Solenidade da Santíssima Trindade
24/05/2024Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Vivenciamos neste domingo a Solenidade da Santíssima Trindade. A fé cristã, a nossa fé é trinitária, pois cremos em Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Um Deus em três Pessoas. Assim é que a Sagrada Escritura nos revela Deus.
Prezados irmãos e irmãs. O povo de Israel, antes de Jesus, recorria a Deus como Pai. Israel compreendeu Deus como Pai, criador e libertador. Jesus é o Filho de Deus, o “Filho Amado” (Mc 9,7), enviado pelo Pai “para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17). Por isso, em seu ministério, Jesus chamava Deus de Pai. Na Última Ceia, Jesus disse aos discípulos: “Saí do Pai e vim ao mundo; [...] deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16,28). À Filipe, Jesus disse: “Quem me viu, viu o Pai. Como podes dizer: ‘Mostra-nos o Pai?’ Não crês que eu estou no Pai e o Pai está em mim? [...] Crede-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,9-11). E assim Jesus rezou: “Pai, chegou a hora: glorifica teu Filho para que teu Filho te glorifique” (Jo 17,1).
O Evangelho deste domingo (Mt 28,16-20) apresenta a última manifestação do Cristo Ressuscitado aos discípulos. Ao vê-lo, os discípulos “prostraram-se diante dele” (Mt 28,17a). É o reconhecimento de que Ele é o Senhor da história, o próprio Deus presente no meio deles, o verdadeiro Emanuel (Mt 1,23). Porém, mesmo assim, “alguns” ainda “duvidaram” (Mt 28,17b), isto é, tinham dificuldade de se abrirem à grande novidade de Jesus e, ao mesmo tempo, estavam com medo de abraçar a sua causa.
Jesus, com “toda a autoridade” (Mt 28,18), enviou definitivamente os discípulos para a missão: “Ide e fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Desta forma, Jesus transmitiu sua autoridade aos discípulos, enviados como Apóstolos do Reino de Deus. A Galileia era o ponto de partida da missão deles, como o fora também de Jesus, e a meta era fazer com que o projeto do Reino de Deus chegasse a todas as nações. Para isso, eles devem batizar em nome da Santíssima Trindade: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e ensinar a observar tudo o que Jesus havia anunciado.
No monte da Galileia, Jesus reuniu seus discípulos para transmitir a eles a maior de todas as missões. Trata-se da “grande missão”. Significa que, desde que foram chamados, não foi em vista de um privilégio, mas para continuarem a missão de Jesus. O “Ide...” de Jesus a eles agora não tem fronteiras. São enviados a todas as nações para que todos os povos se tornem “discípulos” de Jesus. Essa é a grande meta: que todos se tornem “meus discípulos”. Essa é a razão de ser da Igreja: fazer com que todas as pessoas se tornem discípulos de Jesus. Anunciar o Evangelho para que todos mergulhem em seu projeto, daí o sentido do batismo - mergulho, e abracem sua causa como razão fundamental de suas vidas, daí o sentido do ensinamento de Jesus. Jesus não quer ver ninguém acomodado, parado, pois Deus não resolve os problemas de forma mágica. Enviou-os em missão e, para bem exercê-la, prometeu-lhes estar sempre com eles na missão: “Eis que estarei convosco todos os dias...” (Mt 28,20).
Caríssimos irmãos e irmãs. A Sagrada Escritura revela, portanto, que há um Deus em três Pessoas, havendo uma íntima comunhão entre as três Pessoas da Santíssima Trindade. Por isso, o Mistério da Trindade revela o amor e a comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo que se expandem, atingindo e envolvendo toda a comunidade de fé. Essa unidade se constitui pela abertura essencial de uma Pessoa à outra. Por isso Jesus disse: “Quem me viu, viu o Pai [...]. Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,9.10); “Quando vier o Paráclito, que vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da Verdade, que vem do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26).
Caros irmãos e irmãs. Ser batizado implica seguir Jesus, vivendo a mesma comunhão trinitária. Por isso, o Apóstolo Paulo diz: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” e “também herdeiros de Deus” (Rm 8,14.17). A fé em Deus Trindade nos remete a vivermos em comunidade. Assim como há uma íntima comunhão entre as três Pessoas da Trindade Santa, nós, feitos “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26-27), somos convidados a viver esta mesma comunhão entre nós, reconhecendo sempre que somos todos irmãos e irmãs.
Deus abençoe a todos e bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo Diocesano de Erexim – RS