘martirizada’ Ucrânia”, bem como “pela libertação de nossos dois padres redentoristas”. Por essa mediação que o Papa, pessoalmente, e a Santa Sé fizeram em favor de nosso povo, desses sacerdotes, também para aliviar o sofrimento dos prisioneiros”. A referência é aos dois religiosos Ivan Levytskyi e Bohdan Heleta, presos em novembro de 2022 e libertados pela Rússia em uma troca de prisioneiros com a Ucrânia em 29 de junho. Uma conquista pela qual o próprio presidente Zelensky agradeceu, entre outros, à Santa Sé pelos “esforços” feitos “para trazer essas pessoas para casa”.

O encontro com Zelensky

E é precisamente Zelensky, como mencionado, que será recebido pelo Papa nesta sexta-feira (11/10): terceira vez no Vaticano, quarto encontro considerando o bilateral confidencial em junho no G7 em Puglia. “Nosso presidente respeita o Santo Padre como uma voz e uma autoridade moral global”, comenta o arcebispo Shevchuk, ‘compartilhar as dores da Ucrânia, ter o apoio do Papa e da Santa Sé para o nosso país e nosso povo atormentado é vital para nós’. “Graças a Deus que nosso presidente está vindo para ouvir o Santo Padre”.

Apelo à solidariedade

Antes de voltar às discussões e reflexões dos Círculos Menores do Sínodo, o líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana quer fazer um apelo à comunidade internacional por meio da mídia da Santa Sé: “pedimos sua solidariedade e oração. Quase 6 milhões de ucranianos passarão por uma emergência alimentar neste inverno. Há uma necessidade de alimentar os famintos. Além disso”, acrescentou o prelado, ”devemos oferecer nosso calor e nossa atenção às pessoas que sofrerão com o frio. Reze pela Ucrânia, confiamos em sua solidariedade”.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.x

O Papa se encontra com Zelensky neste dia 11 de outubro

O líder ucraniano em audiência no Palácio Apostólico às 9h30 (hora de Roma). Esta é a terceira vez que o presidente é recebido no Vaticano por Francisco, a última vez em maio de 2023. Os dois haviam se encontrado em junho, durante o G7 em Puglia.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, retorna pela terceira vez ao Vaticano para uma audiência com o Papa Francisco. O anúncio foi feito pela Sala de Imprensa da Santa Sé, informando que o encontro está marcado para esta sexta-feira, 11 de outubro, às 9h30 (hora de Roma). O encontro entre o Pontífice e o líder do país “martirizado” por um conflito que já dura mais de dois anos e meio - hoje na Croácia para uma cúpula entre a Ucrânia e os países do sudeste europeu – se realiza quatro meses após a reunião bilateral durante o G7 em Puglia e mais de um ano e meio após o último encontro na Aula Paulo VI Aula, em 13 de maio de 2023. Quarenta minutos de conversa, durante os quais o Papa assegurou suas constantes orações pelo país que nunca foi esquecido em seus apelos públicos e sua contínua invocação à paz.

Última audiência no Vaticano em maio de 2023

Ambos, segundo uma nota do Vaticano divulgada na época, “concordaram com a necessidade de continuar os esforços humanitários em apoio à população” e o Papa enfatizou “em particular a necessidade urgente de ‘gestos de humanidade’ em relação às pessoas mais frágeis, as vítimas inocentes do conflito”. Zelensky - que naquele dia também havia conversado com dom Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as Relações com os Estados - reiterou sua gratidão ao Papa por sua “atenção pessoal à tragédia de milhões de ucranianos” em um post no X e confirmou que havia falado com Francisco sobre as “dezenas de milhares de crianças ucranianas deportadas” que devem ser trazidas de volta para casa com “todos os esforços”. Ele acrescentou que pediu a “condenação dos crimes russos na Ucrânia” e falou da “Fórmula da Paz” como “o único algoritmo eficaz para alcançar uma paz justa”, propondo “aderir à sua implementação”.

Contatos desde a eclosão da guerra e o bilateral no G7

A primeira vez que Zelensky entrou no Palácio Apostólico do Vaticano foi em 8 de fevereiro de 2020, quando a ameaça da pandemia de Covid-19 começava a pairar na Europa e a guerra parecia um fantasma segregado apenas no leste da Ucrânia. Desde o primeiro bombardeio russo em Kiev, houve vários contatos com o Papa, entre cartas e telefonemas, um deles em 28 de dezembro de 2023 para saudações de Natal e reiterando o desejo de uma “paz justa para todos nós”.

Um ano e meio após a eclosão do conflito, Zelensky - não mais tão isolado como nos primeiros meses - voltou a viajar e, em maio do ano passado, fez um itinerário que passou por várias capitais europeias, incluindo Roma e Cidade do Vaticano. Este ano, em junho, ele participou com chefes de estado e de governo da cúpula do G7 em Borgo Egnazia, na Puglia, e nessa ocasião teve um encontro bilateral confidencial com o Papa.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------.

Papa encoraja atletas de esqui da Áustria: o esporte cria fraternidade

O país, com tradição de longa data na modalidade, irá sediar mais uma edição do Campeonato Mundial de Esqui Alpino em 2025. No Vaticano, na manhã desta quinta-feira (10/10), o Papa recebeu uma delegação da "Associação Ski Austria", fundada há 119 anos, e encorajada pelo Pontífice a continuar promovendo os atletas e o próprio esporte com os valores "como constância, sinceridade, amizade e solidariedade. Dessa forma, vocês contribuem para um mundo mais fraterno".

Andressa Collet - Vatican News

"O esporte cria a fraternidade, para cantar, em meio às maravilhas da natureza do país de vocês, o hino de louvor ao Criador", afirmou o Papa Francisco na manhã desta quinta-feira (10/09) ao fazer referência aos Alpes da Áustria, um paraíso para a prática do esqui. A saudação (texto integral) foi dirigida em audiência, no Vaticano, ao presidente dos bispos austríacos, dom Franz Lackner, acompanhado de membros da Associação Ski Austria, que há 119 anos promove várias atividades da modalidade em todo o país, "especialmente os atletas em suas performances excepcionais".

A importante tradição austríaca no esqui

A "terra natal de vocês, rica de montanhas majestosas, oferece excelentes oportunidades para esportes alpinos", acrescentou o Papa. De fato, a Áustria tem uma longa tradição na prática da modalidade com uma indústria de excelência, sendo considerada líder mundial em tecnologia e mercado em várias áreas. Em relação ao esqui, por exemplo, são cerca de 400 estações distribuídas por todo o país, já que os Alpes dominam a paisagem. Um esporte que emprega cerca de 18 mil instrutores profissionais, com uma formação considerada a melhor do mundo. Em 2025, de 4 a 16 de fevereiro, a Áustria vai inclusive sediar a 48ª edição do Campeonato Mundial de Esqui Alpino, manifestação organizada pela Federação Internacional de Esqui e Snowboard. A localidade austríaca de Saalbach-Hinterglemm vai sediar pela segunda vez a competição, depois das disputas de 1991.

 “Gostaria de encorajar todos vocês a sempre cultivar nos seus esforços os valores inerentes ao esporte, os valores próprios do esporte: como a constância, a sinceridade, a amizade, a solidariedade. Constância, sinceridade, amizade, solidariedade. Dessa forma, vocês contribuem para um mundo mais fraterno, porque o esporte cria a fraternidade, para cantar, em meio às maravilhas da natureza do país de vocês, o hino de louvor ao Criador.”

O Papa, então, concedeu a sua bênção à associação austríaca e pediu que "o Senhor sempre os acompanhe e que os Anjos da Guarda os protejam de todos os perigos". E finalizou a saudação, em alemão, dizendo rezar por eles e pedindo orações ao Pontífice, que "não tem um trabalho fácil": "Ich bete für Sie, beten Sie für mich: Diese Arbeit ist nicht einfach!".

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------.

Assembleia Sinodal: um lugar onde a fraternidade transborda

Coletiva de Imprensa. Prefeito Ruffini: "transcender a dialética para reconhecer um dom maior que Deus nos ofereceu. A partir desse dom inesperado, uma criatividade renovada é despertada”, algo que se espera que leve a um transbordamento missionário.

Padre Modino - Vaticano

No dia em que a Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI do Vaticano de 2 a 27 de outubro de 2024, encerrou o módulo sobre relações, alguns membros da Assembleia Sinodal, juntamente com os que normalmente estão presentes, a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, a vice-diretora da Sala Stampa, Cristiane Murray, e o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, compartilharam o que haviam experimentado na Assembleia nos últimos dias em mais uma coletiva de Imprensa.

Os presentes nesta quinta-feira, 10 de outubro: o prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch; e, juntamente com o cardeal três delegados fraternos, o Metropolita da Pisídia, Sua Eminência Job, o bispo Anglicano de Chichester, dom Martin Warner, e a pastora menonita Anne-Cathy Graber. As relações com outras igrejas são um elemento importante, algo que o atual processo sinodal quer promover.

Criatividade e transbordamento

Entre os tópicos discutidos nos círculos menores, na Sala Sinodal, Sheila Pires destacou a novidade dos fóruns realizados na tarde de quarta-feira, que o cardeal Grech disse terem sido muito positivos. Ela também lembrou que o módulo sobre itinerários será iniciado. O trabalho realizado no módulo sobre relações foi apresentado à Secretaria do Sínodo, disse Ruffini, que destacou o estímulo à criatividade e ao transbordamento, palavra usada em “Querida Amazônia” pelo Papa Francisco.

Nesse sentido, o prefeito do Dicastério para a Comunicação recordou o chamado do Papa a “transcender a dialética para reconhecer um dom maior que Deus nos ofereceu. A partir desse dom inesperado, uma criatividade renovada é despertada”, algo que se espera que leve a um transbordamento missionário.

Vigília ecumênica nesta sexta-feira

Uma vigília ecumênica estará sendo realizada na noite desta sexta-feira (11/10), o que pode ser visto como uma das razões para a presença dos delegados fraternos na Coletiva de Imprensa. Para o cardeal Koch, um dos elementos mais importantes do atual Sínodo é a sua dimensão ecumênica, algo que está incluído no Instrumentum laboris, onde a sinodalidade aparece como um caminho para o ecumenismo. A Vigília Ecumênica é algo que já foi realizado antes do início da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal, lembrou Koch. Este ano, ela coincide com o aniversário do início do Concílio Vaticano II e será realizada na Praça dos Protomártires Romanos, onde a tradição diz que o apóstolo Pedro foi martirizado. Para o prefeito, a oração em conjunto é muito importante para o avanço do movimento ecumênico, pois Jesus não ordena a unidade, mas reza por ela.

Koch reconheceu a importância de uma presença maior e mais representativa de delegados fraternos na Segunda Sessão, agradecendo ao Santo Padre por aumentar seu número. O cardeal suíço destacou os elementos positivos existentes em todas as Igrejas e a necessidade que umas têm das outras, considerando um sinal muito positivo o fato de tantas Igrejas quererem se envolver na Assembleia Sinodal.

O batismo como base do caminho sinodal

Para Sua Eminência Job, delegado fraterno ortodoxo, “é muito bonito poder ver todo esse caminho sinodal, não como uma inovação da Igreja Católica, mas como uma implementação da eclesiologia do Concílio Vaticano II, que fez uma revolução copernicana”. Partindo do Povo de Deus, uma eclesiologia baseada no batismo, o delegado ortodoxo considera isso como a base para o caminho sinodal, porque há outros batizados além da Igreja Católica, o que ajudou o diálogo entre as igrejas cristãs após o Vaticano II.

O diálogo entre católicos e ortodoxos aborda a questão da autoridade, sinodalidade, primazia, ministérios na Igreja, algo que vem sendo discutido há anos em um diálogo que, além de ser um passo adiante no caminho da unidade, pode dar frutos na vida interior de cada Igreja. Ele também destacou que ficou impressionado com a convergência dos diálogos entre as diferentes confissões, que não buscam apenas um acordo, um compromisso, mas “estabelecer a base para nossa vida comum, que pode nos levar à unidade cristã”.

Importância da relacionalidade

Dom Warner falou das diferenças entre os sínodos anglicanos e o atual Sínodo, que “nos lembra da importância da relacionalidade”, dadas as relações profundas que estão ocorrendo, olhando uns para os outros como família, respeitando as diferenças, reconhecendo a importância da troca de presentes. Ele também lembrou que os sínodos anglicanos são deliberativos, lembrando que o Papa Francisco alertou sobre os riscos do modelo parlamentar. Nessa perspectiva, ele ressaltou a importância da conversa no Espírito para responder aos desafios e a importância da oração e do silêncio no processo sinodal, que “nos lembra que estamos sob a autoridade de Jesus Cristo”.

Uma igreja comprometida com a paz

A Igreja Menonita é uma igreja pouco conhecida, pertencente à tradição da reforma do século XVI, caracterizada por escolher o caminho da não violência, lembrou Anne-Cathy Graber. A pastora expressou sua alegria por ter sido convidada para o sínodo, especialmente porque a Igreja Católica não precisa da voz da Igreja Menonita, uma igreja pequena. Para ela, isso mostra que cada voz, cada cultura conta, que cada país tem a mesma importância. “A unidade cristã não é uma promessa para amanhã, é agora”, disse ela, para a qual é necessária uma recepção generosa.

Junto com isso, ela insistiu que “somos delegados fraternos, não apenas observadores”, lembrando que somos feitos da mesma carne, do mesmo Corpo de Cristo, o que motiva toda voz e presença a serem bem-vindas. Ela lembrou que, como foi dito na Sala Sinodal, “estamos vivendo o transbordamento, estamos experimentando um transbordamento de fraternidade”, fazendo com que o sofrimento e a esperança das outras igrejas sejam nossos. A partir daí, é importante superar a desilusão ecumênica, não se contentar com a ideia que temos de outra igreja, porque não deve haver uma igreja que caminha acima das outras, mas todos nós devemos caminhar juntos.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.s

Assembleia sinodal: "o Sínodo deve inspirar a ação, não apenas produzir documentos"

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI do Vaticano, continua a debater as relações. Coletiva de Imprensa.

Padre Modino - Vaticano

Para aprofundar estas e outras questões relacionadas com o caminho sinodal, o arcebispo de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, dom Inácio Saúre, o arcebispo de Puerto Montt (Chile), dom Luis Fernando Ramos, e o diácono Permanente da Diocese de Gent (Bélgica), Geert De Cubber, participaram na coletiva de imprensa deste dia 9 de outubro, na Sala de Imprensa vaticana.

Mulheres e jovens na tomada de decisões

Os trabalhos têm se concentrado no tema do discernimento eclesial, disse a secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, Sheila Pires, durante a coletiva. Nos mais de 70 discursos livres foi destacado o papel dos ministros ordenados e dos leigos, sua colaboração com os sacerdotes e bispos, o seu envolvimento nos processos de decisão. Daí a necessidade de uma maior participação dos leigos, dado que a sua presença é indispensável e cooperam para o bem da Igreja. Pires destacou a proposta feita para consultar o Povo de Deus sobre a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e ao episcopado, dado que numa Igreja sinodal, o Povo de Deus tem que se sentir responsável na escolha. Igualmente, foi falado sobre a possibilidade de leigos serem párocos, pois muitos sacerdotes não têm vocação de párocos.

A respeito das mulheres, foram destacadas algumas propostas, como evitar qualquer tipo de discriminação sexual no acolitado, reconhecendo seu contributo nos processos de decisão. Foi falado sobre confiar às mulheres o ministério da escuta, dado que “as mulheres sabem ouvir, ouvem de forma diferente”. Finalmente, envolver mais as mulheres num mundo dividido e em guerra.

Ouvindo vozes corajosas de fora da Igreja

Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou da necessidade de entrar em contato com os jovens por meio da pastoral digital, e de que os jovens façam parte do discernimento eclesial na pastoral juvenil. Ele também falou da situação dramática de muitas crianças no mundo, vítimas do tráfico de pessoas. Nesse sentido, ele enfatizou que “o Sínodo precisa inspirar ações, não apenas produzir documentos”, pedindo que se escute as vozes corajosas que vêm de fora da Igreja.

Ruffini destacou o testemunho de uma mãe que estava preocupada com a Iniciação Cristã das crianças e o papel dos pais na vivência da sinodalidade. Falou-se do acompanhamento das vítimas de abuso dentro da Igreja, da necessidade de a Igreja se aproximar dos vulneráveis, de uma maior proximidade com os pobres, da solidão e do isolamento dos padres, sobrecarregados de trabalho, da distância dos padres em relação à sinodalidade, o que deveria levar o Sínodo a ver como pode reavivar sua vocação de servir ao Povo de Deus. Houve também um forte apelo para o diálogo entre as Igrejas e dentro da Igreja, para a família como um modelo de sinodalidade e para que o Sínodo jogue o jogo e não apenas escreva um manual de treinamento.

Confiança e respeito mútuos

O arcebispo Luis Fernando Ramos salientou que no ano passado muitas questões foram levantadas, agora eles estão se concentrando em questões mais específicas para rearticular o que entendemos por Igreja Sinodal. Nesse contexto, surgiu o argumento da Igreja Povo de Deus, complementado pela Igreja Povo de Cristo, destacando a importância da espiritualidade sinodal para mudar as estruturas e o modo de ser Igreja, para uma conversão pessoal, comunitária, eclesial e pastoral. Ressaltou a importância de os leigos nunca perderem sua vocação secular, e das relações entre os seres humanos e dentro da Igreja, a fim de purificar, transformar e iluminar as relações baseadas na caridade. O bispo destacou a importância dos papéis de responsabilidade para que sejam imbuídos dos critérios de sinodalidade, com roteiros para o discernimento sinodal. Isso em uma Assembleia onde há confiança e respeito mútuo, algo que é valorizado positivamente por todos.

O fundador canonizado durante o Sínodo

Para os Missionários da Consolata, o Sínodo traz uma grande novidade, a canonização do Beato José Allamano, que será realizada no dia 20 de outubro, segundo disse o arcebispo de Nampula, membro dessa Congregação. Para eles, o tema do Sínodo é muito caro porque Allamano criou um instituto missionário. O arcebispo moçambicano refletiu sobre a importância da Iniciação Cristã como encontro com Jesus Cristo, e o fenômeno que se verifica na África, onde os jovens saem da Igreja depois de receber esses sacramentos, o que deve levar a refletir se teve uma boa Iniciação Cristã. Igualmente falou sobre a partilha de dons entre os seres humanos e entre as Igrejas numa Igreja Sinodal e da importância do conhecimento mútuo entre a Igreja Católica e a Igreja Oriental, que tem muito a nos dar nesta partilha de dons.

A sinodalidade começa em casa

O diácono permanente belga disse que não teria podido participar deste Sínodo sem sua família, com quem se sentou à mesa para decidir se sua presença na Assembleia Sinodal era algo conveniente, com o que todos concordaram, porque de outra forma, se alguém não tivesse concordado, ele não teria participado. A partir daí, ele destacou que "minha experiência de sinodalidade começa em casa". Em relação à Igreja belga, suas dificuldades e a presença de pessoas cansadas, ele disse que eles estão tentando colocar a Sinodalidade em prática na Pastoral Juvenil, para levar a sinodalidade ao trabalho com os jovens, algo feito com todas as dioceses que buscam avançar como Igreja sinodal. Por isso, sublinhou o fato de que somos diferentes uns dos outros, mas temos em comum nossa catolicidade.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.s

Futuro cardeal Kikuchi: “Até mesmo a Europa está se tornando periferia na Igreja"

O arcebispo de Tóquio e presidente da Caritas Internacional, escolhido pelo Papa Francisco entre os novos cardeais a serem criados no consistório de 8 de dezembro próximo, convida a olhar para a missão da Igreja como uma troca de dons. “Hoje, muitos países da Ásia e da África doam missionários para o mundo”. Juntamente com o arcebispo de Belgrado, eles serão os primeiros cardeais verbitas após o único precedente de Thomas Tien, o arcebispo de Pequim nomeado por Pio XII em 1946

Vatican News

 “A missão hoje é uma troca de dons entre Igrejas, entre quem tem e quem não tem. Antes, ela se dava do Ocidente para o Oriente, hoje muitos países da Ásia e da África doam missionários para o mundo. O próprio conceito de periferia está mudando: até mesmo a Europa hoje está se tornando uma periferia”. Foi o que disse na terça-feira (08/10) o arcebispo de Tóquio, Tarcisius Isao Kikuchi, durante o briefing diário sobre os trabalhos do Sínodo em andamento no Vaticano, algumas horas depois que o Papa Francisco anunciou no domingo, no Angelus, que o havia incluído na lista de 21 novos cardeais que serão criados no próximo consistório, marcado para 8 de dezembro.

Francisco olha com atenção especial para a Ásia

O arcebispo Kikuchi - que tem 65 anos de idade e, além de conduzir a Arquidiocese de Tóquio desde 2017, também é presidente da Caritas Internacional desde o ano passado - enfatizou como, também desta vez, Francisco olhou com atenção especial para a Ásia. “Ele veio recentemente ao nosso continente, onde visitou muitos países”, lembrou. ”Ele ainda escolheu três bispos de dioceses asiáticas entre os novos cardeais. De modo mais geral: é o centro da missão da Igreja que está se movendo em direção ao Sul Global”. 

Sobre a experiência da sinodalidade, o futuro purpurado explicou que a Igreja japonesa está se concentrando “mais em seus fundamentos do que na pressa de construir”. “Nós nos reunimos com padres, religiosos e leigos para o Congresso Nacional de nossas 15 dioceses: ali praticamos juntos o método da conversa no Espírito. Também precisamos de um entendimento comum da sinodalidade: não se trata de basear tudo no consenso. O discernimento comum deve indicar a direção, e então alguém se encarrega das decisões”.

Nomeação cardinalícia, surpreso e chocado

Dom Kikuchi já havia escrito sobre sua nomeação como cardeal no domingo, em uma mensagem enviada à sua diocese e a todos os seus amigos. “Esta nomeação não é apenas para mim, mas é uma grande honra para a Igreja no Japão, especialmente para a Arquidiocese de Tóquio, e também para a Caritas Internacional”, comentou.

“Fiquei surpreso”, acrescentou. ”Fazia muito tempo que não me sentia tão chocado do fundo do meu coração. E fiquei confuso. Quando penso no fato de que ser cardeal não é apenas uma posição de honra, mas que há muitos papéis a desempenhar como conselheiro do Papa, só consigo ver minhas faltas”.

Verbitas celebrarão seu 150º aniversário no próximo ano

Em sua mensagem, Kikuchi também enfatizou o fato de que, entre os novos cardeais no Consistório de 8 de dezembro, também haverá outro verbita, o arcebispo Ladislav Nemet, de Belgrado, na Sérvia. “Ele é um confrade que conheço há muito tempo. No próximo ano, a Sociedade do Verbo Divino celebrará seu 150º aniversário. Nesses 150 anos de história, houve apenas um cardeal verbita, o cardeal Thomas Tien, arcebispo de Pequim, que morreu em 1967”. O purpurado Tien foi criado cardeal por Pio XII em 1946 e foi forçado ao exílio em 1951, após a ascensão do regime comunista na China.

O arcebispo de Tóquio - que também é secretário-geral da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (Fabc) – mencionou, por fim, a presença entre os novos cardeais do bispo Pablo Virgilio David, das Filipinas, “que será o próximo vice-presidente da Fabc (a partir de janeiro de 2025, ao lado do novo presidente, cardeal Filipe Neri Ferrao, arcebispo de Goa, na Índia, ndr). Acredito que é uma nomeação que terá grande significado para a Fabc”.

(com AsiaNews)

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------.

Foram nesta terça-feira, 8, a enterrar os restos mortais do Cardeal do Nascimento

Os restos mortais de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento já repousam na cripta da Catedral da arquidiocese de Luanda. Igreja angolana garante que vai manter vivo o seu legado.

Anastácio Sasembele – Luanda, Angola

Um misto de triste, alegria, oração, fé e esperança na ressurreição marcaram as exéquias de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, que foi sepultado nesta terça feira 8, na cripta da Catedral de Luanda.

Altas figuras do aparelho do estado representado ao mais alto nível pelo Presidente da República João Lourenço, entidades religiosas, diplomáticas, políticas, a sociedade civil e fiéis em geral deram o último adeus ao primeiro Cardeal angolano, e até 28 de setembro, dia da sua morte, o Cardeal mais velho do mundo.

Durante as exéquias foram celebradas 10 missas de corpo presente, e a urna contendo os restos mortais do Cardeal foi igualmente transportada por 10 jovens sacerdotes, num claro simbolismo dos 10 Mandamentos da Lei de Deus que o Cardeal Angolano procurou viver durante a sua peregrinação na terra.

Durante a missa de corpo presente, no último adeus ao Cardeal, várias foram as intervenções que convergiram em aspectos ligados à fé a caridade, a promoção da paz e da reconciliação nacional. 

Dom José Manuel Imbamba, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), disse que a morte do Cardeal deixa sinais fortes de alegria por tudo quanto representou na Igreja e na sociedade angolana.

Na celebração esteve igualmente o novo Núncio Apostólico em Angola e São Tomé que já reside desde a semana finda, em Luanda. Coube a Dom Kryspin Dubiel a leitura da mensagem de pesar do Papa Francisco que destacou as qualidades do Cardeal angolano, homem da caridade da paz e promotor da reconciliação entre os angolanos.

E o presidente da República João Lourenço acompanhado da sua esposa Ana dias Lourenço e membros do seu executivo, no final da celebração depositou uma cora de flores junto à urna do Cardeal do Nascimento, e ao assinar o livro de condolências voltou a elogiar as virtudes do Cardeal à semelhança do que fizera já na mensagem endereçada a família e a igreja angolana no dia da morte do eminente homem de Deus.

Durante as exéquias foram igualmente lidas as mensagens do Patriarca de Lisboa e do Dicastério para a evangelização dos povos.

O embaixador de Portugal em Angola recordou o Cardeal Alexandre do Nascimento como um verdadeiro nacionalista que muito contribuiu para a emancipação do seu povo, tendo lhe custado o exílio em Lisboa, onde fez grande amizades a destacar, o actual Presidente da República portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa.

Os fiéis que aparecem em grande número para o último adeus regozijaram-se com os préstimos do Cardeal, tendo-o considerado como um cidadão que se sacrificou por Angola e temente a Deus.

Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, o Arcebispo de Luanda, agradeceu o envolvimento de todos durante as exéquias, e garantiu que a Igreja de Luanda vai manter vivo o legado deixado pelo arcebispo emérito de Luanda Dom Alexandre Cardeal do Nascimento. Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------.

Pizzaballa agradece ao Papa Francisco pela carta de 7 de outubro

“Em nome dos Patriarcas, dos Bispos dos Ordinários e de toda a comunidade cristã da região”, o cardeal Patriarca dos Latinos de Jerusalém, através das colunas do L’Osservatore Romano, responde à carta dirigida pelo Papa Francisco aos católicos do Oriente Médio no dia 7 de outubro, aniversário do início do conflito na região

Por Pierbattista Pizzaballa

Beatíssimo Padre,

em nome dos Patriarcas, dos Bispos dos Ordinários e de toda a comunidade cristã de nossa região, desejo expressar-Lhe nossos mais sinceros agradecimentos pela carta que nos enviou em 7 de outubro passado, pelo belíssimo gesto de proximidade e afeto. Um grande obrigado, porque o senhor é o único líder mundial que tem em mente o sofrimento de todos e nos lembra da necessidade de não perder, mesmo nessas situações dramáticas, nossa humanidade.

Recebemos com alegria Sua carta, na qual o senhor não apenas expressa Sua proximidade, mas também nos dá dicas valiosas para continuarmos vivendo essa longa noite, que parece não ter fim, mas que sabemos que um dia terminará.

Sua carta estimulou algumas reflexões, que foram compartilhadas entre muitos de nós e que Lhe transmito, tornando-me, assim, o porta-voz do pensamento, da preocupação e da esperança de bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Com o último dia 7 de outubro, completou-se um ano em que a espiral de violência, acesa pelo “pavio do ódio”, como o senhor a chamou, mergulhou novamente todos os nossos países em uma guerra que parece não ter fim e que está semeando morte e destruição, não apenas nas estruturas físicas, mas também na vida das pessoas, nas relações em todos os níveis.

O dia 7 de outubro foi também a data em que todas as nossas comunidades se reuniram em jejum e oração, em união com o senhor, Santo Padre, para implorar o dom da paz para todos os nossos povos. Essas são as nossas armas, as “armas do amor”. Elas são a nossa resposta à desconfiança que parece estar se espalhando cada vez mais, não apenas nos corações dos governantes, mas também entre nós.

Neste período doloroso, continuaremos não só a estar próximos do povo santo, de todos os tipos de sofrimento, mas também a “deixar nossos corações serem tocados”, deixando de lado nossas prioridades, para continuar a servir nosso povo de todas as maneiras possíveis. De fato, nesse contexto de ódio tão arraigado, há necessidade de empatia, de gestos e palavras de amor que, mesmo que não mudem o curso dos acontecimentos, tragam conforto e consolo, dos quais todos nós precisamos muito. Nesses meses, padres, religiosos e religiosas permaneceram próximos das comunidades e das pessoas provadas, mesmo nos lugares mais perigosos. Há muitos voluntários e voluntárias em nossas comunidades que, apesar do perigo, não se pouparam para ajudar seus irmãos e irmãs.

Não cederemos aos eventos que parecem nos distanciar uns dos outros, mas sempre buscaremos ser construtores sedentos de paz e justiça, sem ceder à lógica do mal, que, ao invés, quer dividir. Não escondemos o fato de que não é humanamente fácil, nessas circunstâncias, ser capaz de amar nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem (cf. Mt 5,44), mas não deixamos de pedir a Deus esse dom e essa liberdade, em oração. Nesse sentido, somos inspirados por tantos exemplos de homens e mulheres de todas as religiões que, nos últimos meses, apesar de terem sido pessoalmente afetados pela violência e pela morte, tiveram a força interior para não ceder à lógica do ódio, mas foram capazes de dizer palavras de perdão e fazer gestos de compreensão e esperança. Eles são o “pequeno remanescente” a partir do qual podemos começar de novo.

O diálogo entre nós, crentes de diferentes religiões, foi ferido. A suspeita parece ter prevalecido entre alguns de nós. Mas vamos nos esforçar para retomar as relações, para reconstruir a confiança que parece ter sido rompida, para fazer da fé um lugar de encontro e não um pretexto para a divisão. A partir desse momento difícil, teremos de aprender como tornar nossas relações no futuro ainda mais fortes e sinceras, para construir contextos autênticos e sérios de paz e respeito.

Não deixaremos de fazer-nos porta-vozes de seus muitos apelos para o fim das hostilidades, como pré-requisito para que seja possível iniciar processos reais e sérios, levando um dia a novos e pacíficos equilíbrios no Oriente Médio. De fato, essa nossa região precisa de líderes com uma nova visão, de pessoas que sejam capazes de expressar a riqueza e a beleza que ainda existem aqui e que a guerra ainda não desfigurou completamente. A ideia de que estratégias militares podem trazer novidades positivas para nossa região é uma ilusão. Como o senhor bem nos lembrou: “A história demonstra isso, mas anos e anos de conflito parecem não ter nos ensinado nada. A violência, de fato, produzirá mais violência, criará mais ódio nas gerações mais jovens e fomentará ainda mais os vários fundamentalismos que atormentaram e bloquearam nossa região por demasiado tempo.

Em vez disso, precisamos de desenvolvimento, precisamos investir em formação, precisamos educar para a paz, precisamos dar aos nossos jovens um contexto sereno para a vida, no qual eles possam basear sua esperança, aqui, nestas nossas terras atormentadas, mas que ainda são o Lugar “do qual as Escrituras mais falam” e no qual nossas raízes estão fundadas.

Apesar de nossas muitas limitações, tentaremos, em suma, ser uma voz serena, firme e livre dos pequeninos que não têm voz. Vamos nos esforçar para não abandonar nenhum daqueles que batem à nossa porta e para estar perto de todos aqueles que hoje estão sofrendo, necessitados e sozinhos.

Sabemos que não estamos sozinhos e que o Senhor está com todos aqueles que “sofrem com a loucura da guerra”. Levaremos Sua palavra de paz, proximidade e consolo a todos os nossos fiéis e a todas as pessoas que encontrarmos.

Obrigado, Santo Padre!

Em oração, continuamos a implorar a paz, confiando na obra de Deus, Senhor do tempo e da história.

Com a intercessão da Santíssima Virgem, confiamos a Deus todas as Suas intenções e seu precioso ministério a serviço da Igreja universal, da qual o senhor é Pastor Supremo.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.s

Sacerdote togolês assassinado na República dos Camarões

Padre Christophe - ordenado em 2013 na Catedral de Nossa Senhora da Trindade, em Atakpamé, era vigário da Paróquia dos Santos Pedro e Paulo de Zouzoui, na Diocese de Yagoua, no Extremo Norte. Ele estava de passagem por Yaoundé, de onde estava prestes para partir para a Itália para realizar um ano de formação

Padre Christophe Komla Badjougou, sacerdote togolês Fidei Donum, foi morto em Yaoundé, capital da República dos Camarões, na noite de 7 de outubro.

O sacerdote foi morto a tiros em frente ao portão da casa dos Missionários do Imaculado Coração de Maria (CICM) em Mvolyé, bairro da capital.

Dom Jean Mbarga, arcebispo de Yaoundé, expressou a sua “profunda tristeza” e enviou as suas condolências à família do sacerdote, aos seus amigos e à comunidade cristã.

“Nesta triste circunstância, a Arquidiocese de Yaoundé expressa as suas sinceras condolências à família do padre Christophe, aos seus amigos e aos fiéis da Diocese de Yagoua. A comunidade cristã é convidada a rezar para que ele possa encontrar a graça de Deus”, afirmou o arcebispo de Yaoundé.

Segundo as autoridades camaronesas, o clérigo foi morto durante um assalto. Um comissário da polícia informou à imprensa, que “as câmaras de vigilância localizadas no local do crime mostram que o sacerdote vinha de um local denominado “Dakar en bas” em uma moto que o deixou em frente ao portão do CICM. Alguns segundos depois, dois indivíduos são vistos chegando em motos do lado de Mvolyé. Depois de passarem pelo religioso, eles se viraram para retornar ao portão onde está o padre Christophe. As imagens mostram uma discussão entre a vítima e um dos assassinos que conseguiu se apoderar da pasta do clérigo. O criminoso então atirou duas vezes para o alto e depois três tiros contra o sacerdote, que caiu”.

Padre Christophe era vigário da Paróquia dos Santos Pedro e Paulo de Zouzoui, na Diocese de Yagoua, no Extremo Norte. Ele estava de passagem por Yaoundé, de onde estava prestes para partir para a Itália para realizar um ano de formação. Padre Christophe fazia parte da Associação dos Silenciosos Operários da Cruz inspirada no Beato Luigi Novarese, cuja casa mãe está localizada em Ariano Irpino, no Santuário de Valleluogo.

Originário do Togo, havia sido ordenado sacerdote em 2013 na Catedral de Nossa Senhora da Trindade, em Atakpamé.

Tendo-se tornado membro efetivo da Associação em 2014 e inserido na comunidade de Mouda, exerceu o seu ministério como formador e como pároco da paróquia de Zouzoui.

*Agência Fides - Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------.

No Líbano, o risco de uma nova Gaza

Netanyahu evoca o perigo de uma guerra longa e desastrosa se o País dos Cedros não se livrar do Hezbollah. O Unicef lança o alarme sobre a rápida deterioração da situação humanitária no Líbano. O Fundo das Nações Unidas para a Infância está fornecendo suprimentos médicos para cerca de dois milhões de pessoas afetadas pela rápida escalada do conflito, principalmente mulheres e crianças

Vatican News

O caminho ainda é árduo para as tentativas de mediação da guerra no Oriente Médio. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se dirigiu diretamente aos libaneses: em um vídeo em seus próprios canais sociais, ele evocou o perigo de uma “longa guerra que levará à destruição e ao sofrimento”, semelhante à que está em andamento em Gaza, se o país não se “livrar” do Hezbollah.

O primeiro-ministro também anunciou que Israel havia eliminado o sucessor de Hassan Nasrallah na liderança do Hezbollah, Hashem Safieddine, que foi morto em um ataque aéreo em Beirute na quinta-feira da semana passada. No entanto, um esclarecimento imediato veio do exército israelense (IDF), cujo porta-voz, Daniel Hagari, disse que os militares ainda estavam examinando os resultados da operação.

Em outra postagem em sua conta social oficial, o Estado de Israel voltou diretamente à crise com Teerã, depois que o regime iraniano lançou “cerca de 200 mísseis balísticos” contra Israel em 1º de outubro: o Irã, diz o texto, “deve ser contido antes que seja tarde demais”.

União Europeia lança uma ponte aérea humanitária

Por outro lado, a mídia iraniana afirma que, se um ataque israelense contra a República Islâmica fosse lançado, as cidades de Haifa e Telaviv seriam “destruídas” em “menos de dez minutos”.

Enquanto isso, no Líbano, novos ataques israelenses são registrados em Dahiyeh, ao sul de Beirute, no leste do Vale da Bekaa, e em Baalbek, relatados pela imprensa local, que fala de pelo menos um morto em Saida.

Por outro lado, o Hezbollah informou que repeliu duas tentativas de infiltração do exército israelense no sul do Líbano, depois que o IDF expandiu sua ofensiva na área. Os soldados da missão da Unifil estão na área, agora em alerta máximo. A União Europeia lançou esta quarta-feira (09/10) uma ponte aérea humanitária para “apoiar as pessoas afetadas pela crise”, com três voos de Dubai e Brindisi, sul da Itália.

Deterioração da situação humanitária no País dos Cedros

O Unicef, por sua vez, lança o alarme sobre a rápida deterioração da situação humanitária no País dos Cedros. O Fundo das Nações Unidas para a Infância está fornecendo suprimentos médicos para cerca de dois milhões de pessoas afetadas pela rápida escalada do conflito, principalmente mulheres e crianças. Uma emergência que, segundo uma nota do Unicef, também não cessa em Gaza: desde outubro de 2023, 659.000 crianças não puderam frequentar a escola.

Para piorar o quadro, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (Unrwa) denuncia que, na parte norte da Faixa, pelo menos 400.000 pessoas estão impossibilitadas de deixar a área.

E, exatamente nessa frente se registram novos ataques a Jabalya, com pelo menos 17 vítimas, e o exército israelense deu ordem de evacuação para o hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------.


Furacão Milton: "todo mundo tinha abandonado a cidade", diz brasileira sobre Tampa

Classificado como categoria 5, de nível mais grave, o furacão Milton foi posteriormente rebaixado para categoria 1, mas não deixa de ser assustador e causar estragos na costa oeste da Flórida. A cidade de Tampa vive a situação mais dramática e é onde uma parananese viveu: "acordei muito triste ontem, porque a prefeitura estava falando coisas terríveis: que a cidade ia desaparecer, que não ia sobrar nada. Todo mundo tinha abandonado a cidade", relata a administradora de empresas, Maetê Meneguzzo.

Andressa Collet - Vatican News

O furacão "Milton", que pode ser o mais forte dos últimos 100 anos, atingiu a Flórida, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira (09/10) à noite, trazendo tornados, inundações e tempestades. Segundo a imprensa norte-americana, o fenômeno já fez vítimas fatais e deixou 3 milhões de pessoas sem energia elétrica. As autoridades locais dizem que o blackout pode durar semanas.

A boa notícia, de que o furacão se enfraqueceu nas últimas horas, foi comemorada nesta quinta-feira (10/10) pela administradora de empresas, a brasileira Maetê Meneguzzo, natural de Pato Branco/PR, há 8 anos vivendo em Roma. Junto com o marido italiano Alessandro Mignacca, titular de um escritório de advocacia na capital, e dois filhos, a paranaense morou com a família por três meses deste ano em Tampa, na costa oeste da Flórida e onde se prevê a situação mais dramática pela passagem do furacão Milton. A cidade, com mais de 380 mil habitantes, foi escolhida para dar seguimento a mais uma filial do escritório, desta vez nos Estados Unidos:

"Ontem eu acordei muito triste, sobretudo porque os meninos que trabalham conosco lá tiveram que deixar a cidade, tiveram que ir embora para Atlanta. Foi tudo evacuado, obviamente. O Alessandro está lá, mas está em Nova York, porque não dava para ir para Flórida. Eu estava vendo agora cedo, que eles me avisaram, que graças a Deus - porque era para chegar na categoria 6, a categoria aquela que, digamos, a maior da história da Flórida - e parece que essa madrugada perdeu força o furacão. Graças a Deus! Porque parece que baixou de novo para a categoria 4, ou seja, já é uma ótima coisa, porque a prefeitura estava ontem falando coisas terríveis: que a cidade ia desaparecer, que não ia sobrar nada e agora lá, agora são 3 da manhã, é a hora que o furacão está chegando, mas já com categoria mais fraca. Eu entrei em contato ainda ontem com as pessoas que eu fiz amizade lá, o pessoal da casa que eu aluguei, e todo mundo tinha abandonado a cidade."

Furacão Milton mais fraco, mas continua assustador

Na Baía de Tampa, além da cidade de Tampa, que já está submersa, também ficam outras cidades grandes como Clearwater e Saint Petersburg. Classificado como categoria 5, de nível mais grave, o furacão foi posteriormente rebaixado para categoria 1, mas não deixa de ser assustador e causar estragos. A chuva torrencial está causando várias inundações e destruindo casas. O furacão Milton está atingindo a Flórida duas semanas depois que o furacão Helene matou pelo menos 225 pessoas no mesmo Estado, além de Geórgia, Carolina do Sul, Tennessee, Virgínia e Carolina do Norte.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.s

Outubro Rosa: o feminino em questão

O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 90, para estimular a sociedade no controle do câncer de mama.

Juliara Machado Goulart – Psicóloga

Consideramos, a medicina e os estudiosos e clínicos da área psíquica, que o homem e a mulher são diferentes. Diferentes na anatomia, na fisiologia, na constituição psíquica da sexualidade e nas culturas sociais de vários ou todos os locais do planeta. Que são absolutamente iguais em natureza humana, nisso incluindo o aparelho psíquico, e os direitos civis. A qualquer um dos gêneros normalmente nada falta ou excede algo que os determine homem e mulher no seu nascimento.

No entanto, historicamente, certas diferenças anatômicas e funcionais serviram de justificativa para a superioridade do homem e a inferioridade da mulher na vida individual, familiar, social e laboral. Diferenças tais como a força muscular masculina, que é superior à feminina, se avaliarmos homens e mulheres no mesmo nível de exercícios musculares. Daí que os Jogos oficiais ou qualquer esporte e atletismo são separados em equipes femininas e masculinas. Também a fisiologia das diferenças hormonais ligada aos gêneros influencia em respostas diferentes para cada uma dessas atividades, além de algumas funções laborais que dependem principalmente do corpo, seja pela força/fisiologia masculina ou seja pela leveza e detalhes da força/fisiologia feminina. O cérebro masculino é cerca de 10% maior em volume que o cérebro feminino, devido justamente pela estrutura anatômica do corpo masculino, porém em nada difere na estruturação e funções do cérebro feminino, ou seja, essa diferença é proporcional ao corpo e não funcional. Ambos os gêneros possuem as mesmas funções e as mesmas habilidades  cognitivas.

Poderíamos nos deter em muitos anos de pesquisa e citar vários pesquisadores ao longo da História, no entanto, nosso objetivo aqui é falar acerca do feminino na própria mulher, o seja, o quê a mulher, a grande maioria delas, reconhece como feminino em si mesma.

Antes ainda da menarca (a primeira menstruação), o corpo da pré-adolescente alonga-se, a curvatura do quadril começa, o mamilo aumenta e começa a constituição do volume glandular da mama. Isso quer dizer, que antes que uma menina se torne mulher, com aptidão à concepção, recebe como evidência a glândula mamária como sinal de seu corpo feminino. A glândula vai desenvolvendo-se assim como todo o aparelho reprodutor...porém é ela o primeiro sinal visível da sua formação de um corpo de mulher, um corpo feminino. Muito antes que as glândulas mamárias exerçam a função do aleitamento à prole, elas já foram internalizadas psiquicamente como sua marca de mulher. Tanto é que, mulheres que posteriormente decidem-se por uma transição do corpo feminino para o masculino, atuam primeiramente, por hormônios masculinos e cirurgias, para extirpar esse sinal do corpo feminino, as mamas.

A púbere que aceita e sente-se num corpo de mulher ao qual pertence, desde cedo sensualiza a mama como parte de seu todo feminino. É sim sinal visível de um corpo de mulher. E, dessa forma, antes do útero e os ovários estarem plenamente desenvolvidos, essa chamada ‘característica secundária’ (a primária é interna com a liberação dos hormônios apropriados) , reflete para a própria menina que ela se reconheça como mulher e siga uma trajetória pessoal, familiar e social com essa identidade sexual que ela aceitou.

Agora podemos avançar e entender melhor o que a mama feminina representa para uma mulher. Problemas ou disfunções mamárias tocam na insegurança do âmago do seu feminino para si mesma, que dirá se for anunciada portar um câncer de mama com a grande possibilidade dessa mama ser retirada.

O diagnóstico de câncer de mama, seja no homem ou na mulher (o homem tem mama, porém não visivelmente desenvolvida como a mulher, a qual terá a função do aleitamento) traz em si o medo de morrer. Para a mulher, além do medo de morrer traz o medo de perder sua feminilidade, já que esse foi o primeiro sinal que ela incorporou como ser uma mulher. O câncer de útero e ovários atinge o feminino enraizado na mulher quando ela deseja ter filhos e ainda não os teve, do contrário, geralmente, resta-lhe o medo maior da possibilidade de morte do que a perda da feminilidade, já que a sensibilidade no ato sexual tem mais a ver com o clitóris e com as paredes do canal vaginal do que com o útero, o que lhe faz menos temer a perda da sua feminilidade.

O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 90, para estimular a sociedade no controle do câncer de mama. Atualmente a data é celebrada em diversos países, com a maior finalidade de rastrear o diagnóstico a partir de exames de imagem incluídos na revisão ginecológica de rotina e diagnosticado por um médico mastologista. O diagnóstico precoce salva vidas e , em alguns casos, até mesmo a retirada radical da mama. Caso a mama precise ser extirpada, será possível sua restauração com prótese, tal a importância para a mulher da mama como sua imagem de um corpo de mulher feminino.

‘Mulher: seu corpo, sua vida’. Esse é o tema da campanha do Ministério da Saúde nesse ano de 2024. Apesar de haver um mês dedicado a esse tema, o Ministério da Saúde e os profissionais da saúde física e psíquica desejam que todos os meses do ano as mulheres recebam assistência médica e psicológica para uma saúde feminina integral.

Um breve fragmento clínico do atendimento psicológico com uma mulher portadora do câncer de mama.

A paciente, que aqui darei o nome fictício de Regina, procurou o acompanhamento psicológico no tempo do seu processo de preparação para a retirada da  segunda mama, devido à metástase do câncer. Na primeira vez, ela lutou enfaticamente para que a mama fosse retirada parcialmente. O médico sugeriu retirar toda a mama afetada e também a outra como prevenção, mas ela se recusou. Após oito anos em revisão e algumas medicações, o restante da primeira mama apresentou câncer, assim como a outra também. Seria necessário uma mastectomia radical e bilateral. Assim Regina chega para o acompanhamento psicológico dizendo ‘Vim me preparar psicologicamente para perder o que me resta de ser mulher.”

O tratamento transcorreu na direção de ela enxergar-se como um ser todo e que a sexualidade feminina ia muito mais além do que a perda das mamas. Mas, para chegar a isso, ela mesma veio trazendo seu crescimento de menina à mulher, nos bons acontecimentos e nos traumáticos, incluindo a sua prostituição de luxo pela própria mãe. Regina saiu de casa, arranjou um emprego, não se prostituiu, estudou, fez faculdade, concurso e diz ter salvado a si mesma. Com o tempo casou e teve uma filha.

Durante nosso trabalho, Regina tinha muito mais que elaborar a perda das mamas, mas fazer o luto de uma mãe internalizada como destruidora da sua genuína feminilidade. Regina já havia ressignificado suas mamas de objeto de venda para à ‘santidade’, assim ela chamava, por ter amamentado sua filha até os dois anos. Regina passou do inferno de possuir no sinal feminino das mamas um objeto de venda e uso para o ato sublime da maternidade. E Regina temia muito mais deixar de ser mãe do que de ser mulher. Como se fosse perder a parte pura, bonita do ‘ser mulher’. Na verdade, ela foi violentada na sua feminilidade genuína e a restaurou através do seio amamentando, proporcionando vida, a maternidade através da amamentação.

Após 3 meses desse trabalho, Regina permite a cirurgia. Telefona pra mim antes de entrar no Centro Cirúrgico, telefona quando vai ter alta do hospital e, acima de tudo, me telefona para que eu vá falando com ela e ela comigo a primeira vez, após alguns dias, que ela própria teve coragem de retirar as bandagens e se olhar no espelho.

Alguns meses depois, Regina já bem melhor, recebe a notícia que será avó de gêmeos da única filha que ela tem. Durante os meses da gestação da filha, Regina me diz “ Estou me sentindo mulher novamente, vou ser avó...duplamente”

A feminilidade começada pelo sinal dos seios se formando, é para a mulher algo incomparável e nem sempre compreendido. No entanto, mesmo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), hoje temos um grande número de mamas reconstruídas como cirurgia reparadora após a mastectomia. Esse respeito e dignidade com a mulher significa um respeito e uma dignidade de todo o ser humano que a mulher é.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------.s

Sínodo 2024: Vigília ecuménica sublinha importância do diálogo entre cristãos no caminho sinodal

O cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé), destacou hoje a importância da vigília ecuménica que esta sexta-feira vai reunir os participantes na XVI Assembleia Geral do Sínodo.

“A vigília ecuménica, à qual se juntarão muitas celebrações locais em todos os continentes, tem lugar a 11 de outubro, aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, que marcou a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecuménico”, indicou o colaborador do Papa, durante o briefing diário dedicado aos trabalhos da segunda sessão sinodal, que decorre até 27 de outubro.

O cardeal evocou ainda o 70º aniversário da publicação constituição conciliar ‘Lumen Gentium’ e do decreto ‘Unitatis Redintegratio’, “dois documentos fundamentais para o compromisso ecuménico da Igreja Católica” e que vão servir de base para a vigília.

Esta oração, das 19h00 às 20h00 de Roma (menos uma em Lisboa), foi organizada conjuntamente pela Secretaria-Geral do Sínodo e pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em colaboração com a comunidade de Taizé, decorrendo na Praça dos Mártires Romanos, onde, segundo a tradição, foi morto o apóstolo Pedro.

A Rede Sinodal em Portugal junta-se à Rede Mundial de Oração do Papa para esta “oração ecuménica pela paz”, na sexta-feira.

Após a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo, em outubro de 2023, o Papa decidiu aumentar o número de “delegados fraternos”, 16 representantes de Igrejas e comunidades cristãs.

A sessão do último ano foi precedida pela vigília de oração ecuménica “Together” (Juntos), realizada a 30 de setembro

A assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, os 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

A conferência de imprensa desta tarde contou com a presença do metropolita Job (Patriarcado Ecuménico de Constantinopla), co-presidente da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodox, para quem o “caminho sinodal” um sinal visto como algo “muito bonito” e uma consequência do Concílio Vaticano II (1962-1965).

O responsável aludiu ao debate teológico de várias décadas sobre a relação entre o primado do Papa e a sinodalidade,

A 13 de junho, o Vaticano publicou o documento intitulado ‘O Bispo de Roma’, que apresenta uma reflexão sobre a jurisdição do Papa, a nível ecuménico, sublinhando necessidade de superar divisões.

O cardeal Koch considerou importante para a Igreja que exista “uma relação entre sinodalidade e primado”, a todos os níveis.

Martin Warner, bispo de Chichester, co-presidente do Comité Anglo-Galês Anglicano-Romano Católico (Comunhão Anglicana), falou aos jornalistas da “grande importância da dimensão relacional”, no Sínodo.

O responsável anglicano elogiou a criação de um “espaço seguro protegido” para responder com “criatividade” aos desafios que se colocam à Igreja Católica, com “a dimensão de oração e silêncio”.

Anne-Cathy Graber, secretária para as relações ecuménicas da Conferência Mundial Menonita, saudou o convite a uma comunidade minoritária, considerando que essa é uma dimensão da sinodalidade.

“Cada voz conta, cada voz conta”, indicou.

A responsável destacou a necessidade de “gestos simbólicos, visíveis” de reconciliação entre Igrejas e comunidades cristãs.

Os responsáveis foram questionados sobre o impacto da guerra na Ucrânia nas relações ecuménicas, face ao apoio do Patriarcado de Moscovo à invasão russa.

“É uma situação muito triste”, lamentou o cardeal Koch.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Fonte: Agência  Ecclesia

----------------------------------------------.

Do dia 09/10/2024

Agraciada com o Prêmio Nansen 2024 da ONU, irmã Rosita afirmou que a dedicação aos refugiados é missão confiada por Deus

Nesta quarta-feira, 9 de outubro, foi oficialmente anunciado que a irmã Rosita Milesi, religiosa Scalabriniana e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), foi a escolhida para receber o Prêmio Nansen 2024, concedido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O prêmio será entregue em uma cerimônia no dia 14 de outubro, em Genebra, na Suíça.

Na entrevista abaixo, a religiosa atribui o serviço de mais de 40 anos dedicados ao trabalho com migrantes e refugiados como algo que sempre entendeu como um chamado de Deus e que orientou sua missão dentro de sua congregação e na Igreja.

O Prêmio Nansen, considerado uma espécie de Nobel da ONU ao trabalho com refugiados, é dedicado ao reconhecimento do trabalho de instituições e pessoas que atuaram pelo resgate e atendimento de refugiados pelo mundo e já teve vencedores como Angela Merkel e Eleonor Roosevelt.

A Acnur ao conceder a honraria aponta o seu trabalho como advogada e sua luta pela dignidade de refugiados e imigrantes. Desde 2017, seu trabalho na fronteira entre o Brasil e a Venezuela passou a ser uma referência para a ONU. A irmã Rosita é apenas a segunda brasileira a ser escolhida, entre mais de 400 nomes considerados para o prêmio. Em 1985, dom Paulo Evaristo Arns também recebeu a homenagem.

A religiosa está à frente também de um projeto de acolhida “Casa Bom Samaritano”, inaugurada em fevereiro de 2021,  cujo papel é acolher migrantes e refugiados venezuelanos que estão na condição de abrigados em Boa Vista (RR) e que serão interiorizados a partir de oportunidades de trabalho na região do Distrito Federal.

A iniciativa faz parte do projeto “Acolhidos por meio do trabalho”, implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH)/Irmãs Scalabrinianas e financiado pelo Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM), do governo dos EUA, para fortalecer as ações da força tarefa humanitária Operação Acolhida, liderada pelo governo federal.

O espaço está localizado na região do Lago Sul em um imóvel cedido pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) ao projeto. Abaixo, a o Portal da CNBB publica a íntegra de uma entrevista com a religiosa.

De 2021 até hoje, o projeto já acolheu mais de 170 famílias, totalizando pouco mais de 570 pessoas. A parceria da CNBB com a Avsi Brasil e o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) na acolhida a migrantes venezuelanos vai se estender até setembro de 2025.

Na entrevista, abaixo, a religiosa fala de sua trajetória, sua jornada junto às irmãs Missionárias Scalabrinianas, sua formação em direito e o trabalho com migrantes e refugiados.

Conte-nos sobre sua infância, suas experiências e valores enquanto crescia e como eles moldaram quem você é hoje.

Nasci em 20 de janeiro de 1945, numa região rural do município de Farroupilha (RS). Somos 12 irmãos e irmãs. Eu sou a sexta. Sempre fui muito decidida e persistente em minhas pretensões e sabia bem me defender quando alguém tivesse qualquer atitude que eu não gostasse. Na família falávamos o dialeto italiano, meu primeiro idioma. Só fui aprender português quando comecei a frequentar a escola, aos 6 anos de idade.

Minha família era muito religiosa, lembro de ouvir meu pai, de manhã bem cedo antes de clarear o dia, indo tratar os animais e rezando em voz alta as orações da manhã. E na casa, ninguém ia dormir, à noite, antes de rezarmos o rosário em família. Este foi um grande valor que incorporei profundamente em minha vida. E o sigo até hoje.

Outro valor que aprendi desde cedo é o trabalho. Meu pai, minha mãe, meus irmãos trabalhavam no campo desde antes do sol nascer até depois do sol posto. E quando havia muito que fazer, muitas vezes iam para o campo a trabalhar sob a luz da lua.

E um terceiro valor que aprendi e que procuro honrar é a generosidade. Minha mãe era muito generosa para com os “moradores de rua”, que à época eram os “sem teto” que viviam pelas estradas, andando em busca de comida e de algum lugar para dormir. Meu também estava sempre disponível para ajudar, dar trabalho, apoiar na doença estes “sem teto” e em geral sem família.

Aos 9 anos de idade tive que deixar a família e fui morar com as Irmãs Scalabrinianas para poder estudar, com a intenção de “ser Irmã”, isto é, de seguir o caminho da vida religiosa consagrada. Sentia falta da família, mas se quisesse estudar, havia que aceitar estar longe dela. Sempre fui bem no estudo. Rapidamente conclui o ensino ginasial e aos 15 anos decidi entrar para o noviciado para a etapa formativa especifica na Congregação das Irmãs Scalabrinianas.

“Minha família era muito religiosa, lembro de ouvir meu pai, de manhã bem cedo antes de clarear o dia, indo tratar os animais e rezando em voz alta as orações da manhã. E na casa, ninguém ia dormir, à noite, antes de rezarmos o rosário em família. Este foi um grande valor que incorporei profundamente em minha vida. E o sigo até hoje”.

Descreva a jornada que a levou a se juntar às Irmãs Missionárias Scalabrinianas. Como a missão delas de ajudar refugiados e migrantes ressoou em você e quais experiências você ganhou trabalhando com pessoas forçadas a fugir?

Minha irmã maior foi morar com as religiosas, pois disse aos pais que queria ser Irmã. Dois anos depois, quando conclui a 4ª série, não havia como continuar os estudos lá no campo. Quando eu conheci a Congregação das Irmãs Scalabrinianas elas não se dedicavam às migrações… As áreas de atuação eram educação e saúde. Eu me dediquei à educação e atuei nesta área durante 10 anos. Depois a congregação me pediu para integrar uma equipe que se dedicava à construção de um grande Hospital em Porto Alegre.

No final dos anos 70, a Congregação decidiu retomar sua missão específica de atenção e serviço evangélico aos migrantes e refugiados. Pouco a pouco, fomos ampliando nossa missão nesta área. Em 1986, a Superiora Geral da Congregação me chamou para ir a Roma, estudar e me preparar com a finalidade específica de implementar um Centro de Estudos Migratórios. Aceitei. Estive e Roma de setembro de 1986 a maio de 1988. Neste período minha dedicação foi total ao tema, pensando na missão junto e a favor dos migrantes e refugiados.

O que a inspirou a começar a estudar direito e levar seu trabalho em uma direção voltada aos direitos humanos? Houve um momento ou fato em particular que a ajudou a decidir que era isso que você queria fazer?

Era o início dos anos 70. Eu trabalhava numa Escola, na cidade de São Jerônimo, interior do RS. Não todas as Irmãs tinham oportunidade de estudar. Era preciso trabalhar. Esta era a posição congregacional. Apenas algumas pessoas eram selecionadas para estudar. Mas eu desejava cursar a Faculdade e tinha em minha mente cursar direito. Vários professores haviam comentado que eu tinha um perfil adequado para esta formação e atuação. Mas, na Congregação ninguém antes, ao longo a história, havia cursado Direito. E o entendimento era de que, com este curso eu não teria o que fazer na Congregação.

Contudo, esta era a oportunidade que eu havia encontrado, mesmo que fosse com certo desencontro com as perspectivas de minhas superioras. Iniciei o curso, por minha conta e risco, estudando à noite, pois durante o dia devia trabalhar na Escola. Após as 17 horas, viajava durante 2 horas, para chegar à Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos).

Descreva seu papel no estabelecimento do Centro de Estudos de Migração e do Instituto de Migração e Direitos Humanos e sua importância para refugiados e migrantes.

A Superiora Geral a Congregação me atribuiu a responsabilidade de implementar o Centro de Estudos Migratórios da Congregação. Assim, em março de 1988, o Governo Geral publicou o decreto de criação do Centro e me destinou a vir a Brasília para esta viabilização. Tive, pois, esta missão prática. Retornei ao Brasil no início de maio de 1988 e no dia 6 de junho me desloquei para Brasília. A missão foi difícil, mas não impossível. Viabilizei a implementação do CSEM, no qual trabalhei por 17 anos.

Ao constitui-lo, criei o Departamento de Direito e Cidadania, especificamente para atendimento aos migrantes e refugiados que necessitassem de apoio para a questão documental e jurídica. Com o passar do tempo, este serviço se tornou muito grande e foi necessário criar uma instituição específica para este foi. Foi ali que decidi procurar ajuda e amigos para criar o Instituto Migrações e Direitos Humanos (inicialmente ISMI e logo em seguida adotou-se a denominação IMDH)

Por que foi importante para você defender mudanças na lei no Brasil em relação aos refugiados? Que diferença essas mudanças fizeram na vida de refugiados em relação à legislação anterior?

Ocorre que o Brasil nunca havia adotado uma lei nacional sobre o tema dos refugiados. Adotava a Convenção de Genebra de 1951 e a apreciação dos pedidos de refúgio era feita pelo ACNUR, que apenas submetia os nomes e a decisão ao Ministério da Justiça.

O ACNUR, em 1995, passou a desenvolver atividades para elaborar pautas que poderiam servir para os países da região adotarem uma lei de refugiados, bem como criar um órgão encarregado desta temática. Ademais, ACNUR já planejava fechar o escritório no Brasil, pois a chegada de potenciais refugiadas era muito reduzida. Mas, não queria se afastar do País, sem deixar uma legislação e um órgão, isto é, uma estrutura básica para garantir o atendimento a quem buscasse proteção no Brasil.

Eu já estava envolvida com o tema, pois havia colaborado nos anos anteriores com a acolhida aos angolanos e também havia colaborado com a iniciativa de levantar a cláusula da reserva geográfica no Brasil, alvo que alcançamos em 1989.

Eu já vivia com grande convicção o tema dos refugiados e a defesa de sua acolhida e proteção. Soma-se a isto também a Conferência de Viena sobre Direitos Humanos (1993) e o governo brasileiro quis implementar com certa rapidez o I Plano nacional da Direitos Humanos, o qual foi lançado também no dia 13 de maio de 1996, junto com o encaminhamento ao Congresso do anteprojeto de lei sobre o estatuto dos refugiados.

Neste contexto em que eu estava muito envolvida, não foi difícil incorporar profundamente a proposta da primeira lei de refugiados do Brasil, em todo o seu conteúdo e enfrentar todos os desafios, buscando sua aprovação.

Há algum indivíduo específico — refugiados ou outros — que inspirou seu trabalho ou teve um impacto duradouro em você?

A maior inspiração vem do histórico de nossa Congregação, do fundador Scalabrini  e de seus co-fundadores madre Assunta e padre Marchetti. Uma vez que havia decidido pertencer à Congregação das Scalabrinianas, a opção e o rumo da minha vida seria a fidelidade, o empenho para corresponder àquilo que sempre entendi como um chamado de Deus.

Quais qualidades ou características pessoais são mais valiosas para ter sucesso no trabalho que você faz?

Compromisso com a causa ou trabalho que assumo. Nada me abate diante disto;

Fé em Deus e a convicção de que esta é a missão que Deus me deu. Resiliência;

Buscar sempre uma solução para qualquer dificuldade, sendo transparente e buscar dialogar, sem renunciar ao fim principal.

Quais foram alguns dos maiores desafios que você enfrentou em sua vida e trabalho, e o que você aprendeu com eles?

Por princípio, eu sempre acredito que enfrentar uma dificuldade, grande ou pequena, ou um desafio, ou mesmo passar por uma experiência negativa, por um fracasso, tudo isto é aprendizado. Quando saímos de uma situação difícil, complexa ou mesmo frustrante, somos mais fortes do que o momento em que tivemos que enfrentar aquele desafio.

Grandes desafios que enfrentei:

– trabalhar na construção de um hospital, área na qual eu não tinha experiência e tampouco havia passado por qualquer mínima situação de doença.

– Prestar assistência a estrangeiros presos, ver as difíceis situações em que se encontravam e respeitar ou encontrar uma solução viável, minimamente razoável, frente às duras regras de assistência num cárcere, local de sofrimentos e de sérias violações de direitos…

9) Que lições você pode compartilhar do seu trabalho com governos e outras instituições sobre a melhor forma de defender os direitos e interesses dos refugiados?

Optar sempre pela busca de soluções dialogadas, envolvendo os atores que têm responsabilidade ou atuação na causa;

Levar aos órgãos públicos e outras instituições participantes em qualquer causa argumentos claros, transparentes sobre a dimensão positiva, humana, humanitária que o tema envolve;

Partir do princípio da dignidade que todas as pessoas são portadoras, independentemente do local de nascimento, da cor, e da posição social ou econômica.

O Brasil é conhecido por suas políticas e atitudes inclusivas em relação aos refugiados. Quais você acredita serem as principais razões para isso e como você encorajaria outros países a adotar uma abordagem semelhante?

É uma raridade no contexto internacional uma fala como a do Brasil.

Com certeza o diálogo entre poder público e sociedade civil foi algo constante nestes anos.

As legislações são de vanguarda e garantistas, mas a implementação ainda está distante. O discurso é de garantia, mas existe ainda bastante precariedade, provisoriamente.

Que outras mudanças você gostaria de ver no Brasil e além em termos de políticas e atitudes em relação aos refugiados e como elas podem ser melhor alcançadas?

A legislação é um ponto importante, pois sem esta base a ação fica prejudicada. Existe uma legislação garantista, mas as instituições ainda operam numa lógica anterior (por exemplo o visto humanitário para afegãos, política migratória…). As instituições ainda não operam para concretizar os princípios das normas.

 O que lhe dá mais satisfação no seu trabalho e por quê?

Ver as pessoas refugiadas em condições de retomar uma trajetória de vida em segurança e com o apoio necessário para viver em condições de dignidade humana.

O que você aprendeu sobre si mesma e outras pessoas ao longo de sua vida e trabalho?

Ser mais compreensiva com as pessoas que colaboram em nossas atividades e a quem se dedica a esta causa humanitária de acolher, apoiar e integrar refugiados;

Escutar um pouco mais do que falar, pois isto nunca foi uma característica minha;

Tentar entender e solidarizar-me com a complexidade do drama que vive uma pessoa refugiada.

Creio que aprendi um pouco a ter consideração e não julgar as pessoas por suas falhas e eventuais erros.

Como você mantém sua energia e motivação e o que você faz para relaxar?

Não sei muito explicar a energia que tenho. Atribuo muito à semelhança com minha mãe. Era uma mulher forte, generosa, muito decidida, que não se deixava abater por nada. O meu “relaxar” é cuidar das plantas, das flores e dar comida e água aos passarinhos (que vivem livres, mas estão acostumados a vir comer em locais onde colocamos alimentação… não tenho pássaros presos).

Este ano comemoramos 40 anos da Declaração de Cartagena, você tem trabalhado para pessoas deslocadas todo esse tempo, como você acha que a declaração e os compromissos dos países com a declaração fizeram a diferença em seu trabalho?

A Declaração de Cartagena com certeza foi importante na ampliação normativa da proteção internacional dos direitos humanos dos refugiados. No caso da migração venezuelana e outras migrações se tornou uma importante via de acesso à documentação quando as pessoas não se consideravam simplesmente “migrantes”. Numa palavra é um importante instrumento normativo diante de fluxos mistos e a crescente complexidade do fenômeno migratório e de suas causas.

Estamos vendo deslocamentos por causa das mudanças climáticas e desastres. Como especialista em assistência e proteção a refugiados, você poderia nos contar como as mudanças climáticas estão mudando seu trabalho e a vida das pessoas para quem você trabalha? Você tem algum conselho para os governos sobre como abordar esses novos desafios?

Os deslocamentos decorrentes das mudanças climáticas estão aumentando sempre mais. Fiquei impactado por alguns nigerianos que vieram para o Brasil por esta causa. Eram homens. E do outro lado estavam extremamente preocupados com as esposas que se encontravam na Nigeria, necessitando de apoio porque a seca não deixava sobreviver. Acredito que são importantes respostas que considerem os núcleos familiares que não conseguiram se deslocar. Por exemplo criando canais para que as remessas possam chegar com menor taxas.

Fonte: CNBB

-------------------------------------------------------------------.

Irmã Rosita Milesi, do Brasil, é a Laureada Global do Prêmio Nansen sobre Refugiados do ACNUR de 2024

Quando perguntada como a filha de agricultores que se tornou Irmã católica acabou sendo uma das defensoras de refugiados mais influentes do Brasil, a irmã Rosita Milesi, de 79 anos, oferece uma resposta simples: determinação e fé.

"Sempre fui uma pessoa muito determinada, desde a infância. Se eu assumo algo, eu vou virar o mundo para fazer acontecer", disse ela em uma tarde quente na cidade de Boa Vista, no norte do Brasil, onde a organização que ela lidera – o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) – apoia refugiados e migrantes da vizinha Venezuela e de outros países.

Por seu compromisso de décadas com o apoio aos refugiados e seu papel de liderança na formação das políticas acolhedoras do Brasil, a irmã Rosita Milesi foi escolhida como Laureada Global do Prêmio Nansen sobre Refugiados do ACNUR de 2024.

A determinação da irmã Rosita não é movida por ambição pessoal, mas por uma fé profunda e um compromisso com o próximo. Esses valores foram construídos desde a infância por seus pais, de origem italiana, que terminavam cada dia de trabalho rezando com seus 11 filhos. Apesar de terem pouco a oferecer, também ofereciam trabalho, comida e um lugar para dormir às pessoas necessitadas que pediam ajuda ou que transitavam pela região.

Aos 9 anos, Rosita deixou a casa da família no estado do Rio Grande do Sul para residir num colégio próximo, administrado pelas Irmãs Missionárias Scalabrinianas. A congregação foi fundada no final do século 19 para ajudar migrantes italianos que chegavam às Américas, e embora seu trabalho tenha se afastado temporariamente de seu foco original, essa missão fundadora acabaria por definir a vida e o trabalho da irmã Rosita.

Depois de fazer seus votos e se tornar membro da Congregação Scalabriniana em 1964, quando tinha apenas 19 anos, a irmã Rosita passou as duas décadas seguintes trabalhando como professora e na área administrativa de um hospital, em instituições geridas pela congregação para ajudar os pobres. Durante esse tempo, sua determinação ajudou a superar os questionamentos dentro da congregação quando ela se candidatou para estudar direito, eventualmente conquistando um mestrado.

Defensora dos refugiados

"Quando me perguntavam por que eu estava fazendo esse curso, eu dizia: 'vou ser advogada dos pobres', porque essa era nossa missão naquela época – ajudar os necessitados. Os refugiados e migrantes ainda não faziam parte do cenário, missão que foi contemplada pela Congregação em 1977".

Sua formação jurídica garantiu que, quando as Irmãs Scalabrinianas decidiram, na década de 1980, voltar às suas raízes e reassumir a missão com refugiados e migrantes, a irmã Rosita fosse a pessoa encarregada de estabelecer um Centro de Estudos de Migrações na capital, Brasília.

"Eu sabia pouco sobre o assunto, mas tive que me preparar.  Meu foco voltou-se, então, a estudar o tema das pessoas em mobilidade, deslocadas, e decidi dedicar meu conhecimento e trabalho aos refugiados e migrantes", disse ela.

Por meio deste caminho indireto, consolidou-se uma formidável defensora das pessoas refugiadas. Sua experiência e poder de persuasão discreto foram fundamentais quando o projeto da Lei de Refúgio do Brasil foi proposto em 1996. A irmã Rosita mobilizou apoio para ampliar a definição de refugiados desta lei, tendo por base a Declaração de Cartagena de 1984, garantindo que muito mais pessoas em busca de proteção internacional fossem reconhecidas como refugiadas pela adoção da lei em 1997. Ela contribuiu e alcançou resultados igualmente impressionantes durante o debate e aprovação da Lei de Migração do Brasil em 2017.

"Qualquer lei dura muitos anos. Boa ou ruim, é difícil desfazer. Então, não podíamos deixar que uma lei com um conceito limitado fosse aprovada se houvesse a possibilidade de ampliá-la", disse ela sobre a Lei 9474 de 1997. "Até escrevi para o Vaticano em Roma, pedindo que enviassem uma carta ao governo brasileiro dizendo o quão importante era ampliar o conceito de refugiado. E o Vaticano colaborou. Enviaram a carta, graças a Deus."

Luana Guimarães Medeiros, Diretora do Departamento de Migração do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil, destacou o “papel crucial” da Irmã Rosita na aprovação de ambas as peças da legislação e sua contribuição contínua como parceira próxima e conselheira do Ministério.

"Ela é uma pessoa que está sempre presente – não importa qual governo esteja no poder – para dar bons conselhos, conselhos realistas, concretos sobre como podemos melhorar as coisas de uma maneira muito prática, humana e acolhedora", acrescentou Medeiros. 

"Eu não poderia pensar em ninguém melhor no Brasil – ou talvez no mundo – para receber este prêmio porque ela literalmente dedicou toda a sua vida de trabalho à causa dos refugiados."

Papel prático

Além de seu trabalho jurídico, a irmã Rosita coordena uma rede de cerca de 70 organizações nacionais que promovem ações de apoio e iniciativas em prol de refugiados, migrantes e comunidades locais. Ela também faz parte do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e do conselho diretor da Fundação Scalabriniana, por onde publicou artigos acadêmicos sobre deslocamentos forçados e migração. "Sempre tive a capacidade de fazer três, quatro, cinco coisas ao mesmo tempo", disse ela com naturalidade.

Acima de tudo, ela é uma humanitária comprometida e prática. Ela e suas equipes no IMDH em Brasília e Boa Vista trabalham incansavelmente para melhorar a vida de alguns milhares dos cerca de 793.300 pessoas em necessidade de proteção internacional abrigados no Brasil, oriundas de 168 diferentes nacionalidades, como Venezuela, Haiti, Afeganistão, Síria, Mali, Iraque, Burquina Faso e Ucrânia.

Assim como a irmã Rosita, o apoio do IMDH é pragmático e movido pelas necessidades dos refugiados. Com o apoio de parceiros, incluindo o ACNUR, o IMDH ajuda principalmente mulheres, crianças e grupos em situação de vulnerabilidade a obterem acesso à documentação, assistência social e emprego digno. Eles também buscam recursos e fornecem apoio financeiro para a compra de equipamentos e orientações para ajudar refugiados, especialmente mulheres, a desenvolverem seus próprios negócios e distribuem kits de saúde e nutrição para mães com crianças na primeira infância.

A Casa Bom Samaritano, gerida pela organização parceira AVSI Brasil, é um grande prédio de dois andares em um bairro arborizado de Brasília. Ali, até 90 venezuelanos podem acessar acomodação, ter aulas de idiomas, capacitação profissional e outros tipos de apoio. A irmã Rosita – instantaneamente reconhecível por seu cabelo branco como a neve – cumprimentou funcionários e residentes pelo nome, e seu comportamento gentil e curiosidade natural rapidamente deixaram todos à vontade.

Elisabeth, de 38 anos, e seu marido viveram lá por vários meses depois de deixarem a Venezuela em 2023. Ela aprendeu português e sobre finanças pessoais antes de abrir seu próprio negócio de massoterapia, com o apoio do IMDH.

"Aqui nos apoiaram, nos orientaram [e], depois de três meses, nos sentimos integrados à sociedade brasileira", disse Elisabeth. 

"A irmã Rosita nos ajudou com a compra de equipamentos, incluindo uma mesa de massagem, para que pudéssemos começar a trabalhar. Ela é a peça do quebra-cabeça que une tudo, criando conexões com outras instituições, e está sempre em contato com todos."

Compromisso vitalício

A irmã Rosita concorda que seu papel muitas vezes é o de fornecer um ponto focal para os outros. "Muitas pessoas não têm coragem de começar, mas estão dispostas a apoiar. Então, alguém precisa liderar para unirmos forças", explicou. "Se há uma necessidade humana ou humanitária, não tenho medo de agir, mesmo que não alcancemos tudo o que queremos".

Ela também cria laços pessoais próximos com muitas das pessoas que ajuda. Jana Alraee, uma ex-professora, chegou a Brasília em 2014 com seu marido engenheiro e três filhas após fugir de sua casa na capital síria, Damasco. Tendo esgotado suas economias e com dificuldades de falar português ou encontrar um trabalho fixo, a família considerou retornar à Síria até que uma amiga os apresentou à Irmã Rosita. Ela encontrou um professor de português para eles, ajudou-os a estabelecer seu agora próspero negócio de buffet sírio e, o mais importante, tornou-se uma amiga sempre presente e uma fonte de apoio para a família.

“Quando alguém foge de seu país por causa da guerra, eles deixam tudo para trás, sua família, mãe, pai – todos. Então, quando você conhece alguém como a Irmã Rosita com um coração tão bom, ela lhe dá amor, conselhos… Eu a chamo de ‘Mãe’, não a chamo de ‘Irmã’, porque ela me dá o que sinto falta”, disse Jana, apertando a mão da Irmã Rosita com as duas mãos. “Se eu me sinto perdida, ela me coloca de volta no caminho certo… ela está sempre comigo, sempre.”

Aproximando-se de seu octogésimo ano de vida, a irmã Rosita sugeriu com um sorriso irônico que as pessoas presumem que ela não tem mais sonhos a realizar. Se for o caso, elas não compreendem a natureza vitalícia de seu compromisso. Ela enumerou planos para ampliar o acesso à educação para crianças refugiadas, melhorar o reconhecimento dos diplomas de refugiados e – após a devastação causada pelas recentes enchentes em seu estado natal, o Rio Grande do Sul – abordar os crescentes impactos das mudanças climáticas sobre os refugiados e deslocados. 

Em outras palavras, a irmã Rosita nunca deixará de sonhar – e trabalhar – por um futuro melhor para os refugiados.

"Sempre devemos ter uma utopia porque ela nos mostra o horizonte", disse ela. "Nunca alcançamos o horizonte, porque, à medida que avançamos, o horizonte se afasta. Mas ele nos aponta o caminho. Ter uma utopia, um sonho, uma convicção de construir algo melhor é fundamental. E isso é fundamental para os refugiados."

Fonte: Site das Nações

---------------------------------------------------------------------------------------------.

Sínodo: mulheres tem o desejo de serem cada vez mais ouvidas e reconhecidas na vida cotidiana da Igreja

A Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontece de 2 a 27 de outubro, tem a presença de um bom número de mulheres, com voz e voto, que trazem para a sala do Sínodo o desejo de serem cada vez mais ouvidas e reconhecidas na vida cotidiana da Igreja.

O encontro do dia 19, uma iniciativa particular das mulheres participantes da Assembleia Sinodal, é mais uma prova do desejo do Papa Francisco de ouvir a todos.  A iniciativa deve ser um momento para as mulheres se apresentarem e dizerem ao Papa as angústias, as esperanças e alegrias, apresentando muito do trabalho que já fazem na vida das comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses, inclusive na Cúria vaticana.

A ocasião é uma oportunidade para reafirmar os passos dados desde a primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, realizada em outubro de 2023: dar visibilidade para as mulheres, o reconhecimento das mulheres na Igreja e que a Igreja possa ter esse olhar feminino.

Leigas no Sínodo

A presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Sônia Gomes de Oliveira, participa do Sínodo e disse que o momento “não é um evento, mas um modo de ser Igreja, e esse modo de ser Igreja nos convoca, não para esperar o final do Sínodo”.

Sônia Gomes de Oliveira fez um chamado para que “nós leigos, leigas, desde já tenhamos esse compromisso de sair desta noite escura e gritar por todos os lugares aonde formos: Jesus ressuscitou, e se ele ressuscitou, como Madalena fez, nós podemos dizer, é tempo novo na Igreja, é tempo de uma Igreja sinodal, uma Igreja que aproxima, uma Igreja que ama, uma Igreja que chega junto daqueles e daquelas, uma Igreja com estruturas que favoreçam o encontro, o diálogo e a escuta, e nós leigos, leigas, somos responsáveis por essa Igreja”.

Fonte: CNBB

---------------------------------------------------------------------,

Sínodo 2024: Presidente da União de Superioras Gerais sublinha importância de abrir às mulheres «funções de liderança»

Responsáveis destacam necessidade de alargar debate à participação de todos os leigos

A presidente da União Internacional das Superioras Gerais (UISG)disse hoje no Vaticano que a Assembleia Sinodal tem debatido a necessidade de promover maior presença feminina em “funções de liderança”, na Igreja.

“Penso que um dos apelos do Sínodo é a partilha das possibilidades que se abrem às mulheres para desempenharem funções de liderança na governação da Igreja, e há muitas boas práticas em todo o mundo”, referiu a irmã Mary Teresa Barron, em declarações aos jornalistas, na sala de imprensa da Santa Sé.

A responsável falava durante o briefing diário dedicado aos trabalhos da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária dos Sínodo dos Bispos, que decorre até 27 de outubro.

“Há uma lista das possibilidades que existem, devemos partilhar essas boas práticas e aprender uns com os outros”, insistiu a presidente da UISG.

A religiosa admitiu dificuldades, mas sublinhou que os trabalhos sinodais têm insistido no convite a “explorar mais possibilidades”.

“Temos a tendência de olhar para o assunto a partir da questão de saber se as mulheres podem ou não ser ordenadas na Igreja atual”, assinalou, pedindo que a questão seja vista de uma forma “mais ampla”.

D. Gintaras Grusas, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), foi outro dos presentes no encontro com a imprensa, destacando a importância de “não excluir muitos outros temas importantes dos carismas e dos ministérios”, por causa do debate sobre o papel das mulheres.

“Os carismas ou a vocação dos cristãos leigos nas famílias, nas funções que desempenham atualmente, seja nos hospitais, seja nas escolas, têm de ser valorizados também. Assim, o papel das mulheres e dos homens, onde quer que estejam a trabalhar na Igreja, deve ser corretamente valorizado, e uma ou outra parte do discurso não deve distorcer esse chamamento vocacional”, acrescentou o arcebispo lituano.

O cardeal Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim (Índia), destacou, por sua vez, a importância do diálogo inter-religioso, precisando que as conferências episcopais asiáticas adotaram a terminologia “religiões vizinhas”, para se referir a quem professa outro credo.

Outra preocupação destes episcopados é a relação com os jovens e o mundo digital, “um desafio para todos”.

O presidente do CCEE evocou o dia de oração e jejum pela paz, convocado pelo Papa: “A situação em Gaza, no Líbano, na Terra Santa, leva a que nos unamos no sentido da oração para tentar trazer a paz”.

Os participantes do Sínodo são hoje convidados a fazer um donativo para a Esmolaria Apostólica, organismo que promove as ações de caridade do Papa, destinado à única paróquia católica de Gaza, onde uma pequena comunidade “se reuniu e vive à volta da Igreja (cristãos, muçulmanos e judeus juntos)”.

“É justo que esta tarde façamos uma coleta junto de todos os membros do Sínodo. Por isso, o cardeal Konrad Krajewski, esmoler de Sua Santidade, antes do início da sessão da tarde, estará com um cesto em frente à porta de entrada central do Auditório Paulo VI, para recolher as esmolas que depois serão enviadas diretamente para a Faixa de Gaza”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

A conferência de imprensa desta tarde voltou a abordar a relação entre os grupos de trabalho criados pelo Papa, para desenvolver temas surgidos na sessão de 2023, e a Assembleia Sinodal.

Os vários membros vão ter um momento de encontro, durante esta segunda sessão, para debater o percurso realizado e deixar contributos para os dez temas selecionados por Francisco.

Os grupos de trabalho vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal – desenvolvendo temas ligados à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, Vida Consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo e questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.

Fonte: Agência Ecclesia

-------------------------------------------------------------------------------.

Território do entorno do monumento do Cristo Redentor no RJ é pauta no Senado 

 “É inadmissível que a Igreja Católica, historicamente responsável pela construção do monumento ao Cristo Redentor, seja impedida de acessar o Santuário.

Um projeto de lei, de autoria do Senador Carlos Portinho (PL/RJ), foi apresentado no Senado Federal com o objetivo de excluir a área do Alto Corcovado, onde está localizado o monumento ao Cristo Redentor, dos limites do Parque Nacional da Tijuca, no Município do Rio de Janeiro.

Dentre as justificativas para isto está o fato de que o Parque Nacional foi criado trinta anos após a conclusão da construção do monumento ao Cristo Redentor e que a área onde se encontra o monumento foi cedida pela União à Mitra Episcopal para a construção do Santuário do Cristo Redentor.

Problemas estruturais, de gestão e manutenção

Por conta da criação de uma unidade de conservação, a Mitra necessita pedir autorização prévia formal ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, atual administradora do Parque, para poder acessar o Cristo Redentor.

Além disso, o Alto Corcovado apresenta problemas estruturais, de gestão e está carente de manutenção e modernização. O local não possui a acessibilidade necessária para pessoas com deficiência, apresentando equipamentos obsoletos e degradados.

O monumento também ficou três anos sem banheiros e as escadas rolantes chegaram a permanecer inoperantes por três meses. No Projeto de Lei se diz que não se pode “aceitar que o ícone brasileiro de maior reconhecimento internacional permaneça em situação de precariedade e má gestão”.

Defesa da liberdade de culto

“É inadmissível que a Igreja Católica, historicamente responsável pela construção do monumento ao Cristo Redentor e por tentar mantê-lo em condições dignas em meio ao cenário de descaso do poder público, seja alijada de sua administração e até mesmo impedida de acessar o Santuário, em ofensa ao consagrado direito constitucional de liberdade de culto”, diz trecho do Projeto de Lei.

Como forma de resolver este problema, o Senador Carlos Portinho propõe a exclusão de uma pequena fração do Parque Nacional da Tijuca, exclusivamente a área ocupada pelo monumento, pelo santuário e sua infraestrutura de acesso, para que “a Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro tenha liberdade para administrar o complexo sem as amarras burocráticas que envolvem a gestão de uma unidade de conservação de proteção integral (EPC). 

Fonte: Gaudium Press

-------------------------------------------------------------.

Imagem de Jesus mais alta do mundo é inaugurada na Indonésia 

A imagem possui 61 metros de altura, superando o famoso Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, em mais de 20 metros e se tornando um marco global.

A imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo mais alta do mundo foi inaugurada oficialmente na Colina Sibeabea, no norte de Sumatra. A imagem possui 61 metros de altura, superando o famoso Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, em mais de 20 metros e se tornando um marco global.

Papa Francisco abençoou versão em miniatura da imagem

A cerimônia, realizada em setembro, foi presidida por Dom Antonius Subianto Bunjamin, Presidente da Conferência Episcopal da Indonésia. Milhares de fiéis acompanharam a inauguração, em uma região que abriga uma população de mais de um milhão de católicos e mais de quatro milhões de cristãos.

Algumas semanas antes, durante um evento especial na embaixada do Vaticano em Jacarta, o Papa Francisco abençoou uma versão em miniatura da imagem. Na ocasião, o Santo Padre também assinou uma placa, que foi instalada na base da imagem, na qual está escrito: “O que é admirado em Jesus, o Salvador, é seu amor infinito”.

Aceitação e o amor ilimitados de Cristo por todas as pessoas

“Esta é uma colina abençoada por Deus, que deve ser um lugar em que a Fé das pessoas pode se fortalecer. Esta imagem é um lembrete de que Deus esteve presente no mundo. É um chamado para que os humanos sejam uma luz para o mundo”, afirmou Dom Kornelius Sipayung, Arcebispo de Medan.

O prelado ressaltou ainda o significado mais profundo da imagem, chamando-a de mais do que apenas uma maravilha visual. Ele explicou que os braços abertos de Jesus são uma característica central da imagem, simbolizando a aceitação e o amor ilimitados de Cristo por todas as pessoas, independentemente de origem ou crença. (EPC)

Fonte: Gaudium Press

-----------------------------------------------------------------------------.

A Europa está se tornando a nova periferia da Igreja, dizem novos cardeais

Por Hannah Brockhaus 

Futuros cardeais de três continentes disseram ontem (8) que a Igreja no sul global tem muitos dons imateriais para dividir com o Ocidente, incluindo a riqueza das vocações sacerdotais e uma fé cheia de alegria.

“Quando o Santo Padre fala sobre periferias, penso que as periferias estão se movendo... Talvez as periferias estejam se movendo em direção à Europa”, disse o arcebispo de Tóquio, dom Tarcisius Isao Kikuchi, à CNA, agência em inglês da EWTN News, em entrevista coletiva ontem (8) sobre o Sínodo da Sinodalidade.

Os comentários do arcebispo japonês sobre as contribuições da Igreja fora da Europa foram ecoados pelo arcebispo de Korhogo, Costa do Marfim, dom Ignace Bessi Dogbo; e pelo arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), que também participaram da entrevista coletiva.

Todos participam do sínodo e serão criados cardeais num consistório em 8 de dezembro, conforme anunciado pelo papa Francisco no domingo (6).

O cardeal designado da Costa do Marfim, dom Dogbo, disse que o Sínodo da Sinodalidade discutiu o tema da troca de dons na manhã de ontem (8).

“Nós que viemos de dioceses africanas, podemos dizer que elas parecem ser pobres do ponto de vista material, mas espiritualmente essas dioceses são muito ricas. E a fé é vivida com alegria”, disse o arcebispo. “E isso é algo que devemos compartilhar com a Igreja universal.”

Os futuros cardeais dom Tarcisius Isao Kikuchi, dom Jaime Spengler e dom Ignace Bessi Dogbo em entrevista coletiva ontem (8) sobre o Sínodo da Sinodalidade. Daniel Ibáñez/CNA

Os futuros cardeais dom Tarcisius Isao Kikuchi, dom Jaime Spengler e dom Ignace Bessi Dogbo em entrevista coletiva ontem (8) sobre o Sínodo da Sinodalidade. Daniel Ibáñez/CNA

Dom Dogbo também falou sobre a grande graça de muitas vocações sacerdotais na Igreja na África.

O arcebispo de Tóquio, dom Kikuchi, também falou sobre o grande número de vocações ao sacerdócio vindas de países da Ásia, embora diga que o Japão infelizmente não está incluído nisso.

“Há um ponto na [assembleia sinodal] em que discutimos a troca de dons de uma Igreja para outra — aqueles que têm e aqueles que não têm. Antigamente, era entendido como Igrejas ricas, aquelas que têm dinheiro e recursos, que apoiam os países pobres como na Ásia e na África”, disse dom Kikuchi.

Com mais vocações sacerdotais vindas de países asiáticos e africanos, no entanto, “a troca de dons está mudando... dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos”, disse o arcebispo de Tóquio.

Dom Spengler, presidente da CNBB e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) desde 2023, disse que o Brasil e outros países latino-americanos comemoram o aniversário da chegada de imigrantes da Alemanha, Itália e outros países ao continente, que completa 200 anos este ano.

“De alguma forma [esses imigrantes] promoveram um processo de evangelização na América Latina num contexto histórico diferente do nosso, e eles fizeram isso muito bem”, disse dom Spengler. “Hoje, se temos uma tradição cristã forte e viva [na América Latina], devemos isso aos imigrantes”.

O arcebispo de Porto Alegre disse que os imigrantes foram corajosos ao deixar seus próprios países e cruzar o oceano, em alguns casos há mais de 200 anos, para um continente onde havia pouco na época. Mas o mais importante, disse dom Spengler, é que eles trouxeram a fé católica com eles.

O arcebispo disse que o desafio atual para a Igreja em países tradicionalmente cristãos é entender como apresentar a fé para a próxima geração.

Fonte: ACIDigital – na imagem, Os futuros cardeais dom Tarcisius Isao Kikuchi, dom Jaime Spengler e dom Ignace Bessi Dogbo em entrevista coletiva terça-feira (8) sobre o Sínodo da Sinodalidade. Daniel Ibáñez/CNA

----------------------------------------------------------------------------------------.

Dois romeiros que iam a Aparecida morrem em dois acidentes diferentes na noite de ontem na Dutra

Por Nathália Queiroz 

Dois atropelamentos aconteceram na noite de ontem (8) na Via Dutra (BR-116) matando dois romeiros que iam a pé em peregrinação ao Santuário Nacional Aparecida.

O primeiro acidente aconteceu no Km 188,3, sentido Rio de Janeiro, em Santa Isabel, região metropolitana de São Paulo. Um ônibus da empresa Pássaro Marrom atingiu um grupo de sete peregrinos. Edmilson de Meneses, de 51 anos, morreu no local. Gleyverson Francisco Souza Mendes e Roberto Soriano Filho também foram atingidos e tiveram ferimentos leves, mas recusaram atendimento hospitalar. 

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que “a documentação do veículo estava regular. O condutor do ônibus foi submetido ao teste de etilômetro (bafômetro) e o resultado foi negativo para o consumo de álcool”.

A PRF diz ainda que as circunstâncias do acidente serão apuradas pela polícia judiciária e reforçou “a recomendação aos romeiros para que não realizem a peregrinação no período noturno” por causa da “baixa visibilidade”.

Caso os romeiros queiram fazer a peregrinação à noite, a PRF falou da necessidade do “uso de coletes refletivos, lanternas, roupas claras ou coloridas e demais itens ou equipamentos que auxiliem na visualização dos pedestres”.

O segundo acidente aconteceu no Km 99 da Via Dutra, no trecho de Pindamonhangaba (SP), sentido Rio de Janeiro, por volta das 23h40 de ontem (8), quando um veículo atingiu um homem de 65 anos que morreu na hora.

Segundo a PRF, o veículo responsável pelo atropelamento ainda não foi encontrado. O homem usava roupas escuras.

A Rodovia Presidente Dutra é o principal acesso dos romeiros ao Santuário Nacional Aparecida. Durante todo o ano os fiéis passam por ela a pé ou de bicicleta para pagar promessas ou agradecer por graças alcançadas. Esse movimento fica mais intenso neste mês por causa da Festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, em 12 de outubro.

A CCR RioSP, concessionária que administra a Via Dutra, disse em seu site que trabalha em conjunto com a PRF numa série de ações para a segurança dos peregrinos como a sinalização com a instalação de placas de aviso de peregrinos na via, distribuição de fitas refletivas a peregrinos a pé e ciclistas, pontos de atendimento aos peregrinos com distribuição de protetor solar, água, isotônico, frutas, serviços de massam e enfermagem.

Fonte: ACIDigital

-------------------------------------------------------------------.

Papa: o Espírito Santo garante a unidade e universalidade da Igreja

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 09/10, Francisco destacou a importância do Espírito Santo como aquele que assegura a unidade e universalidade da Igreja. Através do exemplo dos Apóstolos em Pentecostes, o Pontífice sublinhou que, ao serem "cheios do Espírito Santo", eles saíram para anunciar Cristo a todas as nações, sem distinção de povos. "O Espírito Santo não realiza a unidade da Igreja a partir do exterior, mas Ele mesmo é o vínculo de unidade", afirmou.

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco, nesta quarta-feira, 09 de outubro, deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o tema "O Espírito e a Esposa". Referindo-se ao relato da descida do Espírito Santo em Pentecostes, conforme descrito no Livro dos Atos dos Apóstolos (At 2, 4), o Pontífice refletiu, diante dos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, sobre o papel do Espírito Santo na universalidade e na unidade da Igreja.

Ação universal e unificadora do Espírito Santo

O Santo Padre explicou que o Espírito Santo é aquele que "empurra a Igreja para fora", para acolher um número crescente de povos, mas ao mesmo tempo a reúne em si, consolidando a unidade alcançada. "O Pentecostes não foi apenas o início da missão da Igreja entre os judeus, mas também o prenúncio da missão entre os gentios", afirmou Francisco, mencionando a conversão do centurião Cornélio (cf. At 10-11) como um novo “Pentecostes” que quebrou barreiras entre judeus e pagãos.

A importância da sinodalidade e do diálogo

O Papa também destacou que o Espírito Santo não realiza a unidade de forma abrupta, mas sim através de um trabalho discreto, respeitando o tempo e as diferenças humanas. O Concílio de Jerusalém (cf. At 15,28), mencionou o Pontífice, foi um exemplo de como a unidade foi buscada de maneira sinodal, através de oração, debate e discernimento conjunto- Santo Agostinho, recordou o Pontífice, explica a unidade realizada pelo Espírito Santo com uma imagem que se tornou clássica: “O que a alma é para o corpo humano, o Espírito Santo é para o corpo de Cristo, ou a Igreja”. A imagem ajuda-nos a compreender algo importante: 

“O Espírito Santo não realiza a unidade da Igreja a partir do exterior; não nos ordena simplesmente que estejamos unidos. Ele próprio é o “vínculo de unidade”.”

Unidade dos cristãos

Ao concluir sua reflexão, Francisco pediu que o Espírito Santo nos ajude a ser instrumentos de unidade e paz, não apenas na Igreja, mas também nas nossas relações pessoais. "Todos desejamos a unidade, mas ela só pode ser alcançada quando colocamos Deus no centro, e não nós mesmos. A unidade é caminhar juntos em direção a Cristo, e não esperar que os outros venham até onde estamos", lembrou o Papa, convidando os cristãos a seguir o exemplo de Pentecostes:

"Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a ser instrumentos de unidade e de paz."

Fonte: Vatican News

*-------------------------------------------------------.x

O Papa: rezem o Rosário pela paz no mundo

Na Audiência Geral, o Papa pediu mais uma vez aos fiéis que invoquem a Virgem para a harmonia entre os povos, em particular rezando a oração mariana neste mês a Ela dedicado. A Nossa Senhora “confiamos o sofrimento das populações que sofrem a loucura da guerra”, disse o Pontífice.

Tiziana Campisi – Vatican News

O Papa Francisco convidou mais uma vez a rezar pelo fim de todos os conflitos no mundo no final da Audiência Geral, desta quarta-feira (09/10), realizada na Praça São Pedro. No domingo passado, na Basílica de Santa Maria Maior, Francisco pediu a intercessão da Salus Populi Romani, durante a oração do Rosário suplicando a paz tão desejada. Nesta quarta-feira, durante a saudação aos peregrinos de língua italiana, o Papa pediu aos fiéis para “valorizarem” a “tradicional oração mariana” neste mês a ela dedicado.

Exorto todos vocês a rezarem o Rosário todos os dias, abandonando-se com confiança nas mãos de Maria. A ela, mãe carinhosa, confiamos o sofrimento e o desejo de paz das populações que sofrem a loucura da guerra, em particular a martirizada Ucrânia, Palestina, Israel, Mianmar e Sudão.

Na saudação aos peregrinos alemães, o Papa convidou a deixar-se "conduzir por Maria em direção ao seu filho Jesus, e a rezar juntos pela paz no mundo e pela unidade da Igreja”.

Fonte: Vatican News

*-------------------------------------------------------.s

Sínodo: dois fóruns de estudo dedicados à figura do bispo e ao povo de Deus

Na tarde desta quarta-feira, entre as 18h e 19h45, (hora italiana) dois encontros simultâneos - organizados pela Cúria Geral dos Jesuítas e pelo Augustinianum -, oferecem um aprofundamento teológico-pastoral sobre dois temas. Ao vivo com tradução simultânea nos canais do YouTube do Vatican News.

Vatican News

O Sínodo em andamento no Vaticano está se “dividindo” para abrir uma série de aprofundamentos sobre alguns pontos centrais da reflexão que está envolvendo os participantes da assembleia. Isso se realizará na tarde desta quarta-feira e se repetirá no dia 16 de outubro com quatro fóruns teológico-pastorais, também abertos à participação do público em presença ou via streaming.

Os fóruns de hoje

Os dois primeiros fóruns programados para se realizar entre as 18h e as 19h45 de hoje (horário de Roma) tratarão de “O povo de Deus como sujeito da missão” - este fórum será realizado na Aula Magna da Cúria Geral dos Jesuítas (clique aqui para acompanhar a transmissão ao vivo) - e “O papel e a autoridade do bispo em uma Igreja sinodal”, neste caso realizado na Aula Magna do Pontifício Instituto Patrístico Augustinianum (clique aqui para acompanhar a transmissão ao vivo). Cada fórum contará com a presença de teólogos ou teólogas, especialistas em direito canônico e um bispo, com a primeira parte do encontro disponível à disposição dos palestrantes e a segunda dedicada a quaisquer perguntas feitas pelo público.

Um Sínodo com a contribuição de vários especialistas

Os fóruns, explica uma nota, respondem “à necessidade, surgida na Primeira Sessão da XVI Assembleia, de continuar o aprofundamento teológico, canônico e pastoral do significado da sinodalidade para os diferentes aspectos da fé da Igreja e de oferecer aos teólogos e canonistas a oportunidade de contribuir para o trabalho da Assembleia”.

Os fóruns de 16 de outubro

De maneira similar, na próxima quarta-feira haverá outros dois encontros teológico-pastorais, um sobre o tema da “relação mútua entre a Igreja local e a Igreja universal” (Cúria dos Jesuítas), o outro sobre o “exercício do primado e o Sínodo dos Bispos (Augustinianum)”. Além dos participantes do Sínodo, estão convidados a participar dos fóruns os jornalistas credenciados junto à Sala de Imprensa da Santa Sé e qualquer pessoa interessada, de acordo com a disponibilidade de lugares.

Fonte: Vatican News

*-------------------------------------------------------.s

Brasileira na Itália recorda os 2 anos de canonização de Scalabrini

Em 9 de outubro de 2022, João Batista Scalabrini (1839-1905) foi proclamado santo por Francisco: "hoje, no dia em que Scalabrini se torna santo, gostaria de pensar nos migrantes", disse o Papa, ao recordar o título do bispo italiano que se comprometia com o acolhimento e a integração de migrantes. Bruna Mazzonetto, há 4 anos na Itália, morou em Piacenza no período da canonização e dá seu testemunho sobre o santo que tanto abraçou pessoas como ela, uma migrante.

Andressa Collet - Vatican News

Os missionários scalabrinianos estão reunidos para o XVI Capítulo Geral em Rocca di Papa, a 35km de Roma, até 30 de outubro com foco no projeto missionário e acolhimento aos migrantes a exemplo de São João Batista Scalabrini (1839-1905). O bispo, mundialmente conhecido pelo seu comprometimento com a migração, foi proclamado beato por João Paulo II em 1997 e santo pelo Papa Francisco, na Praça São Pedro, há exatamente 2 anos, em 9 de outubro de 2022.

"Eu lembro muito bem daquele dia, pois estava em Piacenza com visitas, com brasileiros de Erechim/RS, e fiz questão de explicar a importância daquele momento", comentou a gaúcha Bruna Gorete Mazzonetto, de 36 anos. Ela é natural de Severiano de Almeida/RS, que já foi chamada de Nova Itália, e saiu do Brasil há 4 anos por motivo de estudos: os dois primeiros foram vividos justamente na cidade de Piacenza, região da Emília-Romanha, ao norte da Itália, onde faleceu Scalabrini.

A gaúcha Bruna morou em Piacenza durante 2 anos e meio 

Atualmente em Milão, onde é professora de língua italiana para estrangeiros e consultora em genealogia italiana, Bruna recorda com alegria e orgulho do dia da canonização do bispo fundador das Congregações de São Carlos Borromeu (dos Missionários de São Carlos Borromeu e das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu Scalabrinianas), presentes em mais de 27 países, que também fez visitas ao Rio Grande do Sul, como lembra Bruna:

"Ele esteve no Rio Grande do Sul, então isso também me marcou bastante. E eu também sei que ele foi muito para os Estados Unidos para dar força espiritual e levar a fé. Eu entendi que ele teve essa parte desse apoio e suporte, sobretudo nos Estados Unidos onde os italianos eram discriminados, maltratados e sofriam com questões de trabalho e ele foi lá para dar uma força para essas pessoas."

Profundamente afetado pelo drama de tantos italianos forçados a emigrar para os Estados Unidos e para a América do Sul no final do século XIX, Scalabrini não ficou indiferente: sensibilizou a sociedade e enviou seus missionários para ajudar e apoiar os emigrantes nos portos, nos navios e na chegada aos novos países. O título de "Pai dos Migrantes", pelo serviço dedicado à defesa deles, o tornou um dos bispos mais influentes da sua época. Foi fundador das duas congregações a serviço dos migrantes e hoje é seguido e venerado pelos próprios migrantes, inclusive no Brasil, que neste ano está comemorando os 120 anos da visita de Scalabrini ao país e também à Argentina.

O superior-geral Pe. Leonir Chiarello comenta que, na visão teológica das migrações, "Scalabrini reconhece que no encontro das diferentes nacionalidades vai se construindo aquela comunhão universal de todas as nacionalidades que, no fundo, é o plano de Deus para que nós vivamos todos em fraternidade. Aquilo que hoje o Papa Francisco fala da casa comum e da Fratelli tutti, da fraternidade universal, nós poderíamos dizer que Scalabrini vislumbrou isso através da migração".

O pedido de proteção ao Rio Grande do Sul

Bruna, também ela migrante, sempre que vai a Piacenza frequenta a Catedral de Santa Maria Assunta e Santa Giustina onde descansa o corpo do santo. Assim como fez em maio deste ano quando o seu Rio Grande do Sul sofria a pior tragédia climática de todos os tempos:

"Quando eu soube do que estava acontecendo no Rio Grande do Sul com as inundações, eu passei por Piacenza naqueles dias. Imediatamente entrei na catedral, fiz uma oração para ele, queimei uma vela e escrevi no caderno que fica ao lado do túmulo dele, pedindo a proteção dele ao povo gaúcho, um território que ele visitou, que ele conheceu e que tem muitos descendentes de italianos que moram lá e construíram aquelas cidades que foram devastadas e sofreram com as inundações. Então, eu rezei e pedi a intercessão dele para dar uma força e apoiar o nosso povo."

Fonte: Vatican News

*-------------------------------------------------------.s

Sínodo: nos Seminários a formação deve ser feita por homens e mulheres

Sofia Salgado é professora de gestão na Universidade Católica Portuguesa e colabora na formação de seminaristas. “Não acho que seja isolando homens e mulheres que alguma coisa vá ficar melhor”, declara.

Rui Saraiva – Portugal

Na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão”, que está a decorrer em Roma, a ampla participação de mulheres é um dado muito significativo.

Esta segunda sessão sinodal tem 368 membros com direito a voto e tal como aconteceu na primeira sessão em 2023, mais de 50 votantes são mulheres.

Com efeito, o aprofundamento “do lugar das mulheres na Igreja” e a “sua participação nos processos de decisão e na condução das comunidades” são temas objeto da reflexão de um dos grupos de trabalho formados pelo Papa no âmbito do processo sinodal.

Desmasculinizar a Igreja

E, recentemente, o Santo Padre assinou o prefácio de um livro com o título “Desmasculinizar a Igreja” publicado por três teólogos, duas mulheres e um homem: Lucia Vantini, a Irmã Linda Pocher e o padre Luca Castiglioni.

Nesse texto, o Papa revela que durante o processo sinodal chegou-se à conclusão da existência de uma falta de escuta das mulheres.  

“Não escutámos suficientemente a voz das mulheres na Igreja”, escreve o Santo Padre, assinalando “que a Igreja ainda tem muito o que aprender com elas”.

“É necessário que nos escutemos reciprocamente para ‘desmasculinizar’ a Igreja, pois a Igreja é comunhão de homens e mulheres que partilham a mesma fé e a mesma dignidade batismal”, declara Francisco.

O Papa deixa claro que ouvir as mulheres ajuda a rever projetos e prioridades. Avisa que “é preciso paciência, respeito recíproco, escuta e abertura” e deixa uma exortação: “não nos cansemos de caminhar juntos”.

Com o Espírito Santo a experiência da surpresa

Precisamente, para continuarmos a caminhar juntos fomos escutar uma mulher portuguesa que tem estado envolvida neste processo sinodal no seu país. Sofia Salgado é professora de gestão na Universidade Católica Portuguesa e administradora não executiva de empresas.

A sua experiência sinodal foi vivida na Comissão da sua diocese do Porto, mas também na universidade e dessa participação fica-lhe, desde logo, uma bela lição do Espírito Santo: a experiência da surpresa. 

“É a experiência da surpresa. É que o Espírito Santo pode muito mais do que aquilo que nós imaginamos. E, por isso, vamos conseguindo, às vezes, por caminhos difíceis, fazer mais do que aquilo que podíamos imaginar”, afirma.

A professora recorda a experiência sinodal na Universidade Católica como muito gratificante, rica e com uma participação transversal de alunos e professores.

“Na Católica também fizemos um caminho sinodal e resolvemos fazer o desafio de chamar à escuta aqueles que estão mais afastados, sobretudo aqueles que dizem ‘eu não, porque estou afastado há muito tempo’. E quando nos diziam isso, respondíamos: ‘é mesmo tu que és convidado a estar nas reuniões’. E foi uma experiência muito rica e muito gratificante para as pessoas que participaram. Porque concluíram que era exatamente para elas que o Sínodo existia. E, de facto, são essas pessoas que querem ver mudanças. E estou-me a lembrar de pessoas divorciadas que se sentiram marginalizadas a seguir ao divórcio. E que entendiam, na paróquia onde costumavam celebrar a sua fé, que o pároco as deixou de fora. E então sentiram que deixaram de fazer parte da comunidade. E vieram aqui perceber que afinal estavam desatualizadas e que a Igreja é para todos. Nesta experiência, participou um grupo muito interessante de alunos, professores e membros de staff no qual ficou a vontade de continuar. Mas as pessoas também perguntam: “e o que é que resultou das nossas reuniões e da síntese enviada?”, disse.  

Formação nos Seminários feita por homens e mulheres

Sofia Salgado tem uma especial experiência de formação com seminaristas na diocese do Porto, lecionando a disciplina de administração paroquial aos alunos do 6º ano. Sobre a formação nos Seminários considera ser muito importante que esta seja feita por homens e mulheres.

“É muito importante que a formação dos seminaristas seja feita por homens e mulheres e era importante que a vivência deles fosse entre homens e mulheres. Por todas as razões e mais algumas. Porque nós temos que aprender a saber estar a saber conversar, a identificar a diferença e a complementaridade. E não acho que seja isolando homens e mulheres que alguma coisa vá ficar melhor. E não encontro nada no Evangelho que me diga que assim deva ser. Jesus escolheu só homens para seus apóstolos, mas são mulheres que estão no anúncio e no discernimento de identificar a ressurreição”, assinala a docente da Universidade Católica.

“É muito importante que todos nos sentemos à volta da mesa”, diz Sofia Salgado comparando o caminho sinodal a um discernimento em família. “Se queremos decisões de família temos que estar em família” e “não podem ser só os pais a decidir para os filhos ou os filhos a decidir para os pais”.

Sofia Salgado colabora com a Rede Sinodal em Portugal o site que tem como missão abrir um espaço de informação sobre o Sínodo, apresentando num mesmo lugar o entusiasmo de quem está em movimento fazendo caminho juntos, na pluralidade e diversidade, promovendo o método sinodal em diálogo com o mundo.

A XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos decorre até dia 27 de outubro.

Laudetur Iesus Christus

Fonte: Vatican News

*-------------------------------------------------------.x

Santa Sé na Onu: leis, tratamento e educação para combater as drogas

Na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o arcebispo Gabriele Caccia, observador permanente, falou na segunda-feira (07/10) sobre prevenção ao crime e justiça penal e controle internacional de drogas, enfatizando que os sistemas legais, além de punir os infratores, também devem garantir sua reeducação e reintegração adequada na sociedade. Na prevenção da dependência de drogas, a educação é um fator fundamental

Vatican News

Em um tempo em que “o flagelo do uso de drogas continua se espalhando”, a Santa Sé pede uma “abordagem tríplice” baseada na aplicação da lei, no tratamento adequado para aqueles que sofrem de dependência e na prevenção através da educação. Foi o que disse o arcebispo Gabriele Caccia, observador permanente da Santa Sé na Onu, falando na segunda-feira (07/10) em Nova York em um debate sobre o controle internacional das drogas no âmbito da 79ª sessão da Assembleia Geral, durante o qual ele ressaltou que a Santa Sé “apoia todas as iniciativas destinadas a estabelecer um sistema de justiça penal eficaz” a fim de “prevenir e combater a produção e o tráfico de drogas ilícitas” e também “exorta a comunidade internacional a rejeitar a pena de morte, a tortura e outras punições cruéis e anormais que violam a dignidade humana”.

“Os sistemas de justiça penal não devem se limitar a punir os infratores, mas devem procurar garantir sua reeducação efetiva e reintegração adequada na sociedade”, acrescentou dom Caccia, especificando que “a Santa Sé apoia a implementação de programas” para viciados em drogas que, “por meio de tratamento, apoio psicológico e reabilitação”, restituem sua “dignidade dada por Deus”. “A educação é o fator-chave na prevenção da dependência de drogas”, acrescentou o observador permanente, alertando contra a desinformação, “difundida nas mídias sociais”, que “minimiza os riscos das drogas”, e enfatizando a importância da educação “dentro da família e da escola”, que deve “incluir informações científicas atualizadas sobre como as drogas afetam negativamente o cérebro, o corpo, o comportamento pessoal e a comunidade”.

Combate ao tráfico de órgãos

Caccia também falou sobre a luta contra o crime que afeta “desproporcionalmente” os mais vulneráveis. “Particularmente preocupantes”, observou, são os crimes de tráfico de órgãos e de pessoas ligadas a esse flagelo, bem como “o tráfico de órgãos de pessoas que sofreram a pena de morte”. Portanto, “a Santa Sé pede a todos os Estados que fortaleçam suas estruturas legislativas e de aplicação da lei para prevenir e combater” esse tipo de tráfico. Também foram solicitados esforços específicos para combater o tráfico e a exploração de menores na web. Ao mesmo tempo, o prelado pediu respeito à dignidade humana também na imposição de sanções penais e nas condições carcerárias.

Fonte: Vatican News

-------------------------------------------------------.

Livraria Editora Vaticana na Feira de Frankfurt com um olhar especial no Jubileu

Com um olhar particular no tema da esperança, em preparação para o Ano Santo, na feira de livros que se realiza na cidade alemã de 16 a 20 de outubro, novas obras do Papa Francisco, livros sobre espiritualidade, homilias inéditas de Bento XVI e fortes testemunhos de fé

Vatican News

A Livraria Editora Vaticana (LEV) oferecerá novas obras do Papa Francisco, livros sobre espiritualidade, homilias inéditas de Bento XVI e fortes testemunhos de fé na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, que se realizará de 16 a 20 de outubro. Em preparação para o Jubileu de 2025, com o tema “Peregrinos da Esperança”, a editora levará vários volumes à feira para aproximar-se deste tempo significativo para a Igreja universal, que oferece vislumbres de luz em um período sombrio. Spes non confundit, o texto oficial da proclamação do Ano Santo, no qual o Papa ilustra a urgência de recuperar a virtude cristã da esperança, estará disponível. Mas haverá, para preparar o ano especial de graça, outros volumes de Francisco: A esperança é uma luz na noite. Meditações sobre a virtude humilde, para não se render à noite do mal, mas viver pela esperança, e A fé é uma viagem. Meditações para viandantes e peregrinos, um livro de reflexões sobre o valor de ser uma pessoa em caminho em sua experiência de fé. Ademais, destacam-se, do Papa Francisco, o volume original e relevante que atesta o profundo interesse do Pontífice pela leitura e pelos escritores A literatura, a meu ver. Escritos sobre o valor da poesia e do romance, nos quais estão reunidos, pela primeira vez, os pronunciamentos sobre o valor da literatura no crescimento interior de cada pessoa, e o interessante livro Orações a Maria.

Os volumes sobre a sinodalidade

Sobre sinodalidade, é possível consultar os livros Escutai-o! Para uma espiritualidade sinodal, do dominicano Timothy Radcliffe, que será criado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório de 8 de dezembro próximo, e A memória gera futuro. A sinodalidade como estilo de Igreja, da religiosa beneditina Maria Ignazia Angelini, com as meditações oferecidas durante a primeira sessão do Sínodo em outubro de 2023.

Homilias inéditas de Bento XVI

O Senhor segura nossas mãos. Advento, Quaresma, Páscoa. Homilias inéditas apresenta pela primeira vez em todo o mundo as homilias feitas pelo Papa Bento XVI durante as celebrações eucarísticas que presidiu de forma privada, tanto durante seu Pontificado (2005-2013) quanto durante seu período como Papa emérito (a partir de 2013), e deixa transparecer a riqueza espiritual de Joseph Ratzinger.

Documentos e testemunhos

A LEV também levará à Feira do Livro alguns dos documentos mais recentes redigidos por vários órgãos da Santa Sé, como “A Rainha da Paz”. Nota sobre a experiência espiritual ligada a Medjugorje da Congregação para a Doutrina da Fé e volumes ligados ao cuidado da criação e à atenção ao próximo, como o livro de Vincenzo Balzani e Erio Castellucci A boa aliança. Ciência e fé em defesa da casa comum e o livro de Dale Recinella, Um cristão no corredor da morte. Meu compromisso ao lado dos condenados. Este último, com prefácio do Papa Francisco, é um testemunho luminoso de fé e amor, extraído da escuridão das prisões estadunidenses. É a história de um advogado de Wall Street, um pai de família, que mudou sua vida ao passar do mundo das finanças para o mundo da prisão, tornando-se o acompanhador espiritual de condenados à morte na Flórida.

Fonte: Vatican News

-------------------------------------------------------.

Do dia 08/10/2024

Mês Missionário: todos são convidados

Por Ir. Regina da Costa Pedro, Diretora das POM no Brasil*

O mês de outubro nos anima a assumir uma vida missionária. As doações do Dia Mundial das Missões, celebrado pela Igreja de todo o mundo, colaboram com projetos apoiados pelo Papa nas Igrejas locais mais necessitadas.

As Pontifícias Obras Missionárias (POM) promovem há 52 anos a Campanha Missionária (CM), ação realizada no mês de outubro, com o objetivo de fortalecer os laços de solidariedade e promover a animação missionária. A iniciativa acontece em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (COMINA) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O lema da CM deste ano é “Ide, convidai a todos para o banquete”, frase inspirada no texto de Mateus 22,9 e escolhida pela Papa Francisco. O tema “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo” convida a permanecermos em comunhão com a Igreja da América, a qual se prepara para viver o 6º Congresso Missionário Americano, o CAM6, em novembro deste ano, em Porto Rico.

Tem por objetivo conscientizar os fiéis sobre a importância da missão na Igreja e angariar recursos, em apoio aos esforços missionários nas diferentes partes do mundo. Para isso, as POM desempenham papel crucial na promoção e apoio às atividades missionárias da Igreja Católica em todos os continentes. Desde sua fundação pelo Papa Pio XI em 1922, essas organizações têm sido uma fonte vital de suporte para missionários e projetos de evangelização em áreas carentes e desafiadoras ao redor do mundo.

Como se realiza o objetivo da CM?

Por meio da Campanha Missionária e outras iniciativas, as Pontifícias Obras Missionárias reafirmam o compromisso da Igreja Católica com a missão evangelizadora, inspirando os fiéis a se engajarem ativamente na difusão do Evangelho e na construção de um mundo mais justo, solidário e fraterno.

Como acontece a CM?

Durante todo esse mês especial, são organizadas diversas atividades nas paróquias, escolas e comunidades católicas, incluindo celebrações, formações, novenas e experiências missionárias, lembrando a solidariedade com os povos em situação de vulnerabilidade.

Além de intensificar e sensibilizar os fiéis para a missão, a campanha de outubro tem o importante aspecto da arrecadação de fundos. As doações recebidas no período são destinadas a apoiar projetos de evangelização, educação, saúde, desenvolvimento comunitário e assistência social em áreas de missão ao redor do mundo. Esses projetos são implementados por missionários locais e estrangeiros, os quais trabalham incansavelmente para levar o amor e a mensagem de Cristo a lugares onde muitas vezes são necessários recursos e apoio adicionais.

Somos chamados a ser missionários

Tivemos a alegria de vivenciar ano passado, na cidade de Manaus, o 5º Congresso Missionário Nacional. Com os corações ardentes e os pés a caminho reafirmamos nosso desejo de partir da Igreja local aos confins do mundo.

Para este ano, a proposta é dialogar com os diversos acontecimentos marcantes na caminhada da Igreja, no âmbito local e universal. Temos a Amizade Social, que nos convidou à Campanha da Fraternidade; vivemos o Ano da Oração, em preparação ao Jubileu de 2025; sentimos forte o apelo para caminhar com a Igreja sinodal em missão; recordamos ainda que, em novembro de 2025, o Brasil sediará a COP30. São movimentações fortemente ligadas à pauta missionária, por isso a Novena deste ano nos convida a alargar a tenda dos nossos corações, a rezarmos pelas realidades acima evocadas e a encarnar, em nossa vivência, gestos concretos de conversão missionária.

A mesa do banquete

Este ano, a arte da Campanha Missionária nos ajuda a contemplar a beleza do convite que cada discípulo missionário recebe de Jesus, de convidar todos para o banquete do reino. Na construção visual da arte, temos a imagem do banquete do Reino ao centro, a representar a comunhão universal que o próprio Deus deseja realizar com cada ser humano.

Embora a mesa seja grande, ela não está completamente ocupada, pois sempre é possível acolher mais alguém. A simbologia do pão e do peixe faz referência clara à Pessoa de Cristo, como aquele que gera comunhão e se entrega para nos permitir fazer parte da festa. Além disso, pão e peixe recordam a dimensão fraterna do milagre da comunhão. Não existe verdadeira comunhão sem o amor de Deus que nos une, sem o milagre que transforma as diferenças em novas possibilidades de colaboração.

A construção simbólica na figura circular nos ajuda a contemplar o coração de Deus, de onde nasce a missão: o fundo dourado (Pai), a cruz estilizada (Filho) e a simbologia do vento em movimento (Espírito). Da Trindade, recebemos a força do Espírito, convidando-nos a ser testemunhas de Cristo no mundo, a anunciar suas palavras, a tornar presentes os sinais do Reino, a nos empenhar em construir um mundo economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável.

Coleta Missionária

As POM colaboram com 1.118 dioceses pobres que dependem do Dicastério para a Evangelização. São Igrejas jovens existentes nos “territórios de missão”. Em 2023, a contribuição do Brasil para o Fundo Mundial de Solidariedade foi de R$ 10.968.656,39.

O mês missionário nos recorda que todos podem colaborar, concretamente, com a missão evangelizadora da Igreja pela oração e a ação, com ofertas de valores materiais e a doação da própria vida. Por isso, em todas as Igrejas do mundo, no penúltimo domingo de outubro (este ano, nos dias 19 e 20 de outubro), realiza-se a coleta missionária destinada integralmente à missão universal. Contamos com a sua generosidade. 

Que a Novena nos ajude a renovar nosso seguimento a Jesus, incansável missionário do Pai!

Fonte: POM

-----------------------------------------------------------------------------------.

Arquidioceses confiadas a Nossa Senhora Aparecida realizam celebrações e atividades em honra à Padroeira do Brasil

A Igreja no Brasil celebra, no dia 12 de outubro, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do país. Também as arquidioceses de Aparecida (SP), Brasília (DF), Cascavel (PR) e Passo Fundo (RS) e a diocese de Itabira-Coronel Fabriciano (MG) estão confiadas ao patrocínio da Virgem Aparecida, e prepararam programações especiais para celebrar a data.

Principais destaques da programação nas arquidioceses:

Aparecida

No Santuário Nacional de Aparecida, as celebrações da Novena e Festa da Padroeira do Brasil 2024 tiveram início na última quinta-feira, 3 de outubro, e seguem até o dia 12 com celebrações e atrações culturais.

De 3 a 11, as orações da Novena acontecem em dois horários: às 15h e às 19h. Neste ano, com o tema “Mãe Aparecida, acolhei-nos como peregrinos da esperança”. A temática está em sintonia com o Jubileu 2025. As celebrações da noite são presididas por bispos de várias partes do Brasil.

Além dos momentos de oração, durante a Novena, os fiéis são convidados a realizar também um gesto concreto, doando alimentos não perecíveis. Os donativos serão destinados às instituições beneficentes de Aparecida (SP) e região. No último ano foram arrecadadas mais de 23 toneladas de alimentos e mais de 12 mil itens de higiene e material de limpeza.

No Dia da Padroeira (12), serão celebradas seis missas ao longo do dia. A principal delas acontece às 9h e será presidida pelo arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes. Ao longo de todo o dia também acontece uma vigília, a consagração a Nossa Senhora e a Procissão Solene.

Outro destaque da programação são as atividades culturais. Haverá passeio ciclístico, festival com shows dos cantores Daniel, Kell Smith e Maurício Manieri e da orquestra Pemsa.

Brasília

Na Capital Federal, a arquidiocese realizará a 26ª edição da tradicional Festa de Nossa Senhora Aparecida na Esplanada dos Ministérios. São esperados cerca de 50 mil fiéis ao longo do dia, a começar pela Missa com as crianças, às 9h. Após a Eucaristia, serão oferecidas atividades recreativas.

À tarde, haverá a oração do Rosário, bênção do Santíssimo Sacramento e atendimento de confissões. Às 17 horas, o arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, preside a Missa Solene seguida de procissão luminosa.

Desde a última quinta-feira, uma novena é celebrada na catedral Metropolitana com a participação de padres de Brasília e de outros lugares do país, bem como de bispos de Brasília.

Cascavel

Na arquidiocese do Oeste do Paraná, é celebrada a Novena em honra a Nossa Senhora Aparecida desde o dia 3 de outubro. Na última terça-feira, a imagem peregrina da padroeira foi acolhida na catedral metropolitana, marcando o início das festividades religiosas.

No dia 12, serão sete celebrações, com expectativa da catedral cheia de romeiros e com fiéis também na área externa. A expectativa de público para este dia, é de 20 mil pessoas, ao longo de toda a programação, as atividades devem reunir cerca de 80 mil pessoas. Para oferecer os serviços na estrutura da novena e da festa, são mais de mil voluntários envolvidos.

Uma presença especial nas novenas é o bispo emérito de Montenegro (RS), dom Paulo Antônio De Conto. Administrador apostólico em Cascavel entre fevereiro e setembro deste ano, o prelado continua no Paraná, e participa da programação religiosa.

Passo Fundo

No Rio Grande do Sul, a arquidiocese de Passo Fundo realiza a 43ª edição da Romaria Arquidiocesana de Nossa Senhora Aparecida, no próximo domingo, 13 de outubro. Com o tema “Maria, ensina-nos a rezar!”, as celebrações contarão com várias missas ao longo dos dois dias.

Dia 12, serão cinco missas, sendo uma delas dedicada aos idosos e outra às crianças. Já no dia 13, dia da Romaria arquidiocesana, haverá missa na Catedral e no Santuário da padroeira. Uma procissão será realizada até o santuário, concluída por missa campal. À tarde, haverá benção do Santíssimo Sacramento e Missa com os Jovens.

Fonte: CNBB

--------------------------------------------------------------------------.

Círio de Nossa Senhora de Nazaré reúne fiéis de todo Brasil, em Belém, para prestigiar a Rainha da Amazônia

Tem início nesta terça-feira, 8 de outubro, a programação da 232ª edição do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que reunirá fiéis de todo Brasil, em Belém (PA), para prestigiar a Rainha da Amazônia, exemplo de amor, fidelidade e pureza. O tema deste ano é: “Perseverar na oração com Maria, Mãe de Jesus”, em alusão ao Ano da Oração convocado pelo Papa Francisco como forma de preparação para o grande Jubileu da Igreja Católica, em 2025.

O Círio de Nazaré, celebrado há mais de dois séculos, é uma das mais antigas e expressivas manifestações do Brasil. A devoção a Nossa Senhora de Nazaré foi crescendo ao longo dos anos, transformando o Círio em um símbolo de fé, esperança e gratidão, atraindo milhões de fiéis de diversas partes do país e do mundo. Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, o Círio não apenas celebra a fé, mas também fortalece laços comunitários, promovendo um sentido de pertencimento e identidade entre os participantes.

    “Celebramos o grande evento da Igreja Católica na Arquidiocese de Belém, acolhendo todas as pessoas que se sentem atraídas pela presença Mariana na Igreja e querem entrar na escola de Maria, para viverem conosco esta estação especial da graça do Senhor, pois Deus lhe entregou a realização do seu desígnio de misericórdia.

    Aqui estamos para rezar, cantar, louvar, agradecer, pedir perdão a Deus, chorar de emoção, entrar na Casa de Maria com a confiança de filhos, encontrando-nos como irmãos e irmãs, todos membros da família de Deus. E desejamos perseverar na Oração, com Maria, Mãe de Jesus”, salienta o arcebispo de Belém do Pará, dom Alberto Taveira Corrêa.

Programação

A abertura oficial do Círio acontece nesta terça-feira, 8 de outubro, com Missa Solene na Basílica Santuário de Nazaré às 18h, seguida por uma cerimônia na Praça Santuário às 19h. No dia 9 de outubro, a Capela Bom Pastor (Centro Social de Nazaré) se transforma em um espaço de espiritualidade e contemplação durante a vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento. Este momento especial convida os fiéis a uma experiência de conexão profunda com Deus, através da oração e da reflexão, fortalecendo o espírito de devoção que permeia todo o Círio. É um momento de intercessão por todas as atividades e colaboradores envolvidos na festa.

Passando para o dia 10 de outubro, a Basílica Santuário é o grande ponto da apresentação do Manto, às 18h, um evento que marca a devoção dos fiéis à Nossa Senhora de Nazaré. O manto representa a proteção e cuidado da Mãe do povo paraense. Após a cerimônia, um show na Praça Santuário Nossa Senhora de Nazaré, intitulado “Maria Vem”, reúne Liah Soares e artistas convidados para celebrar a beleza e a cultura paraense.

Na sexta-feira, 11, será realizada a maior romaria do Círio em extensão geográfica, são 53km de percurso. Trata-se do Traslado para Ananindeua-Marituba, começando às 07h com Santa Missa presidida por dom Paulo Andrerolli, bispo auxiliar de Belém, na Basílica Santuário, seguindo até a Igreja Matriz de Ananindeua, Paróquia Santuário Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa. Na chegada haverá Santa Missa com o arcebispo de Diamantina (MG), dom Darci Niccioli.

A partir do dia 12 até o dia 27 de outubro, diversas romarias são realizadas, destacando a diversidade de expressões de fé. Desde a Romaria Rodoviária, que parte da Igreja Matriz de Ananindeua (BR-316 – Centro, Ananindeua) às 5h30, até a Romaria Fluvial no Trapiche de Icoaraci (R. Siqueira Mendes, 373 – Cruzeiro, Belém) às 9h, que ocorrerão no dia 12 de Outubro.

O início da tarde às 12h é marcado, com a descida da Imagem na Basílica-Santuário Nossa Senhora de Nazaré, um momento aguardado que marca o início das celebrações mais intensas.

Romaria da acessibilidade

A Romaria da Acessibilidade realiza sua segunda edição em 2024 no dia 26 de outubro. Este evento foi criado para garantir que todos os devotos, independentemente de suas limitações, possam participar das celebrações de forma inclusiva e digna, com um percurso de 1,45 km na Praça Santuário Nossa Senhora de Nazaré. Essa romaria reafirma o compromisso da comunidade em acolher e valorizar a participação de todos.

Dia do Círio de Nazaré

E finalmente chegando ao dia 13 de outubro, o Dia do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. É o ponto culminante da festividade, um momento de grande emoção que mobiliza milhares de devotos. A celebração inicia às 6h com a Missa do Círio presidida por dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém, na Catedral Metropolitana de Belém do Pará, onde os fiéis se reúnem para renovar seus votos e expressar sua gratidão a Nossa Senhora de Nazaré. Este momento solene é marcado por orações e cânticos que ecoam na Catedral, reunindo uma multidão em um ato coletivo de devoção.

Logo após a missa, às 7h, inicia-se a romaria. Considerada uma das maiores do Brasil, a procissão parte da Catedral Metropolitana de Belém (Praça Dom Frei Caetano Brandão – Cidade Velha, Belém – PA) e segue por um trajeto de 3,6 km até a Praça Santuário Nossa Senhora de Nazaré. Milhares de fiéis, acompanham a imagem de Nossa Senhora, simbolizando a fé e a devoção da comunidade.

Ao longo do percurso, os devotos entoam cânticos, criando uma atmosfera de reverência e alegria. A cidade se enche de emoção, com grupos de peregrinos, famílias e amigos unidos em um só propósito: celebrar a presença de Nossa Senhora em suas vidas. A chegada à Praça Santuário culmina em Missa onde todos podem se reunir para dar graças e celebrar a fé que une a todos.

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré 2024 chega ao seu encerramento no dia 27 de outubro, em uma emocionante Missa de Encerramento às 18h na Basílica Santuário de Nazaré, onde os fiéis se reúnem para agradecer pelas graças recebidas e pela proteção de Nossa Senhora ao longo da festividade.

Saiba como acompanhar

Fiéis de todo mundo podem acompanhar ao vivo toda a programação pelos meios de comunicação da arquidiocese de Belém: TV Nazaré, Rádio Nazaré, Portal Nazaré e redes sociais.

Facebook (https://bit.ly/FacebookFNC)

Youtube (http://bit.ly/TVNazareYoutube)

TV Nazaré Canal 30.1.

Rádio Nazaré FM 91,3 MHz.

Fonte: CNBB

------------------------------------------------------------.

Sobre ser nomeado como cardeal, dom Jaime reafirma princípio norteador de sua vida: “nunca dizer não ao que a Igreja pede”

O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-americano e caribenho (Celam) foi um dos participantes da coletiva de imprensa do dia 8 de outubro. Ele manifestou sua surpresa diante da nomeação cardinalícia, em cerimonia a ser realizada dia 8 de dezembro no Vaticano, mas ao mesmo tempo lembrou um dos princípios norteadores de sua vida: “nunca dizer não ao que a Igreja me pede”. Igualmente agradeceu ao Papa Francisco pela confiança depositada nele.

Testemunhas mais do que mestres

Falando sobre a sinodalidade na América Latina e no Caribe, Spengler destacou que hoje, a questão da autoridade na sociedade e no mundo, é uma questão decisiva. Ele afirmou que “estamos vivendo um momento de crise das democracias”, e junto com isso “uma crise nas instituições de mediação no seio da sociedade, seja internacional, global e seja também em nível continental”. Diane disso, o arcebispo de Porto Alegre fez um chamado a resgatar as palavras de Paulo VI: “o ser humano hoje, ouve com muita maior atenção as testemunhas que os mestres, e se ouve os mestres, é porque são testemunhas”. Nessa perspectiva, ele enfatizou que “a autoridade não vem de um poder sociológico, mas de um testemunho ético, moral e religioso”.

Inculturação dos ritos litúrgicos

Com relação ao Rito Amazônico, uma possibilidade em discussão, o presidente da CNBB falou sobre a realidade de muitas comunidades na Amazônia, onde a celebração eucarística acontece uma vez por ano, inclusive menos do que isso. O Rito Amazônico está sendo estudado pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), lembrou dom Jaime Spengler. Ele disse que o Rito Romano “deve ser inculturado nas diversas realidades”, algo que exige uma sensibilidade especial.

Lembrando a diversidade de povos, culturas e línguas, o futuro cardeal falou sobre a importância de um rito para a região, colocando como exemplo a Eucaristia celebrada na Assembleia da CEAMA em 2023, onde indígenas serviram o altar nas diversas funções. Ele destacou a dignidade, a reverência, o modo, o cuidado com que os indígenas desenvolviam o que fazia parte do rito. Segundo ele, “com uma dignidade tal que as vezes não sentimos ou não testemunhamos nas nossas celebrações, por mais solenes que sejam”.

Fenômenos climáticos no Brasil

A Assembleia Sinodal está abordando o tema das relações, e nessa perspectiva, o presidente da CNBB, diante da realidade climática vivenciada no Brasil e em outros lugares do Planeta, disse que no grupo em que participa foi tocado esse aspecto, sendo visto que o Instrumentum laboris fala da relação horizontal e vertical, transcendente, “mas talvez tenha faltado a relação com o meio ambiente, com a Casa Comum”, assunto que deve ser abordado nos próximos dias.

O presidente da CNBB relatou a dramática situação que vive o Brasil, com incêndios, secas na Amazônia, falando da conversa com o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, onde relatou que não pode visitar algumas comunidades que tem como único acesso os rios, agora secos.

Diante disso, dom Jaime Spengler enfatizou: “o mundo, a natureza está pedindo socorro, e o cuidado que nós somos chamados a ter para com a natureza, não porque podemos perecer por falta de cuidado com o meio ambiente, o lixo que produzimos, as transformações que nós estamos assistindo”. Considerando isso muito importante, ele sublinhou que “o cuidado que nós somos chamados a desenvolver em relação ao meio ambiente, tem um grau de dignidade ainda maior, esse meio ambiente, essa vida, esse Planeta, não é fruto de obra humana, é divino. E por isso, todo cuidado, toda promoção se faz necessária”.

O presidente da CNBB destacou como algo muito forte a interpelação que Papa Francisco nos faz: “Que mundo nós queremos deixar para os filhos, para os netos, para aqueles que virão depois de nós”, insistindo em que “o futuro está nas mãos de Deus”, mas também que o novo a viver “passa pelas nossas escolhas, as nossas decisões, as nossas opções”, o que demanda uma corresponsabilidade evangélica com efeitos na sociedade e no futuro melhor na vida daqueles que virão depois.

Missão que constrói sociedade

Sobre a missão na Igreja, tema da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, o presidente da CNBB destacou o papel destacado na evangelização do Brasil e da América Latina da parte daqueles que chegaram de outras regiões, afirmando que “se hoje nós temos uma tradição cristã vigorosa, nós devemos aos imigrantes”, mesmo diante das muitas dificuldades sofridas, vencidas com “a determinação, a coragem e sobretudo a fé, que deu forças para construir uma sociedade da qual hoje nós somos participantes”. Igualmente destacou a importância da Iniciação à Vida Cristã, um tema debatido na aula sinodal.

Pontos de convergência para a transmissão da fé

Dom Jaime Spengler vê como grande desafio da Igreja como fazer chegar a fé às pessoas. Afirmando que “não temos claro o modo, ele disse que esse é trabalho do Sínodo, colocando o diálogo, a escuta, a sensibilidade com as diversas realidades, como caminhos, buscando “pontos de convergência diante do desafio da transmissão da fé hoje às novas gerações”, algo que demanda dos participantes da assembleia abertura de coração e capacidade intelectual e espiritual. Falando sobre a Conferência Episcopal brasileira, com mais de 450 bispos e uma grande assembleia geral, que chegou a definir como quase um Sínodo, vê esses encontros como um Pentecostes, em que pessoas de diversas culturas, línguas, conseguem chegar em pontos de convergência para responder à atual realidade política, social e eclesial.

Riqueza da diversidade do Colégio Cardinalício

O arcebispo de Porto Alegre falou sobre a tragédia vivida no Rio Grande do Sul no mês de maio, com cidades completamente arrasadas, que demanda reconstruir de forma diferente. Ele destacou a onda de solidariedade nunca vista no Brasil, que deve ficar na história, sem esquecer que também apareceu o pior de alguns. Falando da catolicidade da Igreja, que tem a ver com “generosidade e magnanimidade própria de Deus, capaz de dialogar com todas as diferenças, culturas, realidades, povos”.

Ele vê na diversidade do Colégio Cardinalício, uma “expressão desse modo característico de ser católico”, destacando a preocupação do Papa Francisco com as diversas realidades, manifestada na universalidade desse colégio. “Somos tão diferentes, mas há algo que nos une, e aqui está a beleza a grandeza e a dignidade do próprio colégio”.

Parresia diante da ordenação de homens casados

Diante da possibilidade de ordenar homens casados e a retomada desse assunto pelo Celam, seu presidente disse que, sendo uma questão delicada, “essa é uma questão de disciplina da Igreja, não é uma questão teológica”. Ele contou a experiência de um bispo da Amazônia, que depois da instalação da prelazia só contava com um padre para uma Igreja local de enorme extensão. Diante disso, dom Jaime Spengler disse que “é uma realidade que precisa de aprofundamento”, se referindo à possibilidade de homens casados exercerem o ministério ordenado no grau de presbíteros, algo que disse não saber se seria a melhor solução.

O presidente do Celam pediu parresia para tratar essa questão, afirmando a possibilidade dessa ordenação de homens casados para uma comunidade concreta. “Isso exigiria de todos nós parresia, capacidade de abertura de coração, é uma questão que precisamos sim avançar”, mesmo reconhecendo não saber o caminho. Mesmo assim, “podemos e devemos abordar com coragem esta questão”, tendo presentes aspectos teológicos, bíblicos, da Tradição da Igreja, mas atentos também aos sinais dos tempos, algo feito pelos apóstolos em busca de respostas para às diversas necessidades de sua época.

Fonte: CNBB

---------------------------------------------------------------------.

Estão abertas as inscrições ao Mutirão em Defesa da Casa Comum, curso lançado durante o Seminário Nacional de Campanhas

Estão abertas até do dia 25 de outubro as inscrições para o Mutirão em Defesa da Casa Comum. O curso foi lançado durante o Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade, em Brasília, em setembro. As inscrições são gratuitas, e podem ser feitas até o dia 25 de outubro.

O Mutirão em Defesa da Casa Comum foi apresentado ao público participante – cerca de 100 pessoas – do Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade 2025, realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre os dias 26 e 29 de setembro, na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF).

Participaram do lançamento da iniciativa Alex Bastos, Jussara e Daniel Seidel, todos responsáveis pelo desenvolvimento do Mutirão, e o padre Jean Poul Hansen, secretário Executivo de Campanhas da CNBB.

“É uma alegria, agora, o Mutirão estar junto com a Campanha da Fraternidade, pois acredito que teremos um bom espaço e público para avançarmos no estudo dessa temática, da defesa da Casa Comum”, manifestou Jussara, pedagoga e uma das coordenadoras do curso, durante o evento.

 Flávia Aparecida, integrante da Arquidiocese de Mariana (MG) e secretária da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), compartilhou, durante o lançamento da formação, a sua experiência com o Mutirão pela Democracia, primeira formação desenvolvida pela Revista Casa Comum em parceria com o Projeto Encantar a Política, que foi baseada na 8ª edição da Revista.

Arte diversa

Marcela Weigert Braga, ilustradora e designer, colocou a sua arte à disposição da defesa da Casa Comum. É dela o desenho que embala e dá o tom às peças de comunicação do Mutirão.

A ideia da arte foi mostrar a importância de todos(as) unidos(as) – pessoas, fauna, flora, e São Francisco -, cuidando da Terra, seja na cidade ou no campo.

A imagem faz referência ainda ao Cântico das Criaturas, poema de São Francisco de Assis que completa 800 anos em 2025 e que expressa uma profunda conexão com os elementos naturais – vistos como irmãos.

Com o tema “tudo o que existe e vive precisa ser cuidado”, o Mutirão formativo resulta de uma parceria do Projeto Encantar a Política com o Sefras – Ação Social Franciscana, Revista Casa Comum e a Campanha da Fraternidade.

Entenda o Mutirão e saiba como participar

O novo curso foi inspirado pelo Mutirão pela Democracia, iniciativa da Revista Casa Comum em parceria com o Projeto Encantar a Política realizada no início de 2024, com base nas reportagens da 8ª edição da Revista Casa Comum – que pautou o tema Reencantar a política: pela mobilização das urnas e das ruas – e também na Trilha de Saberes.

A metodologia da nova formação prevê a utilização do conteúdo da 10ª edição da Revista e a Trilha de Saberes que a acompanha como base para as discussões, debates e trocas de experiências entre os(as) inscritos(as).

Duas turmas devem compor o Mutirão em Defesa da Casa Comum, sendo a primeira com início no dia 28 de outubro e término previsto para 12 de dezembro, e a segunda será realizada entre janeiro e março de 2025. Juntas, as duas têm como objetivo formar cerca de 1.300 pessoas.

> Qual o objetivo do Mutirão em Defesa da Casa Comum?

A formação nasce a partir da experiência do Mutirão pela Democracia, realizado pelas mesmas organizações do atual Mutirão. O curso tem como objetivo capacitar animadores(as) e multiplicadores(as) para a defesa e o cuidado da Casa Comum, proposto pela Campanha da Fraternidade de 2025, com o tema Fraternidade e Ecologia Integral e o lema “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31).

Com isso, o Mutirão pretende contribuir para o despertar da consciência crítica e ecológica, a promoção da justiça socioambiental e o exercício da cidadania.

> O curso é gratuito? 

Sim. Mas cada participante deve assumir o compromisso de multiplicar a formação recebida para sete novas lideranças, que, por sua vez, devem mobilizar outras sete pessoas em suas localidades, multiplicando, assim, o efeito e alcance da formação.

> Onde serão realizados os encontros do Mutirão?

O Mutirão acontece totalmente à distância e em formato virtual, sendo necessária a participação ao vivo nas rodas de conversa. Para as formações e diálogos serão utilizadas as plataformas do Zoom, além de e-mail e grupos de aplicativo de mensagens (WhatsApp).

Também será necessária a dedicação de, ao menos, uma hora diariamente  ou de cinco horas semanais para estudos e realização das atividades.

> Qual a metodologia do Mutirão?

    Cada pessoa precisará dedicar sete semanas para participar de sete Rodas de Conversas nas segundas ou quintas-feiras, conforme a escolha ao fazer a inscrição;

    Estudar os conteúdos da 10ª Edição da Revista Casa Comum, além de outros materiais indicados;

    Responder aos questionários referentes a cada conteúdo, que serão indicados nos grupos de WhatsApp das turmas;

    Escrever um plano de multiplicação do que foi aprendido no Mutirão a ser aplicado com sete novas lideranças de sua rede de relações.

 > Tem certificação?

O curso terá validade de extensão universitária e será certificado pela Cátedra Unesco de Juventude da Universidade Católica de Brasília, em parceria com o Vida e Juventude.

O recebimento do certificado dependerá da participação em pelo menos cinco das sete rodas de conversas e da realização das atividades avaliativas com aproveitamento mínimo de 60%.

Atenção! As inscrições para quem deseja participar da primeira turma do Mutirão estão abertas até o dia 25 de outubro de 2024. Após se inscrever no link abaixo, a pessoa receberá por e-mail a confirmação da sua participação e demais informações.

Com informações da Revista Casa Comum

Fonte: CNBB

---------------------------------------------------------------------.

Dom Ricardo Hoepers recebe diploma como “Grande Porta-Voz do Paraná” dia 7, em Curitiba (PR)

Foi lançada na segunda-feira, 7 de outubro,  14ª edição da coleção “Vozes do Paraná” que homenageia seu criador, o Professor Aroldo Murá, falecido em 2023. A publicação apresenta, ainda, outros 10 perfis biográficos de paranaenses e perfil da Casa dos Pobres São João Batista, entre eles o do bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers. O evento foi realizado no Campus da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), em Curitiba, e reuniu cerca de 150 pessoas ao longo da noite.

O livro trouxe um perfil de abertura homenageando o jornalista que criou, em 2008, a coleção de perfis biográficos, retratando quase 300 paranaenses ao longo de 13 edições. E também um perfil institucional em homenagem aos 70 anos da Casa dos Pobres São João Batista.

Durante o evento, foi entregue também o Diploma Aroldo Murá aos novos Grandes Porta-Vozes do Paraná, personalidades que já foram retratadas pelo livro em edições anteriores, cujo apoio é fundamental para a continuidade da obra em suas áreas de atuação. Entre eles, Dom Ricardo Hoepers, descrito na obra como:

“O memorável padre da paróquia Santo Agostinho, no Ahú, vem seguindo uma trajetória de destaque na Confedência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nomeado bispo da cidade de Rio Grande (RS), em 2016, especialista em bioética e doutor em teologia moral, dom Ricardo presidiu a Comissão para a Vida e a Família, na 57ª Assembleia Geral da CNBB, em 2019. No Regional Sul 3 da CNBB, articulou o Observatório Regional de Bioética. Ricardo Hoepers presidiu a Comissão Especial de Bioética e, em 2023, durante a 60ª Assembleia Geral da CNBB, foi eleito secretário-geral. Pelo ofício exercido na Conferência Episcopal, o Papa Francisco nomeou, no ano passado, Dom Ricardo como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília. Foi perfilado no volume 2 de Vozes do Paraná”.

Além de dom Ricardo, receberam o diploma Antonio Carlos Coelho, Cleto de Assis, Chloris Casagrande Justen, Eliseu Tisato, Fernando Velloso, Joatan Carvalho e Walter Schmidt.

“Vozes do Paraná”

Todos os personagens do livro foram escolhidos por Aroldo Murá ainda em 2022, logo após o lançamento da 13ª edição, quando o autor passava por tratamento de saúde. A edição é uma realização da Editora Bonijuris, capitaneada por Luiz Fernando de Queiroz, escrita por André Nunes, editada por Jubal Dohms com revisão de Mai Nascimento.

“Ao escrever a apresentação do volume 13 de Vozes do Paraná, em junho de 2022, lançado em setembro daquele ano, o professor Aroldo Murá – idealizador e timoneiro desse ambicioso projeto que perfilou 283 personalidades, homens e mulheres notáveis, singulares em suas contribuições ao nosso Estado – declarou que sentia a sensação de dever cumprido. Um dèja vù desta que se tornou sua obra-prima, e também seu último projeto como jornalista e memorialista”, conta o jornalista André Nunes.

O novo Vozes do Paraná traz os seguintes personagens:

– Aroldo Murá (in memoriam), jornalista, fundador do Instituto Ciência e Fé;

– Odone Fortes Martins (in memoriam), publisher do Diário Indústria & Comércio;

– Eduardo Sganzerla, jornalista e escritor;

– Helio Bampi, empresário, presidente da Radiante Engenharia Telecomunicações e vice-presidente da FIEP;

– Ivan Gradowski, ex-diretor geral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR);

– Malu Marques Dias, arquiteta e urbanista, professora aposentada da UFPR;

– Mateus Hermont, advogado e diretor jurídico da Doctoralia;

– Paula Moura, farmacêutica bioquímica, professora e farmacêutica da Vigilância Sanitária de Curitiba;

– Rayssa Sena, médica oncologista;

– Valeria Bechara, arquiteta e urbanista, fundadora do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados.

A obra é uma realização das editoras Bonijuris e Alma Mater, com apoio da FIEP e do Instituto Ciência e Fé de Curitiba. Parte da renda da venda do livro será revertida às obras do Instituto e à Casa dos Pobres São João Batista.

25 anos de sacerdórcio

Ainda em Curitiba, em uma celebração dia 7, dom Ricardo também comemorou seus 25 anos de sacerdócio com o bispo que o ordenou padre, o arcebispo emérito de Curitiba (PR), dom Pedro Fedalto. Participaram dom Celso Antônio Marchiori, bispo de São José dos Pinhais (PR), o bispo auxiliar de Curitiba, dom  dom Reginei José Modolo (dom Zico) e os formadores do Seminário Maior Rainha dos Apóstolos.

Dia 8, pela manhã, encontrou-se com o irmão Emanuel dos Santos Maidana, OSB e o padre Maurício Maidana, irmão da irmã Luciani dos Santos Maidana, da Companhia Discípulas do Divino Pastor. Ela fará a sua profissão solene segundo a regra de São Bento e receberá a consagração monacal, no dia 11 de outubro, no mosteiro Beneditino de Ponta Grossa.

Fonte: CNBB

-------------------------------------------------.

Lançamento do Livro Digital “Presenças Proféticas da Vida Religiosa Consagrada”

 Por Neusa Santos 

No dia 8 de outubro, às 20h, nos canais digitais da CRB Nacional, acontecerá o lançamento do livro digital “Presenças Proféticas da Vida Religiosa Consagrada”. Estarão presentes Ir. Edgar Nicodem, Ir. Joilson de Souza Toledo e Pe. Aloísio Pacini. O livro é parte do esforço da Equipe Interdisciplinar para concretizar o solicitado na Assembleia Geral Eletiva de 2022.

A ressignificação da Vida Religiosa Consagrada no discipulado de Jesus Cristo, em sinodalidade, missionariedade e contínua conversão à luz da Palavra, constitui a perspectiva que orienta o atual triênio (2022 – 2025) da CRB. Trata-se de um processo que requer a escuta dos gritos e clamores do nosso tempo para responder, com esperança, e contribuir para tornar visível o Reino de Deus.

Ressignificar é atribuir um novo significado. É uma prática comum em diversas áreas do conhecimento, como na educação, psicologia, neurolinguística e nas relações humanas. A reinterpretação de experiências pode levar a um entendimento novo, diferente, mais profundo e transformador. Habitualmente requer desinstalar-se, sair de zonas de conforto e perceber novos significados ou sentidos.

Na Vida Religiosa Consagrada, a ressignificação implica um processo em duas direções. Por um lado, como destaca o horizonte do Triênio, escutar os gritos e clamores do nosso tempo. Por outro lado, revisitar as nossas origens proféticas e evangélicas1. Esse duplo movimento toca em cheio a nossa missão e o carisma. Que novos horizontes e sentidos podemos descobrir e desenvolver em nossa missão e carisma? Uma Igreja sinodal em saída missionária, em sintonia com o Papa Francisco, pode iluminar-nos para primeirear, envolver-nos, acompanhar, frutificar e festejar (Evangelii Gaudium, 24).

Além do horizonte, as prioridades do Triênio estão articuladas em três eixos: discipulado, sinodalidade e missionariedade. Durante os últimos dois anos esses eixos foram aprofundados pela Vida Religiosa Consagrada, particularmente o eixo do discipulado e da sinodalidade.

Nas reflexões que seguem vamos refletir sobre o eixo da missionariedade. As prioridades do eixo da missionariedade tocam duas áreas. A primeira relacionada a nossa presença profética junto às infâncias e juventudes, e a segunda à ecologia integral. As nossas reflexões sobre essas duas prioridades serão desenvolvidas em quatro artigos.

Pensar a ressignificação da Vida Religiosa Consagrada a partir da itinerância missionaria é a contribuição do Pe. Daniel Rocchetti. Aproveitando a oportuna intervenção da Irmã Gloria Liliana Franco Echeverri, Presidente da CLAR, na última Assembleia Geral Eletiva da CRB, o Pe. Daniel pergunta: o que está acontecendo com a VRC que, pouco a pouco, vai abandonando as longínquas e escondidas comunidades rurais, pequenas, pobres, menos estruturadas? Diante dessa situação, o artigo nos convida a olhar para Jesus, particularmente para a dimensão orante e itinerante.

Jesus passa longas horas em silêncio e diálogo com o Pai. O seu silêncio não é um exercício de solidão, mas de profunda comunhão com o Pai e os seus prediletos. Através de sua oração Jesus se aproxima das necessidades do mais pobres para amá-los, criando sintonia, comunhão e solidariedade. Jesus viveu sua missão como itinerante. Ele sempre procurava estar no meio das pessoas, por isso andava pelos campos, cidades, sinagogas, templo… Marcava presença nos lugares mais complexos e desafiadores. Seguir Jesus não seria, também, assumir esse itinerário, marcando presença onde a vida mais clama?

A situação das crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade continua sendo uma questão preocupante na vida da sociedade e da Igreja. O texto do Irmão Edgar Nicodem procura delinear como a Vida Religiosa Consagrada pode ser uma presença profética, nestas situações de abusos. Infelizmente constatamos os mais diversos tipos de situações a que os mesmos são expostos. O artigo não somente analisa o tema, mas também oferece uma série de indicações de como apresentar denúncias. Olhando a médio e longo prazo, uma educação de qualidade, acessível a todos, assume um papel fundamental. Segundo o Papa Francisco, a dor das vítimas é um gemido que clama ao céu, que alcança a alma e que, por muito tempo foi ignorado, emudecido ou silenciado. E prossegue o Pontífice: para que tais fenômenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam todos os membros da Igreja.

Historicamente a Vida Religiosa Consagrada tem marcado uma presença significativa com os jovens. Vidas jovens importam é a contribuição do Irmão Joílson de Souza Toledo. A proposta do artigo é reconhecer e identificar as contribuições das juventudes das fronteiras na ressignificação da VRC. Nessa perspectiva é importante perguntar como as juventudes estão no coração de nossos carismas e missão. Uma realidade destacada pelo artigo das juventudes das periferias são as vidas precarizadas, onde emerge o tema da juvenecídio. Falar de juventudes é também considerar a cultura digital que tem modificado o jeito de ser, crer e viver das pessoas. O mundo digital apresenta novas oportunidades, ameaças e formas de tocar e ser tocado, configurando um desafio especial para a VRC.

A segunda temática do eixo da missionariedade é a ecologia integral que contempla o bem-viver como estilo de vida, a defesa da Casa Comum e dos povos originários. Quem nos ajuda a aprofundar essa temática é o antropólogo, Padre Aloir Pacini, SJ. Ele propõe que a Vida Religiosa Consagrada assuma a ecologia integral e o bem-viver como estilo de vida, na defesa da Casa Comum ao modo ou em comunhão com os povos originários. Como poderão ver artigo, em grande parte o Pe. Aloir partilha a sua rica experiência com os Warau e outros povos originários. O seu grande desejo é que cada religioso e religiosa encontre em cada pessoa dos povos originários um irmão ou irmã. Hoje, como Vida Religiosa Consagrada, somos convidados a renovar continuamente a nossa presença junto aos povos originários, semelhante ao que já fizeram tantos e tantas religiosas e religiosos, como um inequívoco sinal do Reino de Deus.

Segue sendo a hora, e quem sabe mais do que nunca, afirma Dom Pedro Casaldáliga, de comprometer-se profeticamente. Os quatro artigos partilhados revelam claramente que o profetismo assumido pela VRC passa pelos pobres, crianças, jovens e povos originários em situação de vulnerabilidade. São, na realidade, um importante desafio e uma excelente oportunidade para ressignificar a Vida Religiosa Consagrada.

A Conferência dos Religiosos do Brasil foi fundada no dia 11 de fevereiro de 1954, no Rio de Janeiro/RJ, durante o Congresso Nacional dos Religiosos.

A CRB Nacional é uma organização religiosa de pleno direito canônico , tendo seu estatuto aprovado pela Sagrada Congregação dos Religiosos, através do Decreto nº 01561/55.

Fonte: CNBB

-------------------------------------------------------------------------------------.

Monumento de Nossa Senhora de Guadalupe é inaugurado no Santuário Nacional

Escrito por Letícia Dias

A partir desta terça-feira (08), o Santuário Nacional de Aparecida passa a contar com mais uma devoção mariana em seus espaços, além dos monumentos já existentes: o de Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.  Leia MaisSantuário terá mais um monumento mariano para oração e contemplação

A inauguração e bênção do monumento em homenagem à Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, marcou também o centenário de nascimento do Cardeal Dom Aloísio Lorscheider, que foi arcebispo de Aparecida e ex-presidente do CELAM. 

A inauguração contou com a presença de Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, que presidiu o momento, do Padre Eduardo Catalfo,C.Ss.R., Reitor do Santuário, do Padre Fábio Evaristo,C.Ss.R. administrador ecônomo do Santuário e do Irmão Alan Patrick Zuccherato, C.Ss.R.

Dom Orlando destacou em sua mensagem a importância de depositar confiança em Nossa Senhora.

“ Sou embaixador de Nossa Senhora. Ela dá essa confiança para as dificuldades do indígena, dizia para ele ‘não sou eu Tua Mãe?’ ‘Não estou eu aqui?’, palavras que a gente não pode esquecer nas dificuldades da vida.”, disse

Em entrevista ao A12, Irmão Alan falou sobre o significado do monumento para o Santuário.

“Nós estamos na Casa da Mãe, aqui é a capital mariana da fé. Então, ter esse monumento dedicado à Nossa Senhora de Guadalupe, a Padroeira, a Mãe da América Latina, é um compromisso que a gente quer ter de imitar essa fé de Maria. O Papa Francisco tem dito muito isso, observemos o estilo mariano na ação evangelizadora da Igreja. [...] Então, vamos confiar sempre na proteção materna de Nossa Senhora, porque Ela vai abençoar a igreja, vai abençoar a América Latina.”

O monumento da Virgem de Guadalupe está localizado junto ao Obelisco do CELAM, inaugurado em 2007 durante a Conferência de Aparecida. O local está próximo à Capela da Ressurreição e ao lado da rampa de acesso da saída da visita à imagem.

Fonte: A12.com

---------------------------------------------------.

Carreata homenageia Nossa Senhora pelas ruas de Aparecida

Atividade em homenagem a Nossa Senhora Aparecida faz parte da programação da Festa da Padroeira

Escrito por Redação A12

        A carreata, um dos momentos mais esperados da programação cultural da Festa da Padroeira em Aparecida (SP), foi realizada nesta terça-feira (8). 

A concentração dos motoristas foi às 15h30, na Tribuna Dom Aloísio Lorscheider, localizada no Pátio das Palmeiras. A saída ocorreu às 16h.

Motoristas e motociclistas foram convidados a prestar sua homenagem à Nossa Senhora, enfeitando seus veículos com bandeiras, balões e imagens da Padroeira.

Thairine Teixeira, analista de eventos do Santuário Nacional, explicou em entrevista ao A12 o que representa para o Santuário poder organizar a carreata.

“Para o Santuário Nacional é uma alegria poder levar a Mãe Aparecida pelas ruas da cidade como uma forma de abençoar todos os munícipes, todos os lojistas e todas as pessoas que contribuem com a Novena e Festa da Mãe Aparecida. Às vezes, as pessoas não conseguem vir participar por conta das suas atribuições pessoais e essa é uma forma do Santuário se fazer presente.”, disse

Com grande participação de carros, motos, triciclos e caminhonetes, a carreata sempre traz um clima de alegria à cidade, marcada por buzinaços e bandeiras tremulando, indicando que o grande dia festivo, 12 de outubro, está próximo. 

A procissão foi iniciada com um momento de oração conduzido pelos Missionários Redentoristas pedindo as bênçãos de Nossa Senhora para todos os motoristas.

Ir. João Batista de Viveiros, C.Ss.R. explicou que há momentos para todos na Novena e Festa da Padroeira e, por isso, não poderia ser diferente para os motoristas.

“Hoje é o dia de sair pelas ruas dizendo: mãe querida, eu te amo, eu te quero bem, eu sou devoto. Então é manifestar a devoção a Nossa Senhora. Todos nós precisamos da proteção materna de Nossa Senhora. Então, o motorista vem pedir, Mãe Aparecida, abençoe as minhas viagens, indo e vindo, guardai-me dos acidentes, dos perigos das estradas e outros males.”

O Irmão também afirmou que essa é uma ocasião para pedir benção, expressar gratidão e abençoar as ruas da cidade da Aparecida.

“Durante o ano inteiro, os aparecidenses acolhem Romeiros do Brasil e do mundo inteiro. Então a imagem percorre as ruas da cidade de Aparecida, abençoando, prestando também essa homenagem ao povo de Aparecida. É bonito isso, a Mãe de Jesus abençoando o povo que a acolhe e que acolhe os seus filhos e devotos.”

Ricardo Gomes, morador da cidade de Aparecida, expressou a sua alegria em poder participar do evento:

"É uma alegria muito grande! Todo ano venho nessa carreata maravilhosa para estar na presença da Mãe Aparecida, nossa Mãezinha do Céu. Para a gente é muito gratificante, renova todas as nossas forças para a gente poder seguir em frente mais uma vez."

Ao fim do percurso, os veículos retornaram ao Santuário Nacional, encerrando esse momento de fé e devoção à Mãe Aparecida.

Fonte: A12.com

----------------------------------------------.

39 padres do Regional Sul 3 participam do Seminário de Iniciação à Vida Cristã para Presbíteros 

Nos dias 02 e 03 deste mês de outubro, a Casa Dom Luciano, em Brasília, reúniu 250 padres de todo o Brasil no Seminário de Iniciação à Vida Cristã para Presbíteros. No encontro, o Regional Sul 3 soma o maior grupo de participantes, com  39 presbíteros. O encontro foi organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB.

A celebração de abertura foi presidida pelo arcebispo de Santa Maria, presidente do Regional Sul 3 e presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, dom Leomar Antônio Brustolin, que na sequência proferiu uma palestra na qual destacou os três elementos norteadores da reflexão sobre a atual evangelização: sinais dos tempos, conversão pastoral e missão.

Dom Leomar ressalta que as grandes preocupações e oportunidades que se tem para a evangelização, especificamente na Iniciação à Vida Cristã, são um sinal de grande esperança. Ele pontua também que já se sabe da preocupação que a CNBB tem, na prática, com relação à catequese, às crianças, aos jovens e adultos.

“Como transmitir a fé para eles? Como garantir um pertencimento e um vínculo com a comunidade? Como testemunhar Jesus Cristo para não falar sobre Jesus, mas de Jesus a partir do meu testemunho?”, indaga dom Leomar.

O Presidente da Comissão relata ainda que, no seminário, os padres se manifestaram muito atentos e interativos, procurando alargar as reflexões para que se possa encontrar caminhos.

“Estarmos juntos, rezarmos juntos e pensarmos juntos já é grande sinal de boa perspectiva. Hoje nós temos certeza de que algo novo precisa ser feito na evangelização e as novas diretrizes vão nessa direção. A Iniciação à Vida Cristã não pode ser vista de forma desconectada com as questões relativas às Diretrizes”, pontuou.

Participantes do Regional

No grupo de 39 presbíteros do Regional Sul 3 está o Pe. Joelmar de Souza, da Arquidiocese de Passo Fundo. Em entrevista ao Regional Sul 3, ele aponta que estes dias de formação foram de esperanças e novas luzes à sua missão de presbítero, especialmente para garantir a todos um verdadeiro encontro com Jesus Cristo:

Diante de um contexto tão conturbado em que vivemos, percebemos que não podemos dar como pressuposto que nós, presbitérios, sabemos anunciar Jesus Cristo a ponto de encantar aqueles que nos foram confiados, analisou.

Para o presbítero, é fundamental que cada padre tenha consciência da responsabilidade que lhe é confiada e que a Iniciação à Vida Cristã precisa sempre estar centralizada em Jesus Cristo:

Precisamos estar convictos , como padres, cooperadores dos bispos, de que nossa missão de ser educadores da fé, ministros da Palavra e santificadores do Povo, só será mais eficaz a partir da experiência de Jesus Cristo, advinda do processo de Iniciação à Vida Cristã, disse Pe. Joelmar.

O diácono Renan Paloschi Zanandrea, da diocese de Vacaria, também integra o grupo de representantes do Regional Sul 3 e destaca que o Seminário traz a oportunidade de preparar os participantes para caminhar em comunhão com a Igreja no Brasil, em torno da Iniciação à Vida Cristã.

“Esse encontro nos ajuda a caminhar junto com a Igreja no Brasil, e ao mesmo tempo nos faz pensar naquilo que nós podemos e devemos aplicar na nossa diocese. Estamos a muitos quilômetros de Brasília, num contexto muito diferente, mas é interessante notar essa beleza que nós encontramos no Brasil todo, e aqui esse contato presencial com os presbíteros, com aqueles que já estão à frente nas suas dioceses e paróquias, nos ajuda a enriquecer também o nosso trabalho. É uma grande satisfação estar aqui hoje e ao mesmo tempo compartilhar essas experiências e trilhar esse caminho em torno da iniciação à vida cristã”, finalizou.

ABC da Iniciação à Vida Cristã

Responsável pela conferência sobre o “ABC da Iniciação à Vida Cristã”, o assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, padre Wagner Carvalho, fez com que os participantes refletissem sobre terminologias e momentos celebrativos.

Dividida em três partes, o estudo se propôs, primeiro, a definir a natureza da iniciação e justificar o motivo para que a Igreja escolha como itinerário a formação do discípulo missionário. A segunda parte se concentrou na definição dos conceitos e, por último, destacou os desafios e oportunidades daquilo que está se falando na iniciação.

“A palestra tinha como objetivo também pensar em quais momentos o presbítero e a iniciação se tocam, para que não parta daquela iniciativa de dizer como eu devo fazer, mas antes entender esse fazer. E agora entendendo, eu posso fazer de modo consciente. A avaliação foi muito positiva, a participação deles e o interesse também nesse momento”, destacou o padre Wagner.

Querigma

Mariana Venâncio, também assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, proferiu no segundo dia de Seminário uma conferência sobre o “Querigma”, no qual destacou o seu significado, finalidade, pressupostos, decorrências e, ainda, como anunciá-lo.

“O anúncio querigmático é, na verdade, o centro da fé cristã, como o Diretório para a Catequese diz, vai ao âmago da fé cristã e ao anúncio de Jesus Cristo. Não o anúncio intelectualizado, mas a proposição do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Essa proposição tem por finalidade gerar a adesão a Jesus e o desejo por progredir no discipulado”, diz.

Marana salienta que aquele que acolhe o Querigma sente o amor do Pai, “sente-se envolvido por esse amor e sente então a necessidade de viver uma vida nova”. Por isso, segundo ela, abre-se a conversão e sente-se a necessidade da graça de Deus que se dá pelo Espírito Santo em comunidade.

“Refletimos hoje sobre esse anúncio querigmático e sobre o papel da comunidade cristã de assumir o anúncio querigmático e acompanhar aqueles que aderem a Jesus num caminho de aprofundamento do discipulado. Falamos muito também sobre a comunidade cristã e como ela se enriquece, cresce, tem futuro, a partir do anúncio querigmático, para que também os presbíteros, aqui participantes, consigam discernir o seu serviço específico nesse anúncio querigmático e como animar toda a comunidade a se envolver com essa missão”. finalizou.

Victória Holzbach | CNBB Sul 3 -  Com informações da CNBB

Fonte: CNBB Sul 3 

- -------------------------------------------------------------------------.

Nota de pesar: frei Clemente Dotti, frade capuchinho

Como Igreja Diocesana de Caxias do Sul, nos unimos espiritualmente à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos elevando nossas preces ao Onipotente e Bom Senhor, para que receba em sua glória este nosso irmão

Dom José Gislon, OFMCap

 Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, bispo diocesano de Caxias do Sul

NOTA DE PESAR

A Diocese de Caxias do Sul, em sinal de solidariedade com a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos da Província Sagrado Coração de Jesus, e com a Família Dotti, manifesta seu pesar pelo falecimento do Rev.mo Frei Clemente Dotti, aos 88 anos, ocorrido na tarde desta terça-feira, 08 de outubro de 2024.

Frei Clemente Dotti tinha 70 anos de profissão religiosa na Ordem dos Capuchinhos e 63 anos de vida sacerdotal. Natural de Antônio Prado, filho de Virgílio Dotti e Ignês Frison, ingressou no seminário de Veranópolis em 1947, vestiu o hábito capuchinho e fez o noviciado em 1953, professando os votos na Ordem em 27.01.1954. Foi ordenado presbítero em 1961, em Ipê, por Dom Augusto Petró, bispo de Vacaria. Atuou na pastoral paroquial em Belém Novo, Porto Alegre (1962 a 1967), e em Ijuí (1968 a 1974). Em Caxias do Sul, entre 1975 e 2012, foi diretor administrativo da Editora São Miguel, Livraria São Miguel, Jornal de Caxias e Correio Riograndense, além de superintendente da Rádio São Francisco AM/FM (por quase 30 anos) e diretor da Associação Antoniana, de 1997 a 2015.

Como Igreja Diocesana de Caxias do Sul, nos unimos espiritualmente à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos elevando nossas preces ao Onipotente e Bom Senhor, para que receba em sua glória este nosso irmão, que buscou viver o carisma de São Francisco e de Santa Clara, e lhe conceda no seu Reino eterno a perfeita alegria.

Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno. Descanse em paz. Amém.

Dom José Gislon, OFMCap.

 Bispo Diocesano de Caxias do Sul

Fonte: Dioceses de Caxias do Sul

---------------------------------------------------------------------------.

“Não ter medo de nada”: encontro do Papa Francisco com jesuítas na Bélgica

Na tarde de sábado, 28 de setembro, o Papa Francisco se encontrou, no Collège Saint-Michel em Bruxelas, com cerca de 150 jesuítas, residentes na Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Respondendo, com sua habitual espontaneidade e franqueza, às perguntas que lhe foram feitas, o Papa abordou vários temas, incluindo secularização, inculturação, o lugar das mulheres na Igreja, o Sínodo, discernimento e migração.

Antonio Spadaro S.I.

Na tarde de sábado, 28 de setembro, o Papa Francisco deixou o campus da Université Catholique de Louvain para chegar, por volta das 18h15, ao Collège Saint-Michel, uma escola católica administrada pela Companhia de Jesus, localizada em Etterbeek, Bruxelas. Lá ele se reuniu com cerca de 150 jesuítas da Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Com eles estavam o provincial da Província da Europa Ocidental de língua francesa, padre Thierry Dobbelstein, e o superior da Região Independente da Holanda, padre Marc Desmet. O cardeal jesuíta Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, também estava presente. O Papa começou:

Boa noite a todos! Já estive aqui neste lugar duas vezes e é bom estar de volta. Devo lhes dizer a verdade: uma vez cometi um furto aqui. Eu estava indo celebrar a missa e vi um pacote de papéis que me deixou intrigado. Eram apostilas de aulas sobre o livro de Jó. Naquele ano, na Argentina, eu deveria dar aulas sobre Jó. Folheei as páginas e elas me chamaram a atenção. No final, peguei aquelas anotações!

Papa Francisco, estamos muito felizes que o senhor esteja aqui na Bélgica. O senhor é muito, muito bem-vindo. Faremos algumas perguntas, que esperamos sejam interessantes e inteligentes. Temos aqui o provincial da Província da Europa Ocidental de língua francesa e o superior da região independente dos Países Baixos. Esta terra é uma verdadeira encruzilhada, e os jesuítas daqui também são muito diversificados: alguns vêm da Conferência dos Provinciais Jesuítas Europeus, depois há os que falam francês e os que falam flamengo. O senhor sabe que, quando visita uma comunidade jesuíta, nunca se depara com fotocópias! Aqui não temos nada disso. E também falamos idiomas diferentes. Em 13 de março de 2013, teve início uma bela aventura de esperança e renovação na Igreja. Queremos que seja um momento informal e de convívio. Na Holanda, temos uma palavra típica para isso: “gezellig”. Ela é difícil de traduzir: pode ser traduzida como “convívio”, “atmosfera aconchegante” ou até mesmo “bom humor”, dependendo do contexto. Aqui: é a palavra certa para nós neste momento. E é por isso que queremos cantar juntos a música “En todo amar y servir”.

Padre Desmet pega seu violão e entoa a música. O Papa também pronuncia, em voz baixa, as palavras, que ele conhece bem. Em seguida, começam as perguntas.

Santo Padre, qual é a missão específica dos jesuítas na Bélgica?

Olhe, não conheço muito bem sua situação, portanto não posso dizer qual deve ser sua missão nesse contexto específico. Mas posso lhe dizer uma coisa: o jesuíta não deve ter medo de nada. Ele é um homem em tensão entre duas formas de coragem: coragem para buscar Deus em oração e coragem para ir até as fronteiras. Isso é realmente “contemplatividade” em ação. Acho que essa é realmente a principal missão dos jesuítas: mergulhar nos problemas do mundo e lutar com Deus na oração. Há uma bela alocução de São Paulo VI aos jesuítas no início da Congregação Geral XXXII: na encruzilhada de situações complexas há sempre um jesuíta, disse ele. Essa alocução é uma obra-prima e diz claramente o que a Igreja quer da Companhia. Peço a vocês que leiam esse texto. Lá vocês encontrarão sua missão[1].

Moro em Amsterdã, uma das cidades mais secularizadas do mundo. O padre Geral Adolfo Nicolás disse certa vez que sonhava em dar os Exercícios Espirituais aos ateus. Em nosso país, o ateísmo é a norma e não a exceção. Mas queremos dar a riqueza de nossa vida espiritual a todos os nossos vizinhos, realmente a todos, como o senhor diz: “Todos, todos”. Como podemos chegar a esse nível profundo de inculturação?

Encontramos o limite da inculturação estudando os primórdios da Sociedade. Seus mestres são o padre Matteo Ricci, o padre Roberto De Nobili e os outros grandes missionários que também assustaram alguns na Igreja com sua ação corajosa. Esses nossos mestres traçaram o limite da inculturação. A inculturação da fé e a evangelização da cultura sempre andam juntas. Então, qual é o limite? Não existe um limite fixo! É preciso procurá-lo no discernimento. E ele é discernido por meio da oração. Fico impressionado, e sempre repito: em seu último discurso, o padre Arrupe disse para trabalharmos nas fronteiras e, ao mesmo tempo, nunca nos esquecermos da oração. E a oração jesuíta é desenvolvida em situações limítrofes e difíceis. Essa é a coisa mais bonita de nossa espiritualidade: correr riscos.

Na Europa Ocidental, estamos familiarizados com a secularização. Nossas sociedades parecem distantes de Deus. O que deve ser feito?

A secularização é um fenômeno complexo. Percebo que às vezes temos de confrontar formas de paganismo. Não precisamos de uma estátua de um deus pagão para falar de paganismo: o próprio ambiente, o ar que respiramos é um deus pagão gasoso! E devemos pregar a essa cultura com testemunho, serviço e fé. E, de dentro de nós, devemos fazer isso com oração. Não há necessidade de pensar em coisas muito sofisticadas. Pense em São Paulo em Atenas: foi ruim para ele, porque ele seguiu um caminho que não era o seu naquele momento. É assim que vejo as coisas. Devemos estar abertos, dialogar e, no diálogo, ajudar com simplicidade. E o que torna o diálogo frutífero é o serviço. Infelizmente, muitas vezes encontro um forte clericalismo na Igreja, o que impede esse diálogo frutífero. E, acima de tudo, onde há clericalismo não há serviço. E, pelo amor de Deus, nunca confundam evangelização com proselitismo!

Faz parte da espiritualidade e da teologia dos jesuítas dar espaço ao coração: o Verbo se fez carne! Mas muitas vezes, infelizmente, não damos o espaço certo ao coração. Essa carência, em minha opinião, é uma das coisas que produzem formas de abuso. E então eu gostaria de lhe fazer uma pergunta sobre a dificuldade de dar às mulheres um lugar mais justo e adequado na Igreja.

Costumo repetir que a Igreja é mulher. Vejo as mulheres no caminho dos carismas, e não quero limitar o discurso do papel da mulher na Igreja ao tema do ministério. Então, em geral, o machismo e o feminismo são lógicas de “mercado”. Neste momento, estou tentando cada vez mais de fazer entrar as mulheres no Vaticano com funções de responsabilidade cada vez maior. E as coisas estão mudando: você pode ver e sentir isso. O vice-governador do Estado é uma mulher. Depois, o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral também tem uma mulher como vice. Na “equipe” para a nomeação de bispos, há três mulheres e, como elas estão lá para selecionar os candidatos, as coisas estão muito melhores: elas são incisivas em seus julgamentos. No Dicastério para os Religiosos, a representante é uma mulher. O representante do Dicastério para a Economia é uma mulher. Em resumo, as mulheres estão entrando no Vaticano com funções de alta responsabilidade: continuaremos nesse caminho. As coisas estão funcionando melhor do que antes. Certa vez, encontrei-me com a Presidente Ursula von der Leyen. Estávamos conversando sobre um problema específico, e eu lhe perguntei: “mas como a senhora administra esse tipo de problema? Ela respondeu: “da mesma forma que todas nós, mães, fazemos”. Sua resposta me fez pensar muito....

Em nossa sociedade secularizada, é difícil encontrar ministros. Como o senhor vê o futuro das comunidades paroquiais sem padres?

A comunidade é mais importante do que o padre. O padre é um servo da comunidade. Em algumas situações que conheço em várias partes do mundo, as pessoas estão procurando dentro da comunidade alguém que possa desempenhar um papel de liderança. Mas, por exemplo, há também religiosas que assumem esse compromisso. Estou pensando em uma congregação peruana de freiras que têm sua própria missão específica: ir às situações em que não há sacerdote. Elas fazem tudo: pregam, batizam... Se no final um padre é enviado, elas vão para outro lugar.

É o 600º aniversário da Universidade de Louvain. Há alguns jesuítas trabalhando lá e há estudantes jesuítas de todo o mundo estudando lá. Qual é a sua mensagem para os jovens jesuítas que estão destinados ao apostolado intelectual a serviço da Igreja e do mundo?

O apostolado intelectual é importante e faz parte de nossa vocação como jesuítas estarmos presentes no mundo acadêmico, na pesquisa e também na comunicação. Que fique claro: quando as Congregações Gerais da Companhia de Jesus dizem para nos inserirmos nas pessoas e na história, isso não significa “brincar o carnaval”, mas nos inserirmos até mesmo nos contextos mais institucionais, eu diria, com certa “rigidez”, no bom sentido da palavra. Não se deve buscar sempre a informalidade. Obrigado por essa pergunta, pois sei que às vezes há a tentação de não seguir esse caminho. Um campo de reflexão muito importante é o da teologia moral. Hoje, nesse campo, há muitos jesuítas estudando, abrindo caminhos de interpretação e colocando novos desafios. Não é fácil, eu sei. Mas peço aos jesuítas que sigam em frente. Estou acompanhando um grupo de jesuítas morais e vejo que eles estão indo muito bem. E depois recomendo publicações! As revistas são muito importantes: aquelas como Stimmen der Zeit, La Civiltà Cattolica, Nouvelle Revue Théologique...

Gostaria de saber em que estágio se encontra o processo de canonização de Henri De Lubac e Pedro Arrupe.

A causa de Arrupe está aberta. O problema é a revisão de seus escritos: ele escreveu muito, e a análise de seus textos leva tempo. De Lubac é um grande jesuíta! Eu o leio com frequência. Não sei, entretanto, se seu caso foi apresentado. Aproveito a oportunidade para dizer que a causa do Rei Balduíno será apresentada, e eu o fiz diretamente, porque me parece que estamos caminhando nessa direção aqui.

Eu lhe faço minha pergunta no idioma de Mafalda. O senhor tem uma agenda muito intensa: assim que sua visita à Bélgica terminar, o Sínodo começará. O senhor presidirá uma celebração de reconciliação no início. Assim, o senhor animará a Igreja e sua missão de reconciliação em nosso mundo conturbado, como São Paulo pede aos coríntios. Mas a própria comunidade da igreja pede para ser reconciliada dentro de si mesma a fim de ser uma embaixadora da reconciliação no mundo. Nós mesmos precisamos de relações sinodais, discernimento reconciliatório. Que medidas devemos tomar?

A sinodalidade é muito importante. Ela precisa ser construída não de cima para baixo, mas de baixo para cima. A sinodalidade não é fácil, não, e às vezes é porque há figuras de autoridade que não permitem o diálogo. Um pároco pode tomar decisões sozinho, mas pode tomá-las com seu conselho. Um bispo também pode, assim como o Papa. É realmente importante entender o que é sinodalidade. Paulo VI, após o Concílio, criou a Secretaria do Sínodo para os bispos. Os orientais não perderam a sinodalidade, nós é que a perdemos. Portanto, por instigação de Paulo VI, fomos até o 50º aniversário que celebramos. E agora chegamos ao Sínodo sobre a sinodalidade, onde as coisas serão esclarecidas precisamente pelo método sinodal. A sinodalidade na Igreja é uma graça! A autoridade é exercida na sinodalidade. A reconciliação passa pela sinodalidade e por seu método. E, por outro lado, não podemos realmente ser uma Igreja sinodal sem reconciliação.

Estou envolvido com o Serviço Jesuíta aos Refugiados. Estamos acompanhando duas fortes tensões. A primeira é a guerra na Ucrânia. Nossos jovens me deram para lhe entregar uma carta e uma imagem de São Jorge. A outra tensão está no Mediterrâneo, onde vemos muitos políticos falando sobre fronteiras, sobre segurança. Que conselho o senhor quer dar ao Serviço Jesuíta para os Refugiados e à Companhia?

O problema da migração deve ser abordado e bem estudado, e essa é a tarefa de vocês. O migrante deve ser recebido, acompanhado, promovido e integrado. Nenhuma dessas quatro ações deve faltar, caso contrário, trata-se de um problema sério. Um migrante que não é integrado acaba mal, assim como a sociedade em que ele se encontra. Pense, por exemplo, no que aconteceu em Zaventem, aqui na Bélgica: essa tragédia também é resultado da falta de integração. E é isso que a Bíblia diz: devemos cuidar da viúva, do pobre e do estrangeiro. A Igreja deve levar a sério seu trabalho com os migrantes. Conheço o trabalho da Open Arms, por exemplo. Em 2013, fui a Lampedusa para chamar a atenção ao drama da migração. Mas gostaria de acrescentar algo que está próximo do meu coração e que repito com frequência: a Europa não tem mais filhos, está envelhecendo. Ela precisa de migrantes para renovar sua vida. Tornou-se uma questão de sobrevivência.

Santo Padre, quais são suas primeiras impressões sobre sua viagem à Bélgica e Luxemburgo?

Estive em Luxemburgo somente um dia e, obviamente, não se pode entender um país em um dia! Mas foi uma boa experiência para mim. Eu já havia estado na Bélgica antes, como lhe disse. Mas, ao final deste encontro, peço-lhes, por favor, que não percam a força evangelizadora neste país. Por trás da longa história cristã, hoje pode haver uma certa atmosfera “pagã”, digamos assim. Não quero ser mal interpretado, mas o risco hoje é que a cultura aqui seja um pouco pagã. Sua força está nas pequenas comunidades católicas, que não são de forma alguma fracas: eu as vejo como missionárias, e elas precisam ser ajudadas.

O Papa deixou a sala do encontro após uma hora de conversa. Antes de sair, ele recitou uma “Ave Maria” com todos e depois deu sua bênção. No final, ele tirou uma foto com o grupo. Em seguida, no mesmo andar da sala do encontro, ele visitou a prestigiosa biblioteca da Sociedade dos Bollandistas, cuja missão é pesquisar, publicar em seu estado original e comentar todos os documentos referentes à vida e ao culto dos santos. Concebida em 1607 pelo jesuíta Héribert Rosweyde (1569-1629) e fundada em Antuérpia pelo padre Jean Bolland (1596-1665), ela é mantida até hoje por alguns jesuítas belgas. Francisco deu sua bênção e escreveu as seguintes palavras no livro de honra: “Que o Senhor continue a acompanhá-los na tarefa de tornar conhecida a história da Igreja e de seus santos. Com minha bênção. Fraternalmente, Francisco”.

[1] Questo testo si può trovare in www.vatican.va/content/paul-vi/it/speeches/1974/documents/hf_p-vi_spe_19741203_esortazione-compagnia-gesu.html

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

Os Papas e as famílias, o giro do mundo em 30 anos de encontros internacionais

Trinta anos do primeiro Encontro Mundial das Famílias: mini-documentário para reviver a alegria dos encontros com os últimos três Pontífices. 

Vatican News

No dia 8 de outubro de 1994, São João Paulo II convocou as famílias de todo o mundo para Roma, para celebrar o primeiro Encontro Mundial das Famílias.

Passados trinta anos desse evento, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida comemora este importante aniversário relembrando a história dos 10 Encontros Mundiais com São João Paulo II, Bento XVI e Francisco, através de um mini-documentário de 10 minutos, produzido em colaboração com o Vatican Media e o Vatican News.

Temas-chave para a família

As palavras dos papas se entrelaçam com a história desses trinta anos, conduzida pela voz do Cardeal Kevin J. Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. As palavras são acompanhadas por imagens poderosas e evocativas das famílias que protagonizaram cada Encontro nos diversos países do mundo: todas elas puderam receber o abraço dos papas, sentir a proximidade de São João Paulo II, de Bento XVI e do Papa Francisco, e foram incentivadas a viver a missão da família na sociedade e na Igreja.

O mini-documentário apresenta-se como uma valiosa ferramenta pastoral, ideal para se mostrar em eventos, encontros com famílias e seminários de pastoral familiar. Pode ser usada nos percursos de preparação para o casamento, na catequese para casais, ou até mesmo nas catequeses para crianças, ajudando a retraçar a “história de amor” que a Igreja tem com a família e a mostrar a alegria de participar da missão da Igreja. Muitas famílias, com sua beleza, com as suas feridas e dores, puderam experimentar e partilhar, precisamente nos Encontros Mundiais, a alegria de ter Cristo no centro de suas vidas.

O mini-documentário será acompanhado por dez vídeos de um minuto, um para cada Encontro Mundial das Famílias, nos quais, à força das imagens, vem somar-se a profundidade das reflexões dos Pontífices sobre temas específicos, cada um sintetizado com uma palavra: luz, dom, filhos, caminho, fé, valores, sonho, domingo, alegria, missão. Esses breves vídeos serão divulgados nas redes sociais de Vatican News e  Dicastério, enquanto todos os vídeos estarão disponíveis no canal oficial do YouTube.

Compartilhar e divulgar em preparação para 2028

O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida convida a todos a compartilhar e divulgar esta ferramenta pastoral para as famílias, a se deixar questionar pelas palavras dos pontífices e a reviver a emoção de um encontro eclesial que sempre representa um momento de profunda consciência cristã e de comunhão. É também uma forma de nos prepararmos para o próximo Encontro Mundial das Famílias, convocado pelo Papa Francisco para 2028.

***

Desde o Encontro em Roma, em 1994, até o pós-pandemia de 2022, também em Roma, foram dez os encontros internacionais em que os Pontífices convocaram as famílias para refletir e celebrar juntas. Do Brasil às Filipinas, passando pela Espanha, Irlanda, México e Estados Unidos.

Em 2022, após a pandemia, o Papa Francisco transformou o evento num encontro multicêntrico e difuso, celebrado em todas as dioceses do mundo, permitindo que famílias que não podiam viajar vivessem esses momentos de reflexão e alegria nas suas igrejas locais.

O próximo Encontro Mundial das Famílias será realizado em 2028.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Assembleia Sinodal: “Todos se reconhecem, ninguém quer impor sua visão”

Na coletiva de imprensa desta terça-feira, os futuros cardeais Dom Jaime Spengler (Brasil), Dom Tarcisio Kikuchi (Japão) e Dom Ignace Bessi Dogbo (Costa do Marfim) destacaram o espírito de comunhão vivido na Assembleia Sinodal. Ressaltaram que as discussões foram marcadas pelo respeito mútuo, sem imposições de ideias, e enfatizaram a importância de fortalecer os relacionamentos fraternos enraizados no batismo.

Padre Modino - Vaticano

Três dos futuros cardeais, que serão criados no próximo dia 8 de dezembro e foram anunciados no último domingo pelo Papa Francisco durante o Angelus, estiveram presentes no dia 8 de outubro na Sala de Imprensa do Vaticano. Foram eles: o arcebispo de Porto Alegre (Brasil), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), Dom Jaime Spengler; o arcebispo de Tóquio (Japão), Dom Tarcisio Isao Kikuchi; e o arcebispo de Abidjan (Costa do Marfim), Dom Ignace Bessi Dogbo.

62.000 euros enviados para Gaza

Paolo Ruffini, ao relatar o que aconteceu na Sala do Sínodo, informou que foram arrecadados 32.000 euros, doados pelos participantes da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, em favor da paróquia de Gaza. A Assembleia está sendo realizada na Sala Paulo VI, de 2 a 27 de outubro. Além disso, outros 30.000 euros foram doados pela Esmolaria Apostólica. No total, 62.000 euros já estão à disposição da paróquia, o que foi agradecido em um vídeo exibido na Sala do Sínodo e posteriormente para os jornalistas. No vídeo, o pároco e os jovens agradeceram ao Papa e aos participantes do Sínodo pela ajuda.

Comissão para a elaboração do Documento Final

Sete dos 14 membros da comissão para a elaboração do Documento Final da Assembleia foram eleitos, um para cada região em que o processo sinodal foi dividido. São eles: o Cardeal Ambongo, pela África; o Cardeal Rueda, pela América Latina e o Caribe; Catherine Clifford, pela América do Norte; o Padre Clarence Sandanaraj Davessan, pela Ásia; o Cardeal Aveline, pela Europa; Dom Mounir Khairallah, pelas Igrejas Orientais; e Dom Mackinlay, pela Oceania. A estes se somam os membros natos, os Cardeais Hollerich e Grech, e os Padres Riccardo Battochio e Giacomo Costa, além de três nomeados pelo Papa: o Padre Giuseppe Bonfrate, o Cardeal Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão e a Irmã Leticia Salazar.

Mesas linguísticas e intervenções livres

Seguiu-se o relatório das mesas linguísticas, uma novidade desta Segunda Sessão, que destacou o que foi discutido nos círculos menores. Foram abordados temas como a Iniciação à Vida Cristã, a necessária conversão sinodal, a conversão nas relações entre carismas e ministérios, a necessidade de evitar o narcisismo clerical, o papel importante da Vida Religiosa e a instituição do ministério da escuta. Além disso, foi ressaltada a importância da missão e dos contextos culturais.

Entre as intervenções livres, como relatou Sheila Pires, destacou-se a relevância da conversão relacional e da cura das feridas dos escândalos na Igreja, começando pelo abuso, sublinhando a importância da confiança para o fortalecimento do caminho sinodal. Foi também salientada a teologia do Povo de Deus, a caridade, o amor pelos pobres e o valor da Eucaristia. Além disso, foi abordada a Iniciação Cristã em um mundo secularizado e o papel da profecia, algo que envolve toda a comunidade. Mais uma vez, a assembleia foi desafiada a discutir o papel das mulheres na Igreja e um maior compromisso no acompanhamento dos recém-batizados. Por fim, foi enfatizada a necessidade de uma linguagem compreensível para todos nos documentos da Igreja e do próprio Sínodo.

Boa atmosfera na sala sinodal

Quanto à atmosfera desta Segunda Sessão, Mons. Dogbo enfatizou a importância dos relacionamentos, enraizados no batismo, que nos identifica com Cristo e nos permite estabelecer relações fraternas. “O Sínodo nos permite viver essas relações com intensidade, e estamos experimentando uma boa atmosfera”, destacou o arcebispo de Abidjan, sublinhando que nas mesas “todos se reconhecem, ninguém quer impor sua visão”, o que definiu como uma atmosfera eclesial. “Cada um reconhece no outro a presença de Cristo, e essa é a base do processo sinodal que estamos vivendo”, em uma Igreja onde cada um tem seu lugar, vivendo a comunhão em vista da missão, algo que ele pediu para levar às dioceses e paróquias.

Necessidade de entender a sinodalidade

O arcebispo de Tóquio falou sobre o tempo entre as duas sessões no Japão, um período utilizado para “lançar as bases da sinodalidade”, insistindo na necessidade de entender o que é a sinodalidade como fundamento sobre o qual construir, algo que não pode ser feito às pressas. Nesse sentido, Dom Kikuchi compartilhou o que ocorreu na assembleia realizada no Japão, com a presença de representantes das 15 dioceses japonesas, praticando a conversação no Espírito, algo que ele considera essencial para construir as bases de compreensão de uma Igreja sinodal.

Nunca dizer não à Igreja

Por sua vez, Dom Jaime Spengler comentou sobre a surpresa com a notícia do último domingo. Ele disse que estava em seu quarto lendo um livro do Cardeal Martini quando começou a receber mensagens de felicitações. O presidente da CNBB afirmou que não esperava essa nomeação, lembrando que o Brasil conta hoje com seis cardeais. O presidente do CELAM expressou sua disposição em servir da melhor maneira possível. Nesse sentido, afirmou que, ao ingressar na Ordem Franciscana, assumiu algo que tem norteado sua vida: “nunca dizer não ao que a Igreja me pede”, promessa mantida ao longo de sua vida. Ele disse que, em alguns momentos, isso foi muito difícil, chegando a fazê-lo chorar, mas com o passar do tempo, a promessa mostrou-se saudável. Dom Jaime agradeceu ao Papa Francisco pela confiança depositada nele e declarou que espera poder colaborar com o Povo de Deus e com a Igreja neste momento complicado da história que estamos vivendo, que exige respostas adequadas.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

Reina, novo vigário de Roma: continuarei a servir esta bonita, mas não fácil cidade

O cardeal eleito, entre aqueles que receberão a púrpura no Consistório de 8 de dezembro, comenta o anúncio no Angelus do último domingo (06/10): “fui pego de surpresa pelo Papa. Desejo encontrar todos e me colocar à disposição de todos para anunciar o Evangelho da misericórdia”.

Vatican News

“A notícia me pegou de surpresa. Meu desejo é continuar a servir esta Igreja e a servir todas as pessoas que vivem nela, as paróquias, os sacerdotes. Tentarei me colocar à disposição de todos para proclamar o Evangelho da misericórdia, para ser a imagem do Bom Pastor para todos”. O cardeal eleito Baldassare Reina, vigário do Papa para a diocese de Roma desde domingo, 6 de outubro, está sorrindo em um vídeo enviado à mídia do Vaticano após o anúncio do Papa Francisco no Angelus dos 21 novos cardeais que ele criará no Consistório de 8 de dezembro. “Sei que uma missão nada fácil me espera, porque nossa cidade é bonita, mas extremamente complexa”, diz o futuro cardeal nas imagens. Roma “infelizmente é marcada por tantos inconvenientes, tantas dificuldades. Não tenho a pretensão de dar uma resposta a todos, mas gostaria de ser para todos um sinal de que o amor de Deus é visível, se faz presente, e o faz também através de nós, pobres pastores”.

Agradecimentos ao Papa pela confiança

Reina agradece ao Papa “por sua confiança” e também “a todos aqueles que nesta diocese, em silêncio, nos bastidores, fazem tanto para que o Evangelho chegue a todos. Aqui, eu quero conhecê-los. É isso que sinto em lhes dizer neste momento, juntamente com o pedido de muitas orações pela minha vida, pela minha pobre vida, porque estou consciente de tantas limitações que me pertencem e, portanto, só posso confiar na misericórdia de Deus e nas suas orações”.

Carta ao Povo de Deus

Já pela manhã, em uma Carta ao Povo de Deus, Reina expressou suas “emoções mistas” sobre a nova missão que lhe foi confiada pelo Papa: “estou ciente de que, além dos limites e pecados de cada um, a graça nos inunda com todos os dons que Deus concede em nossas vidas, e assim Ele quis fazer também com a minha vida e, por meio da minha pequena, com a Sua santa Igreja. É assim que me sinto neste momento, consciente de que recebi misericórdia”. “Ao chegar a Roma, há pouco mais de dois anos”, escreve o prelado na carta, ”comecei imediatamente a amar esta Igreja que eu ainda conhecia muito pouco, mas pela qual me senti acolhido além de todas as expectativas. Tentei servi-la da melhor maneira possível, sentindo-me extasiado com tanta beleza e tanto potencial para o bem que experimentei, juntamente com as dificuldades que acompanham todos nós, seres humanos”.

Junto a padres e diáconos

Daí, mais uma vez, sua gratidão ao Papa pela “confiança” que lhe foi demonstrada nesses anos: “sua dedicação à Igreja universal e a profecia que ele nos deu nesses anos de Pontificado me impelem a trabalhar por uma Igreja transparente e pobre, capaz de liberar e espalhar o perfume do Evangelho”. Por fim, um agradecimento também ao seu antecessor, o cardeal Angelo De Donatis, “que com bondade e atenção me acolheu em seu tempo no Conselho Episcopal”, e aos muitos sacerdotes e diáconos “pelo serviço generoso e humilde que realizam, por sua presença constante e pelo amor que demonstram à nossa Diocese”. “Uma importante missão nos espera, em um tempo complexo, que deve ser enfrentado construindo laços de fraternidade e comunhão todos os dias. Temos a graça de servir a uma diocese extraordinária, banhada pelo sangue dos mártires e fecundada pelo testemunho alegre de tantos santos. Que o Senhor nos ajude a fazer bom uso dos muitos carismas que recebemos para o bem comum”.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Acerbi: minha nomeação como cardeal é de reconhecimento aos diplomatas

Entre os futuros 21 cardeais anunciados pelo Papa para o Consistório de 8 de dezembro está o núncio de 99 anos, o arcebispo Angelo Acerbi: “sou muito idoso, apoiarei o Papa com minhas orações”.

Pe. Paweł Rytel-Andrianik - Vatican News

“Acredito que o Papa quis dar um sinal de apreço e reconhecimento pelo serviço que tantos antigos e novos núncios e a equipe das Nunciaturas estão realizando no mundo”. O arcebispo Angelo Acerbi comentou dessa forma à mídia vaticana sobre a nomeação como cardeal que ele soube no domingo, 6 de outubro, pelo Papa Francisco no Angelus.

O decano dos núncios apostólicos a define como “uma nomeação bastante inesperada, também por causa da minha idade, que é muito avançada”, mas diz que a recebeu “com muita gratidão e reconhecimento e também com um pouco de medo, porque é sempre uma grande novidade para todos, mas especialmente para os idosos”.

Apoiarei o Papa com a oração

O futuro cardeal destaca que dois dos que foram secretários da Nunciatura, onde ele foi núncio, já receberam a púrpura do Papa Francisco. São eles: Mario Zenari, núncio apostólico na Síria, e Christoph Pierre, núncio nos Estados Unidos. Acerbi explica que ficou sabendo de sua nomeação enquanto ouvia o Papa após a oração do Angelus. E diz que recebeu muitas felicitações e que agora apoiará o Papa “sobretudo com a oração, porque não vejo outra maneira de fazê-lo, dada a minha idade avançada”.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Chomali: ser cardeal é uma grande responsabilidade na tarefa de evangelização

O arcebispo de Santiago do Chile, eleito pelo Papa Francisco neste domingo (06/10) para fazer parte do Colégio de Cardeais, que receberá o cardinalato em 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, comenta sobre sua nomeação: “estou muito entusiasmado com a responsabilidade e espero ser uma contribuição para a Igreja chilena. Rezem por mim e eu rezarei por vocês, como sempre fiz”.

Vatican News

“Estou muito animado com a responsabilidade e espero assumir o compromisso de trabalhar pela evangelização, por uma sociedade onde Deus esteja presente e onde eu possa ser um servo melhor. Espero contribuir para a sociedade, não só no Chile, mas no mundo, como parte do Colégio de Cardeais”, com essas palavras dom Fernando Natalio Chomali Garib, arcebispo de Santiago do Chile, descreveu a emoção ao ouvir a notícia de que o Papa Francisco o elegeu como cardeal da Igreja Católica, neste domingo, 6 de outubro, após rezar a oração mariana do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Rezem por mim e eu rezarei por vocês

A criação de 21 novos cardeais ocorrerá em 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, conforme anunciou o Papa Francisco neste domingo, da janela do Palácio Apostólico. A esse respeito, o cardeal eleito disse que foi uma enorme emoção ouvir a notícia de sua nomeação e se confiou às orações do povo de Deus.

“O Santo Padre me nomeou cardeal. Estou muito entusiasmado com a responsabilidade e espero contribuir com a Igreja chilena. Rezem por mim e eu rezarei por vocês como sempre rezei. Meu Deus, venha em meu auxílio!”

Ação de graças com a comunidade de São Luís Gonzaga

Na manhã de domingo, 6 de outubro, o cardeal eleito realizou uma ação de graças com a comunidade da paróquia de São Luís Gonzaga, no município de Macul, onde presidiu a Santa Missa e celebrou sua nomeação. No início da homilia, dom Chomali contou como ficou sabendo do anúncio do Santo Padre.

“Às 7h32, um jornalista espanhol que estava ouvindo o Angelus me ligou para dizer que tinha ouvido falar que eu tinha sido nomeado cardeal, e comecei a receber muitas mensagens pelo WhatsApp: parabéns, aleluia, graças a Deus, bendito seja Deus, amém. Eu me senti muito amado."

A serviço da Igreja Universal

Dom Fernando Chomali também disse que essa nomeação é uma forma de se sentir ligado à Igreja universal, assumindo a tarefa para a qual o Papa Francisco o chama.

“Essa nomeação ao cardinalato é uma bela forma de nos sentirmos ligados ao Papa, à Igreja universal, que é bom para nós sabermos que não estamos sozinhos. Neste momento, em muitas partes do mundo, há pessoas como vocês celebrando uma liturgia ou uma missa, que é um momento de grande alegria. E é uma grande responsabilidade."

Somos chamados a ser nossa cultura de fé

O cardeal eleito, em mensagem, conclamou os católicos a se comprometerem mais, “a agirem de acordo com sua fé, em seu modo de ser e, acima de tudo, em sua preocupação com os mais pobres e com o bem comum”. O arcebispo de Santiago do Chile também afirmou que uma fé que não se torna uma cultura é uma fé morta.

“Somos chamados a ser a cultura de nossa fé. É a cultura da solidariedade, da fraternidade, que está faltando tanto no Chile, é a cultura da confiança e é a cultura que busca a justiça.”

Eu a aceito com grande humildade

Por fim, dom Chomali agradeceu todas as pessoas e comunidades que o cumprimentaram por esse anúncio e comentou que se tratava de um imenso presente para a Igreja Católica:

“O momento chegou e eu o aceito com grande humildade, porque, ao contrário do episcopado, o Santo Padre não pede, ele simplesmente nomeia você, então eu o aceito. Dei toda a minha vida à Igreja. É um serviço que presto à Igreja.” - Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Bispo de Kalookan será cardeal: a alegria dos pobres nas periferias das Filipinas

O presidente da Conferência episcopal, que o Papa Francisco anunciou entre os futuros cardeais, é bispo de Kalookan desde 2015, uma das realidades mais atingidas pelas execuções extrajudiciais de Duterte na luta contra as drogas. Uma voz corajosa em defesa dos mais fracos, ele criou 20 estações missionárias para uma Igreja mais próxima dos pobres. Décimo cardeal na história da Igreja filipina, o futuro purpurado se junta a Tagle e Advincula no grupo dos eleitores

Vatican News

A notícia da nomeação como cardeal de dom Pablo Virgilio David, bispo de Kalookan, uma das menores dioceses das Filipinas, foi recebida com grande alegria por leigos, padres e bispos. Conforme anunciado no domingo (06/10) após a oração mariana do Angelus, dom David - que tem 65 anos e é presidente da Conferência Episcopal das Filipinas desde 2021 - receberá a púrpura em 8 de dezembro, juntamente com outros 20 novos cardeais da Argentina, Brasil, Chile, Peru, Itália, Grã-Bretanha, Sérvia, Japão, Indonésia, Canadá, Costa do Marfim e Argélia.

Sacerdote desde 1983 pela Diocese de San Fernando, da qual também foi bispo auxiliar, e desde 2015 à frente da Diocese de Kalookan, na imensa área metropolitana de Manila, dom David é uma voz altamente respeitada na Igreja filipina, por sua posição corajosa contra a injustiça social, mas também é conhecido fora do país, ocupando o cargo de vice-presidente da Fabc, a Federação das Conferências Episcopais Asiáticas.

“Se os pobres não vêm à Igreja, a Igreja deve ir até os pobres”

Intrépido defensor dos direitos humanos, o “bispo Ambo” - como as pessoas o chamam carinhosamente - trabalhou incansavelmente com os pobres e marginalizados, principalmente ao enfrentar as questões urgentes de pobreza e desigualdade nas Filipinas. Sua liderança pastoral o tornou uma figura central na defesa da dignidade daqueles que são mais vulneráveis na sociedade.

Dom David encontra-se em Roma nestes dias para o Sínodo que está sendo realizado no Vaticano, e no sábado - poucas horas antes do anúncio do Papa - ele falou na coletiva com os jornalistas sobre a experiência missionária da Igreja filipina entre os migrantes que, dos centros rurais, estão lotando as periferias das cidades. “Se os pobres não vêm para a Igreja, a Igreja deve ir para os pobres”, comentou ele, contando sobre a criação de 20 estações missionárias em sua diocese que estão transformando a vida das paróquias. “É uma experiência pastoral maravilhosa”, comentou o futuro purpurado.

"Voz bem conhecida que fala pelos pobres e marginalizados"

Questionado sobre a nomeação de David como cardeal, o arcebispo de Capiz, dom Victor B. Bendico, disse que ele “é uma voz bem conhecida que fala pelos pobres e marginalizados”. Arlene Arungayan Donarber, leiga e membro da equipe da Radio Veritas Asia, descreveu-o como “um dos melhores influenciadores da Igreja filipina, um líder com um coração humilde, o que o torna uma inspiração para todos. Todos nós oramos por seu caminho pastoral e ministério”.

Agnes Brazal, teóloga e professora, comenta: “David é um bom teólogo e administrador, além de ser uma voz corajosa das vítimas de execuções extrajudiciais durante a guerra do ex-presidente Rodrigo Duterte contra as drogas”. De fato, Kalookan foi uma das áreas mais afetadas pela sangrenta campanha antidrogas do governo filipino. Naqueles anos, o bispo David usou corajosamente sua posição para se manifestar contra atos de violência, defendendo os direitos dos fracos e a santidade da vida. “Senhor, minha vida está em suas mãos”, repete o bispo David com frequência em sua oração, e essa é a atitude com a qual ele também está se preparando para iniciar esse novo serviço à Igreja universal. A partir de 8 de dezembro, ele se tornará o décimo cardeal na história da Igreja católica filipina, juntando-se a outros dois cardeais filipinos eleitores atualmente: o pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, Luis Antonio Tagle, e o arcebispo de Manila, Jose Advincula.

(com AsiaNews) - Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Futuro cardeal de Teerã: nas pegadas de São Francisco, “instrumento de paz"

Poucas horas antes do anúncio de sua elevação à púrpura cardinalícia, a agência AsiaNews ouviu, à margem do Sínodo, o arcebispo Mathieu. A nomeação mostra o “desejo incessante” do Papa de “tecer e fortalecer os laços com todos os povos”. O povo iraniano é “acolhedor” e a nação não se resume a “barbas e chadors como retratado, incorretamente, pela mídia no Ocidente”

Vatican News

 “Que esta escolha de ser um colaborador próximo do Santo Padre, em conformidade com Jesus Cristo, seja mais um sinal para a Igreja, o povo de Deus, do desejo incessante de tecer e fortalecer os laços com todos os povos, neste caso os iranianos em geral e seus líderes em particular”.

Foi o que ressaltou numa mensagem à agência AsiaNews dom Dominique Joseph Mathieu, arcebispo de Teerã-Ispahan, anunciado futuro cardeal no domingo (06/10) pelo Papa Francisco no final da recitação do Angelus, ao comunicar um consistório a ser realizado em 8 de dezembro, no qual criará 21 novos cardeais. Uma decisão, continuou o futuro purpurado, que representa “um testemunho de como Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes”.

Em obediência ao Papa, continuaremos a missão

 “Nas pegadas e no espírito de São Francisco de Assis, em obediência ao Papa, continuaremos a missão”, conclui a nota, “de ser na casa comum e para todos os irmãos um instrumento de paz, em atos e, se possível, em palavras”.

Dominique Joseph Mathieu, arcebispo de Teerã Ispahan, nasceu em 13 de junho de 1963 em Arlon, na Bélgica. Depois dos estudos de segundo grau, entrou na Ordem dos Frades Menores Conventuais e fez sua profissão solene em 1987. Ordenado sacerdote em 24 de setembro de 1989, está incardinado na Custódia Provincial do Oriente e da Terra Santa desde 2013.

Ao longo dos anos, ocupou vários cargos: promotor vocacional, secretário, vigário e ministro provincial da Província belga dos Frades Menores Conventuais, reitor do Santuário Nacional de Santo Antônio de Pádua, em Bruxelas, e diretor da respectiva Confraria. No Líbano, em 2013, na Custódia Provincial do Oriente e da Terra Santa, foi secretário custodial, formador, mestre de noviços e reitor dos postulantes e candidatos.

Elevação à púrpura cardinalícia, uma surpresa

Em 8 de janeiro de 2021, foi nomeado arcebispo de Teerã Ispahan, no Irã, enquanto a consagração foi celebrada no dia 16 de fevereiro seguinte, festa de São Maruta, padroeiro do Irã, na Basílica dos XII Apóstolos em Roma.

A decisão do Papa Francisco de elevar ao cardinalato o arcebispo latino de Teerã, à frente de uma comunidade pequena em números, mas rica em fé e parte da “periferia” do mundo, talvez seja um elemento de surpresa. No entanto, isso faz parte de uma linha pastoral de atenção e proximidade com as chamadas realidades à margem do mundo, conforme testemunhado também pela última viagem apostólica, no início de setembro, ao extremo oriente asiático e ao Pacífico.

No Irã, há cerca de alguns milhares de católicos (e pouco mais de 100.000 cristãos) em um total de quase 82 milhões de habitantes, a grande maioria dos quais são muçulmanos xiitas (90%, os sunitas são pouco mais de 5%). Entre as várias Igrejas, há caldeus, armênios e cristãos de rito latino, aos quais se juntam europeus e latino-americanos que trabalham na República Islâmica. De acordo com a Constituição iraniana (art. 13), os cristãos, zoroastristas e judeus são livres para praticar o culto “com respeito” às leis islâmicas. Os iranianos de etnia cristã (armênios e assírios) também têm representantes no Parlamento (Majlis).

Os cristãos no Irã, “ser fermento neste país”

A nomeação surpreendeu o próprio dom Mathieu, com quem a agência AsiaNews se encontrou em 5 de outubro à margem dos trabalhos do Sínodo no Vaticano, um dia antes do anúncio do Pontífice no Angelus, e que certamente não esperava fazer parte do Colégio cardinalício.

Apesar de ser uma realidade minoritária, minha presença no Irã “é importante para dizer: ‘estamos presentes’” e para viver “de forma transparente, sem esconder nada”, disse-nos o futuro purpurado. “O que eu tento comunicar aos nossos fiéis é que sejamos esse tipo de pessoas, que testemunhem o amor de Deus dessa maneira”. Os cristãos no Irã devem “estar presentes e dar testemunho”.

Em nível pastoral, o trabalho do futuro cardeal se concentra em “formar” os membros da comunidade “para que assumam as responsabilidades da Igreja”, mesmo que seja um caminho “que levará tempo”, mas que faz parte da missão de ser “fermento neste país”. Uma realidade caracterizada por grande “riqueza” em nível humano, social e espiritual em uma nação também marcada por dificuldades na prática do culto, mesmo que em nível nominal haja liberdade religiosa.

Nas pegadas de São Francisco

Além disso, há o problema das sanções internacionais e a intensificação dos ventos de guerra que ameaçam o Oriente Médio, com a perspectiva de um conflito aberto entre Teerã e Israel. Nesse contexto de profunda tensão, as obras e as palavras de São Francisco são ainda mais válidas, segundo as quais “quando não podemos pregar com palavras”, diz dom Mathieu, “pregamos com nossas vidas e damos testemunho do amor de Deus com nossas próprias vidas”. Acredito que isso também é o que se espera dos cristãos”.

O arcebispo reserva um último pensamento para o povo iraniano, que ele descreve como “muito acolhedor” e parte de um país “de difícil colocação, como eu mesmo experimentei quando nos pediram, em uma questão sinodal, que colocássemos o local de origem em uma área continental. Não fazemos parte dos países árabes, mas também não somos da Ásia”, também em vista de uma recente mudança nos laços com o Paquistão e o Afeganistão.

No entanto, acrescenta, “todos estão interessados no Irã porque é um Estado com muitos recursos, não apenas territoriais, mas também intelectuais. Uma nação - conclui ele - que não se resume a chadors e barbas, como é frequentemente retratado, incorretamente, pela mídia no Ocidente”.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

"Estamos no limite", diz arcebispo de Porto Príncipe após chacina

Em todo o Haiti, desde 2023, mais de 700.000 pessoas foram forçadas a fugir das suas casas para escapar à violência dos grupos armados e à insegurança generalizada. No primeiro semestre de 2024 (janeiro a junho), as Nações Unidas registaram 3.638 assassinatos, um aumento de quase 74% em relação a 2023.

“As pessoas estão no limite e pedem a ajuda ao Estado”, afirma dom Max Leroy Mésidor, arcebispo de Porto Príncipe e presidente da Conferência Episcopal Haitiana (Conférence des évêques d'Haïti CEH) em sua mensagem de condolências às vítimas da chacina de 3 de outubro em Pont Sondé.

O massacre foi perpetrado na madrugada do dia 3 de outubro por membros da gangue armada Gran Grif de Savien (Petite Rivière de l'Artibonite) na cidade de Pont Sondé, entre os municípios de Saint-Marc e Estère (departamento do Artibonite). Pelo menos 70 pessoas foram mortas, incluindo 10 mulheres e 3 crianças. 16 pessoas ficaram feridas no ataque e 45 casas foram incendiadas. Diante desse quadro de horror, mais de 6.000 pessoas fugiram da região.

“O país está completamente doente. Mas a situação no Oeste e em Artibonite, os dois maiores departamentos, é pior” afirma dom Mésidor que se pergunta se existe uma conspiração para destruir estas duas áreas em particular e o país em geral. “O município de Petite Rivière de l'Artibonite está abandonado há dois anos. Sem presença policial. O mesmo vale para a cidade de Liancourt. Estas duas áreas onde a vida antes era vibrante estão agora dominadas pelo desespero.”

Nos últimos anos, o departamento de Artibonite, no oeste do país, vem sendo assolado pela violência das gangues, com os civis sendo vítimas de fogo cruzado. De abril a junho de 2024, os ataques ceifaram a vida de pelo menos 76 pessoas, incluindo crianças, em Gros-Morne, L'Estère, Liancourt, Petite Rivière de l'Artibonite e Terre Neuve, segundo o Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH).

O Departamento de Artibonite é considerado o celeiro do Haiti pela sua produção de arroz. A forte instabilidade na região contribuiu para a crise alimentar que se soma à crise de segurança, em um país que parece incapaz de encontrar a paz.

Segundo dados divulgados por um grupo de ONGs que operam no Haiti, 5,4 milhões de haitianos sofrem de grave insegurança alimentar, dos quais 2 milhões - aproximadamente 18% da população - sofrem de grave fome.

Em todo o Haiti, desde 2023, mais de 700.000 pessoas foram forçadas a fugir das suas casas para escapar à violência dos grupos armados e à insegurança generalizada. No primeiro semestre de 2024 (janeiro a junho), as Nações Unidas registaram 3.638 assassinatos, um aumento de quase 74% em relação a 2023.

O primeiro-ministro interino, Garry Conille, deslocou-se aos Emirados Árabes Unidos e ao Quênia para pedir o reforço da missão de segurança internacional no Haiti, até agora composta por apenas 400 polícias, na sua maioria quenianos.

*Agência Fides - Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

Padre Romanelli: as pessoas em Gaza reduzidas a uma vida miserável

O padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família na Faixa de Gaza, recorda o apocalipse que dizimou vidas e transformou corações: 'a maioria das casas foi destruída nos primeiros meses da represália israelense; neste ano, a comunidade cristã contabilizou a morte de dezenas de pessoas'.

Federico Piana – Vatican News

Naquele horrível dia 7 de outubro, o terror e a angústia se abateram sobre Gaza e a paróquia da Sagrada Família como uma fúria. Ninguém jamais esperou tal apocalipse, ninguém poderia imaginar que, daquele dia em diante, nada voltaria a ser como antes. “Assim que os primeiros relatos de morte e devastação começaram a circular, famílias inteiras vieram à nossa igreja em busca de abrigo. Embora não soubessem realmente o que estava acontecendo, queriam salvar suas próprias vidas e as de seus entes queridos”. O relato do padre Gabriel Romanelli à mídia do Vaticano é dramático e lúcido ao mesmo tempo. Ele é o pároco do que agora se tornou o único lugar onde se reúne a maioria dos cristãos da Faixa que não morreram ou conseguiram escapar: antes do dia do massacre, eram pouco mais de mil, depois foram reduzidos a menos de setecentos. Um lugar onde praticamente todos os dias chega o telefonema do Papa para verificar a situação.

As recordações do sacerdote são aguçadas pelo medo e pela preocupação com o que pode acontecer: “a maioria das casas foi destruída nos primeiros meses da represália israelense e, neste ano, a comunidade cristã contabilizou a morte de dezenas de pessoas. É um drama em uma escala nunca vista antes, mesmo que já estivéssemos acostumados com guerras e cadáveres”.

Vidas aniquiladas

Ao se referir à Cidade de Gaza devastada pelas bombas, o padre Romanelli a chama de “uma cidade esmigalhada”, um termo que dá bem a ideia de como a aglomeração urbana, em apenas doze meses, foi completamente cancelada, pulverizada: “os esgotos não funcionam mais, a eletricidade desapareceu desde o início da guerra, é quase impossível encontrar água potável, as estradas não são mais transitáveis. E os bombardeios continuam”. Desde aquele 7 de outubro, até mesmo um ruído entrou violentamente nas entranhas da comunidade cristã barricada na paróquia da Sagrada Família, um som que todos aprenderam a temer: “o dos drones israelenses que acompanham nosso medo desde o início. Não é possível descrever um barulho tão incômodo que, dia e noite, está acima de sua cabeça. Aqueles que não o experimentaram não conseguem entender”.

A esperança é difícil de morrer

É nesse ponto que o pároco acrescenta mais um elemento à sua história, comparando a vida da população da Faixa de Gaza antes e depois do apocalipse: “há um ano, as pessoas estavam tentando viver com dignidade, agora vivem uma vida miserável entre casas e escolas destruídas, empregos perdidos e vida social reduzida a zero”. A esperança, no entanto, os cristãos da paróquia de Gaza não a perderam completamente: “a esperança em Deus é certamente sólida, a esperança nos homens é muitas vezes vacilante”, admite amargamente o pároco de Gaza.

Belém, cidade angustiada

Quem, em 7 de outubro de um ano atrás, viu o mundo inteiro desabar sobre ele também é Rony Tabash, um cristão árabe que, em Belém, administra uma loja histórica que vende objetos religiosos ao lado da Basílica da Natividade. Entre ícones sagrados e presépios de azeitona que vende na Praça da Manjedoura, ele nos fala com voz embargada, com um nó na garganta que quase o faz chorar: “o dia 7 de outubro praticamente congelou minha vida e a de minha família. Nossa loja está vazia. Tudo parou. A falta de peregrinos está nos deixando à beira do abismo e ameaçando matar de fome toda a nossa comunidade. Para entender a gravidade da situação, basta refletir sobre o fato de que 85% da população daqui ganha dinheiro com os peregrinos. E a cidade agora está completamente deserta”.

Cristãos em fuga

O problema da falta de trabalho não é pequeno. É como se um míssil tivesse atingido toda a cidade de Belém. “Minha loja”, diz Rony, ”emprega 25 famílias. Agora estamos todos no limiar da pobreza”. É por isso que há muitos cristãos que estão tentando fugir com o desejo de se reunir com membros da família que fizeram fortuna ao longo do tempo, especialmente nos Estados Unidos ou na América Latina. Mas, garante Rony, “há muitos outros que, como eu, querem ficar para testemunhar a fé cristã na terra onde Jesus nasceu. Mas por quanto tempo ainda podemos resistir?”. 

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Rabino David Meyer: "O 7 de outubro revelou a grande solidão dos judeus"

Um dos representantes do movimento judaico liberal na França e autor de numerosas obras, o rabino franco-israelense faz o balanço de um ano de caos após os ataques de Hamas no sul de Israel: "Para além das diferenças e da multiplicidade das correntes judaicas, estes atentados têm uma dimensão existencial para o povo judeu."

Olivier Bonnel – Vatican News

Uma das últimas vezes que o rabino David Meyer esteve em Roma foi na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde ensina história do pensamento judaico contemporâneo. Um encontro que teve lugar alguns dias depois dos atentados de Hamas no sul de Israel, que puseram todo um país em pânico. Um ano depois, no dia em que Israel recorda as suas vítimas e a guerra continua se alastrando na região, o rabino, um dos representantes do movimento judaico liberal na França e autor de numerosas obras, volta ao que mudou desde 7 de outubro de 2023, ao aumento do antissemitismo em muitos países ocidentais, mas também à “solidão” dos judeus perante um oceano de violência e as tentativas de encontrar formas de olhar para o futuro com esperança.

O que é que o 7 de outubro representou para os judeus?

Para a grande maioria dos judeus, sejam eles israelenses ou não, penso que existe um sentimento de que, após o 7 de outubro, o mundo mudou. Penso que o que mudou foi, em primeiro lugar, a percepção de que a segurança que pensávamos que o Estado de Israel oferecia a si e ao judaísmo, bem, essa segurança, foi destruída. Foi por isso que falamos dos pogroms, porque remeteram os judeus para uma realidade do passado que pensávamos ter sido abolida em alguns lugares pela História e pela criação do Estado de Israel. Deste ponto de vista, os acontecimentos de 7 de outubro e, evidentemente, o que se passou depois, provocaram um trauma muito profundo. O que aconteceu também, talvez de forma mais geral para o povo judeu, foi o sentimento de um despertar de um antissemitismo assustador em todos os países em que nos encontramos. É, de fato, extremamente difícil de compreender, embora, talvez, o antissemitismo não tenha de ser compreendido. Faz parte daquilo que as sociedades humanas viveram há tanto tempo e pagamos o preço durante séculos. De alguma forma, pensamos que, no fim das contas, nada mudou. Mesmo que sejamos supostamente “aceitos” nos países onde nos encontramos. A realidade é que nos sentimos extremamente sós e extremamente odiados. Sentimos em relação a nós um ódio que desafia toda racionalidade, absolutamente incompreensível e surpreendente. Acredito que, nessa perspectiva, há também uma mudança profunda que ocorreu para muitos judeus no mundo.

Muitos judeus dizem que durante um ano foram solicitados a prestar contas pelas políticas seguidas por Israel e pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Um fenômeno que não é novo, mas que se fortaleceu, como combatê-lo?

O problema é que, na verdade, o Judaísmo está sendo chamado a prestar contas pelas políticas do Estado de Israel. O que precisamos entender – e é muito difícil de explicar – é a natureza deste vínculo entre o Judaísmo e o Estado de Israel. Porque isto não significa que todos os judeus apoiem sempre todas as políticas de Israel, nunca foi assim e não pode ser assim. Ao mesmo tempo, também não pode haver uma desconexão entre o Judaísmo e o Estado de Israel. O povo judeu não é apenas uma religião, não é apenas o judaísmo, é também uma nação, uma etnia, uma história. De alguma forma, não podemos separar os dois. A dificuldade que temos é traduzir de alguma forma este sentimento e tentar fazê-lo entender a um público que não tem nenhuma razão particular para conhecer este tema, mas que deveria compreender que quando Israel é atacado, é o Judaísmo que é atacado. Quando os judeus são atacados, Israel também é atacado. Isto não significa que um seja a igualdade absoluta e total do outro, mas simplesmente que o vínculo entre os dois é indissolúvel, existencial. É por isso que o povo judeu sente tão profundamente a crise que nos afeta hoje.

Compreender melhor esta realidade, este vínculo inabalável de que fala, é a chave antes de tudo para lutar contra a ignorância?

Lutar contra a ignorância é sempre bom. Qualquer solução para qualquer conflito implica necessariamente uma redução da ignorância e um aumento da compreensão, da sofisticação, da capacidade de pensar. Mas há uma enorme consternação na comunidade judaica ao ver que somos uma minoria. Temos visto hordas de manifestações nos países ocidentais, na Inglaterra, nas universidades, nos Estados Unidos, na França, em quase todo o lado. De alguma forma, não temos nos instrumentos para nos defender. A única coisa que podemos fazer é dizer: continuamos existindo, continuamos existindo apesar de tudo.

Não sei como vamos fazer para acabar com o antissemitismo, que em algum lugar, ao longo dos séculos, sempre encontrou uma nova maneira de renascer e encontrar uma nova face. Não tenho mais esperança de que possamos derrotar o antissemitismo de uma forma ou de outra. A única coisa que tentamos fazer é continuar sobrevivendo. E isso já é difícil. Além disso, é claro, prosseguir no ensinamento continua sendo uma coisa importante, de fato necessária. Se há uma luz de esperança em algum lugar, ela vem por meio de uma refinição do pensamento, por meio da criação de um pensamento mais crítico, para que as pessoas pensem por si mesmas e não se deixem guiar por slogans simplificadores. Acho que uma das coisas que mais nos incomodam é o fato de não pedirmos às pessoas que nos apoiem. Mas o que esperávamos é que nas sociedades ocidentais, que deveriam ser sociedades onde o pensamento crítico se desenvolveu, pudéssemos encontrar uma maneira de não resumir e simplificar o problema do Estado de Israel, colocando os bons de um lado e os ruins do outro. Nem mesmo isso podemos ver.

Como os textos judaicos o ajudam nesses tempos sombrios?

Admito que, a nível muito pessoal, o refúgio que encontro no estudo é uma verdadeira tábua de salvação, nesses dias de comemoração em que nem me atrevo mais a ver o noticiário. Diante da tentação do cansaço e do abandono, há sempre a possibilidade de estudar e voltar aos livros. Em termos mais universais, para ir além da minha experiência pessoal, o que sempre me impressiona nos textos da tradição rabínica é que eles sempre foram centrados na vida real. Eles não são textos dogmáticos que vivem em um sonho, nem são textos que vivem numa ideologia que eles mesmos teriam formado. Pelo contrário, são textos que se envolvem numa espécie de confronto com a realidade da experiência do povo judeu em vários momentos de sua história. Acho que também pode haver uma mensagem para outras tradições religiosas que podem ter uma certa tendência a espiritualizar a história.

Qual é, na sua opinião, a chave hoje para que a paz retorne e seja construída especialmente no Oriente Médio?

Encontrar a paz, isto é, encontrar uma solução inteligente que responda ao que as pessoas racionais poderiam pensar sobre o bem-estar de ambos os povos, é uma solução extremamente simples. Muitas pessoas encontraram estas soluções, ideias que proliferaram nos últimos 30 anos. O que é complicado, e aqui está a chave do problema da paz, é como convencer as populações que já não querem ser convencidas ou que nunca quiseram ser convencidas. Como podemos convencer as populações que, ao longo das décadas, se radicalizaram e perderam o sentido da sua própria educação e pensamento crítico? Acredito que precisamos ir além do quadro em que sempre pensamos em imaginar a paz, precisamos de um pensamento muito mais original e ousado para tentar resolver esta equação.

No último ano houve sinais de afeto de outras religiões para com os judeus. Qual é a natureza destas relações, um ano depois dos massacres de 7 de outubro? O diálogo inter-religioso mudou?

Felizmente o diálogo permanece, mas não com todos. Ao longo deste ano, a comunidade judaica ficou muito decepcionada com algumas posições assumidas por diferentes religiões e, ao mesmo tempo, ficou muito surpresa com outros tipos de posições. Por exemplo, a declaração dos bispos da França de poucos dias atrás, para as comemorações do 7 de outubro, tocou profundamente o coração dos judeus. Há diálogos que permanecem. O diálogo e em particular o diálogo judaico-cristão mostraram que em 60 anos as coisas, mesmo as mais enraizadas na percepção humana, poderão mudar depois de quase 2.000 anos de história feroz. Penso que a realidade daquilo que foi alcançado entre o mundo católico e o povo judeu é um indicador da capacidade de superar o que parecia impossível. Isso requer coragem e pessoas visionárias. Precisamos simplesmente ouvir uns aos outros. Se este diálogo faz emergir pessoas audazes e com visão de futuro, acho que em algum lugar há uma mensagem de esperança que é como uma pequena luz na noite. E nestes tempos sombrios, um pouco de luz já é muito. Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

Gana: mulheres e homens consagrados no combate à poluição plástica

Os religiosos consagrados de Gana, além das atividades de rotina, encontram tempo para ajudar a comunidade a reconhecer a necessidade de proteger a criação. Em especial, estão concentrados no combate à poluição plástica, que se tornou um dos problemas ambientais mais urgentes, especialmente nas periferias das cidades.

Sylvie Lum Cho

A poluição é fácil de reconhecer em Donkorkrom, na região oriental de Gana, na África ocidental. Ao fazer um passeio pela cidade, da porta de casa e passando pelas ruas até os mercados, é possível ver sacos de plástico abandonados no chão. Os habitantes têm o hábito de beber água em embalagens de saquinhos de plástico e, muitas vezes, imediatamente depois de bebê-la, abandonam o plástico no chão e por toda a parte. Não é raro vê-lo espalhado nos pátios das escolas ou das igrejas, apesar dos inúmeros pedidos dos sacerdotes e dos religiosos para se prestar mais atenção.

Destruição causada pela poluição

O abandono indiscriminado de material plástico no solo tem graves consequências para o meio ambiente. Por exemplo, a chuva arrasta o plástico do chão, incorporando-o no solo, o que muitas vezes só se descobre quando se vai arar para semear, encontrando-se um terreno morto onde nada pode germinar devido à poluição plástica. Outro problema que deriva da poluição plástica é o entupimento das sarjetas: quando chove, a água não consegue escoar e provoca transbordamentos e inundações, causando maiores danos à comunidade. A poluição plástica também é prejudicial para os animais, que fazem parte da criação de Deus. Alguns dos plásticos transportados pela chuva ou pelas cheias ficam suspensos na relva e, se algum animal os engolir por engano, morre.

Procurando de soluções

Os religiosos consagrados estão comprometidos em sensibilizar a comunidade para a necessidade de proteger o meio ambiente. Fazem-no levando a comunidade a participar em conferências e outras atividades acerca deste assunto, mas sobretudo com as próprias realidades da vida. Estão empenhados em tomar a iniciativa para que outros os sigam. O objetivo é continuar a se dedicar ao cuidado ambiental nas suas comunidades religiosas e paróquias.

Os consagrados consideram ainda que, a fim de que essa luta seja bem-sucedida, deve haver algum tipo de substituição para eliminar a poluição de plástico. Assim, desejam produzir sacos de compras utilizando fibras ou materiais que possam ser eliminados, para ser usados conscientemente nas compras, em vez de transportar inúmeros sacos de plástico das lojas, o que só contribui para aumentar a poluição. Acreditam que, se a comunidade os vir agir assim, certamente haverá uma mudança positiva nela e ela mesma tornar-se-á mais consciente da preservação da terra.

Procissão de velas

Em junho de 2024, consagrados do Vicariato Apostólico de Donkorkrom passaram pelas ruas da cidade em procissão, à luz de velas, com cartazes e uma faixa para apoiar a proteção do meio ambiente. A procissão foi guiada pelo Pe. Bernard Adjei Appiah, presidente da União Religiosa Africana do Gana e administrador da Catedral de São Francisco Xavier, em Donkorkrom.

A procissão de velas foi uma das atividades apoiadas pela Conferência dos Superiores Maiores dos Religiosos em Gana para a celebração do Ano jubilar e do Ano Especial para os religiosos, declarado pelo Papa Francisco, intitulado: “Envia o teu espírito e renova a face da terra” (Sl 104, 30).

Pronunciando um discurso no final da procissão, o Pe. Bernard disse: “wnquanto estamos todos a caminho, Deus concedeu-nos algo muito bom, ou seja, a Terra. Pede-se que cuidemos dela e que não a destruamos nem arruinemos”. Ele exortou ainda os estudantes e alunos presentes a assumir o dever de recolher todo o plástico que encontrarem nos ambientes escolares e chamou um representante de cada um dos grupos e instituições da Igreja presentes, cada qual com um cartaz, pedindo-lhes que se comprometam na salvaguarda da Terra.

Conscientizar desde a infância

A sensibilização para o problema da poluição plástica é um processo em curso que já deu alguns frutos. Entre eles, a constatação de que uma em cada duas crianças do jardim de infância já está consciente de que deve colocar o plástico das bolachas num caixote, não no chão. Até as crianças da escola dominical sabem que devem recolher todo o plástico que encontrarem no chão. Como próximo passo de sensibilização, os religiosos querem levar caixotes de lixo, em vez de cartazes, para recolher o plástico ao longo das ruas, de maneira a transmitir mais facilmente a mensagem à comunidade.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

A escola em Madagascar, meio de evangelização e lugar de encontro entre as religiões

Os missionários da Consolata chegaram a Madagascar no dia 13 de março de 2019 para trabalhar na Diocese de Ambanja, no noroeste da Ilha Grande. Depois de um período de estudo da língua malgaxe, no dia 20 de outubro de 2019 iniciaram o serviço pastoral na nova missão de Beandrarezona, criada com a chegada dos três primeiros missionários, os padres Jean Tuluba (RD Congo), Jared Makori (Quênia) e Kizito Mukalazi (Uganda).

Contribuir para a formação dos jovens, oferecendo-lhes uma educação de qualidade que lhes proporcione igualdade de oportunidades em relação aos demais jovens das cidades, é o objetivo da escola dos missionária da Consolata (IMC) recentemente inaugurada em Beandrarezona, Madagascar.

“A escola é um grande instrumento de evangelização em muitos aspectos. Embora muitos jovens não tenham um interesse particular pela religião, por meio da escola podem descobrir a mensagem do Evangelho e também as suas famílias podem ser alcançadas", afirma pe. Jean Tuluba, IMC, da missão de Beandrarezona.

“Depois do contacto com a realidade local percebemos que em Beandrarezona, que é o centro da missão, e nos outros povoados, existem escolas privadas e públicas: creches, ensino básico e primeiro ciclo do ensino médio, mas faltavam escolas para o segundo ciclo do ensino fundamental e médio – observa. Daí a necessidade, depois de conversar sobre isso com líideranças locais e os pais, de construir uma escola secundária, visto que os jovens de Beandrarezona e de outros povoados próximos são forçados a deixar as suas famílias após concluir a escola primária para continuarem os seus estudos na cidade, com um impacto econômico considerável nas famílias e, consequentemente, muitos jovens abandonam a escola para ir trabalhar no campo.”

“Entre os primeiros 30 alunos, uma boa percentagem vem de outras denominações religiosas. A escola também se torna uma forma de dialogar com outras religiões por meio da educação que damos aos seus filhos, visto que desde o início essas outras confissões depositaram em nós a sua confiança ao enviarem os seus filhos para estudar – comenta o sacerdote. Desta forma, a escola não é apenas um centro educativo, mas também um ponto de encontro entre as confissões religiosas. Além disso, optamos por administrar a escola de forma gradual, abrindo uma turma por ano até a conclusão do ciclo de três anos. Isso ocorre porque o nível de escolaridade dos alunos é muito baixo. Abrir uma turma por ano nos ajudará a acompanhar a formação dos alunos e também a formação continuada dos professores.”

Os missionários da Consolata chegaram a Madagascar no dia 13 de março de 2019 para trabalhar na Diocese de Ambanja, no noroeste da Ilha Grande. Depois de um período de estudo da língua malgaxe, no dia 20 de outubro de 2019 iniciaram o serviço pastoral na nova missão de Beandrarezona, criada com a chegada dos três primeiros missionários, os padres Jean Tuluba (RD Congo), Jared Makori (Quênia) e Kizito Mukalazi (Uganda).

“Nossa missão é a última paróquia criada na Diocese de Ambanja, no noroeste da Ilha Grande e está localizada a quase 1.000 quilômetros de Antananarivo, capital do país – explica pe. Tuluba. Estende-se por três municípios rurais e possui mais de 80 povoados, dos quais apenas 12 possuem comunidades cristãs. Os povoados são muito distantes uns dos outros e o único meio de transporte possível para visitá-los é a moto, mas na maioria dele se chega quase sempre somente a pé. Para chegar a algumas comunidades temos que caminhar até 14 horas. É preciso força e determinação para enfrentar as dificuldades das estradas. Dos 2.587.014 habitantes (censo de 2022) da diocese, apenas 7% da população é católica e na nossa missão os católicos são aproximadamente 3% do total de 21.170 habitantes (censo de 2018). Como podem ver, é verdadeiramente uma missão ad gentes que precisa da nossa presença e atenção”, comenta o missionário.

As principais atividades da missão são as visitas às comunidades, a catequese sacramental, a formação de catequistas, a animação missionária e vocacional, a formação de jovens e crianças. A maior parte da população da missão é composta por jovens e crianças. Na verdade, estima-se que 75% da população de Madagáscar seja constituída por jovens e crianças.

A escola, cujas obras começaram em 2021, após a epidemia de Covid-19, foi oficialmente inaugurada no dia 2 de setembro de 2024 com a Celebração Eucarística presidida pelo bispo diocesano de Ambanja, dom Francis Donatien Randriamalala, que abençoou o prédio. A celebração contou com a presença de outros sacerdotes, religiosas, autoridades administrativas e políticas locais, representantes de confissões religiosas locais, cristãos da missão, amigos e conhecidos. No dia seguinte, as aulas começaram com 30 alunos.

*Agência Fides

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Moçambique. Arcebispo da Beira apela ao voto consciente e não por recado

Os moçambicanos vão às urnas na quarta-feira, 9 de outubro, para escolher o futuro presidente do país, incluindo os membros da Assembleia da República e os Governadores de província, e o Arcebispo da Beira (Centro de Moçambique) exortou aos eleitores para o exercício de um voto consciente.

Rogério Maduca – Beira, Moçambique

O Arcebispo da Beira, Dom Claudio Dalla Zuanna, apelou aos fiéis católicos e moçambicanos no geral, a votar com consciência e não por recado de alguém, votar naquele que pode ajudar Moçambique a crescer.

O Prelado também deixou ficar um apelo aos órgãos eleitorais, para que estes trabalhem com fidelidade à lei.

Estas são as sétimas eleições presidenciais que o país acolhe. Concorrem ao cargo 4 candidatos, nomeadamente Daniel Chapo da Frelimo, Ossufo Momade pela Renamo, Lutero Simango do MDM e Venâncio Mondlane do Podemos. Dados avançados pelos órgãos eleitorais indicam que foram inscritos mais de 17 milhões de eleitores.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Cabo Verde: EU Católica - Curso de pós-graduação em Psicologia Positiva

No âmbito do protocolo assinado entre a Escola Universitária Católica de Cabo Vrede (EU Católica) e a Assembleia Nacional, arrancou esta segunda feira 7 de Outubro o Curso de pós-graduação em Psicologia Positiva nas organizações e no trabalho tendo como destinatários 32 funcionários da Casa Parlamentar.

Radio Nova de Maria – Cabo Verde

O Curso de Psicologia Positiva é aplicada a diversos contextos, com o objetivo de promover o bem-estar físico, mental, social e espiritual, fortalecendo a resiliência e melhorando a qualidade de vida e decorrerá na modalidade híbrida, confirma o diretor executivo da Instituição, o Padre José Eduardo Afonso.

À formação seguem-se outras iniciativas formativas e já com inscritos confirmados.  

Há uma grande espectativa para o curso cuja necessidade existe em diversas áreas refere o nosso interlocutor.

A formação em aperfeiçoamento e bem-estar em ambiente laboral surge de necessidades já identificadas, assegura o Padre José Eduardo.

Este programa de formação é ministrado por um corpo docente de destaque, proveniente de diversas universidades do Brasil, Itália, Portugal e Cabo Verde.

A EU Católica é uma instituição do ensino superior da Igreja Católica Cabo-verdiana, dotada de personalidade jurídica e canónica, nos termos da legislação nacional, do código de direito canónico.

A EU Católica também prepara por estes dias, o II Simpósio Internacional que decorrerá nos próximos dias 24, 25 e 26 nas cidades da  Praia e no Mindelo sob o tema: Teologia Política da Fé – Humanismo Cristão e Ciências Religiosas.

Fonte: Vatican News

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Quénia. Bispos: “Não às divisões partidárias que prejudicam o desenvolvimento do país”

“A divisão entre os líderes políticos é escandalosa. Dizem ser cristãos, mas promovem a desunião no país”, afirma o Arcebispo de Kisumu e Presidente da Conferência Episcopal do Quénia (KCCB), Dom Maurice Muhatia Makumba.

Cidade do Vaticano – com a agência Fides

Na homilia para a oração nacional realizada a 5 de outubro último no santuário mariano de Subukia, em Nakuru, o Arcebispo Makumba criticou a classe política queniana que, “em vez de exprimir o dom da unidade que vem de Deus, exprime a divisão, separando os cidadãos”.

Divisão política prejudica desenvolvimento económico

A divisão política, adverte o Presidente da Conferência episcopal queniana, prejudica o desenvolvimento económico do país, numa altura em que as pessoas mais precisam dele, sobrecarregadas pela subida dos preços, pelo desemprego e pelo aumento dos impostos. “Que o Senhor toque os corações e as mentes dos nossos líderes políticos para que compreendam o que o povo lhes está a pedir. Precisamos de líderes que unam, e não que dividam o país para perseguir os seus interesses egoístas”, suplicou.

Uma grave fractura na cúpula do Estado

A intervenção de Dom Makumba ocorre numa altura em que está em curso uma grave fractura na cúpula do Estado. O Vice-Presidente Rigathi Gachagua foi alvo de um processo de destituição com 11 acusações, apresentado em 1 de outubro por um deputado da mesma coligação presidencial (Kenya Kwanza). Este é o último ato no confronto de meses entre Gachagua e o Presidente William Ruto. Entre as 11 acusações figuram “insubordinação” contra o Presidente e “ataque à unidade nacional”, bem como conflito de interesses, desvio de fundos e abuso de poder. A moção contra ele afirma, em particular, que “nos últimos dois anos, acumulou inexplicavelmente uma colossal carteira de propriedades estimada em 5,2 mil milhões de xelins (cerca de 36 milhões de euros), principalmente devido a alegada corrupção e lavagem de dinheiro”.

Ruto não ainda comentou a impugnação

Nesta terça-feira, 8 de outubro, os deputados esperam debater a moção de impugnação de Gachagua. A moção foi subscrita por 291 deputados, mais do que os 117 exigidos pela Constituição, mas alguns deles, da região do Vice-Presidente, dizem que já não a apoiam depois de terem ouvido opiniões contrárias dos seus eleitores. Ruto ainda não comentou publicamente a impugnação, mas nos primeiros dias da sua presidência afirmou que não humilharia publicamente o seu vice, aludindo à relação conturbada que teve com o seu antecessor, Uhuru Kenyatta, durante o seu segundo mandato.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

A Igreja no Burkina Faso promove uma cultura de acolhimento dos migrantes

A Igreja no Burkina Faso celebrou o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado no domingo 29 de setembro de 2024, em Diébougou. Ao dirigir-se aos presentes, Dom Joachim Herménégilde Ouédraogo, bispo de Koudougou e presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral dos Migrantes e Refugiados, sublinhou que “a Igreja tem o dever de ser a mãe que acolhe e acompanha os seus filhos e filhas migrantes, quaisquer que sejam as razões da sua migração”.

Olivier Ndayisaba - Cidade do Vaticano

Expressando a sua gratidão à Conferência Episcopal e, em particular, a Dom Der Raphaël Dabiré pela sua hospitalidade em acolher o 110º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado na sua diocese, Dom Ouédraogo explicou que o tema da celebração deste ano é “Deus caminha com o seu povo”. Este tema, que reflete o convite do Papa Francisco, tem como objetivo ajudar a “redescobrir a natureza itinerante do povo de Deus que caminha através da história, peregrinando em direção ao Reino dos Céus (...) Tal como o povo de Israel no tempo de Moisés, os migrantes fogem muitas vezes de situações de opressão e abuso, insegurança e discriminação, e falta de perspetivas de desenvolvimento”. No seu discurso, o Bispo de Koudougou sublinhou “o apelo de cada um de nós para ser pai, mãe, irmão ou irmã dos que estão em dificuldades”.

Apoiar os migrantes no seu sofrimento

O Bispo Ouédraogo recordou que o Burkina Faso tem vivido uma crise de segurança sem precedentes na última década. A Igreja, como povo novo, tem o dever de ser a mãe que acolhe, conforta, instala e acompanha os seus filhos e filhas migrantes, quaisquer que sejam as razões da sua migração”. É nesta perspetiva, sublinhou o prelado, que “a Conferência Episcopal do Burkina Faso, através da Comissão Episcopal para a Pastoral dos Migrantes e Refugiados, acompanha todas as pessoas em situação de vulnerabilidade para que possam recuperar a sua dignidade”.

O Prelado disse ainda que cada um seja pai, mãe, irmão ou irmã de quem está em dificuldade, “por vezes apesar de si próprio”. Sublinhou a importância de comemorar este dia, “que é um apelo aos cristãos para viverem a sua fé na caridade e na solidariedade, porque amar a Deus é amar o próximo de uma forma genuína”. O Bispo de Koudougou acrescentou que a evocação do Papa na sua mensagem por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado nos mostra que “temos a nossa cidadania no céu, de onde esperamos o Senhor Jesus Cristo como nosso salvador” (Fil 3,20).

Dom Ouédraogo recordou também que “todos nós somos peregrinos, se não mesmo migrantes, nesta terra”, fazendo novamente eco do Santo Padre. De facto, continuou o Bispo, “apoiar os nossos irmãos e irmãs é um dever de todos os cristãos. É um ato de caridade e, mais do que isso, um dever. É também um apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade para que abram os seus corações, as suas casas e até os seus campos àqueles que abandonaram as suas casas, os seus campos ou as suas aldeias para procurar um refúgio mais seguro”.

Deus nunca abandona o seu povo

O Presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral dos Migrantes e Refugiados recordou que, no decurso da sua longa caminhada, o povo de Israel experimentou altos e baixos, e que muitas vezes quis desistir perante as dificuldades. No entanto, “Deus, na sua misericórdia, esteve sempre presente para ajudar o seu amado povo”.

Perante as notícias sombrias e tristes que chegam de vários canais de comunicação, o prelado pergunta se Deus não estará a abandonar o seu povo. A resposta é negativa, “porque Deus ama-nos e caminha connosco nas nossas provações”. Apelou também a que mantivéssemos viva a nossa fé, seguindo o exemplo de Santa Teresa de Ávila, que dizia que não devemos ter medo, “porque quem tem Deus tem tudo”.

Os migrantes são convidados a adaptar-se às novas condições

O bispo de Koudougou aproveitou a ocasião para lançar um apelo aos seus irmãos e irmãs migrantes, nomeadamente às pessoas deslocadas no interior do país. “As condições em que aqui chegastes são por vezes degradantes. Homens e mulheres acolheram-vos de coração aberto. Adaptai-vos às vossas novas condições, respeitando os hábitos e os costumes dos vossos anfitriões, a fim de reforçar a coesão social”, disse. D. Ouédraogo assegurou-lhes também a sua proximidade espiritual para que possam regressar a casa, para aqueles que o desejarem, e viver uma nova vida cheia de esperança na terra dos seus antepassados.

Para concluir, o prelado aproveitou a oportunidade para saudar e agradecer a todas as organizações que trabalham para acolher e apoiar as pessoas deslocadas internamente nesta região do Burkina Faso. Exprimiu também a sua gratidão e invocou a bênção de Deus, em particular para com o Estado e os líderes tradicionais que os acolheram nas suas terras. Agradeceu ainda às estruturas eclesiais como a OCADES Caritas, a Comissão Diocesana Justiça e Paz, os meios de comunicação diocesanos e a Comissão Diocesana para a Pastoral dos Migrantes e Refugiados, bem como aos seus benfeitores, encorajando todos nas suas respetivas missões.

Fonte: Vatican News

*------------------------------------------------------------------------------------------------------.s

Sínodo 2024: Apelos à paz, reconciliação e acolhimento chegaram do Líbano, Haiti e Filipinas

«Que a Igreja, através deste Sínodo, seja mensageira da convivência» – D. Mounir Khairallah

D. Mounir Khairallah, do Líbano, D. Launay Saturné, do Haiti, e D. Pablo Virgilio David, da Filipinas, participaram hoje na conferência sobre os trabalhos sinodais, e partilharam apelos à paz, à reconciliação e perdão, e exemplos de acolhimento.

“Acredito que a maior decisão que temos de tomar é que a Igreja, através deste Sínodo, seja mensageira da convivência, ou seja, ouvindo o outro, respeitando o outro, dialogando com o outro, respeitando o outro e libertando-nos do medo do outro”, disse D. Mounir Khairallah, citado pelo portal online Vatican News’.

“Esse seria um primeiro passo como uma grande recomendação desse Sínodo para a humanidade”, acrescentou o bispo libanês de Batrun, este sábado.

D. Mounir Khairallah afirmou que “o Líbano é uma mensagem de paz e deve continuar a ser uma mensagem de paz”, e destacou que é o “único país no Oriente Médio” onde cristãos, muçulmanos e judeus podem viver juntos, “respeitando a sua diversidade”.

“Vir aqui, nessa situação, para falar sobre o Sínodo, seria complexo; até mesmo para falar de perdão, que o Papa Francisco tomou como um sinal para esta Segunda Sessão, seria ainda mais complexo. Venho aqui para falar de perdão e reconciliação, enquanto meu país, meu povo, sofre, sofre as consequências das guerras, dos conflitos, da violência, da vingança, do ódio”, desenvolveu, afirmando que os libaneses querem “construir a paz”.

Na conferência de imprensa na Sala de Imprensa do Vaticano, o bispo libanês partilhou a sua história e a experiência pessoal de “perdão”, após alguém ter assassinado os seus pais, em casa, quando tinha cinco anos de idade.

O bispo maronita do Líbano lamentou que, “infelizmente, o mundo ou se cala ou dá luz verde a toda essa violência” porque “há muitos interesses políticos e económicos que não têm nada a ver com os valores cristãos”, e observou que a solução dois Estados e dois povos, entre Israel e a Palestina, sempre foi rejeitada por políticos israelitas.

Para D. Mounir Khairallah esta assembleia sobre a sinodalidade é uma oportunidade para reafirmar a centralidade daqueles que mais sofrem com a violência e a pobreza.

Do continente americano, Haiti, D. Launay Saturné, afirmou que “aqueles que deveriam trazer ordem e paz até agora não conseguiram estar à altura das suas responsabilidades”.

Segundo o arcebispo de Cap-Haitien, o respeito pela dignidade da pessoa humana “está longe de ser uma realidade”, e lembrou o mais recente “massacre”, esta quinta-feira, dia 3 de outubro: 70 pessoas foram mortas, casas queimadas e muitas pessoas em situação de sem abrigo.

“Estamos em desespero”, disse D. Launay Saturné, explicando que na capital haitiana, Porto Príncipe, 70% da população foi forçada a fugir, muitas paróquias fecharam no país, mas a reflexão sobre a sinodalidade continuou.

O arcebispo de Cap-Haitien assinalou também que a missão, a comunhão e a participação são valores fundamentais a serem fortalecidos mais do que nunca e indicou que muitos grupos religiosos tentam passá-los às novas gerações, para que um dia possam construir uma sociedade que se refira a eles.

O bispo de Kalookan (Filipinas), é membro da Comissão para a Informação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, na conferência de imprensa, referiu-se à consulta continental, realizada em entre as duas assembleias sinodais.

D. Pablo Virgilio S. David destacou a relação entre sinodalidade e a missão à luz do fenómeno migratório, num país onde, em cerca de dez anos, mudaram de 1,5 milhão de pessoas para 4 milhões para Manila, e alguns moradores da capital viram-nos como uma ameaça.

“Quando o Papa veio em 2015, disse-nos para irmos para as periferias e foi o que fizemos. Criamos 20 estações missionárias na minha diocese”, destacou o bispo de Kalookan.

Também participaram nesta conferência de imprensa Catherine Clifford, do Canadá, uma das testemunhas do processo sinodal (América do Norte), o prefeito Paolo Ruffini e Sheila Leocádia Pires, respetivamente presidente e secretária da Comissão para a Informação do Sínodo.

Fonte: Agência Ecclesia

-------------------------------------------------------------------.

Haiti: Igreja em choque após um novo ato de brutal violência 

A Conferência Haitiana de Religiosos (CDH) expressou seu pesar pela morte de pelo menos 70 pessoas na localidade de Pont Sondé, no centro do país.

O Haiti está atualmente nas mãos de gangues armadas que controlam grande parte da capital Porto Príncipe e as principais estradas, onde os assassinatos são comuns. Além disso, a maioria das pessoas ou crianças massacradas teria sido baleada na cabeça.

Na quinta-feira, 3 de outubro de 2024, um novo massacre ocorreu no Haiti, perpetrado por grupo criminoso conhecido como “Gran grif”, que tem ampliado seus ataques. De acordo com dados não oficiais, 70 pessoas perderam a vida e dezenas ficaram feridas. Vários veículos e casas foram incendiados, forçando cerca de 6.000 moradores a fugir. Esta brutal violência gerou revolta entre os haitianos.

A Conferência Haitiana de Religiosos (CDH) expressou seu pesar em um comunicado, no dia 5 de outubro.

“Nenhum abuso contra os inocentes e pessoas pacíficas ficará impune. A justiça de Deus tarda, mas não falha.

“Um novo ato de barbárie acaba de ser perpetrado em Pont Sondé, causando a morte de muitas filhas e filhos de Deus. O dilúvio de gangues armadas e seus cúmplices continua a devastar todo o país.

“Talvez até mais do que em ocasiões anteriores, quando vítimas inocentes foram perseguidas e assassinadas, além da surpresa e da repulsa, muitos sentimentos de raiva e a busca por justiça afloram em nosso coração. Como cristãos, não podemos nos esquecer de que a cruz do Senhor Jesus Cristo é o limite imposto por Deus às forças da morte.

“A memória daqueles que perderam suas vidas, sua saúde ou seus bens durante os ataques de homens sem fé ou lei continua a nos desafiar e a nos indignar. Soluções imediatas devem ser encontradas de maneira racional. As guerras criam situações de injustiça e pisoteiam a dignidade e os direitos das pessoas.

“A esse respeito, não podemos esquecer que muitos homens e mulheres em nosso país vivem em condições precárias diariamente, às vezes com consequências desastrosas. Quem virá em socorro das escolas que não conseguem abrir suas portas e das famílias em desespero? Estas últimas não sabem a quem recorrer para se alimentar e enviar seus filhos para a escola.

“Nós nos perguntamos: somos um povo condenado a viver na sujeira e a nos tornarmos errantes? Apelamos para a consciência tanto daqueles que nos governam quanto daqueles que semeiam o terror”.

O documento encerra com o pedido a “Nossa Senhora do Rosário que não cesse de nos acompanhar em nossa luta pela justiça e pelo bem-estar do povo de Deus!”

Poucos dias depois da tragédia, o Cardeal Max Leroy Mésidor, arcebispo de Porto Príncipe, disse que “as pessoas estão exaustas” e que seu único recurso era “a ajuda do Estado”, segundo a Agência Fides. “O país está completamente doente. Mas a situação no oeste e no Artibonite, os dois maiores departamentos, é pior”, frisou.

Fonte: Gaudium Press

---------------------------------------------------------------------------.

Índia: indignação dos católicos após nacionalista hindu pedir teste de DNA nas relíquias de São Francisco Xavier 

A afirmação de Velingkar, na última quarta-feira, um mês antes da abertura da exposição dos restos mortais de São Francisco Xavier, provocou manifestações e protestos.

Subhash Velingkar, ex-líder da unidade estadual do grupo hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (corpo de voluntários nacional), afirmou em uma reunião pública, em 2 de outubro, que deveria ser conduzido um “teste de DNA” nas relíquias de São Francisco Xavier, a fim de provar a sua autenticidade. Velingkar afirmou que as relíquias pertenciam a um monge budista do vizinho Sri Lanka e que São Francisco não poderia ser chamado de “Goencho Saib” (protetor de Goa). Ele inclusive iniciou uma campanha para substituí-lo por Parshuram, um guerreiro da mitologia hindu.

Os católicos apresentaram mais de 12 queixas, exigindo sua prisão. Com efeito, Velingkar foi autuado, sob as disposições do código penal indiano, por “ultrajar os sentimentos religiosos e insultar as crenças religiosas” ao fazer um “discurso difamatório contra São Francisco Xavier”. Foram organizadas várias manifestações públicas, exigindo que Velingkar seja preso até que a exposição das relíquias de São Francisco Xavier, marcada para 21 de novembro de 2024 a 5 de janeiro de 2025, seja concluída.

Em um comunicado, o padre Savio Fernandes, secretário executivo do Conselho de Justiça Social e Paz (CSJP), declarou que a comunidade católica de Goa condena os comentários “insultuosos e depreciativos” de Velingkar.

“As declarações de Velingkar ferem profundamente os sentimentos religiosos não apenas dos católicos, mas também de tantas pessoas pertencentes a outras comunidades religiosas que também reverenciam o santo por ter recebido inúmeros favores em suas vidas depois de rezar a ele”.

O CSJP também pediu às autoridades competentes que tomem as medidas necessárias contra o ex-líder do RSS, com base nas leis existentes, enfatizando que Velingkar tentou “deliberada e maliciosamente” jogar “uma comunidade contra a outra”.

As relíquias de São Francisco Xavier

Após a morte de São Francisco Xavier, em 3 de dezembro de 1552, na ilha de Shangchuan, na costa da China, seu corpo foi inicialmente enterrado em uma sepultura simples. Reconhecendo a importância do santo e o risco de seus restos mortais serem profanados, seu corpo foi exumado em fevereiro de 1553 e transportado para Malaca.

Em Malaca, seu corpo foi temporariamente colocado na Igreja de São Paulo, onde permaneceu por vários meses. Durante esse tempo, observou-se que o corpo estava notavelmente bem preservado, incorrupto. Em dezembro de 1553, foi tomada a decisão de transferir o corpo para Goa, na Índia, que era o centro das missões jesuítas. Ao chegar a Goa, no início de 1554, seu corpo foi depositado na Basílica do Bom Jesus. Seu corpo permaneceu incorrupto, mostrando sinais mínimos de decomposição mesmo após anos, e atraiu inúmeros peregrinos.

As relíquias são exibidas para veneração a cada dez anos, mantidas em uma urna de vidro para uma clara visualização dos devotos. No entanto, seu braço direito, utilizado para a realização de inúmeros batismos, está guardado separadamente na Igreja do Gesù, em Roma. A preservação e veneração das relíquias de São Francisco Xavier continuam a inspirar devoção e admiração entre os fiéis, atraindo peregrinos de todo o mundo.

Seguindo uma antiga tradição, na Arquidiocese de Goa e Damão, de realizar a Exposição Solene das Relíquias Sagradas de São Francisco Xavier a cada dez ano, a XVIII Exposição das Sagradas Relíquias de “Goycho Saib” terá início no dia 21 de novembro de 2024, quinta-feira, e terminará no dia 05 de janeiro de 2025, domingo.

No dia 21 de novembro, a Eucaristia Solene de abertura da Exposição será às 9h30, após a qual as Sagradas Relíquias do Santo serão conduzidas em procissão solene até a Catedral da Sé, onde permanecerão para veneração por 45 dias. No dia 05 de janeiro de 2025, domingo, as Sagradas Relíquias da Santa serão transportadas de volta à Basílica do Bom Jesus, em Velha Goa, em uma Procissão Solene, seguida por uma Eucaristia, que encerrará a Exposição.

Fonte: Gaudium Press

--------------------------------------------------------------------.

Um padre fundou o primeiro hospital psiquiátrico do mundo

Padre Juan Gilabert Jofré

Por Redação central 

Ao presenciar uma cena na qual batiam em um doente mental, o sacerdote mercedário padre Jofré o defendeu e começou um trabalho que culminou na construção do primeiro hospital psiquiátrico do mundo, na cidade de Valência, na Espanha. 

Padre Juan Gilabert Jofré nasceu em Valência, em 1350. Desde criança, sentiu o chamado a ser religioso, mas para agradar seus pais, estudou Direito Civil e Canônico, em Lérida. Durante seu tempo universitário, conheceu são Vicente Ferrer que estudava Teologia lá.

Em 1369, retornou a Valência e começou a viver uma intensa vida espiritual, comungando com frequência, visitando os pobres e participando da Missa todos os dias. Entrou na Ordem das Mercês, no ano de 1370.

Depois, mudou-se para Valência e foi nesta cidade que padre Jofré realizou uma das obras mais importantes e pela qual será recordado: a criação do primeiro hospital psiquiátrico no mundo ocidental.

Em uma sexta-feira, 24 de fevereiro de 1409, padre Jofré estava saindo do convento da Praça da Mercê para a catedral. No caminho, provavelmente na rua Martín Mengod, antiga Platerías, perto da igreja de Santa Catarina, um forte alvoroço chamou sua atenção. Alguns jovens batiam e zombavam de um homem perturbado, gritando para ele: "louco, louco!". O sacerdote se colocou entre os agressores e o agredido, protegeu o homem e levou-o para a residência mercedária, onde lhe concedeu abrigo e pediu que cuidassem de suas feridas.

Lá, começou a pedir caridade com os doentes mentais e a promover a criação de um hospital para essas pessoas. A iniciativa chegou aos ouvidos do papa Bento XIII, que autorizou o hospital em uma bula de 16 de maio de 1410, na qual o centro deveria estar sob a invocação dos Santos Mártires Inocentes.

Em 1º de junho de 1410, fundou-se o Hospital dos Inocentes para acolher os doentes mentais, pobres e crianças abandonadas. A capela do hospital foi dedicada à devoção de Nossa Senhora dos Desamparados, que depois seria a padroeira de Valência.

Este foi o primeiro hospital do mundo a fornecer aos doentes mentais um tratamento médico hospitalar e uma residência onde morar. Depois, tornou-se o atual Hospital Universitário de Valência (Espanha).

Padre Jofré se juntou a São Vicente Ferrer na evangelização de muçulmanos em Múrcia, Valência, Salamanca e Itália, e em outras missões de evangelização, até que, em 1417, retornou ao mosteiro mercedário de Nossa Senhora de Puig, onde faleceu assim que chegou. Era 18 de maio de 1417.

Em 1585, o corpo foi analisado e considerado incorrupto e flexível. Infelizmente, sua devoção declinou e no século XIX começou o processo de canonização, que foi retomado mais tarde no século XX. Finalmente, em 1996, foi reaberto e a fase diocesana foi concluída em 2007, e depois enviada para Roma.

Fonte: ACIDigital

----------------------------------------------------------.x

Bispos da China e de Taiwan conversam no Sínodo da Sinodalidade

Por Almudena Martínez-Bordiú 

O Sínodo da Sinodalidade, que pretende ser um momento de encontro e diálogo para a Igreja mundial, deu oportunidade para que bispos da China continental e de Taiwan se encontrassem.

O bispo de Chiayi, Taiwan, dom Norbert Pu, é o primeiro bispo da Igreja nascido em Taiwan. Aos 66 anos de idade, ele participa da assembleia sinodal de quase um mês como representante da Conferência Episcopal Regional Chinesa de Taiwan.

Dom Pu disse à CNA, agência em inglês da EWTN News, que está ansioso para conhecer os diferentes bispos, cardeais e delegados sinodais de outras partes do mundo reunidos no Vaticano para a segunda sessão da 16ª assembleia geral ordinária dos Bispos.

Dom Pu disse que já se encontrou com os dois bispos da China continental que participam do sínodo e planeja se encontrar com eles novamente.

“É muito importante dialogar com eles, respeitar uns aos outros. Acho que é bom… não só para os chineses, para toda a Igreja”, disse o bispo taiwanês.

O bispo de Jining, China, dom Antonio Yao Shun, o primeiro bispo a ser consagrado na China sob o acordo China-Santa Sé, representou a Igreja na China na assembleia sinodal em outubro do ano passado junto com o arcebispo de Hangzhou, China, dom Joseph Yang Yongqiang. Os dois deixaram o Vaticano antes do fim do sínodo sem explicação.

Yao disse que muitos dos participantes da assembleia sinodal do ano passado “demonstraram interesse no desenvolvimento da Igreja na China, ansiosos para saber mais e orar por nós”.

O sínodo também deu oportunidade para os bispos da República Popular da China passarem um tempo com o bispo de Hong Kong, dom Stephen cardeal Chow.

Na assembleia sinodal do ano passado, o cardeal e os dois bispos fizeram uma breve viagem juntos a Nápoles, Itália, onde celebraram uma missa na Chiesa della Sacra Famiglia dei Cinesi (Igreja da Sagrada Família dos Chineses), construída em 1732 para um instituto fundado pelo papa Clemente XII para treinar seminaristas chineses e ensinar chinês a missionários.

Um novo delegado sinodal da China

Para a assembleia deste ano, Yao foi substituído pelo bispo de Mindong, China, dom Vincent Zhan Silu.

Dom Zhan Silu, de 63 anos de idade, foi excomungado por ter sido ordenado bispo sem mandato papal em Pequim em 2000. Sua excomunhão foi suspensa em 2018, quando a Santa Sé assinou um acordo provisório de dois anos com o governo chinês sobre nomeação de bispos. Esse acordo, cujo conteúdo é secreto, vem, sendo renovado desde então.

Respondendo sobre o motivo pelo qual Yao foi substituído por Zhan Silu, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator do sínodo, disse: “A Secretaria de Estado nos comunicou os nomes, mas não temos outras informações sobre o assunto”, informou a rede de notícias Asia News.

Desde a assembleia sinodal do ano passado, Yang foi transferido para a arquidiocese de Hangzhou, “dentro da estrutura do diálogo” do acordo provisório com a China, segundo a Santa Sé.

Dom Yang foi ordenado bispo de Zhoucun, na província de Shandong, na China continental com aprovação da Santa Sé em 2010 e ficou no posto de 2013 a junho deste ano.

Ele participou do comitê nacional de 2023 da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, órgão do sistema do Partido Comunista Chinês, no qual foi decidido que a Igreja deveria integrar seu pensamento ao do partido e se unir mais estreitamente ao presidente Xi Jinping, segundo o site oficial da Associação Patriótica Católica.

Zhan Silu e Yang estão entre os 368 delegados votantes que participam da segunda assembleia sinodal no Vaticano, de 2 a 27 de outubro.

O sínodo ocorre em meio ao diálogo em andamento entre Pequim e Roma sobre a nomeação de bispos. A Santa Sé ainda não anunciou se renovou seu acordo provisório com a China, que deve ser renovado em breve pela terceira vez desde que foi assinado pela primeira vez em 2018.

Na primeira semana da assembleia, alguns delegados do sínodo fizeram uma pausa nas reuniões do dia para participar da celebração do 113º Dia Nacional de Taiwan numa recepção organizada pela Embaixada da República da China na Santa Sé, na mesma rua da basílica de São Pedro.

O Estado da Cidade do Vaticano é o único país na Europa que ainda reconhece Taiwan como país.

A Santa Sé mantém relações diplomáticas formais com Taiwan, formalmente chamada de República da China, desde 1922, e não tem presença diplomática oficial na República Popular da China (RPC) continental desde que foi oficialmente expulsa por Pequim em 1951.

A ilha de Taiwan, que fica a menos de 177 km da costa da China e abriga uma população de mais de 23 milhões de pessoas, mantém uma democracia vibrante com liberdades civis robustas, apesar da crescente pressão de Pequim em relação ao status da ilha.

Ao contrário da China continental — onde as imagens de Cristo e de Nossa Senhora foram substituídas por imagens do presidente Xi Jinping , segundo um relatório divulgado na semana passada — os católicos em Taiwan desfrutam de liberdade religiosa, consagrada em sua constituição.

Mais de 10 mil pessoas compareceram ao Congresso Eucarístico Nacional em Taiwan no último fim de semana, segundo o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan.

O papa Francisco enviou uma mensagem ao congresso, escrevendo que esperava que ele “despertasse nos corações dos fiéis cristãos uma verdadeira adoração e amor pela Eucaristia”. O congresso na diocese de Kaohsiung foi o quinto congresso eucarístico realizado em Taiwan desde 2011.

Dom Pu disse à CNA que o congresso representou uma oportunidade para que mais pessoas em Taiwan conhecessem a Eucaristia e sua importância central para a fé católica.

“Esperamos poder sempre manter esse relacionamento formal e bom com a Santa Sé. Porque para Taiwan, isso é muito importante. Esperamos que o mundo veja isso porque Taiwan é um país democrático e livre, respeitado por outras nações”, disse dom Pu.

Fonte: ACIDigital

----------------------------------------------------------------------------.

Do dia 07/10/2024

Dom Cipollini um dos delegados do Brasil ao Sínodo aponta o trabalho dos 10 Grupos de Estudo temático como novidade desta etapa

Sendo um dos 5 bispos eleitos em Assembleia da CNBB para representar o episcopado brasileiro no Sínodo, o bispo de Santo André (SP), dom Pedro Carlos Cipollini,  compartilhou suas visões após a primeira de semana da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que está se realizando, de 2 a 27 de outubro, no Vaticano.

No âmbito da CNBB, dom Cipollini foi nomeado membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé para o mandato de 2011 a 2014, e posteriormente eleito presidente da mesma comissão na Assembleia Geral da CNBB de 2015 para o período de 2015 a 2019, sendo reeleito em 2019.

Grupos de Estudo temáticos

De acordo com o bispo de Santo André (SP), essa segunda sessão começou com uma característica um pouco diferente. “Nós já tínhamos participado da primeira sessão já estávamos ambientados com o clima e o tipo de trabalho. Porém tem uma diferença, por exemplo a criação das 10  Grupos de Estudo sobre as temáticas, pelo Papa, que trabalharão assuntos mais complexos influem porque esses temas não estão sendo discutidos”, avalia.

Segundo dom Pedro, alguns permanecem como linhas mestras da primeira sessão. Por exemplo a sinodalidade como um modo de ser da Igreja, tem que ser implementada com mais força. Ele aponta que existe também a questão da missão: “a Igreja existe para anunciar o Reino de Deus;  quer dizer o Reino tem uma Igreja; não é uma Igreja que tem uma missão; é o Reino que tem uma Igreja missionária a seu favor”.

E aponta ainda que permanece a linha de uma Igreja misericordiosa aberta para acolher a todos, todos, como diz o Papa. “Ontem passamos o dia todo ouvindo, o Papa também como nós. Um dia de ouvir os depoimentos pessoais quanto os que trabalharam em grupos”, contou.

O bispo de Santo André aponta ainda que permanece também a linha da iniciação à vida cristã proposta que defendeu nos sínodo. “À medida que tivermos leigos mais conscientes e preparados, nós podemos ter uma Igreja sinodal onde todos participam; são incluídos, porque se tornam e se sentem responsáveis”, reforça.

Dom Cipolini apontou que a questão do clericalismo também permanece com uma questão a ser refletida. “De modo que estamos caminhando por aí; os trabalhos são discutidos e sintetizados no próprio grupo. Além dos círculos menores, temos também as plenárias onde cada um pode se inscrever e falar”, contou.

 Fonte: CNBB

--------------------------------------------------------------------------------------------.

No Dia de Nossa Senhora do Rosário, Brasil celebra o Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria

A Liturgia da Igreja celebra nesta segunda-feira, 7 de outubro, a memória da Bem-aventurada Virgem Maria do Rosário, estabelecida pelo Papa Pio V, em 1571, após a vitória dos cristãos quando resistiram aos ataques dos turcos otomanos em meio à recitação do Rosário, em Lepanto. Aqui no Brasil, para dar maior destaque à data, com o convite para a oração do terço, foi criado o Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria, estabelecido pela Lei 14.745/23.

O nome Rosário faz referência a rosas oferecidas a Nossa Senhora a cada Ave-Maria contemplada. O Papa Bento XVI escreveu certa vez que o Rosário é uma oração bíblica, “totalmente tecida pela Sagrada Escritura” e que é “uma oração do coração, em que a repetição da ‘Ave-Maria’ orienta o pensamento e o afeto para Cristo”, assim como afirmou Paulo VI em 1974.

Também João Paulo II ressaltou ser uma oração amada por numerosos Santos e estimulada pelo Magistério. “Na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no terceiro Milénio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade”.

    “Ela enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de um cristianismo que, passados dois mil anos, nada perdeu do seu frescor original, e sente-se impulsionado pelo Espírito de Deus a ‘fazer-se ao largo’ para reafirmar, melhor ‘gritar’ Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como ‘caminho, verdade e vida’ (Jo 14, 6), como ‘o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização'”, escreveu João Paulo II na carta apostólica Rosarium Virginis Mariae.

Pela paz

O Papa Francisco tem insistido, em diversas ocasiões, principalmente na pandemia e diante das realidades de guerra, para que os cristãos busquem o auxílio espiritual de Maria por meio do Terço.

Ontem, o pontífice uniu-se aos fiéis do mundo inteiro a partir da Basílica de Santa Maria Maior de Roma para suplicar a Nossa Senhora a intercessão pelo dom da paz no mundo. Também participaram com ele os mais de 350 membros da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano até 27 de outubro.

O momento de oração do terço foi o primeiro de dois dias envolvidos na mesma intenção. Nesta segunda-feira, é realizado o dia de oração e jejum, na marca de um ano do ataque terrorista do Hamas contra Israel que desencadeou a guerra no Oriente Médio. As duas iniciativas são realizadas nesta “hora dramática de nossa história, enquanto os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras”, como descreveu o Papa no dia 2 de outubro.

Atendendo aos apelos do pontífice, os colaboradores da sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) rezaram o terço às 11h30 de hoje, também seguindo as intenções pelo Sínodo.

Programação no Santuário do Cristo Redentor

O cardeal Orani João Tempesta escreveu em artigo que “a oração do Santo Rosário é o melhor remédio contra todos os males e todos os pecados” e que o terço “é a arma do cristão na luta contra o mal”, motivando à oração diária, “pedindo a intercessão da Virgem Maria por nós junto a Deus”. O cardeal ensina que “com o auxílio e proteção dela conseguiremos vencer as batalhas do dia a dia”.

Dom Orani conduz uma atividade relacionada à celebração do Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria, nesta segunda-feira, no Santuário do Cristo Redentor. O evento é promovido pela arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. A partir das 17h30, haverá a entronização da imagem de Nossa Senhora Aparecida, leitura da Lei Federal, Ato de Consagração do Brasil à Virgem Maria, recitação do Santo Rosário, leitura da mensagem do Papa Francisco para a ocasião e Santa Missa presidida pelo cardeal Orani João Tempesta.

Fonte: CNBB

-----------------------------------------------------------------------.

Um novo módulo, o de relações, foi aberto na segunda sessão do Sínodo sobre Sinodalidade

Nesta segunda-feira, 7 de outubro, a Assembleia Sinodal iniciou o módulo sobre as Relações. Trata-se de “relações com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre Igrejas”, que “sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas”, como lembrou Maria Inazia Angelini em sua meditação, citando o Instrumentum laboris.

Madre Angelini

A monja beneditina concentrou sua reflexão na parábola do Bom Samaritano e nos relacionamentos que aparecem no texto, onde “encontramos implicitamente desenhado, em símbolo, um mapa do caminho sinodal. Que tem sua rede de apoio nos relacionamentos. Relacionamentos nos quais, antes mesmo de fazer, é preciso ver”. Isso porque é “o ver que está na base da espiritualidade sinodal: onde há amor, abre-se uma nova visão”, sublinhou Angelini.

De acordo com a monja beneditina, “o mistério do Mandamento só pode ser entendido através do evento do relacionamento”, sublinhando que o caminho sinodal, iniciado de diferentes maneiras, “é único”, mas, ao mesmo tempo, “para aqueles que o percorrem – o Evangelho nos revela – ele abre diferentes visões: ver e passar, distanciar-se do outro lado”. Isso em um mundo de guerras, que “deixa o ser humano igual à terra: meio morto”. Diante dessa realidade, a missão da Igreja “deve descobrir como abrir seu olhar para a alegria de ver com olhos de compaixão”.

Relacionamentos que falam de Deus, não de si mesmo

São relacionamentos “que falam de Deus, não de si mesmo”, afirmou, analisando as formas de relacionamento dos personagens da parábola do Bom Samaritano, onde “a história do gênero humano é contada”, onde o samaritano cria uma rede de relacionamentos, tece uma cultura de gratuidade. Algo que deveria tornar a Igreja “um lugar onde todos são bem-vindos. Um lugar de cuidado gratuito. Dessa forma, somos verdadeiramente provocados a ser uma igreja sinodal”.

Isso em um mundo, e em uma Igreja, em que “o outro necessitado se torna invisível para aqueles que estão presos em suas próprias agendas, urgências, autorreferências”, em que “a indiferença é o mal de uma sociedade complexa, global, mas anônima”, destacou a monja.

A paz como um horizonte de reflexão

Os trabalhos propriamente ditos foram abertos pela Presidente Delegada da Congregação Geral, a japonesa Momoko Nishimura, que depois de cumprimentar em espanhol, passou a palavra ao Relator Geral, cardeal Hollerich, que apresentou o módulo II, dedicado às Relações, que depois de cumprimentar, lembrou a oração do Rosário no domingo em Santa Maria Maior, e o jejum e a oração desta segunda-feira, unindo-se aos bons votos para os novos membros do Colégio Cardinalício, em particular os presentes na assembleia.

Na perspectiva da paz, ele pediu “que o anseio pela paz seja o horizonte de nossa reflexão e de nossos intercâmbios e que o Senhor nos mostre o caminho para nos tornarmos pacificadores, a serviço de toda a humanidade”. O cardeal explicou a natureza diferente desse módulo e dos seguintes, em relação aos fundamentos. São três módulos, relações, itinerários e lugares, intimamente interligados, que “iluminam, a partir de diferentes perspectivas, a vida sinodal missionária da Igreja”, como afirma o Instrumentum laboris.

Descrever maneiras de incorporar os Fundamentos

Trata-se de, com base no trabalho da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal e refletido no Relatório de Síntese, “delinear formas de encarnar os Fundamentos na vida cotidiana e nas práticas das comunidades cristãs, tornando-os concretos e, portanto, capazes de serem experimentados pelo Povo de Deus”. Relações com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre as Igrejas, “que sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas”. De acordo com Hollerich, “essa rede de relações, que oferece aos indivíduos e às comunidades pontos de referência e orientação, é multifacetada e atravessa uma multiplicidade de níveis”.

Essa parte está organizada em quatro seções, cada uma das quais se concentra em um aspecto específico: relações trinitárias, expressas no itinerário da iniciação cristã; relações entre aqueles que receberam o dom do Batismo, membros do Povo de Deus e anunciadores do Evangelho; relações entre o sacerdócio batismal e o sacerdócio ministerial; relações entre as Igrejas. Diante disso, o desafio, advertiu o Cardeal, “é estar em sintonia com o movimento que anima o Instrumentum laboris, capaz de manter unidos os diferentes níveis e áreas, e assim alcançar a vida concreta e as práticas de nossas comunidades”.

Algo que decorre do fato de que “o Povo de Deus espera de nós indicações e sugestões sobre como é possível tornar essa visão concretamente tangível: O que o Espírito Santo nos convida a fazer para que as relações dentro de nossas Igrejas sejam mais transparentes e harmoniosas, para que nosso testemunho seja mais crível? Em outras palavras: “O que o Espírito Santo nos convida a fazer para passarmos de uma forma piramidal de exercer autoridade para uma forma sinodal?” O objetivo deste módulo é “tomar medidas para tornar a perspectiva eclesiológica delineada pelo Concílio”. Para isso, será necessário “manter o delicado equilíbrio que mantém o risco de cair em um excesso de abstração, por um lado, ou em um excesso de pragmatismo, por outro”, lembrou Hollerich.

Metodologia sinodal 

O Instrumentum laboris marca a metodologia de trabalho das assembleias sinodais, algo que não é diferente na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada de 2 a 27 de outubro de 2024, na Sala Paulo VI do Vaticano, com a participação de mais de 350 membros, aos quais se juntam outros participantes que fazem parte de diferentes equipes.

Mesas sinodais

Parte-se da pergunta que orienta o desenvolvimento desta Segunda Sessão: “Como ser uma Igreja sinodal em missão?”. O propósito é descobrir como concretizar a identidade do Povo de Deus sinodal em missão nas relações, itinerários e lugares onde se desenvolve a vida da Igreja.

Por Luis Miguel Modino, assessor de comunicação do regional Norte 1

Fonte: CNBB

------------------------------------------------------------------------------------------------------.

Papa em súplica a Nossa Senhora implora o silêncio das armas pela paz no mundo

O Papa Francisco se uniu aos fiéis do mundo inteiro a partir da Basílica de Santa Maria Maior de Roma neste domingo, 6 de outubro, onde também estavam os mais de 350 membros que participam da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em andamento no Vaticano até 27 de outubro.

O momento de oração do terço em súplica a Nossa Senhora para interceder a Deus pelo dom da paz no mundo foi o primeiro de dois dias envolvidos na mesma intenção, já que nesta segunda-feira, 7 de outubro, data que marca um ano do ataque terrorista do Hamas contra Israel que desencadeou a guerra no Oriente Médio, o Pontífice convocou um Dia de Oração e Jejum.

As duas iniciativas são realizadas nesta “hora dramática de nossa história, enquanto os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras”, antecipava o Papa na missa de abertura da assembleia sinodal na última quarta-feira, 2 de outubro.

Ao final da recitação do Santo Rosário na basílica vaticana para invocar a paz, o Papa Francisco fez uma oração especial a Nossa Senhora suplicando: “acolhei o nosso grito!”, pediu Francisco, além de “nos socorrer nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, dos filhos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência, para que se realize sem demora a profecia de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 4)”.

Dramática situação das guerras

Ao recordar todos os povos que sofrem com a dramática situação de guerras, o Pontífice também pediu a intercessão de Maria para voltar o seu “olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum”.

    “Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos, Mãe, a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações.”

Íntegra a oração do Papa Francisco em súplica a Nossa Senhora pelo dom da paz no mundo:

“Ó Maria, nossa Mãe, eis-nos aqui de novo na vossa presença. Vós conheceis as dores e os cansaços que nesta hora pesam sobre os nossos corações. Para Vós, erguemos os nossos olhos; sob o vosso olhar encontramos refúgio; e ao vosso coração nos confiamos.

Também para Vós, ó Mãe, a vida reservou provações difíceis e receios humanos, mas fostes corajosa e audaz: tudo confiastes a Deus, respondendo-Lhe com amor e oferecendo-Vos a Vós mesma sem reservas. Como intrépida Mulher da Caridade, apressastes-Vos a socorrer Isabel; com prontidão, acolhestes a necessidade dos esposos nas bodas de Caná; e com fortaleza de espírito, iluminastes no Calvário a noite da dor com a esperança pascal. Por fim, com ternura de Mãe, infundistes coragem aos discípulos atemorizados no Cenáculo e, com eles, acolhestes o dom do Espírito.

E agora Vos suplicamos: acolhei o nosso grito! Precisamos do vosso olhar, do vosso olhar de amor que nos convida a confiar no vosso Filho Jesus. Vós que estais disposta a acolher as nossas mágoas, vinde socorrer-nos nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, dos filhos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência, para que se realize sem demora a profecia de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 4).

Mãe, voltai o vosso olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Mãe, intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum.

Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos, Mãe, a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações.

Maria, Rainha do Santo Rosário, desatai os nós do egoísmo e dissipai as nuvens sombrias do mal. Enchei-nos com a vossa ternura, levantai-nos com a vossa mão carinhosa e dai a estes filhos, a vossa carícia de Mãe, que nos faz esperar o advento de uma nova humanidade onde «o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta. Na terra, agora deserta, habitará o direito, e a justiça no pomar. A paz será obra da justiça» (Is 32, 15-17).

Ó Mãe, Salus Populi Romani, rogai por nós!”

Fonte: CNBB

-------------------------------------------------------------------.x

Vida Religiosa Consagrada da Regional de Recife participa da 59ª Assembleia Pastoral Regional da CNBB Nordeste 2

         A Vida Religiosa Consagrada da Regional de Recife esteve presente na 59ª Assembleia Pastoral Regional da CNBB Nordeste 2, realizada de 1º a 3 de outubro em Lagoa Seca-PB. O evento, com o tema “A espiritualidade de comunhão na práxis evangelizadora”, foi um espaço para fortalecer a missão da Igreja na evangelização e aprofundar a vivência da comunhão.

Inspirada pela passagem bíblica de João 17,21, que trata da unidade e comunhão entre os seguidores de Cristo, a Assembleia contou com momentos de diálogo, partilha e renovação. A participação da Vida Religiosa Consagrada reforçou seu compromisso com a missão da Igreja e com a construção de uma sociedade mais alinhada aos valores do Evangelho.

O encontro visou fortalecer a comunhão e a missão da Igreja no Nordeste, trazendo reflexões e propostas para o trabalho pastoral na região, com a expectativa de gerar frutos na caminhada evangelizadora. Fonte: CRB

------------------------------------------------------------------------------------------.

Proximidade do Papa aos católicos do Oriente Médio

Francisco envia uma carta denunciando o conflito, mas sobretudo expressando proximidade a todos os fiéis que sofrem com a guerra: “O estopim do ódio, que se acendeu há um ano, não foi apagado. Vergonhosa é a incapacidade da comunidade internacional e dos países mais poderosos de silenciar as armas e pôr fim à tragédia da guerra”. O Pontífice se declara próximo das mães, das crianças, dos deslocados e da população de Gaza, encorajando todos a serem “testemunhas da força de uma paz não armada”.

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

“Estou com vocês...”. Com os habitantes de Gaza, com os deslocados, com aqueles que fugiram das bombas, com as mães que choram seus filhos mortos, com as crianças que tiveram a infância roubada, com todos aqueles que não têm voz e que sofrem as consequências dos conflitos “que os poderosos fazem com os outros”. O Papa repete sete vezes sua expressão de proximidade ("Estou com vocês...") na carta que quis enviar hoje, 7 de outubro, dia em que há um ano “o estopim do ódio” foi aceso com o brutal ataque do Hamas contra Israel, a todos os católicos do Oriente Médio. Um povo martirizado, exausto, ferido por uma guerra que nem a comunidade internacional nem os países mais poderosos, com uma "vergonhosa incapacidade", conseguiram terminar.

Vergonhosa incapacidade de fazer cessar a guerra

Francisco, após as ligações diárias ao pároco da Sagrada Família de Gaza, padre Gabriel Romanelli, após o apelo de ontem no Angelus por um cessar-fogo imediato em todos as frentes, após o Rosário de paz a Maria em Santa Maria Maior e no dia em que convocou uma Jornada Mundial de Oração e Jejum, quis fazer mais um gesto de atenção com uma missiva de tom comovente e pessoal, que não economiza na denúncia da incapacidade dos responsáveis das nações de pôr fim a uma tragédia que perdura há um ano e corre o risco de tomar proporções ainda maiores..

Um estopim de ódio ainda aceso

“Penso em vocês e rezo por vocês. Desejo estar com vocês neste dia triste”, escreve Francisco no início da carta. Ele logo se volta para o massacre de um ano atrás, que deu início à resposta militar de Israel contra a Palestina e a toda a escalada de violência que se testemunha há doze meses: “Há um ano o estopim do ódio foi aceso; não foi apagado, mas explodiu em uma espiral de violência, na vergonhosa incapacidade da comunidade internacional e dos países mais poderosos de silenciar as armas e pôr fim à tragédia da guerra”.

"A história parece não ter ensinado nada."

O Papa observa o presente com “o sangue correndo, como as lágrimas; a raiva crescendo, junto com o desejo de vingança, enquanto parece que poucos se importam com o que mais é necessário e com o que as pessoas querem: diálogo, paz”. Ele não se cansa de repetir que “a guerra é uma derrota, que as armas não constroem o futuro, mas o destroem, que a violência nunca traz paz".

"A história o demonstra, mas ainda assim anos e anos de conflitos parecem não ter ensinado nada."

Um novo apelo do Papa no Angelus deste domingo, 6 de outubro, véspera do primeiro aniversário do ataque do Hamas a Israel: “desde aquele dia, o Oriente Médio mergulhou em um ...

Rebanho indefeso

O olhar se volta para todos os irmãos e irmãs que habitam os lugares mencionados nas Sagradas Escrituras, “um pequeno rebanho indefeso, sedento de paz”. “Obrigado – escreve o Papa Francisco – por aquilo que vocês são, obrigado porque querem permanecer em suas terras, obrigado porque sabem rezar e amar, apesar de tudo. Vocês são uma semente amada por Deus”. E como uma semente, “aparentemente sufocada pela terra que a cobre, sempre sabe encontrar o caminho para o alto, para a luz, para dar frutos e gerar vida”, assim vocês “não se deixam engolir pela escuridão que os cerca, mas, plantados em suas terras sagradas, tornam-se brotos de esperança”, encoraja.

"A luz da fé os leva a testemunhar o amor enquanto se fala de ódio, o encontro enquanto o confronto se espalha, a unidade enquanto tudo parece caminhar para a divisão."

Paz desarmada

“Com coração de pai”, Jorge Mario Bergoglio se dirige então a essas Igrejas antigas e hoje “martirizadas”: “Sementes de paz no inverno da guerra”, ele as define, exortando-as a se tornarem “testemunhas da força de uma paz desarmada”. “Os homens de hoje não sabem encontrar a paz, e nós, cristãos, não devemos nos cansar de pedi-la a Deus. Por isso hoje convidei todos a viver um dia de oração e jejum”, as “armas do amor que mudam a história”, armas que “vencem nosso único verdadeiro inimigo: o espírito do mal que fomenta a guerra”, sublinha o Pontífice.

"Por favor, dediquemos tempo à oração e redescubramos o poder salvífico do jejum!"

"Estou com vocês..."

Na carta, o Papa escreve o que, segundo ele, sente em seu coração: “Estou próximo de vocês, estou com vocês”. Daqui em diante, quase como uma ladainha de “estou com vocês...” para reafirmar sua proximidade aos católicos, mas também a todos os homens e mulheres de todas as confissões e religiões que no Oriente Médio sofrem com a loucura da guerra.

"Estou com vocês, habitantes de Gaza, martirizados e exaustos, que estão todos os dias em meus pensamentos e em minhas orações. Estou com vocês, forçados a deixar suas casas, a abandonar a escola e o trabalho, a vagar em busca de um destino para escapar das bombas."

Neste domingo (06/10), a partir da Basílica de Santa Maria Maior de Roma, Francisco se uniu aos membros do Sínodo dos Bispos e a fiéis do mundo inteiro para rezar o terço em ...

Próximo das mães e das crianças

O Papa pensa nas mães a quem foram arrancados os filhos e nas crianças, algumas tão pequenas que não conheceram outra coisa senão bombas e destruição

"Estou com vocês, mães que derramam lágrimas olhando para seus filhos mortos ou feridos, como Maria ao ver Jesus; com vocês, pequenos que habitam as grandes terras do Oriente Médio, onde as tramas dos poderosos lhes roubam o direito de brincar."

Sedentos de paz e justiça

“Estou com vocês, que têm medo de olhar para o alto, porque do céu chove fogo”, escreve ainda o Bispo de Roma. “Estou com vocês, que não têm voz, porque se fala muito de planos e estratégias, mas pouco sobre a situação concreta daqueles que sofrem com a guerra, que os poderosos fazem com os outros; sobre eles, no entanto, pesa a implacável investigação de Deus”.

"Estou com vocês, sedentos de paz e de justiça, que não se rendem à lógica do mal e em nome de Jesus 'amam seus inimigos e rezam por aqueles que os perseguem'."

Gratidão

Da proximidade, passa-se à gratidão, e as últimas linhas da missiva são todas um “obrigado” do Papa, sobretudo pelo testemunho dado em meio ao horror: "Obrigado a vocês, filhos da paz, porque consolam o coração de Deus, ferido pelo mal do homem. E obrigado a todos aqueles, no mundo inteiro, que os ajudam; a eles, que em vocês cuidam de Cristo faminto, doente, estrangeiro, abandonado, pobre e necessitado, peço que continuem a fazê-lo com generosidade". O Pontífice também expressa gratidão aos bispos e sacerdotes que levam “o consolo de Deus nas solidões humanas”. A eles também encoraja a “olhar para o povo santo que são chamados a servir e deixar que seus corações sejam tocados, abandonando, por amor aos seus fiéis, toda divisão e ambição”. Fonte: Vatican News

*-----------------------------------------------------------------.x

 Francisco em carta a Lucca, na Itália: é preciso uma “cultura da sustentabilidade"

A carta foi dirigida ao arcebispo de Lucca, dom Paolo Giulietti, por ocasião da abertura na cidade toscana do “Festival Planeta Terra”, dedicado este ano às “comunidades naturais”. O Papa renovou o convite a um compromisso de todos com a proteção da criação.

Maria Milvia Morciano - Vatican News

“O compromisso corresponsável de todos é mais necessário do que nunca para suscitar atitudes éticas destinadas a respeitar e proteger a criação, dom incomparável de Deus, para que seja um lugar que possa ser habitado por todos”. Foi o que escreveu o Papa a dom Paolo Giulietti, arcebispo da cidade italiana de Lucca, em uma carta que foi lida na última quinta-feira (03/10), na abertura do “Festival Planeta Terra”. A iniciativa terminou no domingo (06/10) na cidade toscana, em cujo território Francisco espera que o evento promova “a cultura da sustentabilidade”. O Papa concluiu recordando, na véspera da sua festa litúrgica de São Francisco de Assis, “um modelo para aqueles que se aproximam da natureza e do meio ambiente com a maravilha do simples e a linguagem da fraternidade”.

O valor da comunidade e da cooperação

Foi justamente a Igreja em Lucca dedicada ao Pobrezinho que serviu de pano de fundo para a cerimônia de inauguração do festival, agora em sua quarta edição, dirigido por Stefano Mancuso com a ideia, o projeto e a organização da Editoria Laterza, em colaboração com a Fundação Cassa di Risparmio di Lucca. O evento foi realizado em alguns dos lugares mais encantadores de Lucca: além da Igreja de São Francisco, o Palazzo Ducale, o Jardim Botânico e, pela primeira vez, a Casa del Boia. Os encontros, diálogos, palestras e espetáculos desta edição foram animados com o tema “Comunidades Naturais”, destacando um aspecto fundamental que está muito próximo do coração do Papa Francisco, como demonstrado pela sua Fratelli tutti: a cooperação, que - lê-se em uma nota dos organizadores - é a força pela qual a vida prospera, a verdadeira força motriz que decide o destino dos seres vivos.

Como e por que as espécies vivas formam comunidades? Que princípio as rege? “Desafiando o senso comum que vê a competição como a força motriz de uma comunidade para lidar com a escassez de recursos disponíveis”, observa o diretor do Festival, Stefano Mancuso, ”é o apoio mútuo o sistema mais eficiente para garantir a sobrevivência de todos. Se pensarmos em termos de espécies, o apoio mútuo é uma opção natural, mesmo antes de se tornar uma escolha moral”.

Quatro dias de eventos

Durante os quatro dias do festival, foram realizados mais de 90 eventos com a participação de cientistas, antropólogos, filósofos, economistas, escritores, artistas e inovadores. Personalidades proeminentes se revezaram - Roberta De Monticelli, Dario Fabbri, Vittorio Gallese, Vittorio Lingiardi, Daniela Silvia Pace, Telmo Pievani, Gaia Vince, Alice Rohrwacher - e discutiram como as espécies de plantas e animais constroem comunidades, simbiose, alianças entre espécies, as complexidades específicas das comunidades humanas e as características de cada espécie, além de biodiversidade, sustentabilidade, políticas alimentares, paisagens e fenômenos extremos, o Mediterrâneo e muito mais. O objetivo é observar e aprender como cada indivíduo cria alianças com outros de sua espécie e com outras espécies, vivenciando aquele pequeno milagre que se torna realidade quando espécies diferentes, aprendendo a conviver, formam uma relação. Fonte: Vatican News

*-----------------------------------------------------------------.s

Cardeal Gracias: “dar valor a todas as culturas, respeitá-las”

O arcebispo de Bombaim, cardeal Oswald Gracias participou nesta segunda-feira, na Sala Stampa vaticana, da coletiva de imprensa com os membros da Assembleia Sinodal.

Padre Modino - Vaticano

As relações são um dos elementos presentes nas discussões da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI de 2 a 27 de outubro de 2024. Esse tema está muito presente na vida da Igreja Católica na Ásia, como afirmou o Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo de Bombay e Presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas.

Trabalhar juntos como religiões, buscando Deus

Para o cardeal indiano, na Ásia, “as relações com outras religiões são muito importantes, nós as definimos como religiões próximas, temos que trabalhar juntos, buscando Deus, buscando um elo entre nós”. Uma atitude que também está presente em outras latitudes, como na Amazônia, onde o Sínodo para a Amazônia, que realizou sua Assembleia Sinodal em outubro de 2019, da qual participou o arcebispo de Bombay, fortaleceu essa dinâmica, avançando em alguns elementos concretos, como o rito amazônico.

A esse respeito, o cardeal Gracias lembrou que, na Ásia, os católicos representam quatro por cento, com países onde constituem um por cento, sendo as Filipinas uma exceção a esse respeito, com um número maior de católicos. A partir daí, ele disse que “o Sínodo deve ter um efeito sobre a transformação das igrejas cristãs no mundo”, insistindo na ideia de “poder trabalhar juntos, para avançar juntos”. Falando sobre participação, ele observou que “é aqui que a interculturalidade entra em jogo, e devemos respeitar outras culturas”.

A necessidade de aceitar, respeitar e compreender

O Cardeal Gracias lembrou que “depois do Concílio Vaticano II, percebemos muito melhor o valor, a necessidade de aceitar, respeitar e ser capaz de compreender os outros”. Nessa perspectiva, ele enfatizou que “a inculturação da fé também deve ser diferente”, destacando que “há uma enorme riqueza na Ásia, na Índia, na Coreia, no Japão, em todos esses países, as culturas locais nos ajudarão. Não queremos converter os outros, mas temos que construir o Reino de Deus na Ásia, temos que assumir o valor da Ásia como algo necessário”.

“Por natureza, somos sinodais na Índia, na Ásia”, uma região onde “a cultura é totalmente diferente, eles não entenderiam outra cultura se ela lhes fosse imposta’. Lembrando o que diz o Vaticano II, o cardeal disse que “devemos valorizar todas as culturas, respeitá-las, aproveitar a riqueza dessas culturas, porque senão estaríamos indo contra a corrente, estaríamos indo contra a encarnação, este é um exemplo típico de inculturação”. Fonte: Vatican News

*-----------------------------------------------------------------.s

Sínodo: "a sinodalidade é o modus vivendi de uma Igreja que vive em missão"

Sala Stampa vaticana sediou uma nova coletiva de imprensa com os membros da Assembleia Sinodal: momento de oração e solidariedade com os povos do Oriente Médio no Dia de Oração e Jejum,

Padre Modino - Vaticano

No dia em que a Assembleia Sinodal deu mais um passo à frente, com o início do trabalho em um novo módulo dos quatro em que está dividido o Instrumentum laboris, o das relações, a Sala Stampa sediou uma nova coletiva de imprensa com os membros da Assembleia Sinodal, neste caso o arcebispo de Bombaim, cardeal Oswald Gracias, dom Gintaras Grusas, arcebispo de Vilnius e Ir. Mary Teresa Barron. A eles se juntaram os membros presentes cada dia: o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, Sheila Pires e Cristiane Murray.

Oração e solidariedade com o Oriente Médio

Sobre os trabalhos da Congregação Geral nesta segunda-feira, Ruffini destacou o momento de oração e solidariedade com os povos do Oriente Médio no Dia de Oração e Jejum, convocado pelo Papa Francisco para 7 de outubro, buscando o que nos une pela Paz. Da mesma forma, afirmando que a caridade, a proximidade e a sinodalidade estão ligadas, ele relatou a coleta para a paróquia de Gaza, sempre presente entre as preocupações do Papa. Também recordou a presença na Assembleia Sinodal de 9 dos cardeais nomeados pelo Papa, e as palavras de Madre Maria Ignacia Angelini, que pediu uma conversão das relações para passar de um modelo piramidal a um modelo sinodal.

O novo módulo significou uma mudança de membros nos círculos menores, nas mesas redondas, que elegem o relator, o secretário é previamente escolhido pela Secretaria do Sínodo, lembrou Sheila Pires, relatores e secretários que realizam um trabalho amplo e importante. O trabalho começa com a apresentação dos membros, que depois apresentam sua reflexão, preparada com antecedência, que dá lugar à conversa no Espírito.

Nesta terça-feira, informou a secretária da Comissão de Informação, serão eleitos os membros da Comissão para a redação do Documento Final. Junto com isso, depois de explicar o desenvolvimento do trabalho, ela se referiu aos fóruns teológicos que serão realizados na quarta-feira à tarde, onde se refletirá sobre o Povo de Deus como sujeito da missão e o papel e a autoridade do bispo em uma Igreja sinodal.

Sínodo como algo natural na Ásia

O tema dos relacionamentos despertou enorme interesse, de acordo com o Cardeal Gracias, que destacou a enorme contribuição sobre essas questões no mundo asiático. Ele lembrou a assembleia asiática realizada em 2022, com a participação de 200 bispos, que, nas palavras do arcebispo de Bombay, abordou esses mesmos argumentos, concentrando-se na renovação pastoral. "O Sínodo chegou de maneira natural à Ásia", disse o cardeal, para quem é necessário trabalhar em conjunto com respeito.

Entre os elementos importantes, ele afirmou que a Igreja deve construir pontes, e é por isso que o relacionamento com outras religiões é importante, insistindo que "temos que trabalhar juntos em busca de Deus". O cardeal também se referiu à mídia digital e sua importância para os jovens. A esse respeito, ele contou que recentemente um jovem se dirigiu aos bispos asiáticos dando-lhes as boas-vindas ao mundo digital, reconhecendo que os bispos "resistiram a esse mundo digital". Sobre o caminho sinodal, ele pediu um progresso contínuo e frutífero a fim de revitalizar a Igreja, e também destacou as contribuições dos delegados fraternos, membros de outras igrejas, na assembleia.

O Sínodo é mais do que burocrático

A proximidade e a solidariedade com aqueles que sofrem com a guerra é uma realidade que tem a ver com o que é feito no Sínodo, disse Dom Grusas, que insistiu no fato de que o Sínodo é mais do que algo burocrático. Falando sobre o módulo das relações, ele disse que, ao lidar com a guerra, leva-se em conta o que o Papa diz em Fratelli tutti, somos uma família que reza pela paz. Ele também enfatizou a importância da oração pessoal, do amor entre as igrejas, com aqueles que estão em dificuldade, referindo-se à proximidade da Igreja Europeia com a Igreja na Ucrânia e em Gaza, pedindo para "rezar pelo milagre da paz".

O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa destacou que, nesta Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, os laços se estreitam, algo que "ajuda a entender o que significa ser Igreja, caminhar juntos como batizados que têm uma missão". Por isso, não hesitou em dizer que "este Sínodo é uma oportunidade para que todos aprendam a ser Igreja", uma afirmação decisiva, porque além dos temas a serem tratados, o fundamental é encontrar o caminho a seguir para ser uma Igreja que sente a necessidade de caminhar junto.

Escutar os excluídos como Igreja

A irmã Barron também se referiu ao crescimento e aprofundamento da capacidade de escutar uns aos outros. Ela que vê a necessidade de escutar a vontade de Deus, para aprender a respeitar as diferenças. Nesse sentido, a presidenta da União Internacional de Superioras Gerais (UISG), enfatizou que não devemos convencer os outros a aceitar o que acreditamos e como a Igreja pode escutar melhor aqueles que são excluídos, "devemos escutar cada vez melhor, a sinodalidade é o modus vivendi de uma Igreja que vive em missão", insistindo que o desafio é ir até aqueles que não são ouvidos.

A religiosa contou a experiência da UISG, que tem um escritório dedicado à sinodalidade, que se reúne com uma equipe intercultural, descobrindo como imagem da sinodalidade a imagem de uma ponte, uma ponte para ir além. Elas estabeleceram quatro prioridades: crescer no discernimento, saber escutar e construir melhores relacionamentos com toda a humanidade e com a criação, a fim de poder realizar melhor esses relacionamentos. Ela também se referiu à necessidade de revisar o modelo de liderança, para torná-lo mais sinodal, para ajudar e ser solidário com aqueles que como Vida Religiosa estão nas periferias, prestando atenção em como continuar esse caminho na Vida Religiosa.

Fonte: Vatican News

-----------------------------------------------------------------.

Coleta no Sínodo será destinada à população de Gaza

O cardeal Krajewski promove à tarde uma coleta para a Paróquia da Sagrada Família, liderada pelo Pe. Romanelli, para quem o Papa telefona todos os dias. O esmoler ficará com um “enorme” cesto em frente à porta de entrada da Sala Paulo VI para recolher as ofertas que depois serão enviadas diretamente para a Faixa

Vatican News

Para os participantes do Sínodo, este 7 de outubro é dia de oração, de jejum, mas também de um gesto concreto de caridade em favor da população de Gaza. De fato, o cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício, ao se pronunciar na manhã desta segunda-feira após o discurso do cardeal Jean-Claude Hollerich na abertura dos trabalhos da IV Congregação, anunciou que neste dia dedicado à penitência e à oração a pedido do Papa, seria promovida uma coleta na parte da tarde.

Valor destinado à paróquia de Gaza 

O valor arrecadado será destinado à população de Gaza extenuada pelos bombardeamentos e pela fome, em particular à Paróquia católica da Sagrada Família, mencionada inúmeras vezes pelo Papa Francisco. A paróquias, que acolhe refugiados de diferentes origens e religiões, é guiada pelo sacerdote argentino Pe. Gabriel Romanelli, a quem o Pontífice afirmou telefonar todos os dias.

Unidos na oração e no jejum 

“O Santo Padre – lê-se em um comunicado da Esmolaria Apostólica – pediu-nos hoje para estarmos particularmente unidos na oração, e jejuando, implorar a paz para o mundo inteiro. Mas a oração e o jejum não podem ser feitos sem a esmola, que deve nos fazer sofrer, deve até nos fazer mal, porque renunciamos ao que nos pertence para dar a outros que estão em dificuldade ou mesmo prestes a morrer”.

Com uma cesta do lado de fora da Sala Paulo VI 

Assim, "don Corrado", antes do início da sessão da tarde, "ficará com o cesto (grande, enorme) diante da porta central de entrada da Sala Paulo VI, para recolher as esmolas que depois serão enviadas diretamente à Faixa de Gaza, ao pároco de Gaza, que há um ano, diariamente, é chamado pelo Santo Padre para apoiar a comunidade que se reuniu e vive em torno da Igreja (cristãos, muçulmanos e judeus juntos)" . “O Esmoler – lê-se na nota – pede para estarem bem preparados!”.

Fonte: Vatican News

*-----------------------------------------------------------------.s

Cardeal Hollerich no Sínodo: vamos nos tornar pacificadores a serviço da humanidade

O relator geral apresenta o segundo módulo do 'Instrumentum laboris' sobre o tema “Relações” e recorda com os participantes da assembleia o momento de oração vivido neste domingo (06/10) com o Rosário na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma: “que a oração pela paz nos ajude a colocar na perspectiva correta o trabalho que empreendemos hoje”.

Vatican News

Ainda tendo em mente o dia de domingo (06/10), que “fixou o nosso olhar e o nosso coração no mundo manchado de sangue em que vivemos” através da Oração do Rosário pela Paz Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo, convida os participantes da assembleia a continuar esta intercessão nesta segunda-feira (07/10) “através da antiga e tradicional prática do jejum”.

Para este 7 de outubro, o primeiro aniversário do ataque terrorista do Hamas a Israel, o Papa convocou um dia de oração e penitência pela paz. Todo o Sínodo está seguindo o convite do Papa, reafirmou na abertura dos trabalhos o secretário geral, cardeal Mario Grech, e o cardeal Hollerich, que apresentou o Módulo II do Instrumentum laboris dedicado ao tema das Relações. “Parece-me que a oração pela paz nos ajuda a colocar na perspectiva correta o trabalho que estamos empreendendo hoje na Seção do Instrumentum laboris dedicada às 'Relações': que o anseio pela paz seja o horizonte de nossa reflexão e de nossos intercâmbios, e que o Senhor nos mostre o caminho para nos tornarmos pacificadores, a serviço de toda a humanidade”, disse o arcebispo de Luxemburgo, que também expressou os melhores votos aos novos membros do Colégio de Cardeais, anunciados pelo Papa no Angelus, em particular, aos presentes na Sala Paulo VI.

A vida sinodal da Igreja

Em seguida, o cardeal entrou nos detalhes do módulo que os pais e mães sinodais deverão analisar, diferente da sessão anterior sobre os Fundamentos, que “tinha o objetivo de delinear o horizonte dentro do qual a nossa reflexão deve ocorrer e se enraizar”. Há três partes do Instrumentum que serão abordadas a partir de hoje: Relações, Percursos e Lugares. Todos os temas que “iluminam de diferentes perspectivas a vida sinodal missionária da Igreja”.

A seção “Relações” do Instrumentum laboris

Em particular, a seção Relações aborda a perspectiva dos vínculos com Deus, entre irmãos e entre Igrejas “que sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas”. “Essa rede de relações, que fornece às pessoas e às comunidades pontos de referência e orientação, é multifacetada e atravessa uma multiplicidade de níveis”, explicou Hollerich, detalhando os quatro parágrafos do texto sobre os tópicos de Iniciação Cristã, carismas e ministérios, sacerdócio batismal e sacerdócio ministerial, e trocas de ‘dons’ entre as diferentes Igrejas dentro da única Igreja.

As expectativas do povo de Deus

“O desafio” para o trabalho dos próximos dias é ‘sintonizar-se com o movimento que anima o Instrumentum laboris’, de modo a alcançar ‘a vida e as práticas concretas de nossas comunidades’, enfatizou o cardeal de Luxemburgo. “Seria fácil permanecer em um nível geral e nos limitarmos a reiterar a importância das relações para o desenvolvimento das pessoas e das comunidades”, disse ele, mas o risco é gerar algo ‘não muito frutífero’, quando o Povo de Deus está esperando que demos ‘indicações e sugestões’ sobre como é possível tornar ‘as relações dentro de nossas Igrejas mais transparentes e mais harmoniosas’ e também como ‘passar de uma forma piramidal de exercer a autoridade para uma forma sinodal’.

Último passo

O relator geral do Sínodo também ressaltou que o Instrumentum laboris, tanto nesta parte como nas seguintes, também se esforçou para recolher do Relatório de Síntese uma série de propostas sobre as quais se chegou a um consenso no ano passado, mas não a uma definição completa. Agora elas são propostas novamente, mas em um formato que “ainda não foi finalizado”. Uma escolha deliberada “para deixar a esta Assembleia o passo final: o trabalho que começamos há um ano está agora esperando para ser concluído”, disse o cardeal, recomendando que não caiamos nem em “um excesso de abstração” nem em “um excesso de pragmatismo”, mas que “tracemos o esboço de propostas concretas que as Igrejas individuais serão então chamadas a adaptar às diferentes circunstâncias”.

Fonte: Vatican News

*-----------------------------------------------------------------.s

O núncio apostólico Acerbi será cardeal aos 99 anos

O nome do decano dos núncios foi o primeiro da lista que o Papa leu no Angelus deste domingo (06/10) para anunciar os novos cardeais para o próximo Consistório, em 8 de dezembro. Desde os anos 1950, a serviço da diplomacia da Santa Sé em todas as partes do mundo, ele residiu durante anos na Santa Marta, “companheiro de casa” de Francisco, com quem celebrou o cinquentenário de sua ordenação episcopal em junho deste ano.

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Mais de 50 anos entre as nunciaturas de meio mundo, do Pacífico à Europa Central - em meio também um sequestro por guerrilheiros na Colômbia - num serviço sempre fiel ao Papa e à Igreja com o cargo também de prelado da Soberana Ordem Militar de Malta e com os últimos anos de repouso como decano dos núncios apostólicos na Santa Marta, “companheiro de casa” do Papa Francisco. Aos 99 anos de idade, o arcebispo Angelo Acerbi será criado cardeal. Ele será o membro mais velho do Colégio Cardinalício a partir de 8 de dezembro, data em que Francisco irá celebrar o seu décimo Consistório, anunciado no Angelus deste domingo, 6 de outubro. Atualmente, Acerbi detém o recorde de cardeal mais idoso sendo criado.

A festa na Santa Marta pelos 50 anos de ordenação episcopal

O seu nome foi o primeiro da lista lida pelo Papa Francisco da janela do Palácio Apostólico e imediatamente sugeriu um gesto de atenção e estima por parte do Pontífice para com o núncio e seus quase 70 anos de serviço à Santa Sé. Jorge Mario Bergoglio já havia desejado homenagear Acerbi no último dia 27 de junho, concelebrando a missa na capela da Casa Santa Marta - onde Acerbi reside - no aniversário de 50 anos de sua ordenação episcopal (22 de junho de 1974). Um momento familiar junto com os sacerdotes, as religiosas filhas da caridade de São Vicente de Paulo e a equipe da Casa Vaticana.

Em cinco continentes

Nascido em 23 de setembro de 1925 em Sesta Godano, na província italiana de La Spezia, o futuro cardeal Acerbi foi ordenado sacerdote em 27 de março de 1948. Ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1956, trabalhando nas Representações Pontifícias da Colômbia, Brasil, França, Japão e Portugal, bem como no Conselho para Assuntos da Igreja Pública da Secretaria de Estado. Em 1974, Paulo VI o nomeou pró-núncio apostólico na Nova Zelândia e delegado apostólico no Oceano Pacífico, atribuindo-lhe a sede titular de Zella e o título pessoal de arcebispo. E do Papa Montini, no dia 30 de junho seguinte, ele recebeu a ordenação episcopal na Basílica de São Pedro. “In fide et lenitate” foi seu lema.

O sequestro na Colômbia

João Paulo II o enviou em 1979 como núncio apostólico na Colômbia. No país sul-americano, um dos momentos mais difíceis de seu ministério: junto com outros diplomatas, Acerbi foi mantido refém por 6 semanas pelos guerrilheiros do Movimento 19 de Abril. Enquanto esteve detido, como o próprio Acerbi contou mais tarde, teve permissão de celebrar a missa todos os dias para os presentes.

Na Hungria após o comunismo

Em 1990, depois da Colômbia, o arcebispo foi transferido para a Hungria, o primeiro núncio após a instauração do comunismo (a nunciatura havia sido fechada em 1920). Na Hungria, ele deu impulso à reconstrução da Igreja e do clero após a queda do regime e, durante sua atividade, vários acordos entre o país e a Santa Sé foram assinados. Ele também foi o primeiro núncio na Moldávia, de 1994 a 1997, quando foi transferido para a Holanda. Em 27 de fevereiro de 2001, João Paulo II aceitou sua renúncia devido ao limite de idade. Mas a partir daquele ano e pelos 14 anos seguintes (2015), ele ocupou o cargo de prelado da Soberana Ordem Militar de Malta.

Fonte: Vatican News – na imagem, o novo cardeal ao celebrar seus 50 anos de ordenação episcopal

*-----------------------------------------------------------------.s

Futuro cardeal Vesco: a púrpura, um reconhecimento para toda Igreja na Argélia

O arcebispo de Argel está entre os 21 novos cardeais que receberão o barrete vermelho no Consistório em 8 de dezembro. Ele soube da sua nomeação por meio de um telefonema quando estava a caminho da igreja para celebrar a missa: “será um vínculo mais forte com Roma, uma ponte e um sinal dado para nós, para nossos irmãos e irmãs muçulmanos”.

Jean Charles Putzolu - Vatican News

Nomeado arcebispo de Argel pelo Papa Francisco em 2021, dom Jean-Paul Vesco é um dos 21 prelados que receberão o barrete cardinalício em 8 de dezembro em Roma. O dominicano, nascido em Lyon em 1962, foi advogado antes de ser ordenado padre em 2001. Ele está na Argélia desde 2002, primeiro no convento dominicano de Tlemcen, na diocese de Oran, e depois como vigário geral da diocese em 2005. Eleito prior provincial dos dominicanos da França, retornou à França em 2010. O Papa Bento XVI o nomeou chefe da diocese de Oran em 1º de dezembro de 2012. Em 8 de dezembro de 2018, Vesco acolheu em sua diocese a beatificação de 19 mártires da Argélia, incluindo dom Pierre Claverie, ex-bispo de Oran assassinado em 1996, e os monges de Tibhirine. O futuro cardeal soube em um telefonema surpresa, a caminho da celebração da missa, que o Papa havia lido seu nome na lista de 21 novos cardeais no Angelus de domingo (06/10), informou a Rádio Vaticano - Vatican News.

Dom Vesco, qual foi sua primeira reação ao anúncio do Papa Francisco?

Fiquei sem fôlego, é claro, porque nunca poderia ter imaginado isso, nem mesmo por um milésimo de segundo. Sinto o peso de uma honra imensa e imerecida, e o desejo de continuar avançando a serviço desta Igreja, seguindo o Papa que a abre para o mundo.

O que isso pode significar para o senhor? O que pode mudar em sua missão, em seu ministério pastoral?

Acho que a Argélia se sentirá honrada. Há a memória do cardeal Léon-Étienne Duval, que permaneceu muito forte. Admito que meu primeiro pensamento foi em dom Henri Teissier, que foi um grande arcebispo de Argel e que sempre dissemos que deveria ter sido cardeal. Ofereço a ele essa honra com prazer e acredito que seja bom para nossa pequena Igreja.

Qualquer coisa que ajude a lhe dar um eco no exterior, a lhe dar uma forma de reconhecimento, é bom para nossa missão aqui na Argélia. Acredito que a Argélia também se sentirá honrada com esse reconhecimento, que é importante para todos os argelinos, inclusive para mim.

Não podemos deixar de dirigir um pensamento aos monges de Tibhirine....

Exatamente. É o testemunho desta Igreja, destes 19 abençoados, dos monges de Tibhirine (assassinados em 21 de maio de 1996), de dom Pierre Claverie (assassinado em 1º de agosto de 1996). É justamente por causa de seu assassinato que estou na Argélia. Essa pequena Igreja continua a fazer sentido. Mudou muito entre as décadas de 1990 e 2000, mas continua fiel à sua vocação de Igreja aberta à sociedade na qual está inserida, uma sociedade muçulmana. E isso, para mim, acho que também é um sinal que o Papa Francisco quis dar.

De fato, parece-me que em todo o seu pontificado o que se destaca é o desejo de imprimir um modo particular de ser Igreja no mundo. Nós nos sentimos completamente compreendidos por dentro, por todas as mensagens que o Papa Francisco quis enviar à Igreja universal, tanto pelo Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em conjunto com o Grande Imã de Al-Azhar, quanto por suas encíclicas Fratelli tutti e Laudato si'. Sinto que essa nomeação é também um incentivo para perseverar nessa maneira de ser um discípulo de Cristo aberto à verdade do outro também.

Essa nomeação, essa confiança demonstrada pelo Papa Francisco, é também uma mensagem para que estejam mais próximos de Roma e ainda mais próximos de seus irmãos muçulmanos...

De fato, será um vínculo mais forte com Roma e será importante. Uma ponte adicional. De qualquer forma, eu realmente acredito que esse é um sinal dado para nós, para nossos irmãos e irmãs muçulmanos. E acho que, independentemente do que se diga, o fato de o arcebispo ser cardeal é um compromisso. Isso dá peso à credibilidade, peso à nossa presença, às nossas palavras. Eu sou o pastor desta Igreja que quer ser uma ponte, que quer ser um símbolo de fraternidade, um elo com toda a humanidade. Estou muito feliz. E não acredito que isso me manterá longe de Argel e da Argélia. Pelo contrário, vai me ancorar ainda mais.

Que peso isso terá em sua defesa da atividade de caridade da Igreja na Argélia?

Nossa Igreja é vista como reconhecida, como uma Igreja Católica que conta na Argélia - o Santo Padre conta, sua palavra conta - e, é claro, isso reforça a credibilidade do que estamos vivenciando. E nossa ação é sempre realizada com o mesmo espírito, o mesmo espírito dos monges e do cardeal Duval. Ainda estamos nessa linha, embora muitas coisas tenham mudado tanto na sociedade quanto na Igreja. Portanto, eu simplesmente acredito que esse será realmente um peso especial. É como “uma alavanca” que usarei para o bem de nossa Igreja e de nosso país, a Argélia. E também para avançar em direção a uma Igreja mais sinodal, para um fortalecimento do papel dos leigos, das mulheres na Igreja, do lugar dos divorciados recasados na Igreja, de uma forma mais forte de colegialidade. Essas são lutas que também são minhas, independentemente do que possamos vivenciar na Argélia, mesmo que eu tente implementá-las em nossa diocese. Portanto, vejo isso como um incentivo para continuarmos nessa direção de uma Igreja cada vez mais sinodal, cada vez mais aberta e talvez menos vertical.

Fonte: Vatican News

**----------------------------------------------------------------------.s

Relações na Igreja Sinodal: "Um lugar onde todos são bem-vindos”

Um novo módulo, o de relações, foi aberto na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade.

Padre Modino - Vaticano

No dia em que, conforme solicitado pelo Papa Francisco, acontece o Dia de Jejum e Oração pela Paz, no primeiro aniversário do bombardeio que provocou a guerra. Menos de 24 horas após a convocação de um consistório do qual participarão alguns dos participantes da Assembleia Sinodal.

Cardeais na Assembleia Sinodal

São 8 membros da Assembleia Sinodal: Dom Luis Gerardo Cabrera, Arcebispo de Guayaquil (Equador), um dos presidentes delegados; Dom Tarcisio Isao Kikuchi, Arcebispo de Tóquio (Japão); Dom Pablo Virgilio Siongco David, Bispo de Kalookan (Filipinas); Dom Ladislav Nemet, Arcebispo de Belgrado-Smederevo (Sérvia); Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (Brasil); Dom Ignace Bessi Dogbo, Arcebispo de Abidjan (Costa d'Avorio); Dom Ladislav Nemet, Arcebispo de Belgrado-Smederevo (Sérvia); Dom Dominique Joseph Mathieu, Arcebispo de Teerã-Ispahan (Irã), Dom Roberto Repole, Arcebispo de Turim (Itália). A eles se juntam um dos acompanhantes espirituais da assembleia e o coordenador do Grupo de Estudos 9, que fazem parte do Sínodo, o arcebispo Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio, de Lima (Peru). Dez dos 21 novos cardeais são, de uma forma ou de outra, membros do Sínodo, um fato a ser levado em consideração.

Novos cardeais, que continuam o seu trabalho da mesma forma, que se aproximam de todo mundo e são cumprimentados sem cerimónia, que foram abraçados e felicitados pelos participantes da assembleia e entre si, e que receberam felicitações públicas do secretário da Secretaria do Sínodo, Cardeal Mario Grech, que foram acompanhadas pelos aplausos dos presentes na Aula Paulo VI.

Como um gesto concreto, os participantes foram convidados pelo Esmoleiro Pontifício, Cardeal Konrad Krajewski, a praticar a caridade com a paróquia de Gaza. Para esse fim, o próprio cardeal polonês coletará doações no início da sessão da tarde no Dia de Jejum e Oração. As esmolas serão enviadas imediatamente para a paróquia de Gaza, a quem o Papa telefona todos os dias para perguntar como estão indo e para encorajá-los, enfatizou o esmoleiro papal.

Relacionamentos: com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre as igrejas

No dia 7 de outubro, a Assembleia sinodal iniciou o módulo sobre as Relações. Trata-se de "relações com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre Igrejas", que "sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas", como lembrou Maria Inazia Angelini em sua meditação, citando o Instrumetum laboris. A monja beneditina concentrou sua reflexão na parábola do Bom Samaritano e nos relacionamentos que aparecem no texto, onde "encontramos implicitamente desenhado, em símbolo, um mapa do caminho sinodal. Que tem sua rede de apoio nos relacionamentos. Relacionamentos nos quais, antes mesmo de fazer, é preciso ver". Isso porque é "o ver que está na base da espiritualidade sinodal: onde há amor, abre-se uma nova visão", sublinhou Angelini.

De acordo com a monja beneditina, "o mistério do Mandamento só pode ser entendido através do evento do relacionamento", sublinhando que o caminho sinodal, iniciado de diferentes maneiras, "é único", mas, ao mesmo tempo, "para aqueles que o percorrem - o Evangelho nos revela - ele abre diferentes visões: ver e passar, distanciar-se do outro lado". Isso em um mundo de guerras, que "deixa o ser humano igual à terra: meio morto". Diante dessa realidade, a missão da Igreja "deve descobrir como abrir seu olhar para a alegria de ver com olhos de compaixão".

Relacionamentos que falam de Deus, não de si mesmo

São relacionamentos "que falam de Deus, não de si mesmo", afirmou, analisando as formas de relacionamento dos personagens da parábola do Bom Samaritano, onde "a história do gênero humano é contada", onde o samaritano cria uma rede de relacionamentos, tece uma cultura de gratuidade. Algo que deveria tornar a Igreja "um lugar onde todos são bem-vindos. Um lugar de cuidado gratuito. Dessa forma, somos verdadeiramente provocados a ser uma igreja sinodal".

Isso em um mundo, e em uma Igreja, em que "o outro necessitado se torna invisível para aqueles que estão presos em suas próprias agendas, urgências, autorreferências", em que "a indiferença é o mal de uma sociedade complexa, global, mas anônima", destacou a monja.

A paz como um horizonte de reflexão

Os trabalhos propriamente ditos foram abertos pela Presidente Delegada desta Congregação Geral, a japonesa Momoko Nishimura, que depois de cumprimentar em espanhol, ela foi missionária na Argentina, passou a palavra ao Relator Geral, Cardeal Hollerich, que apresentou o módulo II, dedicado às Relações, que depois de cumprimentar, lembrou a oração do Terço deste domingo em Santa Maria Maior, e o jejum e a oração desta segunda-feira, unindo-se aos bons votos para os novos membros do Colégio Cardinalício, em particular os presentes na assembleia.

Na perspectiva da paz, ele pediu "que o anseio pela paz seja o horizonte de nossa reflexão e de nossos intercâmbios e que o Senhor nos mostre o caminho para nos tornarmos pacificadores, a serviço de toda a humanidade". O cardeal explicou a natureza diferente desse módulo e dos seguintes, em relação aos fundamentos. São três módulos, relações, itinerários e lugares, intimamente interligados, que "iluminam, a partir de diferentes perspectivas, a vida sinodal missionária da Igreja", como afirma o Instrumentum laboris.

Descrever maneiras de incorporar os Fundamentos

Trata-se de, com base no trabalho da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal e refletido no Relatório de Síntese, "delinear formas de encarnar os Fundamentos na vida cotidiana e nas práticas das comunidades cristãs, tornando-os concretos e, portanto, capazes de serem experimentados pelo Povo de Deus". Relações com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre as Igrejas, "que sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas". De acordo com Hollerich, "essa rede de relações, que oferece aos indivíduos e às comunidades pontos de referência e orientação, é multifacetada e atravessa uma multiplicidade de níveis".

Essa parte está organizada em quatro seções, cada uma das quais se concentra em um aspecto específico: relações trinitárias, expressas no itinerário da iniciação cristã; relações entre aqueles que receberam o dom do Batismo, membros do Povo de Deus e anunciadores do Evangelho; relações entre o sacerdócio batismal e o sacerdócio ministerial; relações entre as Igrejas. Diante disso, o desafio, advertiu o Cardeal, "é estar em sintonia com o movimento que anima o Instrumentum laboris, capaz de manter unidos os diferentes níveis e áreas, e assim alcançar a vida concreta e as práticas de nossas comunidades".

Algo que decorre do fato de que "o Povo de Deus espera de nós indicações e sugestões sobre como é possível tornar essa visão concretamente tangível: O que o Espírito Santo nos convida a fazer para que as relações dentro de nossas Igrejas sejam mais transparentes e harmoniosas, para que nosso testemunho seja mais crível? Em outras palavras: "O que o Espírito Santo nos convida a fazer para passarmos de uma forma piramidal de exercer autoridade para uma forma sinodal?” O objetivo deste módulo é "tomar medidas para tornar a perspectiva eclesiológica delineada pelo Concílio". Para isso, será necessário "manter o delicado equilíbrio que mantém o risco de cair em um excesso de abstração, por um lado, ou em um excesso de pragmatismo, por outro", lembrou Hollerich.

Fonte: Vatican News

**----------------------------------------------------------------------.s

Um grito ao Céu para implorar a paz

Um ano após o massacre de 7 de outubro que desencadeou a escalada da guerra no Oriente Médio.

Andrea Tornielli

Há um ano, o ataque terrorista desumano de Hamas contra cidadãos israelenses majoritariamente civis - crianças, adolescentes, idosos, famílias inteiras - conduziu a mais um passo em direção ao abismo da Terceira Guerra Mundial. O mundo, já marcado pela agressão da Rússia contra a Ucrânia e por muitas outras guerras esquecidas, viu o conflito israelense-palestino reabrir-se de forma dramática. O balanço daquele dia de massacres que custou a vida a mais de mil pessoas é trágico, acompanhado pela história comovente e ainda não concluída dos reféns, muitos dos quais foram mortos nos últimos meses. O balanço da resposta israelense é trágico, o que levou ao arrasamento de Gaza, causando quase 42 mil vítimas, incluindo milhares de crianças. Milhares de pessoas perderam suas casas e vivem como deslocadas em condições precárias, à espera de uma trégua, temendo a próxima bomba ou o drone assassino com os seus "efeitos colaterais", ou seja, mortes de civis inocentes.

As execuções seletivas envolvendo bombardeios, os mísseis disparados contra Israel pelas milícias libanesas de Hezbollah e depois pelo Irã, a invasão do Líbano pelo Exército israelense... Uma escalada que neste momento parece não ter fim.

Os governos são incapazes de pôr fim à carnificina no Oriente Médio, bem como à guerra sangrenta que destrói a Ucrânia. Enquanto se gastam enormes somas na corrida aos armamentos, a diplomacia é a grande ausente da cena internacional. A política é silenciosa, “negociação” e “acordos” tornaram-se palavras impronunciáveis. Ninguém parece capaz de deter esta espiral de violência sem precedentes.

Neste primeiro aniversário do massacre que teve início em 7 de outubro de 2023, dia em que a Igreja celebra Nossa Senhora do Rosário, o Papa Francisco nos convida a um dia especial de oração e jejum pela paz. O Bispo de Roma, nos últimos meses, continuou gritando, sem ser ouvido, pedindo um cessar-fogo e caminhos de paz. Hoje, este grito torna-se ainda mais coral e dirige-se ao Céu, na esperança de que o Senhor da história abra os corações dos líderes das nações e sejam alcançadas “negociações honestas” e “compromissos honrosos” para pôr fim à loucura da guerra. Porque mesmo a paz mais imperfeita e precária é preferível ao horror da guerra, mesmo aquela considerada mais “justa”.

Fonte: Vatican News – na imagem, Uma mulher entre os escombros da destruição em Gaza

**----------------------------------------------------------------------.s

Koovakad e as outras púrpuras aos organizadores das viagens papais

A nomeação do prelado indiano tem dois precedentes, mesmo que nesses casos o cardinalato tenha chegado depois de os prelados terem se tornado eméritos.

O seu nome é o último da lista de cardeais que o Papa Francisco, surpreendendo a todos, leu no final da oração dominical do Angelus. No dia 8 de dezembro, George Koovakad, 51 anos, se tornará cardeal, responsável pela organização das viagens papais desde 2021.

Nascido em Chethipuzha (Índia) em 11 de agosto de 1973, ordenado sacerdote em 2004 e incardinado em Changanacherry, ingressou no Serviço Diplomático da Santa Sé e trabalhou nas nunciaturas da Argélia, Coreia, Irã e Costa Rica. Desde julho de 2020, trabalha na Secretaria de Estado, Seção de Assuntos Gerais. Foi encarregado de organizar as delicadas e longas viagens de Francisco ao Canadá, à República Democrática do Congo, ao Sudão do Sul, e a mais longa peregrinação do pontificado até agora, a viagem à Ásia e Oceania nas últimas semanas em que Francisco visitou quatro países: Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura.

A nomeação de Koovakad tem dois precedentes. O primeiro e mais recente é a do padre jesuíta Roberto Tucci, ex-diretor de La Civiltà Cattolica, ex-diretor da Rádio Vaticano e organizador das viagens papais de João Paulo II. Tucci foi criado cardeal pelo Papa Wojtyla, em 2001, quando deixou o cargo. O segundo precedente é mais remoto e tem a ver com a primeira viagem apostólica de Paulo VI à Terra Santa em janeiro de 1964, que efetivamente iniciou a temporada de viagens papais da era contemporânea. Mons. Jacques Martin, funcionário francês da Secretaria de Estado, organizou em grande segredo a viagem desejada pelo Papa Montini, junto com o seu secretário particular, pe. Pasquale Macchi. Paulo VI anunciou sua nomeação episcopal durante a viagem, enquanto estavam em Cafarnaum. João Paulo II o nomeou cardeal em 1988.

Nos dois casos, o de Martin e o de Tucci, a púrpura chegou quando ambos eram eméritos e já estavam no limiar dos oitenta anos.

Fonte: Vatican News

----------------------------------------------------------------------.

‘Maximiliano Kolbe e Eu’ estreia nos cinemas do Brasil dia 17 de outubro

Animação sobre o santo Fundador da Milícia da Imaculada, será lançada um dia após aniversário de criação do movimento.

Vatican News

O cinema católico tem conquistado e levado os brasileiros às salas de cinema cada vez mais, através dos filmes distribuídos pela Kolbe Arte nas telonas. Entre eles “Coração de Pai - Como São José atua hoje?”; “São Miguel Arcanjo - O Anjo Maior”; “O Céu não pode esperar - Carlos Acutis, o influenciador de Deus”; “A Serva”; “A Força da Amizade” e outros.

Desta vez, com foco no público jovem, a Kolbe Arte apresenta a produção mexicana “Maximiliano Kolbe e Eu”, que traz interpretações originais com David Henrie (Os Feiticeiros de Waverly Place) e Ashley Greene (Crepúsculo).

Dirigida por Donovan Cook, a produção apresenta a vida do padre polonês Maximiliano Maria Kolbe, morto em 1941, no campo de concentração de Auschwitz. A história se desenvolve a partir do encontro atual entre o idoso e solitário Gunter com o estudante D.J., um jovem rebelde e questionador, que passa a aprender sobre amizade e altruísmo a partir do exemplo de Kolbe.

“A animação nos transporta para dentro da história impactante e emocionante, tanto do laço de amizade que Ghunter e D.J. criam, quanto a de Padre Kolbe, que a gente não se cansa de ver e ouvir. Quem for ao cinema vai se emocionar”, diz a CEO da Kolbe Arte, Ângela Morais.

"Maximiliano Kolbe e Eu" foi escrito por Bruce Morris (Pocahontas, Hércules - Disney) e contou com um elenco de celebridades na dublagem composto por David Henrie (Os Feiticeiros de Waverly Place; Como Conheci sua Mãe), Ashley Greene (A Saga Crepúsculo), Hector Elizondo (Uma Linda Mulher; Noiva em Fuga: O Diário da Princesa).

Sinopse:

"Maximiliano Kolbe e Eu" é uma animação produzida no México, que narra a história do santo polonês Maximiliano Maria Kolbe, conhecido por sua coragem e sacrifício no campo de concentração de Auschwitz.

Através do relato de um idoso, Sr. Gunter, e seu jovem ajudante D.J., o filme revela os valores de fé, compaixão e entrega que marcaram a vida de Kolbe. Com uma abordagem tocante e educativa, a animação busca inspirar o público, especialmente os mais jovens, com a mensagem atemporal de amor ao próximo.

Lançamento dia 17 de outubro nos cinemas do Brasil

A animação chegará às telonas um dia após a comemoração de 107 anos de criação da Milícia da Imaculada, movimento fundado pelo santo polonês.

Em 16 de outubro de 1917, Maximiliano Kolbe, juntamente com outros seis confrades, fundou a obra, cujo ideal é sempre atual: “Conquistar o mundo inteiro a Cristo pela Imaculada”. Foi nesta ocasião que ele adotou a Medalha Milagrosa como sinal da pertença à Virgem Maria, inclusive este episódio é retratado ao longo da animação.

Onde assistir  “Maximiliano Kolbe e Eu”?

Para acompanhar nas telonas “Maximiliano Kolbe e Eu”, os fãs de cinema terão à disposição as salas:

Cinemark, Cinépolis, Cineflix, Cinesystem, Centerplex, UCI Cinemas, Kinoplex, IBICinemas, Cine Laser

“Buscamos firmar parcerias com cinemas de todo Brasil, para podermos alcançar os fiéis de norte a sul. Mas, caso não chegue à sua cidade este filme, podemos organizar sessões exclusivas para grupos paroquiais. Basta entrar em contato conosco pelo site ou instagram”, destaca a CEO da Kolbe.

“Maximiliano Kolbe e Eu” tem dublagem concluída com Juliano Cazarré dando voz ao santo polonês

A animação ‘Maximiliano Kolbe e Eu’ estreia nos cinemas em 17 de outubro com um grande time na dublagem, a começar pelo diretor, Eduardo Borgerth, reconhecido por trabalhos em filmes e séries como ‘Os Vingadores” e “Greys Anatomy”. Ele não mediu esforços para trazer vozes de destaque para esta produção, uma delas é a do ator Juliano Cazarré dando voz a Maximiliano Kolbe.

“O Cazarré veio fazer parte da equipe de forma casual. Eu tava aqui em casa, enfim, e me deu esse estalo. Eu sabia do viés cristão, católico dele, e resolvemos arriscar, ele aceitou. Deus faz essas coisas”, conta Borgerth.

O artista, que se converteu ao catolicismo depois de encenar Jesus na Paixão de Cristo, é famoso em todo o país por trabalhos na TV e cinema nacional, e atualmente tem se destacado no meio católico.

Entre os trabalhos que o marcaram, Borgerth aponta “O Homem que se Tornou Papa”, uma história sobre João Paulo II. Depois disso, emprestou a voz para quase todos os filmes da Kolbe Arte, distribuidora de ‘Maximiliano Kolbe e Eu’ no Brasil.

“A gente acabou de concluir ‘Maximiliano Kolbe e Eu’. Foi muito prazeroso. A animação contém um roteiro, um storyboard muito interessante, muito profissional. Eu orientei todos os dubladores a não fazerem nada de caricato, mas colocarem o coração”, ressalta o dublador.

Para Ângela Morais, um bom time de dubladores é um investimento necessário nas produções da distribuidora. “Maximiliano Kolbe é mais um título que nós acreditamos muito, não só pelo nosso amigo Padre Kolbe, mas pelo conteúdo da animação. É um conjunto, trilha, animação, vozes de dublagem. Em todas as nossas produções, temos feito o melhor para levar qualidade para nosso público”, enfatizou.

Outra referência no mercado é Philippe Maia, conhecido por dublar Tom Cruise no Brasil. Em ‘Maximiliano Kolbe e Eu’, ele é o jovem D.J., um dos personagens principais na trama.

“Dublar filmes cristãos é algo muito significativo pra mim. Já fiz alguns, e espero ser chamado para participar de cada vez mais produções desse tipo. Sou cristão, e em dias sombrios como os atuais, creio que temos que demonstrar nossa fé em Jesus Cristo abertamente”, diz Philippe.

Descontos para grupos no cinema

É possível as paróquias ou grupos de oração obterem descontos no cinema para ver “Maximiliano Kolbe e Eu”. Nestas sessões, os grupos podem organizar momentos de oração e partilhas antes ou após o filme, e transformar este encontro em uma verdadeira experiência de fé e oração.

Quanto mais pessoas assistirem na estreia, maior a chance do filme ficar em cartaz por mais tempo. A presença de grupos ajuda a fortalecer o cinema católico.

Para organizar grupos e obter descontos nos ingressos, as informações estão disponíveis no site www.kolbearte.com.br/caravanas ou através do WhatsApp +55 (11) 95297.5501.

A Kolbe Arte e os próximos lançamentos

Sob inspiração de São Maximiliano Maria Kolbe, a Kolbe Arte iniciou suas atividades em 2010, promovendo e produzindo eventos. A partir da experiência adquirida, assumiu, em 2019, o desafio de trazer aos brasileiros produções audiovisuais de valores e de interesse do público cristão. São mais de 500 mil pessoas alcançadas pelos filmes e documentários promovidos ou distribuídos nos últimos anos.

Ainda para 2024, a kolbe Arte terá dois grandes lançamentos:

-       Filme “Milagre Vivo”, a História de Padre Márlon Múcio, a prova viva de que a vida é um milagre. A estreia da produção feita pela Lumine e distribuída pela Kolbe Arte será dia 11 de novembro, exclusivamente nos cinemas. Padre Marlon carrega consigo o peso de uma doença que consome seu corpo, mas não sua fé.

-       Filme “Mais”, com Ziza Fernandes. Um docudrama musical que apresenta histórias inspiradoras e revela a trajetória pessoal e profissional de Ziza Fernandes, em comemoração aos 30 anos de seu primeiro álbum “Mais que os pássaros”. A exibição será nos dias 09 e 10 de dezembro nas telonas.

Ficha Técnica “Maximiliano Kolbe e Eu”:

Título Original: Max and Me | Direção: Donovan Cook | Roteiro: Bruce Morris | Edição: Ricardo Gomez | Design de Produção: Marek Fritzinger | Elenco original: David Henrie, Ashley Greene, Hector Elizondo, Piotr Adamczky | Dubladores – versão brasileira: Juliano Cazarré, Philippe Maia, Alfredo Martins, Renzo Cardoso | Trilha Sonora: Mark McKenzie | Produção: Pablo Jose Barroso | Produtoras: Dos Corazones Films, Imagination Films e NewLand Films | Distribuidora: Kolbe Arte | País: México | Ano: 2023 | Duração: 124 minutos | Gênero: Animação

Fonte: Vatican News

**----------------------------------------------------------------------.s

Dom Odilo ficará na Arquidiocese de SP até final de 2026 após pedir renúncia ao Papa Francisco

Solicitação faz parte de norma da Igreja Católica e ocorre quando bispos completam 75 anos. Papa acolheu a renúncia nesta segunda (7), mas pediu que ele fique mais dois anos antes do afastamento.

O arcebispo Dom Odilo Scherer deixará o cargo que ocupa à frente da arquidiocese de São Paulo no final de 2026.

Nesta segunda (7), o Papa Francisco acolheu ao pedido de renúncia do arcebispo, mas pediu que ele permaneça por mais dois anos antes do afastamento.

A solicitação faz parte de uma norma da Igreja Católica. Os bispos encaminham ao Vaticano o pedido de renúncia ao completarem 75 anos.

Em entrevista ao Bom Dia SP, Dom Odilo comentou sobre as mudanças futuras.

"É conforme norma da Igreja, previsto pela Lei da Igreja, que os bispos ao completarem 75 anos devem apresentar a carta de renúncia ao Papa. E o Papa decide se aceita logo, ou mais adiante. A decisão é do Papa. E foi o que eu fiz desde que completei 75 anos de idade (21/9/1949). E a resposta foi essa, que o Papa acolheu a carta, mas pede que eu fique à frente da Arquidiocese por mais dois anos."

O arcebispo esclarece que continua normalmente a trabalhar durante o processo de escolha do sucessor.

"Da parte da Santa Sé, naturalmente chega o momento de fazer as consultas e de refletir quem deverá depois suceder o arcebispo, no caso de SP. Esse é um trabalho que se desenvolve ao logo do tempo. Mas tem dois anos pela frente."

Ele disse que ainda não tem plano definido após 2026, mas seguirá à disposição da Igreja.

"Minha perspectiva é continuar morando em SP para continuar à disposição da Igreja em SP."

Fonte: G1

******************************************.

Arcebispo Dom Odilo renuncia à Arquidiocese de São Paulo

Cardeal ainda vai permanecer em cargo por mais dois anos

O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (8) em uma publicação nas redes sociais. O cardeal disse que, como completou 75 anos de idade no último dia 21 de setembro, apresentou ao Papa Francisco a sua carta de renúncia.

Nesta segunda-feira (7), a Santa Sé informou que o pontífice aceitou o pedido, mas pediu que o arcebispo continue à frente da Arquidicioese por mais dois anos.

A sede da Igreja Católica em SP ainda explicou que um substituto só será escolhido pelo Papa em dois anos, quando Dom Odilo deixar efetivamente a Arquidiocese.

A solicitação faz parte de uma norma canônica. O Código de Direito Canônico, promulgado pelo Papa João Paulo II, estabelece que o arcebispo apresente o pedido ao Papa ao completar 75 anos.

“Portanto, sigamos em frente, preparando-nos mediante a oração para viver intensamente o Ano Jubilar de 2025, como ‘peregrinos de esperança'”, diz a nota.

O cardeal Odilo Scherer nasceu na cidade de Cerro Largo, no Oeste do Rio Grande do Sul, em 1949. Ele é o 7° Arcebispo Metropolitano de São Paulo, que é o maior representante da Igreja Católica no estado.

Antes de tomar posse como arcebispo em 2007, atuou como professor de filosofia e teologia em Toledo (PR) e Diretor e professor do Centro Interdiocesano de Teologia de Cascavel, também no Paraná.

Íntegra da nota de Dom Odilo Scherer:

“Comunico ao clero, religiosos e religiosas e a todo o povo da arquidiocese de São Paulo que, tendo completado 75 anos de idade em 21 de setembro passado, apresentei ao Papa Francisco minha carta de renúncia ao governo pastoral da arquidiocese de São Paulo, conforme estabelece a norma canônica (cfr. cân. 401, §1).

A Santa Sé informou no dia 07 de outubro que o Papa acolheu minha carta e dispôs que eu permanecesse ainda, por mais dois anos, à frente da querida arquidiocese de São Paulo.

Portanto, sigamos em frente, preparando-nos mediante a oração para viver intensamente o Ano Jubilar de 2025, como “peregrinos de esperança”.

Procuremos caminhar juntos na realização do “Projeto Emergencial de Pastoral 2024-2026”, vivendo a comunhão, a conversão e a renovação missionária de nossa Arquidiocese. Deus abençoe a todos e os conserve em seu amor”.

Fonte: CNN

------------------------------------------------------------------------------.

Do dia 06/10/2024

Dom Jaime Spengler é anunciado entre os 21 novos cardeais a serem criados pelo Papa Francisco

O Papa Francisco anunciou neste domingo, 6 de outubro, a criação de 21 novos cardeais num Consistório a ser celebrado no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. Entre eles, está o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler. Aos 64 anos, dom Jaime também tem atuado na presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), para a qual foi eleito poucas semanas depois de sua eleição para a Presidência da CNBB, em 2023.

Além de dom Jaime, foram escolhidos para o cardinalato bispos e padres que atuam na cúria romana e de outras partes do mundo, como Argentina, Peru, Equador, Chile, Japão, Filipinas, Sérvia, Costa do Marfim, Argélia, Indonésia, Irã, Itália, Canadá e Ucrânia.

    “A proveniência deles expressa a universalidade da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. A inclusão na diocese de Roma manifesta, portanto, o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo”, afirmou o Papa Francisco.

Em vídeo enviado de Roma, dom Jaime manifestou gratidão ao Papa Francisco pela indicação e recordou o clero e o povo de Deus da arquidiocese de Porto Alegre e, especialmente, os que foram marcados pelas tragédias climáticas no Rio Grande do Sul, com as enchentes; no Centro-Oeste, com as queimadas; e na Amazônia, com as secas. Também dirigindo-se aos bispos do Brasil e da América Latina e do Caribe, dom Jaime fez votos de que “juntos possamos cooperar da melhor forma para promover o Evangelho em todas as realidades da nossa sociedade”.

    “Caminhemos juntos na comunhão a fim de que possamos promover já entre nós o Reino de Deus e a sua justiça. Muito obrigado, em primeiro lugar, novamente ao Santo Padre, mas um obrigado também à proximidade, à fraternidade de cada irmão e de cada irmã. Deus a todos abençoe!”

 Biografia e trajetória eclesial

Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores, também conhecida por Ordem de São Francisco (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.

Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil na ocasião, ocorreu dia 5 de fevereiro de 2011, na paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.

Dom Jaime Spengler é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco que, concomitantemente, recebeu o pedido de renúncia de dom Dadeus Grings. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.

No quadriênio de 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenado e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente desta comissão. Entre os destaques de sua atuação à frente do colegiado, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. No mesmo quadriênio, foi bispo referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma, vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e bispo referencial CNBB – Regional Sul 3 para Vida Consagrada e Ministérios Ordenados.

No dia 24 de abril de 2023, foi eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023-2027. Semanas depois, no dia 17 de maio, foi eleito presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). A partir desta função, foi nomeado padre sinodal da XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, cuja segunda etapa ocorre em Roma até o próximo dia 27.

Fonte: CNBB

---------------------------------------------------------------------------.

Papa anuncia Consistório para 8 de dezembro: dom Jaime Spengler será cardeal

No Angelus, Francisco anunciou o Consistório para a criação de 21 novos cardeais em 8 de dezembro. Eles vêm de todas as partes do mundo, incluindo do Brasil: dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também presidente da CNBB e do Celam, será cardeal.

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Do Irã à Indonésia, do Japão às Filipinas, da Costa do Marfim à Argélia, até o Brasil, com dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre/RS, e a Itália, incluindo o novo vigário da diocese de Roma. De surpresa, como se tornou habitual nos últimos 12 anos de pontificado, o Papa Francisco leu da janela do Palácio Apostólico, após o Angelus deste domingo (06/10), a lista dos novos cardeais aos quais concederá a púrpura no dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição.

As periferias do mundo com as grandes arquidioceses ou as personalidades da Cúria Romana estão entrelaçadas na lista do Pontífice que, também para este seu décimo Consistório, quer devolver o rosto de uma Igreja universal que abraça todas as latitudes.

“A proveniência deles expressa a universalidade da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. A inclusão na diocese de Roma manifesta, portanto, o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo”.”

A lista inclui o nome de dom Baldassarre Reina, que o Papa anunciou que irá se tornar o novo vigário de Roma, sucedendo o cardeal Angelo De Donatis, que foi nomeado Penitenciário-Mor em abril. Entre os futuros cardeais também está o núncio Angelo Acerbi, com 99 anos de idade, provavelmente o cardeal mais idoso criado até o momento. Acerbi estará entre os cardeais que, por motivos de idade, não votarão em um futuro conclave. Os nomes italianos também incluem o de Roberto Repole, arcebispo de Turim, teólogo e um dos membros do Sínodo sobre a Sinodalidade. 

Há três nomes da Cúria. Em primeiro lugar, o Pe. Fabio Baggio, scalabriniano, subsecretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Baggio é também diretor-geral e pessoa de contato direto do Papa Francisco para o Borgo Laudato si' e o Centro De Alta Formação Laudato si'. Em seguida, o arcebispo Rolandas Makrickas, lituano, 51 anos, em 2021 nomeado comissário extraordinário para a Basílica Papal de Santa Maria Maior, e dom George Kovakaad, indiano, uma figura conhecida do público em geral como organizador das viagens papais.

Aqui está a lista dos futuros cardeais:

1. S.E. Dom Angelo ACERBI, Núncio Apostólico

2. S.E. Dom Carlos Gustavo CASTILLO MATTASOGLIO, Arcebispo de Lima (Peru).

3. S.E. Dom Vicente BOKALIC IGLIC C.M., Arcebispo de Santiago del Estero (Primado da Argentina).

4. S.E. Dom Luis Gerardo CABRERA HERRERA, O.F.M., Arcebispo de Guayaquil (Equador).

5. S.E. Dom Fernando Natalio CHOMALÍ GARIB, Arcebispo de Santiago do Chile (Chile).

6. S.E. Dom Tarcisio Isao KIKUCHI, S.V.D., Arcebispo de Tóquio (Japão).

7. S.E. Dom Pablo Virgilio SIONGCO DAVID, Bispo de Kalookan (Filipinas).

8. S. E. Dom Ladislav NEMET, S.V.D., Arcebispo de Beograd -Smederevo (Sérvia).

9. S.E. Dom Jaime SPENGLER, O.F.M., Arcebispo de Porto Alegre (Brasil).

10. S.E. Dom Ignace BESSI DOGBO, Arcebispo de Abidjan (Costa do Marfim).

11. S.E. Dom Jean-Paul VESCO, O.P., Arcebispo de Alger (Argélia).

12. S.E. Dom Paskalis Bruno SYUKUR, O.F.M., Bispo de Bogor (Indonésia).

13. S.E. Dom Dominique Joseph MATHIEU, O.F.M. Conv., Arcebispo de Teerã Ispahan (Irã).

14. S.E. Dom Roberto REPOLE, Arcebispo de Turim (Itália).

15. S.E. Dom Baldassare REINA, Bispo Auxiliar de Roma, ex-vice-gerente e, atualmente, Vigário Geral da Diocese de Roma.

16. S.E. Dom Francis LEO, Arcebispo de Toronto (Canadá).

17. S.E. Dom Rolandas MAKRICKAS, Arcipreste Coadjutor da Basílica Papal de Santa Maria Maior.

18. S.E. Dom Mykola BYCHOK, C.S.R., Bispo da Eparquia dos Santos Pedro e Paulo de Melbourne dos Ucranianos.

19. R.P. Timothy Peter Joseph RADCLIFFE, OP, teólogo.

20. R. P. Fabio BAGGIO, C.S., Subsecretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

21. Mons. George Jacob KOOVAKAD, funcionário da Secretaria de Estado, responsável pelas viagens.

Fonte: Vatican News

-----------------------------------------------------------------------------------------------.

Dom Jaime Spengler é criado cardeal pelo Papa Francisco 

Da janela do Palácio Apostólico, o Papa Francisco, após a oração do Angelus,  anunciou na manhã deste domingo (6) a criação de novos cardeais para a Igreja. Entre os nomes, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, que está em Roma para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. No dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, ocorre a cerimônia de nomeação, conhecida como Consistório. O arcebispo de Porto Alegre como cardeal poderá participar do futuro Conclave que elegerá o sucessor do Papa Francisco.

Palavra do arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler:

“Surpreendidos hoje pela indicação do Santo Padre para uma nova missão ou  a continuidade da missão na Igreja. A nossa gratidão, antes de tudo, ao Santo Padre. Neste momento gostaria de uma forma toda especial gostaria de me dirigir ao clero da Arquidiocese de Porto Alegre, ao povo da Arquidiocese de Porto Alegre, especialmente aos que foram atingidos pelo tragédia climática no Rio Grande do Sul, mas não somente estes, também o Centro-Oeste atingido pelas queimadas, a seca na Amazônia. Enfim é o Brasil. É o mundo. Me dirijo também aos bispos do Brasil, da América Latina e do Caribe. Faço votos que nós juntos possamos cooperar da melhor forma para promover o Evangelho em todas realidades de nossa sociedade. Caminhemos juntos na comunhão afim de que possamos promover já entre nós o Reino de Deus e a sua Justiça. Agradeço ao Papa e também a proximidade de cada irmão e de cada irmã. Deus abençoe”.

Aos 64 anos, Dom Jaime Spengler foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese em novembro de 2010 pelo Papa Bento XVI (1927-2022). Sua ordenação episcopal ocorreu em fevereiro de 2011, em sua cidade natal, Gaspar (SC). Em setembro de 2013, o Papa Francisco o nomeou como arcebispo de Porto Alegre após a renúncia de Dom Dadeus Grings, que completara 75 anos em 2011. Dom Jaime tomou posse como arcebispo metropolitano em 15 de novembro de 2013.

Dom Jaime Spengler foi eleito presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe (Celam) no ano de 2023 para um mandato de quatro anos.  O arcebispo de Porto Alegre também é membro dos dicastérios para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e do Instituto de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica da Santa Sé, no Vaticano.

Segundo cardeal arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre

A nomeação de Dom Jaime Spengler como cardeal marca a segunda vez que um arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre é criado cardeal. Dom Vicente Scherer (1903-1996), arcebispo entre os anos de 1947 e 1981, recebeu esta nomeação no ano de 1969 pelo Papa São Paulo VI, aos 66 anos.

Cardeais brasileiros

Dom Jaime Spengler será o sexto arcebispos de uma arquidiocese brasileira nomeado cardeal juntando-se aos seguintes prelados: 

Cardeal Dom Paulo Cezar Costa – arcebispo de Brasília – nomeado em 2022

Cardeal Dom Leonardo Steiner – arcebispo de Manaus – nomeado em 2022

Cardeal Dom Sérgio da Rocha – arcebispo de São Salvador da Bahia – nomeado em 2016

Cardel Dom Orani Tempesta – arcebispo do Rio de Janeiro – nomeado em 2014

Cardeal Dom Odilo Scherer – arcebispo de São Paulo – nomeado em 2007

Cardeal Dom João Braz de Aviz – prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica – nomeado em 2012

Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis – Arcebispo emérito de Aparecida (SP) – nomeado em 2010

Fonte: Arquidiocese de Porto Alegre

-------------------------------------------------------------------------------.

Fátima: Arcebispo de Manaus vai presidir à Peregrinação Internacional de 13 de outubro ao santuário

O arcebispo de Manaus (Brasil), o cardeal D. Leonardo Ulrich Steiner, vai presidir à Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de outubro a Fátima, informou hoje o santuário mariano português.

“Nomeado arcebispo metropolitano de Manaus, em novembro de 2019, e criado cardeal pelo Papa Francisco, em maio de 2022, D. Leonardo Ulrich Steiner intervirá na celebração da palavra, na noite de 12 de outubro, e na missa internacional, na manhã do dia 13, informa o Santuário de Fátima, numa enviada este sábado, dia 5 de outubro, à Agência ECCLESIA.

Do programa da Peregrinação Internacional de outubro à Cova da Iria, o Santuário de Fátima destaca como “momentos significativos”, no dia 12, a Procissão Eucarística, às 17h30, o Rosário, a partir das 21h30, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a Procissão das Velas e a Celebração da Palavra, e a Procissão do Silêncio, às 23h00.

Na manhã do dia seguinte, 13 de outubro, domingo, destacam-se o Rosário, às 09h30, na Capelinha das Aparições, e, a partir das 10h00, presidida pelo arcebispo brasileiro de Manaus, o cardeal D. Leonardo Ulrich Steiner, a procissão para o altar, a Missa, bênção dos doentes e procissão do adeus.

O Santuário de Fátima informou que se prepara para acolher “milhares de peregrinos” nos dias 12 e 13 deste mês, para a peregrinação que celebra a sexta aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos.

Até este momento, encontram-se inscritos nos serviços do Santuário 113 grupos de peregrinos, “a maior parte do estrangeiro”, de 22 países – Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Costa Rica, Croácia, El Salvador, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Haiti, Ilhas Maurícias, Irlanda, Itália, México, Polónia, Reino Unido, Suíça, Vietname; a Itália e a Polónia são os países que têm o maior número de grupos inscritos, respetivamente 24 e 14.

De Portugal estão inscritos grupos das Dioceses de Braga, Aveiro, Évora, Portalegre-Castelo Branco e Lisboa.

A peregrinação de outubro celebra a aparição de Nossa Senhora ocorrida a 13 de outubro de 1917, na Cova da Iria, “à qual se estima que tenham assistido entre 50 mil a 70 mil pessoas”.

Nesta aparição, segundo as memórias da irmã Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos, Nossa Senhora pediu: “Façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias”.

O Santuário de Fátima informou também os meios de comunicação social que a habitual conferência de imprensa vai realizar-se com a presença do cardeal D. Leonardo Ulrich Steiner, do bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, e com do seu reitor, o padre Carlos Cabecinhas, às 16h00, no dia 12 de outubro (sábado), nas instalações do Gabinete de Comunicação.

O bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, e o arcebispo metropolitano de Manaus, D. Leonardo Ulrich Steiner, estão a participar na segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, que está a decorrer no Vaticano, até 27 de outubro.

Fonte: Agência Ecclesia

------------------------------------------------------------------------.

Papa em súplica a Nossa Senhora implora o silêncio das armas pela paz no mundo

Neste domingo (06/10), a partir da Basílica de Santa Maria Maior de Roma, Francisco se uniu aos membros do Sínodo dos Bispos e a fiéis do mundo inteiro para rezar o terço em súplica pelo dom da paz no mundo por intercessão de Nossa Senhora. "Acolhei o nosso grito!", rezou o Papa, também pedindo "olhar maternal para a família humana" que sofre e implorando conversão de quem alimenta o ódio, silêncio das armas que geram morte, extinção da violência, inspirando paz aos líderes das nações.

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco se uniu aos fiéis do mundo inteiro a partir da Basílica de Santa Maria Maior de Roma neste domingo (06/10), onde também estavam os mais de 350 membros que participam da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em andamento no Vaticano até 27 de outubro. O momento de oração do terço em súplica a Nossa Senhora para interceder a Deus pelo dom da paz no mundo foi o primeiro de dois dias envolvidos na mesma intenção, já que nesta segunda-feira, 7 de outubro, data que marca um ano do ataque terrorista do Hamas contra Israel que desencadeou a guerra no Oriente Médio, o Pontífice convocou um Dia de Oração e Jejum. As duas iniciativas são realizadas nesta "hora dramática de nossa história, enquanto os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras", antecipava o Papa na missa de abertura da assembleia sinodal na última quarta-feira (02/10).

Ao final da recitação do Santo Rosário na basílica vaticana para invocar a paz, o Papa Francisco fez uma oração especial a Nossa Senhora suplicando: "acolhei o nosso grito!", pediu Francisco, além de "nos socorrer nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, dos filhos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência, para que se realize sem demora a profecia de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 4)".

Ao recordar todos os povos que sofrem com a dramática situação de guerras, o Pontífice também pediu a intercessão de Maria para voltar o seu "olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum".

“Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos, Mãe, a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações.”

Agora, propomos na íntegra a oração do Papa Francisco em súplica a Nossa Senhora pelo dom da paz no mundo:

"Ó Maria, nossa Mãe, eis-nos aqui de novo na vossa presença. Vós conheceis as dores e os cansaços que nesta hora pesam sobre os nossos corações. Para Vós, erguemos os nossos olhos; sob o vosso olhar encontramos refúgio; e ao vosso coração nos confiamos.

Também para Vós, ó Mãe, a vida reservou provações difíceis e receios humanos, mas fostes corajosa e audaz: tudo confiastes a Deus, respondendo-Lhe com amor e oferecendo-Vos a Vós mesma sem reservas. Como intrépida Mulher da Caridade, apressastes-Vos a socorrer Isabel; com prontidão, acolhestes a necessidade dos esposos nas bodas de Caná; e com fortaleza de espírito, iluminastes no Calvário a noite da dor com a esperança pascal. Por fim, com ternura de Mãe, infundistes coragem aos discípulos atemorizados no Cenáculo e, com eles, acolhestes o dom do Espírito.

E agora Vos suplicamos: acolhei o nosso grito! Precisamos do vosso olhar, do vosso olhar de amor que nos convida a confiar no vosso Filho Jesus. Vós que estais disposta a acolher as nossas mágoas, vinde socorrer-nos nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, dos filhos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência, para que se realize sem demora a profecia de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 4).

Mãe, voltai o vosso olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Mãe, intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum.

Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos, Mãe, a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações.

Maria, Rainha do Santo Rosário, desatai os nós do egoísmo e dissipai as nuvens sombrias do mal. Enchei-nos com a vossa ternura, levantai-nos com a vossa mão carinhosa e dai a estes filhos, a vossa carícia de Mãe, que nos faz esperar o advento de uma nova humanidade onde «o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta. Na terra, agora deserta, habitará o direito, e a justiça no pomar. A paz será obra da justiça» (Is 32, 15-17).

Ó Mãe, Salus Populi Romani, rogai por nós!"

Fonte: Rádio Vaticano

*------------------------------------------------------------------------------.x

Francisco pede cessar-fogo em todas as frentes: respeito à soberania dos países

Um novo apelo do Papa no Angelus deste domingo, 6 de outubro, véspera do primeiro aniversário do ataque do Hamas a Israel: “desde aquele dia, o Oriente Médio mergulhou em um sofrimento cada vez maior, com ações militares destrutivas que continuam a atingir a população palestina”. O Pontífice dirige um pensamento ao Líbano e pede o fim da “espiral” de vingança, evitando ataques como o do Irã. Por fim, um convite para participar da oração na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Salvatore Cernuzio - Vatican News

“Cessar-fogo imediato em todas as frentes”, libertação dos reféns israelenses em Gaza, ajuda à população palestina exausta, fim da ‘espiral de vingança’ e de ataques como o do Irã, respeito à soberania de cada país. Poucas horas antes de iniciar os “dois dias” de oração - ao rezar o terço na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e o Dia de Oração e Jejum desta segunda-feira, 7 de outubro - o Papa Francisco volta a invocar a paz no Angelus e a indicar possíveis caminhos para acabar com a barbárie que vem ocorrendo no Oriente Médio há mais de um ano.

Parar a violência

Ao final do Angelus deste domingo (06/10), o Papa lança seu apelo na véspera do primeiro aniversário do ataque terrorista do Hamas contra Israel, que desencadeou a violência e as tensões que aumentaram nas últimas semanas com os ataques do Irã contra Israel e o Líbano, onde, há menos de 24h, ataques a cidades e vilarejos na parte sul do país mataram 23 pessoas e feriram outras 93. Um cenário angustiante. Francisco, olhando pela janela do Palácio Apostólico, diz “chega”:

“Amanhã irá completar um ano do ataque terrorista contra a população de Israel, a quem renovo minha proximidade. Não nos esqueçamos de que ainda há muitos reféns em Gaza, para os quais peço a libertação imediata. Desde aquele dia, o Oriente Médio mergulhou em um sofrimento cada vez maior, com ações militares destrutivas que continuam a atingir a população palestina. Essa população está sofrendo muito em Gaza, são civis inocentes, todas as pessoas que precisam receber ajuda humanitária necessária. Peço um cessar-fogo imediato em todas as frentes, inclusive no Líbano.”

Um pensamento ao Líbano

O Papa eleva sua oração ao céu por todos os libaneses, “especialmente pelos habitantes do sul que são forçados a deixar suas aldeias”. Em seguida, ele se dirige à comunidade das nações, pedindo que ajam para evitar que o conflito se espalhe: “faço apelo à comunidade internacional para que ponha fim à espiral de vingança e garanta que ataques como o do Irã não se repitam".

"Todas as nações têm o direito de existir em paz e segurança e os seus territórios não devem ser atacados ou invadidos. A soberania deve ser respeitada e garantida pela paz."

A oração em Santa Maria Maior

“Nessa situação, a oração é mais necessária do que nunca”. O Papa, de fato, convida todos os fiéis do mundo, os presentes na Praça São Pedro mas também os conectados via streaming, a se unir para rezar o Terço pela Paz neste domingo (06/10), na Basílica de Santa Maria Maior em Roma. Uma iniciativa que foi anunciada na última quarta-feira (02/10), na missa de abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade, e que deve contar com a participação de todos os membros da assembleia sinodal.

Essa oração continuará até segunda-feira, 7 de outubro, dia em que todos os fiéis do mundo inteiro são convocados pelo Papa a rezar e a se abster das refeições para implorar de Deus o dom da paz:

“Vamos nos unir com a força do bem contra as tramas diabólicas da guerra.”

Fonte: Rádio Vaticano

*------------------------------------------------------------------------------.s

Papa no Angelus: o amor conjugal é exigente, requer fidelidade, respeito e perdão

Antes da oração mariana na Praça São Pedro deste domingo (06/10), Francisco refletiu sobre o Evangelho do dia (cf. Mc 10,2-16) que trata do amor conjugal. Enalteceu "o valor do amor entre o homem e a mulher no plano de Deus", conduzindo os casais para a felicidade dentro de casa: o amor exigente "fidelidade, mesmo nas dificuldades, respeito, sinceridade, simplicidade". Ainda requer o perdão, disse o Papa: "reconciliar-se sempre", "depois dos momentos de briga, sempre, antes de ir dormir!".

Andressa Collet - Vatican News

Um domingo, este de 6 de outubro, importante para todos os cristãos que, junto com o Papa Francisco, se unem em oração pela paz no mundo. Antes da oração mariana do Angelus, porém, na Praça São Pedro, o Pontífice refletiu sobre o Evangelho do dia (cf. Mc 10,2-16) que trata do amor conjugal. Alguns fariseus "fazem uma pergunta provocatória a Jesus sobre um assunto controverso: o repúdio da esposa por parte do marido". Em vez de entrar na polêmica, o Senhor aproveitou a oportunidade para enaltecer "o valor do amor entre o homem e a mulher no plano de Deus".

Iguais em dignidade e complementares na diversidade

Na época de Jesus, explicou Francisco, "a condição da mulher no matrimônio era de grande desvantagem em relação a do homem: o marido podia expulsar, repudiar a esposa, mesmo por motivos fúteis, e isso era justificado com interpretações legalistas das Escrituras". Mas o amor deve ser sem "meias medidas", exige durar para sempre e não "até que eu queira", com a mulher e o homem "aceitando-se mutuamente e vivendo unidos como 'uma só carne' (cf. Mc 10,8; Gn 2,24)", sendo "iguais em dignidade e complementares na diversidade, para serem a ajuda um do outro, companhia, mas ao mesmo tempo estímulo e desafio para crescer (cf. Gn 2:20-23)". Mas o Papa sabe que não é uma percurso fácil:

“É claro, isso não é fácil; e isso exige fidelidade, mesmo nas dificuldades, exige respeito, sinceridade, simplicidade (cf. Mc 10:15). Requer estar aberto ao confronto, às vezes à discussão, quando necessário, mas sempre prontos para o perdão e a reconciliação. E eu recomendo: marido e mulher briguem, tudo o que quiserem, desde que façam as pazes antes que termine o dia. Sabem por quê? Porque a guerra fria no dia seguinte é perigosa. 'E me diga, Papa, como se faz as pazes?' Apenas com um carinho, assim (o Papa mostra tocando o rosto), mas nunca cheguem ao fim do dia sem fazer as pazes.”

O Pontífice também recordou a importância do casal estar aberto "ao que Deus manda", ao dom dos filhos, "o fruto mais bonito do amor e a maior bênção de Deus": "façam filhos", ainda repetiu Francisco duas vezes, lembrando que no sábado (05/10) encontrou um soldado do Corpo da Gendarmaria que apresentou seus 8 filhos: "era lindíssimo de ver",.

Ao invocar a Virgem Maria para que ajude os cônjuges cristãos nesse caminho, o Papa Francisco finalizou a alocução que precedeu a oração do Angelus, fazendo os fiéis se questionarem sobre o amor vivido dentro de casa:

"Queridas irmãs, queridos irmãos, o amor é exigente, sim, mas é belo, e quanto mais nos deixamos envolver por ele, mais descobrimos, nele, a verdadeira felicidade. E, agora, cada um pede ao seu coração: como é o meu amor? É fiel? É generoso? É criativo? Como são as nossas famílias? Estão abertas à vida, ao dom dos filhos? 

Fonte: Rádio Vaticano

*------------------------------------------------------------------------------.x

Papa ao Corpo da Gendarmaria: servem como anjos que não nos deixam sozinhos

“Peço a Deus que sempre lhes dê a graça de serem um reflexo da ternura”, foi a intenção colocada por Francisco na homilia da missa celebrada pela festa do padroeiro do Corpo de Gendarmaria do Vaticano, São Miguel Arcanjo, que ocorreu em 29 de setembro. Um apelo às famílias: peçam desculpas pelas horas de ausência junto aos familiares em casa, por causa do trabalho.

Edoardo Giribaldi - Vatican News

Seguindo os passos de São Miguel, “como anjos que guardam e estão a serviço”. Foi assim que o Papa Francisco os descreveu quando celebrou a missa para o Corpo de Gendarmaria do Vaticano na tarde de sábado, 5 de outubro, na festa de seu patrono, o próprio Arcanjo, que ocorreu em 29 de setembro. O mau tempo fez com que a liturgia fosse transferida do local onde é tradicionalmente realizada, a Gruta de Lourdes nos Jardins do Vaticano, para o Altar da Cátedra na Basílica de São Pedro.

Não estamos sozinhos na luta contra o mal

Na homilia, Francisco começou por enquadrar a realidade da luta, um elemento diário com o qual a vida, mesmo como cristãos, tem de lidar “tanto em nossos corações, em nossas vidas, em nossas famílias, em nosso povo. Em nossa Igreja”. Sem a luta, “seremos derrotados”, destacou o Papa, acrescentando que, no entanto, esse “ofício” foi confiado “principalmente aos anjos”. 

"Lutar e vencer. O demônio sempre tenta destruir o homem, apresenta as coisas como se fossem boas, mas a sua intenção é destruir. Felizmente, temos a certeza de que não estamos sozinhos nessa luta, porque o Senhor confiou aos arcanjos a tarefa de defender o homem."

Um reflexo da ternura de Deus

O Papa, ao agradecer aos gendarmes por seu trabalho, lembrou como cada um de nós tem um anjo ao nosso lado, “que nunca nos deixa sozinhos e nos ajuda a não nos perdermos”. Eles são os mesmos que não deixam os gendarmes sozinhos, cujo “trabalho precioso” representa, “acima de tudo, um serviço inestimável para a Igreja”. O Corpo da Gendarmaria é responsável por receber os peregrinos no Vaticano e nas áreas extraterritoriais. “Muitas vezes vocês são o primeiro e também o único rosto que eles encontram”, observou Francisco.

"Portanto, peço a Deus que sempre lhes dê a graça de serem um reflexo da ternura de Deus."

A paciência das famílias

O Pontífice também fez um agradecimento especial às famílias dos gendarmes. Esse trabalho “não é possível” sem a “paciência” e “compreensão” delas, disse ele. O Papa também pediu desculpas “por todas as horas” que maridos, pais, filhos ou irmãos não podem estar em casa “porque estão em serviço”. 

"Realmente, sinto muito. Sei que não é fácil e, portanto, confio suas famílias e todos os seus entes queridos à proteção da Virgem, Rainha das Famílias, e a São Miguel Arcanjo, para que o homem não divida o que Deus uniu."

A unidade é superior ao conflito

Francisco concluiu a homilia falando sobre as leituras da liturgia do dia, “leituras de unidade”, pedindo aos presentes que “sempre” busquem essa unidade.  

"Lembrem-se de que a unidade é superior ao conflito, sempre. A unidade é superior ao conflito."

Por fim, o Papa renovou os agradecimentos, rezando para que o Senhor desse ao Corpo da Gendarmaria “sabedoria e paciência” sem perder “o seu senso do humorismo”.

Fonte: Rádio Vaticano

------------------------------------------------------------------------------.

Guarda Suíça: um farol de valores entre modernidade e tradição

Na metade do seu mandato como subcomandante da Guarda Suíça Pontifícia, Loïc Rossier, 34 anos, faz um balanço dos desafios e experiências emocionantes. Ao retornar a Roma, trouxe consigo competências valiosas adquiridas na Polícia Suíça, que o fortaleceram no cargo de liderança. Ao falar da sua função no exército mais antigo do mundo, Loïc afirmou: “o oficial deve ser um exemplo de educador”.

Romano Pelosi - Vatican News

Natural do cantão suíço de Valais, Loïc Rossier, 35 anos, foi nomeado pelo Papa Francisco, em 1° de janeiro de 2022, como subcomandante da Guarda Suíça, com o grau de tenente-coronel. O soldado conhece bem o Vaticano, sobretudo, dentro dos muros do quartel no Vaticano. De 2012 a 2014, prestou serviço como alabardeiro da Guarda pontifícia, continuando sua carreira no setor de segurança: antes, foi oficial no exército suíço; depois, como segurança privado e, enfim, serviu a polícia cantonal de Vaud, onde trabalhou como inspetor da polícia criminal. A partir de 2019, Loïc Rossier foi presidente da Associação dos ex-Guardas Suíços Pontifícios do setor "Lemania", ou seja, dos três cantões francófonos de Valais, Vaud e Genebra.

Desafios e perspectivas futuras

Atualmente, em pleno ritmo do seu mandato, o subcomandante faz um balanço do seu trabalho aos meios de comunicação do Vaticano, fornecendo informações sobre os desafios enfrentados pela Guarda Suíça Pontifícia em um mundo em mudança. Em vista do Ano Santo 2025, Loïc Rossier recorda a necessidade de uma preparação adequada, para enfrentar o afluxo de milhões de peregrinos, e como também na logística das viagens papais, que exigem “guardas bem treinados e flexíveis”. Enfim, fala sobre o projeto de construção de um novo quartel, após o ano Jubilar, para responder às crescentes exigências e fortalecer a antiga missão da Guarda Suíça.

Mudança da Guarda: uma vocação, mais que uma farda

A principal preocupação do jovem subcomandante continua sendo o recrutamento de jovens para servir a Guarda Suíça, devido à crescente secularização em seu país: “O pequeno exército é um ponto de referência em uma sociedade cada vez mais secular. É preciso manter a sua importância para estimular o interesse dos jovens. Além da missão de serviço é uma vocação, que vai muito além do uso da farda.

Tenente Coronel, como foi seu retorno a Roma como subcomandante da Guarda Suíça Pontifícia?

“Meu retorno foi muito bom, embora tenha sido uma mudança de transição da minha vida na Suíça para a Cidade Eterna. Isso não fazia parte do meu plano de carreira, mas, às vezes, a Providência nos causa surpresas. Aproveitar bem da minha experiência militar e dos anos na polícia judiciária do Cantão de Vaud. Essas experiências me ajudaram muito a retomar minhas funções como subcomandante”.

Quais valores e princípios orientam seu trabalho diário? Como influenciam na sua liderança junto à Guarda?

“Creio na importância de um oficial ser modelo para os jovens guardas, que nos são confiados. Sempre procurei aplicar o princípio descrito pelo General Lyautey, no século XIX, ou seja, a ‘função social de um oficial’. Isso significa que um oficial deve servir de exemplo como educador, ser capaz de fortalecer o espírito de suas tropas e, ao mesmo tempo, ensinar-lhes as habilidades sociais. Gosto muito deste papel de educador, porque a minha função me dá a oportunidade de transmitir certos conhecimentos e valores, que nos são queridos, permitindo assim que os jovens guardas possam desempenhar, dignamente, seu serviço ao Sucessor de Pedro”.

“O oficial deveria ser modelo como educador. Deveria ser capaz de fortalecer o espírito de suas tropas e, ao mesmo tempo, ensinar-lhes as habilidades sociais.”

Qual o perfil que um Guarda Suíço deveria ter em 2024? Quais as qualidades e habilidades requeridas?

“O que torna a Guarda Suíça especial é a ligação entre tradição e modernidade. É o que experimentamos todos os dias durante o nosso serviço. O jovem suíço deve ser aberto a uma realidade multicultural, porque vive na Cidade Eterna, lida diariamente com milhares de peregrinos, em busca de informação, e com funcionários da Santa Sé, provenientes de diversas nações. Logo, o jovem guarda deveria ter este tipo de sensibilidade. Além disso, quem usa o uniforme da Guarda Suíça deve seguir determinados critérios, exigidos durante o recrutamento: formação profissional ou diploma de ensino secundário na Suíça, que garante a boa preparação de jovens em nossas fileiras. Por isso, o candidato deve ser católico romano, prestar serviço militar obrigatório na Suíça e não ter antecedentes criminais, ou seja, dar garantias de bom caráter moral. Esses critérios são muito importantes. Quando o jovem chegar a Roma, terá também a oportunidade de adquirir outras competências, durante seus dois anos de serviço obrigatório ou mais, se quiser continuar”.

“A peculiaridade da Guarda Suíça é unir tradição e modernidade. É o que experimentamos todos os dias durante o nosso serviço. Os jovens suíços devem ser abertos à realidade multicultural".

Quais os desafios que a Guarda Suíça Pontifícia enfrenta hoje?

“Os desafios são muitos. O maior refere-se ao recrutamento. Como corpo histórico, a Guarda Suíça Pontifícia tem a particularidade de dar aos guardas suíços a possibilidade de ingressar na corporação durante todo o ano. Com efeito, a Guarda Suíça dispõe de três escolas de recrutamento, durante o ano, que representa um desafio, em termos de formação. Devemos, continuamente, formar os novos recrutas, garantindo que o contingente permaneça sempre operacional, pois a defesa do Santo Padre e da sua Residência, bem como as demais missões do Corpo, são obrigações constantes. Por isso, é essencial que a presença de jovens suíços sejam sempre bem formados nas nossas fileiras, para darmos continuação à nossa missão secular de servir ao Santo Padre”.

Como a Guarda Suíça enfrenta o declínio da religiosidade em seu país? Este fenômeno afeta o recrutamento?

“Este fenômeno não diz respeito apenas à Suíça, mas é um problema geral no mundo ocidental. Na Europa, notamos uma crescente perda de orientação, sobretudo, em termos de valores e crenças. Acho que, em certo sentido, a Guarda Suíça Pontifícia pode ser uma espécie de farol em um porto, que mantém valores importantes, com os quais a sociedade pode receber orientação, que gera estabilidade. Acho, em certo sentido, muitos jovens, hoje, também têm interesse de prestar um serviço, que representa certos valores, que a sociedade está perdendo. A ‘crise vocacional’ é um dos nossos contínuos desafios. A crise, também na Suíça, de pessoas que deixam de ir à igreja, é uma das razões pelas quais tentamos dar exemplo, participando em vários eventos, encontros de trabalho etc. Desta forma, somos uma garantia de que a Guarda Suíça seja mais conhecida, presente e possa despertar interesse nos jovens de se unir a nós no serviço à Igreja Católica Romana”.

“Acho que, em certo sentido, a Guarda Suíça pode ser uma espécie de farol em um porto, que mantém valores importantes, com os quais a sociedade pode se orientar”.

Um ex-conselheiro federal suíço disse durante uma cerimônia de tomada de posse: “A Guarda Suíça é o cartão de visita da Suíça”. Qual o impacto do serviço da Guarda Suíça sobre a imagem do Papa e do Vaticano no mundo?

“A Guarda Suíça não é apenas uma figura de alto nível no país, mas, sobretudo, um cartão de visita do Santo Padre e do Vaticano. Logo, é muito importante que os jovens guardas sejam sempre amigáveis e prontos para receber os peregrinos e fiéis que visitam o Vaticano. Como subcomandante procuro transmitir estes valores aos jovens que recebem nossa farda. É essencial representar sempre o Santo Padre da melhor maneira possível, através do nosso serviço. Com a nossa presença, damos testemunho da importância do serviço que prestamos ao Sucessor de Pedro”.

O que representa o próximo Jubileu 2025 para a Guarda Suíça?

“Como todos os Anos Santos, este também representa um desafio significativo... O último grande Jubileu, em Roma, aconteceu há 25 anos, sob o pontificado de João Paulo II. Em 2016, o Papa Francisco proclamou o Ano Santo da Misericórdia, também muito importante, mas com certa configuração diferente, em relação ao próximo ano, para o qual nos preparamos. Este evento comportará mudanças profundas para a Cidade Roma e para o nosso ministério. Teremos numerosas tarefas para fazer. Mas, uma das principais qualidades que um jovem guarda deve ter é a capacidade de ser altruísta, ou seja, o desejo de pôr de lado os próprios interesses para o bem da comunidade. No próximo Ano Santo está prevista a vinda de cerca de 45 milhões de peregrinos à Cidade Eterna e isso, para nós, representa um enorme compromisso. Devemos estar bem preparados para conseguirmos superar com sucesso este evento extraordinário”.

Após o Jubileu, terá início a construção de um novo quartel da Guarda Suíça. O que você acha?

“Este projeto, iniciado pelo nosso Comandante, Coronel Christoph Graf, é de grande importância para o futuro da Guarda Suíça Pontifícia no Vaticano. Trata-se de um projeto ambicioso, mas necessário, sobretudo, porque leva em conta o aumento da nossa tropa, desejado pelo Papa Francisco. No início, os soldados era 110, mas, em 2018, o Santo Padre decidiu aumentar com mais 25 elementos, chegando a um total de 135. No entanto, nosso quartel, construído em épocas diferentes, não consegue mais suprir às necessidades atuais. Por outro lado, o problema decorre também da posição geográfica do Vaticano, situado em uma colina, com o quartel construído ao seu sopé, um lugar de escoamento de água, que causa problemas de humidade nos recintos, por causa da água estagnada. Daí nasce o ambicioso projeto de construção de um novo quartel para acolher o exército do Papa, que, certamente, durará muitos anos, mas permitirá um serviço mais adequado”.

Após a sua tomada de posse, em 2024, alguns meios de comunicação suíços começaram a falar sobre a “inclusão de mulheres” na Guarda Suíça. O que você acha sobre a questão da abertura do serviço de mulheres na Guarda Suíça?

“Esta é uma questão legítima e socialmente relevante. Entendo que a sociedade está evoluindo, mas queria recordar que a decisão sobre a inclusão de mulheres na Guarda Suíça Pontifícia cabe, em última análise, exclusivamente ao Santo Padre”.

Falemos sobre uma de suas principais tarefas: as viagens do Santo Padre ao exterior. No início de setembro, o Papa fez uma viagem à Ásia e à Oceania, a mais longa do seu pontificado. Na sua viagem, o Papa foi acompanhado por alguns guardas suíços, que você comandava. Como tais viagens são preparadas?

“Os preparativos da viagem são realizados em estreita colaboração com o Protocolo da Secretaria de Estado da Santa Sé e o Corpo da Gendarmaria do Vaticano, nossos parceiros para a segurança no Vaticano. Durante tais viagens, estas unidades trabalham juntas em harmonia, como equipe de segurança do Vaticano. A direção das operações cabe à Gendarmaria, o que significa que o Comandante deste Corpo assume uma liderança exclusiva. No entanto, como subcomandante da Guarda Suíça, sou responsável pela seleção dos guardas que acompanham o Papa. As viagens ao exterior comportam sempre muito empenho, sobretudo, no que se refere aos preparativos. Os colegas da Gendarmaria realizam um enorme trabalho em todos os aspectos, em relação à segurança e à logística. A nossa íntima colaboração é essencial para garantir o bom êxito das viagens apostólicas”.

Quais são as dificuldades e desafios na preparação de uma viagem papal?

“Os desafios de uma viagem apostólica são muitos e envolvem um trabalho de logística considerável, em particular, em relação à organização de voos, alojamento e outros detalhes. Outro desafio importante é manter uma boa colaboração com as forças de segurança do país anfitrião. Muitas vezes, é difícil transmitir a unicidade da pessoa do Papa, que não é apenas um chefe de Estado, mas, sobretudo, um religioso que deve manter um contato direto e especial com os fiéis. Posso garantir que este papel especial do Santo Padre, único no mundo e difícil de se compreender, às vezes, pode complicar a vida dos nossos colegas estrangeiros... Por isso, é importante encontrar um equilíbrio entre a segurança do Papa e seu encontro com os fiéis. O Santo Padre deve ter a oportunidade de exercer livremente seu ministério e encontrar os fiéis católicos do outro lado do mundo, que representa um contacto privilegiado”.

“É importante dar ao Santo Padre a oportunidade de exercer livremente o seu ministério e se encontrar com os fiéis católicos do outro lado do mundo, que representa um contacto privilegiado”.

Qual a viagem mais lhe impressionou até agora? Como você convive com o Papa durante essas viagens?

“Para mim, pessoalmente, como católico, é uma grande alegria e um enorme privilégio poder servir ao Santo Padre. Ele é uma bênção e uma fonte constante de inspiração. Apesar da sua idade, o Papa demonstra uma notável capacidade de recobrar as forças para encontrar tantas pessoas, às quais dispensa sempre atenção e carinho particulares. Seus encontros, para mim, são sempre momentos únicos, sobretudo, por ver a comoção das pessoas”.

“Para mim, pessoalmente, como católico, é uma grande alegria e um enorme privilégio poder servir ao Santo Padre. Ele é uma bênção e fonte constante de inspiração”.

“Um momento particularmente impressionante, na minha carreira profissional, foi a minha primeira viagem ao Canadá, como subcomandante, em 2022. Mas, se eu tivesse que citar uma viagem que, realmente, me impressionou profundamente, foi aquela à África: foi uma experiência tocante ao ver a imensa alegria das pessoas, que ali vivem, especialmente na República Democrática do Congo. No mundo ocidental, onde a riqueza material é, muitas vezes, prioridade, perdemos o verdadeiro sentido dos valores morais. Fiquei muito comovido com a alegria contagiante dos africanos ao verem o Papa e a calorosa acolhida de milhões de pessoas pelas ruas. Esta, realmente, foi uma viagem impressionante e inesquecível”.

Fonte: Rádio Vaticano

------------------------------------------------------------------------------.

Santa Sé na OSCE: tráfico de seres humanos, uma tragédia que se alimenta de guerras

O observador permanente junto à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Mons. Richard Gyhra, interveio na quarta sessão plenária da Conferência sobre a Dimensão Humana, em Varsóvia: “o tráfico de seres humanos é um fenômeno de natureza multifacetada: as mulheres têm direitos iguais aos dos homens”.

Edoardo Giribaldi - Vatican News

O Observador permanente da Santa Sé, junto à OSCE, Mons. Richard Gyhra, participou da quarta sessão plenária, dedicada às questões humanitárias, intitulada “Conferência sobre a Dimensão Humana”, em Varsóvia. Em sua intervenção, o representante vaticano repropôs a observação contida na encíclica do Papa Francisco, ‘Fratelli tutti’ (Todos irmãos), sobre o contexto do tráfico de seres humanos, definido “uma tragédia na tragédia, que se alimenta das crises humanitárias”.

Diferentes facetas do tráfico

O tráfico de seres humanos é uma questão definida como “uma das mais graves e complexas, devido à sua natureza multifacetada”. Suas dificuldades surgem em vários níveis, segundo o representante do Vaticano: primeiro, pelo modo que se manifesta; segundo, pelas suas vítimas, sobretudo, os migrantes, já em situações vulneráveis; terceiro, pela multiplicidade dos fatores em jogo".

As mulheres, as mais atingidas

Segundo a Santa Sé, embora a praga deste “crime odioso” ser endêmica, “as mulheres e meninas são as mais expostas, as mais sujeitas ao tráfico, porque são exploradas para fins domésticos ou sexuais”. Tal tragédia é agravada por situações de conflito e crises humanitárias, onde “os criminosos aproveitam dos ambientes sociopolíticos instáveis para subjugar, escravizar e traficar pessoas”.

Uma praga visível na Ucrânia

O fenômeno do tráfico é visível, por exemplo, no conflito da Ucrânia, segundo Mons. Gyhra: “Ele representa uma das consequências mais devastadoras deste conflito. As vítimas, muitas vezes, tornam-se vítimas de traficantes, que, de modo falso e perverso, lhes oferecem ajuda, para depois as capturar e escravizar”.

Neutralizar na raiz

A Santa Sé recordou que, por ocasião do décimo aniversário do “Dia Mundial de oração e reflexão contra o tráfico de seres humanos”, o Papa Francisco afirmou: “É possível contrastar o fenômeno, indo às suas raízes para erradicar as várias causas. Seria uma hipocrisia enfrentar o problema sem levar em consideração as causas ‘ocultas’ deste terrível mercado, no qual centenas de mulheres e homens dependem de criminosos, para fugir de seus países em busca de uma vida mais segura”. Tais causas ocultas compreendem pobreza, guerras, perseguições por governos autoritários, bem como acontecimentos naturais e climáticos, que tornam seus territórios inóspitos”. Aqui, Mons. Richard Gyhra, recorda, mais uma vez, as palavras do Papa Francisco: “O tráfico de seres humanos encontra terreno fértil no cenário do capitalismo neoliberal e na desregulamentação dos mercados, que visa aumentar seus lucros sem limites éticos, sociais e ambientais”.

Um longo caminho pela frente

Na conclusão de seu discurso, Mons. Gyhra reiterou a convicção, expressa pelo Papa, por ocasião do 109º Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados 2023: “É preciso um esforço conjunto de cada país e da comunidade internacional para garantir a todos o direito de não ter que emigrar, ou seja, a possibilidade de viver em paz e com dignidade na própria terra”. Esta prerrogativa, conclui o observador vaticano, “é definida ainda não codificada, mas de importância fundamental, cuja garantia deve ser entendida como corresponsabilidade de todos os Estados pelo bem comum, que ultrapassa as fronteiras nacionais. Enquanto este direito não for garantido, e este será um longo caminho a ser percorrido, muitos ainda terão que partir em busca de uma vida melhor”.

Fonte: Rádio Vaticano

*------------------------------------------------------------------------------.x

Cardeal Zuppi: iniciativa de paz do Papa deve ser compartilhada pelos líderes das nações

À margem da apresentação do livro “O Deus dos nossos pais”, de Aldo Cazzullo, em Roma, o presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), cardeal Matteo Zuppi, recordou o Dia de Oração e Jejum desta segunda-feira, 7 de outubro, proposto pelo Papa na missa de abertura do Sínodo dos Bispos: “não se vence o mal com a força, e o rearmamento não é uma solução”.

Benedetta Capelli – Vatican News

O Cardeal Matteo Zuppi, presidente da CEI, foi entrevistado por Aldo Cazzullo, vice-diretor do jornal “Corriere della Sera”, em 2 de outubro, na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma. Na ocasião da publicação do livro do jornalista “O Deus dos nossos pais. O grande romance da Bíblia”, o Cardeal afirmou: “Não basta querer a paz, é preciso empenho, esforço, coragem”.

O Cardeal Zuppi manteve, com o autor do livro, um diálogo aberto e franco sobre a Bíblia, sobre a qual reiterou: “O mal não pode ser derrotado pela força, nem em nível militar, e o “rearmamento não é uma solução. O caminho é conciliar a paz e a justiça e a justiça deve encontrar a paz”.

A obstinação pela paz

Por outro lado, falando aos meios de comunicação vaticanos, o Cardeal Matteo Zuppi destacou: “Todos nós queremos a paz, mas há caminhos difíceis a serem percorridos. O Papa Francisco falou disso, várias vezes, em muitas ocasiões, sobretudo, aos líderes das nações, para irem além de uma declaração de esperança. A paz deve ser procurada com grande obstinação, superando todas as dificuldades, que são muitas, mas podem e devem ser superadas”. E continuou: “Hoje assistimos a um conflito sangrento na Terra Santa, nos lugares da Bíblia. E, este livro, que acaba de ser publicado, oferece uma mensagem clara, ou seja, devemos conviver. A violência gera violência. Deus é um Deus pacífico e devemos ouvi-lo. O diálogo entre as religiões também pode lançar as bases da paz”.

Todos envolvidos pela paz

Em sua entrevista, o Cardeal Zuppi acrescenta: “Recordo os muitos apelos do Papa pela paz. No próximo dia 7 de outubro, haverá um ‘Dia de oração e jejum pela paz’, uma iniciativa que sempre envolve todos na busca deste dom, sobretudo, os líderes das nações”.

Da igreja romana de Santo Inácio, o Cardeal Zuppi fez uma mensagem ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dizendo que “ele não está fazendo o bem do seu povo”. Esta mensagem, afirma o Cardeal, deve ser estendida também a Hamas: “Não são só as armas de fogo que podem trazer a segurança, que o povo de Israel deseja, de modo justo e compreensível, como também o povo palestino, que tem igualmente direito”. E conclui: “Dia 7 de outubro recorda a primeira grande traição ao povo palestino e não apenas a morte de milhares de israelenses”.

Fonte: Rádio Vaticano

*------------------------------------------------------------------------------.s

Pizzaballa: há um ano do 7 de outubro, uma invocação de paz para a humanidade

Em vista do Dia de Oração e Penitência convocado pelo Papa Francisco para segunda-feira, o Patriarca Latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, analisa em uma entrevista o ano de guerra, sofrimento e medo no Oriente Médio que começou com os trágicos eventos de 2023.

Roberto Cetera

Não que a vida em Jerusalém tenha dado uma pausa antes mesmo do dia 7 de outubro, mas certamente os dias do Patriarca de Jerusalém dos Latinos no último ano foram intensos e agitados, entre o cuidado pastoral, as relações institucionais e, inevitavelmente, também as relações com a imprensa e a mídia internacional. “Definitivamente, a parte que mais me incomoda; vocês fazem eu perder muito do meu tempo”, começou brincando o cardeal Pierbattista Pizzaballa.

Eminência, já se passou um ano desde aquela terrível manhã....

Sim, um ano igualmente terrível. E nós o recordaremos, junto com o Papa Francisco e todas as Igrejas do mundo, com um Dia de Oração e Penitência. Para manter nossos corações livres de todas as formas de medo e desejo de raiva. E levar a Deus, por meio da oração, nosso desejo de paz para toda a humanidade.

Um mês após o massacre de 7 de outubro, o senhor nos concedeu uma longa entrevista. Ela tocou nossos leitores porque foi uma espécie de ressurgimento do silêncio atordoante em que aquela tragédia nos mergulhou, e na qual também nos falou sobre seus sentimentos pessoais. “Tudo vai mudar”, nos disse. O que de fato mudou? E o que mudou para o senhor e para os cristãos da Terra Santa?

Antes de 7 de outubro de 2023, a perspectiva política certamente era completamente diferente. O conflito israelense-palestino, embora latente, parecia ter entrado em uma rotina que não era particularmente alarmante, tanto que não era uma prioridade nas agendas da diplomacia internacional. O diálogo inter-religioso estava seguindo seu curso normal, fortalecido pelas viagens do Papa Francisco e pela encíclica Fratelli tutti. A comunidade cristã vivia suas atividades pastorais com empenho. Aqui, tudo isso agora parece letra morta. Hoje, a questão palestina ressurgiu, mas em termos dramáticos, tornando-a ainda mais difícil de resolver. O diálogo inter-religioso está passando por uma crise profunda. E as iniciativas pastorais da comunidade cristã precisam ser completamente repensadas em um novo contexto, cheio de tanta desconfiança, de mal-entendidos. Um ódio generalizado que nunca havíamos visto antes, tanto na linguagem quanto na violência física e militar. Tudo isso não pode nos deixar indiferentes. Portanto, para responder à sua pergunta: sim, muita coisa mudou. Temos que voltar a falar sobre o futuro, mas tendo em mente que as feridas que esse conflito está deixando são numerosas e dilacerantes. Foi um ano muito difícil para mim também. Por um lado, mesmo que esmagado pelo marasmo diário, é preciso preservar e se concentrar na vida espiritual. E depois, saber como ajudar a própria comunidade a enquadrar as razões de estar aqui, o próprio papel. Essas são sempre perguntas muito abertas porque não têm respostas certificadas que sejam sempre válidas ao longo do tempo.

Naquela entrevista de novembro, lembro-me de que pensávamos que algum tipo de trégua seria alcançada em algumas semanas. Estávamos errados: nos vimos comentando juntos sobre o sexto mês de guerra em um clima ainda mais desesperador. Há um paradoxo trágico nesse conflito: quanto mais ele dura, mais sua conclusão se afasta...

Não sei se a conclusão está se afastando, mas certamente o conflito tomou rumos diferentes. Ele não está mais concentrado em Gaza, está se tornando um conflito regional, que todos dizem querer evitar, mas ninguém parece ser capaz de impedir. Acho difícil acreditar que possa haver uma nova expansão do conflito, uma verdadeira guerra regional no Oriente Médio. Embora o risco exista. Em vez disso, vejo outro perigo, que é a total falta de uma estratégia de saída. Todas as guerras devem ter uma conclusão política, não militar.

Não há visão política em nenhum lugar....

Absolutamente. Só se fala em estratégia militar, não em política. Na crença de que a paz só pode vir com a vitória sobre o adversário. Como será Gaza depois disso? Como será o Líbano? Alguém fala sobre isso? Aqui, acredito que essas são as perguntas a serem feitas. Perguntas que a comunidade internacional também deve fazer a si mesma, para ajudar a encontrar soluções. Caso contrário, tudo o que resta é uma persuasão moral genérica para a pacificação, na maioria das vezes não atendida.

O senhor vive aqui já há quase 35 anos...

Sim, cheguei aqui em 7 de outubro (sic!) de 1990.

E em todos esses anos viu muita coisa. No entanto, chamou essa guerra de “a mais longa e cruel”. Nessa guerra, testemunhamos cenas horríveis em ambos os lados; até mesmo as migalhas do sentimento humano parecem ter se perdido. O senhor conhece bem as duas sociedades: o que aconteceu? Por que essa quantidade de violência sem precedentes?

Minha impressão é que algo se rompeu na alma das duas sociedades. Talvez já estivesse quebrado antes, mas agora está realmente quebrado. As duas sociedades estão traumatizadas. A sociedade israelense vivenciou o 7 de outubro como uma pequena Shoah. E para a sociedade palestina, a guerra em Gaza é uma nova Nakba. Portanto, em ambos os campos, é a reabertura de feridas profundas na consciência dos dois povos. Feridas dilacerantes que marcaram a vida dos dois povos para sempre e que agora reaparecem como fantasmas ameaçadores. Isso desencadeou o medo. E o medo pode gerar uma violência incrível, porque é o medo de colocar a própria existência em risco. Isso deu origem à violência, à desumanidade que testemunhamos este ano: a recusa em reconhecer a existência do outro para preservar a própria existência. Já podemos ver isso na linguagem usada, cheia de violência, desumanidade e desconfiança. É sempre muito importante observar a linguagem.

No entanto, do lado israelense, até o dia 7 de outubro, esse medo não era evidente, na verdade - também graças a uma temporada econômica favorável - a sociedade parecia ter afastado o conflito. Não é coincidência que a narrativa israelense tenha o dia 7 de outubro como seu ponto de partida fixo, enquanto para os palestinos há também um 6, um 5, um 4 e assim por diante. Quero dizer que, na Cisjordânia, 2022 e 2023 foram muito difíceis....

É verdade que a sociedade israelense se convenceu de que o conflito com os palestinos havia sido absorvido, assimilado. Mas aqui voltamos ao papel da política, ou melhor, à ausência de política. A política foi incapaz de ler a realidade e propor soluções adequadas para uma situação que estava ardendo sob as cinzas. Que, em vez disso, explodiu da maneira mais violenta, mais radical e mais odiosa possível. E para a qual ela se viu despreparada.

Despreparada, mas também dividida. As divisões na sociedade israelense despertadas pela reforma da justiça de Netanyahu não tiveram trégua durante a guerra; na verdade, os protestos se juntaram e se ampliaram junto com os protestos sobre a forma como a situação dos reféns foi tratada. As palavras do ex-presidente israelense Reuven Rivlin, que temia o retorno das tribos do Israel bíblico, vêm à mente. Será que Israel corre o risco de ganhar militarmente e perder politicamente?

O fato de existirem tribos em Israel - como em muitas outras sociedades - sempre foi conhecido. Na verdade, o tipo de tribo mudou. Antes eram ashkenazis, sefarditas, russos, etc., agora são seculares, religiosos ortodoxos, nacionalistas religiosos e assim por diante. Mas não acho que a sociedade israelense esteja dividida quanto às questões essenciais, em primeiro lugar, quanto à ameaça à sua existência. Quanto à opção militar, não há divisão substancial. Talvez haja sobre as perspectivas futuras, sobre a ideia de um Estado, mas sobre as questões essenciais não há. É muito cedo para dizer o que Israel será daqui a alguns anos. Certamente, essa guerra marcou um sulco profundo na vida política do país. Acredito que, quando a guerra terminar, haverá mudanças profundas. Mas é difícil prever quais serão elas e em que direção.

Olhando para os palestinos, os eventos deste último ano parecem confirmar o que parece ser a condenação histórica da sociedade palestina, ou seja, não saber como expressar uma liderança autoritária capaz de buscar um projeto de paz e coexistência com Israel...

Os palestinos pagam o preço por muitas coisas. Eles são o bode expiatório de muitas histórias, de uma macropolítica do Oriente Médio que sempre os usou e nunca os amou. Incluindo os países árabes. E os países ocidentais, que sempre os apoiaram em palavras, mas nunca totalmente. E eles certamente pagam o preço de uma liderança que é politicamente fraca, dividida e, muitas vezes, não está à altura da situação. No final, eles sempre foram deixados sozinhos. Um povo que sofreu tanta violência. De fora e de dentro.

No ano passado, em uma longa entrevista que o presidente palestino Mahmud Abbas concedeu à mídia do Vaticano, surgiu um fato que nunca foi suficientemente refletido, apesar de sua simples evidência, ou seja, as razões não apenas políticas, mas sobretudo antropológico-culturais do conflito: a distância intransponível de costumes e valores entre os árabes e os judeus, principalmente da Europa. A pequena comunidade cristã que o senhor lidera tem a vantagem de não ter uma referência étnica exclusiva; há cristãos de língua árabe, mas também de língua hebraica. Isso pode constituir um laboratório para um possível diálogo?

Os conflitos quase nunca são apenas políticos e militares. Na raiz, sempre há também razões culturais, históricas e de identidade. Não há dúvida de que esse conflito tem uma dimensão antropológica. Há duas visões diferentes do mundo, da sociedade, do homem. Totalmente diferentes. Basta fazer uma visita a Ramallah e Tel Aviv para ter uma ideia dessa diversidade. Em alguns aspectos, elas podem até se encontrar. Você tem razão ao dizer que esse aspecto, embora tão importante, nunca foi suficientemente enfatizado. As perspectivas aqui nunca poderão ser de integração, mas, na melhor das hipóteses, de coexistência civilizada e respeitosa. Uma vida em condomínios onde cada um continua sendo ele mesmo, com sua própria cultura, seus próprios costumes, sua própria identidade. É difícil, eu sei, mas é possível. Nossa pequena comunidade interétnica, a Igreja Católica, continua sendo um pequeno sinal. É claro que nunca faremos escola, mas esse nosso esforço - porque até mesmo dentro de nós é difícil preservar essa unidade - deve continuar sendo o sinal de uma maneira diferente de viver e se relacionar. E também deve ser uma das maneiras pelas quais a Igreja faz a diferença nesta terra que está sempre tão dividida em tudo.

Eminência, o senhor detém um recorde este ano, por mais triste que seja. O senhor foi o primeiro, e ainda é o único, líder religioso a entrar em Gaza. Poderia nos contar algo sobre essa experiência, especialmente em termos de relações humanas?

Sim, consegui entrar em Gaza. E espero voltar. O dever de um pastor é estar lá. Estar presente ao lado de seu rebanho. Eu queria não apenas estar perto deles, mas também entender como ajudá-los, ser útil a eles. Quando entrei em Gaza - e não foi nada fácil -, encontrei uma situação terrível, uma cidade destruída, onde a ausência de prédios demolidos torna impossível até mesmo localizar as ruas e, assim, encontrar o caminho. Desolação total. Por outro lado, encontrei uma comunidade animada e comovente. Eles ficaram surpresos com a minha chegada e, comigo, com o pároco, padre Gabriel, que havia ficado fora de Gaza na manhã de 7 de outubro. Fiquei quatro dias. Dias de labuta e esperança. O que mais me impressionou na comunidade foi o fato de eu não ter percebido uma única palavra de rancor, ódio, raiva. Nada. E isso me surpreendeu muito, porque, humanamente, eles tinham todos os motivos do mundo para ficarem com raiva e frustrados. Eu realmente apreciei a presença e o incrível trabalho realizado pelas irmãs. Fiquei muito emocionado com as palavras de um garoto que confirmei naqueles dias. O ataque de 7 de outubro foi chamado de “Operação Dilúvio de Al Aqsa” pelo Hamas, e ele me disse: “Se esse é o dilúvio, nós, a comunidade cristã de Gaza, somos a Arca, a Arca de Noé”. A arca suspensa sobre as ondas de um mar de violência que tem sua proa apontando para o arco-íris da paz.

A posição da Igreja é de uma simplicidade desarmante: estamos ao lado daqueles que sofrem. Seja qual for o lado em que eles estejam. No entanto, ela luta para ser compreendida. Desse ponto de vista, o senhor tem sido um alvo frequente durante este ano, “puxado” por ambos os lados. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para pôr um fim a essas críticas?

Quando se tem uma função pública em um contexto tão polarizado, é inevitável ser um alvo. O importante é que, ao falar, você tente expressar não o que os outros esperam ouvir, mas o que você, em consciência, acredita ser certo e verdadeiro. Também é preciso levar em conta os erros, que também são cometidos, pois são inevitáveis em um contexto tão crítico: por exemplo, a comunicação que às vezes é excessiva, ausente ou incompleta. O importante é ser honesto: a Igreja deve estar com aqueles que sofrem. Sempre. A Igreja não pode ser neutra. Não posso ir e dizer aos meus paroquianos em Gaza, que estão sob as bombas, “nós somos neutros”. Entretanto, se é verdade que a Igreja não pode ser neutra, também é verdade que não podemos fazer parte do confronto. Isso não seria apenas errado, mas também tolo em um contexto em que, em setenta e seis anos de guerra, as falhas de um e de outro não se compensam, mas se somam. Em um ambiente tão polarizado, não é fácil ser verdadeiro, ter a coragem de uma palavra de verdade e também ser capaz de expressar proximidade com aqueles que sofrem. Sempre manter o diálogo aberto com todos, com aqueles que sofrem, é claro, mas também com aqueles que causam o sofrimento. Ser e permanecer, como pessoa e como instituição, uma referência livre em todos os sentidos, nesse doloroso atoleiro de violência, ódio, narrativas excludentes e rejeição. Não fui chamado para expressar as posições dos palestinos, muito menos as dos israelenses. Devo falar em nome da Igreja. E a voz da Igreja tem o Evangelho de Jesus Cristo como seu único critério. É daí que se deve partir e é aí que sempre se deve chegar.

Permita-me uma pergunta mais pessoal. Tenho uma lembrança de nossa conversa há onze meses. O senhor insistiu muito no termo “solidão”. O senhor se referiu principalmente à solidão da verdade em um contexto de ódio, mas ficou bem claro que o senhor mesmo sofreu o pesado fardo da solidão em seu papel de líder dos católicos da Terra Santa. Como vivenciou esses onze meses?

Digamos que a solidão seja exigida pela função. A minha exige isso porque a solidão permite que você seja livre. E você não é autenticamente livre se não tiver uma certa distância, até mesmo emocional. Além disso, sou um ser humano, e o fato de isso pesar sobre mim é óbvio.

Imagino que seja pesado, especialmente para alguém que, como frade, sempre viveu em uma comunidade...

É claro. Mas a solidão deve ser habitada. Habitada pela oração, pela relação com o Senhor, pela consciência de fazer o que é certo, pelo discernimento contínuo e também pelos relacionamentos humanos com as pessoas certas.

Antes de assumir o papel de pastor dos cristãos na Terra Santa, o senhor desempenhou um papel valioso como ponte entre cristãos e judeus, e foi um líder dos cristãos de língua hebraica. Suas relações com o mundo judeu israelense mudaram de alguma forma depois de 7 de outubro de 2023?

Houve diferentes fases. No início, foi difícil. Especialmente para eles. Eles precisavam de muita proximidade, solidariedade, afeto, amor. O que talvez eles não sentissem de forma alguma. Mas nós também sentíamos a necessidade de que eles entendessem o que estava acontecendo nas semanas e meses após o dia 7 de outubro. Então, com o passar do tempo, as amizades, as verdadeiras amizades, permaneceram. Certamente estamos em uma nova fase do diálogo inter-religioso. Não é mais o momento de apenas boas intenções e gentilezas educadas; em vez disso, precisamos ancorar nosso diálogo na realidade, que também está presente em todo o seu drama. Discutimos e dialogamos muito sobre nosso passado comum e difícil, e isso era necessário. Mas agora, sem esquecer o passado, devemos nos concentrar no presente, começando pelas dificuldades que enfrentamos hoje. A começar pela tentativa de entender por que, neste momento decisivo de nossas relações, temos lutado para nos entendermos, para termos uma linguagem comum. E, acima de tudo, como unir nossos esforços na direção da paz. Não pode mais ser um discurso acadêmico ou teórico, mas imerso na realidade viva que nos cerca.

O senhor também é o pastor dos cristãos na Jordânia. E esteve naquele país várias vezes nos últimos meses. Como vivenciou o 7 de outubro lá?

Muito mal, eu diria. Nos primeiros meses, a Jordânia viu manifestações contínuas, até mesmo duras, de solidariedade com os palestinos de Gaza e contra Israel. Não podemos esquecer que cerca de 60% da população do Reino da Jordânia é palestina, e grande parte da comunidade cristã jordaniana também é de origem palestina.

Toda a atenção da mídia está agora centrada na frente norte com o Líbano e nos perigos da guerra entre Israel e o Irã. Muito menos atenção é dada à situação na Cisjordânia, que, em termos políticos, é o verdadeiro ponto crucial do problema. O senhor esteve recentemente em Jenin, epicentro de violentos confrontos entre o exército israelense e os milicianos palestinos...

Politicamente, o jogo é complexo e se desenrola em várias frentes. A Cisjordânia é, sem dúvida, uma das mais complexas. Desde 7 de outubro, a situação degenerou tanto em termos econômicos quanto políticos e militares. As constantes incursões dos colonos israelenses estão levando a uma situação de “terra de ninguém”, sem regras, sem direitos, onde vence quem atirar primeiro e mais alto.

Estreitando ainda mais o círculo de todos os lados está o olhar para Jerusalém. Sem paz em Jerusalém, nunca haverá paz em todo o Oriente Médio. Anos atrás, o senhor me disse que “a guerra em Jerusalém é uma guerra imobiliária, é travada para arrebatar um metro quadrado”; mas, enquanto isso, a infiltração judaica na cidade velha e no leste prossegue sem interrupção...

É assim que as coisas são. Jerusalém é o teste decisivo do conflito não apenas na Terra Santa, mas no Oriente Médio em geral. Jerusalém está no centro de tudo, para o bem ou para o mal.

O Knesset também rejeitou formalmente a “solução de dois Estados” e Netanyahu chamou os Acordos de Oslo de um erro na história de Israel. Há apenas uma expressão que Netanyahu e Sinwar compartilham: ambos reivindicam jurisdição exclusiva “do rio ao mar”, sem espaço para o outro. Será que a ideia de “dois povos em dois Estados” ainda é viável hoje?

Há problemas que têm soluções e problemas que não têm soluções. Realisticamente, neste momento, uma solução para o conflito israelense-palestino, seja ela “dois povos em dois Estados” ou “duas nações em um Estado” ou qualquer outra que se imagine, simplesmente não existe. Precisamos de novos rostos e novas perspectivas. E esse é um problema não apenas para este país, mas para todo o Oriente Médio, começando, após os acontecimentos das últimas horas, pelo Líbano. Precisamos repensar amplamente todo o contexto, e Jerusalém, que, repito, é o cerne da questão. Todo o Oriente Médio precisa de uma nova liderança e de novas visões. Só então poderemos discutir os arranjos mais adequados para garantir a paz entre os povos.

No decorrer deste ano, o senhor também teve de viajar bastante pela Europa e pela América. Qual é a sua percepção das comunidades cristãs em torno do conflito atual?

Unidade no apoio aos cristãos da Terra Santa, mas, fora isso, muita confusão, se não divisão. É difícil entender os motivos do conflito. Por outro lado, a política em outros países também leva à polarização. Somente a voz do Papa Francisco se levanta para lamentar a crise de humanidade que permeia esses nossos tristes tempos. E digo isso sem nenhum orgulho partidário, mas com muita tristeza em meu coração.

Fonte: Rádio Vaticano

*------------------------------------------------------------------------------.s

Laudato Sie: herança cultural de São Francisco em exposição em Roma

O Museu de Roma, no Palazzo Braschi, faz uma exposição dedicada ao Santo de Assis até 6 de janeiro de 2025. O projeto sobre o manuscrito mais antigo do Cântico das Criaturas, um dos primeiros textos poéticos do vernáculo italiano, propõe um itinerário, acompanhado de uma narração multimídia, de 93 obras raras conservadas no Sagrado Convento.

Gianmarco Murroni - Vatican News

O projeto, através dos manuscritos do Sagrado Convento de Assis, é acompanhado de uma polifonia, que transportam à região da Úmbria do século XIII. As palavras são do Laudato Sie (Seja louvado): nove vozes, correspondentes aos temas e seções da exposição, entoam um canto coral, levando os visitantes a mergulhar na plenitude do Cântico das Criaturas, através do qual podemos reconhecer a unicidade e a beleza do Universo. Os visitantes são acolhidos na sala pela exposição “Laudato Sie, natureza e ciências: patrimônio cultural de São Francisco", dedicada ao Santo de Assis e à sua obra. As imagens do Irmão Sol e Irmã Lua, além do Irmão Fogo e a Irmã Água, projetadas na parede da entrada do salão, criam um cenário perfeito para o percurso, que leva à exploração de 93 manuscritos dos escreventes franciscanos.

A exposição

A exposição, que ocupa o centro do projeto, criado entre as paredes do século XVIII do Palazzo Braschi, em Roma, foi organizada às vésperas do Oitavo centenário da composição do “Cântico das Criaturas” de São Francisco, que ocorrerá em 2025. A iniciativa, que teve início no último dia 2 de outubro e irá até 6 de janeiro do próximo ano, foi precedida por uma coletiva de imprensa de apresentação, que contou com a presença, entre outros, do Custódio do Sagrado Convento de Assis, Frei Marco Moroni, e de autoridades de Assis e Roma.

O percurso

A exposição, dividida em diferentes secções, narra a profunda dimensão filosófica e espiritual, que sempre orientou a Ordem Franciscana, e ilustra seu compromisso intelectual, expresso no campo da reflexão científica, como atestam os numerosos tratados dos preciosos manuscritos expostos. Enfim, o visitante poderá apreciar, ainda que brevemente, a síntese filosófico-teológica dos primeiros pensadores, filósofos e teólogos franciscanos, em relação à natureza, e fixar sua atenção no modo de como as ciências individuais, ao longo dos séculos, levaram os franciscanos a observar o mundo. Tudo isso pode ser acompanhado, por meio de uma narração multimídia de vídeos, sons e imagens, que permite uma imersão sensorial e total na exposição. Desta maneira, o público pode compreender melhor a obra de São Francisco, uma verdadeira expressão empática e fraterna sobre a Natureza; pode, ainda hoje, encontrar consonância com as aspirações de tantos homens e mulheres, para além da distância cronológica e cultural, com a composição do Cântico do Santo de Assis.

Encontro com a Criação

Frei Marco Moroni, custódio do Sagrado Convento de Assis, expressa sua emoção ao descrever a criação do projeto: “É maravilhoso pensar que esta exposição foi inaugurada às vésperas da festa de São Francisco, 4 de outubro, para ilustrar a intuição do Santo de Assis, desenvolvida ao longo dos séculos: seu amor pela Criação é, antes de tudo, seu amor pelo Criador”.

“Tudo isso, acrescenta o custódio do Convento, leva os frades, ao longo do tempo, a encontrar a Criação através do estudo da ciência, a botânica, a geologia, a astronomia. Todos estes temas podem ser abordados sob uma visão franciscana”. O ponto central da exposição, explica Frei Marco Moroni, é obviamente o texto do “Cântico das Criaturas”, escrito há 800 anos: “Trata-se de um texto que marcou, não apenas a história da literatura, mas também despertou uma sensibilidade e um olhar amoroso sobre a natureza, que, através dela, leva a louvar e agradecer a Deus”. Os textos expostos na exposição, diz ainda o frade, fazem parte do rico patrimônio, que o Sagrado Convento conservou ao longo dos anos, um “tesouro tão precioso, que decidimos compartilhar com o mundo”.

Proteção da Casa comum

Durante a coletiva de imprensa, a prefeita de Assis, Stefania Proietti, explicou: “A importância deste projeto é imensa. O texto de São Francisco representa o louvor às criaturas, mas propõe também temas científicos além da oração: estes três níveis do homem medieval, mas também do moderno, são expostos junto com o conhecimento franciscano”.

Tal conhecimento, ao longo dos séculos, se caracterizou como serviço e revolucionou a aprendizagem do saber. Os que seguiram Francisco se despojaram de tudo, mas também colocaram seus carismas e conhecimentos ao serviço para melhor as condições do homem, especialmente dos mais frágeis.

Tudo isso faz parte da atualidade. A exposição representa bem a evolução da mensagem de São Francisco, em particular, no que diz respeito à proteção da Criação, uma necessidade para o presente e futuro da humanidade. Hoje, mais do que nunca, é essencial defender a nossa Casa comum, como sempre recorda o Papa Francisco.

Fonte: Rádio Vaticano

------------------------------------------------------------------------------.

A mensagem de Nossa Senhora de Fátima sobre o poder do rosário

Desde a primeira de suas aparições em 13 de maio de 1917, Nossa Senhora de Fátima revelou em sua mensagem aos três pastorinhos o poder do rosário.

Naquela ocasião, Lúcia perguntou se ela e Jacinta iriam ao céu e a Virgem confirmou que sim, mas quando perguntou por Francisco, a Mãe de Deus respondeu: “Também irá, mas tem que rezar antes muitos rosários”.

A Virgem de Fátima, naquela ocasião, abriu suas mãos e comunicou aos três uma luz divina muito intensa. As crianças caíram de joelhos e adoraram a Santíssima Trindade e o Santíssimo Sacramento. Depois, a Virgem assinalou: “Rezem o Rosário todos os dias para alcançar a paz no mundo e o fim da guerra”.

Na segunda aparição, a Virgem Maria apareceu depois que eles rezaram o Santo Rosário. E na terceira ocasião, Nossa Senhora lhes disse: “Quando rezarem o Rosário, digam depois de cada mistério: ‘Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, especialmente as mais necessitadas’”.

Para a quarta aparição, muitos já sabiam das aparições da Virgem aos pastorinhos. Então, Jacinta perguntou à Mãe de Deus o que queria que se fizesse com o dinheiro que as pessoas deixavam na Cova de Iria. A Virgem lhes indicou que o dinheiro era para a Festa de Nossa Senhora do Rosário e que o restante era para uma capela que se devia construir.

Mais adiante, tomando um aspecto muito triste, a Virgem lhes manifestou: “Rezem, rezem muito e façam sacrifícios pelos pecadores, porque muitas almas vão ao inferno por não ter quem se sacrifique e reze por elas”.

Ao chegar o dia da quinta aparição, as crianças conseguiram chegar à Cova de Iria com dificuldade, devido às milhares de pessoas que lhes pediam que apresentassem suas necessidades para Nossa Senhora. Os pastorinhos rezaram o Rosário com as pessoas e a Virgem, ao aparecer-lhes, incentivou novamente as crianças a continuar rezando o Santo Rosário para alcançar o fim da guerra.

Na última aparição, antes de produzir o famoso milagre do sol, no qual o astro pareceu se desprender do céu e cair sobre a multidão, a Mãe de Deus pediu que fizessem naquele lugar uma capela em sua honra e apresentou-se como a “Senhora do Rosário”.

Posteriormente, tomando um aspecto mais triste, disse: “Que não se ofenda mais a Deus Nosso Senhor, que já é muito ofendido”. Isto aconteceu em 13 de outubro de 1917.

Fonte: ACIDigital

---------------------------------------------------------------------------.

Do dia 05/10/2024

Sínodo, reflexão sobre as mulheres e os leigos e o convite a ouvir os que se sentem excluídos

Na manhã deste dia 4 de outubro, festa de São Francisco, a segunda Congregação Geral foi aberta com os melhores votos de feliz onomástico ao Papa. Ouvidos os relatórios das cinco Mesas Linguísticas e mais 36 discursos livres sobre temas como carismas e ministérios, liturgia, diálogo com culturas e religiões. Na coletiva de imprensa, o cardeal López Romero: “A Igreja está muito europeizada, ajudar-se reciprocamente”.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Com votos de feliz onomástico ao Papa e a todos aqueles que têm os nomes Francisco e Francisca, na manhã deste 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, teve início a II Congregação Geral da Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade. Na Sala Paulo VI estavam presentes 351 membros que ouviram os relatórios das Cinco Mesas em vários idiomas, dos quais emergiram perguntas em comum sobre o próprio conceito de sinodalidade, “não como uma técnica, mas como um estilo”, e sobre questões como o papel das mulheres, a presença dos leigos, a escuta “ativa” das “pessoas que não se conformam com os ditames da Igreja”. A mesma Igreja que “em um mundo de órfãos” pode representar “a família daqueles que não têm família”, disseram os oradores dos Grupos, conforme relatado na coletiva de imprensa diária na Sala de Imprensa vaticana pelo Prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, e Sheila Pires, respectivamente presidente e secretária da Comissão para a Informação.

Nem todos os carismas devem ser ministérios

Em particular, referiram, esta manhã na Sala Paulo VI “foi recordada várias vezes a imagem da Igreja como Corpo de Cristo, que, portanto, reúne muitos membros, ou seja, muitos ministérios e carismas, mas em um único corpo”. E, nesse sentido, foi analisado o tema do papel das mulheres e dos leigos. “As distinções são necessárias”, foi dito, ‘todos os carismas são importantes, mas nem todos precisam necessariamente ser ministérios’.

Papel e contribuição das mulheres

Alguns grupos, destacaram os relatores, foram solicitados a refletir, sem “abordagens ideológicas e preconceituosas”, sobre se certas questões “são apresentadas por moda e ideologias ou por um verdadeiro discernimento eclesial”. Dentro dessa mesma estrutura, foi reiterado que “a dignidade da mulher é conferida a todo crente no batismo”, enquanto que, sobre as ordens sagradas para as mulheres, foi solicitado “aprofundar o estudo de certos ministérios, como o ‘ministério da consolação’” e “não perder a ênfase sobre a contribuição das mulheres no passado e no presente”.

Houve uma forte demanda dos membros do Sínodo por uma “igual dignidade e corresponsabilidade de todos os Batismos para a Igreja”. Com base nisso, a “inclusão de mulheres, leigos e jovens nos processos decisórios da vida da Igreja” pode ser justificada. E ainda sobre o relacionamento homem-mulher, alguns grupos pediram para “identificar os medos e receios por trás de certas posições, porque esses medos na Igreja levaram a atitudes de ignorância e desprezo em relação às mulheres”. Portanto, “identificar para curar, para discernir”.

Leigos, linguagem, face dos pobres

Algumas Mesas linguísticas apontaram que, em alguns pontos do Instrumentum Laboris, os leigos são mencionados apenas algumas vezes, assim como a família “Igreja doméstica”. A relação entre as igrejas locais e as culturas também precisa ser aprofundada, porque cada igreja local é “forjada” por uma cultura enquanto permanece ela mesma. Nesse sentido, também foi mencionada a questão da linguagem, pedindo que ela seja “simples” e que sejam mudadas “algumas formulações que são fruto de uma perspectiva eurocêntrica e ocidental”. Por fim, como último ponto, o duplo convite para “partir das experiências e realidades pastorais, porque a vida é mais importante do que a teoria” e para “olhar para a face dos pobres dilaceradas pelas guerras, pela violência e pelos abusos”. “Sua presença sutil e delicada, suas exigências, seu modo de vida podem nos levar a nos despojar daquilo que nos escraviza e nos distancia”.

Mais de 30 discursos livres

Após as cinco palestras, a congregação geral”, explicou Ruffini, “foi dedicada aos discursos livres. Trinta e seis no total, que variaram desde a importância dos leigos, porque “o futuro da Igreja e a Igreja do futuro” dependerão de sua “vitalidade” (o que, foi reiterado, “não diminui, é claro, a indispensabilidade do sacerdócio”), até a questão das mulheres, com um dos que tomaram a palavra descrevendo como “uma lacuna” o fato de que “as mulheres são vistas apenas como consoladoras e não como alguém que pode pregar ou o fato de que elas não podem ser a chefe de uma organização”. Na mesma linha, tomando o exemplo dos missionários, incluindo as mulheres leigas, que cuidam de comunidades inteiras em todo o mundo, foi repetido na assembleia “que há mulheres que sentem o chamado de Deus e pedem para ser ordenadas”. E foi solicitado que “haja uma participação feminina no Grupo de Estudos sobre Ministérios e Carismas e que o resultado do trabalho desse Grupo possa ser discutido em um espaço sinodal para dar conselhos e fazer discernimento”.

Diálogo e escuta

Reiterada nos discursos livres foi a importância de “desenvolver uma espiritualidade sinodal de escuta ativa, proximidade, apoio sem preconceitos, mesmo daqueles que são diferentes, daqueles que não nos fazem sentir confortáveis”. “Não se ouve os outros para ver se são inteligentes o suficiente ou se concordam comigo, mas se aqueles que estão falando têm elementos com os quais eu possa aprender”, disseram os padres e madres sinodais, alguns dos quais pediram mais diálogo com culturas, filosofias e religiões. “Devemos respeitar e reconhecer o outro, porque isso une o povo de Deus”. Ainda sobre a questão da escuta, seguindo a sugestão do tema “Ampliemos o espaço da tenda”, eles pediram para “escutar mais profundamente aqueles em condições de pobreza e sofrimento e as pessoas que se sentem excluídas da sociedade e da Igreja”. Portanto, os divorciados, os marginalizados, a comunidade LGBTQ+.

“Ampliar o espaço” na liturgia

Houve também um aceno ao clericalismo, com a ênfase de que “na Igreja não há um patrão, nem súditos. Há apenas um mestre e todos nós somos irmãos”. “Interessante”, apontou Ruffini, foi também a referência ao tema ‘repetido e aplaudido’ da liturgia que pode se tornar ‘um espelho da sinodalidade’. “O ministro preside, mas não é o único celebrante”, foi dito. Uma proposta foi que “na próxima liturgia comum dos membros do Sínodo, o espaço da tenda poderia ser ‘ampliado’”.

Discursos dos palestrantes

Quatro convidados fizeram uso da palavra na mesa de oradores: cardeal Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat (Marrocos) e presidente da Cerna (Conferência Episcopal Regional do Norte da África); dom Antony Randazzo, presidente da Federação das Conferências Episcopais Católicas da Oceania (Fcbco) e o bispo de Nanterre (França), Matthieu Rougé, e a “monja twitera” Xiskya Lucia Valladares Paguaga, da Nicarágua, especialista em mídia social e evangelização digital.

Experiência em dioceses, nações e continentes

Todos os quatro palestrantes relataram a experiência da sinodalidade em seus próprios ambientes: paróquias, dioceses, nações e continentes. Primeiro o cardeal Lopéz Romero, que relatou a experiência na África de “uma única freira que criou um movimento de intercâmbio, de reflexão, de sinodalidade” e que “sozinha fez mais do que muitas Conferências Episcopais”, e depois os vários encontros sinodais no Marrocos que permitiram aos próprios cristãos “descobrir quem somos, poucos em número, mas pertencentes a mais de 100 países: uma riqueza extraordinária, mas também algumas dificuldades para viver a comunhão”.

Dom Rougé também falou de “práticas sinodais” em Nanterre, mas, no entanto, queria se concentrar mais no grande Sínodo no Vaticano: “Estamos muito felizes por nos encontrarmos novamente, isso está ligado à intensidade com que vivemos a primeira sessão. Todos chegaram com dúvidas e medos, mas depois, com o método da conversa do Espírito, tivemos uma profunda experiência espiritual que tentamos compartilhar em nossas dioceses”. Úteis foram as palavras do Papa: “O Sínodo não é um parlamento”. “No ano passado, ele disse isso duas vezes, este ano apenas uma vez, porque ele achava que nós tínhamos entendido”, sorriu o bispo.

A fragilidade dos países da Oceania

Do centro da Europa, dom Randazzo deslocou seu olhar para as grandes terras da Oceania, “uma área enorme do planeta”, mas “frágil”, considerando áreas como Papua Nova Guiné, recentemente visitada pelo Papa, as Ilhas Salomão, os vários arquipélagos do Pacífico que, às vezes, sofrem uma sensação de abandono. Foi uma “grande alegria”, de fato, disse Randazzo, “ver a felicidade nos rostos das pessoas” na chegada de Francisco a Port Moresby, “ao perceber que o Papa havia encontrado tempo para vir de Roma e atravessar o mundo inteiro para chegar a uma das áreas mais frágeis da terra, mas tão rica em recursos naturais”. O bispo denunciou, a esse respeito, uma certa “ganância” por parte das nações desenvolvidas que vêm e exigem acordos e compromissos com nações pobres e, portanto, vulneráveis, para obter metais, recursos preciosos e árvores.

É assim que os recursos naturais estão sendo destruídos, foi sua denúncia, e comunidades inteiras estão sofrendo. Pense também nos migrantes nos mares da Oceania que se dirigem a países mais estáveis “porque têm que abandonar suas casas por causa da elevação dos mares, por causa do afundamento das ilhas”. “Não devemos nos esquecer dos povos da Oceania no caminho sinodal”, insistiu dom Randazzo. Para eles, “o conceito de sinodalidade não é algo estranho, mas, ao contrário, algo que eles conhecem e aplicam há milhares de anos: reunir-se e ouvir uns aos outros com respeito”. Eles falam sobre oceanos, florestas, pesca, mas também sobre fé. Infelizmente, porém, às vezes prevalecem os temas estabelecidos por “pessoas ricas que decidem o que é importante” ou “questões de nicho”.

Não a modelos corporativos na Igreja

Entre eles, o presidente da Fcbco - solicitado por jornalistas - apontou para a tendência da Igreja de seguir modelos corporativos. “Não fico muito feliz quando ouço falar em rede... É uma linguagem de homens de negócios. Nossa linguagem é a comunhão, o estar juntos. Estamos tentando nos tornar tão sofisticados que corremos o risco de excluir as pessoas”.

O “verdadeiro escândalo” é a exclusão das mulheres

Também na questão ligada à ordenação de mulheres “que vai avante há anos”, Randazzo enfatizou, “é uma pequena minoria com uma voz ocidental que está fixada nesse ponto”. O verdadeiro “escândalo” é que “as mulheres são frequentemente ignoradas na Igreja” ou, pior ainda, “são colocadas à margem, vítimas de violência, até mesmo violência doméstica, excluídas dos ambientes de trabalho”: “É um escândalo contra o Evangelho!

A importância da missão digital

Sobre o tema das mulheres, a Irmã Xiskya foi breve, enfatizando, em vez disso, a urgência de trabalhar na missão digital, que está mudando, pois, a missão “física” em uma era de novas tecnologias e Inteligência Artificial. “Sessenta e cinco por cento da população mundial frequenta as estradas digitais”, disse, ‘a pobreza física também é encontrada no social’. Desde o início do Sínodo, explicou a religiosa, estão sendo criados escritórios nas Conferências Episcopais, estão sendo organizadas reuniões com missionários também de 67 países, e estão sendo compartilhadas as experiências dos missionários digitais - mais numerosos na América Latina do que na Europa - que tentam acompanhar e ficar perto dos “distantes que buscam a verdade e caminham feridos no mundo, também por causa de más experiências com a Igreja”.

“Samaritanear”

O endereço para esse trabalho, relatou a Irmã Xiskya, foi dado a ela pessoalmente pelo Papa com um neologismo: “Samaritanear”, ou seja, ser bons samaritanos que “alcançam as pessoas que percorrem os caminhos digitais”, tanto aqueles que “querem redescobrir os valores do Evangelho” quanto aqueles que “nunca ouviram o nome de Jesus”. A sinodalidade nesse sentido é uma grande “esperança”, considerando a “polarização nas mídias sociais” e os “relacionamentos tóxicos”.

Enfrentar os problemas

O cardeal Lopéz Romero também falou sobre a riqueza do itinerário do Sínodo: “este Sínodo é extremamente enriquecedor. Nossa Igreja ainda é muito europeizada, ocidentalizada. Devemos viver essa caminhada ajudando uns aos outros, para que a Igreja saia mais católica, universal”. A esse respeito, ele citou o exemplo de um bispo africano de uma diocese com muitas vocações e muitos batismos: “Ele censurou um bispo europeu por querer lhe dar uma lição quando suas igrejas estavam vazias”. É claro que “nós, europeus, precisamos aprender a ser humildes, mas os africanos também não devem se vangloriar porque o sucesso não depende de números. Devemos ajudar uns aos outros a viver o Evangelho”, disse o cardeal. “Haverá passos para frente, passos para trás, encontros, confrontos, mas devemos mostrar a maturidade para sermos pacientes, aqueles que vão mais rápido esperam por aqueles que vão mais devagar... É bom que haja problemas, eles devem ser abordados e não varridos para debaixo do tapete.”

Reações à Fiducia Supplicans

Para concluir, também foi mencionada a declaração doutrinária Fiducia Supplicans, que introduziu a bênção de pessoas do mesmo sexo, despertando reações contrárias na própria Igreja africana. Trata-se de um documento, ressaltou o cardeal do Marrocos, “que deveria ter passado por um caminho sinodal, pois não veio do Sínodo, mas do Dicastério para a Doutrina da Fé. Minha Conferência Episcopal se pronunciou de forma diferente, não fomos consultados. O continente africano se pronunciou sem ter consultado toda a África”. O presidente da Secam, relatou Lopéz, “de fato nos pediu desculpas”. Isso também é sinodalidade e aprendê-la, concluiu o cardeal, “não é fácil”.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Francisco recebe em audiência o presidente do Quirguistão

O encontro com o presidente do país quirguiz, Sadyr Zhaparov, foi na manhã desta sexta-feira (04/10), no Vaticano. Na pauta com a Secretaria de Estado, a cooperação mútua nos campos da saúde, educação e cultura, além de aspectos da vida da Igreja local e a "troca de opiniões sobre assuntos internacionais atuais, com atenção especial aos conflitos em andamento e às questões humanitárias".

Andressa Collet - Vatican News 

Nesta sexta-feira (04/10) o Papa Francisco, antes de seguir para os trabalhos da 2ª Congregação Geral da Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade na Sala Paulo VI, recebeu o presidente da República do Quirguistão numa sala adjacente. A audiência durou 20 minutos. No dia anterior, Sadyr Zhaparov também encontrou o presidente da Itália, Sergio Mattarella, em visita oficial.

O encontro com o Papa Francisco

Segundo um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, após o encontro com o Pontífice, o presidente do Quirguistão foi recebido pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, acompanhado pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais.

A audiência na Secretaria de Estado

Na pauta da audiência na Secretaria de Estado, estavam as boas relações entre a Santa Sé e o Quirguistão, e foi analisada "a cooperação mútua nos campos da saúde, educação e cultura e alguns aspectos da vida da Igreja local". Além disso, ainda segundo nota da Sala de Imprensa, também houve "troca de opiniões sobre assuntos internacionais atuais, com atenção especial aos conflitos em andamento e às questões humanitárias, observando a importância de um compromisso urgente pela promoção da paz".

Papa recebe mel premiado mundialmente

Na tradicional troca de presentes, o Papa deu a Zhaparov uma escultura em terracota intitulada “Amor e Ternura”, um livro de fotos sobre o Palácio Apostólico e a Mensagem para a Paz deste ano. Da parte do presidente do Quirguistão, Francisco recebeu um quadro feito com lã colorida representando a Basílica de São Pedro e um conjunto de chá artesanal feito com a prata das minas localizadas no país.

Zhaparov também presenteou o Papa com dois frascos decorados contendo uma das iguarias do país localizado na Ásia Central e com mais de 90% do território formado por montanhas: o mel. De fato, a apicultura é uma das principais fontes de renda para as famílias, beneficiada pelo clima e pela natureza - um ambiente único para as abelhas. Esse setor no Quirguistão, que já viveu períodos importantes sendo prestigiado inclusive com o mel de melhor qualidade do mundo, está em fase de renascimento sobretudo devido à alta demanda para exportação.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

O Papa: a Custódia da Terra Santa, uma missão de paz e diálogo entre os conflitos

Publicamos o prefácio do Papa Francisco ao livro-entrevista “Come un pellegrinaggio - I miei giorni in Terra Santa” (Ts Edizioni), escrito pelo custódio da Terra Santa, padre Francesco Patton, com o jornalista do L'Osservatore Romano, Roberto Cetera. O livro foi apresentado em Bolonha, domingo, 29 de setembro, no âmbito do Festival Franciscano

Papa Francisco

Custodiar é a primeira tarefa que o Senhor confia ao homem recém-criado. E na Terra Santa, a terra de Jesus, existe, há séculos, a Custódia da Terra Santa, a cujo chefe, por sua vez, foram confiadas tarefas que não são exatamente simples: administrar tantos santuários que remontam à vida de Jesus e que recebem mais de meio milhão de peregrinos todos os anos. Coordenar a obra de numerosos frades distribuídos em oito países (Israel, Palestina, Jordânia, Síria, Líbano, Egito, Chipre e Rodes), frades que, provenientes de diversas nações, garantem a principal característica da Custódia: sua internacionalidade. Um bem precioso, um microcosmo representativo da catolicidade da Igreja, mas que exige um esforço contínuo para harmonizar as diferentes culturas e tradições.

Uma internacionalidade que pode ser um laboratório para o que as Igrejas ocidentais serão no futuro, como consequência dos grandes movimentos migratórios. E depois, não só uma intensa prática devocional nos santuários, mas também uma viva atividade pastoral: pense-se, por exemplo, que as quatro maiores paróquias do Patriarcado de Jerusalém - Nazaré, Belém, Jaffa e Jerusalém - são dirigidas por frades da Custódia. Depois, há as 16 escolas que são tão importantes para a formação de uma cultura de paz e de encontro entre diferentes grupos étnicos e religiões. O diálogo ecumênico e inter-religioso, que na Terra Santa vai além das controvérsias teológicas e entra na vida cotidiana de muitos, exige extraordinária abertura, aceitação e delicadeza. O complicado gerenciamento desse relógio suíço que é o Status Quo, essencial para a presença ordenada das diferentes confissões. Mas, acima de tudo, destaca-se o trágico conflito que assola a Terra Santa há 76 anos.

Em suma, um grande trabalho e uma grande responsabilidade recaem sobre os ombros dos frades franciscanos e de seu Custódio. Uma responsabilidade que, como relatado no início deste livro, o padre Francesco Patton viu recair sobre si de forma repentina e inesperada, mas que ele foi capaz de realizar com eficácia. E por isso não podemos deixar de ser gratos a ele, porque, como dizem, Jerusalém não pertence a ninguém, mas pertence a todos.

Padre Francesco realizou essas difíceis tarefas com um estilo próprio, que o leitor atento poderá discernir neste livro. Com paciência, modéstia e capacidade de ouvir, mas também com decisão e firmeza, quando os acontecimentos dramáticos daquela terra exigiam-no. O mandato do padre Patton foi marcado por eventos extraordinários e terríveis, que serão lembrados com o tempo. Os anos pesados da pandemia e, depois, a partir de 7 de outubro, aquela guerra terrível que o Patriarca de Jerusalém, Card. Pierbattista Pizzaballa, chamou corretamente de “a mais longa e a mais grave” das muitas, demasiadas, que afligiram a Terra Santa e o Oriente Médio. Nesses momentos dramáticos, o padre Francesco soube manter o leme do barco que lhe foi confiado em linha reta e multiplicar os esforços de proximidade com os povos afetados por essas tragédias. Tenho diante dos olhos a mais bela iniciativa que, junto com seu vigário, padre Ibrahim Faltas, foi realizada durante esses meses de guerra atroz em Gaza: a transferência de 150 crianças feridas e doentes para a Itália.

Este livro, que - tenho o prazer de salientar - nasceu da colaboração de duas estruturas eclesiais que expressam eficazmente, por meio da internacionalidade, a catolicidade da Igreja: a Custódia e o L'Osservatore Romano, ajudará a conhecer melhor o Padre Patton. Lembro-me do seu estilo desde o nosso primeiro encontro, quando lhe disse com uma risada: “Pelo seu sobrenome, pensei que fosse um frade ianque e... em vez disso, o senhor é do Triveneto! A esse padre ianque do Trentino, o meu desejo, que é o habitual entre os franciscanos, “Que o Senhor dê a paz”, a ele e especialmente à Terra Santa e a todos os que a custodiam.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

O Papa em São João de Latrão para o encerramento do percurso “(Des)igualdades"

No próximo dia 25 de outubro, Francisco falará no encontro organizado pela Diocese de Roma na conclusão das iniciativas realizadas por ocasião do 50º aniversário da conferência sobre os “Males de Roma”, que teve lugar de 12 a 15 de fevereiro de 1974. Representantes de instituições e da sociedade civil são convidados e receberão um subsídio que reúne o trabalho realizado durante o ano

Vatican News

O Papa Francisco participará na sexta-feira, 25 de outubro, na Basílica de São João de Latrão, às 17h30, da assembleia da Diocese de Roma que conclui o percurso “(Des)igualdades”, realizado desde fevereiro por ocasião do 50º aniversário da conferência “A responsabilidade dos cristãos diante das expectativas de caridade e justiça na cidade de Roma”, que teve lugar de 12 a 15 de fevereiro de 1974 e é conhecida como a conferência sobre os “Males de Roma”. Um comunicado do Vicariato de Roma, que convida representantes de instituições e da sociedade civil a participar, informa que a tarde de oração e reflexão será introduzida pelo vice-gerente dom Baldo Reina, enquanto o jornalista Marco Damilano oferecerá aos participantes um resumo do caminho feito nestes meses com o percurso “(Des)igualdades”, com a ajuda de duas testemunhas. Em seguida, haverá um discurso do Papa. Durante o encontro, os chefes das administrações locais receberão um subsídio que reúne o trabalho realizado pela diocese através do percurso “(Des)igualdades”.

Com a memória na conferência sobre os “Males de Roma”

Começando em 19 de fevereiro com um congresso na Auditório da Conciliação, cujo objetivo era relembrar o que havia acontecido cinquenta anos antes, com a conferência de fevereiro de 1974, o percurso continuou com uma série de encontros dedicados a diferentes áreas onde a dinâmica da exclusão e da desigualdade é mais forte na cidade de Roma: escola, saúde, moradia, trabalho. As reuniões foram realizadas em locais periféricos e altamente simbólicos: a filial do IIS Edoardo Amaldi em Castelverde; a policlínica Tor Vergata; a residência Bastogi; e a cooperativa “La Nuova Arca” em Castel di Leva. Durante cada encontro, falaram os protagonistas das diferentes áreas, de estudantes a profissionais de saúde, de associações locais a economistas e especialistas.

Reina: “Refletir sobre as responsabilidades dos cristãos hoje”

“Cinquenta anos depois, sentimos a necessidade de refletir sobre os males de Roma hoje e as responsabilidades dos cristãos diante dessas desigualdades”, explica dom Reina, acrescentando que os encontros organizados fortaleceram a convicção da necessária “presença da Igreja no debate público”. “São Paulo também diz isso em sua carta aos Filipenses: os cristãos devem se comportar como 'cidadãos dignos do Evangelho'”, lembra o prelado. “Não temos a pretensão de resolver tudo, mas podemos oferecer nossa contribuição, nosso olhar profético e nossas propostas de esperança – conclui - em um espírito de colaboração com as instituições civis e, em particular, com o mundo do voluntariado”. Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Papa reorganiza a Diocese de Roma para “integrar” periferias e centro

Para fomentar um espírito cada vez maior de comunhão eclesial, com o Motu proprio “A verdadeira Beleza” o Papa inclui as cinco prefeituras do setor Centro nos outros setores periféricos, reduzindo a organização territorial aos quatro pontos cardeais. Uma visão dinâmica que prevê não muros, mas pontes. Seu desejo, em vista do Jubileu, é que Roma seja uma única grande casa para todos.

Antonella Palermo - Cidade do Vaticano

Com um Motu proprio com a data de 1º de outubro, o Papa Francisco determina a redefinição dos limites das prefeituras em que está dividida a Diocese de Roma, para que sejam harmonizados os contextos de referência e as paróquias que a elas pertencem. As atuais cinco prefeituras do setor Centro são incluídas nos outros Setores, reduzindo a organização territorial aos quatro pontos cardeais.

Favorecer maior comunhão eclesial 

Na iminência do Jubileu, explica o Pontífice no documento, a releitura do significado pastoral a ser atribuído à presença no território pela Diocese de Roma tornou-se “necessária e inadiável” por uma série de razões que dizem respeito à mudança de época que vivemos e à necessidade de criar uma visão mais dinâmica entre centro e periferias. O espírito subjacente a esta modificação que, especifica o Papa, exigirá alguns meses de trabalho, é favorecer “um espírito cada vez maior de comunhão eclesial”.

Centro e periferias 

A constatação que serve de premissa ao documento diz respeito ao fato de que a expansão da aglomeração urbana acabou criando gradualmente uma separação de fato entre centro e periferias. 

O centro histórico (grande santuário a céu aberto) tornou-se cada vez mais isolado, com o risco de se tornar exclusivamente um museu a visitar e menos um lugar capaz de “manifestar e difundir toda a santidade de Roma”. As periferias, pelo contrário, têm recebido uma menor atenção e cuidado por parte do Município, muitas vezes percebido como incapaz de prestar serviços adequados.

Por um lado, portanto, o esvaziamento residencial do centro - caracterizado principalmente por pendulares, turistas, comerciantes - acompanhado por uma pastoral cada vez mais reduzida "ainda que algumas sejam bonitas e positivas" (o mesmo número de paróquias, trinta e cinco, é sinal disso). Por outro, periferias que encontram nas paróquias uma referência importante, válida e enraizada. “Um patrimônio de grande potencial que está guardado há muito tempo – escreve o Papa – pede para ser repensado e colocado ao serviço do povo de Deus”.

Dissolver a tensão bipolar, não muros, mas pontes 

“Neste horizonte – continua o texto – não existe mais um centro isolado e uma periferia dividida em compartimentos separados, mas, numa visão dinâmica que prevê não muros, mas pontes, a Diocese de Roma será concebida como um centro único que se expande pelos quatro pontos cardeais".

O Papa especifica que a diminuição dos limites do setor Centro “não significa de forma alguma fechá-lo”, mas sim abri-lo. O objetivo é encorajar “mesmo dentro do Conselho Episcopal, a partilha de trabalho e a unidade de propósitos numa área tão crucial da cidade. Com a esperança de dissolver – sublinha – a tensão bipolar que ao longo do tempo se insinuou na percepção social e eclesial entre centro histórico e periferias”.

Remodular os ritmos pastorais sobre o povo de Deus 

São quatro os princípios da Doutrina Social da Igreja, recordados na Evangelii gaudium, que constituem a matriz inspiradora do Motu proprio. Francisco recordou-os mais de uma vez durante a sua recente Viagem Apostólica a Luxemburgo e à Bélgica. “Se os pastores não percebem que a mudança de época exige também uma remodelação dos ritmos sacramentais e pastorais, o risco é se tornar estéril”, afirma o Papa. “É necessário ter em conta os ritmos do Povo de Deus que vive em um determinado território paroquial e de horários mais compatíveis com os horários de uma família". E acrescenta que a confluência do setor Centro nos outros setores significa torná-los participantes de toda a história do cristianismo em Roma. Em termos concretos significa que as reuniões, as celebrações e os encontros de Setor podem enriquecer-se de lugares e de espaços antigos, capazes de tornar explícitas as profundas raízes que fundam a identidade dos fiéis romanos.

Além dos números, a profundidade da experiência espiritual 

Dado que, como reitera o Sucessor de Pedro, o tempo é superior ao espaço, a preparação do Jubileu para as paróquias de Roma não deve limitar-se a avaliar os dados quantitativos relativos aos peregrinos presentes: é preciso preparar-se e sentir-se parte de uma história repleta de luz e de beleza, e prontos a acolher e compartilhar tal beleza em um sentido mais profundo.

Nesta perspectiva, "as portas do Jubileu, antes mesmo de ser uma ocasião de encontro com peregrinos provenientes de todo o mundo, devem ser meta de peregrinação para os próprios romanos".

O Bispo de Roma dá alguns exemplos de peregrinação urbana, como a “Coroa de Maria” ou a “visita das Sete Igrejas” seguindo os passos de São Filipe Neri ou a visita às catacumbas e ao Cemitério Verano no mês dos defuntos, a visita à Praça de Espanha no dia da Solenidade da Imaculada Conceição, a peregrinação ao Berço Sagrado mantido em Santa Maria Maior durante o Natal, a visita às antigas Stationes durante a Quaresma, a visita à Scala Santa na Igreja Santa Cruz em Jerusalém na Semana Santa, a descoberta de tantos ícones marianos nos meses de maio e outubro.

“Quanto mais cuidamos da fragilidade, mais ficamos belos” 

O Papa também se concentra no significado de beleza na convicção, observa, de que “a beleza salvará o mundo somente se a Igreja conseguir salvar a beleza; salvá-la das manipulações ideológicas do falso progresso e da submissão ao comércio e à economia, que muitas vezes a reduzem a um engodo ou a um bem de consumo efêmero".

Retorna a metáfora materna: toda a cidade, e não apenas o centro histórico, é manifestação da concreta maternidade da Igreja, diz Francisco que enfatiza: “A fragilidade é outra manifestação de beleza que nos chama a atenção. Quanto mais cuidamos das fragilidades, mais belos ficamos."

O Papa aproveita a ocasião para agradecer aos numerosos agentes e voluntários que, com um autêntico espírito evangélico, fizeram de Roma uma cidade sensível às necessidades dos mais necessitados, especialmente no Centro Histórico. Ele elogia as tantas realidades agregativas que são lideradas por muitas irmandades ou entidades similares, que se ocupam do cuidado dos mais fracos. Realidades que devem ser “conhecidas, ampliadas e apoiadas por toda a diocese”. A este respeito, foram tomadas medidas para nomear um Vigário Episcopal específico que seja referência para as Entidades e Reitorias.

Os “feudos” na Igreja são um pecado contra a comunhão 

Por fim, o Papa salienta que “hoje já não faz sentido multiplicar pertenças e adesões a subculturas que, em vez de fortalecer a unidade diocesana, muitas vezes alimentam conflitos. Não podem existir feudos na divisão dos territórios do ponto de vista eclesial”  Chega a dizer que “reduzir a paróquia a um microcosmo é um pecado contra a unidade e a comunhão diocesana, reduzir as comunidades a subculturas separadas é um pecado contra a comunhão eclesial. Isto vale para todas aquelas realidades ou movimentos eclesiais que preferem gastar energia apontando diferenças, antes que salvaguardar a unidade da diocese. Roma é uma única grande casa na qual todos – romanos e não romanos – devem sentir-se “em casa”, acolhidos como peregrinos”.

O Bispo de Roma conclui, portanto, que "o dinamismo sinodal da Igreja deve ser apoiado e deve permitir uma fácil flutuação dentro do único quadro sólido, que é a Igreja particular, a diocese". É preciso ir além da “necessidade elitista e egoísta de erguer muros de separação e de contrastes”, repete o documento papal. “A resposta da nossa diocese é a de construir pontes” sobre as quais possa fluir facilmente a comunhão eclesial que nos torne todos, um por um e todos juntos, pertencentes apenas a Cristo Ressuscitado e à sua Igreja. Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Maria Dolores Palencia, Presidente Delegada da Assembleia Sinodal

Palencia: “nós, mulheres, também temos que aprender a nos libertar de um estilo de clericalismo que vivemos”.

Padre Modino - Vaticano

Um dos elementos presentes no processo sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é o lugar das mulheres na Igreja e sua participação nos processos de tomada de decisões, uma reflexão confiada a um dos dez grupos de trabalho criados pelo Papa Francisco em fevereiro de 2024, que continuará seu trabalho após o encerramento da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal.

O caminho está sendo percorrido

Estão sendo dados passos nessa direção, como Maria Dolores Palencia apontou na primeira coletiva de imprensa da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal. No seu caso, sua nomeação como Presidente Delegada da Assembleia Sinodal, junto com Momoko Nishimura do Japão, cargo que compartilha com outros sete homens, foi uma das surpresas da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal.

O que se experimenta na Assembleia Sinodal e na vida cotidiana da Igreja nas dioceses, paróquias, comunidades e outras esferas eclesiais, leva a religiosa mexicana a dizer que “a experiência deste ano, entre uma sessão e outra, nos mostrou como uma experiência de aprendizagem, que um caminho está sendo feito, e que esse caminho está dando frutos”. Maria Dolores Palencia enfatizou que “depende muito dos contextos e das culturas, dos continentes”.

Abertura de novas experiências e propostas

A Delegada Presidente da Assembleia Sinodal faz eco ao que está sendo vivido no México, mas também na América Latina e no Caribe, algo que ela foi descobrindo nos diversos encontros para os quais, junto com os outros membros do Sínodo da região América-Caribe, foi convidada ao longo do processo sinodal, momentos em que compartilharam e dialogaram”. Nessa perspectiva, ela destaca que “está sendo trilhado um caminho em que o papel das mulheres, seus dons e suas contribuições em uma Igreja sinodal estão sendo cada vez mais reconhecidos”.

Ela também destacou que “estamos reconhecendo a possibilidade de abrir novas experiências e propostas para descobrir ainda mais esse papel, para podermos nos aprofundar”. Falando sobre o trabalho nos círculos menores, as mesas redondas nas quais a Assembleia Sinodal é organizada, ela contou o que ouviu na mesa da qual estava participando, onde foi dito que “há lugares onde os conselhos pastorais são cem por cento femininos, o padre e todos os membros do conselho pastoral são mulheres”.

Levando em conta os contextos

“Depende dos contextos, mas isso está sendo feito pouco a pouco”, disse. Nesse sentido, ela enfatizou que é um aprendizado, mesmo em alguns lugares, para mulheres leigas e consagradas, “porque também temos que aprender a nos libertar de um estilo de clericalismo que experimentamos, também de nossa parte”.

Por isso, a religiosa mexicana, acostumada a viver nas periferias, atualmente vivendo em um refúgio para migrantes no México, não hesita em dizer que “passos estão sendo dados, temos que dar passos ainda mais amplos, mais rápidos, mais intensos”, mas ao mesmo tempo ressalta que “temos que levar em conta os contextos, respeitar as culturas, dialogar com essas culturas e ouvir as próprias mulheres, nesses lugares e nessas culturas, mas há de fato um caminho a seguir”.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

  


 A Igreja sinodal de Francisco, uma Igreja que escuta a todos, todos, todos

A Igreja sinodal de Francisco, que o próprio Papa definiu como o modo de ser Igreja no século XXI, é algo que vai muito além da Assembleia Sinodal. A sinodalidade é um processo que a Igreja leva adiante de várias maneiras.

Padre Modino - Vaticano

Assumindo o estilo sinodal como Igreja. Nesse sentido, é importante a declaração feita pelo Secretário da Secretaria do Sínodo, que poderíamos dizer que é a sala de máquinas da sinodalidade e, portanto, um dos instrumentos decisivos da Igreja de Francisco. O Cardeal Mario Grech se referiu aos 10 Grupos de Estudo criados a pedido do Santo Padre para aprofundar as questões teológicas presentes no Relatório Síntese da Primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, algo que foi retomado por Giacomo Costa na Sala Stampa. O cardeal maltês disse que o trabalho desses grupos “não é estranho ao Caminho Sinodal e, especialmente, ao estilo sinodal que nós, como Igreja, estamos tentando assumir”.

Grech lembrou o que o Papa Francisco lhe disse em uma carta datada de 22 de fevereiro de 2024, na qual ele pediu a esses grupos que “trabalhassem de acordo com um método autenticamente sinodal”. Para o Secretário da Secretaria do Sínodo, “isso significa que, dentro do Sínodo, esses grupos são chamados a incentivar a participação efetiva de todos os membros, mas também são chamados a permanecer abertos a uma participação mais ampla, a de todo o Povo de Deus”.

Participação de todo o Povo de Deus, um ponto-chave

A participação de todo o povo de Deus é o ponto-chave dessa Igreja sinodal. Aqueles que participam desses grupos, incluindo os membros da Assembleia Sinodal, não podem se sentir como alguém que decide, mas como alguém que escuta a todos, escuta a voz do Espírito e, junto com outros, por meio da conversa no Espírito, discerne.

Na comunicação do Cardeal Grech, afirma-se claramente que “enquanto os 10 grupos - e com eles também a Comissão - continuarem funcionando, ou seja, até junho de 2025, será possível que todos enviem contribuições, comentários e propostas. Pastores e líderes da Igreja, mas também, e acima de tudo, cada crente, homem ou mulher, e cada grupo, associação, movimento ou comunidade poderá participar com sua própria contribuição”.

Uma Igreja que escuta

A importância dessa proposta é decisiva para entender o que significa uma Igreja que escuta. Penso, e me enche de alegria, na possibilidade de que um ministro da Palavra, uma catequista de uma das comunidades ribeirinhas que acompanho às margens do Rio Negro, na arquidiocese de Manaus, possa enviar à Secretaria do Sínodo o que é vivido, rezado, celebrado, testemunhado, nessas comunidades, por tantos homens e, principalmente, mulheres, que doam suas vidas gratuitamente para que o Evangelho continue presente na vida dessas pessoas. Quantas coisas interessantes poderiam vir dessas e de outras comunidades semelhantes!

Uma Igreja que tem medo de escutar a todos se torna autorreferencial, e Francisco nos adverte constantemente contra esse perigo. Portanto, só podemos dizer ao Secretariado do Sínodo: obrigado por garantir o método sinodal, por sua disposição em coletar o material que lhe será enviado e repassá-lo ao(s) grupo(s) relevante(s). A sinodalidade não é teoria, é prática, e isso, mesmo que deixe algumas pessoas nervosas, é sinodalidade, é Igreja real, porque a Igreja nunca foi um pequeno grupo de puros e escolhidos. Não nos esqueçamos que uma Igreja de puros e escolhidos, isso é heresia.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Mulheres, poligamia, pobres, Igrejas Orientais, web: os Grupos de Estudo em ação no Sínodo

Na primeira Congregação Geral da Assembleia Sinodal na quarta-feira, 2 de outubro, os componentes dos dez grupos constituídos pelo Papa em fevereiro para aprofundar teológica e canonicamente alguns temas, juntamente com os representantes de três Comissões, ilustraram na Sala Paulo VI - presencialmente ou por vídeo - o trabalho realizado e os planos futuros. Diálogo constante com os padres e madres sinodais, as contribuições mútuas confluirão nas “respostas” que serão apresentadas ao Papa em 2025

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

O papel da mulher e a hipótese do diaconato feminino, o risco de desaparecimento das Igrejas Orientais devido à guerra, uma “pastoral” para os polígamos na África, o anúncio do Evangelho em formato digital, a relação entre bispos e sacerdotes e com o povo de Deus, os critérios de seleção dos candidatos ao episcopado, uma perspectiva “sinodal” do trabalho dos Núncios, o diálogo ecuménico.

Na primeira Congregação Geral da Assembleia do Sínodo dos Bispos, aberta na tarde de quarta-feira com o discurso do Papa e a saudação do cardeal Grech, o relator geral cardeal Jean-Claude Hollerich deu a palavra aos representantes de cada um dos dez Grupos de Estudo instituídos pelo Papa em fevereiro passado para aprofundar, teológica e canonicamente, alguns temas.

Os vários componentes, introduzidos por meio de um breve vídeo e com um espaço expositivo de no máximo 3 minutos, ilustraram à assembleia o trabalho realizado e os programas futuros que preveem um diálogo constante (ao contrário de quem levantava a hipótese de um caminho "paralelo" ao Sínodo) entre padres e madres sinodais e os próprios Grupos. As “respostas” deverão ser entregues ao Papa até 2025. Portanto, um ano após o encerramento do Sínodo, mas tendo em conta as contribuições e os frutos do próprio encontro. Hollerich os definiu como “companheiros de viagem” e “interlocutores”.

A invocação para acabar com a violência abriu a segunda sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos. No final da manhã desta quinta-feira, (03/10) coletiva de imprensa, na Sala ...

Poligamia 

São dez grupos, como mencionado, além de algumas comissões para a análise de temas específicos. Sobre a espinhosa questão da poligamia em vários países africanos, se pronunciou o cardeal congolês Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa e presidente do SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar), que apresentou um relatório, que suscitam os questionamentos: como acompanhar pastoralmente “pessoas que abraçaram a fé cristã em situação de poligamia” ou “pessoas batizadas que vivem em poligamia após a conversão”.

A própria Igreja africana, que meses atrás se opôs às bênçãos às pessoas homossexuais introduzidas pelo documento doutrinário Fiducia Supplicans, vê-se agora obrigada a se interrogar sobre como dirigir-se a homens com até dez esposas, tendo em conta a presença de filhos, dificuldades econômicas, laços emocionais e outras questões.

Em quatro pontos o Secam, explicou dom Ambongo, quer analisar as formas do fenômeno, as motivações, a doutrina. Aquela que afirma que a poligamia “não é o ideal do casal desejado por Deus”. Hoje, porém, não basta: precisa “proximidade”, “escuta ativa” e “apoio”. O trabalho, realizado por uma equipe de especialistas, resultará em um documento.

Papel das mulheres e do diaconato feminino 

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Victor Manuel Fernández, falou em nome do Grupo sobre “formas ministeriais”. Anunciando a “retomada de algumas intuições” do Papa “pouco acolhidas” em documentos como Evangelii Gaudium, Querida Amazonia e Antiquum Ministerium, o cardeal concentrou o foco na “questão urgente da participação das mulheres na vida e liderança da Igreja”. Âmbito em que se insere a questão do diaconato feminino, tema do trabalho de duas Comissões instituídas pelo Papa

"Conhecemos a posição pública do Pontífice que não considera a questão madura", esclareceu Fernández. "Na mens do Santo Padre há ainda outros temas a serem explorados e resolvidos antes de se apressar em falar sobre um eventual diaconato para algumas mulheres”.

O risco, segundo o responsável pelo Dicastério, é que o diaconato se torne “uma espécie de consolação para algumas mulheres”, enquanto “a questão mais decisiva da participação na Igreja permanece negligenciada”. Em todo o caso, acrescentou, a Doutrina da Fé continua o “trabalho de aprofundamento”, entrelaçando a análise do perfil das mulheres que na história da Igreja “exerceram uma autoridade real” (Matilda de Canossa, Hildegarda de Bingen, Joana d'Arc, Teresa d'Ávila, Mama Antula, Dorothy Day), com a escuta de mulheres que hoje exercem cargos de liderança nas Igrejas mesmo em terras distantes como a Indonésia e a África. Assim, disse Fernández, a questão do diaconato feminino "resulta redimensionada" e "procuramos alargar os espaços para uma presença feminina mais decisiva".

O grito dos pobres

 O tema das mulheres também está no centro dos estudos do Grupo dedicado à “escuta” do grito da terra e dos pobres. Como fortalecer o vínculo entre a comunidade cristã e aqueles que quotidianamente atuam no serviço da caridade, da justiça e do desenvolvimento, é a linha das reflexões ilustrada pela coordenadora, a australiana Sandie Cornish, que destacou como "as mulheres, em todas as partes do mundo, pertencem aos grupos mais pobres entre os pobres".

O trabalho do Grupo “será estruturado a partir das suas vozes”, mas também daquelas dos voluntários e profissionais que “caminham” com quem vive a pobreza e a marginalização.  Levar-se-á em consideração “os grupos excluídos há anos, como as vítimas de discriminação das castas” e serão envolvidos bispos e líderes diocesanos com os quais já se discutiu sobre os vários “obstáculos” que, no entanto, disse Cornish, estimulam a criatividade e respostas concretas.

As Igrejas Orientais devastadas pela guerra 

Um olhar para a atualidade abriu o discurso do cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, que colocou diante dos olhos dos presentes "a situação dramática destes dias: bombas, tanques que destroem de maneira dramática não só as pessoas, mas também as esperanças " e atingem uma "categoria pequena e frágil" como as Igrejas Orientais Católicas nas áreas de guerra. “Correm o risco de desaparecer”, denunciou o chefe do Dicastério, a “sua perda seria irreparável para a Igreja”.

O Grupo quer assim assumir a tarefa de "pedir aos latinos, mais fortes e mais organizados, para ajudar estes nossos irmãos a viver melhor depois das pesadas emigrações das suas terras de origem". Para algumas Igrejas, de fato, “a maior percentagem de fiéis se encontra na diáspora e não nas suas próprias terras, devastadas pelas guerras”.

O programa, anunciou o cardeal, inclui um questionário e o início de um itinerário também depois do contexto sinodal, organizado pelo Dicastério para as Igrejas Orientais.


Em seu discurso na abertura dos trabalhos da Primeira Congregação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, o Papa enfatizou "o processo sinodal ...

O digital e o anúncio do Evangelho 

Do mundo real ao digital, a especialista estadunidense Kim Daniel ilustrou o trabalho do Grupo sobre evangelização no mundo virtual. Uma “nova página missionária na vida da Igreja”, sublinhou Daniel, que “nos permite chegar às periferias” e representa “um primeiro anúncio do Senhor num mundo que não O conhece”.

Certamente, é preciso discernir oportunidades e desafios deste “lugar fluido” que implica uma dinâmica de “inculturação” da Igreja. O Grupo reúne especialistas provenientes de diversos setores da Igreja e do mundo acadêmico; o trabalho é marcado por uma ampla escuta, especialmente dos jovens envolvidos em redes de cultura digital, no projeto A Igreja te escuta e na reflexão pastoral do Dicastério para a Comunicação sobre redes sociais Rumo à presença plena.

O primado petrino em um quadro ecumênico 

A ligação entre sinodalidade e primado, a hospitalidade eucarística, a relação com os movimentos de renascimento de inspiração cristã, são os pontos que analisará o Grupo de Estudos do qual é porta-voz dom Paul Rouhana, bispo auxiliar de Joubbé, Sarba e Jounieh dos Maronitas. No programa, explicou, há uma análise dos “frutos da recepção do caminho ecumênico nas práticas eclesiais” e algumas “propostas práticas para o exercício do ministério petrino em um novo quadro ecumênico”.

A base dos encontros e reflexões será o documento O Bispo de Roma; as experiências de matrimônios, famílias interconfessionais e movimentos ajudarão a ampliar a reflexão sobre a hospitalidade eucarística. Ao mesmo tempo emque se olhará de modo“positivo” para os movimentos não-confessionais para entender “o que aprender deles, em um espírito de troca de dons”.

A relação entre povo e pastores 

Mais estritamente eclesial é o trabalho do Grupo sobre o serviço dos bispos, sacerdotes e diáconos e suas relações com o povo de Deus. O sacerdote de Münster, Felix Genn, sublinhou a necessidade de “aprofundar a relação entre o bispo e a Igreja local”, à luz também das “expectativas do povo de Deus” sobre uma maior “transparência”, um maior respeito pela realidade local, um “maior envolvimento da Igreja local na seleção dos candidatos para evitar a suspeita de manipulação” e restaurar a imagem de “uma Igreja verdadeiramente sinodal”.

Vida consagrada 

«Comunhão», «hierarquia», «sinodalidade», mas também «confiança», «fraternidade», «irmandade» são as palavras-chave que orientam o Grupo de estudo sobre as relações entre bispos e pessoas consagradas e a colaboração com Conferências Episcopais, superiores maiores, agregações eclesiais, Igrejas locais.

Irmã Simona Brambilla, secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, explicou que serão examinadas em particular “as diferenças e nuances no modo de viver as relações entre os bispos e a vida consagrada”. Com efeito, em algumas partes do mundo "a relação é eficaz e fecunda, noutras é cansativa e a vida consagrada é vista em um modo funcionalista".

A revisão sinodal da Ratio sobre os sacerdotes 

O Cardeal José Cobo Cano se pronunciou por meio de um vídeo para o Grupo responsável pela revisão “em uma perspectiva missionária sinodal” da Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, o documento de 1985 sobre a vida, a formação e o ministério dos sacerdotes.

A Ratio “ainda está em fase de implementação e necessita de indicações claras”, afirmou o arcebispo de Madrid; por meio de muitos “pedaços” de propostas e ideias, será preparado um grande “mosaico” de orientações sobre questões como a formação nos seminários, a relação como “forma de definir a identidade da Igreja”, o povo de Deus como “sujeito" na formação dos sacerdotes.

Os Núncios, serviço às Igrejas locais, transparência e responsabilidade 

Outro pronunciamento por vídeo foi o do cardeal Oscar Gracias, arcebispo de Bombaim, que falou sobre a figura e o papel dos Núncios. “Como podem contribuir para os laços de comunhão entre a Igreja universal e as Igrejas locais e com o Papa, dando a conhecer as necessidades e aspirações das realidades em que operam”, foi sua linha de pensamento. Os caminhos para desenvolver isso: «Transparência, accountability, corresponsabilidade». O Grupo analisará “o papel dos representantes pontifícios nos processos de tomada de decisão”, “uma maior participação dos leigos nas nomeações episcopais”, “a formação de pessoal das Nunciaturas”.

Questões éticas e doutrinárias 

Para o trabalho do Grupo sobre questões “doutrinais, pastorais e éticas controversas”, o padre jesuíta Carlo Casalone explicou que a reflexão será dividida em dois “focos”, duas “elipses”: uma no plano social, “casa comum, paz, fraternidade diante dos conflitos”; uma para aprofundar o significado de temas como “conjugalidade, geração, sexualidade, cuidado com a vida”.

A Comissão dos Canonistas 

Na assembleia, também o pronunciamento do secretário da Comissão dos Canonistas, padre Gianluca Mellini, a propósito do projeto de reforma das normas canônicas envolvidas no processo sinodal e a “obrigação” dos bispos de terem na Diocese e consultarem o vários Conselhos (episcopal, diocesano, eparquial, presbiteral, paroquial), aos quais solicitar observações, verificações e pareceres. Nestes Conselhos é preferível uma maioria de leigos.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Em 8 de outubro, visita guiada à Cátedra e ao Baldaquino de São Pedro

Às 9h30, na Sala do Cabido da Fábrica de São Pedro, foi organizada uma visita para a imprensa aos andaimes do canteiro para admirar de perto, a uma altura de mais de 20 metros, a obra de Bernini e a restauração que foi concluída

Vatican News

A Fábrica de São Pedro organiza para os jornalistas, na terça-feira, 8 de outubro, às 9h30, na Sala do Cabido, uma visita exclusiva aos andaimes do canteiro de obras do Baldaquino e da Cátedra de São Pedro. Os visitantes poderão admirar de perto, a uma altura de mais de 20 metros, a obra do arquiteto Gian Lorenzo Bernini e o trabalho de restauração que foi concluído. O encontro contará com a presença do engenheiro Alberto Capitanucci, chefe da área técnica da Fábrica, e do padre Enzo Fortunato, diretor de comunicação da Basílica de São Pedro. Durante a visita serão fornecidas mais informações sobre os trabalhos realizados e será anunciada a data da inauguração.

Uma restauração de grande valor

A restauração é de grande valor simbólico porque o Baldaquino de bronze dourado, solenemente erguido acima do altar-mor, marca com sua magnificência o local do Túmulo do Apóstolo Pedro, a quem a Basílica Vaticana é dedicada. “Uma restauração especialmente difícil e necessária”, diz uma nota da Fábrica, “mas também de particular significado porque foi realizada em vista do próximo Jubileu de 2025”.

Última restauração em 1758

Feito por Gian Lorenzo Bernini para o Papa Urbano VIII entre 1624 e 1635, tem quase 29 metros de altura e está apoiado em quatro colunas esbeltas e retorcidas, inspiradas nas duas colunas de mármore dispostas ao redor do túmulo de Pedro na antiga basílica. A última restauração no Baldaquino de São Pedro data do ano de 1758: uma grande equipe de operários e especialistas trabalhou nele por cerca de três meses (até sessenta pessoas por dia).

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Martin Selmayr: A União Europeia é um projeto de paz

O novo embaixador da UE junto à Santa Sé fala à mídia do Vaticano: setenta anos de história nos ensinam que a verdadeira solução para os problemas vem de uma visão compartilhada, devemos buscar uma “paz justa”.

Christine Seuss – Vatican News

Martin Selmayr, alemão de Bonn, que completará 54 anos no próximo dia 5 de dezembro e ocupou vários cargos, inclusive o de secretário-geral da Comissão Europeia, é o novo embaixador da UE junto à Santa Sé. Nesta quinta-feira (03/10), ele foi recebido em audiência pelo Papa Francisco para a apresentação de suas Cartas Credenciais e, em uma entrevista à mídia do Vaticano, o diplomata falou sobre a história, os valores e o papel que a UE desempenha no cenário internacional, em uma fase altamente crítica.

O Papa Francisco pede continuamente e incansavelmente a paz no mundo. Ele acaba de citar a União Europeia, em particular, como um exemplo de pacificação. Até que ponto a UE se vê nesse papel e como ela vê o Papa como um parceiro na causa da paz?

Historicamente, a União Europeia é e sempre foi um projeto de paz. A União Europeia significa superar séculos de guerras entre os países europeus, trabalhar juntos além das fronteiras e resolver conflitos e diferenças de forma pacífica, por meio de instituições comuns e interesses comuns. Essa é a União Europeia. E a União Europeia é um projeto extraordinariamente positivo dos 27 estados-membros. Nunca houve uma guerra desde que eles se tornaram membros da União Europeia. Portanto, essa é uma conquista da União Europeia. Eu cresci na fronteira entre a Alemanha e a França, onde ainda é possível ver vestígios da Segunda Guerra Mundial no solo, na natureza - Verdun, por exemplo.

E creio que hoje podemos ir para o outro lado da fronteira sem nem mesmo perceber que estamos do outro lado, exceto, talvez, porque às vezes a comida é mais gostosa ou a paisagem é mais bonita. Portanto, essa é a força da União Europeia. E essa ideia de que é possível superar as diferenças, de que é possível superar conflitos e ódios antigos trabalhando juntos é a mensagem de esperança que a União Europeia transmite. Não é extraordinário que o projeto europeu, com a Declaração Schuman, tenha nascido apenas cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial? Então, cinco anos depois de os alemães terem matado cidadãos franceses, a França foi à Alemanha com o Plano Schuman, para unir as indústrias de aço e carvão e garantir que nunca mais entrariam em guerra. Se isso não é uma mensagem de esperança nos tempos sombrios que estamos vivendo... Algumas pessoas perderam a esperança, mas se compararmos com o que foi possível na época na União Europeia, acho que podemos pegar esse exemplo e ele deve nos dar esperança de que a diplomacia, o trabalho em conjunto, a busca de soluções comuns - mesmo entre interlocutores aparentemente incompatíveis - é possível. Acho que vale a pena tentar e que nunca devemos nos cansar disso.

E o fato de o Papa Francisco estar pedindo isso sem nunca se cansar, como você bem disse, é, na minha opinião, um bom motivo para unir esforços e continuar nessa direção. Ele tem seu papel. Os políticos e diplomatas têm o deles. Mas acho que é importante ouvirmos uns aos outros e não nos cansarmos de buscar soluções para a paz. A paz, no entanto, deve ser uma “paz justa”. Acho que isso é muito importante. Portanto, devemos ter o cuidado de não buscar a paz a qualquer custo, mas buscar uma paz que seja justa e que nunca recompense uma guerra de agressão. Acho que isso é muito importante quando falamos de paz.

Em sua opinião, quais são os perigos atuais para a unidade ainda em desenvolvimento da União?

Temos que trabalhar todos os dias na unidade da União Europeia porque temos 27 estados-membros. Mas acho que aqueles que sempre falam sobre a falta de unidade ignoram a forte unidade que existe em 96% de todas as questões. Os profetas da desgraça costumam dizer que a União Europeia está morta ou moribunda, mas, na verdade, a União Europeia existe e está unida sempre que é necessário.

Vejo isso aqui em Roma, com as agências da ONU sediadas aqui, onde as instituições da UE trabalham juntas para encontrar soluções comuns, como a segurança alimentar no Programa Mundial de Alimentos da FAO. Também vejo isso em nossa resposta à guerra de agressão da Rússia. Muitos disseram que nunca estaríamos unidos, que teríamos que renovar as medidas restritivas a cada seis meses e que não teríamos sucesso. Estamos tendo sucesso há vários anos.

Portanto, acredito que nossa unidade é mais forte do que as pessoas pensam. Os benefícios de fazer parte da União Europeia - de ser a Equipe Europa trabalhando em conjunto - são muito maiores do que fazer isso sozinho. Eventualmente, até mesmo os céticos mais convictos percebem isso e, embora possam levantar algumas dúvidas, acabam aderindo à Equipe Europa. Esse é o espírito com o qual trabalhamos. A unidade não é óbvia, mas não perdi a esperança de que isso aconteça. Eu a vejo concretamente todos os dias.

Um importante ponto de confronto é a acolhida de refugiados na União Europeia. Como o senhor vê a contribuição do Papa nesse sentido?

O Papa tem lembrado à Europa, com razão e constantemente, que somos um dos continentes mais ricos do mundo e que, portanto, temos o dever moral e a responsabilidade de cuidar e oferecer refúgio àqueles que fogem da guerra, da agressão e do terror. Em minha opinião, isso é importante e é a base da política de migração da União Europeia.

Por outro lado, também temos 27 democracias sob pressão, e de nada adiantará se essas democracias se enfraquecerem ao tentarem lidar com o desafio da migração.

Portanto, acho que temos que combinar as duas coisas: dar aos nossos cidadãos a certeza de que suas vidas, sua segurança pessoal e suas famílias estão seguras e, ao mesmo tempo, continuar o trabalho humanitário realizado pela União Europeia. Os direitos fundamentais de asilo devem permanecer no centro da política da UE, mas isso é muito mais complicado do que parece. Aqueles que dizem que há soluções fáceis para o desafio constante da migração e do asilo não estão dizendo a verdade. Será necessário um trabalho árduo todos os dias, e é bom que o Santo Padre nos lembre da importância da humanidade e da solidariedade nesse processo. Por outro lado, também é importante que permaneçamos realistas sobre o que nossas sociedades podem administrar e sobre a necessidade de fornecer os meios para integrar aqueles que chegam ao nosso continente, pois esse deve ser o outro lado da moeda.

Em sua opinião, qual é a posição atual da União Europeia no cenário internacional?

A União Europeia pode parecer velha - ela tem mais de 70 anos - mas sua política externa e de segurança comum é relativamente jovem. Só existimos em nossa forma atual - com embaixadas e um ministro de relações exteriores comum - há cerca de quinze anos, desde o Tratado de Lisboa. Portanto, em muitos aspectos, ainda estamos em nossa infância. E acho que devemos ser pacientes com relação a isso.

A União Europeia está apenas começando a tomar decisões conjuntas no campo da política externa comum. E vemos isso todos os dias: a política externa está no centro da soberania. Muitos Estados membros têm origens históricas diferentes, portanto, uni-los depois de apenas 15 anos não é uma tarefa fácil. Para fazer uma comparação, nos primeiros 15 anos da Política Agrícola Comum, tivemos a “política da cadeira vazia” de Charles de Gaulle. Foi um período difícil.

Ainda estamos nos inícios da política externa comum e estamos fazendo muitas coisas juntos, mas não tantas quanto poderíamos fazer. Por exemplo, em relação à nossa posição comum sobre a escalada da crise no Oriente Médio, cada país membro tem uma experiência histórica diferente. Um alemão ou um austríaco vê esse conflito de forma totalmente diferente de um irlandês, um espanhol ou um esloveno. Isso reflete as diferenças na União, e acho que precisamos ouvir mais uns aos outros antes de tomarmos uma posição. Cada Estado-Membro tem experiências diferentes com diferentes partes do mundo e precisamos unir essas diferenças.

Alguns chamam, com razão, o trabalho do Alto Representante para Relações Exteriores e Política de Segurança de um dos mais difíceis do mundo. Fico muito feliz que Joseph Borrell tenha se esforçado muito nesse trabalho nos últimos cinco anos. Agora, a próxima ministra das Relações Exteriores da UE será a ex-primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas. Ela é uma mulher muito enérgica e comprometida que trará uma nova perspectiva. Temos que ouvir as diferentes perspectivas e, com base nelas, forjar uma política comum. Isso leva tempo e, às vezes, pode ser frustrante, até mesmo para mim, que gostaria que as coisas andassem mais rápido. Mas então me lembro de que ainda estamos em nossa adolescência em termos de política externa. Isso levará tempo e precisamos de paciência.

Até que ponto a União Europeia cumpre e mantém sua meta de colocar as pessoas no centro, inclusive no aspecto econômico?

O modelo econômico da União Europeia é o de uma economia de mercado social e ecológica. Sim, a economia de mercado está em seu centro, porque precisamos de prosperidade para cumprir nossas funções - seja a segurança social ou a ajuda humanitária. Mas esse sistema econômico também implica responsabilidade. Responsabilidade pelo meio ambiente, pelo bem-estar social e pelos direitos humanos.

Ao longo das décadas, a União Europeia se transformou em uma economia de mercado responsável. Precisamos do comércio, mas o combinamos com a sustentabilidade e com as metas que aprovamos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Vejo isso todos os dias em nosso trabalho aqui em Roma com as Nações Unidas. A União Europeia promove uma economia agrícola próspera, mas também precisamos garantir que ela seja boa para nossa saúde, sustentável e preserve o meio ambiente. Todas essas coisas estão conectadas, e somente se nós, como um dos continentes mais ricos, estivermos à altura dessa responsabilidade, poderemos convencer outras partes do mundo a compartilhá-la conosco.

Qual a sua impressão do encontro com o Papa Francisco?

Para qualquer diplomata, encontrar o Santo Padre é um dos momentos mais especiais com que se pode sonhar. Você não está simplesmente apresentando suas credenciais a um chefe de Estado - embora o Santo Padre seja um chefe de Estado -, mas também devido à sua personalidade e à atmosfera criada por ele e sua equipe, é um momento muito pessoal para você, sua família e seus colegas.

O que mais me impressionou, e o motivo pelo qual nunca esquecerei esse momento, foi a humanidade, o calor e o toque pessoal. Não foi simplesmente o evento formal de entregar uma carta; foi uma experiência verdadeiramente pessoal que me será cara para o resto da vida.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Juventude Arquidiocesana de Niterói se prepara para o DNJ 2024

Com o tema “Te chamo pelo nome, és meu” (Isaías 43), o evento tem como objetivo fortalecer o comprometimento dos jovens no seguimento de Jesus Cristo, proporcionando momentos intensos de oração e reflexão.

Arquidiocese de Niterói

No próximo dia 13 de outubro, a cidade de Maricá, no Vicariato Oceânico, será palco do Dia Nacional da Juventude (DNJ) 2024, evento que reunirá jovens da Arquidiocese de Niterói em uma grande celebração de fé, comunhão e espiritualidade. Organizado pelo Setor Juventude da Arquidiocese, o DNJ promete atrair milhares de participantes para um dia repleto de atividades, das 8h às 20h, na Rua João Saldanha, Barra de Maricá. A estrutura para o evento já começou a ser montada, criando um espaço que vai acolher a juventude com segurança e conforto.

Com o tema “Te chamo pelo nome, és meu” (Isaías 43), o evento tem como objetivo fortalecer o comprometimento dos jovens no seguimento de Jesus Cristo, proporcionando momentos intensos de oração e reflexão. Segundo o Pe. Gabriel Ramalho, Assessor Arquidiocesano do Setor Juventude, o DNJ é uma oportunidade para os jovens renovarem sua fé e se engajarem de forma mais ativa na Igreja. “O DNJ é um evento que acontece em todo o Brasil, e cada diocese se organiza para celebrar o ardor da juventude como um dom precioso de Deus. Nosso objetivo é mover o coração da juventude para o amor e o compromisso no seguimento de Jesus, sempre em comunhão com a Igreja e os irmãos. A verdadeira alegria só encontramos em Cristo, e esse é o foco da nossa celebração”, explica o sacerdote.

Pe. Gabriel enfatiza que o evento é aberto a todos os jovens que buscam um aprofundamento espiritual: “Convido todos que sentem no coração o desejo de viver algo mais belo e profundo a estarem conosco no dia 13 de outubro, em Barra de Maricá. Teremos um dia repleto de atividades, com pregações, Adoração ao Santíssimo Sacramento, confissões e, às 16h, a celebração da Santa Missa. Depois, ainda teremos um show católico para encerrar esse grande dia de louvor”, convida o padre. Venha participar e viver um dia de fé, comunhão e alegria com a juventude da Arquidiocese de Niterói, no dia 13 de outubro, na Barra de Maricá!

O DNJ 2024 já mobiliza as redes sociais da Arquidiocese de Niterói e do Setor Juventude, e os grupos de jovens estão organizando caravanas para garantir ampla participação. A programação inclui momentos de pregação, oração e a Santa Missa às 16h, um dos pontos altos do evento, que começa às 8h e segue até às 20h. O evento será transmitido ao vivo pelas redes sociais da Arquidiocese e pela Rádio Anunciadora, ampliando o alcance para quem não puder estar presente. A entrada é gratuita.

Pe. Gabriel conclui destacando a importância da unidade juvenil em momentos como este: “O DNJ é um chamado para a juventude redescobrir a alegria de seguir a Cristo. Nossa missão é evangelizar, e o DNJ é um instrumento poderoso para tocar o coração dos jovens. Será um dia de oração, alegria e renovação da nossa fé. Que Deus abençoe a todos que se unirem a nós nesta grande celebração.”

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Ziza Fernandes lança filme “Mais” em dezembro nos cinemas de todo o país

Um filme sobre sentido de vida, determinação, amor e esperança. Ziza Fernandes foi hóspede da Rádio Vaticano e do Programa Em Romaria. Na conversa com Silvonei José ela contou sobre essa nova experiência.

Vatican News

Em comemoração aos 30 anos do seu primeiro álbum, “Mais que os pássaros”, a compositora, cantora e artista Ziza Fernandes apresenta ao seu público seu mais novo lançamento: Mais, um filme inédito, que será exibido nas telas do cinema nos dias 09 e 10 de dezembro de 2024.

Mais é um projeto internacional e biográfico que entrelaça as músicas compostas por Ziza Fernandes para seu primeiro álbum e fatos marcantes de sua história.

O docudrama musical apresenta ao público histórias profundamente tocantes e inspiradoras, revelando a trajetória pessoal e profissional de Ziza Fernandes, uma vida marcada por desafios, dramas familiares, dores e uma constante superação em busca de sentido.

Como peças que se sobrepõem e se transformam em um belíssimo mosaico, Mais promete emocionar e inspirar, convidando o público a uma experiência inesquecível. “Poder celebrar os 30 anos do meu primeiro álbum, num trabalho registrado em um momento muito especial da minha vida, no teatro Paiol, em Curitiba, uma das primeiras cidades que me recebeu, onde tudo começou e onde meu coração quer se conectar com cada um de vocês através do filme Mais”, destaca a artista.

Gravado em um show intimista no icônico Teatro Paiol, em Curitiba, Paraná—local especialmente escolhido por Ziza Fernandes por ter sido o primeiro palco a recebê-la—"Mais" captura a essência da trajetória musical da cantora em um formato inovador: uma Jazz Session. O filme transcende fronteiras, incorporando depoimentos da artista, gravados em locais significativos na Itália, França e Alemanha, países que deixaram uma marca indelével em sua história, onde seu trabalho como artista, cantora e terapeuta já alcançou reconhecimento e consolidação.

Essas passagens não apenas enriquecem a narrativa, mas também revelam a profundidade e a internacionalidade da jornada de Ziza Fernandes que é acompanhada pelas participações especiais dos cantores e amigos Davidson Silva e Maninho, que acrescentam ainda mais riqueza e emoção a essa experiência musical única, celebrando a diversidade cultural que permeia sua musicalidade e trajetória.

Mais será lançado nos cinemas nos dias 09 e 10 de dezembro de 2024, proporcionando ao público uma oportunidade única de vivenciar a arte de Ziza Fernandes em um formato cinematográfico. Este é um passo inédito na carreira da artista, sendo a primeira vez que seu trabalho é apresentado nas telas de cinema.

O  filme é uma realização da Oficina Viva Produções, e será distribuído pela Kolbe Arte Produções, instituições comprometidas com a promoção da cultura e da arte.  Esta colaboração reforça a missão de ambas as organizações de levar mensagens de verdade, bondade e beleza, a um público mais amplo.

Mais tem direção geral e artística da própria Ziza Fernandes, com a direção de vídeo assinada por Ana Meneses, que traz uma estética visual em complementaridade com a musicalidade da artista. A direção musical fica a cargo de Janaine Pavani, a direção técnica  é conduzida por Abdias Jr., enquanto a produção geral do evento, realizado no Teatro Paiol, é de Mônica Oliveira.

Ziza Fernandes foi entrevista pelo jornalista Silvonei José da Rádio Vaticano - Vatican News no Programa Em Romaria. Eis a íntegra da conversa:

Sobre Ziza Fernandes

Ziza Fernandes é mestre em Psicologia, musicoterapeuta, logoterapeuta e especializada em Arte sacra, cantora, compositora, professora, e escritora, nascida no interior do Paraná, em Moreira Sales. Em seus mais de 30 anos de carreira lançou dezenas álbuns nacionais e internacionais, livros, DVDs e cursos. Mestre pela UCP - Petrópolis, está à frente da Oficina Viva Produções há 24 anos, projeto cujo objetivo se cumpre ao levar qualidade e sentido de vida às pessoas através da arte e formação humana. Como experiência, Ziza carrega feitos como a direção musical da JMJ 2013 com Papa Francisco, no Rio de Janeiro, shows no Brasil e exterior, álbuns em português, francês, italiano e espanhol. Ziza Fernandes coordena a Pós-graduação Vida & Arte com Sentido, além de liderar inúmeros projetos em sua produtora. A Oficina Viva Produções.

Em 2021, a artista iniciou as celebrações de seus 30 anos de carreira com o álbum “Ziza Fernandes canta Martín Valverde - piano e voz”; em 2022 seguiu com o projeto autoral *Tempus”, em 2023 o álbum visual autoral “Tempus Fugit”, seguido do seu último lançamento em 2024, o álbum visual ”Coração Errante”.

Para mais informações, entrevistas e pedidos de material promocional, entre em contato com: contato@zizafernandes.com e pelo whatsapp: (12) 98315-5515 - Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Quando a saída é pela leitura

Livro de Rossaly Beatriz Chioquetta Lorenset mostra a verdade sobre as condições de leitura nas unidades prisionais do país.

Vatican News

Ler pode ser uma sentença de liberdade? A resposta está em novo livro de Rossaly Beatriz Chioquetta Lorenset – “Leitura e cárcere - (entre) linhas e grades, o leitor preso e a remição de pena”, (editora Appris). A obra conduz à reflexão sobre desigualdade social, funcionamento dos sistemas de segurança e de justiça, condições dos espaços de privação de liberdade e fins e justificativas da pena. E conta a impactante experiência da autora durante entrevistas com presos em projeto de extensão de leitura que coordenou durante cinco no curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc Xanxerê). 

Resultado do trabalho de doutorado de Rossaly em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o livro lança luz a um problema latente da Justiça brasileira:  o país ocupa o terceiro lugar, não honroso, no ranking dos países que mais encarceram no mundo.  A Lei de Execução Penal (LEP), que completa 40 anos em 2024, dispõe sobre a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou trabalho: a cada livro lido, quatro dias a menos atrás das grades.  “A remição de pena por meio de leitura foi introduzida no Brasil, em 2011, no contexto do sistema penal porque não havia nem trabalho nem escola para os presos. A função da leitura nesse contexto não foi por benesse, havia um vazio já no sistema que devia ser tratado. A possibilidade de diminuir dias de pena de condenados pela Justiça por meio da leitura não demandava investir financeiramente no sistema prisional, bastava dar livros aos presos”, diz a autora, que é facilitadora de Justiça Restaurativa.

Realizada durante cinco anos na unidade prisional da cidade de Xanxerê, estado de Santa Catarina, Brasil, a pesquisa constatou que há mínimas condições de leitura no cárcere.  Rossaly conta no livro “Leitura e cárcere” uma de suas entrevistas mais marcantes: “Um preso foi baleado na perna pelo próprio pai, aos nove anos, ao tentar defender a mãe das violências dele. Este preso relatou que ficava tão interessado na narrativa da leitura que, quando as luzes eram apagadas na prisão, às 22h, ele podia ficar com a TV ligada até meia-noite e era o momento em que lia com a luz tênue da televisão”.

“Leitura e cárcere” mostra o envolvimento de presos com a leitura, inclusive casos dos que passaram a indicar livros aos filhos e criaram o hábito de ler.  “Mas também houve presos que diziam que gostavam sim de leitura, regidos por um imaginário de que ler é bom e transforma. Só que, por outra via, eram capturados pelo dizer do inconsciente e acabavam afirmando que liam mesmo só para sair antes da prisão, interpelados pelo jogo da língua na história, o simbólico significante, que constitui a ordem do discurso”, completa Rossaly.

O Brasil enfrenta muitos desafios para avançar na remição de pena por meio da leitura.  Pesquisa do Conselho Nacional de Justiça mostra que, em 2023, apenas 11 das 27 unidades federativas do país declaram ter estrutura para implantação de bibliotecas nos presídios. “Resolução que faz parte do Plano Nacional de Fomento à Leitura nos Ambientes de Privação de Liberdade do ano de 2021 diz que o preso poderá ter acesso à leitura por meio de audiobook, ampliando o direito a pessoas não alfabetizadas. Se considerar que uma biblioteca digital possui mais de 50 mil livros disponíveis, ler com tablets poderia facilitar o acesso, mas como essa universalização será viável se poucos são até mesmo os livros de papel no cárcere? Por essa normativa, cada comarca deve instituir uma comissão de validação para homologação e a leitura será validada, não mais avaliada. Mas não há biblioteca, nem tampouco bibliotecário, nem acervo bibliográfico nas unidades prisionais”, lembra a autora, que é Secretária da Pastoral Carcerária do estado de Santa Catarina e continua fazendo visitas semanalmente na unidade prisional de Xanxerê.

Sobre a autora: Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Graduada em Letras Português-Inglês e respectivas Literaturas pela Facepal (Palmas-PR) e em Língua e Literatura Espanhola pela Unoesc. Desde 2001, é professora e pesquisadora de Língua Portuguesa na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc Xanxerê). É autora também do livro “Língua e Direito: uma relação de nunca acabar”.  Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Líbano: Unicef, “mais de 690 crianças feridas nas últimas seis semanas"

As lesões mais comuns registradas entre as crianças incluem concussões e lesões cerebrais traumáticas devido ao impacto das explosões, ferimentos por estilhaços e lesões nos membros. A perda auditiva causada pelas explosões também é comum, escreve a organização de ajuda humanitária. De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, pelo menos 127 crianças foram mortas nos últimos doze meses, incluindo mais de 100 somente nos últimos 11 dias

Vatican News

 “Mais de 690 crianças foram feridas no Líbano nas últimas seis semanas”. É o que escreve o Unicef esta sexta-feira (04/10), apontando que o número de crianças feridas no conflito aumentou “dramaticamente” desde 20 de agosto.

“Esse conflito desastroso está cobrando um preço altíssimo às crianças”, declarou a diretora regional do Unicef, Adele Khodr: ”Os médicos nos contam que tratam de crianças ensanguentadas, machucadas e fraturadas que estão sofrendo física e mentalmente. Muitas sofrem de ansiedade, flashbacks e pesadelos relacionados às explosões. Nenhuma criança deveria ser submetida a situações tão horríveis”.

Mais de 100 crianças mortas somente nos últimos 11 dias

As lesões mais comuns registradas entre as crianças incluem concussões e lesões cerebrais traumáticas devido ao impacto das explosões, ferimentos por estilhaços e lesões nos membros. A perda auditiva causada pelas explosões também é comum, escreve a organização de ajuda humanitária.

De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, pelo menos 127 crianças foram mortas nos últimos doze meses, incluindo mais de 100 somente nos últimos 11 dias. “Esses não são apenas números. São crianças inocentes que tinham sonhos e um futuro como qualquer outra criança”, acrescenta Khodr.

Mais de 400 mil crianças deslocadas de suas casas

Enquanto isso, estima-se que mais de 400.000 crianças tenham sido deslocadas de suas casas, lutando contra o medo, a ansiedade, a destruição e a morte em um ambiente incerto e desconhecido, sem saber quando poderão voltar para casa ou para a escola.

O Unicef está particularmente preocupado com o impacto de longo prazo desses eventos na saúde mental delas. O sistema de saúde libanês está “sobrecarregado pelo número crescente de vítimas e foi diretamente afetado pelo conflito: pelo menos 10 hospitais foram danificados, incluindo uma unidade de terapia intensiva neonatal”.

Em resposta, o Fundo das Nações Unidas para a Infância entregou 100 toneladas de suprimentos médicos de emergência, e outras 40 toneladas são esperadas para o fim de semana. Esses suprimentos foram distribuídos a hospitais, centros de assistência de base à saúde, clínicas temporárias e primeiros-socorros para apoiar os cuidados que salvam vidas de famílias, especialmente mulheres grávidas e crianças, em todo o Líbano, diz a organização, acrescentando que está apoiando serviços médicos em 50 refúgios e sessões de apoio psicossocial.

Dada a escala das necessidades no Líbano, o Unicef faz um apelo urgente à comunidade internacional para que “mobilize apoio humanitário e garanta que as rotas de suprimento para o Líbano permaneçam abertas, permitindo a entrega segura e rápida de ajuda que salva vidas para as crianças necessitadas” e continua pedindo “um cessar-fogo urgente”, instando todas as partes a “proteger as crianças e a infraestrutura civil e garantir que os agentes humanitários possam chegar com segurança aos necessitados, de acordo com suas obrigações sob o direito internacional humanitário”.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

ASEAN propõe conferência internacional para reativar diálogo em Mianmar

Desde o golpe militar de fevereiro de 2022 o Papa Francisco dirige prementes apelos em favor da paz neste país asiático por ele visitado em novembro de 2017.

Reativar o diálogo para buscar uma solução para a crise política em Mianmar e uma paz realista: este é o objetivo da conferência internacional que Laos, presidente rotativo da "Associação das Nações do Sudeste Asiático" (ASEAN) - da qual Mianmar é membro - propôs organizar e sediar. Trata-se de um passo para enfrentar em chave regional a crise e o conflito civil que abala Mianmar após o golpe militar de 2021 e que também está tendo efeitos nas nações vizinhas, quer no âmbito social e econômico, mas também no fluxo de refugiados.

A conferência seria organizada pela “troika” da ASEAN, composta por Indonésia, Laos e Malásia, criada em setembro de 2023 para continuar os esforços diplomáticos. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores do Laos, Saleumxay Kommasith, durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores da ASEAN realizada em Vientiane no dia 3 de outubro, sem especificar a data em que a conferência deveria ser realizada.

Após o golpe militar de 2021, os líderes da ASEAN emitiram um “plano em cinco pontos” sobre a situação em Mianmar, pedindo: a cessação imediata da violência; o início de um diálogo construtivo para buscar uma solução pacífica; a nomeação e acolhida de um Enviado Especial da ASEAN para facilitar a mediação do processo de diálogo; a possibilidade da ASEAN de fornecer assistência humanitária; visitas frequentes de convite especial da ASEAN em Mianmar para encontrar todas as partes interessadas. Alguns Estados membros da ASEAN não reconheceram o regime militar em Mianmar e, a partir de 2022, o chefe de governo e o ministro das Relações Exteriores de Mianmar estão excluídos da Cúpula da ASEAN e da reunião de Ministros das Relações Exteriores da Associação.

“Não há progressos na implementação do plano de cinco pontos da ASEAN. Por esse motivo, a participação de Mianmar nas reuniões e cúpulas dos ministros das Relações Exteriores da ASEAN permanece em um nível não político”, disse Retno Marsudi, Ministro das Relações Exteriores da Indonésia. Marsudi alegou que tanto o exército como as forças de resistência se recusaram a participar no diálogo, um dos pontos principais da proposta da ASEAN: o "Governo de Unidade Nacional" (NUG) no exílio, formado por um grupo de legisladores depostos pelo golpe, declarou que iniciará um diálogo com o exército somente se este acabar com toda a violência, libertar todos os presos políticos e concordar em criar uma união democrática federal.

A junta militar no poder disse em 22 de agosto que considerará o diálogo apenas se a Força de Defesa Popular (PDF) – as milícias de resistência surgidas após o golpe – renunciarem à violência e aos ataques contra os militares. Depois de o impasse ter continuado durante cerca de dois anos, sem qualquer progresso significativo, no início de 2024 – quando o Laos assumiu a presidência rotativa da ASEAN – a junta birmanesa começou a enviar um representante não político para participar nas reuniões de cúpula da organização.

Agora, com a proposta da conferência internacional, algo volta a se movimentar mover-se em nível da diplomacia regional. Observa-se um empenho particular por parte do Ministério dos Assuntos Estrangeiros da Indonésia, que está organizar sessões informais de conversações sobre a guerra civil em Mianmar, em Jacarta, envolvendo representantes da Indonésia, da ASEAN, da União Europeia e das Nações Unidas.

Além disso, depois de as forças resistentes da "Brotherhood Alliance" ("Aliança da Irmandade") terem assumido o controlo da região birmanesa na fronteira com a China, Pequim - interessada no comércio e na estabilidade na área - também se envolveu mais, mediando um cessar-fogo entre a Aliança e o governo militar birmanês, desejando "moderação máxima". *Agência Fides

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

A fonte inesgotável de Assis - P. Tony Neves

Assis enche-me sempre as medidas da alma. Já lá fui várias vezes e aí voltarei sempre que puder. Para mim, esta colina nunca é lugar de turismo, mas de peregrinação. É verdade que a paisagem é de cortar a respiração, pois é belo aquele extenso e fértil vale que enche hoje os nossos olhos de beleza como encheu os celeiros nos tempos de Francisco e Clara - Assim inicia a crónica desta semana do P. Tony Neves, Conselheiro Geral dos Espiritanos.

P. Tony Neves, em Assis

A enorme e plural família franciscana (e o mundo inteiro!) inspiram-se na vida e missão destes dois santos, profetas do seu tempo e de todos os tempos e lugares. Assis é uma nascente de fé, fraternidade e cultura, onde somos fascinados pela extraordinária arquitetura, bem como pelos belos frescos de Giotto e outros nomes grandes da História da Arte.

Sempre que regresso a Assis sinto que carrego as baterias e reforço na minha vida os valores evangélicos em que Clara e Francisco apostaram: a Fé, a Missão, a simplicidade de vida, a opção pelos mais pobres e a fraternidade. As suas histórias pessoais são conhecidas, bem como o impacto das suas intuições e intervenções.

Encontro dos Novos Superiores Maiores Espiritanos em Assis

Este regresso a Assis aconteceu no âmbito do Encontro dos Novos Superiores Maiores Espiritanos, vindos dos cinco continentes. O P. Albert Assamba, conselheiro geral, na homilia da Missa, evocou a memória de vários acontecimentos. Disse: “Todos os anos, desde 27 de outubro de 1986, data da realização do primeiro encontro por iniciativa do Papa João Paulo II, representantes de todas as religiões do mundo rezam lado a lado pela paz em nome de São Francisco, o profeta da paz, no evento conhecido como “Encontros de Assis”. A 13 de março de 2013, o cardeal argentino, Jorge Mário Bergoglio, foi eleito Papa e tomou o nome de Francisco, em referência a Francisco de Assis. Foi aqui, a 3 de outubro de 2020, que o Papa Francisco assinou uma das suas principais encíclicas, “Fratelli Tutti”, sobre a fraternidade e a amizade social. A encíclica “Laudato Si” e a exortação apostólica “Laudate Deum” são ambas inspiradas em São Francisco. O que é que todos estes peregrinos procuram em Assis? Todos eles são atraídos pela espiritualidade de Francisco, que eu resumo em três pontos principais: - Um modelo de radicalidade evangélica que parece inatingível hoje; - A sua capacidade de se maravilhar com o amor infinito do Pai e com a criação; - Francisco procurou reparar a Igreja através da fraternidade, da humildade, da alegria, da sua maneira de se fazer o último de todos, imitando Cristo. Abandonou as suas ambições pessoais, as dos jovens burgueses do seu tempo, para abraçar a ambição de Deus”.

Uma volta à cidade

Assis obriga-me sempre a dar uma volta à cidade e a visitar quatro Igrejas. A mais importante e marcante é, como não podia deixar de ser, a Basílica de S. Francisco, com as duas enormes Igrejas sobrepostas. Claro que começo sempre por descer à cripta onde, em silêncio profundo, há uma multidão de pessoas que passam e rezam junto do túmulo do Santo. Depois, percorro as duas Basílicas onde me delicio com os fantásticos frescos que preenchem paredes e tetos, narrando a vida e a missão do “Pobre de Assis”. A segunda Igreja que visito é a Basílica de Santa Clara. Lá encontro e rezo em frente ao Crucifixo de S. Damião, diante do qual Francisco rezava quando ouviu uma voz a dizer-lhe: “Vai, reconstrói a minha Igreja!”  Desço ao túmulo de Santa Clara e vejo algumas peças de roupa e alfaias litúrgicas usadas pelos santos. Passo sempre na Igreja de Santa Maria sopra Minerva, construída sobre o templo dedicado à deusa romana da sabedoria e das artes. Por fim, vou até à Igreja de S. Maria Maior, onde se encontra o túmulo de Carlo Acutis (1991-2006), o jovem que foi beatificado na Basílica de S. Francisco em 2020 e será canonizado em Roma durante o Jubileu de 2025.

Uma peregrinação nas pegadas do P. Francisco Libermann

Os Líderes Espiritanos que acompanhei a Assis vieram fazer esta peregrinação nos passos do nosso segundo fundador, o P. Francisco Libermann que, quando queria ver aprovada por Roma a sua “Obra dos Negros”, com o objetivo de libertar escravos e evangelizar a África, decidiu ir a pé até Loreto e Assis.

O nosso regresso a Roma (tal como a ida) foi complicado, dadas as longas e demoradas filas de trânsito, devidas às muitas obras em curso como preparação para o Jubileu 2025. Veio, durante a viagem, ter-me aos olhos um texto de Cristina Inogès-Sanz, uma leiga teóloga espanhola, que me evocou o espírito de Assis: “Agora é o tempo de discernir a Igreja que temos e não queremos, a Igreja que temos e queremos e a Igreja que queremos e ainda não temos”.

Que Clara, Francisco e Carlo Acutis nos inspirem e indiquem à Igreja e ao resto do mundo os caminhos que levam ao coração de Deus.

Fonte: Vatican News

--------------------------------------------------------------------------------------------.

Do dia 04/10/2024

Comissão para a Vida e a Família da CNBB publica “Nota sobre o Dia do Nascituro”, dia 8 de outubro

A Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por ocasião do Dia do Nascituro, no dia 8 de outubro, publicou na sexta-feira, 4 de outubro, uma “Nota sobre o Dia do Nascituro”, na qual reafirma o compromisso na defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural.

Publicada no contexto da Semana Nacional da Vida 2024, que neste ano, tem como tema: “Idosos, memória viva da nossa história” e o lema “Na velhice darão frutos” (Salmos 92, 15), a nota pede que os católicos voltem “novamente o olhar cuidadoso para aqueles que ainda não nasceram, celebramos e renovamos nosso compromisso com a cultura da vida, inspirada no Evangelho de Jesus Cristo, em todas as etapas, como nos recorda o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, “Um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento”.

O documento estimula ainda a realização de ações nas comunidades católicas para marcar esta data,  como o gesto concreto “Sinal da Esperança”. “No dia 08 de outubro, façamos em um gesto de propagação da ‘Luz de Cristo’ para poder iluminar e proteger as vidas vulneráveis e indefesas”. A nota convida a ascender o maior número de velas e a rezar juntos a ‘Oração do Nascituro’, como um momento de devoção e unidade.

Íntegra da nota

NOTA SOBRE O DIA DO NASCITURO

A Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por ocasião do Dia do Nascituro, no dia 08 de outubro, reafirma o compromisso na defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural.

Estamos vivenciando a Semana Nacional da Vida 2024, que neste ano, teve como tema: “Idosos, memória viva da nossa história” e o lema “Na velhice darão frutos” (Salmos 92, 15). Portanto, neste Dia do Nascituro, voltamos novamente o olhar cuidadoso para aqueles que ainda não nasceram, celebramos e renovamos nosso compromisso com a cultura da vida, inspirada no Evangelho de Jesus Cristo, em todas as etapas, como nos recorda o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, “Um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento”.

A defesa da vida não se fundamenta em ideologias, mas sim na convicção de todo ser humano é um dom de Deus e merece ser acolhido e protegido.

Diante dos desafios que enfrentamos, convidamos todas as famílias, em especial os agentes de Pastoral Familiar, movimentos e serviços familiares, a se engajarem ativamente na promoção da cultura da vida. Que cada um de nós seja um defensor da vida, testemunhando o amor de Cristo a toda a sociedade.

Neste dia, convidamos todos a participarem de uma ação, um gesto concreto, que chamamos de "Sinal da Esperança". Por isso, no dia 08 de outubro, façamos em um gesto de propagação da ‘Luz de Cristo’ para poder iluminar e proteger as vidas vulneráveis e indefesas. Acendamos o maior número de velas e rezemos juntos a ‘Oração do Nascituro’. Que seja um momento de devoção e unidade.  O local poderá ser em frente a uma Igreja, praça pública ou lugar que seja oportuno. Sugere-se que a comunidade local se mobilize e realize ações adicionais, conforme a sua realidade, como procissões, passeatas, oração do Santo Terço, entre outras, unindo-se às demais pastorais, movimentos e serviços presentes na comunidade.

Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e Mãe dos Pobres, interceda por nós, para podermos construir um mundo mais justo e solidário, onde a vida seja respeitada e valorizada em todas as suas fases.

Com fraternos cumprimentos,

Brasília - DF, 04 de outubro de 2024.

Dom Bruno Elizeu Versari Bispo da Diocese de Ponta Grossa – PR, Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB

Dom Moacir Silva Arantes Bispo da Diocese de Barreiras – BA, Conselheiro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB

Dom Reginei José Modolo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba – PR, Conselheiro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB

Fonte: CNBB

-----------------------------------------------------------------------.

Farol 1817 e CNBB lançam curso online e gratuito com 6 módulos sobre a Campanha da Fraternidade 2025

O Farol 1817, em parceria com a CNBB, acaba de anunciar o lançamento do curso “Campanha da Fraternidade 2025”. A iniciativa, com metodologia 100% on-line, oferece uma abordagem pastoral e bíblica sobre a solidariedade, a justiça social e o cuidado com o próximo. Interessados já podem se inscrever pelo link: https://portal.farol1817.com.br/turma/campanha-da-fraternidade-2025/c-f2025.

A primeira aula do curso conta com a participação especial do Dom Ricardo Hoepers, Secretário Geral da CNBB, oferecendo uma visão aprofundada e espiritual sobre o tema da Sinodalidade.

Durante a apresentação no Seminário Nacional das Campanhas da CNBB, o Padre Jean Poul, Secretário de Campanhas da CNBB, ressaltou a importância de conhecer mais a fundo a Campanha da Fraternidade. “Muitas coisas falsas têm sido ditas e divulgadas intencionalmente sobre a Campanha da Fraternidade, gerando animosidades e rejeições a este patrimônio pastoral e espiritual da Igreja no Brasil.

Ela é, reconhecidamente, uma das maiores iniciativas de Pastoral de Conjunto do Brasil e uma das maiores campanhas eclesiais do mundo. Por isso, é preciso conhecê-la. Ninguém ama aquilo que não conhece. Ninguém é capaz de colocar no crivo do discernimento sobre a verdade ou a mentira do que dizem aquilo que não conhece. É preciso vencer a ignorância pelo conhecimento de causa. O curso é uma ótima oportunidade para conhecer a proposta de conversão que a CF 2025 propõe a todos os cristãos e pessoas de boa vontade do Brasil, para a próxima quaresma”, esclarece o padre.

O conteúdo está estruturado em módulos como:

Fundamentos e Contexto – Já disponível

Reflexão e Análise da Crise Atual – 16 de Outubro

Relação com a Criação – 23 de Outubro

Educação e Justiça Socioambiental – 30 de Outubro

Economia e Compromisso Cristão – 14 de Novembro

Reflexão e Ação na Amazônia – 28 de Novembro

Bônus: Dimensões da Catequese Ecológica – 12 de Dezembro

Além disso, aulas bônus serão adicionadas em todos os módulos, com o objetivo de aprofundar temáticas específicas e fornecer uma compreensão ainda mais rica dos conteúdos abordados. Cada módulo será conduzido por especialistas nos assuntos, proporcionando amplo aprendizado.

    Segundo Juliana Maria Fontoura Galline, gerente do Farol 1817, “A Igreja precisa de iniciativas voltadas para a Casa Comum, e o Farol 1817 está a serviço da Igreja, por isso em parceria com a CNBB criamos este curso, que vai abordar vários temas que perpassam os objetivos específicos e o objetivo geral da Campanha da Fraternidade 2025. Ele é feito para todos que tenham interesse na temática da Ecologia Integral.”

A coordenadora do Farol 1817, Sofia Burakowski, acrescenta: “O curso foi pensado para que as pessoas possam obter conhecimento sobre vários temas que estão presentes na Campanha da Fraternidade 2025, além disso, traz atividades que podem auxiliar na criação e ampliação da consciência sobre esses temas. Os vídeos e atividades também podem ser usados para trabalhos em grupos, pastorais e catequese. A intenção é que a comunidade possa se beneficiar desse subsídio para entender e discutir a Ecologia Integral. Ainda sobre beneficiar a comunidade, o Farol 1817 está a serviço da Igreja, e isso quer dizer que estamos abertos e dispostos a participar e auxiliar na articulação de projetos que cheguem até nós e respondam as necessidades da Igreja e apelos do Papa Francisco.”

A iniciativa visa capacitar os participantes a vivenciarem de forma prática os valores do Evangelho, fortalecendo o compromisso com a transformação social, inspirados pelo tema central da Campanha da Fraternidade 2025.

Farol 1817: um espaço de esperança e formação

Criado em 2019 pela Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS), o Farol 1817 é um portal educacional dedicado a oferecer formações relevantes para a Igreja e a comunidade Marista. A iniciativa tem como compromisso iluminar o caminho para o despertar da espiritualidade e da fraternidade, promovendo a transformação social e o cuidado com o próximo.

Com informações do Farol 1817

Fonte: CNBB

-------------------------------------------------------.

Eleições 2024: “municípios são o melhor espaço para ensinar democracia”, diz presidente da CNBB

Neste domingo, 6 de outubro, os eleitores de mais de 5,5 mil municípios brasileiros comparecerão às urnas e escolher os representantes para as prefeituras e câmaras municipais. Nos municípios com mais de 200 mil eleitores, se houver necessidade, haverá segundo turno no dia 27 de outubro.

Segundo dados do TSE, atualmente existem 155.912.680 eleitores no Brasil, o que significa um aumento de 5,4% em relação a eleição de 2020. As regiões Sudeste e Nordeste são os dois maiores colégios eleitorais, reunindo, em 2024, aproximadamente 43% e 28% do total, respectivamente. Em seguida aparecem as regiões Sul, Norte e Centro-Oeste, com respectivamente 15%, 8% e 6% do eleitorado.

Aprendizado da democracia

Para o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, o momento representa uma oportunidade de renovar as lideranças políticas, promovendo jovens talentos e cidadãos comprometidos com a luta pelos direitos da cidadania no contexto democrático e republicano. 

Dom Jaime afirma que a democracia, como busca de consensos e soluções, se manifesta no cotidiano, no chão das cidades. “O bom político é aquele que dá o primeiro passo para garantir que todas as  vozes sejam ouvidas; é um trabalhador incansável, um construtor de grandes objetivos, com uma visão ampla, realista e pragmática”, diz. 

De acordo com o arcebispo, os municípios são o melhor espaço para ensinar democracia, pois é onde o trabalho prático e os resultados das eleições têm maior visibilidade. Afirma, ainda, que as prefeituras desempenham papéis cruciais e muito relevantes: asseguram creches, pré-escolas e ensino fundamental; garantem parte dos serviços do SUS; regulam o uso e ocupação do solo urbano; promovem investimentos em infraestrutura; organizam o transporte coletivo; investem em mobilidade urbana; cuidam da coleta de lixo e sua destinação; garantem iluminação pública e apoiam a segurança pública municipal. 

Ele cita que pela política passam pautas decisivas: a reapropriação dos recursos públicos para a população; a adoção das melhores localizações das cidades para todos, ao invés da retenção especulativa; a ocupação justa do solo, com uma infraestrutura inclusiva; as necessárias mudanças nas favelas e a redução de moradias precárias; formas de mobilidade ágeis e eficientes;   infraestruturas que evitem ou minimizem as consequências de catástrofes naturais; enfrentamento das epidemias decorrentes da proliferação de mosquitos; a defesa ambiental; acesso de todos a educação e saúde com qualidade; a promoção de ações eficientes em prol da segurança pública.   

    “E não podemos esquecer que o governo justo, deve-se superar toda forma de corrupção. Não só no período eleitoral, mas em todo o percurso de governo. É necessário, da parte do povo, acompanhar, vigiar e analisar criticamente os atos dos escolhidos para o serviço público. A corrupção, seja de que proporção for, está intimamente ligada ao autoritarismo, à ganância de quem detém o poder e à falta de inteligência nos mecanismos de controle. Ela destrói valores, prejudica a representatividade e compromete os caminhos da democracia” salienta.

Por fim, garante que a atividade política é uma nobre forma de caridade e salienta que é preciso alimentar a esperança.

Orientações para o período eleitoral

A Assessoria de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) da CNBB preparou um documento com respostas a vários questionamentos sobre a visão que Igreja tem da política, suas expectativas e qual o nível de participação e de engajamento nesse processo eleitoral.

Fonte: CNBB

----------------------------------------------.

CNBB e Eleições Municipais: quatro pontos que explicam a atuação da Conferência no processo eleitoral

Quais as orientações da CNBB para o período eleitoral? Padres podem se candidatar? E um candidato pode pedir votos dentro da Igreja? Essas perguntas surgem com frequência em época de eleições no Brasil. Para ajudar as pessoas a entenderem a atuação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e das Igrejas Particulares nesse contexto, a Assessoria de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) da CNBB preparou um documento com respostas a esses questionamentos.

Frei Jorge Luiz Soares

Frei Jorge Luiz Soares da Silva, assessor responsável pela RIG, explica que o documento foi formulado a partir das perguntas que chegam à Conferência sobre a visão que a Igreja tem da política, suas expectativas e qual o nível de participação e de engajamento nesse processo eleitoral.

Outra dúvida apresentada com frequência à Conferência Episcopal é sobre a possibilidade de padres e bispos atuarem diretamente na política, seja na promoção de algum candidato, seja na própria candidatura, disputando alguma vaga em algum dos cargos públicos.

   “Nós procuramos responder, exatamente dentro daquilo que é a orientação da Igreja, o ensinamento da Igreja, sobretudo a partir da encíclica Fratelli Tutti, e com base naquilo que é a Doutrina Social da Igreja, apontando a política como um meio necessário para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, e também respondendo exatamente à forma como a Igreja atua, não no campo de promoção direta e imediata de algum candidato, mas exatamente procurando apresentar os pilares, aquilo que é uma reflexão sadia a respeito da política para que possa ajudar aos eleitores na escolha dos seus candidatos, justamente levando em consideração aquilo que são os valores que a Igreja defende através da Doutrina Social da Igreja e, mais recentemente, da encíclica do Papa Fratelli Tutti”, contou.

O documento está estruturado em quatro pontos: a recomendação sobre a atuação de padres e bispos; a candidatura de membros do clero; o debate político dentro das Igrejas Católicas; e o pedido de votos nas celebrações e sobre o apoio de padres e bispos a candidatos.

1. Atuação de padres e bispos

O primeiro apresenta as recomendações sobre a atuação de padres e bispos no contexto eleitoral, e recorda as orientações gerais oferecidas pela CNBB em anos eleitorais “sobre o que se deveria levar em consideração no momento do voto nos que exercerão as funções de legisladores e governantes”.

Essa orientação, lê-se no documento, é feita a partir da Doutrina Social da Igreja, que apresenta para isso princípios como justiça social, solidariedade, defesa da vida desde a sua concepção até a morte natural, cuidado com os mais vulneráveis, a defesa da Ecologia Integral e a promoção do bem comum.

2. Candidaturas de membros do clero

O documento recorda a proibição de os clérigos assumam cargos públicos que importem a participação no exercício do poder civil. Essa norma deixa claro que é vedada aos clérigos a participação no pleito eleitoral, como candidato ao exercício de qualquer poder civil.

3. Debate político dentro das Igrejas

O ambiente da vida eclesial não pode ser transformado em “palanques eleitorais”, salienta o documento, sublinhando o ambiente da assembleia litúrgica, as celebrações, onde se deve viver e celebrar a comunhão.

Por outro lado, a Igreja deve-se criar ambientes de reflexão à luz da Fé e do Magistério da Igreja com o intuito de formar nos fiéis uma consciência política com base nos princípios apontados pela  sua Doutrina Social, especialmente na forma proposta pelo Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti.

4. Apoio a candidatos

Tendo presente que padres e bispos são também cidadãos civis e tem o direito e o dever de escolher e votar, de forma consciente, nas pessoas que julgam aptas a exercerem funções de poder civil, o documento esclarece que “a Igreja adota uma posição de neutralidade política e não apoia diretamente candidatos políticos específicos”. Ela oferece, por sua vez, orientação, baseada em sua Doutrina Social.

Não deixa de ocorrer, porém, a necessidade de que bispos e outras autoridades eclesiásticas emitam declarações ou oriente os fiéis sobre questões específicas, especialmente em contextos em que há preocupações graves sobre políticas que contrariam os princípios fundamentais da fé e moral católica.

Boa política

O documento também apresenta as definições dos princípios da boa política, de acordo com a  carta encíclica “Fratelli Tutti”, do Papa Francisco.

São os princípios: serviço ao Bem Comum; respeito pela Dignidade Humana; promoção da Justiça Social; combate à corrupção; cuidado com a Criação; diálogo e inclusão; e paz e reconciliação.

Fonte: CNBB 

--------------------------------------------.

Dom Jaime Spengler compartilha suas primeiras considerações sobre a segunda sessão do Sínodo sobre Sinodalidade

Participando do Sínodo como presidente do Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho, o Celam, o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, partilhou um texto com as suas considerações sobre o processo sinodal. A segunda sessão da  XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos  começou, no Vaticano, no dia 2 de outubro e segue até o dia 27 deste mês.

    Segundo o presidente da CNBB, o Sínodo sobre a sinodalidade representa um apelo para recordar, trazer à fala e aprofundar o caráter dinâmico da experiência de fé cristã. “Vivemos um tempo em que a Igreja está sendo desafiada a buscar meios, linguagem e métodos apropriados para transmitir a fé às novas gerações”, afirmou.

Resgate do Concílio Vaticano II

Trata, segundo dom Jaime, de uma oportunidade de resgatar as grandes linhas do Concílio Vaticano II. “Na verdade, se trata de desenvolver as intuições dos padres conciliares e encontrar caminhos viáveis para implementá-las”, reforçou.

O bispo recorda que a Igreja como Povo de Deus, comunhão de peregrinos, é um organismo vivo, o que “implica estar disposta, aberta para colher os sinais dos tempos, num mundo em rápidas transformações evolução”.

Escutar o que o Espírito Santo pede hoje à Igreja

Dom Jaime reforça que Sínodo é um ocasião propícia para, juntos, escutar o que o Espírito diz hoje à Igreja. A dinâmica sinodal, segundo ele, requer uma abertura constante ao Espírito de Deus e seu Santo modo de operar, por meio do qual vive e atua na Igreja o Cristo vivo e ressuscitado. “Ele continua enviando os discípulos em missão. Missão entendida como um acompanhamento no espírito do diálogo”, afirmou.

O arcebispo de porto Alegre (RS) aponta que, ao longo do caminho já feito, uma coisa está se tornando sempre mais evidente: é necessário encontrar meios para que as capacidades e disposições de todos sejam colocadas a serviço da missão. “Todos os batizados necessitam melhor compreender o que significa ser Igreja participativa, promovendo a comunhão e a missão. Isto implica formação e espiritualidade pertinentes”, afirmou.

    Dom Jaime aponta que, neste caminho, não se pode temer as controvérsias e compreendê-las como algo que faz parte do processo. “O importante e decisivo é se o que está autenticamente em questão é a fidelidade ao Evangelho, à bela e rica tradição da Igreja e se as possíveis e necessárias respostas aos apelos de hoje trazem as marcas da vocação da própria Igreja: ser sal e luz no mundo!”.

Conversão pessoal e pastoral

O presidente do Celam afirma que a conversão pastoral de que a muito se fala, exige renovação de estruturas. Antes, porém, aponta a necessidade de conversão pessoal. “Urge tornar a tarefa evangelizadora mais inclusiva e aberta; instigar a todos os que reconhecem Jesus como Caminho, Verdade e Vida a ‘sair’, a compartilhar com quem encontrar a experiência de se sentir amado/a por Ele, pois fez também a experiência do encontro com Ele…”, reforçou.

O presidente da CNBB acredita que a metodologia aplicada ao processo sinodal inspire todos a se abrirem e a realizarem o caminho que o Espírito está indicando. “No Brasil, e na América Latina, muito do espírito que orienta os trabalhos sinodais já se está presente na pastoral ordinária das Igrejas Particulares. Porém sempre se pode avançar, aprender com outras realidades eclesiais, outras culturas. É por ai que passa a tão necessária e desejada renovação de métodos, expressões, linguagem, ardor, disposição e estruturas”, conclui.

Por Willian Bonfim com informações de dom Jaime Spengler

Fonte: CNBB

-------------------------------------------------.

Na primeira Congregação Geral do Sínodo, grupos de estudos apresentam processo de reflexão sobre vários temas

As atividades em plenário da segunda etapa do Sínodo sobre a Sinodalidade tiveram início na quarta-feira, 2 de outubro. A primeira Congregação Geral da Assembleia Sinodal foi oportunidade de acompanhar as apresentações feitas pelos componentes dos dez grupos constituídos pelo Papa em fevereiro para aprofundar teológica e canonicamente alguns temas.

O papel da mulher e a hipótese do diaconato feminino, o risco de desaparecimento das Igrejas Orientais devido à guerra, uma “pastoral” para os polígamos na África, o anúncio do Evangelho em formato digital, a relação entre bispos e sacerdotes e com o povo de Deus, os critérios de seleção dos candidatos ao episcopado, uma perspectiva “sinodal” do trabalho dos Núncios, o diálogo ecumênico são os tópicos na lista de assuntos estudados pelos grupos e que serão objeto de diálogo constante com os padres e madres sinodais, com contribuições que confluirão nas “respostas” que serão apresentadas ao Papa em 2025. 

Em sua fala inicial, o relator geral do Sínodo, cardeal Jean Claude Hollerich, definiu os grupos de estudo como “companheiros de viagem” e “interlocutores”.

Poligamia

A poligamia é uma questão espinhosa em vários países africanos. O cardeal congolês Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa e presidente do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM), apresentou um relatório no qual suscitam questionamentos sobre como acompanhar pastoralmente “pessoas que abraçaram a fé cristã em situação de poligamia” ou “pessoas batizadas que vivem em poligamia após a conversão”.

A própria Igreja africana, que meses atrás se opôs às bênçãos às pessoas homossexuais introduzidas pelo documento doutrinário Fiducia Supplicans, vê-se agora obrigada a se interrogar sobre como dirigir-se a homens com até dez esposas, tendo em conta a presença de filhos, dificuldades econômicas, laços emocionais e outras questões.

Em quatro pontos, o Secam, explicou dom Ambongo, quer analisar as formas do fenômeno, as motivações, a doutrina. Aquela que afirma que a poligamia “não é o ideal do casal desejado por Deus”. Hoje, porém, não basta: precisa “proximidade”, “escuta ativa” e “apoio”. O trabalho, realizado por uma equipe de especialistas, resultará em um documento.

Papel das mulheres e do diaconato feminino

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Victor Manuel Fernández, falou em nome do Grupo sobre “formas ministeriais”. Anunciando a “retomada de algumas intuições” do Papa “pouco acolhidas” em documentos como Evangelii Gaudium, Querida Amazonia e Antiquum Ministerium, o cardeal concentrou o foco na “questão urgente da participação das mulheres na vida e liderança da Igreja”. Âmbito em que se insere a questão do diaconato feminino, tema do trabalho de duas Comissões instituídas pelo Papa

“Conhecemos a posição pública do Pontífice que não considera a questão madura”, esclareceu Fernández. “Na mens do Santo Padre há ainda outros temas a serem explorados e resolvidos antes de se apressar em falar sobre um eventual diaconato para algumas mulheres”.

O risco, segundo o responsável pelo Dicastério, é que o diaconato se torne “uma espécie de consolação para algumas mulheres”, enquanto “a questão mais decisiva da participação na Igreja permanece negligenciada”. Em todo o caso, acrescentou, a Doutrina da Fé continua o “trabalho de aprofundamento”, entrelaçando a análise do perfil das mulheres que na história da Igreja “exerceram uma autoridade real” (Matilda de Canossa, Hildegarda de Bingen, Joana d’Arc, Teresa d’Ávila, Mama Antula, Dorothy Day), com a escuta de mulheres que hoje exercem cargos de liderança nas Igrejas mesmo em terras distantes como a Indonésia e a África. Assim, disse Fernández, a questão do diaconato feminino “resulta redimensionada” e “procuramos alargar os espaços para uma presença feminina mais decisiva”.

O grito dos pobres

O tema das mulheres também está no centro dos estudos do Grupo dedicado à “escuta” do grito da terra e dos pobres. Como fortalecer o vínculo entre a comunidade cristã e aqueles que cotidianamente atuam no serviço da caridade, da justiça e do desenvolvimento é a linha das reflexões ilustrada pela coordenadora, a australiana Sandie Cornish, que destacou como “as mulheres, em todas as partes do mundo, pertencem aos grupos mais pobres entre os pobres”.

O trabalho do Grupo “será estruturado a partir das suas vozes”, mas também daquelas dos voluntários e profissionais que “caminham” com quem vive a pobreza e a marginalização. Cornish contou ainda que serão levados em consideração “os grupos excluídos há anos, como as vítimas de discriminação das castas” e serão envolvidos bispos e líderes diocesanos com os quais já se discutiu sobre os vários “obstáculos” que, no entanto, estimulam a criatividade e respostas concretas.

As Igrejas Orientais devastadas pela guerra

Um olhar para a atualidade abriu o discurso do cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, que colocou diante dos olhos dos presentes “a situação dramática destes dias: bombas, tanques que destroem de maneira dramática não só as pessoas, mas também as esperanças ” e atingem uma “categoria pequena e frágil” como as Igrejas Orientais Católicas nas áreas de guerra. “Correm o risco de desaparecer”, denunciou o chefe do Dicastério, a “sua perda seria irreparável para a Igreja”.

O Grupo quer assim assumir a tarefa de “pedir aos latinos, mais fortes e mais organizados, para ajudar estes nossos irmãos a viver melhor depois das pesadas emigrações das suas terras de origem”. Para algumas Igrejas, de fato, “a maior percentagem de fiéis se encontra na diáspora e não nas suas próprias terras, devastadas pelas guerras”.

O programa, anunciou o cardeal, inclui um questionário e o início de um itinerário também depois do contexto sinodal, organizado pelo Dicastério para as Igrejas Orientais.

O digital e o anúncio do Evangelho

Com o olhar para a o mundo digital, a especialista estadunidense Kim Daniel ilustrou o trabalho do Grupo sobre evangelização no mundo virtual. Uma “nova página missionária na vida da Igreja”, sublinhou Daniel, que “nos permite chegar às periferias” e representa “um primeiro anúncio do Senhor num mundo que não O conhece”.

Certamente, é preciso discernir oportunidades e desafios deste “lugar fluido” que implica uma dinâmica de “inculturação” da Igreja. O Grupo reúne especialistas provenientes de diversos setores da Igreja e do mundo acadêmico; o trabalho é marcado por uma ampla escuta, especialmente dos jovens envolvidos em redes de cultura digital, no projeto A Igreja te escuta e na reflexão pastoral do Dicastério para a Comunicação sobre redes sociais Rumo à presença plena.

O primado petrino em um quadro ecumênico

A ligação entre sinodalidade e primado, a hospitalidade eucarística, a relação com os movimentos de renascimento de inspiração cristã, são os pontos que analisará o Grupo de Estudos do qual é porta-voz dom Paul Rouhana, bispo auxiliar de Joubbé, Sarba e Jounieh dos Maronitas. No programa, explicou, há uma análise dos “frutos da recepção do caminho ecumênico nas práticas eclesiais” e algumas “propostas práticas para o exercício do ministério petrino em um novo quadro ecumênico”.

A base dos encontros e reflexões será o documento O Bispo de Roma; as experiências de matrimônios, famílias interconfessionais e movimentos ajudarão a ampliar a reflexão sobre a hospitalidade eucarística. Ao mesmo tempo em que se olhará de modo “positivo” para os movimentos não-confessionais para entender “o que aprender deles, em um espírito de troca de dons”.

A relação entre povo e pastores

Mais estritamente eclesial é o trabalho do Grupo sobre o serviço dos bispos, sacerdotes e diáconos e suas relações com o povo de Deus. O sacerdote de Münster, Felix Genn, sublinhou a necessidade de “aprofundar a relação entre o bispo e a Igreja local”, à luz também das “expectativas do povo de Deus” sobre uma maior “transparência”, um maior respeito pela realidade local, um “maior envolvimento da Igreja local na seleção dos candidatos para evitar a suspeita de manipulação” e restaurar a imagem de “uma Igreja verdadeiramente sinodal”.

Vida consagrada

«Comunhão», «hierarquia», «sinodalidade», mas também «confiança», «fraternidade», «irmandade» são as palavras-chave que orientam o Grupo de estudo sobre as relações entre bispos e pessoas consagradas e a colaboração com Conferências Episcopais, superiores maiores, agregações eclesiais, Igrejas locais.

Irmã Simona Brambilla, secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, explicou que serão examinadas em particular “as diferenças e nuances no modo de viver as relações entre os bispos e a vida consagrada”. Com efeito, em algumas partes do mundo “a relação é eficaz e fecunda, noutras é cansativa e a vida consagrada é vista em um modo funcionalista”.

A revisão sinodal da Ratio sobre os sacerdotes

O Cardeal José Cobo Cano se pronunciou por meio de um vídeo para o Grupo responsável pela revisão “em uma perspectiva missionária sinodal” da Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, o documento de 1985 sobre a vida, a formação e o ministério dos sacerdotes.

A Ratio “ainda está em fase de implementação e necessita de indicações claras”, afirmou o arcebispo de Madrid; por meio de muitos “pedaços” de propostas e ideias, será preparado um grande “mosaico” de orientações sobre questões como a formação nos seminários, a relação como “forma de definir a identidade da Igreja”, o povo de Deus como “sujeito” na formação dos sacerdotes.

Os Núncios, serviço às Igrejas locais, transparência e responsabilidade

Outro pronunciamento por vídeo foi o do cardeal Oscar Gracias, arcebispo de Bombaim, que falou sobre a figura e o papel dos Núncios. “Como podem contribuir para os laços de comunhão entre a Igreja universal e as Igrejas locais e com o Papa, dando a conhecer as necessidades e aspirações das realidades em que operam”, foi sua linha de pensamento. Os caminhos para desenvolver isso: «Transparência, accountability, corresponsabilidade». O Grupo analisará “o papel dos representantes pontifícios nos processos de tomada de decisão”, “uma maior participação dos leigos nas nomeações episcopais”, “a formação de pessoal das Nunciaturas”.

Questões éticas e doutrinárias

Para o trabalho do Grupo sobre questões “doutrinais, pastorais e éticas controversas”, o padre jesuíta Carlo Casalone explicou que a reflexão será dividida em dois “focos”, duas “elipses”: uma no plano social, “casa comum, paz, fraternidade diante dos conflitos”; uma para aprofundar o significado de temas como “conjugalidade, geração, sexualidade, cuidado com a vida”.

A Comissão dos Canonistas

Na assembleia, também o pronunciamento do secretário da Comissão dos Canonistas, padre Gianluca Mellini, a propósito do projeto de reforma das normas canônicas envolvidas no processo sinodal e a “obrigação” dos bispos de terem na Diocese e consultarem o vários Conselhos (episcopal, diocesano, eparquial, presbiteral, paroquial), aos quais solicitar observações, verificações e pareceres. Nestes Conselhos é preferível uma maioria de leigos.

Por Salvatore Cernuzio / Vatican News - com adaptações 

Fonte: CNBB

------------------------------------------------------------.

Encontro das Coordenações da Rede Um Grito pela Vida define prioridades para 2025

Entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro de 2024, foi realizado o Encontro das Coordenações da Rede Um Grito pela Vida, no Centro Estigmatino de Pastoral, na Paróquia Santa Cruz e Santa Edwiges, no Plano Piloto, em Brasília-DF.

O encontro reuniu lideranças de Núcleos da Rede de várias regiões do Brasil para discutir o enfrentamento ao tráfico de pessoas e avaliar as ações da Rede Um Grito pela Vida no último ano. As atividades tiveram como foco o planejamento estratégico para o próximo ano.

A presidente da CRB Nacional, Irmã Eliane Cordeiro, esteve presente, reafirmando o compromisso da CRB com o fortalecimento da Rede Um Grito pela Vida e com o combate ao tráfico de pessoas.

Entre as atividades, houve a oficina de Comunicação, conduzida por Magnus Régis, e o aprofundamento sobre “Redes de Proteção”, com a assessoria da Irmã Denise Morra. Irmã Abby Avelino, Coordenadora Internacional da Rede Talitha Kum, falou sobre a espiritualidade, a organização e as prioridades da Rede Talitha Kum, uma rede internacional de combate ao tráfico de pessoas, destacando a importância de “caminhar em dignidade”.

Irmã Carmen García Ugarte, representante Regional da América Latina e Caribe da Talitha Kum abordou as comissões relacionadas ao tema da trata de pessoas, enfatizando a necessidade de “cuidar da vida” com “esperança”.

Irmã Sirleide Cabral de Oliveira foi responsável pela avaliação dos núcleos da Rede Um Grito pela Vida, e Irmã Isabel do Rocio Kuss, liderou a apresentação do planejamento para 2025, apontando as metas e desafios para o próximo ano. Houve também momentos de lazer e animação, coordenados por Talisson, Arlene e Keles, promovendo um espaço de convivência entre os participantes.

Alessandra Miranda, representante da Comissão de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da CNBB, visitou o encontro e reforçou a importância de ampliar as redes de proteção e consolidar parcerias com instituições nacionais e internacionais.

O encontro foi encerrado com o compromisso de intensificar o trabalho de prevenção e combate ao tráfico de pessoas, fortalecendo a articulação em rede e a capacitação de novos agentes para enfrentar esse desafio.

Fonte: CRB

--------------------------------------.