Semana Santa: Um caminho de Fé
22/03/2024Semana
Santa: Um caminho de Fé
Minha saudação aos irmãos e irmãs que
acompanham a Voz da Diocese. A Quaresma convidou-nos a voltarmos para o Senhor
de todo o coração. Depois de cinco semanas de preparação para a Páscoa, convidados
a viver mais intensamente a oração, a penitência e a caridade, com o Domingo de
Ramos entramos na Semana Santa, a Semana Maior do Ano Litúrgico, semana em que
celebramos o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Prezados irmãos e irmãs. Conforme os
Evangelhos Sinóticos - Mateus, Marcos e Lucas -, Jesus iniciou seu ministério
na Galileia. Depois de morar “mais ou menos trinta anos” (Lc 3,23) em Nazaré,
Jesus foi batizado por João Batista, no Rio Jordão, fez um retiro de quarenta
dias e quarenta noites no deserto, se preparando para a missão. No deserto foi
tentado pelo demônio, venceu as tentações e depois retornou para Nazaré afim de
iniciar sua missão. Ao iniciar a missão, foi expulso de Nazaré (Lc 4,28-29).
Com isso, foi morar em Cafarnaum (Lc 4,31; Mt 4,12-13), cidade próxima ao Mar
da Galileia, de onde exerceu sua missão com o povo da Galileia, a região norte
da Palestina. Lá constituiu o grupo dos Doze (Mc 3,13-19), que passaram a viver
e caminhar com Ele por todos os lugares onde ia, curou muitas pessoas doentes,
paralíticos, cegos, libertou muitos possessos, ensinou aos discípulos e a todas
as pessoas a dinâmica e a lógica do Reino de Deus. Jesus andou por todos os
lugares “fazendo o bem” (At 10,38) e “fez bem todas as coisas” (Mc 7,37).
Ao concluir sua missão na Galileia, Jesus
“tomou decididamente o caminho para Jerusalém” (Lc 9,51), para anunciar a Boa
Nova do Reino de Deus também ao povo que encontrasse pelo caminho e aos
habitantes da capital, Jerusalém. Jesus, acompanhado de seus discípulos, foi um
missionário itinerante. Entendia que sua tarefa era “fazer a vontade de Deus
Pai” (Jo 4,34). Em seu ministério, Jesus foi constantemente perseguido,
sobretudo pelas autoridades religiosas. A perseguição foi
uma das marcas da trajetória de Jesus.
Caríssimos irmãos e irmãs. A Liturgia da
Palavra deste Domingo de Ramos inicia com o Evangelho que descreve a chegada de
Jesus em Jerusalém (Mc 11,1-10). Jesus estava acompanhado de seus discípulos, e
estes estavam com muito medo, pois ele os havia alertado a respeito da
perseguição que iria sofrer. Jesus, “o rei dos judeus”, chegou montado num
jumentinho, como havia profetizado Zacarias: “Eis que o teu rei vem a ti, manso
e montado num jumento, num jumentinho” (Zc 9,9). Significa que esse rei é
pacífico, manso e humilde de coração (Mt 11,28-30). Além disto, o rei dos
judeus e Filho de Deus é inocente. As falsas testemunhas não encontraram provas
contra ele. Em sua entrada em Jerusalém, “muitos estenderam suas vestes pelo
caminho, outros puseram ramos” e cantavam “Hosana!
Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mc 11,8). Os pobres de Jerusalém o
acolheram com alegria.
O Apóstolo Paulo, na Carta aos Filipenses
(2,6-11), revela a espiritualidade que orientou a vida e os passos de Jesus. “Sendo de condição divina, Jesus esvaziou-se
a si mesmo, assumiu a condição humana, tornando-se igual aos homens e, como
homem, fez-se servo, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte e morte
de cruz”. O preço da encarnação foi a cruz. A cruz foi a consequência de
sua fidelidade ao plano de Deus Pai.
Estimados irmãos e irmãs. Tudo isso
celebramos na Semana Santa. Com o Tríduo Pascal mergulhamos no Mistério Pascal
de Cristo, seu esvaziamento total. Na Quinta-feira Santa celebramos a Última
Ceia. Com ela Jesus deu as últimas recomendações aos Doze antes de sua morte na
cruz. Na instituição da Eucaristia, Jesus se fez alimento para fortalecer os
discípulos na fé e na missão. Ao lavar os pés dos Apóstolos, Jesus mostrou a
eles que o espírito de serviço deveria ser o modo de vida de todos eles.
A Sexta-feira Santa convida-nos a
mergulharmos no mistério da morte de Jesus. Desta surge dois questionamentos:
1º) Por que mataram Jesus? É a
pergunta pelas causas da morte de Jesus. Os Evangelhos mostram que a pregação e
a prática de Jesus representavam uma ameaça ao poder constituído. As causas da perseguição e morte de Jesus
são, no fundo, as denúncias de Jesus contra o poder opressor. A perseguição e
morte de Jesus na cruz ocorreu porque ele propunha um projeto de vida e de
sociedade alternativo, incluindo a todos: “Eu vim para que todos tenham vida e
a tenham em abundância” (Jo 10,10).
2º) Por
que Jesus morreu? É a pergunta pelo sentido
de sua morte, de seu martírio! Na cruz não morreu qualquer ser humano, mas
o próprio Filho de Deus. De acordo com o Novo Testamento, é pela cruz de Jesus
que Deus nos salvou do pecado. O bem que Deus traz através da cruz é a salvação,
ela é a expressão maior do amor de Deus: “Deus
amou tanto o mundo que entregou o seu Filho” (Jo 3,16); “Deus enviou seu Filho ao mundo, não para
julgar o mundo e sim para salvar o mundo” (Jo 3,17).
Por isso, com o coração aberto,
participemos das celebrações em nossas comunidades, fortalecendo nossa fé e a
esperança na ressurreição de Jesus, bem como, a certeza de que em Cristo
Ressuscitado, somos todos irmãos e irmãs.
Deus
abençoe a todos e bom domingo!
Dom Adimir Antonio
Mazali
Bispo Diocesano de Erexim – RS