A práxis cristã em favor dos pobres
19/11/2023A PRÁXIS CRISTÃ EM FAVOR DOS POBRES
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Aproxima-se o final do Ano litúrgico. A Liturgia da Palavra nos convida a refletir sobre o fim último de nossa existência, ou seja, a preparação para a vida eterna, como temos acompanhado nos últimos domingos.
Prezados irmãos e irmãs. A Liturgia deste domingo, através da parábola dos talentos, nos fala sobre a prática cristã e nos alerta para fortalecermos o espírito de vigilância. O Apóstolo Paulo, na Primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts 5,1-6), é muito claro em relação à vigilância, quando afirma: “(...) o dia do Senhor virá como um ladrão, de noite (...) as pessoas não poderão escapar (...) Portanto, não durmamos como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios” (1Ts 5,3-6).
Assim sendo, em conformidade ao contexto da Primeira Leitura, acima mecionado, entra a parábola dos talentos contada por Jesus aos seus discípulos. Conta Jesus que um homem, antes de viajar, entregou seus bens aos empregados. Distribuiu-os conforme a capacidade de cada um: a um deu cinco, a outro dois e a outro um talento. No retorno, fez cada um prestar contas do que havia feito com os talentos recebidos. Aos que haviam se empenhado com os talentos, fazendo-os render outro tanto, disse a cada um deles: “Muito bem, servo bom e fiel. Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” (cf. Mt 25, 21). Interessante perceber que, para Deus, o importante não é o quanto cada um produz, mas, sim, o empenho pessoal de cada um em produzir. Ao que havia produzido mais cinco e ao que havia produzido mais dois talentos deu-lhes a mesma resposta. Deus não discrimina e nem estabelece graus de premiação. A todos os que lutam pela justiça e se empenham pela causa do Reino, Jesus afirma: Empregado bom e fiel, vem participar da minha alegria. Porém, um teve medo e escondeu o talento recebido no chão. Este representa aqueles que não se comprometem com a causa do Reino. A resposta a este foi muito dura: “Servo mau e preguiçoso”; “Servo inútil” (cf. Mt 25,14.30).
Irmãos e Irmãs. Deus nos confiou dons a serem postos em prática. Cada dom nos impele a um serviço dentro da dinâmica do Reino. O dom que recebemos exige de nós o compromisso de trabalhar pelo bem comum e por um mundo melhor. O Evangelho não é para ser “escondido no chão”, de forma egoísta ou por medo, mas posto em prática e anunciado.
Celebramos ainda neste domingo, caríssimos irmãos, o Sétimo Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco, com o lema: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4,7). Papa Francisco afirma em sua Mensagem, para este dia: “O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade, ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres”.
Em outro trecho da Mensagem, o Papa diz: “O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã”.
Continua o Papa Francisco, agora com uma afirmação propositiva: “Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor”.
Caros irmãos e irmãs. Peçamos ao Senhor a graça de sermos vigilantes em busca de nossa participação no Reino de Deus, multiplicando nossos talentos de forma concreta no agir cristão em favor dos mais necessitados.
Deus abençoe a todos e bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo Diocesano de Erexim – RS