Assunção de Nossa Senhora
20/08/2023Assunção de Nossa Senhora
Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. E neste final de semana, gostaria de saudar, de modo todo especial, os Religiosos e Religiosas pela passagem de seu dia e agradecer o trabalho e a dedicação em nossa Diocese, bem como, o testemunho da Vida Consagrada.
Prezados irmãos e irmãs. Neste Domingo, celebramos a Solenidade da Assunção de Maria ao Céu. A Bíblia não fala a respeito do final da vida de Maria. São João mostra que ela, na cruz, foi adotada pela comunidade cristã como mãe (Jo 19,27). Lucas nos diz que ela estava com o grupo que se preparava para a vinda do Espírito Santo, no Pentecostes (At 1,13; 2,1). Além disso, a Bíblia não relata onde ela viveu os últimos dias aqui na terra, quando ela morreu e com que idade.
No Século IV d.C., havia em Jerusalém, uma festa devocional chamada “Dormição de Nossa Senhora”. No século VI d.C., tal festa começou a ser difundida em todo o Oriente, com data fixada para o dia 15 de agosto, pelo imperador Maurício. Pouco a pouco, o tema da Dormição foi sendo substituído por Assunção. A partir do crescimento da devoção mariana, surgiu, no século VIII d.C., na Europa, a Festa da Assunção de Maria.
Assim sendo, depois da definição do dogma da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro de 1854, pela Papa Pio IX, houve um movimento mariano para que a Assunção de Maria também fosse Declarado Dogma. Em 1950, o Papa Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, sem entrar em detalhes, dizendo: “Definimos ser dogma divinamente revelado, que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Papa Pio XII, "Munificentissimus Deus” – 1º de novembro de1950).
Deste modo, o Dogma da Assunção nos faz compreender que Maria, a “primeira discípula”, transformou-se na “primeira ressuscitada” depois de Jesus. A Assunção de Maria deve ser entendia em relação à Ressurreição de Jesus. O importante é crer que Maria já está glorificada junto de Deus.
Caríssimos irmãos e irmãs. Tendo presente esta Solenidade, o Evangelho deste domingo é o texto sobre “a visita de Maria a Isabel”, conforme o texto de Lc 1,39-56. Ao declarar-se Serva do Senhor, Maria de Nazaré concebeu Jesus. Por estar gestando Jesus, o Salvador, em seu ventre, Maria compreende-se verdadeiramente Serva do Senhor. Diante das necessidades de sua prima Isabel, Maria decidiu ir, apressadamente, ao seu encontro. Sendo de idade avançada, a gravidez de Isabel exigia-lhe um cuidado especial. Maria compreendeu, ainda, que a hora de ajudá-la era aquele momento. Isabel representa o povo da Antiga Aliança precisando de alguém para ajudá-lo a acolher o novo: Jesus Cristo, autor da Nova Aliança.
O texto do Evangelho revela um encontro de duas mães grávidas, gestando o novo. Mais ainda: o encontro das mães proporcionou o encontro dos filhos em gestação: Jesus e João Batista. Isso nos leva a compreender o encontro de Deus com a humanidade, a visita de Deus aos pobres. Dessa forma, Maria se torna pioneira na evangelização, pois foi a primeira a levar Jesus, o Messias, às pessoas. Por isso, Isabel a proclamou: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,42). A grande bem-aventurança de Maria é ter acreditado que as coisas ditas pelo Senhor iriam cumprir-se, segundo as palavras de Isabel: “Bem-aventurada àquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45).
Na visita a Isabel, Maria demonstrou-se inteiramente aberta e disponível aos necessitados. Maria não guardou Deus para si, de forma egoista, não se apossou de Deus como se fosse um objeto para seu bem estar ou prazer pessoal. Pôs-se a caminho para partilhar Deus com os outros. Por isso, decidiu fazer uma longa peregrinação. Tal caminhada, cheia de obstáculos, lembra a missão evangelizadora da Igreja, muitas vezes difícil e com inúmeros desafios.
Irmãos e irmãs. O fato de Maria ter saído, às pressas, ao encontro de sua prima Isabel, para serví-la, faz com que tomemos consciência de que chega um dia na vida em que é preciso realizar alguma coisa em vista do outro, ou seja, do bem comum. Somos instigados, portanto, com o testemunho de Nossa Senhora, a sermos mais oblativos, pois é isso que torna a vida com um sentido ainda mais profundo. Por sua vez, “ninguém dá o que não tem!”. Somente quem tem Deus em sua vida pode anunciar Deus aos outros. Isso, Maria também nos ensina.
A todos os Consagrados e Consagradas, asseguro minhas orações e preces convidando-os a viverem “como Maria”, ou seja, com “corações ardentes e pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33).
Deus abençoe a todos e um bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo Diocesano de Erexim – RS