A graça da Páscoa
Com
a alegria que é fruto do Espírito Santo, estamos celebrando a Páscoa de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Mistério, que não é enigma, mas fonte inesgotável, que nos
provoca positivamente a tê-lo presente em nossa vida de fé, cada ano para
frente e mais alto, até a consumação dos séculos. Por isso continuamos a
proclamar: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa
ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
A graça da Páscoa começou no Batismo. De fato, “Cristo
morreu por todos, para que os que vivem já não vivam para si mesmos, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim, doravante, não conhecemos
ninguém à maneira humana. E se, outrora, conhecemos Cristo à maneira humana,
agora já não o conhecemos assim. Portanto, se alguém está em Cristo, é criatura
nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo” (2 Cor 5, 15-17). Cantamos
assim na Vigília Pascal: “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura, as
coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia, aleluia,
aleluia!” Um só Batismo nos lavou e plantou em nós a vida do Cristo
Ressuscitado. Já não é mais possível acomodar-nos no egoísmo, na injustiça, na
morte do pecado, pois nascemos de novo! Temos a responsabilidade de viver de
forma diferente, com novos critérios e novas atitudes!
A graça da Páscoa reuniu em oração os Apóstolos, tendo a
Virgem Maria como coração daquele pequeno grupo. Foi uma grande vigília, para
abri-los ao maior presente do Ressuscitado, o dom do Espírito Santo, penhor e
garantia da realização das promessas do Senhor. Começou o tempo do Espírito, quando
a visibilidade das ações de Jesus é entregue à Igreja! “Quando chegou o dia de
Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente,
veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu toda a casa em que se
encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram
sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia expressar-se” (At 2, 1-4).
Dali para frente, ninguém segura o ardor dos cristãos!
A graça da Páscoa se espalha na Igreja! Os Atos dos
Apóstolos nos descrevem a vida das primeiras comunidades cristãs (Cf. At
2,42-47). E quem é batizado e recebe o dom do Espírito Santo na Crisma,
persevera na doutrina dos Apóstolos, balizando sua vida na Palavra de Deus e
nos ensinamentos da Igreja, rejeitando tudo o que afasta da verdade, e verdade
tem nome, é Jesus Cristo! Membro da Comunidade cristã, tem o direito e o dever
de perseverar na Fração do Pão, o primeiro nome da Ceia Eucarística, pelo que o
Domingo, Páscoa Semanal, a todos conduz à participação da Missa. Para nós,
deixar de estar presentes à Missa Dominical fere a Igreja, pois cada um de nós
é membro vivo desse Corpo, cuja cabeça é Cristo. Depois, cristão de vida nova nascida
na Páscoa persevera na Oração, vive profundamente o diálogo com seu Senhor,
sabendo que quem reza se salva! E fruto da vida nova em Cristo é a Comunhão de
Bens, sinal precioso da mudança profunda realizada pela Graça Batismal, que nos
faz reconhecer a todos como irmãos, partilhando os bens e tirando todas as
consequências na dimensão social da fé.
A graça da Páscoa se espalhou por todo o mundo.
Multiplicaram-se as conversões, Comunidades se formaram, a partir da dispersão
ocorrida com as perseguições dos primeiros tempos, e os Apóstolos e demais
discípulos chegaram a outras plagas. Converteu-se à fé o grande perseguidor,
Saulo que se tornou Paulo, que com suas viagens e ardor missionário, além de
cartas a Comunidades, propiciou, conduzido pelo Espírito Santo, a expansão da
Igreja.
E na História da Igreja, a graça da Páscoa concede aos
cristãos a força para continuamente a se levantar das eventuais crises, das
quais não são preservados, por serem humanos como todos os outros, além da
superação das perseguições e incompreensões. Não são poucos os espaços em que
um pequeno grupo, reunindo-se em nome de Jesus, presente entre eles, faz surgir
a força da Evangelização, as Obras Sociais e de Caridade, a Educação Cristã e o
ardor missionário. E nós fazemos parte de Comunidades vivas de Igreja!
A
força da Páscoa se faz presente em nosso tempo, quando a Igreja se dispõe ao
anúncio explícito de Jesus Cristo, ao serviço alegre nascido do dom maior, a
caridade, ao testemunho do nome de Jesus e ao diálogo com todas as pessoas e
grupos, sem perder a sua identidade, mas identificando os traços do bem,
plantados pelo Espírito Santo em todas as partes.
A força da Páscoa faz os cristãos olharem ao seu redor,
vendo a narrativa do Paraíso, no Livro do Gênesis (Gn 1-2) não como saudade,
mas esperança, sonhando, desejando e construindo um relacionamento adequado com
toda as natureza e o meio ambiente.
A força da Páscoa acontece quando assumimos a
responsabilidade de ser, como nos convida o Papa Francisco, “Peregrinos da Esperança”.
Para tanto, rezamos e vivemos intensamente neste ano a oração do Pai Nosso, que
o próprio Senhor nos ensinou.
Assim, a Palavra do Apóstolo seja nossa mensagem alegre de
Páscoa, para que sua força inigualável nos conduza: “Jogai fora o velho fermento,
para que sejais uma massa nova, já que sois ázimos, sem fermento. De fato,
nosso cordeiro pascal, Cristo, foi imolado. Assim, celebremos a festa, não com
o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os
pães ázimos da sinceridade e da verdade” (1 Cor 5,7-8).